Annie Besant - O Enigma Da Vida

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Annie Besant fala com bastante precisão sobre os mistérios da vida.. vale a pena ler

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O ENIGMA DA VIDAAnnie BesantLivraria SnteseRua Pascoal, de Melo, 44 - 111K " ac "" 'O'117O-294 LISBOA Tel./Fax: 21812 @85 96ANNIE BESANTO ENIGMA DA VIDATraduo NAIR LACERDAEDITORA PENSAMENTOSO PAULOTtulo do original: The Riddle of LifeEdio original de The Theosophical Publishing House Wheaton, IL, U.S.A. / Madras, India / Londres, InglaterraAno3-4-5-6-7-8-9-1O94-95-%-97Direitos re~dos EDITORA PENSAMENTO LTDA. Rua Dr. Mrio Vicente, 374 - Fone: 272-1399O427O-OW - So Paulo, SPImpresso em nonas oficinas grdfleas.Depois de muita procura, Annie Besant encontrou seu caminho e chegou a ver o Universo e a si prpria em sua real perspectiva.GEORGE BERNARI) S11^S u m r i o4PRESENTAJO ......................... 91. O QUE SIGNIFICA "TEOSOFIX' ...... 11Il. O SISTEMA SOLAR .................. 15111. O HOMEM E SEUS MUNDOS ......... 21IV. O HOMEM E SEUS CORPOS MORTAIS 27V. OS CORPOS IMORTAIS DO HOMEM .. 35VI. A LEI DO RENASCIMENTO .......... 39VII. O ENIGMA DO AMOR E DO DIO .... 51VIII. KARMA: A LEI DE AO E REAfO .. 63IX. OS TRS FIOS DO CORDEL DODESTINO ........................... 67X. O PODER DO PENSAMENTO E SEUUSO ................................ 71XI. PASSOS NO CAMINHO .............. 75XII. NOSSOS IRMOS MAIS VELHOS ...... 797APRESENTAOA vida, em toda a sua inocncia, em sua nudez primordial, sem qualquer tipo de atributo, tem sido um eterno mistrio para a mente humana. No decorrer das eras, cientistas, filsofos e fanticos tm procurado insistentemente pela origem e o propsito de nossa existncia.Neste livro, com notvel economia de palavras, Annie Besant oferece um estudo claro a respeito da criao e da evoluo, dando uma resposta concisa eracional pergunta que o homem vem repetindo aolongo dos sculos: O que a vida e qual o seu propsito?Publicado originariamente numa srie de artigos na revista The Theosophist, sob o ttulo geral de ---Filosofia Elementar", este pequeno volume se transformou numa das obras clssicas da Teosofia e num dos manuais mais importantes em meio vasta obra de sua Autora.O QUE SIGNIFICA "TEOSOFIA"A palavra Teosof ia est agora nos lbios de muita gente, e, assim como M. jourdain falava em prosa sem saber do que se tratava, muitos so teosofistas sem o saber. Porque Teosofia Sabedoria Divina, e a Sabedoria a luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo. No pertence a ningum com exclusividade; pertence a cada qual inclusivamente, e o poder de receb-la o direito de possu-Ia; o fato dessa posse cria o dever de compartilhar. Toda religio, toda filosofia, toda cincia, toda atividade extrai o que tem de verdade e beleza da Sabedoria Divina, mas no pode reclamar a posse dela como coisa sua, contra as demais. A Teosofia no pertence Sociedade Teosfica; a Sociedade Teosfica que pertence Teosofia.Qual a essncia da Teosofia? o fato de que ohomem;sendo ele prprio divino, pode conhecer a Divindade, de cuja vida compartilha.* Como corolrio* A palavra homem usada neste livro com referncia humanidade, tanto ao homem como mulher.inevitvel dessa verdade suprema, surge o fato da Fraternidade do Homem. A Vida divina o esprito de tudo quanto existe, desde o tomo at o arcanjo; um gro de poeira no poderia existir se Deus estivesse ausente dele, e o mais elevado serafim no passa de uma fasca sada do Fogo eterno, que Deus. Os que compartilham de uma Vida, formam, reunidos, uma Fraternidade. A imanncia de Deus, a solidariedade do Homem, eis as verdades bsicas da Teosofia.Seus ensinamentos secundrios so aqueles comuns aos ensinamentos de todas as religies, vivas ou mortas: a Unidade de Deus; Sua Natureza Triplice; a descida do esprito para a matria, e da as hierarquias das inteligncias, das quais a humanidade uma; o crescimento da hunianidade pelo desdobramento da conscincia e pela evoluo dos corpos, isto , pela Reencarnao; o progresso desse crescimento sob lei inviolvel, a lei da causalidade, isto , o karma; o ambiente para esse crescimento, os trs mundos, o fsico, o astral e o mental, ou a Terra, o mundo intermedirio, e o cu; a existncia de Mestres divinos, homens sobre-humanos.Todas as religies ensinam, ou ensinaram, essas coisas, embora de vez em quando um ou outro desses ensinamentos possa ficar temporariamente em segundo plano; mas eles sempre reaparecem - tal como a doutrina da reencarnao que saiu do Cristianismo eclesis- tico e agora est retornando a ele. Estava submersa, mas emerge novamente.A misso da Sociedade Teosfica como um todo difundir essas verdades em todas as naes, embora no se imponha a qualquer membro, individualmente, a12aceitao de qualquer delas. Deixa-se absoluta liberdade a cada membro, para estudar como lhe parecer, para aceitar ou rejeitar; mas se a Sociedade, como coletividade, deixasse de aceitar e difundir essas verdades, tambm deixaria de existir.Essa unidade de ensinamentos entre as religies do mundo deve-se ao fato de todas elas terem sido fundadas por membros da Fraternidade de Mestres divinos, que tm a custdia da Divina Sabedoria, da Teosofia. Dessa Fraternidade surgem, de vez em quando, os Fundadores de novas religies, que sempre trazem consigo os mesmos ensinamentos, mas do-lhes forma condizentecom as condies da poca, de acordo com o estgio intelectual do povo em cujo meio Eles aparecem, seu tipo, suas necessidades, sua capacidade. Os pontos es-senciais so sempre os mesmos; os no essenciais variam. A identidade aparece nos smbolos que vemos em todos os tipos de f, porque os smbolos formam a linguagem comum a todas as religies. O crculo, o tringulo, acruz, o olho, a estrela, entre muit os outros, sempre trazem o testemunho silencioso da unidade fundamental das religies do mundo. Compreendendo isso, a Sociedade Teosfica atende a cada religio em seu prprio domnio e as rene todas na Fraternidade.A Teosofia constri seus ensinamentos morais sobre a Unidade, vendo em cada forma a expresso de umaVida comum. Da considerar que o que fere a uma fere a todas. Fazer o mal, isto , lanar veneno no sangue-Vida da humanidade, crime contra a Unidade. A Teosofia no tem cdigo de tica, por ser em si mesma a corporificao da mais alta moralidade. Ela apresenta13aos estudantes os mais altos ensinamentos de todas as religies, reunindo as flores mais fragrantes dos jardins da f no mundo, Sua Sociedade no tem cdigo, porque qualquer cdigo que fosse imposto com generalidade estaria correspondendo mdia do nvel mais baixo da poca. E a Sociedade busca elevar seus membros acima do nvel comum, mostrando-lhes sempre os ' mais altos ideais, e infundindo neles as mais elevadas aspiraes. Ela busca desenvolver a leinterior e no impor a lei exterior. Seu modo de proceder com os menos evoludos dos seus membros no a expulso, mas a reforma.A incorporao da Sabedoria Divina numa organizao forma um ncleo, a partir do qual as foras da vida podem irradiar. Novo e slido vnculo assim formado entre o mundo espiritual e o material. E , nagrande verdade, um Sacramento, ---o signo exterior evisvel de uma graa interior e espiritual-, um testemu-nho da Vida de Deus no Homem.14IIO SISTEMA SOLARUm Sistema Solar um grupo de mundos que circulam em torno de um Sol central, do qual absorvem luz' vida e energia. Nesse ponto, todos os teosofistas e no@teosofistas esto de acordo. O teosofista, entretanto, V muito mais do que isso num Sistema Solar. Para ele, esse Sistema um vasto Campo de Evoluo, presidido por um Senhor divino, que criou a matria de que esse Campo feito tirando-a do espao exterior, saturando essa matria com a Sua Vida, organizando-a em Seu Corpo; e de Seu Corao, o Sol, difundindo aenergia que circula atravs do Sistema, com seu sangue vital. Sangue vital esse que retorna ao Corao, quando suas propriedades nutrientes se exaurem, para ser recarregado e enviado, novamente, ao seu trabalho sus-tentador da vida.Portanto, para o teosofista, um Sistema Solar no apenas um esplndido mecanismo de matria fsica,mas a expresso de uma Vida e a sementeira de vidas dela derivadas, impregnada em cada parte por uma inteligncia latente ou ativa, pelo desejo e pela atividade. Ela15---existe por causa do Eu", a fim de que os germes da Divindade, os Eus em embrio, emanados do Eu Supremo, possam desenvolver-se com a aparncia do Deus-Pai, de cuja natureza compartilha m, sendo, verdadeiramente, ---participantes da Natureza divina---. Seus globos so11 apoios do homem" e no apenas do homem, mastambm de seres subumanos, que so seus habitantes. Em mundos mais sutis do que o fsico, vivem seres muito mais desenvolvidos do que os homens, e tambm seres menos desenvolvidos, revestidos de corpos de ma-tria mais fina do que a fsica, portanto invisveis para olhos fsicos, mas nem por isso menos ativos e inteligentes. Seres entre cujas hostes so encontradas mirades de homens, homens que, naquela ocasio, descartaram seu vesturio de carne, mas no deixaram de ser homens que pensam, que amam, que so ativos. E mesmo durante a vida em nossa terra fsica, metidos na veste de carne, os homens esto em contato com esses outros mundos e seres de outros mundos, e podem ter um relacionamento consciente com eles, tal como testemunham os Fundadores, os Profetas, os Msticos e os Videntes de todos os tipos de f.O divino Senhor se manifesta em Seu Sistema sob trs Aspectos ou "Pessoas": o Criador, o Preservador e o Regenerador. Esses so o Esprito Santo, o Filho e o Pai do cristo; Brahma, Vislinu e Shiva, do hindu; Chokhmah, Binali e Kether, do cabalista hebreu; o Terceiro, o Segundo e o Primeiro Logos, do teosofista, que usa o antigo termo grego, ---a PALAVRA", para o Deus manifestado.A matria do Sistema construda pelo Terceiro Logos, sete tipos de tomos sendo formados por Ele; as16agregaes compostas com esses tomos do os sete tipos fundamentais de matria encontrados no Sistema, cada uma mais densa que a precedente, cada tipo relacionadocom um estgio diferente da Conscincia. Chamamos amatria composta de certo tipo especfico de tomo um plano ou mundo, e assim reconhecemos sete desses planos no Sistema Solar. Os dois mais altos so os planos divinos, ou superespirituais, os planos do Logoi, e osque ficam abaixo desses dois so o local de nascimento e o habitat do Eu humano ' a Mnada, o Deus no homem; os dois que se sucedem so os planos espirituais e, ao alcan-los, o homem compreende que divino; oquinto, ainda em processo de densificao, o plano intelectual; o sexto, o emocional, o passional, sede das sensaes e desejos, geralmente chamado de plano as-tral; o stimo o plano fsico. A matria dos planos espirituais est relacionada com o estgio espiritual da Conscincia, e to sutil e plstica que cede a todos os impulsos do Esprito e o senso da separatividade perde-se no da Unidade. A matria do plano intelectual est relacionada com o estgio intelectual da Conscincia, com o Pensamento e a Cognio, e cada mudana de Pensamento acompanhada de uma vibrao da suamatria. O falecido W. K. Clifford parece ter reconhecido a ---matria mental" como constituinte do cosmos, porque, cada fora precisando ter o seu meio, o pensamento, visto como fora, precisaria de um tipo especial de matria para o seu trabalho. A matria do plano astral relaciona-se com o estgio de desejo da Conscincia; cada mudana na emoo, na paixo, no desejo, nasensao sendo acompanhada por uma vibrao na suamatria. A matria do plano fsico mais rstica ou17mais densa, e a primeira a ser organizada para a expresso ativa da Conscincia humana.Esses tipos de matria, interpenetrando-se - como os slidos, os lquidos, os gases e os teres fsicos interpenetram os objetos que nos rodeiam, no se difundindo todos igualmente sobre o geral da rea ocupada pelo Sistema Solar, mas agregando-se, em parte, formando outros planetas, mundos ou globos. Os trs tipos mais sutis de matria difundem-se pelo todo, e so, assim, comuns ao Sistema, enquanto os quatro tipos mais densos compem e envolvem os globos, e os campos por eles ocupados no esto em contato ntimo.Lemos, em vrias escrituras, sobre ---Sete Espritos": o Cristianismo e o Isl tm sete arcanjos; o Zoroastrismo, sete amshapendas; o judasmo, as sete sephiroth; aTeosofia d-lhes o nome de sete Logos planetrios, e eles so os governantes dos planetas Vulcano,* Vnus, Terra, Jpiter, Saturno, Urano e Netuno.Cada um desses sete planetas o ponto de reverso de uma cadeia de mundos interligados, presidida por um Logos planetrio, e cada cadeia um Campo separado de evoluo, desde as mais primitivas origens at o homem.H, assim, sete Campos subsidirios de Evoluo num Sistema Solar, e eles esto, naturalmente, em diferentes estgios de progresso. A cadeia consiste em sete globos, dos quais um , geralmente, de matria fsica, eos outros se apresentam de matria mais fina. Contudo, em nossa prpria cadeia, em nossa terra, h dois globos* Vulcano no foi descoberto por cientistas.18irmos, visveis ao olho fsico: Marte e Mercrio. E mais quatro companheiros invisveis. A onda de vida evolucionria, apoiando seres em evoluo, ocupa umglobo de cada vez - com certas exceoes especiais que no precisam ser mencionadas aqui - passando ao prximo, pela ordem, quando as lies do antecedente tiverem sido aprendidas. Assim, nossa humanidade tem caminhado do globo 1, no plano mental, para o globo 2, no plano astral, e da para o globo 3, que Marte, epara o globo 4, nossa Terra, de onde passar para oglobo 5, que Mercrio, e da para o globo 6, de novo no plano astral, e a seguir para o globo 7, no plano mental. Isso completa uma grande Ronda evolucionria, tal como chamada apropriadamente.Esse imenso esquema de evoluo no pode ser prontamente apreendido pelos ignorantes, tal como no o pode ser o esquema correspondente do astrnomo, que trata apenas do plano fsico. Nem necessrio que ele seja compreendido pelas inteligncias limitadas, pois no tem relao imediata com a vida. S interessa ao homem que, desejoso de compreender, est pronto para se engalfinhar com os problemas mais profundos da Natureza, e no foge ao duro trabalho intelectual.19IIIO HOMEM E SEUS MUNDOSO homem uma Inteligncia espiritual que se revestiu de carne com o objetivo de ganhar experincia em mundos abaixo do espiritual, a fim de poder conhe-1 c-los e govern-los, e, em pocas posteriores, tomar seu lugar nas Hierarquias criativas e dirigentes do universo. lei universal a que diz que a Conscincia s pode saber aquilo que pode reproduzir; uma Conscincia pode conhecer outra na proporo da sua capacidade para reproduzir dentro de si prpria as modificaes dessa outra. Se um homem sente dor quando outro homem a sente, se feliz quando outro tambm o , se tem ansiedade, confiana, etc., ao mesmo tempo que outro, reproduzindo imediatamente sua disposio de esprito, esse homem conhece o outro. Simpatia, isto , ,,sentir ao mesmo tempo", a condio para esse conhecimento. Contudo, a Conscincia trabalha em corpos; estamos vestidos, no estamos nus; e esses corpos so compostos de matria. 'A Conscincia pode afetar a Conscincia, mas como pode a Conscincia afetar esses corpos?21H uma outra lei, a de que uma mudana naConscincia imediatamente acompanhada por uma vibrao na matria que lhe est prxima, e cada mudana tem sua vibrao-resposta, tal como um som mu-sical e o comprimento e a espessura da corda, invariavelmente andam juntas. Num Sistema Solar, todas asConscincias separadas so parte da Conscincia do Senhor divino do sistema, e toda a matria do sistema o Seu corpo - ---Nele vivemos, nos movemos e temos onosso ser.--- Ele formou essa matria e relacionou-a com Ele prprio, de forma que ela responde, em toda parte, por inumerveis tipos de vibraes, s inumerveis mudanas em Sua Conscincia, mutuamente. Sobre Seu completo e vasto Reino, Sua Conscincia e Sua matria respondem uma outra, em perfeita e perptua harmonia, e inviolvel relacionamento.O homem partilha com o Senhor divino esse relacionamento, mas de forma elementar e fraca; s mudanas em sua Conscincia correspondem vibraes namatria que o cerca, mas isso s perfeito e completo, de incio, nos mundos superespirituais, onde ele existecomo uma emanao do Senhor; ali, cada vibrao da matria corresponde a uma mudana em sua Conscincia, e ele conhece esse mundo, seu local de nascimento e seu lar. Entretanto, em mundos de matria mais densa do que a dessa regio elevada, ele , at agora, um estranho; as vibraes dessa matria mais densa, embora o rodeiem, no o afetam. Para ele, como seelas no existissem, tal como as ondas que levam men-sagens pelo telgrafo sem fio no nos afetam neste mun-22do, e, para nossos sentidos, so como se no existissem. Como, ento, pode ele chegar a se parecer com seu divino Pai, para o qual cada vibrao uma mensagem, que pode estabelecer na matria qualquer vibrao desejada atravs de uma mudana em sua Conscincia, que est consciente e ativo em cada ponto do Seu sistema?Temos a resposta nas palavras Involuo e Evoluo. O homem precisa involuir para a matria, atrair para si prprio um revestimento de matria, atrair sua volta matria de todos os mundos - o espiritual, o intelectual, o emocional e o fsico. Esse o envolvimento do Esprito pela matria - a Involuo - s vezes chamada a queda do Homem. Ento, tendo adquirido esse revestimento, ele deve, lentamente, tentar compreender as mudanas nele prprio - em sua prpria Conscincia -, as agitantes, estonteantes, confusas mudanas que vm e vo sem a interferncia da sua vontade, devido s vibraes instaladas em seu revestimento material pelas vibraes no mundo maior que o rodeia. E isso infringe sua Conscincia modificaes e disposies involuntrias. Ele ter de desenredar tudo isso, colocando cada coisa em sua prpria origem; ter de aprender, atravs delas, a existncia e os pormenores dos mundos que o rodeiam; ter de organizar a matria que mais lhe convm - seus corpos -, fazendo-os agentes cada vez mais complexos e receptivos, alm de discriminativos; ter de receber ou recusar desses corpos, conforme deseje, as vibraes que se chocam no exterior, em torno deles; e, finalmente, atravs deles, ter de ^imprimir as mudanas em sua Conscincia, sobre a Natureza exterior, e assim tornar-se23* seu Governante e no o seu escravo. Isso Evoluo: * ascenso do Esprito atravs da matr, seu desenvolvimento dentro da veste material haurida nos vrios mundos que formam o ambiente em que ele vive. O esprito permeia com sua prpria vida a matria de que se apropria, tornando-a, assim, dcil serva do Espirito e redimindo-a de seus rudes usos, para o servio dos liberados Filhos de Deus.Esse revestimento material, obtido dos diferentes mundos, aos poucos deve ser organizado pelos impactos externos e respostas internas, fazendo-se um "corpo" ou um veculo da Conscincia. organizado a partir de baixo para cima, do denso para o sutil, sendo o material de cada mundo organizado separadamente, como forma de receber comunicao e de atuar sobre seu prprio mundo. O material fsico primeiro atrado como massa bastante compacta, e os rgos que mantm o processo da vida, bem como os dos sentidos, evoluem lentamente de incio: o complicado e maravilhoso corpo fsico evolui h milhes de anos, e ainda est em evoluo. Ele pe o homem em contato com o mundo fsico que o cerca, mundo que ele pode ver, ouvir, tocar e cheirar, e no qual ele pode causar modificaes usando seu crebro e nervos, dirigindo, e controlando seus msculos, mos e ps. O corpo no perfeito porque ainda h muita coisa no mundo fsico a que ele no pode reagir - formas, como tomos, que ele no pode ver, sons que no pode ouvir e foras que no pode perceber enquanto elas no produzirem efeitos ao mover grandes massas de matria que podem ser vistas.O homem fez instrumentos delicados para ajudar seus sentidos e aumentar a extenso de sua capacidade de24percepo - telescpios e microscpios para ajudar osolhos, microfones para ajudar os ouvidos, galvanmetros para descobrir foras que escapam aos sentidos. Em breve, porm, a evoluo de seu prprio corpo ir lv-lo a conhecer todo o seu mundo fsico.Quando esse corpo fsico estiver altamente organizado, o material mais sutil logo a seguir, o astral, estar sendo igualmente evoludo, levando o homem, gradualmente, ao contato com o astral - o mundo do desejo, do emocional, do passional - que o rodeia. A maioria das pessoas do tempo presente se est tornando ligeiramente consciente dos impactos do astral, enquanto outras os esto distinguindo claramente. Premonies, advertncias, contato consciente com os ---mortos-, etc., tudo acontece a quem est aberto a impresses do mundo astral.O terceiro estado da matria, o mental, tambm est em processo de organizao, colocando o homem em contato com o mundo intelectual que o rodeia. proporo que o corpo mental evolui, o homem vai se relacionando de uma forma consciente com correntes mentais, com a mente de outros, prximos ou distantes,vivos" ou "mortos".Depois disso, ainda restam os mundos espirituais para o homem conquistar, e ele tem seu corpo apropriado, o "corpo espiritual" de que fala So Paulo. Essa organizao da matria para ser a serva do Esprito a parte reservada ao homem na grande oficina dos mundos e, quando o estgio humano termina, nada haver no Sistema Solar que ele no seja capaz de co-nhecer ou de influenciar. Ele veio puro de junto do25Senhor divino, mas ignorante e intil fora da regio sutil do seu nascimento; e volta, depois da longa peregTinao, como um forte e sbio Filho de Deus, pronto para assumir sua parte atravs das eras futuras, como ministro da Vontade divina nos campos de servio em constante expanso.IVO HOMEM E SEUS CORPOS MORTAISOs Mundos nos quais o homem est evoluindo proporo que faz sua caminhada pelo crculo de nascimentos e mortes so trs: o mundo fsico, o astral ou intermedirio e o mundo mental ou celeste. Nesses trs mundos ele vive, do nascimento morte, em sua viglia do dia-a-dia; nos dois primeiros ele vive, do nas-cimento morte, em sua vida noturna de sono e por algum tempo depois da morte; no ltimo, ocasionalmente, mas raramente, ele entra, durante o sono, em alto transe, e ali passa a parte mais importante da suavida depois da morte, alongando-se o perodo ali vivido proporo que ele evolui.Os trs corpos nos quais ele funciona nesses trs mundos so todos mortais: nascem e morrem. Melhoram vida aps vida, tornando-se mais e mais valiosos para servir como instrumentos do Esprito revelado. So cpias, em matria mais densa, dos corpos espirituais imortais, no influenciados pelo nascimento ou pela morte, e formam o vesturio do Esprito nos mun-27dos superiores, onde ele vive como o Homem espiritual, enquanto aqui vive como o homem de carne, o homem11 carnal". Esses corpos espirituais imortais so aquilo de que fala So Paulo: ---Sabemos que, se a morada terrena deste tabernculo fosse dissolvida, teriamos urna casa de Deus, uma casa que no foi feita com as mos, e que eterna nos cus. Por esta, nos lamentamos, desejando ardentemente sermos providos com a nossa morada que est no cu." Esses so os corpos imortais, e deles trata-remos em outro capitulo.Os trs corpos mortais so: o fsico, o astral e o mental, e esto relacionados, individualmente, com ostrs mundos nomeados anteriormente.O corpo fsicoEste , no momento, o corpo mais altamente desenvolvido do homem, e aquele com o qual todos estamos familiarizados. Consiste em matria slida, liquida, gasosa e etrica, as trs primeiras primorosamente organizadas em clulas e tecidos, formando rgos que permitem percepo tornar-se consciente do mundo exterior, e a ltima possuindo vrtices atravs dos quais derramam-se foras, Como o corpo etrico separa-se do slido, do lquido e do gasoso por ocasio da morte, o corpo fisico , com freqncia, subdividido em denso e etrico; o primeiro composto dos rgos que recebem e atuam, e o ltimo o veculo das foras vitais e seu transmissor para o seu companheiro denso. Qualquer rompimento da parte etrica em relao ao corpo denso, durante a vida fsica, pernicioso; esse rompimento pode ser causado por anestsicos, e ele desliza para fora, sem28governo, em algumas organizaoes peculiares geralrnente chamadas ---medinicas---; separado de seu companheiro mais denso, torna-se indefeso e inconsciente, nuvem levada pelos centros de fora, intil quando noh para quem transmitir as foras que se movem nele e sujeito manipulao de entidades exteriores, quepodem us-lo como um molde para materializaes. Ele no pode afastar-se muito do corpo denso, pois este pereceria se perdesse a conexo com ele. Quando essadesconexo acontece, a parte densa "morre", isto , perde o fluxo. de foras vitais que sustentam suas ativi-dades, Mesmo assim, a parte etrica, ou duplo etrico, paira prximo do seu parceiro na vida, e se constitui na "apario- ou "sombra", vista depois da morte, mo-vendo-se sobre as sepulturas. O corpo fsico, como umtodo, o meio que o homem tem para se comunicar com o mundo fsico e, por causa disso, s vezes chamado de "corpo de ao---. Ele tambm recebe vibra-es dos mundos mais sutis e, quando pode reproduzi-las, "sente" e "pensa", pois seu sistema nervoso organizado para reproduzir essas vibraes na matria fsica. Corno o ar invisvel, vibrando fortemente, increspa a superfcie da gua densa e, corno a luz invisvel, ativa os filarnentos nervosos e os cones retinianos, amatria invisvel dos mundos mais sutis leva vibraes sensveis para a matria mais densa do nosso corpo fsico, tanto etrico quanto denso. A evoluo continua e o corpo fsico evolui, isto , rene combinaes cada vez mais finas de matria retirada do mundo exte-rior, torna-se suscetvel a ondas de vibrao cada vezmais rpidas, e o homem se vai fazendo cada vez mais2911 sensitivo". A evoluo racial consiste em grande parte nessa sensitividade sempre crescente do sistema nervoso aos impactos externos; para a sade, a sensitividade deve permanecer dentro dos limites da elasticidade, -isto , o sistema deve recobrar imediatamente sua condio normal, aps a distoro; se essa condio existir, asensitivdade estar na crista da onda evolucionria e torna possvel a manifestao de gnios. Se no estiver presente, se o equilbrio no for restaurado rpida eespontaneamente ento a sensitividade nociva e malvola, levando degenerao, e, finalmente, se no for freada, loucura.O corpo astralO desenvolvimento do corpo astral difere imensamente de acordo com a pessoa, mas em todas elas o corpo que oferece a experincia do prazer e da dor, que atirado ao e paixo, ao desejo e emoo, e no corpo que residem os centros de nossos rgos do - a Viso, a audio, o olfato, o gosto e o tato. Se a paixo, o desejo e a emoo forem baixos e sensuais, ento a matria densa; suas vibraes, em conseqncia, mostram-se relativamente lentas, e suas coresso escuras e sem atrativos - marrom, vermelho e verde escuros, e suas combinaes se iluminam de vez em quando por algum rpido relmpago escarlate, o que indica uma pessoa em estgio inferior de evoluo. Marrom-avermelhado indica sensualidade e avidez; cinza-esverdeado indica falsidade e astcia; marrom indica egosmo; escarlate indica clera; amarelo em volta da cabea significa inteligncia; o cinza-azulado sobre a3Oea indica sentimentos religiosos primitivos (culto fetichista, etc.); pontos de rosa profundo indicam incio de amor. proporo que a evoluo contnua, a mat-ria faz-se mais fina, as cores mais claras, mais puras, mais brilhantes. O verde indica simpatia e adaptabilidade; orosa indica amor; o azul fala de sentimentos religiosos; o amarelo indica inteligncia; o violeta, quando acima da cabea, indica espiritualidade.Usamos esse corpo durante as horas em que estamos acordados; em pessoas educadas e refinadas, ele alcanou um estgio bastante alto de evoluo. Sua ma-tria mais fina est em contato ntimo com a matriado corpo mental, e ambos trabalham juntos, constantemente, agindo e reagindo um sobre o outro. A aparncia comum do corpo astral se transforma quando outroser humano se torna o centro do seu mundo. O egosmo, a falsidade e a clera desaparecem, e um aumentoenorme do carmesim, cor do amor, torna-se visvel. Outras modificaes indesejveis ocorrem, mas isso uma abertura das portas de ouro para aquele que passa por essa experincia e ser culpado se elas se fecharem novamente. A clera intensa mostra seus terrveis efeitos no corpo astral; todo ele coberto pela tonalidade sombria da malcia e dos rnaus desejos, que seexpressa em espirais e vrtices de um sombrio tom tempestuoso, do qual partem flechas ardentes, procurando ferir a pessoa pela qual sentida essa clera - um espetculo tremenda e verdadeiramente medonho. cabDurante o sono, o corpo astral desprende-se do fsico, e nas pessoas altamente desenvolvidas a conscincia funciona nos corpos superiores e no mental. Aprendemos muito durante o nosso sono, e o conhecimento31assim obtido filtra-se para o crebro fsico, e s vezes fica impresso nele, como um sonho vvido e instrutivo. No mundo astral, na maioria dos casos, a conscincia pouco se preocupa com o que est acontecendo ali, j que seu interesse principal est em seu prprio exerccio, em pensamento e emoo. Mas possvel lev-la aexteriorizar-se para ganhar conhecimento do mundo astral. Ali, a comunicao com amigos que perderam seu corpo fsico pela morte conseguida constantemente, e a recordao disso pode ser levada para a conscincia em viglia, formando, assim, uma ponte sobre oabismo cavado pela morte.Premonies, pressentimentos, a sensao de uma presena invisvel e muitas outras experincias desse gnero so devidas atividade do corpo astral e s suas reaes sobre o fsico; o aumento da freqncia dessas sensaes resulta da sua evoluo entre pessoas cultas. Dentro de poucas geraes ele ter seu desenvolvimento to generalizado, que ir tornar-se to familiar como o corpo fisico. Depois da morte, vivemos por algum tempo no corpo astral usado durante nossa vida na Terra, e quanto mais aprendermos a control-lo e a us-lo sensatamente agora, melhor ser para ns depois da morte.O corpo mental Esse corpo, de matria mais fina do que a do astral, como a do astral mais fina do que a do fsico, o corpo que responde com suas vibraes s mudanas do nosso pensamento. Cada mudana no pensamento produz uma vibrao em nosso corpo mental e pe em atividade a matria nervosa do nosso crebro. Essa atividade nas32clulas nervosas produz nelas muitas modificaes eltricas e qumicas, mas a atividade do pensamento que causa isso e no as modificaes que produzem o pensamento.O corpo mental, como o astral, varia muito de pessoa para pessoa; ele feito de matria mais rstica ou mais fina, de acordo com as necessidades da conscincia mais ou menos desenvolvida que esteja em co-nexo com ele. Nas pessoas cultas, ele ativo e bemdefinido; nos no desenvolvidos nublado e incipiente. Sua matria, obtida no plano mental, a do mundo celeste, e est em constante atividade, pois o homem pensa em sua conscincia desperta quando est fora do corpo fisico, no sono e depois da morte, e vive apenas em pensamento',e emoo quando deixa para trs omundo astral e passa para o cu. Sendo esse o corpo noqual longos sculos sero passados no mundo celeste, evidente que ser racional tentar aperfeio-lo tantoquanto possvel aqui. Os meios so o estudo, o pensamento, o exerccio de boas emoes, a aspirao (prece)e o empenho em fazer o bem. E, acima de tudo, a prtica regular e persistente da meditao. O uso desses recursos significar uma rpida evoluo do corpo men-tal e um imenso enriquecimento da vida celeste. Maus pensamentos, de todos os tipos, poluem-no, prejudicam-no, e, se forem persistentes, iro tornar-se verdadeiras doenas e mutilaes do corpo mental, incurveis durante seu perodo de vida.Assim so os trs corpos mortais do homem: ele descarta o fisico pela morte e, o astral, quando estiver pronto para entrar no mundo celeste. Quando terminar sua vida celeste, o seu corpo mental tambm se desinte-33grar e, ento, ele ser um Esprito, revestido de seuscorpos imortais. Na descida para o renascimento, umnovo corpo mental formado, e tambm um novo corpo astral, de acordo com a personalidade de cada um. E ambos ligam-se ao seu corpo fsico. E o homem entra, pelo nascimento, em um novo perodo de vida.34vOS CORPOS IMORTAIS DO HOMEM"Temos uma casa de Deus, uma casa que no feita com as mos, e que eterna nos cus" - disse o grande Iniciado cristo So Paulo, "porque neste (corpo) gememos, desejando ardentemente sermos providos com a nossa morada que est no cu." Essa casa celeste a que se constri com os corpos imortais do Homem, a habitao do Esprito atravs de eras infinitas, a morada do prprio homem, atravs de nascimentos e mortes, atravs do incomensurvel perodo de sua vida imortal em manifestao.O Esp rito, que ---o fruto de Deus", reside sempre no seio do Pai, como verdadeiro filho de Deus, e compartilha a Sua vida eterna. Deus fez o homem para ser11 a imagem da Sua prpria eternidade---. A esse Esprito chamamos Mnada, porque uma unidade, a verdadeira essncia da Personalidade. A Mnada, quando desce para a matria, a fim de conquist-la e espiritualiz-la, apreende para si prpria um tomo de cada um dos trs mundos superiores, para deles fazer os ncleos dos seus trs corpos superiores - o superespiritual, o35espiritual e o intelectual. A esses corpos, com um fio de matria espiritual (bdica) , liga-se tambm uma partcula de cada um dos trs mundos inferiores, ncleos ,dos seus trs corpos inferiores.Por longas, longas eras, ele paira sobre esses ncleos, enquanto seus futuros corpos mortais, apenas tocados com a sua vida, escalam vagarosamente a subida atravs dos reinos mineral, vegetal e animal, enquanto pequenas agregaes da matria dos trs mundos superiores (a "morada de Deus... nos cus-) formam um canal para a sua vida, comeando a manifestar-se naqueles mundos; e quando a forma animal atinge o ponto em que a vida que sobe faz um forte apelo ao superior, ele envia atra-vs dela, em resposta, uma pulsao de sua vida, e o corpo intelectual subitamente completado, tal comoa luz lana raios entre os carves de um arco eltrico.O homem ento est individualizado para a vida nos mundos inferiores.O corpo superespiritual (tmico) apenas umtomo- desse mundo elevado, a mais fina pelicula de matria, encarnao do Esprito, "Deus feito carne-, num sentido muito real, divindade mergulhando nooceano da matria, no menos divina por estar encar-nada. Aos poucos, para esse corpo superespiritual passar o resultado puro de todas as experiencias armazenadas durante a eternidade, e os dois corpos imortais inferiores iro aos poucos imergindo nele, misturando-se com ele, nas gloriosas vestes de um homem conscientemente divino, que se tornou perfeito.O corpo espiritual (bdico) pertence ao segundo mundo manifestado, o mundo da pura sabedoria espiritual, do conhecimento e do amor reunidos, s vezes36chamado o "corpo de Cristo", pois ele nasce para a atividade na primeira grande Iniciao e se desenvolve at "a pleni'tude da medida da estatura do Cristo" no Caminho da Santidade. Ele alimentado com todas as aspiraes elevadas e amorosas, pela pura compaixo e pela ternura e piedade que tudo envolvem.O corpo intelectual (causal) a mente superior, pela qual o homem lida com abstraes, com o que "da natureza do conhecimento", no qual ele conhece a verdade por intuio, no pelo raciocnio, pedindo por emprstimo sua mente inferior mtodos de raciocinio, apenas para estabelecer no mundo inferior verdades que ele conhece diretamente. Nesse corpo, o homem chamado de Ego, e comea a compreender sua prpria divindade. Ele se alimenta e se desenvolve com o pensamento abstrato, pela meditao tenaz, pela serenidade, pela submisso do intelecto ao servio. Por natureza, ele independente, pois um instrumento de individualizao, e deve crescer forte e se bastar a si mesmo, a fim de dar a necessria estabilidade ao sutil corpo espiritual com que est mesclado.Esses so os corpos imortais do homem, no sujeitos ao nascimento nem morte; eles que proporcionam a memria contnua, que a essncia da individualidade; eles so a casa do tesouro de tudo quanto merece a imortalidade. Neles no pode entrar "nada do que macule---. Eles so o eterno lugar de morada do Esprito. Neles est realizada a promessa: ---Eu morarei neles e caminharei neles." Eles fazem da prece do Cristo uma realidade: "Que eles tambm possam ser um em Ns.--Eles confirmam o grito triunfante do hindu: "Eu sou Tu.---37viA LEI DO RENASCIMENTOA Reencarnao no PassadoTalvez no haja no mundo doutrina filosfica que tenha to esplndida ancestralidade como a da Reencarnao - o desenvolvimento do Esprito humano atravs de repetidas vidas na Terra -, experiencias que so reunidas durante a existncia terrena e trabalhadas para se transformarem em capacidade intelectual e conscincia durante a vida celeste. Assim, uma criana nasce com suas experincias pretritas transformadas em tendncias e possibilidades mentais e morais. Como acertadamente observou Max MIler, as maiores inteligncias que a humanidade produziu aceitaram a Reencarnao. A Reencarnao ensinada e ilustrada nos grandes picos hindus, como fato indubitvel, no qual a moralidade se baseia. E a esplndida literatura hindu, que encanta os eruditos europeus, est impregnada dessa certeza. Buda ensinou a Reencarnao e falava constantemente em seus nascimentos anteriores. Pitgoras fazia o mesmo, e Plato incluiu-a em seus escritos filo-39sficos. Josephus declara que essa idia era aceita pelos judeus, e conta a histria de um capito que encorajava seus soldados a lutar at a morte, fazendo-lhes lembrar seu retorno Terra. Na Sabedoria de Salomo est dito que nascer num corpo impoluto era a recompensa11 por ser bom---. Cristo aceitou-a, dizendo a seus discpulos que Joo Batista era Elias. Virglio e Ovdio consideravam-na como coisa estabelecida. O ritual com-posto pelos sbios do, Egito ensinava-a. As escolas neoplatnicas aceitavam-na, e Orgenes, o mais culto dos padres cristos, declarou que ---todo o homem recebia um corpo segundo seus mritos e suas aes passadas". Embora condenada por um Conclio da Igreja Romana, as seitas herticas mantiveram essa velha tradio. E veio at ns, da Idade Mdia, a palavra de um culto filho do Isl: ---Morri como pedra e tornei-me uma planta; morri como planta, e tornei-me um animal; morri como animal, e tornei-me um homem. Por que temeria eu a morte? Quando foi que me tornei menos do que era, por morrer? Morrerei como homem, e me tornarei um anjo." Posteriormente, encontramos a Reencarnao ensinada por Goethe, Fichte, Schelling e Lessing, para citar apenas alguns entre os filsofos alemes. Goethe, em sua velhice, antecipava alegremente a idia do retorno. Hume declarou que aquela era a nica doutrina da imortalidade que um filsofo poderia considerar, opinio, de certa forma, semelhante do nosso professor McTaggart, o ingls que, analisando a imortalidade em suas vrias teorias, chegou concluso de que a da Reencarnao era a mais racional. No preciso lembrar a ningum que tenha cultura literria4Oo fato de que Wordworth, Browing, Rossetti e outrospoetas acreditavam nela. O reaparecimento da crena na Reencarnao no , portanto, a emergncia de umacrena supersticiosa entre naes civilizadas, mas umsinal de recuperao no que se refere a uma temporria aberrao mental do Cristianismo, de uma desracionali-zao da religio, que produziu tanto mal e deu lugar a tanto ceticismo e materialismo. Afirmar que h acriao especial de uma alma para cada novo corpo implica que a vinda da alma existncia depende da formao de um corpo, e leva, inevitavelmente, con-cluso de que, com a morte, a alma passar a no maisexistir. Que uma alma sem passado possa ter um futuro pela eternidade to incrvel como dizer que umabengala poderia existir com uma nica ponta, S a almaque no nasceu pode esperar no ser levada pela morte.A perda do ensinamento da Reencarnao - com seupurgatrio temporrio resultante de sentimentos no-civos, e seu cu temporrio para a transformao da experincia em capacidade - deu origem idia de um cu infinito, do qual ningum bastante digno, ede um inferno infinito, para o qual ningum bastante perverso, confinando a evoluo humana a um insignificante fragmento da existncia, prendendo um futuroeterno ao contedo de uns poucos anos, e tornando a vida um ininteligvel emaranhado de injustias e parcialidades, de genialidade no conquistada e de criminalidade no merecida. Um problema intolervel para os que raciocinam, e tolervel apenas para a f cega esem fundamento.41A Reencarnao e Sua Necessidade H apenas trs explicaes para as desigualdades humanas, sejam de capacidade, de oportunidade ou de circunstncia. 1: Criao especial por Deus, implicando que o homem indefeso, seu destino sendo controlado por uma vontade arbitrria e incalculvel. 2: Hereditariedade, conforme sugere a cincia, implicando igual impotncia por parte do homem, sendo ele o resultado de um passado sobre o qual no teve controle.3: Reencarnao, implicando que o homem pode tornar-se senhor do seu destino, o resultado do seu prprio passado individual, sendo, assim, o que fez de si mesmo. A criao especial rejeitada por todos os que raciocinam, como explicao para as condies que nos rodeiam, a no 'ser na mais importante de todas elas, o carter com o' qual e o ambiente ao qual nasce uma criana. A evoluo tida como certa em tudo, menos na vida da inteligncia espiritual chamada homem. Ele no tem passado individual, embora tenha um futuro individual infinito. O carter que traz com ele - e do qual, mais do que qualquer outra coisa, depende o seu destino na Terra - , segundo essa hiptese, especialmente criado para ele por Deus, e imposto a ele sem qualquer escolha de sua parte, destino sado da sacola da sorte da criao, da qual ele pode retirar um prmio ou um bilhete em branco, sendo este ltimo a condenao ao infortnio. Do jeito que for, ele deve aceit-lo.Se da sacola ele retirar uma boa disposio, tima capacidade, uma natureza nobre, tanto melhor: ele nada42fez para merec-lo. Se tirar uma criminalidade congnita, uma idiotia congnita, uma molstia congnita ouuni alcoolismo congnito, tanto pior para ele: ele nada fez para merec-lo. Se a eterna bem-aventurana est anexada a um e o tormento eterno a outro, o desafortunado deve aceitar sua m sorte como puder. O poder do oleiro no e maior do que o da argila? Isso pareceria triste, se a argila pudesse, sentir.Sob outro aspecto, a criao especial grotesca. Um esprito criado especialmente par 'a um pequeno corpo que morre poucas horas depois de ter nascido. Se a vida na Terra tem algum valor educativo ou experirjental, esse esprito ser, para sempre, o mais pobre, ao perder a vida, e a oportunidade perdida jamais poder ser recuperada. Se, por outro lado, a vida humana na Terra no essencialmente importante e leva com ela a certeza de muitas aes ms e 4e sofrimento, e a possibilidade de sofrimento eterno ao seu final, o esprito que vem para um corpo que dura at a velhice mal pode tratar dele, pois deve suportar muitas doenas que o outro pode evitar, sem qualquer vantagem equivalente. E pode ser condenado para sempre.A lista das injustias induzidas pela idia da criao especial poderia ser ampliada ao infi -nito, porque tal idia inclui todas as desigualdades. Ela faz mirades de ateus, que a consideram incrvel para a inteligncia erevoltante para a conscincia. Ela coloca o homem naposio de inexorvel credor de Deus, perguntando, estridentemente: "Por que me fizeste assim?---A glria da humanidade, do ponto de vista cientfico, parece estar fora da lei da causao. A cincia no43nos diz como construir mentes robustas e coraes puros para o futuro. Ela no nos ameaa com uma vontade arbitrria, mas deixa-nos sem explicao sobre as desigualdades humanas. Dizem que os brios legam a seus filhos corpos propensos doena, mas no explicam por que algumas infelizes crianas so os recipientes de herana to hedionda.A Reencarnao devolve a justia a Deus e poder ao homem. Todo esprito humano entra na vida humana como um grmen, sem conhecimento, sem conscincia, sem discernimento. Pela experincia, agradvel ou dolorosa, o homem rene material, como foi expiicado antes, e o erige em faculdades mentais e morais. Assim, o carter com que nasceu foi feito por ele, e marca o estgio que ele alcanou em sua longa evoluo. A boa disposio, as excelentes possibilidades, a natureza nobre so o esplio de muitos e duros campos de batalha, so o salrio de pesados e duros labores. O reverso indica um estgio mais recente de crescimento, o pequeno desenvolvimento do grmen espiritual. Todos caminham por uma estrada igual, todos esto destinados a alcanar a mxima perfeio humana. A dor conseqncia dos erros e sempre reparadora. A fora se desenvolve na luta; colhemos, aps cada semeadura, o resultado inevitvel - a felicidade, que vem do que correto, e o sofrimento, que vem do que errado. Um beb que morre logo depois de nascido paga com a morte um dbito, uma dvida do passado, e retorna rapidamente Terra, retido por breve espao de tempo, livrando-se da sua dvida, para reunir a expe-44rincia necessria ao seu crescimento. As virtudes sociais, ernbora colocando o homem em desvantagem na lutapela existncia, levando mesmo, talvez, ao sacrifcio dasua vida fsica, constroem um nobre carter para as3uas vidas futuras, modelando-o para se tornar umservidor da nao.O gnio chega a ser inerente ao indivduo como resultado de muitas vidas de esforo, e a esterilidade docorpo que ele usa no roubar ao futuro os seus servios, porque ele retorna maior a cada novo nascimento.O corpo envenenado pelo alcoolismo de um pai usado por um esprito que aprende, com a lio do sofrimento, a guiar sua vida terrena sobre linhas melhores do que as que seguiu no passado.Assim, em cada caso, o passado individual explica o presente de cada um, e quando as leis do desenvolvimento forem conhecidas e obedecidas, um homem poder construir com mos seguras seu destino futuro, modelando seu desenvolvimento em linhas de beleza sempre crescente, at que atinja a estatura do Homem Perfeito.Por que Nossas Vidas Passadas So'EsquecidasNo h pergunta que se oua com mais frequncia, quando se fala em Reencarnao, do que esta: "Se estivemos aqui antes, por que no nos lembramos disso?" Uma pequena considerao dos fatos responder a essa pergunta.45Antes de mais nada, notemos o fato de que esquecemos mais sobre a nossa vida presente do que lembramos. Muitas pessoas no so capazes de lembrar como aprenderam a ler: contudo, o fato de lerem, prova es-, se aprendizado. Incidentes da infncia apagaram-se da memria, mas deixaram traos em nossa personalidade. Uma queda, na primeira infncia, esquecida, mas nem por isso a vtima deixa de ser um aleijado, embora usando o mesmo corpo no qual os acontecimentos esquecidos se passaram.Esses acontecimentos, entretanto, no so totalmente perdidos para ns. Se uma pessoa cair em transe mesmrico, eles podem ser tirados do fundo da memria. Submergiram, mas no foram destrudos. Doentes tomados pela febre, sabido, usam no delrio uma lngua conhecida na infncia e esquecida na maturidade. Muito da nossa subconscincia consiste nessas experincias submersas, memrias atiradas a um segundo plano, mas recuperveis.Se isso acontece com experincias ocorridas no corpo atual, no deve o fato ser muito mais verdadeiro com experincias ocorridas em corpos passados, corpos que morreram e se desintegraram h muitos sculos? Nosso corpo e nosso crebro atual no compartilharam esses eventos pretritos. Como poderia a memria afirmar-se atravs deles? Nosso corpo permanente, o que fica conosco atravs do ciclo de reencarnaes, o corpo espiritual. Os nossos revestimentos inferiores tombam e retornam aos seus elementos, antes que sejamos reencarnados.46A nova matria mentaL astral e fsica, da qual somos revestidos para uma nova.vida na Terra, recebe da inteligncia espiritual, expressa apenas no corpo espiritual, no as experincias do passado, mas as qualidades, tendncias e possibilidades que se formaram a partir dessas experincias. Nossa conscincia, 'nossa res-posta instintiva aos apelos emocionais e intelectuais, ou o reconhecimento da fora de um argumento lgico, nossa aprovao dos princpios fundamentais do certo edo errado so traos de nossas experincias anteriores. Um homem de tipo intelectual inferior no pode "ver" uma prova lgica ou matemtica; um homem de tipo inferior, quanto moral, no pode ---sentir- a 'fora impulsionadora de um ideal moral elevado.Quando uma filosofia ou uma cincia so rapidamente apreendidas e aplicadas, quando uma arte dominada sem estudo, a est a fora da memria, embora os fatos passados do aprendizado tenham sido esquecidos. Conforme disse Plato, trata-se de uma reminiscncia. Quando, ao primeiro encontro, nos sentimos ntimos de uma pessoa estranha, ai est a memria, o reconhecimento, pelo esprito, de um amigo de tem-pos passados; quando recuamos, com forte repulsa, diante de outro estranho, a memria tambm est a, noreconhecimento, pelo esprito, de um antigo inimigo.Essas afinidades, esses avisos' vm da imperecvel inteligncia espiritual, que o nosso ser; ns nos lembramos, embora, trabalhando com o crebro, no possamos fixar nele a nossa lembrana. O corpo mental eo crebro so novos; o esprito fornece mente os resultados, sem a lembrana dos acontecimentos a ele refe-47rentes. Tal como um negociante que, ao fechar o ---razo- do ano e ao abrir um novo livro, no anota todos os itens do antigo e, sim, somente os seus balanos, oesprito entrega ao novo crebro seus julgamentos eexperincias de uma vida que foi encerrada, as concluses que obteve, as decises a que chegou. Trata-se de um suprimento novo entregue nova vida, o fornecimento mental para a nova morada - uma verdadeira memria.Rica e variada essa memria no homem altamente desenvolvido. A comparar-se com a daquele que possui uma alma jovem, o valor dessa memria de um longo passado faz-se patente. No h crebro capaz de arma-zenar a memria dos acontecimentos de numerosas vidas; quando elas se concretizam em julgamentos mentais e morais, esto prontas para serem usadas. Centenas de assassinos foram levados deciso que diz: "No devo matar!" A lembrana de cada assassinato seria uma carga intil, mas o julgamento baseado em seus resultados, o instinto de santidade da vida humana, a verdadeira memria deles, no homem civilizado.s vezes, contudo, verifica-se a lembrana de acontecimentos passados. Crianas tm, ocasionalmente, relances de sua vida pretrita, evocados por algum evento do presente. Um menino ingls, que havia sido escultor, recordou isso quando viu algumas esttuas pela primeira vez. Uma criana hindu reconheceu o arroio no qual se afogara, quando pequenina, na vida precedente, e reconheceu, igualmente, a me daquele pequenino que se fora. Muitos casos tm sido registrados de tais lembranas de acontecimentos passados.48Ademais, essa lembrana pode ser conquistada. Entretanto, uma conquista que depende de esforo muito forte, de prolongada meditao, quando a mente inquieta, sempre se atirando para a frente, pode ser con-trolada e aquietada, de forma a se fazer sensitiva e sensvel ao Esprito, e receber dele a lembrana do passado. S quando somos capazes de ouvir a pequena voz do Esprito que a histria do passado pode desdobrar-se, porque s o Esprito pode recordar e lanar os raios da sua memria para iluminar a escurido da efmera natureza inferior qual est ligado temporariamente.Nessas condies, a memria possivel, vinculos do passado so vistos, velhos amigos so reconhecidos, antigas cenas so evocadas e uma fora calma e sutil cresce, a partir da virtual experincia da imortalidade. Os transtornos presentes tornam-se leves quando vistos em suas verdadeiras propores como acontecimentos comuns e transitrios de uma vida infinita. As alegrias presentes perdem suas cores brilhantes quando vistas como repeties de deleites passados, e ambas essas coisas so aceitas, igualmente, como experincias teis, enriquecedoras da mente e do corao, que contribuem para o desenvolvimento da vida em expanso.Contudo, s quando o prazer e a dor forem vistos luz da eternidade que o conjunto de memrias do passado poder ser enfrentado com segurana. Quando encaradas dessa maneira, essas memrias acalmam asemoes do presente, e aquilo que de outra forma teria sido esmagador torna-se um apoio e um consolo.49Goethe regozijava-se com a idia de que, em seu retorno vida terrena, estaria inteiramente lavado de suas lembranas, e homens menos importantes podem ficar satisfeitos com a sabedoria qe faz com que cada vida tenha incio dessa maneira, enriquecida pelos resultados, mas sem carregar o peso de recordaes do seu passado.5OVIIO ENIGMA DO AMOR E DO DIOEntre ns, a 'grande maioria das pessoas tem umavida que apresenta uma srie de embaraos e de quebra-cabeas que no pode resolver. Por que as pessoas nascem to diferentes em capacidade mental e moral?Por que uma criana tem um crebro que denota gran-. de poder intelectual e moral, enquanto outra tem umcrebro que a torna marcada para ser um idiota ou umcriminoso? Por que uma criana tem pais bons e amo-rosos, bem como circunstncias favorveis, enquanto outra tem pais desregrados, que a detestam, e criada em ambiente dos mais abominveis? Por que uma dessas crianas feliz e a outra desafortunada? Por que uma delas morre velha e a outra morre jovem? Por que uma pessoa impedida, por ---incidente", de tomarum navio ou um trem que sofrer um desastre, enquanto dezenas ou centenas de outras perecem semsocorro? Por que gostamos de urna pessoa no momento em que a vemos, enquanto, com a mesma rapidez, no gostamos de outra? Perguntas como essas so feitas continuamente, e tambm, continuamente, no tm rs-51postas, embora essas respostas estejam ao nosso alcance. Porque essas incongruncias aparentes, essas injustia , esses acontecimentos, que vemos como fortuitos, so apenas os resultados do trabalho de algumas leis naturais, simples e fundamentais. A compreenso dessas leis subjacentes torna a vida inteligvel, restaurando, portanto, a nossa confiana na ordem divina e dotando-nos de fora e coragem para enfrentar as vicissitudes da sorte. Transtornos que sobre ns caem, como ---flechas lanadas do cu", so duros de suportar, mas transtornos surgidos de causas, isso, podemos entender e, conseqentemente, controlar e enfrentar com pacincia` e resignao.O p rimeiro princpio que devemos assimilar com firmeza, a fim de podermos aplic-lo para resolver os problemas da vida, o da Reencarnao. O homem ' essencialmente, um Esprito, um indivduo vivo e autoconsciente, consistindo essa vida autoconsciente em um corpo de matria muito sutil. A vida no pode agir sem uma espcie qualquer de corpo, isto , sem uma forma de matria, por muito fina e sutil que essa matria possa ser, que lhe d existncia separada neste Universo. Portanto, o corpo muitas vezes mencionado como veculo que carrega a vida, fazendo-a individual. Esse Espirito, ao vir para o mundo fsico, reveste-se de um corpo fsico, como um homem veste o casaco e pe o chapu para sair de sua prpria casa. Mas o corpo fsico no o homem, tal como o casaco e o chapu no so o corpo que os usa. Assim como um homem descarta roupas antigas e passa a usar novas, o Esprito descarta um corpo usado e reveste-se de outro (Bhagavad-Git) . Quando o corpo fsico est por demais usado,52o homem passa pelos portes, da morte, deixando asvestes fsicas e entrando no mundo ---invisvel---. Depois de um longo perodo de repouso e de refrigrio, durante o qual as experincias da vida terrena anterior so assimiladas, aumentando, assim, os poderes do homem, ele retorna ao mundo fsico atravs dos portes do renascimento e toma um novo corpo fsico, adaptado para a expresso de sua capacidade aumentada. Quando, h milnios, Espritos que deviam fazer-se humanos vieram para o mundo, no passavam de embries, comosementes, nada sabendo do bem nem do mal, com infinitas possibilidades de desenvolvimento - pois que eram rebentos de Deus - mas sem qualquer poder real, a no ser o de vibrar fracamente aos estimulos externos. Todos os poderes latentes que viviam dentro dele -tiveram de ser despertados para a manifestao ativa, atra-vs de experincias obtidas no mundo fsico. Pelo prazer e pela dor, pela alegria e pelo sofrimento, pelo sucesso e pelo fracasso, pelo gozo e pelo desapontamento, pelas sucessivas escolhas, bem ou mal feitas, o Esprito aprende suas lies e suas leis, que no podem ser rompidas, e manifesta, lentamente, uma a uma, suas possibilidades mentais e sua vida moral. Depois de cada breve mergulho no oceano da vida fsica esse perodo geralmente conhecido como "a vida- ele retorna ao mundo invisvel carregado das experincias que reuniu, talcomo o mergulhador sai do mar com as prolas que ar-rancou dos bancos de ostras. Nesse mundo, invisvel, ele transforma em poderes morais e mentais o que reuniu na vida que terminou, transformando aspiraes emcapacidadede obter, mudando os resultados de esforos que falharam em foras para futuros sucessos, mudando53as lies dos erros em repulsa pelas aes erradas e a soma de experincias em sabedoria. Como bem escreveu Edward Carpenter: ---Todas as dores que sofri num corpo se transformaram em poderes que exerci no seguinte.---Quando tudo quanto se recolheu assimilado -a extenso da vida celeste depende da quantidade de material moral e mental coletado -, o homem retorna Terra. Em condies que logo sero explicadas, ele guiado para a raa, a nao, a famlia que lhe deve dar o seu prximo corpo fsico, e esse corpo moldado de acordo com as suas necessidades, de forma a servir como instrumento feito para as suas possibilidades ou como limitao que expresse a sua deficincia. Em seu novo corpo fsico, e na vida do mundo invisvel que se segue ao descartar dele pela morte, que o destri, ele retoma, em nvel mais alto, um ciclo semelhante, e assim repetidamente, durante centenas , de vidas, at que todas as suas possibilidades como ser humano se tenham tornado poderes ativos e ele tenha aprendido todas as lies que a vida humana pode ensinar. Assim, o Esprito se desenvolve da infncia para a juventude, da juventude para a Maturidade, tornando-se uma vida individualizada de fora imortal e de ilimitada utilidade para o servio divino. Os espritos lutadores e expandidos de uma humanidade tornam-se os guardies da prxima humanidade, as Inteligncias espirituais que guiam a evoluo dos mundos posteriores ao seu prprio tempo. Somos protegidos, ajudados e instrudos por Inteligncias espirituais que foram homens em mundos mais velhos do que o nosso, bem como pelos homens mais desenvolvidos da nossa prpria humani-54dade. Pagaremos nossa dvida protegendo, ajudando eensinando raas humanas em mundos que agora esto nos primeiros estgios do seu desenvolvimento, preparando-se para se tornar, depois de incontveis eras, as moradas dos homens futuros. Se encontramos, emtorno de ns, muita gente ignorante, estpida, e mesmobrutal, limitada tanto nos poderes mentais como morais, porque se trata de homens mais jovens do que ns, irmos mais jovens, da a razo para que seus erros devam ser tratados com amor e assistncia, em lugar de amargura e dio. Tais como so, fomos ns no passado; tais como somos, sero eles no futuro, e tanto eles como ns seguiremos adiante, sempre adiante, atravs de interminveis idades.Este, ento, o princpio fundamental que torna a vida inteligvel, quando aplicado s condies do presente; a partir disso, entretanto, s posso completar aqui, com detalhes, a resposta a uma das perguntas feita acima, isto , por que gostamos de uma pessoa e sentimos averso por outra, logo primeira vista; mastodas as outras perguntas sero respondidas da mesmaforma. Para respostas completas, entretanto, temos de entender o princpio gmeo da Reencarnao - o do Karma ou Lei da Causao.Podemos fazer isso em palavras que so conhecidas de todos: "O que o homem semeia, isso ele colher." Ampliando esse curto axioma, compreendemos, comele, que o homem forma o seu prprio carter, tornan-do-se aquilo que ele pensa, e que ele produz as circunstncias de sua vida futura pelos efeitos de suas aes sobre os outros. Assim, se eu penso com nobreza, irei aos poucos me tornando uma personalidade nobre, mas,55se penso com baixeza, uma personalidade baixa ser formada. -O homem criado pelo pensamento; o que ele pensa durante uma vida, ele se torna na outra- -diz uma escritura hindu. Se a mente lida continuamente com uma sucesso de pensamentos, forma-se um canal, para o qual as foras do pensamento correm automaticamente, e esse hbito de pensamento sobrevive morte, e, como pertence ao Ego, levado para a vida subseqente na Terra, como capacidade e tendncia de pensamento. O estudo habitual de problemas abstratos, para dar um exemplo bem claro, resultar, em outra, vida terrena, numa capacidade bem desenvolvida para o pensamento abstrato; enquanto pensamentos volveis, irrefletidos, voando de um assunto para outro, iro resultar numa mente inquieta, mal-regulada, para o prximo nascimento no mundo. A egostica cobia pelas posses de outros, embora jamais levada trapaa ativa no presente, faz o ladro de uma vida terrena posterior, enquanto o dio e o desejo de vingana, secretamente mantidos, so as sementes das quais brotam os assassinos. Assim, repetimos, o amor sem egosmo produz como colheita o filantropo e o santo, e cada pensamento de compaixo ajuda a construir a natureza terna e piedosa prpria de quem "amigo de todas as criaturas---. O conhecimento dessa lei de imutvel justia, de exata resposta da Natureza a cada demanda, capacita o homem para construir a prpria personalidade com toda a certeza da cincia, e a olhar para o futuro com corajosa pacincia, divisando o nobre tipo que aos poucos, e com segurana, est desenvolvendo.Os efeitos das nossas aes sobre os outros modelam as circunstncias exteriores de uma vida terrena subse-56qente. Se tivermos sido causa de ampla felicidade, nasceremos em ambiente fsico muito favorvel ou ire-mos encontr-lo durante a vida, enquanto a causa de ampla misria resulta em ambiente infeliz. Ns nos relacionamos com as outras pessoas tendo contato com elas individualmente, e so forjados laos pelos benefcios e pelos prejuzos, os laos de ouro do amor ou as cadeias de ferro do dio. Isso Karma. Com essas idias complementares mantidas com clareza em nossa mente, podemos responder com muita facilidade nossa pergunta.Os laos entre Egos, entre Espritos individualizados, no podem ser antecipados quanto primeira separao desses Espritos em relao ao Logos, tal comoas gotas no podem ser separadas do oceano. Nos reinos mineral e vegetal, a vida que se expressa em pedras eplantas ainda no evoluiu para uma existncia continuamente individualizada. O termo "alma grupaltem sido usado para expressar a idia dessa vida em evoluo, quando anima uma quantidade de organismos fsicos semelhantes. Assim, toda a ordem, de plantas, digamos, como forrageiras, umbelferas ou rosceas, animada por uma s alma grupal, que evolui em virtude de simples experincias reunidas atravs de suasincontveis incorporaes fsicas. As experincias de cada planta fluem para a vida que atinge toda a sua ordem, e ajudam e apressam a sua evoluo. Quando as incorporaes fsicas se tornam mais complexas, subdivises instalam-se na alma grupal, e cada subdiviso, lenta e gradualmente, se separa; o nmero de incorporaes pertencea cada subgrupo assim formado e dimi-nui proporo que essas subdivises aumentam. No57reino animal, esse processo de especializao das almas grupais continua, e nos mamferos superiores um grupo relativamente pequeno de criaturas animado por uma nica alma grupal, porque a Natureza est trabalhando para a individualizao. As experincias reunidas em cada um deles so preservadas na alma grupal, e dali afetam cada animal recm-nascido que a ela est ligado. Isso aparece no que chamamos instintos e encontrado em recm-nascidos. Assim, o instinto que leva um pinto malsado da casca a correr procura de proteo contra o perigo sob a asa aquecida da galinha e impele o castor a construir sua represa. As experincias acumuladas de suas espcies, preservadas na alma grupal, chegam a cada membro do grupo. Quando o reino animal alcana suas mais altas expresses, as subdivises finais da alma grupal animam apenas uma criatura isoladamente, at que, por fim, a vida divina se derrame nesse veculo, agora pronto para receb-la, dando nascimento ao Ego humano e dando incio evoluo da inteligncia autoconsciente.A partir do momento em que uma vida separada anima um corpo isolado, pode-se estabelecer o vnculo com outras vidas separadas, cada uma igualmente habitando um tabernculo de carne isolado. Os Egos, habitando corpos fsicos, entram em contato uns com os outros; talvez uma simples atrao fsica rena dois Egos que habitam, respectivamente, corpos masculinos e femininos. Eles vivem juntos, tm interesses comuns e assim o vnculo se estabelece. Se possvel usar esta expresso, eles contraem dvidas um com o outro, e na Natureza no h tribunais para falncias, tribunais onde esses compromissos possam ser cancelados. A morte fere58um corpo, depois o outro e os dois passam para o mun-do invisvel; porm, as dvidas contradas no plano fsico tm de ser resgatadas no mundo a que pertencem, e aqueles dois tm de se encontrar novamente na vida terrena, e renovar a ligao que foi rompida. As grandes Inteligncias que administram a lei do Karma guiam os dois para o renascimento no mesmo perodo de tem-po, de forma que suas existncias terrenas possam so-brepor-se e, na devida ocasio, eles se encontram. Se odbito contrado foi um dbito de amor e de servio mtuo, eles iro sentir-se atrados um pelo outro; os Egos se reconhecem, como dois amigos se reconhecem, embora estejam usando roupas novas, e apertam-se asmos, no como estranhos, mas como amigos. Se odbito foi de dio e de injrias, eles se evitam com uma sensao de repulsa, cada qual reconhecendo umantigo inimigo, olhando-se ambos atravs do abismo dos males feitos e recebidos. Casos desse tipo devem serconhecidos de todos os leitores, embora a causa subjacente no tenha sido reconhecida. Na verdade, essas simpatias e antipatias sbitas tm sido consideradas, levianamente, como "infundadas",. como se, num mundo que obedece a uma lei, algo pudesse existir sem uma causa. Isso no quer dizer que Egos assim ligados ve-nham a renovar esse vnculo com o exato relacionamento rompido aqui pela mo da morte. O marido e aesposa de uma vida terrena podem nascer na mesmafamlia, como irmo e irm, como pai e filho, como pai e filha ou com qualquer outro relacionamento de sangue. Ou podem nascer como estranhos, e se encontrarem pela primeira vez na juventude ou na maturidade, sentindo um pelo outro uma dominadora atrao.59Em quo pouco tempo nos relacionamos intimamente com aquele que era um estranho, enquanto vivemos anos ao lado de outros, dos quais permanecemos alheados em nosso corao! De onde vm essas afinidades, se no so recordaes, nos Egos, de amores do seu passado? ---Sinto como se tivesse conhecido voc toda a minha vida- - dizemos a um amigo de poucas semanas, enquanto outros, que conhecemos durante toda a nossa vida, so para' ns como livros fechados. Os Egos se conhecem, embora os corpos sejam estranhos, e os velhos amigos apertam-se as mos com perfeita confiana e entendimento de parte a parte. E isso se d, embora os crebros fsicos ainda no tenham aprendido a rece-ber aquelas impresses da memria que existe nos cor-pos sutis, mas que so finas demais para causar vibraes na matria grosseira do crebro e, assim, despertar trmitos de conscincia perceptveis no corpo fsico.s vezes, o vnculo, sendo de dio e de malquerncia, rene antigos inimigos na mesma famlia, para redimir pelo sofrimento os maus resultados de um passado comum. Terrveis tragdias familiares tm suasrazes profundas no passado, e muitos dos fatos temveis, como a tortura de crianas indefesas, mesmo pelas prprias mes, a maligna ferocidade que inflige dor a fim de gozar com o espetculo da agonia - tudo se torna inteligvel quando sabemos que a alma daquele corpo jovem infligiu, no passado, algum horror sobre o que agora o atormenta, e est aprendendo, atravs dessa terrvel experincia, como so duros os sistemas errados.Na mente de alguns pode surgir a pergunta: ---Se isso verdade, devemos salvar a criana?--- Seguramente,6Osim, devemos. nosso dever suavizar o sofrimento, onde quer que o encontremos, felizes por ter a Boa Lei nos escolhido para seus distribuidores de misericrdia.Outra pergunta pode ser feita: "Como podem ser rompidos esses vnculos do Mal? A tortura infligida no formar novos vnculos, pelos quais os pais cruis viro a ser vtimas, e a criana torturada se faa o opressor?-----O dio, em tempo algum, cessa pelo dio- cita o Senhor Buda, conhecedor da Lei. Mas murmura o segredo da liberao quando continua: "O dio cessa pelo amor." Quando o Ego que pagou sua dvida do passado, sofrendo o mal que causou, for bastante sensato, corajoso e grande para dizer, entre a agonia do corpo e da mente: ---Eu perdo" - ento ele cancela o dbito que pode ter imposto ao seu antigo inimigo, e o vnculo forjado pelo dio dissolve-se para sempre no fogo do amor.Os vnculos do amor se fortalecem em cada vida terrena sucessiva, na qual os que assim se vincularamapertam-se as mos e tm o acrscimo da vantagem de se tornarem mais fortes durante a vida no cu, para onde os vnculos do dio no podem ser levados. Egos que tm dvidas de dio entre si no se relacionam umcom o outro no plano celeste, mas cada qual faz todo obem que tiver em si, sem entrar em contato com o seu desafeto.Quando o Ego consegue imprimir no crebro de seu corpo fsico sua prpria lembrana do passado, en-to essas lembranas levam os Egos a se fazerem ainda mais prximos, e o lao ganha um sentido de segurana e de fora como vnculo algum de uma s vida pode61dar. Muito profunda e feliz a confiana desses Egos, que sabem, por experincia prpria, que o amor no morre.Essa a explicao das afinidades e repulsas, vistas luz da Reencarnao e do Karma.62VIIIKARMA: A LEI DE AO E REAOA palavra "Karma" significa, simplesmente, Ao. A conotao da palavra, entretanto, de longo alcance, porque est muito mais ligada a uma ao que se realizado que as pessoas comuns podem imaginar. Cada ao tem um passado que a leva a existir e tem um futuro que nela tem sua origem. Uma ao implica o desejo que a sugeriu e o pensamento que a delineou, bem como um movimento visvel, que chamamos de "ato" eque habitualmente est ligado a ela. Cada ato o elo de uma cadeia infinita de causas e efeitos, cada efeito tornando-se uma causa, e cada causa tendo sido um efeito. Cada elo dessa cadeia infinita est soldado atrs componentes: desejo, pensamento e atividade. Um desejo estimula o pensamento, um pensamento incorpora-se num ato. s vezes um pensamento, na forma de lembrana, que desperta o desejo, e o desejo setransforma em ao. Mas os trs componentes - dois invisiveis e um visvel, os dois primeiros pertencendo conscincia e o ltimo ao corpo - ali esto.* Para falar com perfeita clareza, o ato tambm est na conscincia63como uma imagem, antes de ser concretizado como movimento fsico. O Desejo - ou Vontade -, o Pensamento e a Atividade so as trs formas de conscincia.Essa relao do desejo, do pensamento e da atividade como "Ao", e a infinita interligao dessas aes como causas e efeitos, esto todas includas na palavra Karma. Trata-se de uma sucesso que a natureza reconhece, isto , trata-se de uma Lei. Assim, em nosso idioma, podemos chamar o Karma de "Causao- ou Lei da Causao. Sua definio especfica : "A Ao e a Reao so iguais e opostas.--- Sua definio religios ser mais bem exposta do que no conhecido versculo da Escritura Crist: ---Aquilo que o homem semeia, isso ele colher." s vezes ela chamada de Lei do Equilbrio porque, onde quer que o equilbrio seja perturbado, h uma tendncia da Natureza para restau-rar a condio de equilbrio.O Karma , assim, a expresso da Natureza Divina em seu aspecto de Lei. Est escrito: ---Em quem no h variabilidade, nem sombra de, alterao.--- A inviolabilidade da ordem natural, a exatido da ordem natural, a absoluta autenticidade da Natureza - so os fortes fundamentos do Universo. Sem elas no poderia haver cincia, nem certeza, nem raciocnio vindo do passado, nem prognstico para o futuro. A experincia humana se tornaria intil, e a vida seria algo irracionalmente catico.O que o homem semeia, isso ele colher. Isso Karma. Se ele quiser arroz, deve semear arroz. intil plantar vinhas e esperar rosas; ocioso plantar cardos e aguardar trigo. No mundo moral, como no mental, a64Lei igualmente imutvel; intil ser semear ociosidade e esperar uma colheita de conhecimentos; semear negli,Yosmo e aguargncia e esperar discernimento; semear eg dar amor; semear medo e esperar coragem. Esse ensinamento, verdadeiro e sadio, leva o homem a estudar as causas que est criando com seus desejos dirios, comseus pensamentos e aes, e a compreender qual ser asua inevitvel colheita. Esse ensinamento leva-o a abrirmo de todas as enL7anosas idias de "perdo", de "expiao atravs de um substituto", de "misericrdia divina", e do resto dos opiatos que a superstio oferece ao pecador. Com a fora de um toque de clarim, esseensinamento brada a todos os que procuram drogar-se para se sentirem em paz: -No se enganem. Deus no se deixa iludir: o que quer que um ornem semeie,isso ele colher."E sse o lado de advertncia da lei, mas notem oseu lado de encorajamento. Se h uma lei no mundo mental, como no moral, ns podemos construir o nosso carter. O pensamento produz qualidade e a qualidade produz o carter. "Tal como um homem pensa, ele, ." -O homem criado pelo pensamento; o omem torna-se naquilo que pensa." Se pensamos em coragem, colocaremos coragem em nossocarter. O mesmo quanto apureza, pacincia, altrusmo e autocontrole. O pensamento,firme, perseverante, estabelece um hbito efinido na mente, e esse hbito se manifesta como uma qualidade do carter. Podemos construir o nosso carter,a nossa personalidade, com tanta certeza como o pedreiro pode construir uma parede, se trabalharmos com a Lei e atravs da Lei. O carter o fator mais poderoso no nosso destino, e construindo um carter nobre pode-65mos garantir um destino, til para prestar servio humanidade. Assim como sofremos pela Lei, ns triunfamos pela Lei. A ignorncia da Lei que nos deixa como um barco sem leme, deriva. O seu conhecimento nos fornece o leme com o qual podemos guiar wnosso barco sempre que quisermos.IXOS -TRS FIOS DO CORDEL DO DESTINO66Para os gregos, havia trs Fados que teciam ocordel da vida. Para aquele que conhece a Sabedoria, h tambm trs F ados, cada um deles tecendo um fio, sendo os trs fios que eles tecem retorcidos em um, formando a resistente corda do Destino, que prende ousolta a vida do homem sobre a Terra. Esses trs Fados no so as mulheres, as Parcas, da lenda grega, e sim as trs foras da Conscincia humana: -o Poder da Vontade, o Poder do Pensamento e o Poder da Ao. So esses os Fados que torcem os fios do destino humano, eeles esto dentro do homem, e no fora. O destino do homem autoconstrudo; no imposto arbitrariamente do exterior; seus prprios poderes, encequecidos pela ignorncia, torcem a corda que os entrava, e seus prprios poderes, dirigidos pelo conhecimento, liberam seus membros dos grilhes autocompostos e deixam-no livre da escravizao:O mais importante desses trs Poderes o Poder de pensar; homem quer dizer pensador; uma raiz sns-67crita, e dela deriva-se o ingls man, idntico raiz snscrita, o alemo Mann, o francs homme, o italiano uomo, o portugus homem, etc. O cordel do pensamento tecido de qualidades morais e mentais, e essas qualidades formam, na sua totalidade, o que chamamos de arter. Essa conexo de pensamento e carter reconhecida nas escrituras de todos os povos. Na Bblia lemos: ---Tal como o homem pensa, assim ele .--- Essa a Lei geral. Mais particularmente: "O que olhar par 'a uma mulher com lascvia j cometeu adultrio com elaem seu corao." Ou: "O que odeia a seu irmo um assassino." Dentro desse mesmo esprito, declara uma escritura hindu: -O homem criado pelo pensamento; naquilo que um homem pensa, ele se torna.--- Ou: ---Um homem consiste em sua crena; o que ele cr ele ." O rationale, nesses fatos, que quando a mente est voltada para um pensamento, especfico e demora-se nele, instala-se uma vibrao definida da matria e, quanto maior for a freqncia dessa vibrao, mais ela tende a repetir-se, a se tornar um hbito, a se fazer automtica.O corpo segue a mente e imita as suas mudanas, seconcentramos nosso pensamento, os olhos tornam-se fixos, os msculos tensos; um esforo para recordar acompanhado pelo franzir da testa; os olhos mov'em-se de c para l, quando procuramos recuperar uma ex-presso perdida; ansiedade, amor, clera, impacincia, todos tm o seu acompanhamento apropriado. A sensao que d a um homem a tendncia de- atirar-se de uma altura a tendncia do corpo que representa o pensamento da queda. O primeiro passo para a criao deliberada do carter est, portanto, na escolha deliberada do que pensaremos, e ento no pensar persistentemente68jia qualidade escolhida. No se passar muito tempo para surgir uma tendncia que mostre essa qualidade. Em pouco tempo esse exerccio se tornar um hbito. Entreteamos@o fio do pensamento em nosso destino, e chegaremos a ter um carter inclinado a todas as finalidades nobres e teis. Aquilo em que pensamos aquilo em que nos tornamos. O Pensamento faz o carter.O Poder da vontade o segundo Fado, e tece umfio forte para o cordo do destino. Mostr-se como desejo, desejo de possuir, que amor, atrao, em inmeras formas; desejo de repelir, que dio, repulsa, afastando o que nos indesejvel. To verdadeiramente como o m atrai e prende o ferro, nosso desejo atrai para ns o que desejamos possuir e manter como nosso.O forte desejo de fortuna e de sucesso traz essas coisas ao nosso alcance; o que desejamos ter, firme e persistentemente, teremos, mais cedo ou mais tarde. Fantasias fugidias, indeterminadas, mutveis, tm uma fora de atrao muito fraca, mas o homem de vontade firme obtm o que deseja. Esse fio da vontade traz-nos osobjetos do desejo e a oportunidade de obt-los. A Vontade d a oportunidade e atrai objetos.O terceiro fio tecido pelo Poder de agir, e esse o fio que traz para o nosso destino a direo da felicidade ou do sofrimento. Conforme agimos em relao aos que nos rodeiam, eles reagem em relao a ns. O homem que espalha felicidade em torno de si, sente afelicidade fluindo sobre ele prprio. Aquele que tornaos outros infelizes, sente a reao da infelicidade sobre ele prprio. Sorrisos produzem sorrisos, carrancas produzem carrancas; a pessoa irritada desperta irritao emoutras. A Lei do tecido desse fio : Nossas aes afetam69os outros e caesam reao de natureza semelhante em ns.Esses so os fios que fazem o destino, porque fazem -o carter, a oportunidade e o ambiente; eles no so cortados de todo pela morte, mas estendem-se para as outras vidas. O fio do pensamento nos d o carter com que viemos ao mundo; o fio da vontade d ou retira oportunidades, faz-nos "com sorte" ou "sem sorte---; o fio da ao d-nos condies fisicas favorveis ou desfavorveis. Do que estamos semeando, colheremos; do que estamos tecendo, assim ser, no futuro, o cordo do destino. O Homem o Criador do seu Futuro; o Homem o Construtor do seu Destino; o Homem o seu prprio Fado.7OXO PODER DO PENSAMENTOE SEU USOUma das mais notveis caractersticas dos dias atuais o reconhecimento, em toda a parte, do Poder do pensamento, a crena de que o homem pode modelar o seu carter, e, portanto, o seu destino, pelo exerccio desse poder que faz dele um homem. Nesse ponto, as,idias modernas esto entrando na linha dos ensinamentos religiosos do passado. -O homem criado pelo pensamento" - o que est escrito numa escritura hindu. "O homem torna-se aquilo que ele pensa; portanto, pense no,Eterno.--- "Tal como ele pensa em seu corao assim ele ---, disse o sbio Rei de Israel, advertindo contra a associao com os homens maus. "Tudo o que somos foi feito pelos nossos pensamentos-, disse Buda.O pensamento o pai da ao; nossa natureza se dispe a materializar aquilo que gerado pelo pensamento. A psicologia moderna diz que o corpo tende a seguir o pensamento, e liga a inclinao de algumas pessoas para se atirarem de uma altura ao fato de a imaginao71deles retratar uma queda, e o corpo agir de acordo .com esse quadro. Havendo, ento, uma apreciao do Poder do Pensamento, torna-se momentoso saber como usar esse poder da forma mais elevada possvel e causando o maior efeito possvel. A melhor forma de fazer isso est naprtica da meditao, e um dos.mtodos mais simples- que tem, ainda, a vantagem de seu valor poder sercomprovado pessoalmente @ pela pessoa que o usa - o seguinte:Examinando o seu carter, busque determinar algum de seus defeitos evidentes. Depois, pergunte a si prprio qual a qualidade oposta a esse defeito, avirtude que seja a sua anttese. Digamos que o leitor sofre de irritabilidade; escolha a pacincia. Ento, regularmente, a cada manh, antes de sair paro mundo, sente-se durante trs ou cinco minutos e pense na pacincia - no seu valor, na sua beleza, na sua prtica sob provocao, observando um ponto por dia, e outro, e outro, pensando o mais firmemente que puder, chamando de volta a mente quando ela divagar, e pense em si prprio como sendo perfeitamente paciente, ter-mine com um voto: ---Essa Pacincia, que o meu ver-dadeiro eu, sentirei e demonstrarei hoje."Durante alguns dias, provavelmente, no haver mudana perceptvel, e o leitor ir se sentir e se mostrar irritado. Continue com firmeza, a cada manh. Bem depressa, cada vez que voc disser alguma coisairritadamente, o pensamento, sem ser solicitado, vircomo um relmpago sua mente: ---Eu deveria ter tido pacincia.--- Continue assim. Logo o pensamento de72pacincia surgir com o impulso para a irritao, e a manifestao exterior ser contida. Continue assim. O impulso para a'irritao ir ficando cada vez mais fraco, at que voc perceba que a irritabilidade desapareceu e que a pacincia se transformou na sua atitude normal diante das contrariedades.A, temos um experimento que qualquer pessoa pode tentar, comprovando a Lei por si mesma. Uma vez comprovada, ela pode us-la, e construir virtude aps virtude, de maneira igual, at criar um carter ideal pelo Poder do Pensamento.Outro uso para esse poder seria a ajuda a alguma boa causa, enviando-lhe bons pensamentos, ou a ajudaa um amigo que.est enfrentando dificuldades, enviando-lhe pensamentos de conforto, ou a ajuda a um amigo que busca a verdade, enviando-lhe pensamentos claros e definidos das verdades que o leitor conhece. Voc pode enviar para a atmosfera mental pensamentos que elevaro, purificaro, inspiraro, todos os que forem sensveis a eles, pensamentos de proteo, para ser oanjo-da-guarda das pessoas que vocl^ ama. O pensamentoe correto uma bno contnua @ue cada qual pode irradiar, como uma fonte que espallia guas refrescantes.No devemos esquecer o reverso desse belo quadro.O pensamento errado to veloz para o mal quanto opensamento certo o para o bem. O pensamento pode ferir assim como pode curar; pode levar angstia comopode levar conforto. Maus pensamentos atirados at-mosfera mental envenenam as mentes receptivas; pensamentos de clera e vingana do fora aos golpes mor-tais; pensamentos que prejudicam outros ferem a lngua73do maldizente, do asas a farpas atiradas injustamente. A mente ocupada pelos maus pensamentos atua como um m para atrair pensamentos iguais da parte de outros, intensificando assim o mal original. Pensar no mal est a, um passo de fazer o mal, e uma imaginao poluda favorece a realizao de suas prprias criaes malficas. ---Tal como o homem pensa ele se torna" - a Lei para os maus pensamentos, como para os bons. Alm disso, acalentar um mau pensamento despe-o aos poucos da sua repulsividade e impele o pensador a realizar uma ao que o materializa.Tal a Lei do Pensamento, tal o seu poder. ---Se sabes essas coisas, feliz sers se as seguires."74xiPASSOS NO CAMINHOO curso normal da evol@uo humana leva o homem para o alto, estgio por estgio. Entretanto, uma distncia imensa separa at os gnios e os santos do homem que 11 est no limiar da divindade" - e ainda mais daquele que cumpriu a ordem de Cristo: "Sede perfeitos, como Vosso Pai do Cu perfeito." H alguns passos que levam subida para a Passagem, da qual est es-crito: "Estreita a porta e rduo o caminho que leva vida, e poucos so os que o encontram." Quem so ---os perfeitos", dos quais fala Paulo, o Apstolo?Na verdade h passos que levam a esse Portal, e poucos so os que palmilham o seu caminho rduo. A Porta R da Iniciao, o segundo nascimento, o batismo do Esprito Santo e do Fogo,@ o Caminho, que leva ao conhecimento de Deus, que a Vida do Eterno.No mundo ocidental, os estgios, ou passos, foram chamados de Purgao, Iluminao, Unio; por esses estgios, o Mstico - o que levado viso Beatfica pela devoo - designa o Caminho. No mundo oriental, o Ocultista - o Conhecedor ou Gnstico - v os passos75de uma forma um tanto diferente, e divide o caminho em dois grandes estgios: o Probatrio e o Caminho propriamente dito; o Probatrio representa a Purgao do Mstico, enquanto o Caminho propriamente dito a Iluminao do Mstico. Ele procura, ainda, desenvolver em si prprio, quando no Caminho Probatrio, certas ---qualificaes- definidas-, preparando-se para passar atravs do Portal que marca o fim do Caminho, enquanto no Caminho propriamente dito ele deve descartar por inteiro dez "grilhes" que o impedem de atingir a Libertao ou Salvao Final. E ter de passar atravs de quatro Portais ou Iniciaes.Cada uma das qualificaes deve ser desenvolvida at certo ponto, embora no completamente, antes que o primeiro Portal possa ser cruzado. So os seguintes, esses Portais:O Discernimento: o poder de distinguir entre o real e o irreal, entre o eterno e o transitrio - a viso aguda que v o que Verdadeiro e reconhece o que Falso sob todos os disfarces.O Imparcialidade ou Ausncia de Desejo: estar acima do desejo de possuir objetos que do prazer ou afastar objetos que causam dor, pelo domnio absoluto da na-tureza inferior e pela transcendncia da personalidade.O Os Seis Dons ou Boa Conduta: controle da mente, controle do corpo - em palavras e em aes -, tolerncia, resignao ou boa disposio, equilbrio ou determinao, confiana.O Desejo de Unio ou Amor: essas so as qualificaes cujo desenvolvimento a preparao para o pri-76meiro Portal da Iniciao, Para obt-las, o homem reveste-se de resoluo, firma a mente na idia de caminhar para a frente com rapidez, de forma a poder tor-nar-se um Auxiliar da Humanidade.Logo que tiver adquirido o suficiente dessas qualificaes para bater Porta e v-Ia aberta, ele est pronto a atravessar o limiar e a palmilhar o Caminho. Ento ele iniciado ou recebe o ---segundo nascimento". Entre os hindus, ele chamado de o Viandante (Parivrajaka ou Sotapanna) e, antes de chegar segunda Iniciao, deve descartar por inteiro os obstculos da: Separatividade - deve compreender que todas as personalidades so uma; da Dvida - deve saber e noapenas acreditar nas grandes virtudes do Karma, da Reencarnao e da Perfeio a serem alcanadas palmilhando o Caminho; da Superstio - a dependncia de ritos e cerimnias. Descartados por inteiro esses trs grilhes, o Iniciado est pronto para o segundo Portal e torna-seo Construtor (Kutichaka), ou ---o que retorna apenas uma vez- (Sakadagamim). Ele deve agora desenvolver os poderes dos corpos sutis, para ser til nos trs mundos, para estar preparado para o servio. A passagem pelo terceiro Portal faz dele o Unido (Hamsa, "Eu sou Ele-) ou "aquele que no retorna-, a no ser com seu prprio consentimento (Anagamim). Para o quarto Portal ele deveria passar nessa mesma vida, e, para aquele que passou, o nascimento compulsrio est ter-minado. Agora ele deve descartar os grilhes do Desejo- os desejos rarefeitos que talvez tenham ficado nele -e da Repulsa - nada deve ser repulsivo para ele, porque em tudo ele deve ver a Unidade. Isso feito, ele passa atravs do quarto Portal, e torna-se o superindivduo77(Paramaham,sa) (-alm do eu>') ou "o Venervel- (Arhat). Cinco so os tnues grilhes que ainda o prendem; contudo, to rduo partir sua complexa sutileza que sete vidas ainda so usadas, com freqncia, no caminhar pelo espao que separa o Arhat do Mestre, do@ Livre, do Imortal. "Aquele que nada mais tem a aprender" neste sistema, mas pode saber o que desejar voltando sua ateno para o que quer saber. Os grilhes so: o desejo da vida na forma, desejo pela vida em mundos sem formas, orgulho - pela grandeza da tarefa realizada, a possibilidade de ser perturbado pelo que quer que seja que acontea, a iluso - a ltima pelcula que pode dstorcer a Realidade. Quando tudo isso tiver sido descartado para sempre, ento o triunfante Filho do Homem ter terminado o Seu curso humano, tornando-se "uma Coluna no Templo do meu Deus e dali no mais sair". Ele o homem que se fez perfeito, um dos Nascidos-Primeiro, um Irmo mais Velho da nossa raa.78XIINOSSOS IRMOS MAIS VELHOSConsideremos, agora, o relacionamento com o mundo Daqueles que esto colocados em to grande altura, e, ainda assim, pertencem famlia humana, nossos Irmos Mais Velhos.Todas as religies vem, no passado, um fundador que se ergueu muito -acima da humanidade; todas ashistrias antigas falam de Seres elevados que lanaram os fundamentos de naes e as guiaram durante sua infncia e juventude. Ouvimos falar de Reis divinos, de Dinastias divinas, de Mestres divinos; o testemunho do passado to unnime, e as runas remanescentes das passadas civilizaes mostram-se to poderosas, que no podemos, razoavelmente, declarar intil esse testemu-nho, nem dizer que as civilizaes sejam produtos alcanados sem ajuda por uma humanidade ainda na infncia.Vale tambm notar que as mais antigas Escrituras so as mais nobres e as mais inspiradas. O Clssico da pureza, da China, os Upanishads, da India, os Gathas, da Prsia - apesar de fragmentrios, esto acima do nvel79dos escritos religiosos posteriores desses mesmos pases; a tica que encontramos neles autoritria, no exortativa; ensinam, esses livros, ---como quem tem autoridade, e no como os escribas---.No h religio que ignore esse fato, no que se refere aos seus prprios Mestres e s suas prprias Escrituras; mas, infelizmente, a maioria delas tende a negar ou a ignorar o que diz respeito a outras religies.'Os estudantes da Sabedoria compreendem que todas essas declaraes devem ser acatadas ou rejeitadas imparcialmente, e o Ocultista sabe que,