Ansiedade Indicação de Psicoterapia
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ANSIEDADE: INDICAÇÃO DE PSICOTERAPIA
É comum em determinadas situações cotidianas as pessoas
sentirem um certo grau de ansiedade. No dia-a-dia, todos nós
enfrentamos problemas que podem nos deixar tensos e ansiosos.
A ansiedade normal é necessária, pois nos deixa alerta para
enfrentar as dificuldades e os perigos. Ela diz respeito a um
estado de prontidão, que é uma força propulsora que nos ajuda a
tomar decisões e a agir.
Quando a ansiedade toma maiores proporções, tornando-
se prolongada e profunda, um estado quase constante de
preocupação ou medo ou tensão, prejudicando o desempenho
e/ou trazendo grande sofrimento, a psicoterapia é indicada.
A ansiedade excessiva, além de angústia, pode produzir
também problemas físicos. Dores de cabeça, náuseas, dores no
corpo, problemas de estômago podem ser causados por
ansiedade.
A psicoterapia cognitiva comportamental procura tratar a
ansiedade ajudando a pessoa a identificar, avaliar e modificar
este modo de funcionamento, os julgamentos de perigo, controle,
e outros, e os comportamentos que podem estar mantendo-os.
( leia mais em http://www.psicoterapiacognitiva.com.br/tratamento.html )
PSICOTERAPIA
Uma sessão de psicoterapia tem a duração de 50 minutos e
frequência mínima de uma vez por semana, podendo ocorrer
mais vezes, conforme a avaliação da psicóloga e o interesse do
paciente. Destina-se às pessoas que querem se conhecer melhor,
que têm algum transtorno, que estão passando por um momento
de crise ou ainda que necessitam de ajuda psicológica por outros
motivos.
Exemplos de razões que levam as pessoas a procurarem
psicoterapia: auto-conhecimento, depressão, transtornos
ansiosos (transtorno de ansiedade generalizada, síndrome do
pânico com e sem agorafobia, fobia social, fobias específicas),
obesidade, dificuldades afetivas (familiares, de relacionamento,
amorosas), timidez, problemas de identificação sexual,
dificuldades no trabalho, etc.
Como se vê, os motivos podem ser os mais variados e
existem muitos outros que não foram listados aqui. O mais
importante no processo terapêutico é a confiança no psicólogo e
o envolvimento da pessoa com o processo psicoterápico.
A psicoterapia cognitiva é voltada tanto para os
significados mais profundos, relacionados com as crenças da
pessoa, quanto para as atitudes e emoções. Nela, procura-se
entender as cognições (pensamentos) do paciente, explorando
seus pressupostos básicos e mudando pensamentos e crenças,
além da modificação de comportamentos e da aprendizagem de
resolução de problemas.
( leia mais
em http://www.psicoterapiacognitiva.com.br/ e http://www.psicoterapiaco
gnitiva.com.br/psico.html )
SONHOS E PSICOTERAPIA
Os sonhos e sua interpretação tem suscitado a curiosidade
da humanidade desde tempos remotos. De papiros egípcios à
Biblia, do início da psicologia aos consultórios dos modernos
psicólogos cognitivos, esse é um tema presente.
Na verdade, o que representam nossos sonhos? Eles são
uma parte do nosso "lado escuro", aquela parte muitas vezes
misteriosa de nós mesmos, com os nossos desejos, os nossos
medos, as nossas impressões do mundo. Decifrar um sonho é ver
um pouco mais este lado ao qual nem sempre nós valorizamos e
assim nos conhecermos ainda mais.
A psicoterapia entra exatamente aí, no processo de auto
conhecimento, sendo que os sonhos podem ser uma poderosa
ferramenta neste propósito. Interpretar um sonho é uma tarefa
que a pessoa pode realizar sozinha, também, mas o que distingue
este trabalho solitário do feito conjuntamente com o psicólogo é
que na psicoterapia o conhecimento sobre si gerado pelo sonho
entra dentro de um contexto maior, onde ambos, o paciente e o
psicoterapeuta, vão trabalhando cada vez mais profundamente
com um propósito em comum. Além disso, por um lado, muitos
símbolos significam algo semelhante para um grande número de
pessoas, mesmo em círculos culturais distintos, como bem
assinalou Jung, mas por outro, a compreensão da imagem onírica
deve se dar dentro das experiências presentes e passadas
daquela pessoa única, portanto é necessário uma visão global de
ambos aspectos para se fazer a interpretação, o que na maior
parte das vezes não está presente em quem não trabalha com
este tipo de material frequentemente, como o psicólogo.
Já foi falado que os sonhos indicam nossos desejos ocultos,
ou que eles são a comunicação entre o nosso consciente e o
nosso inconsciente. Biologicamente falando, os sonhos fazem
parte do nosso processo de sono, o qual tem 5 estágios, sendo o
mais relevante neste assunto o estágio REM (rapid eyes
movement). Nós temos em uma noite aproximadamente uma
hora e meia a duas horas de sono REM, que se distribui em
aproximadamente 90 minutos e repete-se em 4/5 períodos do
sono, sendo cada vez mais extenso (de 10 mins até 30 mins ou
mais). Geralmente nos lembramos mais de nosso último sonho,
pois ele acontece na fase mais extensa do sono REM, antes de
acordarmos. Segundo pesquisas, os bebês de 6 a 8 meses já
sonham, pois há atividade cerebral elevada e fase REM em quase
todo o tempo do sono.
Pesquisas realizadas com milhares de relatos de sonhos
indicam que em nossos sonhos as sensações desagradáveis são
mais frequentes que as agradáveis e que o conteúdo dele
depende muito do sexo e da idade da pessoa que sonha. Já
fatores como formação, classe ou raça parecem não serem
importantes com relação ao conteúdo dos sonhos.
A experiência clínica demonstra que funções importantes
de alguns sonhos são nos oferecer resolução para nossos
problemas ou nos avisar de perigos.
Já está superada a visão de Freud de que os sonhos
dissimulam ou escondem algo de nós mesmos. O que acontece é
que o sonho nos apresenta sua mensagem de modo cifrado. Na
verdade, as imagens oníricas significam exatamente aquilo que
mostram e os sonhos devem ser interpretados tão literalmente
quanto possível. Como bem afirmou o famoso pesquisador de
sonhos, Calvin Hill., o significado de um sonho não pode ser
encontrado em alguma teoria sobre os sonhos; ele se encontra no
próprio sonho.
quer saber mais a respeito de sonhos? entre
em http://www.avcweb.com/dreams/tips-recording.htm
AUTO-ESTIMA
Kelen de Bernardi Pizol
O conceito que se tem de si mesmo é primordial para se
viver bem e ser feliz. A imagem que todos nós formamos de nós
mesmos, através de nosso desenvolvimento e de nossa história
de vida, nos diz quem nós somos, o que podemos esperar dos
outros e de nós, até mesmo o que achamos que merecemos ter e
ser. Dependendo de como construímos a matriz de nossa imagem
pessoal é que veremos a nós mesmos e aos outros. É através
desta lente que veremos o mundo e a partir disso que agiremos.
Acontecimentos podem modificar essa imagem, “rachando” a
lente original ou tornando-a ainda mais escura.
Quem tem a estima baixa está sujeito a vários problemas
psicológicos, tais como depressão ou ansiedade, pois seu modo
de ver o mundo e conseqüentemente de se comportar o faz se
sentir infeliz ou inseguro e preocupado e o deixa mais propenso a
cair nas armadilhas da vida. No campo amoroso, o indivíduo
pode, por exemplo, entregar-se a relacionamentos que o
machucam ou que não têm a oferecer o que ele quer de fato, por
um pouco de atenção. Também pode se tornar ciumento em
demasia, por exemplo por acreditar que o ser amado poderá
encontrar alguém que considere melhor do que ele. Na vida
pessoal ou profissional, a pessoa com baixa estima pode deixar
boas oportunidades passarem, por não se achar bom o suficiente
para ocupar aquela posição ou lutar por aquilo, por exemplo.
Pode deixar de cuidar do seu corpo como cuidava anteriormente
e isso torna-se um círculo vicioso que parece a ele não ter saída.
O dó de si mesmo é comum em quem tem baixa auto-estima,
assim como o medo de não conseguir ou de perder o desejado. A
pessoa considera-se vítima das circunstâncias, dos maus
relacionamentos, da “falta de sorte”. Patamares elevados de
perfeição podem rondar sua fantasia, pondo-se como uma
barreira à realização de desejos que se tornam inatingíveis vistos
desta ótica. O outro pode ser visto como sempre melhor, mais
desejável, mais competente, mais provável de amor do que ele.
Pessoas com um bom conceito de si olham a vida de
frente, confiam em si mesmas para conseguir as coisas que
almejam e para superar as dificuldades que possam surgir. Quem
tem auto-estima positiva sabe que mesmo se tudo der errado,
mesmo que os problemas tenham sido o resultado de um ato
próprio, ele tem valor e pode investir em si mesmo para que tudo
melhore.
A valorização de si mesmo é um processo que se constrói no
dia-a-dia e que pode ser ajudado através do auto-conhecimento.
Quem se conhece, sabe da riqueza que existe em seu mundo
interior, sabe dos recursos de que pode lançar mão nos
momentos bons e ruins, confia mais em si mesmo.
Para conhecer-se melhor o indivíduo deve olhar para seu
interior, entrar em contato com ele e questioná-lo. Um modo de
conhecer melhor a si mesmo, ter mais consciência de si e de seu
mundo interior é fazerpsicoterapia. A psicoterapia objetiva este
contato consigo mesmo e com a riqueza que se carrega, nela
pode ser feito um questionamento e redimensionamento do
viver.
CIÚMES NORMAL E EXCESSIVO
Kelen de Bernardi Pizol
Algum nível de ciúmes é necessário em todo relacionamento.
Todos nós, alguma vez, já o sentimos. As pessoas costumam
dizer que o ciúmes é o tempero do amor, aquela pitada que o
incrementa, mostrando que o interesse mútuo permanece aceso.
A presença de ciúmes é saudável nas relações amorosas. O
ciúmes serve como um sensor, uma medida da segurança que se
sente na relação. Sua ausência, tanto quanto seu excesso, pode
prejudicar o relacionamento. No caso do ciúmes normal, a
honestidade e o reasseguramento do companheiro são
importantes.
Muitas vezes reações de ciúmes são esperadas, por exemplo
na descoberta de uma infidelidade.
Quando não há intimidade suficiente no relacionamento, o
ciúmes também pode se intensificar, pois o companheiro tenta
desesperadamente se orientar em uma estrada onde a
sinalização não é clara e por isto testa o relacionamento
constantemente.
Quando o ciúmes se torna excessivo, ao invés de fazer bem ao
relacionamento, acaba tendo o efeito oposto, muitas vezes
afastando o companheiro. Na ânsia de não perder a pessoa
amada, o ciumento cerceia seus passos e sua liberdade de tal
modo, invadindo seu espaço pessoal e sua privacidade, ferindo
seus sentimentos com acusações infundadas, que afrouxa os
laços que os uniam. O controle que o ciumento tenta impingir aos
seu parceiro vai "sufocando" a vítima do ciúmes, que se afasta
cada vez mais para poder "respirar". Seus atos, suas amizades,
seu trabalho, seus pensamentos, suas fantasias e lembranças,
tudo parece ameaçar a segurança do ciumento. O ciúmes doentio
faz com que sua vítima se sinta cada vez mais ressentida com a
falta de confiança do companheiro em seu comprometimento
para com ele.
De modo geral, o ciúmes muito intenso é sinal de dificuldades
emocionais.
A desvalorização de si mesmo, a baixa estima, é uma das
causas importantes do ciúmes intenso. Pessoas seguras de si, de
seu valor, costumam lidar bem com seus sentimentos de ciúmes,
não se deixando levar por eles e até fazendo com que revertam
em proveito do próprio relacionamento. A segurança contra a
competição é a grande arma destas pessoas. O medo da
intimidade também pode ser uma das causas do ciúmes em
demasia, que é utilizado neste caso para distanciar o parceiro.
Outro fator que pode levar à desconfiança e ao ciúmes
descontrolado é a mudança no comportamento do parceiro, que
pode ser interpretada pelo companheiro como sinal de que pode
estar havendo ou haver maior oportunidade de traição. A
diminuição da frequência sexual de um dos companheiros pode
ser uma destas mudanças. O aumento do rol de interesses e
interações sociais de um parceiro que "parecia sobre controle",
também. Um fator importante em todos os casos de ciúmes
demasiado é a prevalência da fantasia em detrimento da
realidade, que alimenta esta emoção. Pensamentos e/ou imagens
distorcidos aumentam o ciúmes, o que leva a novos pensamentos
e/ou imagens distorcidos, em um círculo vicioso.
O ciumento excessivo, muitas vezes, deve "perder o medo de
perder, para não perder". Manter um equilíbrio entre o medo de
perder o parceiro e as evidências reais de perigo de abandono é
essencial para o ciúmes sadio.
A ajuda psicoterapêutica é indicada se há ciúmes excessivo. A
psicoterapia individual pode ser bastante útil nestes casos. A
psicoterapia de casais pode ser indicada concomitantemente, isto
dependendo da especificidade do caso, que deve ser avaliada
pelo psicólogo.
Quando houve infidelidade(s) no relacionamento, há sempre
um processo para o esquecimento, ficando o casal junto ou não.
Se se decide por manter a relação, até que o membro traído
recupere sua confiança no parceiro, um nível maior de ciúmes
deve ser esperado. Mas se o ciúmes mantém-se intensificado,
prejudicando o processo de esquecimento ou até mesmo
bloqueando este processo (não cedendo com o envolvimento do
parceiro em melhorar o relacionamento, demonstrando
arrependimento pelo acontecido e com o reasseguramento deste
no correr do tempo), é indicada psicoterapia para o parceiro
magoado. A psicoterapia de casal, mesmo quando o ciúmes não
chega neste ponto, também pode ajudar bastante o casal a
superar os estragos que são causados por uma infidelidade.
CIÚMES, INSEGURANÇA E TRATAMENTO
Kelen de Bernardi Pizol
"Pelo amor de Deus, eu preciso de uma ajuda urgente, meu
relacionamento esta indo água abaixo por ciúmes meu, não sei o
que fazer, ela não me dá motivo, mas também não consigo me
controlar, e isso é péssimo para mim e para ela, todos os meus
relacionamentos não deram certo por esse motivo."
"Sou um ciumento doentio e possessivo e tenho tido sérios
problemas em meu relacionamento, esses problemas estão
chegando a ponto de interferirem no meu trabalho e na minha
saúde."
"Namoro faz cinco anos e eu sou ciumenta aos extremo, e assim
acabo afastando meu namorado de mim. E sem motivo nenhum,
eu sou muito desconfiada. Ou seja, estou sempre achando que ele
vai arranjar outra pessoa, e que alguém vai se interessar por ele.
Eu gostaria de saber, o que posso fazer para mudar isso??"
"Gostaria de saber se a Dra. pode orientar , pois sou
completamente ciumenta, é claro tenho controle, mas preciso ter
técnicas para deixar de amar tanto... Infelizmente esse meu
ciúme está fazendo com que o meu noivado acabe..."
Essas são algumas das frases freqüentes de pessoas que me
procuram pedindo orientação sobre como lidar com seu ciúmes.
Elas estão desesperadas, vendo seus relacionamentos ruírem aos
poucos frente aos seus olhos por causa do seu ciúme. Dizem que
sabem que devem se controlar, mas na hora não conseguem, é
mais forte do que elas. Já tentaram mudar, mas não
conseguiram. Gostariam de ter uma resposta certa para como
sair dessa situação onde elas mesmas acabaram se pondo, um
caminho a seguir para salvar seu namoro, noivado ou casamento,
algo que pudesse modificar essas dificuldades e as mágoas que
foram se formando pouco a pouco, levadas por esse ciúmes.
O que procuro mostrar para essas pessoas é que não existe
uma resposta rápida nem fácil para essa situação, não há uma
fórmula ou conselhos poderosos que as possam, de imediato,
fazer deixar de sentir o que sentem e se comportar de modo
diferente nas situações que as deixam inseguras.
As causas do ciúmes são várias e também e por isso vários os
modos de se lidar com ele. O ciúmes pode ser normal, pode ser
excessivo mas dentro da normalidade, pode ser patológico. Há
várias definições para o ciúme, onde são comum três elementos:
1) ser uma reação frente a uma ameaça percebida; 2) haver um
rival real ou imaginário e; 3) essa reação visar eliminar os riscos
da perda do amor. Segundo especialistas, o ciúme normal seria
transitório, específico e baseado em fatos reais e o ciúmes
patológico seria uma preocupação infundada, irracional e
descontextualizada.
Mas independente de quanto intenso é o seu ciúmes ou onde
ele se encaixa diagnosticamente, há alguns pontos importantes
que podem guiá-lo para decidir se é necessário ajuda. Esses
pontos são os seguintes. Se:
a) seu ciúmes está fazendo você ou seu parceiro sofrer;
b) seu relacionamento está sendo prejudicado pelo ciúmes;
c) você tentou lidar com isso outras vezes, mas não obteve êxito;
fazer psicoterapia é um caminho indicado. Quando a questão do
ciúmes está mesmo fora de controle, prejudicando seu
relacionamento e trazendo sofrimento, ter uma ajuda
especializada é importante, seja para melhorar a qualidade de
suas relações, seja para não deixar que essa emoção afete tanto
sua vida e tenha tantas repercussões negativas. Existem dois
caminhos para cuidar do ciúmes: a psicoterapia individual e a
terapia de casais.
Na psicoterapia serão trabalhadas muitas questões, como a
insegurança, as fantasias, o controle, as crenças sobre si, sobre o
relacionamento, as expectativas sobre ele, e por aí vai. Além
disso, há técnicas específicas que o psicólogo usa com a pessoa
ou com o casal, visando melhorar o ciúmes e o relacionamento
em geral.
Às vezes, apesar de as coisas estarem difíceis, de haver todos
esses componentes, mesmo assim há uma certa relutância em se
procurar uma ajuda mais aprofundada. Até porque atualmente
nossas emoções são deixadas tão de lado, admitir a necessidade
de ajuda pode significar para alguns admitir algum tipo de
fraqueza ou imaturidade, o que não é absolutamente verdade, ao
contrário, para se admitir que se precisa de ajuda é necessário
uma boa dose de coragem.
Se o seu caso não se encaixa nos pontos acima, mas você está
meio preocupado com seu ciúmes, com até que ponto ele pode
prejudicar sua relação, procure lembrar que o ciúmes é uma
emoção normal, que faz parte do repertório de todos os seres
humanos e tem a função adaptativa de nos deixar alertas para a
possibilidade de perda da exclusividade e da afeição de nosso
parceiro. O amor romântico (aquele que acontece entre homem e
mulher) tem o apego em suas raízes e a total abnegação em
termos de prioridade e exclusividade, numa relação amorosa, é
um tanto utópica. Vale lembrar que o ciúmes também é uma
emoção valorizada no amor, por mostrar ao outro que nos
importamos com perdê-lo e em tê-lo conosco e que o achamos
atrativo para nós e para os possíveis rivais. Então, não devemos
rejeitar o nosso lado ciumento, pois seus frutos também podem
fortificar e melhorar nossa relação amorosa ou pelo menos dar
um sabor especial à ela.
OS TRANSTORNOS ANSIOSOS
Há quadros de ansiedade com características bem
definidas que são denominados transtornos de ansiedade. Estão
entre eles o transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno
do pânico, as fobias (fobias específicas, fobia social), o transtorno
obsessivo-compulsivo e o transtorno do estresse pós-traumático.
Para cada um deles existem intervenções específicas que
buscam maximizar o resultado da psicoterapia, diminuindo o
grau de sofrimento e prejuízo e aumentando a qualidade de vida.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
transtorno do pânico, transtorno de ansiedade generalizada,
fobia específica, fobia social, transtorno obsessivo-compulsivo,
transtorno de estresse pós-traumático (critérios do DSM-IV)
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA
Caracteriza-se por pelo menos 6 meses de ansiedade e
preocupação excessivas e persistentes.
AGORAFOBIA
A característica mais importante da agorafobia é uma
ansiedade acerca de estar em locais ou situações de onde possa
ser difícil (ou embaraçoso) escapar ou onde o auxílio pode não
estar disponível, na eventualidade de ter um ataque de pânico ou
sintomas tipo pânico (p.e., medo de ter um ataque súbito de
tontura ou um ataque súbito de diarréia).
A ansiedade leva à esquiva de uma várias situações, como
estar sozinho fora de casa ou estar sozinho em casa, estar no
meio de uma multidão, viajar de automóvel, ônibus ou avião,
estar em uma ponte ou elevador. Algumas pessoas conseguem
enfrentar as situações temidas, mas com considerável temor.
Muitas vezes uma pessoa é capaz de enfrentar uma situação
temida quando acompanhada por alguém de confiança.
A evitação de situações pode prejudicar a capacidade da
pessoa de ir ao trabalho ou realizar atividades cotidianas (p.e.,
fazer compras do dia-a-dia, levar os filhos ao médico). A
ansiedade ou esquiva fóbica não é melhor explicada por outro
transtorno mental.
TRANSTORNO DO PÂNICO
É um transtorno cuja característica principal são pelo
menos dois ataques de pânico recorrentes e inesperados
seguidos por pelo menos 1 mês de preocupação persistente
acerca de ter um outro ataque de pânico, preocupação sobre as
possíveis implicações ou conseqüências dos ataques de pânico,
ou uma alteração comportamental significativa relacionada aos
ataques.
Os ataques não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de
uma substância (p.e., intoxicação com cafeína) ou de uma
condição médica geral (p.e., hipertiroidismo), e não são melhores
explicados por um outro transtorno mental (p.e., fobia
específica). Dependendo se há ou não agorafobia, é classificado
como Transtorno de pânico com agorafobia ou Transtorno de
pânico sem agorafobia.
Ataque de Pânico: é um período distinto de intenso temor ou
desconforto, no qual 4 ou mais dos seguintes sintomas
desenvolveram-se abruptamente e alcançaram um pico em 10
minutos:
- palpitações ou ritmo cardíaco acelerado
-sudorese
-tremores ou abalos
-sensações de falta de ar ou sufocamento
- sensações de asfixia
- dor ou desconforto torácico
- náusea ou desconforto abdominal
- sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
- desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização
(estar distanciado de si mesmo)
- medo de perder o controle ou enlouquecer
- medo de morrer
- anestesia ou sensações de formigamento
- calafrios ou ondas de calor
TRATAMENTO DO TRANSTORNO DO PÂNICO
Kelen de Bernardi Pizol
O transtorno do pânico pode ser tratado através de
psicoterapia cognitiva comportamental, ou com medicamentos
antidepressivos. Os dados científicos sobre a eficácia de cada um
destes tratamentos mostram índices de melhora parecidos, em
estudos de curto prazo. Fazer os dois tratamentos
concomitantemente é uma opção bastante válida e tem sido
apontada como a melhor, pela sua sinergia.
No caso de se fazer os dois tratamentos conjuntamente, os
dois profissionais a serem procurados são o psicólogo, que fará a
psicoterapia, e o médico psiquiatra, que receitará e acompanhará
o uso da medicação.
O tratamento com psicoterapia cognitiva comportamental
focaliza-se principalmente na correção de pensamentos sobre os
sintomas de ansiedade e na aprendizagem de como lidar com
estes sintomas, de modo a não chegar a ter o ataque de pânico.
Ou seja, a pessoa aprende a controlar a ocorrência dos ataques,
diminuindo assim sua freqüência. Quando há agorafobia,
técnicas comportamentais específicas também entram em cena.
É comum a pessoa apresentar outros transtornos ansiosos (como
fobias ou transtorno obsessivo compulsivo, por exemplo) ou
depressão junto com o transtorno do pânico, e a psicoterapia
também é importante nestes casos.
Há pacientes que preferem fazer somente o tratamento
psicoterápico, já que ele também costuma ser eficaz, porque o
tratamento farmacológico tem algumas desvantagens que podem
levar ao abandono do uso da medicação. As maiores queixas
neste sentido dizem respeito a dois efeitos colaterais de alguns
antidepressivos: o ganho de peso e disfunções sexuais.
Antidepressivos tricíclicos aumentam a vontade de comer açúcar
e carboidratos, com aumento aproximado de 0,9 Kg/mês nos três
primeiros meses. O ganho de peso acontece principalmente nas
mulheres. Outra grande causa de não aderência ao tratamento é
a sexual, com efeitos colaterais tais como diminuição do prazer,
disfunção erétil, diminuição do desejo sexual, retardo do
orgasmo e retardo da ejaculação. Pesquisadores da área médica
estão procurando sanar estes problemas buscando outras
alternativas viáveis de medicações. A descontinuação do uso de
antidepressivos também acontece devido a gravidez, efeitos
anticolinérgicos e sentimentos negativos sobre tomar remédios.
O TRANSTORNO DO PÂNICO A LONGO PRAZO
Kelen de Bernardi Pizol
O transtorno do pânico é uma doença psiquiátrica crônica. Isto
significa que mesmo após um tratamento bem sucedido, os
ataques de pânico podem voltar. Então, deve haver um
seguimento do tratamento, mesmo depois que a pessoa melhorou
e não apresenta mais ataques.
O tratamento a curto prazo, tanto com psicoterapia cognitiva
comportamental quanto com medicação (principalmente os dois
juntos) costuma ser eficaz. Mas com o passar do tempo o índice
de recaída é alto, ou seja, muitos pacientes voltam a ter ataques
de pânico.
Por que isto acontece? Existem várias razões, ligadas tanto ao
paciente quanto ao tratamento, que podem estar envolvidas, tais
como a pessoa ter outros transtornos psiquiátricos ou doenças,
passar por situações estressantes, alguns fatores psicológicos
não terem sido tratados (como a sensibilidade à ansiedade, por
exemplo), a dose, duração e os efeitos colaterais dos
antidepressivos ministrados, entre outras causas.
O acompanhamento a longo prazo do paciente é importante
para se tentar evitar recaídas. Diante da perspectiva de não ter
um tratamento com começo-meio-e-fim, muitos pacientes podem
ficar decepcionados e frustrados, mas conhecer o curso da
doença e saber que não se deve largar o tratamento quando se
está bem, é meio caminho andado para não se perder os avanços
feitos até então e manter a qualidade de vida.
Depois que a pessoa melhorou, as sessões de psicoterapia com
o psicólogo passam a ser mais espaçadas e sempre que o
paciente necessitar, sentir que está mais ansioso ou ter algum
ataque, ele pode e deve procurar seu psicólogo, marcando
sessões extras até que a situação se equilibre novamente. Deve
também comparecer sempre às sessões de seguimento, para que
o psicólogo possar avaliar como ele está indo, se há necessidade
de novas intervenções e quando deverá voltar. Isto vale também
para o tratamento farmacológico com o psiquiatra.
FOBIA ESPECÍFICA
É o medo acentuado e persistente ou irracional de objetos
ou situações discerníveis e circunscritos.
A exposição ao estímulo fóbico provoca uma resposta de
ansiedade, que pode chegar à intensidade de um ataque de
pânico. O medo é reconhecido como excessivo ou irracional, se
não for sentido por uma criança.
Os objetos ou situações são evitados, e a esquiva, medo ou
antecipação ansiosa do encontro com estes objetos ou situações
interferem significativamente na vida da pessoa, prejudicando o
desempenho ou a vida social ou causando grande sofrimento.
O foco do medo pode ser a perda do controle (lugares
fechados), a previsão de um dano causado pelo objeto ou
situação (aviões, pelo medo da queda; dirigir, pelo medo de
colisões) ou desmaiar (sangue e ferimentos). Subtipos: animal
(medo causado por animais ou insetos), ambiente natural
(circunstâncias naturais, como tempestades, altura ou água),
sangue-infeção-ferimento (visão de sangue e ferimentos, receber
injeções ou submeter-se a cirurgias levam ao medo e também à
uma resposta física característica), situacional (medo de túneis,
pontes, lugares fechados, aviões ou de dirigir), medo de doenças,
de espaços abertos, de engasgar, vomitar ou de situações que
poderiam levar à asfixia.
FOBIA SOCIAL
É o medo acentuado e persistente de situações sociais ou
de desempenho nas quais o constrangimento pode ocorrer. A
exposição a essas situações provoca quase sempre uma resposta
imediata de ansiedade. O medo geralmente é reconhecido como
exagerado ou irracional.
As situações sociais ou de desempenho são evitadas ou
toleradas com sofrimento excessivo. A esquiva ou desconforto
interferem significantemente na rotina diária de trabalho, social
ou causam muito sofrimento.
As situações que desencadeiam ansiedade mais comuns
são: falar em público, comer, beber e escrever diante das
pessoas, conversar com as pessoas, ir a festas ou reuniões,
ambientes em que estejam outras pessoas (transportes coletivos,
clubes, escolas, lojas), falar ao telefone, situações de paquera ou
ansiedade de encontros.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO
Este transtorno se caracteriza principalmente por
obsessões e compulsões persistentes que fazem com que a
pessoa perca tempo, sofra ou tenha sua vida prejudicada por
elas. Pelo menos em algum período do transtorno a pessoa
reconhece que as obsessões ou compulsões são excessivas ou
irracionais (menos se for uma criança ou alguém com insight
pobre).
Obsessões: são idéias, pensamentos, impulsos ou imagens
mentais persistentes vivenciadas como intrusivas e que causam
ansiedade. Seu conteúdo é indesejado, mas a pessoa não tem
controle sobre ele, apesar de reconhecer que são os seus
próprios pensamentos. Não há relação com preocupações com
dificuldades reais, como problemas financeiros, profissionais e
afetivos. Exemplos comuns: pensamentos repetidos sobre
contaminação, dúvidas repetidas, necessidade de organizar as
coisas em determinada ordem, impulsos agressivos e imagens
sexuais.
Compulsões ou rituais: são comportamentos repetitivos ou atos
mentais que têm o objetivo de reduzir a ansiedade gerada pela
obsessão. Por exemplo, a pessoa acha que está contaminada pela
sujeira (obsessão) e para aliviar a ansiedade que isto lhe causa,
lava as mãos várias vezes por dia para limpá-las (compulsão). As
formas mais comuns de compulsões são limpeza, repetição,
verificação, coleção, ordem e simetria.
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
No transtorno de estresse pós-traumático, há a exposição a
um evento traumático, onde a pessoa vivencia ou testemunha
situações que envolvam morte ou ferimento grave ou ameaça à
integridade física própria ou de outros, levando a uma resposta
de medo, impotência ou horror. Após isto, há revivescência
persistente do trauma, com lembranças aflitivas e intrusivas,
através de imagens, pensamentos, episódios de flashbacks e
sonhos aflitivos.
Existe sofrimento físico e psicológico quando acontece
exposição à situações que lembrem algum aspecto do trauma.
A pessoa se esquiva persistentemente de estímulos
associados com o trauma (locais, conversas, pensamentos e
pessoas que lembrem o trauma são evitados) e há torpor
emocional, um distanciamento emocional, isolamento social,
diminuição do interesse, incapacidade para recordar aspectos
relativos ao trauma, diminuição do afeto (capacidade de sentir),
falta de expectativas em relação à vida. O indivíduo tem insônia,
irritabilidade, dificuldade para se concentrar, hipervigilância e
sobressaltos. Este quadro persiste por pelo menos um mês e
acarreta prejuízo significativo na vida profissional ou social.
DEPRESSÃO: TRATAMENTO PSICOLÓGICO
São inúmeros os fatores que podem estar ligados ao início
e à evolução da depressão. Pode haver influência de fatores
psicológicos, da história de vida, da herança familiar e de
variáveis biológicas.
Há diferentes tipos de depressão e diferentes causas para
ela. Nem sempre a depressão é causada por um acontecimento
ruim na vida da pessoa. Muitas pessoas, quando olham para trás,
percebem que desde cedo já viam a vida cinzenta, sentiam-se
desanimadas e tristes.
O acompanhamento psicológico leva em conta estas
diferenças, mas em todos os casos tem como objetivo modificar
os pensametos negativos, aumentar a auto-estima, modificar
comportamentos e melhorar a qualidade de vida.
Quanto mais deprimida uma pessoa está, mais ela tem
pensamentos depressivos e mais ela acredita nestes
pensamentos. E quanto mais pensamentos depressivos ela tem,
mais ela acredita nestes pensamentos e mais deprimida ela fica.
A psicoterapia vai precisamente auxiliar o paciente a quebrar
este círculo vicioso.
No caso de um evento ser o estopim do processo
depressivo, o modelo psicológico cognitivo sugere o seguinte:
incidentes críticos na vida da pessoa podem ativar crenças
disfuncionais e rígidas que ela criou ao longo de sua vida,
através de suas experiências anteriores. Os pensamentos
negativos invadem sua mente, sejam resultado de sua
experiência atual, de lembranças de fatos do passado ou de
previsões de eventos futuros e levam a outros sintomas
depressivos, em vários níveis: emocional (p.e., tristeza, culpa,
ansiedade), físico (p.e., perda de sono, perda de apetite),
comportamental (p.e., retraimento, agressividade, diminuição da
atividade), motivacional (p.e., inércia, perda de interresse) e
cognitivo (p.e., diminuição da concentração, indecisão). Os
pensamentos negativos vão cada vez mais aumentando em
número e tamanho e tomando o lugar dos pensamentos
racionais.
O tratamento psicológico da depressão procura modificar
os pensamentos negativos que levam aos sintomas da depressão,
além de modificar comportamentos e auxiliar a pessoa a
desenvolver habilidades para a resolução de problemas.
Como saber se você está deprimido?
A pessoa deprimida sente-se triste,muitas vezes chorosa.
Ela fica mais irritada do que o normal, sentindo-se tensa,
ansiosa. Tem pouca energia para realizar até mesmo as tarefas
normais do dia-a-dia e precisa realizar um grande esforço para
fazê-las. Não sente mais prazer em atividades que traziam prazer
anteriormente, o interesse por essas atividades já não é mais o
mesmo. É difícil levantar da cama ao acordar e dar continuidade
às coisas. O deprimido pode passar horas deitado na cama ou
sentado em um sofá.
As dificuldades parecem intransponíveis, imensas. O modo
como o deprimido se sente também é fonte de preocupação para
ele. Ele perde a esperança e pensa que nunca mais sairá deste
estado em que se encontra. Parece que não há saída. Os
pensamentos negativos tomam conta de si e pensamentos de
morte são comuns. Pode haver desejo de morrer e de suicídio.
A pessoa deprimida sente-se frequentemente culpada. Ela
acredita que é fonte de decepção para outras pessoas. Também
pode sentir que não é querida ou amada pelos outros. Em
determinados momentos, pode sentir um torpor emocional,
perdendo a capacidade de reagir emocionalmente tanto às coisas
boas quanto às ruins.
Ela tem dificuldade de concentração e por isso lembra
menos das coisas. Tem alterações do sono (algumas pessoas
dormemm demais e em outras têm dificuldade para dormir). O
apetite pode diminuir e o desejo sexual desaparecer. Nem todos
estes sintomas precisam apresentar-se juntos, ao mesmo tempo,
para se estar deprimido.
Procurar ajuda é importantíssimo!!!
O risco de suicídio entre as pessoas gravemente
deprimidas chega a 15%. Por isso, é muito importante que você
procure ajuda profissional caso esteja deprimido.
A psicoterapia pode ajudá-lo muito!
A família ou amigos também devem encaminhar quem está
deprimido a um profissional, pois devido à pouca energia e
esperança característica deste estado, muitas vezes é difícil ao
deprimido até mesmo pedir ajuda.
ESTRESSE
O termo estresse é muito difundido na nossa cultura, mas
muitas vezes utilizado incorretamente, porque geralmente se
confundem as causas, as fontes e os fatores de estresse como se
isto fosse estresse, quando na verdade o termo estresse refere-se
a um processo psicofisiológico que acontece no organismo.
Perceba melhor esta distinção:
Estressor é a situação, o evento, que está causando o estresse,
que desencadeia a excitação em nosso organismo. Pode ser
estímulos ambientais, sociais ou mesmo cognições. Qualquer
estímulo pode ser estressante, se tiver características punitivas
ou adversas. Para isto contribuem a intensidade, a frequência e
a qualidade do estímulo;
Reação de estresse é o comportamento que temos, decorrente
deste processo chamado estresse. As reações de estresse se dão
em nível motor (tensão dos músculos estriados), nível vegetativo
(preparo do organismo para ataque ou fuga) e nível subjetivo-
cognoscitivo (reações emocionais e cognitivas);
e
ESTRESSE é "uma alteração fisiológica que se processa no
organismo quando este se encontra em uma situação, que
requeira dele uma reação mais forte que aquela que corresponde
à sua atividade orgânica normal" (definição de Hans Selye,
1936).
Ou seja, nosso organismo geralmente está em um estado de
equilíbrio funcional - a chamada homeostase - e quando responde
a um estímulo, seja ele externo (algo do ambiente, um evento)
seja ele interno (como pensamentos ou fantasias), o equilíbrio se
quebra e o organismo tenta se adaptar a isso.
Ainda segundo Selye (1976), o estresse é a "tensão" do
organismo obrigado a se mobilizar para enfrentar situações
perigosas.
Todo o processo chamado estresse envolve uma complexa
interação entre o hipotálamo, o sistema límbico e o sistema
endócrino.
Quando o mecanismo de adaptação é excessivo, devido à
cronicidade de exposição ao estressor, o organismo acaba se
auto lesando, surgindo doenças como hipertensão, infarto,
úlcera, etc.
Sintomas de estresse
Vários estudos apontam o estresse como um fator de risco para
doenças. Eventos negativos são melhores preditores de doença
do que os positivos e diferentes indivíduos respondem de
maneira diferente ao mesmo estímulo negativo. Vejamos como o
organismo reage ao estresse.
Ao ser ativado por um agente estressor, nosso organismo tem
uma reação de alarme. Ele se mobiliza para dar conta desse
estímulo e busca reestabelecer seu equilíbrio interno
(homeostase). Isso foi chamado por Hans Selye (1951) de
Síndrome Geral de Adaptação, um conjunto de reações não
específicas desencadeadas por estímulos crônicos de origem
traumática, tóxica, infecciosa ou emocional.
Quando somos expostos à situações estressantes, nosso
organismo tem determinadas reações, dependendo de quanto
perdure o estresse. Estes estágios pelos quais o organismo pode
passar têm as seguintes características:
* fase de alerta ou alarme - aqui se dá a reação aguda de
estresse, normal, com comportamento de ataque ou fuga. Há
estimulação do sistema nervoso autonômico. Depois da reação, o
equilíbrio interno se reestabelece.
* fase de resistência - há intensificação da reação ao estresse,
com os efeitos perdurando por mais tempo. O corpo tenta se
adaptar às demandas fisiológicas depositadas nele;
* fase de esgotamento ou exautão - a exposição prolongada a
estressores provoca danos irreversíveis. Os índices normais de
atividade orgânica se alteram, acontece diminuição da
resistência imunológica, a reação interna concentra-se em um
determinado órgão, surgindo patologias, além de sintomas
psíquicos.
Também os sintomas experimentados pela pessoa devido ao
estresse diferem em cada estágio:
Alarme
músculos sempre tensos
taquicardia
distúrbios gastrointestinais
sudorese
irritabilidade
pressão no peito
zumbido nos ouvidos
mãos e pés frios
dor de cabeça
sensação de esgotamento
pressão muito alta ou baixa
insônia
fadiga crônica
pesadelos, etc
Resistência
medo
ansiedade
queda de cabelo
ranger de dentes
oscilação de apetite
roer de unhas
impotência sexual temporária
evitação de situações sociais
Esgotamento
sintomas de patologia específica
Algumas doenças para as quais o estresse é um fator de risco:
depressão, resfriado comum, alguns tipos de câncer, doenças
cardiovasculares (hipertensão arterial, doenças cardíacas),
diabetes, obesidade.
Estresse e fatores que contribuem para levar ao
adoecimento
A pesquisa sobre o estresse avança cada vez mais, desde o
trabalho pioneiro de Hans Selye. Hoje, já se tem em vista os
vários fatores que interagem causando problemas, segundo a
perspectiva biopsicossocial:
Fatores Biológicos:
Já se sabe que a reação ao estresse:
o tem forte componente genético
o depende da reatividade do sistema nervoso autonômico
o é influenciada por aspectos biológicos de gênero
Fatores Psicológicos
o A interpretação dos eventos estressantes tem papel
determinante em como se responde ao estresse.
o a avaliação da pessoa a leva a ver ou não o estressor como
uma ameaça
o perceber os eventos estressores sociais como sob controle
protegem contra o estresse
o as respostas de coping (como se lida com o estresse) podem
minimizar ou exacerbar o estresse
o o estresse psicológico afeta os sistema nervoso autonômico
e o sistema neuroendócrino. Mudanças neuroendócrinas
podem danificar neurônios e prejudicar a habilidade do
organismo de lidar com o estímulo estressante. Estresse
prolongado leva a liberação excessiva de glucocorticóides, o
que pode prejudicar seriamente ou até matar neurônios no
hipocampo.
o traços de personalidade são associados à problemas do
coração
Fatores Sociais
o o estresse social pode levar a reações de coping mal
adaptativas
o a condição socioeconômica e a disponibilidade de suporte
social pode proteger contra o estresse
o o estresse social aumenta o nível de hormônio cortisol, o
que leva ao aumento da secreção de insulina e níveis
elevados destes dois hormônios aumentam, por sua vez, o
risco de doenças do coração
Importante!
Como se pode perceber, o tratamento psicológico é relevante
no tratamento do estresse e na profilaxia de doenças causadas
pelo estresse, devido a grande influência dos fatores psicológicos
nos mecanismos biológicos do estresse e de sua forte interação
com os fatores sociais.
AUXÍLIO PSICOLÓGICO PARA PARAR DE FUMAR
Parar de fumar não é fácil, mas os benefícios à curto e
longo prazo confirmam a validade desta decisão.
O auxílio psicológico é de grande ajuda quando se decide
parar de fumar, tanto no processo de parada quanto no período
de seguimento.
O psicólogo pode atuar no processo de decisão de deixar o
cigarro e no abandono deste, através de técnicas
comportamentais e cognitivas, informação e trabalhando a
motivação. Através do monitoramento do comportamento do
paciente, traça-se uma estratégia de abandono e
acompanhamento que se enquadre especificamente àquela
pessoa.
O acompanhamento do fumante após a parada é
importantíssimo, pois grande parte dos fumantes costuma recair
e voltar a fumar. O acompanhamento psicológico tem por
objetivo ajudar a prevenir recaídas e procurar buscar
alternativas efetivas que levem ao abandono do vício, além de
haver auxílio psicológico para trabalhar outras questões que
podem surgir no decorrer do processo, como questões relativas à
ansiedade, depressão e relacionamentos.
A motivação é um aspecto bastante relevante para se
deixar de fumar. A grande maioria das pessoas que conseguem
fumar não obtém sucesso na primeira vez, então persistir é
essencial, pois uma experiência internacional comprovou que
70% das pessoas com persistência, que procuram parar de
fumar, conseguem.
dois modos de se parar de fumar: a parada gradual e a
parada imediata. Há mais de uma técnica que pode ser utilizada
para se parar de fumar progressivamente. Apesar de muitos
fumantes poderem escolherem parar de fumar pelo modo
progressivo, estudos demonstram que a cessação abrupta do
fumar deve ser sempre a primeira opção.
Os males à saúde
O CIGARRO CAUSA 3 MILHÕES DE MORTES POR ANO!!!
CADA CIGARRO FUMADO REDUZ 15 A 20 MINUTOS DE
VIDA!!!
UM CIGARRO CONTÉM 4720 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS!!!
Os prejuízos à saúde que o cigarro pode causar são
diversos. Estão entre eles:
o Enfarto do Miocárdio - 20-25% dos enfartos de miocárdio
ocorrem entre os fumantes. Um cigarro fumado aumenta 8
a 10 batimentos do coração por minuto
o Impotência - Fumar reduz o fluxo vascular periférico. Ou
seja, o fluxo de sangue necessário para atingir uma ereção
pode ser bloqueado. Logo, fumar pode arruinar sua vida
sexual...
o Tosse, Dor de garganta, Bronquite -> 80% das pessoas que
têm bronquite fumam
o Fragilidade óssea- vários estudos ligam fumo e osteoporose
em ambos os sexos. Isso pode acontecer porque fumar afeta
a síntese de estrogeno e outros hormônios necessários para
se ter ossos saudáveis. Uma vez perdida, a densidade óssea
não pode ser recuperada completamente
o Rugas faciais, Pés -de-Galinha, Linhas verticais ao redor da
boca.- fumar causa vasoconstrição dos capilares faciais, o
que reduz o fluxo de oxigênio e nutrientes para as células
da pele. Os danos à pele são na maior parte irreversíveis!
o Mal cheiro - o odor desagradável da fumaça de cigarro
impregna a pele, os cabelos, as roupas e o ambiente...
o Dentes manchados e mal hálito - partículas na fumaça do
cigarro deixam os dentes amarelados e causam bactérias
produtoras de odor. e perda de dentes são comuns em
fumantes.
o Gengivite - fumar pode ser o responsável por metade dos
casos de gengivite nos EUA!
o Problemas de circulação - nos fumantes, moléculas de
oxigênio são deslocadas da hemoglobina (as células de
hemoglobina distribuem oxigênio pelo corpo) pelos
componentes da fumaça de cigarro, bloqueando a
transferência do oxigênio para o corpo. Um dos efeitos
menores disso são mão e pés frios e pontadas dolorosas.
Mas os problemas de circulação podem levar à gangrena e
à amputação do órgão afetado! Fumantes antigos têm os
vasos sanguíneos desgastados 10 a 15 anos antes dos não-
fumantes
o Diversos tipos de câncer: Câncer na Boca, Câncer no
Esôfago,Câncer na Garganta, Tumor nas cordas vocais - o
cigarro contém aproximadamente 60 substâncias
cancerígenas. Calcula-se que 20 cigarros por dia durante 20
anos resultam em um depósito de 6 quilos de fuligem nos
pulmões. 30%dos casos de câncer do pulmão em não
fumantes relacionam-se ao fumo passivo. Todo ano morrem
de câncer mais de 5000 americanos que são fumantes
passivos
o Depressão
Benefícios do abandono
O QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ PÁRA DE FUMAR???
Após 20 minutos a pressão sanguínea e a pulsação voltam
ao normal
Após 2 horas não há mais nicotina circulando no sangue
Após 8 horas o nível de oxigênio no sangue fica normal
Após 12 a 24 horas os pulmões já funcionam melhor
Após 2 dias o olfato e o paladar já melhoraram
Após 3 semanas nota-se que a respiração e a circulação
melhoraram
Após 1 ano o risco de morte por infarto do miocárdio já
reduziu à metade
Após 5 a 10 anos o risco de sofrer infarto será igual ao das
pessoas que nunca fumaram
Parando de fumar, você:
Melhorará sua saúde
Terá uma aparência melhor
Prolongará sua vida
Melhorará sua atividade sexual
Economizará dinheiro
Irá se sentir mais saudável
Melhorará seu paladar e seu cheiro
Melhorará a saúde das pessoas ao seu redor
IDENTIDADE SEXUAL E ESTRESSE
A homossexualidade e a bissexualidade foram tratados por
muito tempo como tabus e marcados pelo preconceito também
pela psicologia, sendo vistos como desviantes e indesejáveis.
Ainda hoje, algumas correntes teóricas vêm a
homossexualidade como um estacionamento no desenvolvimento
psico-emocional-sexual da pessoa ou mesmo como uma doença
mental. Mas estas visões não se sustentam, tanto por não haver
suporte empírico adequado para suas conclusões, quanto pelo
resultado de numerosas pesquisas com metodologia apropriada
apontarem em outra direção.
Na verdade, a diferença que a psicologia aponta entre
heterossexuais e homossexuais tem a ver com o estresse que os
homossexuais vivem devido ao estigma relacionado com sua
orientação sexual. Os psicólogos, assim, procuram levar em
conta e entender os modos pelos quais a estigmatização social,
seja na forma de preconceito, violência ou discriminação, coloca
em risco a saúde mental e o bem-estar de seus pacientes gays,
lésbicas e bissexuais.
Discriminação e experiências negativas em ambientes sociais
são fatores de risco para dificuldades emocionais e problemas de
saúde mental. Já se sabe que o estresse social aumenta o risco de
sofrimento emocional, abuso de drogas e tentativas de suicídio,
por exemplo.
Eventos estressores entre gays, lésbicas e bissexuais
assumidos vão desde acontecimentos graves como perda de
emprego, violência, despejo, dificuldades com custódia de
crianças, até perturbações diárias tais como piadas de mau gosto
ou denominações discriminatórias.
Pesquisas americanas apontam para um aumento da
vulnerabilidade e isolamento entre adolescentes e jovens
homossexuais, devido ao estresse social. Ele foi associado com
problemas acadêmicos, prostituição, fuga de casa, uso de drogas
e até mesmo suicídio nestas populações. A rejeição da família
pode ser uma das causas do estresse. Mas mesmo com o apoio
da família, a revelação precoce de uma identidade homo ou
bissexual pode aumentar o risco da pessoa tornar-se vítima de
violência, tentar suicídio ou utilizar drogas.
Além de estressores externos, outro fator de risco à saúde
mental de gays, lésbicas e bissexuais é a internalização de
atitudes sociais negativas, levando a problemas de auto-imagem
(desde falta de auto-confiança até ódio de si mesmo).
Psicoterapia é indicada tanto para os casos acima quanto para
dificuldades em lidar com os estressores sociais (levando ao
prejuízo da saúde ou comportamentos mal adaptativos).
texto baseado em diretrizes para psicoterapia da American
Psychological Association - mais detalhes
emhttp://www.apa.org/pi/lgbc
PSICOTERAPIA PARA GAYS, LÉSBICAS E BISSEXUAIS
A estrutura dapsicoterapia com gays, lésbicas e bissexuais
(glb) e seus preceitos são os mesmos utilizados na psicoterapia
de heterossexuais. A diferença fica no conteúdo que pode ser
tratado dentro das sessões.
Há muitos temas tratados comumente por uma variedade de
pacientes, inclusive os glb, tais como ansiedade, depressão, etc.
Para todos os pacientes, as particularidades de cada um são
levadas em conta no desenvolvimento da psicoterapia.
Questões específicas que costumam aparecer na população glb
relacionam-se, de variadas formas, à sua orientação sexual.
Uma questão importante para muitos destes pacientes é o
conflito ou desconforto com sua orientação sexual, tanto a dúvida
quanto a isto quanto o questionamento sobre sua implicações. É
algo que pode ser bastante sofrido, pois envolve a auto-imagem
da pessoa e as pressões que ela enfrenta ou enfrentará para
afirmar sua identidade. São crises vividas por indefinição da
orientação sexual, por quem teme o que acontecerá com a
revelação de sua orientação ou por quem assumiu uma
orientação e passa por situações problemáticas por isso.
Os medos ligados à identidade sexual podem passar por pontos
como vulnerabilidade à discriminação, violência, hostilização
pelos outros ou o temor de perdas pessoais possíveis (na família,
entre amigos, no trabalho, na comunidade religiosa ou
espiritual). Além disso, os esteriótipos ou as experiências do
paciente a esse respeito podem ser negativos e influenciar em
sua crise, como por exemplo encarar o estilo de vida
homossexual como desapegado emocionalmente ou promíscuo.
Para pessoas mais religiosas (como católicos, protestantes,
evangélicos, etc) há tanto a própria questão religiosa envolvida,
quanto um grande medo da reação familiar e/ou da comunidade.
Principalmente em adolescente e jovens, o modo como a
família reagirá se a pessoa revelar sua orientação sexual toma
contornos mais práticos, pois em muitos casos a possibilidade de
ser mandado embora de casa ou não ter mais o apoio econômico
dos pais, além do apoio emocional, é bastante real.
Sentir-se culpado por sua identidade, ter ódio de si mesmo, são
exemplos de dificuldades de auto-imagem trabalhadas em
psicoterapia.
Maior complexidade é envolvida quando o paciente vem de
grupos raciais ou étnicos específicos, pois se adicionam aí
variações culturais, como normas, valores e crenças peculiares
que podem ser importantes fontes de estresse psicológico.
Existem ainda muitos outros pontos particulares que podem
ser abordados na psicoterapia com pacientes homo ou bissexuais
e que não foram relatados aqui. Por exemplo, além das
diferenças individuais, ser gay ou lésbica ou homossexual ou
bissexual trás suas especificidades. A idade do paciente também
é um fator do qual podem emergir diferentes questões. Mas
independentemente do conteúdo da psicoterapia, o
posicionamento do psicólogo é sempre de cooperação, respeito e
aceitação.
texto baseado em diretrizes para psicoterapia da American
Psychological Association
- http://www.apa.org/pi/lgbc/homepage.html