Angola'in

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ANO IV - SÉRIE II REVISTA Nº02 FEVEREIRO 2012 3,50 EUR 450 KWZ 5,00 USD ISSN 1647-3574 ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES ALIANçA IBéRICA Investimento em Angola gera maior proximidade luso-espanhola CONSUMO ELETRóNICO Mercado em expansão atrai gigantes mundiais das novas tecnologias A TODO O VAPOR Benguela, pólo de desenvolvimento económico. Um exemplo a seguir Escritor conceituado, marca toda uma nova geração de autores. Orgulhoso das suas raízes, é ele próprio uma ‘viagem’. A descobrir! agualusa, O colecionador de memórias KáDU No palco de todos os sonhos

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Edição nº 02

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ANO IV - SÉRIE IIREVISTA Nº02FEVEREIRO 2012—3,50 EUR450 KWZ5,00 USD—ISSN 1647-3574

ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES

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AliAnçA ibéricAInvestimento em Angola gera maior proximidade luso-espanhola

consumo eletrónicoMercado em expansão atrai gigantes mundiais das novas tecnologias

A todo o vAporBenguela, pólo de desenvolvimento económico. Um exemplo a seguir

Escritor conceituado, marca toda uma nova geração de autores.Orgulhoso das suas raízes, é ele próprio uma ‘viagem’. A descobrir!

agualusa, O colecionador de memórias

káduNo palco de todos os sonhos

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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

Viciados em eletrónica—Portáteis, telemóveis e leitores de música são os produtos mais procurados pelos consumidores. O mercado está em expansão e as multinacionais estão a implementar-se em Luanda. Descubra estas e outras conclusões

espaço leitor—Gosto muito! Já conhecia a primeira série e foi com surpresa que vi esta mudança. Está esteticamente mais apetecível do que as edições anteriores, mais fresca e leve e com artigos muito interessantes.

IRINA DOS SANTOS

—Quero deixar os meus parabéns à equipa da Angola’in. Gostei muito da capa e da entrevista à nossa diva. A Pérola é uma das nossas melhores cantoras e só posso desejar-lhe muito sucesso. Que continue sempre a lutar pelos seus objetivos.

GAbRIEL SILVA

—Temas muito interessantes e diversificados. Tem de tudo um pouco e o design apelativo facilita a leitura. Não conhecia a vossa revista, mas vou passar a comprá-la. Parabéns à equipa. Continuem o bom trabalho.

FRANcIScO NAScIMENTO

—Sou angolana e estou em Portugal há alguns anos. Fiquei muito feliz por encontrar em Lisboa uma revista dedicada ao meu país, com tanta variedade de informação. As vossas escolhas de viagens fizeram-me sonhar. Obrigado por venderem a Angola’in também em Portugal. Assim sinto-me mais próxima do meu país.

ANA MARGARIDA

envie as suas para o seguinte endereç[email protected]

cULTURA & LAZERpaixão pela dança—A companhia de Dança contemporânea comemora 20 anos. A Angola’in falou com a fundadora e atual diretora, Ana Marques Guerra. Uma entrevista exclusiva, em que a maior dinamizadora desta arte faz uma análise franca do estado da dança no país

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SUMÁRIO

Esta revista é escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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EcONOMIA&NEGÓcIOSUm país adiadoA Guiné-bissau vive num impasse político. A morte do presidente bacai Sanháagudizou a situação de um país que vive dias de incerteza

SOcIEDADEBengUela a todoo VaporA reativação dos caminhos-de-ferro de benguela recolocou a província no mapa das mais apelativas para o investimento. Saiba o que está a mudar na vida dos benguelenses

ARQUITETURA & cONSTRUÇÃOnoVa assemBleia em 2013O centro Político e Administrativo de Luanda fica concluído em agosto de 2013. conheça todos os pormenores da maior obra a decorrer na capital

INSIDE

MUNDO

IN FOcO

UM DIA cOM

FOTOREPORTAGEM

DESPORTO

LIFE&STYLE

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MARcAS

taag—Falar de aviação em Angola é sinónimo de TAAG. Fique a par da evolução desta marca que tem conseguido posicionar-se junto do seu público-alvo. A única operadora nacional mantém a estratégia de divulgação dos serviços nos aeroportos internacionais. Lisboa é apenas um exemplo

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www.comunicare.pt

AngolARua Rainha Ginga, nº 228 – 2º andarMutamba – LuandaTEL 923 416 175 / 923 602 924

PortugAlParque Tecnológico Inova.GaiaAvenida Manuel Violas, nº 476 – Sala 214410-136 São Félix da MarinhaVila Nova de GaiaTEL 00 351 222 431 902

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Direção ExecutivaDaniel [email protected]

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Direção de researchANGOLA - Lisete [email protected] - Jorge [email protected]

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Produção Life & StyleNuno Lago

redaçãoFrancisco Moraes SarmentoIsabel Santos | João Oliveira | Maria SáPaulo Laureano | Rita Lúcio MartinsRaquel Pedrosa Marques | Teresa Henriques

ArteBruno Tavares | Patrícia [email protected]

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PubliCiDADEInterpublishingRua Sanches Coelho, nº 03 – 10º andar1600-201 LisboaTlf:. 00 351 217 937 205

impressãoPeres-Soctip Indústrias Gráficas S.A

Distribuição Angola – AfricanaPortugal – LogistaEspanha – Expedição

tiragem10.000 exemplares

—ISSN 1647-3574DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09—Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais

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EDITORIAL

Esta revista utiliza papel produzido e impresso por empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000 (Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)

Economia criativaDesde a literatura à dança contempo-rânea; da banda desenhada à pintura, da música aos costumes, Angola vive hoje um momento especial de pro-gresso a nível cultural. A erupção de jovens talentos a par da consagração de diferentes autores tem contribu-ído, cada vez mais, para a criação e riqueza de ideias, artistas e potencial humano ligado à criatividade. Esta edição faz prova desse crescimento.

Mas mais interessante ainda é a curio-sidade que temos reservada para si. Sabia que, como consequência da crise financeira, a economia criativa passou a ser a estratégia número um de desenvolvimento da China? Esta decisão, aparentemente estranha, tem muito de sábia. Senão vejamos: por se tratar de uma economia base-ada em recursos que não se esgotam, mas se renovam e multiplicam com o uso, esta é apontada como a única solução para um futuro sustentável. Afinal, recursos naturais são fini-tos, mas cultura, conhecimento e criatividade são infinitos e ...pode-rosos. Utilizar este argumento como estratégia da esfera pública tem sido um desafio, sobretudo fazer com que esta cumpra o seu papel como motor de desenvolvimento.

Vários especialistas brasileiros afir-mam que o progresso de um país está, cada vez mais, no local, no terri-tório, logo numa economia de nicho, com exaltação dos valores culturais. Estão convencidos que a criativida-de e o imaterial serão rapidamente os principais elementos decisivos de todo o processo produtivo, daí a im-portância de uma maior profissionali-zação e formação na cultura, para que esta economia atinja o seu potencial na geração de emprego e capital.

Importa profissionalizar o mundo da criação, que é, regra geral, muito infor-mal. Do artesão, ao escritor, músico, ator e artista plástico, as pessoas vivem na dependência de agentes interme-diários e não se profissionalizam. Este processo não será a curto prazo, mas o objetivo é encontrar caminhos para emancipar o mundo da criação.

A criatividade não deve ser entendida apenas como política cultural, mas como política de desenvolvimento

Entretanto, os mesmos defendem que este processo deve obrigatoriamente in-cluir todas as empresas, não se limitan-do, apenas, às denominadas ‘indústrias criativas ou culturais’. Esta economia, ao focar a criatividade, a imaginação e a inovação, não se restringe a produtos, serviços e tecnologias, engloba também modelos de negócios e de gestão: a sua grande vantagem.

Este tema tem sido bastante comenta-do para aplicação nas novas políticas e estruturas de desenvolvimento eco-nómico em diversos países europeus, estando a ser lentamente incluído em estratégias de crescimento regionais em cidades como Berlim (Alemanha), Milão (Itália), Helsínquia (Finlândia), Lyon (França) e Roterdão (Holanda).

Casos que Angola pode adoptar, pois tem igualmente como meta transfor-mar as gerações futuras em empreen-dedores criativos e capazes de atuar em diversas indústrias.

tema-chave: economia criativa abran-ge as atividades que têm como principal insumo a criatividade humana.

A Direção

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—Berço da lusofonia e do multiculturalismo—

MoSAiCo

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Fevereiro de 2012 ficará na história da lusofonia. A Comunidade de Países de Língua Portuguesa inaugurou a nova sede, em Lisboa. Uma obra há muito desejada, com a estrutura adequada para acolher as populações de todas as nações e culturas. Num ano em que Angola detém a presidência rotativa da comunidade, este será um dos feitos perpetuados pelo país. Para a posteridade ficará a imagem do presidente da República português, Cavaco Silva, e do vice-presidente de Angola, Fernando Piedade dos Santos, a cortarem a fita inaugural.

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Tecnologia Industrial—O ministro da Geologia e Minas e da Indústria, Joaquim David, anunciou que o Centro Avançado de Tecnologia Industrial arrancará ainda este ano. O equipamento será edificado em Viana e o financiamento está prestes a ser aprovado pelo Conselho de Ministros. A criação do equipamento conta com a colaboração da Coreia do Sul.

Cooperação com o Japão—O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Toshiyuki Kato, esteve em Luanda para discutir com o vice-presidente da República, Fernando Dias dos Santos, novas formas de cooperação entre os dois países. O encontro serviu para discutir a necessidade da assinatura de um acordo bilateral de investimentos e a introdução do sistema de televisão digital terrestre, que conta com a colaboração do Japão e do Brasil. Apesar de não adiantar datas para firmar os acordos, adiantou que deverá ocorrer a curto prazo. O responsável lembrou que o país necessita da cooperação técnica das empresas japonesas e dos seus investimentos para continuar na reta do desenvolvimento.

260 vagas—A Escola Superior Politécnica de Ondjiva, no Cunene, reduziu o número de vagas para este ano. Os futuros caloiros dos cursos de Biologia, Análises Clínicas e Laboratório, Enfermagem e Agronomia, terão que disputar os 260 lugares (menos 100 que em 2011), repartidos por 140 vagas para o período diurno e 120 para o pós-laboral. As inscrições terminaram a 31 de janeiro e os exames de aptidão decorrem entre 7 e 10 de fevereiro. O diretor adjunto para a área académica, Domingos Muhala, adiantou que se nota um crescimento do número de candidatos ao ensino superior e que a província tem como desafio solidificar e dinamizar este grau de ensino, criando melhores condições humanas, materiais e financeiras.

Sisab—cerca de 200 importadores nacio-nais vão participar na 17ª edição do Salão Internacional do Vinho, Pesca-do e Agro-Alimentar “Sisab-Portugal 2012”, que decorre este mês em Lis-boa. Trata-se da maior presença nes-te certame, que este ano espera mais de 1200 importadores internacionais, nomeadamente grandes cadeias de supermercados e distribuidores, que vão contactar com empresas oriundas de 28 setores. A participação angolana tem como finalidade a compra de “pro-dutos portugueses do setor alimentar e bebidas, onde Portugal é inquestio-navelmente muito forte”.

Patrícia Alves TavaresinsiDE

Crédito habitação —Desde janeiro a população pode aceder ao Fundo de Fomento Habitacional, o primeiro programa de crédito para a compra de habitação. O novo mecanismo resulta de um protocolo de garantia financeira em que intervêm nove bancos comerciais a operar no país (BCP, BAI, BIC, BFA, BNI, BCI, BPA, Sol e Keve). O fundo irá assegurar até 80% do valor do imóvel. Foi ainda aprovada uma série de instrumentos legais que facilitem o acesso do cidadão ao crédito habitacional e a normalização dos procedimentos que advêm desta atividade.

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20 mil casas—Seis províncias vão ganhar 20 mil ca-sas sociais durante este ano. O projeto, que está a ser desenvolvido nas reser-vas fundiárias, abrange o Huambo, bié, Moxico, Kwanza Sul, Uíge e Luanda. A obra integra o programa “Meu Sonho, Minha casa”, que está a ser desenvol-vido pela imobiliária “Kora Angola” e prevê a construção de 40 mil habita-ções até 2015. O plano tem como intui-to a criação de novas cidades, onde a população tenha oportunidade de ter casa própria e acesso a infraestrutu-ras como água potável, energia elé-trica ou ruas pavimentadas. As casas a construir serão geminadas e terão dois pisos, podendo ser compradas por 55.600 dólares, sob a forma de emprés-timo até 22 anos.

Estudoda Deloitte —cerca de 200 importadores na-cionais vão participar na 17ª edição do Salão Internacional do Vinho, Pescado e Agro-Ali-mentar “Sisab-Portugal 2012”, que decorre este mês em Lisboa. Trata-se da maior presença nes-te certame, que este ano espera mais de 1200 importadores in-ternacionais, nomeadamente grandes cadeias de supermer-cados e distribuidores, que vão contactar com empresas oriun-das de 28 setores. A participação angolana tem como finalidade a compra de “produtos portugue-ses do setor alimentar e bebidas, onde Portugal é inquestionavel-mente muito forte”.

Luando tem posto de saúde—Os habitantes de Luando, no Moxico, têm desde o início do ano um posto de saúde. A comunidade, que tem 590 habitantes, vê assim resolvidos alguns problemas relacionados com o acesso à saúde. A unidade tem capacidade para internar seis doentes e vai evitar que estes percorram longas distâncias em busca de assistência. A obra foi financiada por um empresário local e durou seis meses. Além do consultório médico, a população ganhou uma sala de internamento e farmácia. Entretanto, foi solicitado à direção provincial da saúde o envio de enfermeiros para assegurarem o funcionamento da unidade hospitalar.

Benguela terá duas prisões—Lobito e Ganda, em Benguela, vão ter um estabelecimento prisional cada. Segundo o diretor nacional dos serviços prisionais, Domingos de Andrade, a cadeia do Lobito terá capacidade para 800 reclusos e a de Ganda poderá receber até 500 pessoas. Os novos equipamentos serão erguidos no decorrer deste ano e a obra enquadra-se no âmbito dos Programas de Investimentos Públicos (PIP). As infraestruturas vão atenuar a sobrelotação das prisões e ligá-las aos planos de desenvolvimento agropecuário, através do sistema produtivo prisional.

UJES tem nova licenciatura—A Universidade José Eduardo dos Santos (UJES) abriu para este ano letivo uma nova licenciatura na especialidade de contabilidade, administração e gestão. O curso vai decorrer na Escola Superior Politécnica de Moxico e destina-se a diversificar a oferta educativa. As condições exigidas para a abertura de uma nova licenciatura foram cumpridas e a reitoria da UJES acredita que será possível abrir ainda este ano mais dois cursos. São as licenciaturas nas especialidades de engenharia mecânica e civil que vão nascer no Instituto Superior Politécnico do Huambo. Estas resultam de um convénio estabelecido com a Universidade do Porto, em Portugal. O curso de contabilidade, administração e gestão que abre este ano na Escola Superior Politécnica do Bié, em período noturno, é outra das novidades.

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Formação—O Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (Inefop) pretende abrir no próximo mês um centro de formação profissional na comuna do Cambuengo, no Huambo. A iniciativa resulta de uma parceria com a Administração Municipal do Mungo e visa a promoção do autoemprego e do desenvolvimento rural. O novo equipamento vai facilitar o acesso da população a cursos de formação, evitando que estes percorram longas distâncias para poderem melhorar os seus conhecimentos. Na primeira fase serão lecionados cursos básicos de serralharia, alvenaria e carpintaria. Durante o ano prevê-se que sejam formados 916 jovens. As aulas vão decorrer nos pavilhões de artes e ofícios das vilas municipais do Mungo, Chicala-Cholohanga, Chinjenje e na sede comunal do Cuima (município da Caála).

Ambiente sob vigilância—Os ministérios do Ambiente e da Defesa assinaram um protocolo de cooperação para implementar ações de fiscalização no âmbito da defesa ambiental. No documento as entidades comprometem-se a trocar informações técnicas sobre as ações de preservação do ambiente, de forma a desenhar um atuação mais efetiva na sua proteção e preservação. Incrementar a mobilização e recrutamento de ex-militares para a proteção e conservação ambiental de todo o território e apostar numa melhor fiscalização das áreas de conservação e das orlas costeira e marítima são alguns dos desafios que o acordo propõe.

Mais transportes —O serviço de transporte marítimo e fluvial de passageiros entrará em funcionamento no decorrer deste ano. No plano ferroviário, após a abertura da ligação Benguela-Bié em janeiro, o comboio vai chegar à cidade do Luena (Moxico) no final do primeiro semestre. Em relação à construção dos terminais marítimos de passageiros, as obras estão em curso e vão assegurar as ligações no Panguila, Cacuaco, Porto de Luanda, Chicala, Mussulo, Benfica e Museu da Escravatura, em Luanda. Estão igualmente em curso estudos para criar ligações marítimas entre as cidades de Cabinda, Soyo/ Pedra do Feitiço e Nzeto (Zaire), Dande (Bengo), Porto Amboim (Kwanza Sul), Lobito/ Benguela e Namibe. No plano do transporte fluvial, o Governo pretende ativar a circulação no rio Luvumbo (Kuando Kubando), ligando a cidade à Zâmbia.

Criminalidade baixa—Meses após o encerramento do mercado Roque Santeiro, no Sambizanga, o comandante-geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos, anunciou que o índice de criminalidade na zona envolvente diminuiu substancialmente. De acordo com o responsável, os grupos que atuavam nas imediações do mercado acabaram por se fragmentar e espalharam-se pelos vários municípios. Apesar de admitir que a criminalidade foi desviada para outras zonas, o responsável lembrou que “a retirada do Roque Santeiro veio dar maior tranquilidade às populações”. O comissário mostrou-se preocupado com o aumento dos assaltos a residências, frisando que irá reforçar o patrulhamento nas zonas visadas e que solicitou à EDEL o melhoramento da iluminação pública nos locais afetados.

Patrícia Alves TavaresinsiDE

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Importaçãode gás—A decisão da Ucrânia em reduzir as importações de gás em 50%, durante este ano, está a preocupar a Rússia. A atitude contraria os acordos que os dois países assinaram em 2009, que estipula que a Ucrânia compre 52 bilhões de metros cúbicos de hidrocarboneto por ano, com vigência por uma década. O país pretende apenas adquirir 27 bilhões. Alexei Miller, dirigente da Gazprom, companhia que detém o monopólio do gás russo, alertou que Kiev considera esses contratos prejudiciais para a sua economia e que os ucranianos ainda não apresentaram nenhuma nova proposta no âmbito da cooperação energética entre as duas nações. Já o ministro da Energia ucraniano, Yuri Boiko, avisou que apenas comprará “a quantidade que for necessária para a nossa economia”, considerando “abusivo” o preço do gás russo. Miller reitera que a Ucrânia terá de pagar 33 bilhões de metros cúbicos de gás, mesmo que não importe essa quantidade, visto que é o valor estipulado pelos contratos assinados.

Vinho português—Os vinhos do Alentejo, em Portugal, têm como principal destino Angola. Segundo o diretor de marketing da comissão Vi-ticinícola Regional Alentejana (cVRA), Tiago caravana, registou-se um aumen-to de vendas para este mercado na or-dem dos 82,5%, entre janeiro e outubro de 2011. O volume de exportações contribuiu para que a nação angolana apareça como o “maior importador de vinhos portugue-ses”. A cVRA acrescentou ainda que a tendência será para crescer.

De costaspara a UE—David Cameron, primeiro-ministro da Grã-Bretanha, prometeu publicamente que irá vetar um imposto europeu sobre transações financeiras, exceto se a medida for imposta globalmente. Esta posição vem aprofundar mais o confronto com a Alemanha e a França. Os dois gigantes da União Europeia têm defendido um imposto sobre as transações financeiras com validade para os 27 Estados-membros, porém os britânicos temem que este danifique a city londrina. Recorde-se que a entrada em vigor de uma medida tributária para toda a UE carece da aprovação de todos os membros.

Refugiados —Dois anos após o grande terramoto que atingiu o Haiti, meio milhão de pessoas continua a viver como refugiados, ocupando os cerca de 800 acampamentos montados nas regiões mais devastadas. De acordo com um relatório da Unicef, a maioria dos 4,3 milhões de crianças haitianas está vulnerável e enfrenta dificuldades de sobrevivência. O Fundo das Nações Unidas lançou por isso o apelo para angariar 24 milhões de dólares que serão usados em ações humanitárias ao longo do corrente ano.

Patrícia Alves TavaresMunDo

Primeiro shopping virtual—O novo ano traz uma mudança de hábitos de consumo. A partir de agora é possível fazer compras num centro comercial sem sair do sofá. Brandsbreeze, o primeiro shopping virtual do mundo, abriu em finais de novembro do ano passado e trata-se de um “espaço online, onde as marcas estão presentes de forma permanente e mantendo a sua identidade”. Miguel Diniz, um dos responsáveis pelo projeto totalmente português, acrescenta que as marcas são “replicadas para o online em 3D, baseando-se numa loja física”. Basta aceder ao site (www.brandsbreeze.com) e entrar nas lojas que desejar. Três dias depois as compras serão entregues em casa. Para já o projeto está limitado ao mercado ibérico e conta com 12 lojas, estando prevista a abertura de mais oito.

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Jogos CPLP 2012 —A oitava edição dos Jogos Desportivos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) irá decorrer em Portugal, entre 7 e 15 de julho. O evento será organizado pelo Estado luso em parceria com a Confederação do Desporto de Portugal (CDP), sob a égide da Conferência de Ministros Responsáveis pela Juventude e pelo Desporto da CPLP. O certame contará com a presença dos oito Estados-membros, designadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

1124 metros—É o comprimento da maior ponte de tirantes do mundo. Está localizada no México, suspensa a mais de 400 metros, o suficiente para acomodar os 300 metros de alturada Torre Eiffel, em Paris.

Perdão para assassino —Um relatório francês indicou o perdão ao atual presidente do Ruanda, Paul Kagame, pelo atentado de 1994 contra o presidente da altura, Juvenal Habyarimana, e que deu início ao genocídio contra os tutsis. A ministra das Relações Exteriores, Louise Mushikiwabo, congratulou-se com a conclusão do relatório da Justiça francesa, alegando que “a notícia confirma a posição que o Governo manteve por muito tempo em relação aos eventos de abril de 1994”. “Agora está claro que a queda do avião foi um golpe de Estado feito por extremistas hutus e os seus assessores que controlavam o Quartel Kanombe”, acrescentou. O juiz do processo foi a Kigali em 2010 acompanhado de dois especialistas de lançamento de mísseis, dois em acidentes aéreos e dois em geometria, concluindo que os mísseis foram disparados de um campo militar ocupado por extremistas hutus. Habyarimana morreu em 1994 quando regressava ao Ruanda após uma reunião na Tanzânia onde se comprometeu com a ONU a formar um governo de coligação, de modo a acabar com o conflito entre hutus e tutsis. O avião em que seguia foi atingido por um projétil, que matou todos os que estavam a bordo.

Rede de cabos submarinos—O Ministério das Comunicações do Brasil está a desenvolver um projeto de construção de uma rede de cabos submarinos de telecomunicações, que inclui uma ligação direta com Angola e uma passagem por Cabo Verde. O plano inicial, elaborado pela Telebrás, indica que os cabos saiam da cidade brasileira de Fortaleza e que sigam para a América do Norte, passando pelas Caraíbas. A ligação terá duas ramificações, “uma que ligará o Brasil diretamente à Europa, passando por Cabo Verde, e uma direta [para África], chegando provavelmente em Angola”.

Quadro mais caro de sempre—Chama-se “Os Jogadores de Cartas” e é da autoria de Paul Cézanne. O quadro foi adquirido por 190 milhões de euros pela família real do Qatar ao milionário grego George Embiricos. A transação privada ocorreu em 2011 e supera todos os recordes. A obra retrata um jogo de cartas entre dois camponeses e vai ficar no Museu Árabe de Arte Moderna, que já alberga obras de artistas conceituados, como Andy Warhol e Mark Rothko.

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Guantánamo—A Amnistia Internacional exige o encerramento da prisão de Guantánamo. No último mês, membros da organização francesa colocaram um pano laranja na estátua da liberdade junto ao rio Sena, em Paris, para reivindicar o fecho da cadeia que foi criada há dez anos pelos EUA. Os participantes vestiram-se com fatos idênticos ao uniforme da prisão e taparam o rosto com capuzes pretos, envergando um cartaz que dizia: “Guantánamo, dez anos, basta!”. Recorde-se que o presidente americano, Barack Obama, prometeu encerrar o estabelecimento no início de 2010 e que não o fez até ao momento. Os defensores dos direitos humanos alegam que “os Estados Unidos ignoram os direitos humanos há dez anos. Esta ação simboliza o facto de os Estados Unidos virarem costas à justiça, aos direitos humanos, à liberdade”. Os manifestantes exigem ainda a realização de inquéritos aos autores desse sistema e “de violações que correm o risco de ficar impunes”.

Ambiente—Um cargueiro encalhado num coral da No-va Zelândia partiu-se em dois após uma tempestade. O navio Rena, de origem gre-ga, tinha encalhado no coral de Astrolabe em outubro do ano passado, transportan-do 1733 toneladas de óleo. Na altura, ve-rificou-se o vazamento de 350 toneladas, matando quase 20 mil pássaros. Atu-almente e após ter-se partido em dois, a preocupação com um possível desastre ambiental aumenta, embora as autorida-des neozelandesas garantam que desta vez o dano será menor. certo é que a em-barcação ainda contém 400 toneladas de combustível. As equipas de emergência já estão preparadas para lidar com um pos-sível derramamento e com os riscos que a situação acarreta.

Melhor tecnologiado mundo—A CES, a maior feira de tecnologia do mundo, decorreu no último mês em Las Vegas, EUA, e é a última com a Microsoft enquanto protagonista. A Consumer Electronic Show trouxe este ano várias novidades ao nível de computadores ultrabooks e apresentou a evolução de chips ultra rápidos para smartphones e tablets. Destaque para os ultrabooks, que foram mostrados pela Intel no ano passado e que surgem consolidados, através de novos modelos com telas maiores e opções com gravador de DVD. No âmbito do universo Android, a CES 2012 deverá ser o primeiro certame a mostrar aparelhos com o sistema IceCream Sandwich, uma nova versão do sistema operacional móvel do Google, que servirá igualmente para smartphones.

Partido de Mandelafaz 100 anos—O Congresso Nacional Africano (CNA), partido do ex-presidente Nelson Mandela, comemorou o seu centenário em janeiro, no estádio de Free State, na cidade sul-africana de Bloemfontein. A cerimónia contou com a presença do atual presidente Jacob Zuma e assinalou a vigência do partido no governo sul-africano desde que se realizaram as primeiras eleições democráticas (1994), após décadas de luta contra o regime do apartheid. Milhares de pessoas assistiram ao evento que ficou marcado pela presença de dirigentes do partido e 14 chefes de Estado africanos que acenderam uma tocha na igreja de Esley, em Bloemfontein, local onde o partido foi fundado. A tocha viajará por todo o país para integrar os múltiplos eventos que serão realizados ao longo do ano. Desde a sua fundação, o CNA tem sido uma voz ativa na luta contra a dominação branca na África do Sul e conseguiu despertar a atenção da comunidade internacional para o regime racista que se viveu no país durante décadas.

Patrícia Alves TavaresMunDo

Migração—As celebrações do Novo Ano Lunar, na China, estão a colocar milhões de chineses a caminho de casa. É a maior migração interna do mundo e dura quase 40 dias. Só os comboios esperam 235 milhões de passageiros até meados de fevereiro. É um aumento de 6,1% em relação a 2011.

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in FoCoTexto Manuela Bártolo | Fotografia Manuel Gomes da Costa

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EconomiaibéricaFAZ AS MALAS—num ano de condições difíceis dada a crise económica e financeira que afeta a europa, espanha e portugal têm-se unido no esforço de se adaptarem às novas exigências do mercado mundial. a proximidade entre gestores e empresários ibéricos tem criado condições para uma maior aposta em áfrica, com angola a liderar os interesses luso-espanhóis. em entrevista à angola’in, enrique santos, presidente da câmara de comércio e indústria luso-espanhola (ccile), faz à análise do atual momento político e económico espanhol. um retrato crítico que se estende à análise do crescimento angolano e dos setores-chave na cooperação entre os três países.

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in FoCo

A brAços com A mudAnçAo novo Governo espanhol tencio-na combater a crise através de re-formas económicas, com destaque para a do mercado de trabalho. das medidas anunciadas, quais as que elege como mais importantes? A crise do desemprego é, de facto, o “calcanhar de Aquiles” de Espanha. Um país com 23% de taxa de desem-prego, o que equivale a 5,4 milhões de pessoas sem trabalho formal, ainda por cima num clima de recessão global, tem uma tarefa muito difícil de ultra-passar a curto prazo. Esta elevada taxa de desemprego obrigará o Governo a tomar medidas urgentes que ajudarão a combater esta situação, embora seja reconhecido que em Espanha há uma economia paralela que ocupa, segun-do algumas estatísticas, um número significativo, que pode mesmo ultra-passar 1 milhão de pessoas. Aliás, este problema não é exclusivo de Espanha, pois no caso de Portugal, por exemplo, acabamos de saber que a economia pa-ralela equivale a 25% do PIB. Como é óbvio, todas estas pessoas não pagam impostos, nem aplicam IVA, o que re-presenta um sério problema para as finanças dos Estados. Neste momen-to, o governo espanhol está em nego-ciação com os sindicatos e esperamos conhecer as medidas concretas que se-rão adaptadas. Não obstante, acabam de ser aprovadas algumas ações, como sejam, a manutenção integral dos sub-sídios de desemprego, a proteção dos desempregados e pensionistas - consi-derados setores mais necessitados -, a redução das infraestruturas da Admi-nistração Central do Estado, a redução em 20% dos subsídios atribuídos aos partidos políticos, aos sindicatos e às organizações empresariais, bem como o congelamento dos vencimentos dos funcionários públicos.

As empresas vão beneficiar de uma lei de apoio às novas iniciativas em-presariais, estando previsto, em si-multâneo, a alteração ao regime de IVA para que as PmE’s não tenham de pagar este imposto antes da co-brança das faturas devidas e o Irc seja reduzido para 20% para as pe-quenas empresas. Estas medidas são suficientes para alavancar o te-cido empresarial do país? A situação, desde logo, não é das me-lhores, como aliás acontece com grande parte das empresas em toda a Europa. No entanto, todas as empresas que nos últimos anos se foram adap-tando às necessidades dos mercados, através de uma reestruturação, estão hoje em melhores condições para en-frentar os desafios do futuro. Há, não obstante, um aspeto negativo que se re-fere à atual dificuldade das empresas em obterem financiamentos, apesar de, nos últimos dias, se ter observado uma maior facilidade na obtenção des-ses apoios. No aspeto competitivo, não tenho dúvidas de que a grande maio-ria das empresas espanholas tem expe-riência e know-how suficientes para competir favoravelmente no mercado internacional. Aliás, muitas empresas espanholas têm já presença em merca-dos que até há pouco anos eram prati-camente desconhecidos, como é o caso da China, da Rússia e da Índia.

PortuGAl, PortA dE ÁfrIcA A aposta espanhola no mercado angolano tem sido, em diversas si-tuações, realizada através de Por-tugal. Que análise lhe merece esta opção estratégica?Portugal representa para Espanha uma ponte para o mercado dos PALOP, tal como o mercado espanhol se apre-senta como uma ligação para a Améri-ca Latina. Neste sentido, torna-se, sem dúvida, imprescindível a conjugação de estratégias entre empresas de am-bos os países, de forma a facilitar a entrada nestes mercados, resultando destas sinergias conjuntas benefícios que seriam difíceis de alcançar por uma empresa que abordasse o merca-do isoladamente.

o conselheiro espanhol para a eco-nomia e comércio, manuel melero, reiterou na última fIldA a impor-tância de Espanha investir nou-tros setores para além do petróleo. Quais as áreas de maior crescimen-

to e interesse para as empresas es-panholas em Angola?Atualmente, o mercado angolano po-de ser interessante para as empresas espanholas em setores como a consul-toria, formação de quadros, turismo, construção e desenvolvimento de in-fraestruturas, assim como no setor da energia e das telecomunicações. Todos eles estão em crescimento em Angola e, portanto, podem ser setores-chave para o desenvolvimento de processos de internacionalização de empresas espanholas no mercado angolano.

o aprofundamento desta coopera-ção tem como objetivo superar os investimentos estrangeiros. Qual o montante a ser disponibilizado por Espanha para investimentos em Angola? O montante a ser disponibilizado pa-ra investimento em Angola neste mo-mento é difícil de definir uma vez que o Governo que acaba de tomar posse em Espanha encontrou uma situação económica com um déficit superior ao esperado (na ordem dos 8% em vez de 6%), tendo pois de tomar medidas urgentes que esperamos sejam divul-gadas na sua totalidade a curto prazo. Também o organismo responsável pe-lo crédito à exportação – CESCE – terá igualmente algo a dizer no que respei-ta às facilidades adicionais em relação ao comércio com Angola.

como classifica as relações bilate-rais com Angola? As relações bilaterais entre Espanha e Angola são e têm sido excelentes, com um desenvolvimento acentua-do nos últimos anos, embora já nos anos 1990 bancos espanhóis, nomea-damente o Banesto tenham mantido linhas de crédito com o Banco Nacio-nal de Angola. Eu próprio fui testemu-nha desta situação, já que durante esse período difícil para Angola negociei essas linhas de crédito, em nome do Banesto com o BNA. Posso, no entan-to, adiantar que as transações comer-ciais entre Angola e Espanha, no ano de 2010, totalizaram 770 milhões de euros (com um saldo claramente favo-rável para Angola), sendo que nos pri-meiros dez meses de 2011, totalizavam já 650 milhões de euros. Os principais produtos transacionados são pescado e marisco, matérias-primas e pedras naturais.

com eleições agendadas para este ano, Angola vive um momento ím-

‘As transações comerciais entre Angola e Espanha, em 2010, totalizaram 770 milhões de

euros, com um saldo claramente favorável para Angola

Texto Manuela Bártolo | Fotografia Manuel Gomes da Costa

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par. de que forma este aconteci-mento afeta a posição geo-política e económica do país no âmbito in-ternacional?Como compreenderá a situação po-lítica de Angola é um tema que com-pete exclusivamente aos angolanos comentar. No entanto, tudo o que seja referente a atos eleitorais que possam consolidar a democracia é bem-vindo e vão com certeza beneficiar o país e cimentar a sua imagem como um dos países mais desenvolvidos do conti-nente africano.

AlIAnçA IbérIcAQual a sua opinião sobre a atual si-tuação económica de Portugal?O que mais me preocupa além da cri-se em Portugal é a situação difícil do resto da Europa, onde vários países enfrentam igualmente uma situação complicada, o que afeta obviamente a performance das vendas portuguesas para esses países. Creio, no entanto, que Portugal tem condições, em par-ticular no norte do país, onde está lo-calizada maioritariamente a indústria, para se adaptar às novas exigências e enfrentar novos mercados, como por exemplo China, Brasil, Índia e Ango-la, com produtos mais competitivos tanto em qualidade, como em preço, como aliás se tem verificado nos últi-mos meses com incrementos acentua-dos das exportações portuguesas não só para Espanha, mas também para ou-tros países, em particular para Angola, mercado considerado estratégico para a economia portuguesa e também, co-mo é óbvio, para a espanhola.

Que comentário faz ao relaciona-mento económico e comercial en-tre ambos os países?Apesar de estarmos a viver um ciclo económico recessivo, as relações co-merciais e empresarias luso-espa-nholas continuam muito ativas e os números assim o demonstram. Por exemplo, o comércio bilateral supe-rou, nos primeiros nove meses de 2011, os 19 mil milhões de euros, dos quais 12.3 mil milhões são vendas espanho-las e 6.9 mil milhões são vendas por-tuguesas. Se compararmos estas cifras com o mesmo período de 2010 repre-senta um aumento, em termos globais, de 7% e mais de 18% em relação ao pe-ríodo homólogo de 2009. O nível de relações entre os dois países é de tal forma consistente e interdependente

Os valores das exportações

portuguesas para Espanha tiveram

um aumento de mais de 150%, algo

que nunca tinha acontecido

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Francisco Moraes Sarmentoin FoCo

que tem conseguido resistir às dificul-dades, sendo resultado do dinamismo que tem caracterizado as relações eco-nómicas e comerciais entre ambos, especialmente na última década, em que se assistiram a importantes inves-timentos em Portugal e Espanha.

A que se deve este incremento?Os dois países contam com fatores que são inegáveis vantagens com-petitivas frente a outros mercados, como são a proximidade geográfica e cultural, a dimensão, legislação e práticas comerciais similares, conhe-cimento mútuo e níveis de desenvol-vimento comparáveis, uma sintonia

‘Portugal deve ter um papel tanto como interlocutor e plataforma de apoio e investimento, como recetor de bens através, por exemplo, do Porto de Sines’

de interesses e uma visão do mundo e o respeito por valores, etc. É interes-sante assinalar também que recente-mente os “alarmes saltaram” quando as autoridades espanholas através do Departamento de Aduanas da Agên-cia Tributária e do ICEX (Instituto de Comercio Exterior) divulgaram que os valores das exportações portugue-sas para Espanha, no mês de Outubro, teriam ultrapassado os 1900 milhões de euros, representando um aumen-to de mais de 150%, facto que nun-ca tinha acontecido já que as vendas mensais de Portugal para Espanha os-cilam entre os 600 e os 700 milhões de euros.

como tem evoluído o investimento espanhol em Portugal e quais os se-tores de aposta entre ambos os pa-íses? A CCILE realizou nos primeiros meses do ano de 2011 um estudo sobre a pre-sença de empresas espanholas em Por-tugal, com o qual concluiu que existem cerca de 1600 empresas espanholas no país, que representam um volume de negócios de mais de 16 mil milhões de euros, ou seja, aproximadamente 8% do PIB português. No que à faturação diz respeito, é no setor petrolífero que se nota a presença mais forte de capital espanhol, através da Repsol e da Cep-sa. O segundo setor mais importante é o do comércio e distribuição, com des-taque para o grupo Dia Supermerca-dos, a cadeia El Corte Inglés e o grupo Inditex. A banca é outra das áreas com grande presença de capital espanhol, destacando-se o Santander Totta, se-guido do Banco Popular e do BBVA. A Prosegur, com um crescimento consi-derável nos últimos anos, tem-se con-solidado como uma das empresas de capital espanhol com maior número de trabalhadores, sendo um dos cinco maiores empregadores em Portugal. Em sentido contrário, se comparar-mos com o que existia há 25 anos atrás, a evolução do investimento português em Espanha tem sido muito rápida. Se-gundo o último estudo realizado pela CCILE sobre a presença de empresas portuguesas em Espanha atualmente existem cerca de 450 empresas de ca-pital português no país. A maioria dos grandes investimentos é da responsa-bilidade dos grandes grupos económi-cos portugueses, como a EDP, a Galp, a Cimpor, a Sovena, a Sonae e o Grupo Amorim, havendo a destacar também a banca com a Caixa Geral de Depósi-

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As empresas espanholas em Portugal representam um volume de negócios de mais de 16 mil milhões de euros, aproximadamente 8% do PIB. Espanha vende mais a Portugal que para toda a América Latina e Canadá em conjunto

tos, o Banco Espírito Santo e o Grupo Banif. Contudo, nos últimos anos, ou-tros grupos têm vindo a apostar for-temente no mercado espanhol como é o caso do Grupo Delta, Renova, Luís Simões, Barbosa e Almeida, CIN, Logo-plast, Bial, etc., assim como empresas de base tecnológica como a Ydreams, Altitude, Newvision, etc. e um ou ou-tro grupo do setor da construção e en-genharia cada vez com maior presença no mercado espanhol.

como interpreta os interesses es-panhóis no mercado português e quais as áreas que considera terem maior capacidade de atração de in-vestimento?A evolução, ao nível de investimentos brutos espanhóis em Portugal (não considerando os desinvestimentos), ultrapassou, nos primeiros oito me-ses do ano de 2011, os 4 mil milhões de euros, sendo já 48,9% superior aos registados no mesmo período de 2010. Poderia apontar outros exemplos, mas destacaria o bom desempenho do tu-rismo, atividade com um forte peso nas relações bilaterais. Por exemplo, neste último verão (junho, agosto e setembro), Portugal conseguiu ultra-passar as 10 milhões de dormidas de turistas estrangeiros e o mercado es-panhol deu um contributo muito im-portante, com um aumento de 8% em relação ao ano passado.

no seu entender, Portugal ofere-ce no presente boas condições ao investimento estrangeiro, desig-nadamente no que concerne aos in-centivos fiscais?Portugal pela sua situação estratégica, entre a Europa e as Américas pode e deve desempenhar um papel impor-tante, tanto como interlocutor e plata-forma de apoio e investimento, como recetor de bens através, por exemplo, do Porto de Sines, local onde entida-des chinesas já demonstraram interes-se em investir, reconhecendo assim a importância da localização estratégica do país. No que se refere aos incentivos fiscais, com a mudança recente de Go-verno, esperamos que se concretizem novas medidas a adaptar em circuns-tâncias de clima económico adverso.

o caminho da aliança ibérica em se-tores-chave no mercado internacio-nal é uma mais-valia que defende?

Sem dúvida. As alianças quando van-tajosas para as partes são muito im-portantes, independentemente da sua origem geográfica. Existem excelentes exemplos de parcerias luso-espanho-las como é o caso da parceria entre a Caixa Geral de Depósitos e o Banco Santander em Angola, para além de parcerias em áreas como a constru-ção, engenharia, energia, banca, etc. O mercado ibérico será aquilo que Por-tugal e Espanha souberem e forem ca-pazes de fazer. Num mundo cada vez mais globalizado, a construção de um mercado ibérico faz todo o sentido e é o processo natural de desenvolvimen-to dos mercados, tirando partido das vantagens competitivas que existem, nomeadamente a proximidade. Exem-plo disto foi o desenvolvimento de al-guns grupos económicos e até PME, que nos últimos anos têm alcançado dimensão suficiente para competir fo-ra, crescendo no mercado ibérico.

CArA E CoroAPortugal450 empresas em espanha_Presença marcada Pelos grandes gruPos económicos Portugueses EDP; GalP; CimPor; SovEna; GruPo amorim

BancaCaixa GEral DE DEPóSitoS; BanCo ESPírito Santo; GruPo Banif

emPresas com cada vez maior exPressãoGruPo DElta; rEnova; luíS SimõES; BarBoSa E almEiDa; Cin; loGoPlaSt; Bial

na áreas das novas tecnologias YDrEamS; altituDE; nEwviSion

Espanha 1.600 empresas

em portugal_

Petrolífero Repsol e Cepsa

ComérCio e serviçosgRupo Dia

supeRmeRCaDos;gRupo inDitex;

CaDeia el CoRte inglés

BanCa Com Presença de CaPitais esPanhóis

santanDeR totta; BanCo populaR; BBVa

segurança PrivadapRoseguR

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GUINé-bISSAU,

uM PAíSADiADo

Francisco Moraes SarmentoEConoMiA & nEgÓCioS [diplomacia política]

O impasse político que se vive na Guiné-Bis-sau passa pelo desacordo que existe entre os diversos organismos internacionais que acompanham a situação guineense. O pomo da questão é a Comunidade Eco-nómica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), na qual a influência da Nigéria é determinante. Este país não aceita que sejam os guineenses a liderar a “task force” que monitorizará a estabilização do país e desconfia da presença da missão angolana enquadrada nas relações bilaterais entre Angola e Guiné-Bissau. Estas são as ra-

zões apontadas para a não assinatura de um memorando de entendimento sobre a reforma dos setores da defesa e seguran-ça na Guiné – Bissau. O documento seria a plataforma para a normalização da socie-dade guineense.

Triângulo africanoOs nigerianos “dividiram” o continente africano em três grandes áreas de influ-ência para os principais líderes regionais: a Nigéria dominaria o lado Ocidental; An-gola a área Central e a África do Sul a zona

Austral. Um “mapa” geopolítico que cho-ca com outros interesses, nomeadamente a chamada “Àfrica lusófona” que se reúne na Comunidade dos Países de Língua Por-tuguesa (CPLP).Tanto a Guiné-Bissau como Cabo Verde, membros deste organismo, localizam-se na área geográfica que os nigerianos consideram a sua zona de influência. A “divisão” conta ainda com dificuldades suplementares quando é certo que alguns países da região pretendem aderir à CPLP. Recorde-se que Georges Chikoty, minis-

—bacai sanhá, presidente da guiné-bissau, faleceu há menos de um mês, deixando o rumo do país nas mãos de uma liderança provisória. o impasse político é antigo e volta a estar na agenda internacional.

1980 Luís Cabral Interrompido por um Golpe de Estado liderado por Nino Vieira em 14 de novembro de 1980

a guiné-bissau tem uma particularidade: até agora nenhum presidente eleito conseguiu chegar ao fim do mandato desde a abertura do multipartidarismo em 1991. nino vieira e Kumba ialá sofreram golpes de estado em 1998 e 2003; nino vieira foi assassinado em 2009 e malam bacai sanha faleceu no início do ano. desde a independência do país, em 24 de setembro de 1973, houve 12 presidentes e só quatro foram eleitos.

A MAlDição DoS PrESiDEntES

1999 maio de 1999 Ansumane Mané delega a presidência a Malam Bacai Sanhá que liderava o parlamento

19997 de maio de 1999 Ansumane Mané assume interinamente a presidência na sequência de uma rebelião que durou quase um ano

19841984 Nino Veira cede temporariamente o cargo à dirigente “histórica” do Partido Africano da In-dependência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Cár-men Pereira. Nino Vieira retomou a presidência a 6 de maio de 1984

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tro das Relações Exteriores, deslocou-se no último mês à Nigéria e ao Gana para convocar os países das diversas comuni-dades para participarem na estabilidade da Guiné-Bissau.

financiar a guinéUm dos aspetos decisivos para a norma-lização da vida guineense é a desmobili-zação dos militares, operação que tem custos e cujo financiamento tem sido pro-metido, mas tarda em chegar ao terreno. Um dos financiadores mais importante é precisamente a CEDEAO que prometeu ajudar com cerca de 60 milhões de dólares. Este atraso está a ser utilizado como forma de pressão para que a liderança nigeriana seja aceite pelos organismos internacio-nais, nomeadamente pelas Nações Uni-das, União Europeia e CPLP, entre outros. Até ao momento, e no âmbito das rela-ções bilaterais, Angola mobilizou cerca de centena e meia de efetivos militares para a Guiné, com o acordo da comunidade in-ternacional. É aliás o único país, além de Portugal, que tem alguns conselheiros com presença no terreno. Outra questão que alimenta este impasse é a presença angolana no terreno, basea-da nas relações bilaterais, embora o país presida à CPLP. O certo é que pelo menos formalmente não houve qualquer pedido a este organismo para intervir com forças no terreno, nem há garantia de que esse pedido seria aceite.

Por outro lado, historicamente, os diri-gentes angolanos sempre preferiram de-senvolver relações bilaterais e só, muito recentemente, começaram a adotar o mul-tilateralismo na política externa. Esta alte-ração deve-se principalmente à integração do país na economia global e à pretensão angolana de se afirmar como líder regio-nal, algo que só acontecerá através do de-senvolvimento de relações mutilaterais e com o apoio das potências mundiais e or-ganismos internacionais.

relacionamenTo com angolaA demora na assinatura do referido docu-mento tem gerado algumas apreensões junto das autoridades angolanas. José Eduardo dos Santos, presidente de Ango-la, sublinhou, em novembro do ano passa-do, a necessidade urgente de solucionar o assunto. O responsável apelou para que Portugal, que detém a presidência do Con-selho de Segurança da ONU, encetasse di-ligências ao nível do continente africano para desbloquear a situação. A “frente” portuguesa tem-se desenvolvi-do ao nível da União Europeia e de outras

instâncias internacionais, no sentido de evitar o isolamento politico e económico da Guiné-Bissau e apoiando a operação angolana “sem beliscar os seus compro-missos assumidos internacionalmente”. No terreno, a normalização da situação co-nheceu novos engulhos: a 26 de dezem-bro, quartéis foram atacados por militares, num momento em que o presidente de então, Malam Bacai Sanha, se encontrava hospitalizado em Paris e se preparava uma desmobilização para janeiro. A revolta, classificada como uma intentona por uns e como um golpe de Estado por outros, foi condenada por todos os envolvidos na resolução da situação político-militar, com apelos ao cumprimento da legalidade de-mocrática.Entretanto, Malam Bacai Sanha faleceu a 17 de janeiro, aumentando os receios quanto à deterioração da situação e ao prolonga-mento do impasse relativamente à assina-tura do memorando de entendimento. Não obstante, dois aspetos têm evitado o pior: o civismo da população que “come-ça a estar farta da contaste instabilidade politica e militar” e o consenso dos parti-dos quanto à realização de novas eleições presidenciais. A presidência é ocupada interinamente por Raimundo Pereira, da Assembleia Nacional Popular, que tem mantido conversações com as forças políticas para marcar o ato eleitoral, uma atitude que tem sido acompa-nhada pelas instâncias internacionais e que tem contribuído para que se mantenham em vigor todos os acordos assumidos.

‘A assinatura do memorando de entendimento sobre a reforma dos setores da defesa e segurança seria a plataforma para a normalização da sociedade guineense’

‘Dois aspetos têm evitado o pior: o civismo da população e o consenso dos

partidos quanto à realização de novas eleições presidenciais’

2012 Janeiro de 2012 Raimundo Pereira regressa à presidência interinamente até a realização de eleições presidenciais antecipadas

2009junho de 2009 Bacai Sanhá ganha a presidência em eleições. Faleceu em Paris, vítima de doença, em janeiro último

20093 de março de 2009 Raimundo Pereira assume interinamente o cargo de chefe de Estado.

20051 de outubro de 2005. Nino Veira ganha a presidência. É assassinado

2003 outubro 2003 Henrique Pereira Rosa lidera o país até a realização de eleições, que ocorreram em Junho de 2005

200314 de setembro de 2003 Rebelião, liderada por Veríssimo Correia Seabra, depõe Kumba Ialá

200017 de fevereiro de 2000 Kumba Ialá, líder da maior força da oposição, o Partido da Renovação Social (PRS), venceu as eleições em janeiro de 2000.

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Patrícia Alves TavaresMArCAS iD

A sua identidade é indissociável do nome do país. A sua imagem transporta familia-ridade, satisfação, relevância, lealdade e comprometimento. Cinco elementos que lhe valeram a distinção da Superbrands, que no ano passado considerou o logóti-po da companhia como o mais apreciado mundialmente.A escolha da cabeça de uma Palanca Ne-gra não poderia ter sido mais acertada. Um exemplo de uma empresa que tem vindo a solidificar-se e criar uma imagem de credi-bilidade junto do seu público-alvo. Parte desse sucesso deve-se a uma boa estraté-gia de marketing assente num logótipo for-te, que representa um animal único, que é símbolo de resistência e de paixão pela vida.

idenTidade de um povoQuando se pensa na Palanca, a memória vi-sual associa-a imediatamente a dois contex-tos: o futebol e a aviação. O símbolo nacional, o antílope de Malanje, que não se encontra em nenhuma outra parte do mundo, foi a op-ção da TAAG para o logótipo da companhia. Uma escolha inteligente, naturalmente liga-da à Seleção Nacional de Futebol, que re-presenta o desporto mais acarinhado pela maioria da população.A escolha de um símbolo histórico e cultural representa um conjunto de valores identitá-rios que falam por si. A imagem da Palanca Negra gigante da TAAG, uma cabeça de ma-cho adulto, fala por si só. É indissociável do país e dos seus valores. É uma bandeira que é reconhecida em qualquer parte do planeta.

reesTruTuração profundaAtentos aos avanços das maiores compa-nhias de aviação mundiais, a TAAG continua a procurar acompanhar os avanços da tec-nologia e posicionar-se na vanguarda das empresas africanas. Recentemente, inaugurou um canal de aten-dimento ao cliente. O Call Center, bem como a melhoria do Website (que já permite efe-tuar reservas online), promete servir mais de um milhão de passageiros. Procurando satisfazer o maior número de clientes possível e captar novos interessa-

dos, os dois serviços passam a disponibili-zar um canal de informações e reclamações. A resposta é dada em tempo real, tornando o serviço bastante eficaz. De forma simples e imediata, o cliente pode ainda pesquisar pormenores do seu voo, como origem, es-calas, destino, datas e preçário. Tudo sem sair de casa. A companhia está a colocar em prática um plano de reestruturação, que começou em 2008 e está a dar os seus frutos. A TAAG inaugurou rotas, apostou em novos serviços e em campanhas fortes de interagir com os seus clientes. Aliás, a comunicação externa tem sido fundamental para dar a conhecer pelo mundo fora as novas rotas da empresa. Recentemente, Lisboa foi palco de uma cam-panha inédita, que despertou a curiosidade dos mais distraídos. As campanhas publicitárias têm assumido maior intensidade e a aposta nas redes so-ciais tem sido a estratégia delineada para espalhar a mensagem pelos quatro cantos do planeta. A escolha de imagens que são o símbolo de cada destino tem causado bas-tante impacto, sobretudo nas redes sociais.A promoção das novas rotas com figuras icónicas das regiões vai de encontro à raiz identitária da marca. O potencial cliente identifica-se ao ver a paisagem ou símbolo da sua cidade e naturalmente pára para ver do que se trata.

É DOS nOmES mAIS COnhECIDOS A nívEL IntErnACIOnAL. A trAnSPOrtADOrA AÉrEA nACIOnAL tAAG É ExEmPLO DE umA APOStA GAnhA nO POSICIOnAmEntO DE umA mArCA.

Marca coM ADN próprio

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mealheiro giganTeNo último Natal, a TAAG lançou uma ‘ope-ração de charme’ no Centro Comercial Co-lombo, em Lisboa, Portugal. A companhia apresentou um mupi com 745 moedas ver-dadeiras de um euro. O objetivo: divulgar o preço e a viagem Lisboa-Luanda. O efeito foi igualmente o desejado: muitos olhares curiosos à volta das moedas. Afinal todos queriam perceber se de facto eram ver-dadeiras. A criatividade da campanha natalícia va-leu a esta rota da companhia uma elevada notoriedade. A iniciativa foi divulgada em vários órgãos de comunicação. O anún-cio, que teve como finalidade comunicar a promoção daTAAG para o voo Lisboa-Luanda, foi mais uma ação que visa a construção de uma imagem positiva da TAAG que continua a dar passos firmes no processo de inova-ção, no sentido de se tornar numa com-panhia mais moderna e mais atenta aos seus clientes.A concepção do mupi especial ficou a car-go da Executive Center, uma agência de publicidade angolana. Uma forma de mos-trar que o que é nacional é bom. A obra foi criada na terra das Palancas, contou com a ajuda de criativos portugueses e foi imple-mentada em Portugal, com a produção da JDCecaux Innovate.

‘um mupi com moedas verdadeiras foi instalado num dos principais centros comerciais da capital portuguesa para divulgar os novos preços da ligação aérea Luanda-Lisboa’

saBia qUe…A TAAG tem em curso,

desde 2008, um Programa de Refundação,

baseado numa visão estratégica.

O prOjetO tem quatrO vetOres de atuaçãO:

› excelência operacional;› excelência comercial e de

serviço ao cliente;› excelência operacional;

› excelência organizacional

ImAGEnS DE mArCADizem que uma imagem

vale mais que mil palavras. Inspirada nesse mote, a

TAAG tem-se inspirado nos ex-líbris de cada destino para divulgar e publicitar

os seus voos. Por exemplo, a recente criação da ligação Porto-Luanda deu origem a uma campanha inspirada

na ribeira portuense. A imagem de fundo é o rio

Douro (o rio histórico que banha a cidade) e os barcos

rabelos (embarcações típicas da região).

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João Duarte CEO YoungNetworkMArCAS iD

1.Contar uma história. Cada marca deve contar a sua história, misturar ingredientes de ação, suspense e amor. E a história é para contar muitas vezes, a muitas pessoas diferentes, utilizando os vários meios de comunicação, sejam eles de massas ou de nicho. A história deve ser verdadeira, consistente e contínua.an

go

la é

‘all

in’

2.Escolher um narrador. A história necessita de um narrador principal. E deve ser o PCA – a reputação das empresas depende em 87% da reputação do PCA. Os leitores e ouvintes precisam de se habituar à mesma voz e à mesma figura. Facilita a memorização e a associação pessoa-marca, para além de garantir a coerência da mensagem.

3.Ler capítulo a capítulo. A história quer-se longa e com interesse. Tem de ser um romance que agarre, daqueles que, quando se pega, não se consegue parar mais de ler. Não é para contar tudo de uma vez. Página a página, capítulo a capítulo.

4.Ter a caneta na mão. A história não está toda escrita. É preciso mantê-la interessante, coerente e deixar o livro em aberto. Continuar de olhos atentos e ouvidos apurados para absorver todos os detalhes e, assim, editar um livro mais sumarento.Estes quatros ingredientes bem misturados serão a base das marcas angolanas. Devem ser aplicados de forma a puxar pelo brio e pelo orgulho angolano. Em mês de CAN, onde vimos um portentoso golo de Manucho a inaugurar a participação de Angola na prova, maiores razões temos para confiar nas nossas marcas.

De frente para a Baía de Luanda, ginguba na mesa e um fino Cuca na mão… sou feliz. Tiro uns apontamentos e em simultâneo tento recriar virtualmente o que será a nova cara de Lu-anda, uma nova cara gizada para a Baía. Enquanto não chegam os dias da ressurreição deste símbolo de todos os luandenses, e de todos os tempos, tento ficar com a memória fotográfica do dia de hoje. A temperatura é quente e a humidade transpira, enquanto a capital, frenética, continua a sua marcha quotidiana. Angola? Angola é Luanda. Angola é quente. Angola é Cuca, é o prédio da Cuca, é ginguba, é Sonangol, é TAAG, é palanca, é Serra da Leba, é Namibe, é Cabinda, é Quedas de Kalandula, é futebol (claro!), é selecção, é Mantorras, é basquetebol, é Miradouro da Lua, é Paulo Flores, é Pepetela… é tudo isto somado e muito mais. Os valores identitários de um país estão intimamente relacionados com as marcas que fize-ram a sua história e as que farão o seu futuro. A par da língua serão porventura o elo mais forte na união de um povo e na definição do que é uma nação. As marcas constroem a iden-tidade de um país e um país projeta-se nas suas marcas. Angola tem hoje marcas globais como Sonangol e TAAG. São indissociáveis do país. E a res-ponsabilidade destas marcas vai muito para além das suas operações específicas. Transpor-tam os valores do país no seu ADN, pelo que a sua correta gestão, dentro e fora de portas, é crucial para a comunicação interna e externa de Angola. São bandeiras que, bem utiliza-das, se transformam em poderosos instrumentos para a gestão de reputação de uma nação.

“Os valores identitários de um país estão intimamente relacionados com as marcas que fizeram a sua história”

pArA ANgolA retirAr o melhor proveito DAs suAs mArcAs bANDeirA, elAs Deverão cumprir quAtro poNtos fuNDAmeNtAis:

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A todo o vApor Patrícia Alves TavaresSoCiEDADE

a caminho do BiéForam 27 anos de espera. Uma longa pausa para os benguelenses e os vizinhos do Huambo, do Bié e do Moxico. A obra mais importante tanto a nível social como económico tardou em chegar, mas é um ca-so de sucesso. Os Caminhos de Ferro de Benguela (CFB) foram ativados a 30 de agosto, com início da carreira Lobito/ Huambo, inicialmente às terças e quintas-feiras. Diariamente, circulam naquele tro-ço mais de 250 passageiros e mercadorias de todo o género.Atualmente decorrem viagens experimentais entre o Lobito e o município do Kuito, no Bié. O objetivo

passa por alargar o trajeto a esta região ainda no decorrer do ano. Até abril, prevê-se que a compa-nhia chegue a Luena, capital do Moxico.

Sinal da descentralização administrativa das pro-víncias é a maior liberdade decisória. Autonomia que se traduz na captação de investimentos es-trangeiros e numa melhor distribuição dos servi-ços prestados aos cidadãos.

Concluída a via ferroviária, o CFB ganha 1.348 qui-lómetros de via, atravessando o Huambo, o Bié e o Moxico, ligando o leste do país.

30 FEVEREIRO 2012

MetAspArA 2012

Generalização do saneamentoRecuperação dos espaços verdes

Alargar a assistência médica a zonas mais distantes do município

Aumentar número de infraestruturas na educação

Benguela, principal pólo de desenvolvimento do centro e sul do país, vai palmilhando o seu trajeto rumo ao crescimento. Sem pressa, mas de forma sustentada.

À lupACapital: BenguelaÁrea: 39.826 km2

Habitantes: 155.000Atividades: agricultura,

pesca e indústria pesqueira

Angola é muito mais que Luanda. O desenvolvi-mento fervilha em cada pedaço de terra, em cada uma das suas 18 província. À sua dimensão todas merecem uma atenção especial. A Angola’in foi a Benguela, uma das regiões mais promissoras, que cresce ao ritmo de cada apitadela de comboio, a for-ça motriz da economia local que é já uma realidade.

Dinâmica, a província afigura-se apelativa para a industrialização e um conjunto de atividades. Fato-res que já despertaram o interesse dos investidores estrangeiros, cada vez mais apaixonados pela ideia de descentralização da economia.

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699 navios em loBiToOs investimentos no Porto Comercial de Lobito transformaram-no numa estrutura capaz de in-fluenciar o desenvolvimento de vários setores da economia. Com a circulação plena dos CFB espera-se que a real capacidade da empresa seja empre-gue a 100%.

Em poucos anos, assistiu-se à ampliação da ponte cais, à pavimentação da área e respetiva ilumina-ção e à criação de uma linha férrea para escoar as mercadorias. O porto seco está em curso. Certo é que, só no último ano, a infraestrutura recebeu 699 navios, que permaneceram uma média de dois dias no cais para carga e descarga. O número equivale a uma movimentação de mais de 2700 mil toneladas de mercadorias.

Com a entrada dos bens necessários para a região e a saída dos excedentes de produção facilitada, o Governo acredita num crescente impulsionamento do desenvolvimento do centro e leste do país. Nes-te contexto, os meios portuários e terrestres são mais preciosos que as ligações aéreas existentes. Tal significa inevitavelmente uma maior integração na SADC. Afinal, a ligação ferroviária vai ligar o lito-ral ao leste até à fronteira com a Zâmbia.

invesTimenTo mulTinacionalCatumbela, em Benguela, é a segunda região mais importante nas unidades de negócio. Numa econo-mia ainda demasiado dependente do setor petrolí-fero e em menor escala do diamantífero, o pólo de Benguela é uma bolsa de ar fresco. Entre 2010 e 2011 ganhou 19 fábricas, entre elas a TV Cabo e a fábrica de cerveja da Cuca.

O programa de criação de pólos industriais tem sido implementado pelo Governo. No entanto, a participação privada tem aqui um grande peso, sobretudo ao nível da criação de empresas.

Para a região está prevista a implementação de cerca de uma centena de projetos empresariais, que vão representar um acréscimo considerável de postos de trabalho. A razão do sucesso deve-se às acessibilidades rodoviárias da região e à recente rede ferroviária.

Região fértil, detentora de infraestruturas adequa-das ao desenvolvimento industrial, são várias as grandes companhias que têm preferência por es-tas terras. Basta olhar para a Sonangol. A constru-ção da refinaria do Lobito promete impulsionar as restantes atividades económicas.

A expectativa é grande. A obra representa a criação de milhares de postos de trabalho diretos e indire-tos, nomeadamente para os jovens. O equipamento terá capacidade de refinação de 200 mil barris por dia e arrancará em 2015.

solo férTilArmando da Cruz Neto ocupa a cadeira do governo provincial. Uma das suas preocupações passa por trazer para a sua comunidade propostas que diver-sifiquem a balança comercial.

O governador cedo percebeu que a província pode assumir-se como alternativa para a implementação de setores da economia que não dependam do pe-tróleo. A agricultura é um desses casos. Este ano, o Executivo local vai continuar a disponibilizar meios materiais e financeiros aos agricultores.

A maioria das famílias depende do cultivo da terra e o acesso ao micro-crédito continua a ser imperio-so. É junto ao rio que se encontram os solos mais

férteis. Parando no planalto Sudoeste facilmente se compreende a potencialidade das terras de Ben-guela. As extensas áreas de pasto surgem interca-ladas pelas diversas plantações.

Cana-de-açúcar, algodão, café, milho, batata, fei-jão, leguminosas e frutos, tudo floresce nesta re-gião. Propícia às mais variadas culturas, a província produz de tudo um pouco. A chegada do comboio veio solucionar mais um problema: o escoamento da produção.

673 salas Este será o ano da melhoria da qualidade de vida nos dez municípios da província. A maior atenção ao sistema de ensino é apenas o primeiro indício. O Executivo deu início a um programa de cinco anos que visa a redução do défice de escolas e salas de aula que ainda assola a província.

O governador prometeu construir ao longo do ano 69 escolas, o que representa um acréscimo de 673 salas de aula a serem distribuídas pelos diferentes graus de ensino. Cerca de três dezenas de unidades escolares serão igualmente reabilitadas.

O Ensino Superior também tem uma forte presença na província. Graças ao Programa de Desenvolvi-mento do Ensino Superior da Província de Bengue-la, a província tem cinco universidades, uma das quais pública.

No próximo mês, o Campus Universitário da Ca-tumbela, afeto à Universidade Katyavala Bwila fica concluído. O espaço vai albergar inicialmente 720 alunos.

50% é valor que a educação absorve

da quota financeira do município

15.402 alunos nas universidades, sendo que

6.106 estão no público

699navios no Porto de Lobito em 2011

o sistema de ensino regular tem 1148 escolas e 25115 professores.No ensino superior, existem 48 cursos, divididos em 23 faculdades.

‘o pólo de Benguela é uma bolsa de ar fresco. Entre 2010 e 2011 ganhou 19

fábricas, entre elas a tV Cabo e a fábrica de cerveja

da Cuca’

‘Com a circulação plena dos CFB espera-se que a real capacidade do Porto de Lobito seja empregue a 100%. no ano passado

movimentou mais de 2700 mil toneladas de

mercadorias’

FEVEREIRO 2012 31

Sabia que…{

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{{Patrícia Alves TavaresSoCiEDADE

o que levou a anmp a desenvolver gemina-ções com municípios angolanos? Renovar e fortalecer laços antigos de um re-lacionamento muito especial é o grande pro-pósito – entre outras formas de colaboração -- dos acordos de geminação que os municípios portugueses têm vindo a ratificar com diversas Coletividades Territoriais suas irmãs, designa-damente de Angola. Por outro lado, o amplo movimento de coope-ração entre o poder local luso e os seus congé-neres de África e de expressão lusíada é, desde logo, a emanação espontânea do sentir e das aspirações dos seus povos, a que os represen-tantes eleitos locais dão conteúdo prático.

nota um interesse crescente dos municípios na execução destes protocolos?Os municípios são os principais atores no ter-reno. Estão mais próximos dos anseios e aspi-rações das populações, são mais conhecedores do urgente e do inadiável. Eles relevam-se tam-bém a favor da cooperação descentralizada, que defendemos, e mostram uma indesmen-tível capacidade de “fazer obra e já”, com ra-pidez e eficácia.

Qual o papel da associação neste processo?O que pretendemos através das geminações – e os municípios são as instâncias mais bem preparadas para fazer a cooperação, é ser par-ceiros de primeira linha. Desejamos estar na vanguarda de políticas que procuram a unida-de de esforços que conduzam a um crescente desenvolvimento e a uma maior qualidade de vida para as nossas populações. Nesta confor-

midade, a ANMP fomenta, incentiva e apoia os processos de geminação, sendo que a compe-tência para a sua formalização pertence às Câ-maras e Assembleias Municipais.

no âmbito desta cooperação, existem áreas privilegiadas de atuação? O processo de geminação assenta no interesse e oportunidades mútuas. Dada a dinamização do relacionamento com Angola, é expectável que este movimento frutifique no futuro ime-diato, com o impulso das relações económicas, empresariais, institucionais e políticas entre os dois países.

Quais os custos anuais para a anmp?A ANMP não tem custos de natureza pecuniária. Faz parte das políticas da associação impulsio-nar e dinamizar a cooperação descentralizada, no âmbito das suas competências e atribuições, sufragadas em sucessivos Congressos.

Tendo em conta a crise económica que asso-la os municípios, as geminações existentes ficam em risco?A crise económico-financeira que fragiliza, sobremaneira, os municípios é um constran-gimento e um entrave à cooperação descen-tralizada em geral. Todavia, a cooperação tem outros instrumentos e meios – nomeadamente a dinâmica empresarial dos municípios e a so-ciedade civil – que aligeiram tal condicionante, não sendo de menosprezar, antes pelo contrá-rio, os interesses e a energia da contraparte angolana na operacionalização dos acordos subscritos.

1988 2007

Os laços de amizade ultrapassam fronteiras. A cooperação descentralizada entre municípios de países distintos mantém vivo o espírito de autonomia dos agentes locais. Angola é parceira de vários países, como Portugal, Brasil, Cabo Verde ou Moçambique. No caso português, existem 20 municípios lusos geminados com várias províncias. Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, explica as razões do sucesso deste movimento.

Geminações

“Queremos ser parceirosde primeira linha”

fot

o ®

DR

bloCo DE notASGeminações Portugal - AngolaAlcobaça - CacuacoAlmada - Porto AmbuimAmadora - HuamboCaldas da Rainha - HuamboCascais - BenguelaCastelo Branco - HuamboLisboa - LuandaLoulé - BenguelaMatosinhos - LuandaOeiras - BenguelaOliveira do Bairro - BenguelaPorto - LuandaSalvaterra de Magos - CelaSantarém - LubangoSão João da Madeira - Viana Serpa - UígeSintra - LobitoVale de Cambra - LuandaValongo - Luanda

primeira geminação entre municípios portugueses e angolanos

Data da última geminação

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FEVEREIRO 2012 33

Nome

Atividade/profissão Empresa

Morada cód. Postal

Telefone E-mail

contribuinte Data nascimento

A SuA rEviStA, AgorA CoM MAiS noviDADES!

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ANGOLARua Rainha Ginga, nº 228, 2º andarMutamba - LuandaTLM. (+244) 923 416 175 | (+244) 923 602 924

PORTUGALParque Tecnológico Inova.GaiaAv. Manuel Violas, nº 476 . Sala 214410-136 São Félix da MarinhaTLF. (+351) 22 243 19 02

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Patrícia Alves TavaresSoCiEDADE

cronologia2003 – Início da ampliação da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano para o continente americano

2005 – Treze países assinaram a Carta de Brasília que estabelecia a criação da Rede Latino Americana de Bancos de Leite Humano

2008 - Aprovação do “Projeto para Implantação de Rede de Bancos de Leite Humano nos Países da CPLP”

2011 – Abertura do BLH em Angola e Cabo Verde

2012 – Angola abrirá o segundo BLH, no Huambo

mãEsdElEItE—Huambo é a segunda província a aderir aos Bancos de Leite Humano. Após a abertura da unidade na maternidade Lucrécia Paim, em Luanda, o Hospital de Caála prepara-se para inaugurar o segundo espaço, já em junho. O objetivo é ambicioso: assumir-se a médio/ longo prazo como referência na recuperação nutricional de recém-nascidos.

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A direção da maternidade decidiu integrar o programa após concluir a reabilitação das suas instalações, onde reservou uma área para acolher o BLH. A equipa adstrita à uni-dade conta com a colaboração dos bom-beiros, que irão assegurar o transporte do material oriundo dos diversos municípios. “Vamos ter o apoio deles e poderemos ter um stock permanente”, frisou a médica es-pecialista Elisa Gaspar. A implementação desta unidade é um desejo antigo dos res-ponsáveis da maternidade, que reconhe-cem a importância deste organismo, já que muitas mulheres que são mães pela primei-ra vez têm problemas com a amamentação.

Por outro lado, antes da entrada em fun-cionamento do BLH, os bebés prematuros recebiam leite artificial. A substituição por leite humano permitirá o melhor desenvol-vimento físico e cognitivo das crianças. “É como se fosse uma vacina, porque torna-os imunes a muitas doenças”, esclareceu a médica responsável.

IdEIA brAsIlEIrA A ideia nasceu no Brasil e foi inicialmente implementada nos estados daquele país da América do Sul. O projeto, a cargo da Rede de Banco de Leite Humano (BLH), foi alargado e atualmente detém 202 bancos de leite em operação, abrangendo 23 paí-ses (três africanos – Angola, Cabo Verde e Moçambique; um europeu – Espanha e os restantes na América Latina).

O BLH é o maior e mais complexo do mun-do. Anualmente, cerca de 150 mil litros de leite humano pasteurizado com qualidade certificada são distribuídos a mais de 135

mil recém-nascidos internados em unida-des de terapia intensiva ou semi-intensiva. O processo envolve a participação de 115 mil mães que voluntariamente integram o pro-grama de doação. “Dado o reconhecimento mundial da iniciativa brasileira, o Brasil as-sumiu a liderança nessa área, exportando um conjunto de tecnologias com custo bai-xíssimo, mas que beneficiam mais de 173 mil recém-nascidos abaixo do peso”, explicou Aprígio Almeida, coordenador do projeto. As tecnologias foram desenvolvidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e são os maiores especialistas nesta matéria.

Em 2008, o trabalho de cooperação inter-nacional foi alargado a países membros da CPLP. O plano tem como finalidade apoiar o aleitamento materno, coletar e distribuir leite humano, contribuindo para a redução da mortalidade infantil.

APoIo AbrAnGEntEA cooperação técnica entre o Brasil e Angola conta com algumas décadas, em que a na-ção carioca tem sido uma aliada na formação de diversos setores, nomeadamente a agri-cultura, o desporto, a educação ambiental, a saúde pública, a ciência e a tecnologia.

Esta é uma das áreas mais emblemáticas, encontrando-se em vigor um projeto que se destina ao reforço da formação dos an-golanos em saúde pública nos campos de ensino, ciência e tecnologia. O plano conta com a participação do Ministério da Saúde de Angola e da Fiocruz (entidade que com-porta o BLH), que prevê a formação dos fu-turos docentes na Escola Nacional de Saúde Pública de Angola (ENSPA).

Todos os anos, 1,35 milhões de mulheres re-correm aos Bancos de Leite Humano (BLH) à procura de apoio para amamentar os fi-lhos. A existência deste género de “banco” permite a substituição do leite artificial pe-lo humano, sendo uma mais-valia para as crianças prematuras, bebés de mães sero-positivas ou que nasceram por cesariana.

O projeto ultrapassa atualmente as barrei-ras geográficas e está a ser implementado em alguns países pertencentes aos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portu-guesa), como é o caso de Angola, que criou um BLH de raiz, de forma a atingir os objeti-vos do milénio no que respeita ao combate à mortalidade infantil.

AutossufIcIêncIAA maternidade Lucrécia Paim, em Luanda, foi pioneira na criação de condições pa-ra ser autossuficiente em leite materno. O Hospital de Caála, em Huambo, ficou agra-dado com a iniciativa e decidiu implemen-tar um BLH na província. A unidade deverá começar a funcionar já a partir de junho.

Os especialistas em saúde materna infantil já foram contactados e o centro hospitalar encontra-se neste momento a criar todas as condições necessárias para integrar o BLH. A aposta neste programa partiu da direção do hospital que tem registado anualmente vários casos de recém-nascidos desnutri-dos e de mães que não conseguem ama-mentar.

Fernando Ferreira Vicente, responsável pela maior unidade de saúde da provín-cia, espera que o Hospital de Caála venha a assumir-se a médio ou longo prazo como uma referência nacional na promoção do aleitamento materno. Para tal, prevê insta-lar durante os próximos três meses todos os equipamentos necessários, desde os re-cipientes de recolha aos depósitos de con-servação.

PIonEIrosO local escolhido para a criação do primei-ro “banco” do país é a Maternidade Lucré-cia Paim, em Luanda. A implementação do projeto contou com o apoio e supervisão da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores do Bra-sil (ABC) através de um protocolo assinado entre o Ministério da Saúde do Brasil/ Fun-dação Oswaldo Cruz e o Ministério da Saú-de de Angola para a implantação do BLH.

mãEsdElEItE—

Porquê o lEitE humano?o leite humano é sujeito a um tratamento funcional em que são selecionados diferentes tipos de leite materno para se adaptar melhor às necessidades do bebé. este dificilmente perde propriedades, desde que seja corretamente acondicionado. após ser submetido a um processo de liofilização, o produto pode ficar congelado durante um ano. podem doar leite todas as mulheres saudáveis, que sejam acompanhadas por um médico. o processo é idêntico ao da doação de sangue, passando igualmente por uma série de procedimentos técnicos. a recolha pode ser feita através de uma bomba manual ou elétrica.

O que fazer para dOar leite?

Se quer doar leite materno

deverá entrar em

contacto com os Bancos de Leite Humano

de Angola: Maternidade

Lucrécia Paim (Luanda):

222 322 344

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o colEcionador dE mEmórias

Texto Manuela Bártolo | Fotografia Kenton Thatcher uM DiA CoM… JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

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— Calmo e reservado no seu património feito silêncio, lugar onde os livros se acumulam e recordam a

vida de um homem que nasceu no seio deles, José Eduardo Agualusa é um espelho de estórias. Escritor apaixonado por Angola, desde cedo descobriu que os ‘ bons livros são aqueles que nos arrastam para a escrita’. Fervoroso das suas raízes, fonte da sua inspiração, é também um viajante curioso. Motivos

para uma conversa que, tal como muitas outras, é uma viagem ao espaço e tempo do outro.—

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Texto Manuela Bártolo | Fotografia Kenton Thatcher uM DiA CoM… JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

Afirmou uma vez que ‘até certo pon-to, nós próprios somos uma ficção, uma mentira’. Quer comentar?Disse-o a propósito do livro ‘O Ven-dedor de Passados’, uma obra que fala sobre a fragilidade da memória. Nes-se contexto, explicava que todos so-mos aquilo que nos lembramos, isto é, um conjunto de memórias. Hoje, os psicólogos sabem que muitas dessas memórias não são verdadeiras, são in-ventadas. Para além disso, somos tam-bém construção dos outros, é dessa forma que nos formamos lentamente.

nem tudo o que se diz de si é verdade?Tenho refletido sobre um dado que considero curioso: atualmente com a influência da internet existe a replica-ção do erro. Penso que não acontece apenas comigo, mas estende-se a ou-tros autores. Há toda uma biografia fic-cionada no mundo virtual, que qualquer erro publica-do é correntemente repro-duzido a uma larga escala, até que é quase impossível desmenti-lo. Chego a um ponto em que penso que o melhor é aceitar e integrar na minha biografia. Nesse sentido, acho que há uma série de biografias fantásti-cas a circular, incluindo a minha.

como surgiu a sua paixão pela escrita?Escrevo porque nasci num ambiente marcado pelos li-vros. Evidentemente que acredito que haja exceções, mas, de uma forma geral, os escritores des-pertam para a escrita neste género de contexto. Acho que tive essa sorte. Os meus pais sempre gostaram de ler e, por isso, tive acesso, desde muito no-vo, a uma biblioteca rica em casa, onde nunca ninguém me impediu de ler o que quer que fosse. À medida que cres-cia ‘conquistava’ as prateleiras mais al-tas. Lembro-me, no entanto, de uma viagem que fiz com o meu colega e amigo Mia Couto, em que ele fez uma observação que me parece inteiramen-te verdade: os bons livros são aqueles que nos arrastam para a escrita. Foi es-se fenómeno que aconteceu comigo. A determinada altura comecei a ler cada vez mais e alguns desses livros empur-raram-me para a escrita. Foram esses bons escritores que me fizeram querer escrever.

o que desperta o seu processo criativo?Acho que todos nós escrevemos para tentar compreender o mundo e a nós próprios. Nesse sentido, a escrita pode funcionar como uma espécie de catar-se, sendo em simultâneo pensamento e reflexão. Um livro é sempre um pro-jeto demorado, que nos leva a refle-tir. A mim, em particular, a literatura ajudou-me a pensar em mim próprio e em todo o contexto angolano. Esses dois fatores estiveram presentes desde início. Dou como exemplo o meu pri-meiro livro - A Conjura -, um romance histórico sobre a sociedade luandense do século XIX. Quando comecei a es-crever esta obra pretendia realmente compreender melhor não a sociedade daquele tempo, mas a do tempo atual. Já naquela época intuía que para en-tender o presente, é necessário com-preender o passado, onde tudo se foi

formando. Esse primeiro livro ajudou-me a situar em Angola e no presente angolano.

como planeia a criação de uma nova obra?Acho que cada livro surge de uma for-ma diferente. Normalmente parte de uma ideia em que é preciso acreditar. O fundamental é estar-se apaixonado por essa ideia. No caso do meu primei-ro romance sobre a sociedade mestiça de Luanda, no século XIX, surgiu a par-tir da leitura dos jornais da época. Há uma coleção, muitíssimo interessan-te, cuja leitura é quase como assistir a uma telenovela, em que rapidamente percebemos as diferentes forças que atuavam dentro daquela sociedade, bem como as várias personagens, al-go realmente fascinante. A obra, por exemplo, As Mulheres de Meu pai, um

romance de viagens, nasceu de uma proposta para fazer um roteiro de ci-nema. Uma cineasta, música e instru-mentista inglesa, que viveu vários anos em Moçambique, pediu-me para escre-ver um roteiro relacionado com a situ-ação das mulheres em África e com a música. Surgiu então a ideia de uma jo-vem portuguesa que vai para Angola à procura do pai, um músico que teria vi-vido em sete localidades diferentes da África Austral e que em cada uma des-sas localidades teria deixado mulher e filhos. Já A Nação Crioula foi também a partir da leitura de jornais e de teste-munhos sobre o século XIX no país. A determinada altura deparei-me com uma personagem histórica, mas pouco conhecida, referida num livro de um viajante inglês que esteve em Angola, que relatava que durante um baile no Palácio do Governador conheceu uma mulher muito bonita, que teria chega-

do a Luanda como escrava e que depois enriqueceu co-mo traficante, ou seja, como escravocrata. Vivi muitos anos com esta personagem na cabeça e com a ideia de como é que uma mulher que foi escrava, pôde depois en-riquecer como escravocrata. Portanto, cada livro parte de ideias muito diferentes, mas o mais importante é que o es-critor acredite nelas.

Identifico nos seus livros uma preocupação com a reconstrução do passado e a procura das suas raízes culturais. é verdade?

É uma preocupação relacionada com questões de identidade. Muitas litera-turas africanas têm essa inquietação pelo facto de serem países jovens. Foi assim no Brasil, como será igual em qualquer outro país que se quer afir-mar. A literatura tem esse pendor iden-titário, que conduz a uma procura e a uma tentativa de questionar. Como escritor não saio desse padrão e, real-mente, todos os meus livros lidam com a memória.

denomina-se um viajante. Qual a sua evolução enquanto escritor?Acho que o essencial dos meus livros e das minhas preocupações esteve pre-sente desde o início até ao momento presente. É claro que depois fui desdo-brando essas inquietações e obssessões trabalhando-as, mas o essencial sem-pre foi esse.

‘A literatura tem um pendor

identitário, que conduz

a uma procura e a uma tentativa

de questionar’

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Qual a influência do brasil e de Portugal no desenvolvimento da sua obra?Era quase impossível não ser um escri-tor associado à aliança Angola-Portu-gal-Brasil, até porque os meus livros lidam com questões de identidade; são romances angolanos e a formação de Angola passa muito por estes dois pa-íses. Até ao final do século XIX as re-lações com Angola eram muito mais intensas com o Brasil, do que com Por-tugal, por causa de todo o processo da escravatura ligado ao tráfico negreiro. Foi cedo que percebi que a formação angolana se fez com o apoio brasileiro, ou melhor, ambos se formaram mutu-amente. Depois, a minha vivência no Brasil também contribuiu para esta dedicação. Estar fora influenciou mui-to a minha escrita. Só se escreve sobre aquilo que se conhece, nesse sentido todos os livros são auto-biográficos. Uma obra é sempre o resultado da vi-vência do escritor.

A parceria Angola-Portugal-brasil realiza-se, sobretudo, no contexto económico. Acha que a mesma se es-

tende também à cultura?Acredito que há uma aproximação eco-nómica que implica uma aproximação cultural. Quanto maior é o número de emigrantes portugueses e brasileiros em Angola, maior é a troca cultural, até porque as pessoas relacionam-se e transportam consigo a sua cultura. O Brasil, devido à sua dimensão, foi du-rante muitos anos autista. Essa situação está a mudar e, cada vez mais, se assis-te a um interesse brasileiro crescente por África e em particular por Angola, não só ao nível da literatura, como, por exemplo, da música. Obviamente que ainda existe um desequilíbrio na força de expressão, mas o interesse está lá e há cada vez mais presença cultural de Angola no Brasil.

Quais são as principais vantagens desta troca?Acho que as vantagens são muitas e de todos. No caso da música, Angola é um país com muitas correntes mu-sicais e muito pouco exploradas. To-da a Música Popular Brasileira (MPB) tem um pé em África, fruto de uma

‘O movimento juvenil tem um

papel fundamental no processo

de mudança. É protagonizado por

jovens, que não correm por apego ao dinheiro ou a

cargos, mas por puro idealismo’

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Premiado internacionalmente, Agualusa tem livros traduzidos em mais de 20 países, sendo hoje uma referência da escrita angolana

40 FEVEREIRO 2012

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matriz africana muito antiga. No en-tanto, desde o século XIX que esta não foi sendo renovada, algo que começa agora a acontecer. Há um conjunto de músicos brasileiros, que se começa a interessar por Angola e a perceber que pode a partir dali reencontrar outros caminhos.

Angola continua a inspirá-lo?Angola é muito interessante para um escritor porque é um país com mui-tas histórias e muitos lugares de sombra, que podem ser explora-dos do ponto de vista literário. Uma cidade como Luanda, que acolhe pessoas oriundas de to-do o mundo, carregadas de his-tórias, é fascinante. Já era assim no século XIX. Hoje junta ainda mais angolanos, que surgem de todas as províncias do pa-ís. Essa junção de pessoas com experiências diferentes, mui-tas vindas do meio rural, que trazem até Luanda uma soma de mitos e uma visão do mun-do muito particular, nomeada-mente religiosa e mitológica, é muito rica. A capital é o lugar onde tudo se encontra e converge. Por outro lado, a sua história agitada, marcada pela guerra interminável, influencia. O país tem um manancial inesgotável de histórias, em que a re-alidade, de uma forma geral, é muito mais rica do que a ficção.

A literatura pode ser, cada vez mais, um agente de mudança? Literatura é pensamento e reflexão e o mundo transforma-se a partir destas duas forças. No caso concreto de Ango-la todo o movimento nacionalista que conduziu à independência foi antece-dido e preparado por um movimento literário. Logo, o país é o melhor exem-plo de como a literatura pode mudar o mundo porque foi a partir da poesia que se tornou independente.

Acha que a cultura angolana está, neste momento, bem entregue?Sim. No entanto, os encontros com ou-tras culturas são desejáveis e produti-vos, pois possibilitam a renovação.

como analisa o estado atual do se-tor em Angola?Acho que há situações interessantes a acontecer, sobretudo ao nível musical. A música é sempre pioneira, pois é ela que dá os primeiros sinais de recupe-

ração ou colapso de um país e Angola está a dar fortes sinais de crescimen-to. Na literatura é mais complicado porque é muito difícil formar um es-critor. É preciso tempo e, sobretudo, um investimento enorme, que o Esta-do não fez, na educação e na cultura. Por exemplo, na criação de redes de bibliotecas públicas. É necessária uma forte aposta na educação de base. O Orçamento Geral de Estado privilegia o Ensino Superior ao Ensino Básico,

o que é um escândalo. Angola conti-nua a gastar mais em defesa do que em educação e isso tem de mudar. De-pois é também importante um maior incentivo às editoras, ou seja, apoio à edição privada, bem como à criação de mais livrarias. Essa evolução ainda não se sente.

A questão financeira é também um entrave no acesso aos livros…O baixo poder de compra é um obs-táculo porque os livros são extrema-mente caros. O livro que é produzido em Angola ou o que é importado che-ga ao consumidor a um preço absolu-tamente proibitivo. A questão é que as pessoas não têm sequer a possibi-lidade de os requisitar porque não há bibliotecas públicas. Uma alternativa seria investir mais nas novas tecnolo-gias, de forma a oferecer às pessoas a oportunidade de consultar a internet. Uma escolha inteligente porque hoje é possível através de um computador aceder a livrarias virtuais e ter obras gratuitas à disposição. Este é, contudo, um problema essencialmente de edu-cação básica.

como classifica a atuação da união de Escritores Angolanos?A UEA precisa de condições para fazer

muito mais. É um importante espaço de reflexão e este tipo de instituições deveria ter mais apoio para poder ex-pandir as suas atividades. Continua a editar e a publicar, sobretudo, jovens, que não têm outras possibilidades de edição no contexto atual, o que a meu ver é correto. Acho que deveria existir mais destes espaços com o apoio dos poderes públicos.

o que falta para que se con-quiste isso?Mais liberdade e democracia. A literatura só se desenvolve, co-mo qualquer outra forma de ex-pressão artística, num contexto de liberdade. Veja-se o que o aconteceu ao Brasil e a Portugal: a partir do momento que tive-ram democracias estabilizadas, a cultura expandiu-se. Tanto um país, como outro, está hoje a viver um excelente momento em vários planos da criação ar-tística. Em primeiro lugar por-que os criadores têm liberdade criativa e em segundo, especial-mente no caso do Brasil, por-

que há uma dinâmica económica que também sustenta essa atividade cul-tural. A junção das duas é importante. Em Angola, temos uma recuperação económica que explica essa relativa emergência da cultura, mas ainda fal-ta conseguir uma democracia plena.

A afirmação da matriz cultural africana no mundo depende desses dois fatores?Acho que passa, sobretudo, pelo plano político e económico. Se o continente africano conseguir recuperar e crescer economicamente isso vai impulsionar a cultura. Contudo, é preciso também democratizar os países. Não é por aca-so que os países mais avançados são a África do Sul e a Nigéria. Ambos soube-ram investir na educação.

Para além da escrita e da música, quais são as artes que podem mais facilmente emergir no país?O cinema em África já teve melhores momentos, mas pode voltar em força; as artes plásticas vão crescer sem dúvi-da, pois há já um conjunto de artistas africanos com algum reconhecimen-to internacional. Nos próximos anos a tendência é para crescer muito mais porque há uma forte vocação artísti-ca e um sentido estético extremamen-

‘temos uma forte

vocação artística e um

sentido estético extremamente

apurado’

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te apurado em África e em particular em Angola. Acredito que a médio pra-zo possa haver um crescimento dessas áreas.

o que pensa quando o denominam embaixador de Angola?Acho que um escritor se representa a si mesmo. Seria uma arrogância pre-tender que represento mais do que is-so. Evidentemente que os meus livros sendo traduzidos para mais de 20 lín-guas, chegam a pessoas de países tão

Texto Manuela Bártolo | Fotografia Kenton Thatcher uM DiA CoM… JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

remotos como a Coreia do Sul ou o Bangladesh. Isso faz com que muitas delas tenham pela primeira vez con-tacto com a cultura angolana. Dar a co-nhecer o país e fazer um desconhecido interessar-se por ele é agradável.

sempre que regressa, como se sente?Dividido. Por um lado, é sempre ali-ciante, até porque sinto falta do país pelas estórias e pelo contacto com as pessoas simples, que me enriquecem. Por outro, desiludido com a evolução política, pois sempre acreditei que o país fosse avançar mais depressa.

2012 é um ano importante por cau-sa das eleições. Quais as expectati-vas que tem?Sou otimista. Acredito sempre que a si-tuação pode melhorar e que as corren-tes democráticas, em conjunto com a sociedade, podem vir a crescer, sobre-tudo no seio do partido e do poder. Espero que o processo democrático seja efetivamente retomado. Em 2011, vimos pela primeira vez uma contes-tação nas ruas de jovens a pedir mais democracia. Este movimento é im-portante por ser liderado por jovens e ter surgido à margem dos partidos políticos tradicionais, o que nos dei-xou surpresos. Esta situação, inédita no contexto angolano, inspirada pelos movimentos democráticos da África do Norte, pode vir a ter um papel fun-damental no processo de mudança atual. Simboliza o despertar de uma consciência política e cívica, protago-nizada por jovens idealistas, que não correm por apego ao dinheiro ou a car-gos, mas por puro idealismo. Jovens que acreditam que o país será melhor num quadro democrático. No sentido dos ideais é a nova geração de Agosti-nho Neto, que vai à procura de uma utopia alicerçada em valores contem-porâneos.

Que projetos tem previstos para este ano?Estou a terminar um romance que se-rá editado até Abril, em Portugal, para a Feira do Livro, seguindo depois pa-ra o Brasil e Angola. Tenho um outro, com desenhos de viagem do livro ’As Mulheres do Meu Pai, que deve sair também muito em breve. Estou ainda a preparar dois projetos para cinema, essencialmente roteiros, um deles em Angola, outro no Brasil.

‘O preço do livro em Angola é

absolutamente proibitivo’

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Raio-XJOSÉ EDUARDO

AGUALUSA—

Angola para mim é….o meu país

Qual o seu lema de vida…viver e aprender

Um sonho…mais democracia para Angola

Uma paixão…a literatura

Um hobbie…a fotografia

Um filme…Bye-Bye Brasil

Um livro…toda a obra de Eça de Queirós,

com destaque para o Mandarim

e os Maias; toda a obra de

Gabriel Garcia Marquez,

sobretudo a obra Outono do

Patriarca, e o livro Ficções do

Jorge Luís Borges

Um escritor…o Mia Couto. Aproximei-me dele

pelos livros antes mesmo de o

conhecer como pessoa

Um músico…Aline Frazão. O primeiro disco

dela - ‘Clave Bantu’ - é um dos

discos mais interessantes da

música angolana.

Para mim, o melhor disco de

sempre da música angolana.

Um desporto…Natação

Prato favorito…cozinho muito bem muzongué.

Acho um prato incrível!

Uma bebida…suco de pitanga

Um destino…Madagáscar

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Fotoreportagem

Texto Patrícia Alves Tavares | Fotografia Rui TavaresFotorEPortAgEM

o mundo aTravésda polaroid— Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras.

A expressão faz todo o sentido quando se é capaz de apanhar o momento certo, de eternizar cada gesto, cada emoção, num único fotograma.

E porque a arte não sai apenas da mão do fotógrafo, mas também do ser que se deixa captar pela lente da câmara, convidamos o leitor a deixar-se levar pelos seus sentidos.

Numa edição que respira arte ao desdobrar das páginas, a Angola’in homenageia o artista na sua essência, seja ele o fotógrafo ou bailarino que desperta emoções pelo simples facto de dançar.

Para quem não teve oportunidade de visionar a exposição do fotógrafo Rui Tavares, que retrata em imagens os 20 anos da Companhia de Dança Contemporânea, ou para quem viu e gostava de rever, a Angola’in transporta-o para o mundo do bailado.

A exposição resulta de uma exploração a cada momento das surpresas que lhe reserva a combinação da pintura com a Polaroid ou das tintas néon com as colagens.

Cada fotografia, que remete para diferentes épocas, revela um pouco da personalidade deste artista nacional, que explora o conceito de máscara na sua poética.

o homem que chorava sumo de tomates 2012

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Fotoreportagem

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Texto Patrícia Alves Tavares | Fotografia Rui TavaresFotorEPortAgEM

palmas, por favor! 1994

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o homem que chorava sumo de tomates 2012

FEVEREIRO 2012 47

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Patrícia Alves TavaresArQuitEturA & ConStrução

no coraÇÃo davida Política

é já em 2013. a inauguração do tão aguardado centro político e administrativo de luanda está prevista para meados de agosto,

coincidindo com o fim da legislatura.

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FEVEREIRO 2012 49

{{{

PlAnEAdA hÁ 10 AnosO centro da decisão política come-çou a ser esboçado em 1998. Três anos depois foram feitas as últimas revisões do projeto e este foi lançado a concurso em 2003.A construtora portuguesa Teixei-ra Duarte ganhou a empreitada e a obra teve início em Maio de 2010. Se os prazos forem cumpridos escrupu-losamente, a população poderá apre-ciar a imponente infraestrutura a 17 de agosto do próximo ano. No total, serão erguidos três edifícios e dois parques de estacionamento. O proje-to está orçado em 185 milhões de dó-lares. A construtora dá atualmente emprego a 1500 pessoas, sendo que 1150 são cidadãos nacionais.

Beneficiando da proximidade do Centro Cultural Agostinho Neto, o empreendimento terá uma valência de apoio à Assembleia. À volta deste equipamento está a ser edificado um edifício de escritórios, distribuído por seis pisos destinado a serviços administrativos, grupos parlamen-tares e atividades complementares. É o maior dos três.

PlEnÁrIo PArA 800O edifício da Assembleia irá ser o palco dos momentos mais impor-tantes do país. Será o centro das de-cisões e é aí que está a ser criado o salão do plenário. Terá capacidade para 800 pessoas e ocupará 6200 me-tros quadrados.

A localização central também não foi mero acaso. O espaço terá uma forma circular e estará em linha com uma cúpula proeminente executada em estrutura de aço. Para assegurar uma circulação fluida de todos o es-paço terá 20 elevadores.

O plano engloba ainda um prédio mais pequeno, que se destina a al-bergar edifícios, equipamentos e se-gurança parlamentar. O parque de estacionamento automóvel tem dois pisos completamente enterrados e espaço para 503 viaturas.

Três edifícios principais, dois parques de estacionamento para 503 carros, mais de 35 mil metros quadrados para escritórios, 1200 portas e mais de 200 toneladas de condutas de ventilação e ar condicionado são alguns pormeno-res do mega-projeto que vai dar lugar ao Centro Político e Administrativo de Luanda.

O equipamento, que vai albergar o edifício da Assembleia Nacional, es-critórios e serviços de segurança parla-mentar, ocupa cerca de 60 mil metros quadrados. A área equivale a oito cam-pos de futebol.

Em suma, o Governo vai desembolsar 185 milhões de dólares para erguer aquele que será o principal foco de toda a atividade política. O valor, afirmou o diretor do Gabinete de Obras Especiais (GOE), Manuel Clemente Júnior, du-rante o lançamento da primeira pedra, reflete a importância e o peso das ativi-dades desenvolvidas pelo Parlamento. O projeto, que começou a ser delineado há mais de uma década, começa final-mente a ganhar forma.

A obra está a cargo da construtora por-tuguesa Teixeira Duarte e foi idealizada pelo GOE. Localizado entre o Mauso-léu, o Hospital Josina Machel e o Bairro Azul, na Ingombota, o empreendimen-to destaca-se pelos números elevados e pelo estilo arquitetónico neo-clássico.

Neste momento, a construção da es-trutura física está praticamente fina-lizada, faltando os acabamentos de arquitetura, as instalações técnicas es-peciais e os arranjos interiores e exte-riores. Caso se mantenha o bom ritmo, será certo que em agosto a faixa inaugu-ral seja cortada.

ImPonEntE Quem passa pelas estruturas em be-tão armado da fachada e assiste aos trabalhos consegue antever os traços de uma arquitetura majestosa. De tal forma que o primeiro-ministro por-tuguês, Pedro Passos Coelho, ficou impressionando com a figura de uma das mais importantes obras dos últi-mos anos.

Mais recentemente, Miguel Relvas, ministro-adjunto dos Assuntos Par-lamentares de Portugal, aproveitou a passagem pelo país para satisfazer a curiosidade e mostrou-se deslum-brado com o desenrolar da empreita-da. As obras estão em fase adiantada e o representante luso sustentou que se trata de uma marco arquitetónico, cujo desenho certamente se eviden-ciará entre os grandes edifícios da ar-quitetura nacional

Agradado com a participação no pro-jeto, realçou que se trata de “um edifí-cio feito para perdurar na história nos próximos séculos”. “É uma obra muito significativa e dignificante, que cer-tamente vai consolidar a democracia angolana”, acrescentou. Quem vê o projeto no papel ou passa pela empreitada reconhece imedia-tamente o estilo neo-clássico através da polpa do edifício central, das colu-nas imponentes, dos pormenores dos vãos e fachadas dos edifícios. Apre-ciado por uns, criticado por outros, certo é que o empreendimento já ga-nhou um lugar nos livros da arquite-tura nacional, devido à imponência do seu traçado (evidenciada particu-larmente pelas dimensões físicas) e às particularidades dos pequenos por-menores que a fachada começa a dei-xar antever.

‘Quem vê o projeto reconhece imediatamente o estilo neo-clássico através da polpa do edifício central, das colunas imponentes, dos pormenores dos vãos e fachadas dos edifícios’

O prOjetO em

númerOs —

35.867 m2 de área de escritórios

11.341 m2 de área global

para a assembleia (plenário)

3.191 m2 da área de serviços

3 edifíciOs compõem o Centro

Políticoe Administrativo de

Luanda

50.000 m2 de revestimentos cerâmicos e em

mármore

1200 portas

20 elevadores

5 geradores

ano da conclusão

meses é o prazo de execução

milhões de dólares é o valor da obra185 2013 39

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Patrícia Alves TavaresArQuitEturA & ConStrução

Kilambajá é habitada—Há vida na Cidade do Kilamba. Os primeiros moradores começaram a ocupar as novas habitações no início do ano. No total, cerca de 40 casas foram entretanto entregues. Na sua maioria foram vendidos apartamentos do tipo T3 a pronto pagamento ou mediante crédito bancário. A Kilamba tem 3180 apartamentos disponíveis a preços entre os 125 e 200 mil dólares. Segundo a imobiliária responsável, a Delta, existem mais de 70 mil inscritos. O acesso à nova cidade, que é administrada por um presidente, está facilitado graças à criação da primeira circular de Luanda.

Hospital geral substituído por novo—É para demolir o Hospital Geral de Luanda (HGL). O objetivo é erguer uma nova unidade no mesmo local. A obra está a cargo de uma construtora chinesa e ficará concluída em 30 meses. O futuro hospital terá capacidade para 270 camas e as instalações serão ampliadas. Recorde-se que o edifício, de dois pisos, tinha serviços de consultas externas e de especialidades de dermatologia, pediatria, neurologia, entre outros. Em 2010, após o aparecimento de várias fissuras, o hospital foi encerrado e os doentes transferidos. Tinha sido inaugurado em 2006 e a sua criação esteve entregue a uma empresa chinesa.

Telhado guarda água da chuva—São 112 mil metros quadrados que abrigam um milhão de plantas nativas e recolhem 7,5 milhões de litros de chuva. O telhado foi desenvolvido pela Academia de Ciências da Califórnia, que recebeu pela segunda vez uma certificação LEED Platinum. Energeticamente eficiente e projetado por Renzo Piano, o telhado tem células fotovoltaicas que produzem energia que satisfaz em 10% as necessidades das instalações.

Plus Art premiada—É uma empresa exclusivamente angolana e só tem trabalhadores nacionais. A Plus Art Arquitectos, sedeada em Luanda, recebeu o prémio The International Property Awards, um prestigiado galardão que é atribuído em parceria com a Bloomberg Television. É a primeira vez que arquitetos nacionais com projetos implementados no país obtêm uma distinção internacional.

Arquitetura de arranha-céusa concurso—Está a decorrer mais uma edição do eVolo, uma competição mundial de arquitetura de arranha-céus. O prémio foi lançado em 2006 pela eVolo Magazine e visa destacar as ideias inovadoras para este nicho de mercado. O recurso a novas tecnologias, os materiais, os ideais estéticos e organizações espaciais são algumas das características em análise. Este ano, os candidatos serão avaliados pelas preocupações com os avanços da tecnologia, a exploração de sistemas sustentáveis e a criação de novos métodos urbanos e arquitetónicos.prevista a abertura de mais oito.

Palácio de Congressos italiano em madeira—A madeira, tipo cerejeira, foi a escolhida para o chão do Palácio de Congressos de Rimini, em Itália. É um dos maiores edifícios eco-sustentáveis do país e foi concebido por um gabinete de arquitetura alemão. O anfiteatro é em forma de “casca de ostra” e detém uma peça de marcenaria fina e única. Para os especialistas a escolha da cerejeira constitui o elemento arquitetónico mais importante.

Vias de Luanda arrancamem março—A quarta fase da requalificação urbana da capital tem início já no próximo mês. O Projeto Vias de Luanda arrancou em 2008 e nesta nova etapa proceder-se-á à recuperação de eixos viários e serão criadas zonas de lazer, desporto e paisagismo. No total, serão dez mil quilómetros de via a reabilitar. O plano contempla uma forte componente ambiental, já que prevê criar 450 mil metros quadrados de áreas de descanso e jardim ao longo de 31 mil quilómetros de estrada.

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Patrícia Alves TavaresinovAção & DESEnvolviMEnto

COnsumO

ExPLosão ELEtróniCA—O setor de eletrónica de consumo está em franca expansão e é esperada uma verdadeira revolução durante os próximos três anos. Embora muitos consumidores ainda comprem no estrangeiro, um estudo conclui que o crescimento deste segmento no país é superior ao registado na média mundial. Para o empresariado, a aposta nas províncias é o futuro.

32% dos empresários

quer estender o âmbito dos

serviços

39% planeia abrir ou

encontra-se em processo de

abertura de novas lojas

43% planeia começar a

operar em novas províncias

52 FEVEREIRO 2012

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Cerca de meia centena de empresas, nacio-nais e estrangeiras, presentes no mercado angolano respondeu ao desafio lançado pela Deloitte. Qual o futuro do setor de ele-trónica de consumo? Desde fabricantes a revendedores e clientes empresariais, o es-tudo visou 57 entidades e concluiu que 43% dos empresários planeia estender-se a no-vas províncias, seja diretamente ou através de parcerias.O “Angola Electronics” adianta igualmente que 32% dos atuantes nesta área pretende alargar a panóplia de serviços, nomeada-mente ao nível da implementação crescen-te de gabinetes de apoio no pós-venda. Já 39% dos inquiridos está a estudar a abertu-ra de novas lojas.

assimeTrias na oferTaO mercado nacional de consumo de eletró-nica tem crescido cerca de 5% por ano, su-perando a média mundial que se situa nos 3,5%. Em termos de material vendido, há que destacar os telemóveis (10%), seguin-do-se os artigos de informática, televisão e vídeo (6%) e os eletrodomésticos (3%).

Apesar doz desenvolvimento registado, grande parte dos consumidores continua a preferir o estrangeiro para adquirir equipa-mentos de última geração. Em causa está o facto de o número de marcas e modelos comercializados ser mais limitado e inferior à oferta de países europeus ou EUA. Portá-teis, telemóveis e leitores de música lideram os artigos que são comprados fora do país.

A aposta do empresariado nacional recai nos artigos Premium, mais orientados para

as necessidades do cliente afluente. Sorte diferente têm as multinacionais estrangei-ras que conseguem diversificar a oferta, uma vez que importam os produtos nos países onde estão sediadas.

produção inexisTenTeO país não produz artigos de eletrónica. To-dos os equipamentos vendidos no mercado interno são importados. A maioria dos fa-bricantes opta pelos grossistas para fazer chegar os seus produtos a Angola. O estu-do indica ainda que gigantes como a LG ou a Samsung optam por formar escritórios de representação, localizados no território na-cional e com o intuito de controlar a distri-buição, alinhando-a com o posicionamento da marca.

África do Sul, Portugal, Reino Unido, Fran-ça, Japão, China ou Coreia do Sul são os principais fornecedores de equipamentos de eletrónica, recorrendo na sua maioria ao transporte marítimo. Luanda é a provín-cia privilegiada pelos empresários. Apenas 39% dos revendedores detém lojas e escri-tórios noutras regiões.

venda a reTalhoUm dado curioso divulgado pelo estudo da Deloitte está relacionado com a venda a retalho. Os retalhistas que se focavam na venda de produtos alimentares estenderam o seu leque de oferta a equipamentos de informática e eletrónica.

A maioria dos agentes divide a sua linha de atuação entre o armazenamento e venda a grosso, a venda a retalho ao consumidor

final e a prestação de serviços de insta-lação. Grande parte das entidades não é especializada.

desafios dos shoppingsO crescimento do setor de eletrónica de consumo será influenciado pelo apareci-mento de novas entidades. A expansão das redes existentes e a criação de novas (co-mo o hipermercado Continente), bem como os novos centros comerciais e o desenvol-vimento das restantes províncias vão ditar a evolução do setor. Os autores do estudo conseguiram iden-tificar quatro premissas vão condicionar o desenvolvimento deste mercado. O eleva-do crescimento económico e demográfico faz do país um dos mais jovens do mundo. Cerca de 60% da população tem menos de 25 anos. São os mais novos que têm maior fascínio pelas novas tecnologias e conso-mem mais eletrónica.

A aposta na diversificação da economia e a tendência para o aumento do desenvol-vimento tecnológico são fatores que vão determinar a evolução do setor. O combate ao comércio informal poderá ser igualmen-te um meio para a propagação de mais lo-jistas e revendedores.

O estudo analisou empresas dedicadas ao fabrico, distribuição e venda de equi-pamentos eletrónicos para uso pessoal e profissional, em aplicações de cozinha, co-municação, informática e entretenimento. Os inquéritos incidiram sobre a totalidade da cadeia de valor, desde a importação à assistência pós venda.

principais agenTes e caTegorias comercializadasRevendedoRes InfoRmátIca electRodoméstIcos electRo-electRónIcos telemóveIs

ncr

sistec

medtech

riprO

rOcha e mOnteirO

impOrelectrónica

sOclima

zuid casa hOlandesa

pedras negras

jumbO

Oliva de angOla

principais faBricanTes presenTes em angola e caTegorias comercializadasfabRIcantes País de oRIgem InfoRmátIca electRodoméstIcos tv e vIdeo telemóveIs

dell eua

hp eua

lenOvO china

lg cOreia dO sul

nOkia finlândia

samsung cOreia dO sul

sOny japãO

WhirlpOOl eua

Principal categoria onde está presente

Outras categorias comercializadas

XX X

XX

XX

X

XX

X

XX

X

XX

O

O OO

O

OO X

X X X X

XX

XX

XX

XX

XX

XX

X

XX

Fonte: Entrevistas presenciais e telefónicas realizadas

Fonte: Entrevistas presenciais e telefónicas realizadas

FEVEREIRO 2012 53

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Patrícia Alves TavaresinovAção & DESEnvolviMEnto

“PAíS ESTá áVIDODE SOLUçõES TECnOLóGICASDE POnTA”

A Itcenter foi fundada em 2003. o que levou a esperar tanto tempo para avançar para novos mercados? A internacionalização sempre esteve presente nos objetivos. Este foi o momento certo para apostarmos num mercado externo, devido à parceria com a Innodata. O investimento que estamos a realizar em Angola é crítico, não só por estarmos a iniciar a estratégia internacional, mas pelo facto de ser um dos principais mercados emergentes e de maior crescimento.

Angola foi a primeira escolha. Porquê este mercado?Angola sempre foi um dos mercados a apostar na internacionalização. O avanço foi potenciado pela parceria com a Innodata Call Center Solutions e pelo forte crescimento da sua economia.

como está a decorrer a atividade em luanda? Quanto representará o país no volume de negócios?Está a correr bastante bem. O ano de 2011 ultrapassou claramente as expectativas. Para além dos resultados obtidos, renovámos a nossa imagem e investimos na sua promoção. As perspetivas para este ano continuam a ser muito positivas – prevemos crescer para os 1,7 milhões de euros.

disponibilizam soluções open source e “call centers”. o mercado está preparado para este negócio?Está ávido de soluções tecnológicas de ponta. É um mercado em expansão, onde há empresas multinacionais e nacionais de

“REnOVáMOS A nOSSA IMAGEM E InVESTIMOS nA SUA PROMOçãO. PARA ESTE AnO PREVEMOS CRESCER PARA OS 1,7 MILHõES DE EUROS”

grande dimensão que procuram as soluções mais avançadas.

Qual o perfil do cliente?São grandes empresas, como petrolíferas, bancos, empresas de segurança, entre outras.

Implementaram um “call center” nos aeroportos em novembro último. como decorreu?O serviço de call center está a ser desenvolvido pela Innodata e decorre sem sobressaltos. Superou as expectativas de todos.

o que motivou a escolha da Innodata para parceira?Trata-se de uma empresa com capital 100% angolano que opera no mercado das tecnologias de informação e comunicação. Tem o perfil empresarial que se coaduna com os nossos interesses. É uma empresa profunda conhecedora deste mercado, o

que permite uma abordagem através de um posicionamento bastante elevado.

Quantos colaboradores tem a Itcenter em Angola?Neste momento é composta por 16 pessoas. Estimamos que seja necessário contratar mais colaboradores com um perfil que se adeqúe a esta nova estratégia.

Pretendem transmitir a vossa experiência dando formação?É nosso objetivo passar esse know-how, é muito importante ter pessoas qualificadas no terreno que possam ajudar a melhorar os nossos serviços.

Está prevista a expansão para outras províncias?Para já pensamos só em Luanda. Mas estamos abertos a apostar em outras províncias. Temos que dar um passo de cada vez.

EuA, brasil e moçambique são destinos prioritários. A escolha de países emergentes é a solução para crescer?São mercados naturais para empresas portuguesas que queriam crescer e se internacionalizar.

Essa aposta será para breve?Estamos focados em Angola, visto ser a nossa primeira internacionalização. Pretendemos obter a estrutura e experiência necessárias para nos expandirmos para outros mercados. A nossa estratégia de internacionalização também passa pela comercialização dos nossos produtos online.

fot

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DR

A ITCENTER, EMPRESA LUSA QUE OFERECE SOLUçõES OPEN SOURCE, ESTREOU-SE NO MERCADO INTERNACIONAL EM 2010. LUANDA FOI A ESCOLHA NATURAL. UMA APOSTA GANHA QUE PODERÁ REPRESENTAR 30% DO VOLUME DE NEGóCIOS DA EMPRESA JÁ ESTE ANO.

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DESPorto ESPECIAL FORMAÇÃO

noS bAStiDorES Do FutEbol ClubE Do Porto

o PALCoDE toDosos sonhos

Texto Manuela Bártolo e Patrícia Alves Tavares | Fotografia Manuel Gomes da Costa

56 FEVEREIRO 2012

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—reverse cut mode. E se a vida – fractal matéria – parasse no exato instante em que tudo acontece? Naquele preciso frame em que a unidade de tempo não faz sentido e a cadência de imagens, mais velozes que a própria película, suspende. Há momentos assim, em que o silêncio entardece, num sangue a ferver de suor e cansaço. E o que fica? A certeza de um sonho vivido a cada ato de entrega e crença. Mais um frame da vida, um de tantos outros, que em acalmia e surdina fazem crescer a raça e carácter de um jovem portista. No relvado, fixa os valores da cidade e do clube que sente como seus, no caminho, luta pelo ideal pueril de um guião repleto de fotogramas felizes em repeat mode.

Este é o cenário do jovem Kádu, a mais re-cente promessa do futebol angolano. Gaia-to no sorriso, mas firme nas palavras, com apenas 16 anos, tem já uma maturidade la-tente, fruto de um trabalho desenvolvido pelo Futebol Clube do Porto (FCP). Frente à mãe, que ‘nunca quis que jogasse futebol por ser muito agressivo’, raramente cedeu e hoje integra o escalão jovem de um dos maiores clubes mundiais. Dir-se-ia que a for-ça da vontade sempre vence. Isso e a paixão de criança. Decidido, chega a Portugal pa-ra estudar e logo se apresentou no clube, que também é o do seu pai. Queria aprender mais, afirma, e aproveitou a facilidade da lín-gua para se integrar.

Atualmente, o jovem guarda-redes treina com a equipa A. A afinidade inicial e o espí-

rito combativo estão a dar bons resultados. Ambicioso, deseja terminar o ensino médio para ser um ‘jogador à FCP’. Confuso? Não! A jovem estrela sabe que para ter lugar no clube não basta ser excelente atleta, precisa também de ser um ‘homem inteligente. Um fator diferenciador que a instituição valori-za’. Para já fica a tenra conquista alicerçada numa luta constante em que as expectativas são, cada vez mais, altas. Mas nada de pres-sas! O principal objetivo é ‘corresponder’ e permanecer ‘na cidade e no clube ideal para mim’, sorri. ‘Vivo o Porto como se ti-vesse nascido aqui, identifico-me com tu-do e sinto-me em família. O departamento pedagógico, através do seu diretor Ângelo Santos, ensina-nos o valor da amizade e da responsabilidade na ajuda aos outros. Esses valores têm feito toda a diferença’, explica.

‘não abdicamos da disciplina, nem do rigor. no FCP um atleta atinge o topo pelo mérito’

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DESPorto ESPECIAL FORMAÇÃO

Gratificante é como classifica a ‘aventura’ que está a viver e em que ‘trabalha para ca-da dia ser melhor’. Vibra quando o chamam ao plantel principal, numa atitude de respei-to que considera um incentivo ao seu desen-volvimento, razão pela qual enaltece o apoio e a formação de profissionais que ‘atuam dentro e fora de campo’. Quanto ao futuro não tem dúvidas: ‘subir à primeira equipa e defender o clube na Liga dos Campeões’.

fáBrica de craQuesTodos sabemos que a competição despor-tiva exerce uma influência decisiva no com-portamento emocional de um atleta de alto rendimento. Mas como transformar um po-tencial risco numa vantagem dentro das quatro linhas? Este é sem dúvida um dos maiores segredos do FCP, que capacita o jogador para a sua máxima performance através de processos de otimização do trei-no desportivo que incluem a vertente física e psicológica. O sucesso alcançado alia as-pectos físicos (força, velocidade, resistên-cia, flexibilidade, coordenação), e mentais (concentração, auto-estima, motivação, au-to-realização), que em conjunto influenciam a postura do jogador em campo.

Por tudo isto, o clube é mais do que um simples palco, para uns, ou local de apren-dizagem, para outros. É um laboratório de ensaio e uma escola de vida, como nos ex-plica, mais tarde, Luís Castro, diretor técni-co da formação do FCP e um dos principais responsáveis pelo projeto Visão 611, que

prepara os atletas para a equipa A e rece-be anualmente vários jogadores estrangei-ros, entre eles o Kádu. O dia que a equipa da Angola’in passou nas instalações do FCP foi de observação, análise e algum espanto (confesso) perante a capacidade de orga-nização, disciplina e paixão vivenciadas. A rotina dos jovens formandos, que ali encon-tram a oportunidade de vingar no futebol, é exigente.

Passados cinco anos do arranque do projeto, o sucesso é indesmentível e rubricado por vários clubes europeus, entre eles o Ajax de Amesterdão, na Holanda, que recentemente elogiou a excelência do trabalho desenvolvi-do. ‘Há indicadores que aferem a qualidade do projeto e que claramente nos dizem que estamos no caminho certo. É disso exemplo, o número de jogadores que lançamos para as selecções nacionais, o número de títulos conquistados pelo clube nos diferentes es-calões e a percentagem de jogadores que têm tido boa prestação escolar”, refere Luís Castro. ‘Em 2011, tivemos uma taxa de su-cesso escolar enorme. Num universo de 325 alunos, só um ficou retido. Além disso, nos últimos anos, formamos 74 jogadores, 34 dos quais alcançaram as ligas profissionais e 20 deles estão já a jogar na super liga. Da-dos que demonstram a qualidade de quem forma. Hoje, temos pessoas que trabalham de uma forma transversal, bem como novos departamentos, como o de guarda-redes ou o de desenvolvimento de capacidades indi-viduais dos jogadores’, afirma.

Verificamos que esta rápida evolução só possível devido a uma vasta estrutura, com-posta pelos departamentos pedagógico, psicológico e técnico, que garantem a rápi-da integração dos jovens e lhes proporcio-nam maior estabilidade. Aliás, segundo Luís Castro, todos os técnicos que lidam com os jovens têm ‘de ser empenhados e ambicio-sos, com conhecimentos de vários níveis e apaixonados pelo jogo para provocarem o entusiasmo. Têm também de ser muito bons a nível do entendimento do que é o desen-volvimento do jovem’, explica.

‘A cidade é conhecida no mundo pela grande marca que é o clube’

‘Os técnicos que trabalham com os jovens têm de ser empenhados, ambiciosos e apaixonados pelo jogo para provocarem o entusiasmo’

luís castro, diretor técnico das formações do fcp

Texto Manuela Bártolo e Patrícia Alves Tavares | Fotografia Manuel Gomes da Costa

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RAiO X KáDU16 anos - guarda-redes

forte no jogo aéreo dentro e fora dos postes

rápido nas decisões e ágil nas acções

observador, precisa melhorar o jogo com os pés, o seu ponto menos forte

Saiba que...O FcP é um clube de referência mundial pela qualidade dos seus profissionais, modelo de gestão, estrutura organizacional e formação de atletas. Aliás, todos os seus jogadores aprendem desde cedo a filosofia e os valores do clube. Um ensinamento que não raras as vezes se transforma em paixão, mesmo depois destes terminarem a carreira desportiva.

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DESPorto ESPECIAL FORMAÇÃO

escola de vidaA aprendizagem começa cedo para aqueles que sonham com um futuro no mundo do fu-tebol e lutam por um lugar nas escolas das grandes equipas mundiais. Mas mais do que o ensino de uma modalidade, o que aferimos é que, cada vez mais, o que distingue os me-lhores clubes é a formação que oferece aos seus atletas enquanto futebolistas e indiví-duos. E foi esse aspeto que evidenciamos no FCP. É óbvio que o clube tem facilidade em detectar talentos emergentes, mas o mais significante é que também assume como sua a responsabilidade de os aperfeiçoar como seres humanos.

O acolhimento é feito num ambiente familiar, em que os alunos estrangeiros, são encami-nhados para uma habitação que funciona em regime de internato, mas que procura recriar um lar, apesar da ‘afetividade dos pais ser al-go insubstituível’. De facto foi isso que cons-tatamos e que Kádu confirmou.

Entrega e companheirismo são os valores a defender. Identidade, carácter, dedicação e capacidade de aprendizagem os valores a aperfeiçoar. Razão pela qual Luís Castro defende que ‘a idade ideal para se ingres-sar na formação do clube varia entre os seis e os oitos anos, sendo que a prática des-portiva deve iniciar ainda mais cedo, por volta dos quatro/cinco anos”. A pergunta impõe-se: porquê? Por ser a idade ideal para integrar uma metodologia de traba-lho e se afirmar perante os pares. Formar homens, eis o segredo do FCP, um clube que tem também como objetivo transmi-tir as raízes culturais e sociais de uma ci-dade que dá diariamente a conhecer por intermédio das suas conquistas desporti-vas. “Hoje, a cidade é conhecida no mundo pela grande marca que é o FCP. O clube é sem dúvida um motor da cidade”, salienta este responsável.

Motivos que fazem com que a formação atinja um patamar mais elevado, numa cla-ra aposta em defesa da marca. Aliás, unir a marca à própria cidade faz parte de uma estratégia de exportação competente. ‘To-dos os que integram o clube e transportam o seu emblema defendem a marca e com ela a identidade de uma cidade, mostrando largamente o seu valor’. E o que sustenta esse valor ao nível da internacionalização? Luís Castro é peremptório: ‘o Dragon For-ce (projecto de formação) vai expandir-se assente num princípio de qualidade. O FCP vai ser diferente na sua expansão, procu-rando primar mais uma vez pela inovação, excelência e competência das pessoas que servem o clube’.

—O FcP tem 34 jovens em formação, dos sub12 aos sub19, oriundos de diferentes países africanos. Desde Angola à Guiné, passando pelo Gana, o Senegal e a Nigéria. A média de idades situa-se entre os 16 e os 18 anos. Todos os atletas integram um clube que prima pela não diferenciação de culturas. Ângelo Santos, diretor pedagógico, refere, no entanto, que os jovens africanos sabem especialmente o que querem e têm como objetivo final - o sonho. Para estabilizar um ambiente de potencial competição o clube dispõe de um gabinete de psicologia, que tem uma intervenção direta no domínio dos problemas. Uma monitorização planeada, entendida pelos jovens como uma protecção necessária, fruto de uma comunicação constante, pautada por uma ‘liberdade responsável’.

ângelo santos responsável pelo departamento pedagógico

atletas da casa dragão

Texto Manuela Bártolo e Patrícia Alves Tavares | Fotografia Manuel Gomes da Costa

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‘um jogador à FCP distingue-se pelo carácter e pela inteligência de jogo’

Cultura e tradiçãoA casa Dragão é um espaço de culto para os jovens atletas. Por ser um clube tradicionalmente formador, o FcP alberga um conjunto de fotografias, símbolos que marcaram a história do clube e que são um incentivo diário. Ocupada por aqueles que deixam para trás pais, amigos e uma cultura distinta, esta casa funciona como um segundo lar, onde encontram o resguardo emocional tão importante para o seu desenvolvimento. O espaço reúne todas as condições para que os formandos se tornem bem sucedidos a nível desportivo e preparados para uma vida produtiva, pois disponibiliza uma série de infraestruturas essenciais para a evolução dos atletas, áreas diversificadas para convívio e locais para contacto com o staff técnico.

TrajeTo de uma esTrelaO FCP dispõe de vários departamentos de apoio. É o caso do ‘scouting’ (prospeção), composto por uma rede internacional de profissionais que detectam e indicam joga-dores que são necessidades para as equi-pas principais. ‘Sempre que o clube tem carência de determinado lugar é referen-ciado um jogador para essa posição’, escla-rece. ‘Caso esse atleta tenha mais talento do que outro que já integra o clube, sai este último e entra o primeiro porque funciona num regime que privilegia a qualidade’.

Um jogador novo evidencia sempre dificul-dades nos primeiros tempos, seja africano, europeu ou asiático. O processo de inte-gração é longo devido ao modelo de jogo adoptado, motivo pelo qual a formação é demorada, independentemente do atleta. Todos os obstáculos são intensamente tra-

balhados pelos técnicos, pelo que a subida aos diferentes patamares tem de ser cum-prida segundo os elevados parâmetros de certificação de qualidade do clube. ‘Primei-ro, o talento. Segundo, o empenho, a so-lidariedade e a humildade é que os pode levar ao topo. Para além disso, hoje há dois factores que são fundamentais: o carácter e a inteligência de jogo. Um jogador sem carácter rapidamente é excluído pelo gru-po e um atleta sem inteligência de jogo não consegue dar sequência àquilo que a equi-pa quer. Essa é a exclusão natural’, remata.

Depois existem as influências externas que o clube não domina – ‘amigos, professores, árbitros, agentes de futebol e pais, que mui-tas vezes não estão identificados com o ca-minho que defendemos e incutem pressões ao jogador que o fazem perder-se’.

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eLife&Stylee

{ TURISMO }

ÍNDICE

Love is in the airFevereiro é o mês namorados. Romântico incurável ou aventureiro, temos sugestões para todos os casais. Conheça cinco destinos inesquecíveis para serem vividos a dois

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{ BOCA A BOCA }As novidades mais fresquinhas do mundo da moda e da decoração. Encontre ainda os locais mais paradisíacos na terra, que poucos conhecem

{ LUXOS }CarrosEvoque, charme totalGadgetsUtilitários também podem ser decorativosAcessóriosMust-have de qualquer empresárioRelógiosAcessórios que ajudam a dar cor às horas do dia

{ ESTILOS }Para sempre ParisSugestões para brilhar na cidade do amorCosméticaEspelho meuCrónicaSimplicidade e bom gosto

{ GOURMET }Arte à mesaViagem pelos restaurantes estrelados pelo Guia MichelinPaladarSugestões para os sentidos mais apuradosCrónicaCopos e mais copos, tudo pelo prazer do vinho

{ ARTE }Entrevista comMiguel Amado, curadorCrónicaVentos a ocidente: perspetivas para 2012

{ CULTURA & LAZER }Companhia de Dança Contemporânea celebra 20 anos de existência

{ AGENDA }Pelo mundo fora

{ PERSONALIDADES }O dia-a-dia visto aos quadradinhos

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Pulso firme—Há palavras que mesmo só sussurradas nos remetem de imediato para a vertigem do luxo Kelly. Mais do que um nome, a carteira que a Hermès criou para a princesa Grace Kelly sobreviveu à sua musa inspiradora, e cresceu na dimensão de um ícone que, ainda hoje, inspira mulheres um pouco por todo o mundo. Mas este universo não se esgota aqui. Sob a mesma sugestiva designação, a prestigiada maison francesa, conhecida pelos artigos em pele, apresenta uma linha de pulseiras que depressa se transforma em objeto de desejo – as Kelly Bracelets. Esculpidas em diferentes tonalidades de ouro e diamantes, ou moldadas em versões mais contemporâneas e coloridas de pele de crocodilo, revelam-se obras de um saber artesanal, meticuloso e irrepreensível. Basta contemplar o detalhe dos seus fechos para concluir que, eles próprios, são jóias autênticas. E muito apetecíveis.— JO

Life&Style

Elegância masculina—A tradição é uma das palavras-chave para definir o espírito da Louis Vuitton mas, regularmente, a maison parisiense liderada pelo norte-americano Marc Jacobs apresenta novidades irresistíveis. Damier Infini é uma delas: uma nova coleção de acessórios, em pele de vitelo e com o xadrez Damier característico da marca, pensada exclusivamente para homem. Os forros são em tela de algodão e o acabamento metálico em titânio escovado, que garante um aspeto masculino a acessórios como o Keepall, o Porte-Document Voyage e outras malas icónicas, já disponíveis nas lojas Vuitton. — RM

Moda ou arte?—A editora Taschen acaba de lançar Inez van Lamsweerde / Vinoodh Matadin: Pretty Much Everything. O livro junta a dupla de fotógrafos famosa pelo trabalho publicado em algumas das mais prestigiadas revistas de moda da atualidade, mas também pela capacidade de criar imagéticas que sobrevivem às tendências, colocando os seus autores nas paredes das melhores galerias de arte do mundo. Kate Moss, Björk e Alexander McQueen são apenas três dos rostos retratados e agora integrados num livro-retrospectiva com mais de 600 imagens, disponível numa edição limitada, numerada e assinada pelos autores.www.taschen.com — JO

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Bajaj RE 60negócio da índia—Pode não ser o carro mais entusiasmante do mercado, mas não pode deixar de ser notícia: a indiana Bajaj, líder mundial no segmento de veículo de três rodas, que inclui os populares táxis indianos e riquexós, deu a conhecer recentemente o RE60. É o primeiro veículo de quarto rodas da marca e terá um preço muito baixo, tendo sido apelidado pelos responsáveis de “ultra low cost”. O motor é de 200cc e será comercializado na Índia em meados do ano. A ver vamos se chega ao resto do mundo.— RM

Viagem sensorial —O Santal Massoia é um convite ao “país por trás do ar.” É assim que o perfumista Jean-Claude Ellena apresenta a 10ª fragrância criada para a colecção Hermessence da Hermès. Com uma fragrância onde se destaca a madeira (oriunda de uma espécie protegida que não é usada na perfumaria), o aroma combina o aroma da resina com tons adocicados que lembram leite e fruta seca. Fica assim mais fácil imaginar uma mistura sugestiva e enigmática, que nos deixa a sonhar com destinos exóticos como a Indonésia ou a Nova Guiné. Para ir, sem sair do lugar.— RM

{ BOCA A BOCA }

Mais ofertaMontblanc (re)aposta em Lisboa—Dez anos após se ter instalado em Lisboa, na Av. da Liberdade, a Montblanc foi totalmente remodelada e ampliada. Um novo espaço que não ganhará apenas em ternos físicos, mas também no que à oferta de produtos diz respeito, uma vez que alberga a partir de agora modelos da alta relojoaria da marca. Entre eles da Colecção Villeret 1858, uma das suas mais distintas criações. — RM

Code, Storm LondonDias coloridos—Quem pensa que há pouco para inovar nos relógios tem aqui a prova do contrário. No modelo Code, da Storm London, com um sistema LED e um display de horas multicolorido, a visualização das horas fica ao alcance de um simples toque num botão. Possui uma bracelete em silicone, que o torna mais confortável, uma pilha de mudança fácil e completa-se com uma caixa de apresentação igualmente colorida. Está disponível em branco, laranja, preto e verde e é resistente à água até 50m.www.stormwatches.com— RM

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Life&Style { BOCA A BOCA }

Posada de Mike Rapu - Ilha da Páscoa - ChileExotismo de outros tempos—De 3 a 18 de fevereiro a mítica ilha de Rapa Nui, ou da Páscoa como é mais conhecida, será palco de um encontro absolutamente exótico, a celebração tradicional mais importante de toda a Polinésia, a Tapati. São 15 dias em que os habitantes da ilha recriam o que de mais rico o folclore local tem, desde exibições de pintura corporal e tatuagens tribais a competições em embarcações típicas. Tudo para eleger a rainha da festa. Onde ficar? Mais bem situado que a pousada Mike Rapu é impossível. E este ano há uma novidade, se assim o pretenderem também os hóspedes podem fazer parte da festa e competir em algumas da modalidades.www.explora.com— RPM

Amanruya · Bodrum, TurquiaO luxo Aman chegou ao mediterrâneo—Na baía de Mandalya, numa colina perfeitamente intacta da costa de Bodrum, entre pinheiros e oliveiras e com vistas deslumbrantes sobre o mar, a Aman resorts acabou de abrir as portas da sua mais recente propriedade. O nome do resort diz tudo, Aman em sânscrito quer dizer paz, e ruya é a palavra turca para sonho. A arquitectura é inspirada na região e as villas descobrem-se entre caminhos e terraços de jardins privados. Em todas uma piscina de mármore verde e os promenores a que o grupo Aman nos habituou.www.amanresorts.com · [email protected]— RPM

Vista AlegreDiálogo entre culturas e civilizações—A Vista Alegre adicionou uma nova colaboração ao seu portfólio de edições limitadas. O artista eleito foi o pintor moçambicano Malangatana.Um homem das artes por excelência e artista multifacetado, durante a sua longa carreira conciliou áreas tão diversas quanto a escultura, a cerâmica, a poesia,o teatro, a música e mesmo o cinema. É fruto da sua incursão pela cerâmica que nasce esta extraordinária peça – Encruzilhada de Culturas - reprodução limitada a 700 exemplares do original que se encontra na Galeria Museu Hloyasi.— RPM

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Life&Style

‘LOVE IS IN THE AIR’

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—não resistimos, sendo fevereiro o mês dos namorados, dedicámo-nos a procurar as sugestões mais românticas para uma escapada a dois. são 5 os destinos que elegemos e sabemos que a escolha vai ser difícil. a nossa garantia é que qualquer um deles será sempre uma viagem inesquecível

{ TURISMO }

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sEYchEllEs

Banyan Tree romântico no Paraíso

—Em 1881, um oficial britânico seduzido pela beleza natural das ilhas, clamou estar perante o Jardim do Paraíso. As Seychelles são românticas por excelência e, hoje em dia, estão no topo das

preferências como destino para lua-de-mel. São 115 ilhas de coral e granito, rodeadas por um mar de um azul quase surreal, a sul da

linha do equador e a apenas 1000 milhas da costa Este Africana, em pleno oceano Índico. São as ilhas do amor, quase poderíamos

dizer, parafraseando o epítome local.E onde ficar? A escolha hoje em dia é grande e confessamos que

algo difícil, tal a qualidade da oferta, mas elegemos o banyan Tree em Mahé, na capital. Fica em Anse Intendance e tem uma

história curiosa - além de a baía ser de uma beleza deslumbrante -, no início dos anos 70, este bocado de paraíso, foi pertença

de George Harrisson e de Peter Sellers. Hoje é um resort com arquitetura contemporânea de inspiração colonial, em que as

villas, o spa e a zona comum – La Grand Kaz – foram posicionadas de forma a preservar ao máximo a vegetação, fazendo eco das preocupações com o impacto ecológico sempre subjacentes à

filosofia do grupo, não descurando de todo o conforto e bem-estar dos hóspedes, que começa com gestos tão pequenos como o refresco de maçã, mel e gengibre que nos recebe à chegada ou as flores de hibisco que o staff todas as manhãs deixa na piscina de

águas infinitas que se funde com o turquesa do mar.

gBanyan Tree Seychelles

[email protected]/en/seychelles

— O Banyan Tree tem um romance

consultant para o auxiliar a preparar todos os pormenores da estadia

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Florença, itália

Four Seasons Hotelromântico cultural—claro que não poderíamos esquecer Florença, a mais conhecida cidade renascentista da belíssima Toscana. Pede passeios de mão dada ao longo das margens do rio Arno, uma visita aos jardins boboli no que hoje é museu, o Palazzo Pitti e uma paragem obrigatória na simbólica Ponte Vecchio (ao longo da ponte, principalmente no gradeamento em torno da estátua de benvenuto cellini, os amantes, em tempos idos, colocavam cadeados e lançavam a chave ao rio para que ficassem eternamente ligados). Para condizer com o cenário escolhemos o Four Seasons. O hotel nasceu da combinação entre um palazzo do séc. XV e um convento do séc. XVI; repleto de frescos, baixos-relevos e stuccos, está rodeado de um jardim romântico, reservado apenas aos hóspedes do hotel, de raras espécies botânicas com centenas de anos. E a localização é perfeita, da penthouse a vista alarga-se sobre os telhados fiorentinos até ao Duomo, a dois passos fica a imperdível Galeria degli Uffizi.

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gFour Seasons Hotel · Florençawww.fourseasons.com/florence

A pedido, o Four Seasons

preparará um programa

especial só para si

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hyderabad, índia

Taj Falaknuma Palaceromântico Exótico —A lendária Hyderabad só não é das mil e uma noites pela localização. A cidade tem 400 anos e o Palácio Falaknuma, ou Espelho do céu, em Urdu, residência dos imperiais Nizams, levou nove longos e quase ruinosos anos de construção. Estávamos no ano de 1884. O resultado foi uma jóia de mais de 200 salas, quartos e outras divisões, repletas de tapeçarias, brocados franceses, mobiliário incrustado, lustres de cristal, porcelanas finíssimas e obras de arte recolhidas um pouco por todo o mundo e que foram enriquecendo a extraordinária colecção de Sir Vicar Ul Umra bahadur, o primeiro proprietário do imponente e grandioso palácio e que ainda fazem parte do espólio que embeleza o hoje Taj Hotel. A majestosa residência de beguns e príncipes e que em tempos idos recebeu hóspedes ilustres como o último czar da Rússia e o Duque de Windsor, tem 60 luxuosos quartos - entre os quais a “begum Suite” na ala Zenana mantém inteiramente a decoração original - spa, o Royal Jiva e uma série de percursos dentro do próprio hotel a não perder. Destacamos o champagne Palace Walk que, tão a propósito, tem início ao pôr-do-sol.

gTaj Falaknuma [email protected]

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musandam, omã

Six Senses romântico

junto ao mar —

Em Omã, na extensa baía de Musandam, protegido pelas montanhas Hajar e com uma praia única aos seus pés. O

resort, de arquitetura inspirada nas aldeias tradicionais do sultanato, tentou reproduzir a mesma tranquilidade e recato das antigas casas de pedra, compensando a simplicidade da construção com o luxo dos interiores e os pequenos detalhes a que a cadeia já nos habituou. Eco-chique é a melhor forma de o definir. cada villa, separada das demais por caminhos

entre palmeiras, tem a sua própria piscina de águas infinitas e na Private Reserve (a villa com 3000m2), além de poder

contar com os serviços de um mordomo e de um chef, tem uma garrafeira à disposição, ginásio privativo, acomodações para

a nanny e inclui um passeio de barco com o sugestivo nome Private champagne & canapés Sunset cruise. O alojamento pode incluir o transfer desde o Dubai em limousine. E, claro,

ou não estivessemos a falar de uma propriedade Six Senses, o resort tem um spa de onde não apetece sair.

eSix Senses Zighy Bay Musandam, Omã [email protected]—Um chef e um sommelier poderão, ao inteiro sabor das suas vontades, ajudá-lo a criar o seu próprio menu e a organizar um jantar que será certamente inesquecível no local que eleger como o mais romântico de toda a baía

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{ TURISMO }

eLes Etangs de Corot-CaudalieVille d’Avraywww.etangs-corot.com

—Além do spa, onde acreditamos que vá passar grande parte do dia, o staff do Les Etangs de Corot terá todo o gosto em o auxiliar na organização de outras atividades, sejam uma experiência gourmet orientada pelo sommelier do hotel, um curso de pintura a pastel ou óleo ao ar livre ou um passeio até Versalhes.

ville d’avray, França

Les Etangs de Corot-Caudalieromântico bucólico—A 15 minutos de Paris, descobrimos um retiro que desde o séc. XIX atrai artistas, músicos e escritores: a bela vila de Avray, rodeada de lagos e paisagem luxuriante tão ao gosto dos impressionistas de então. E é escondido na bucólica e verdejante paisagem que encontramos a nossa sugestão, o charmoso Etangs de corot, hotel de 43 quartos, todos personalizados pela proprietária com objectos e móveis vintage que foi adquirindo ao longo dos tempos, nos tão famosos brocantes e antiquários franceses. A sugestão vale só por si, para quem se deleite com imagens de água a correr e passeios para usufruir da natureza a plenos pulmões. Mas não nos ficamos só por aqui. é que o hotel pertence à caudalie, a famosa marca francesa que alia cosméticos e tratamentos de corpo à enologia, e tem um spa vinoterapêutico onde se pode entregar aos cuidados e extraordinárias propriedades antioxidantes da inusitada conjugação.

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Life&Style João Oliveira

Emoção sobrE rodas

3.547 mm de comprimento

75 cv num motor magneto elétrico

120 Km/h a velocidade máxima ultrapassa este valor

SMART FOR-US

A PiCk-uP Do Futuro

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FEVEREIRO 2012 75

NOVO HONDA cIVIc

A trADição ContinuA

{ LUXOS }

—As últimas gerações do Civic têm sido tudo menos consen-suais, por isso a marca nipónica aposta forte no lançamento deste novo modelo. Apesar de manter um certo ar espacial, quer no exterior quer no inte-rior, houve uma preocupação para não se entrar em exageros. A forma que a marca encon-trou de conseguir melhorias foi, precisamente, ouvir a suges-tões dos seus antigos clientes, melhorando elementos como a capacidade da mala ou a vi-sibilidade, alguns dos aspectos mais criticados no seu anteces-sor. O motor Diesel 2.2 i-DTEC, com 150 cv, é capaz de chegar aos 217 km/h e fazer 8,5 segun-dos dos 0 aos 100 km/h.

Por enquanto ainda é um protótipo, mas tudo indica que, mais ano menos

ano, a Smart colocará nas estradas o modelo for-us. Nas estradas e

fora delas, uma vez que se trata de uma pick up, algo que seria difícil

de imaginar em veículos com as características dos Smart. Apesar de tudo, a cidade continuará a ser o seu

habitat natural, afinal será alimentada por um motor eléctrico de magneto permanente, com 75 cv – capaz de ultrapassar os 120 km/h. Com 3547 mm de comprimento, 1506 mm de largura e 1701 mm de altura, possui

uma maior distância entre eixos (mais 613 mm), relativamente ao modelo convencional. Terá lugar para duas

pessoas e, surpresa das surpresas, para duas bicicletas eléctricas - podem ser

recarregadas a qualquer momento.

401 litros

é o volume da bagageira

9ª geração

do modelo japonês

SMART FOR-US

A PiCk-uP Do Futuro

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76 FEVEREIRO 2012

Life&Style João Oliveira

—não é preciso viver no Texas para se ser um verdadeiro Ranger. Pode sempre começar por comprar a pick up da Ford com o mesmo nome. um modelo que regressa com um estilo mais agressivo e robusto, emprestando-lhe não só maior beleza, mas também uma condução mais estável. Contudo, a Ford tentou dar um passo em frente, passou por criar um habitáculo mais confortável e de cariz familiar. Tem dois motorizações à disposição, 2.2 TDCi (quatro cilindros de 150 cv) e 3.2 TDCi (cinco cilindros de 200 cv) e estará disponível nas versões de cabina longa e cabina dupla

FORD RANGER

PArA os Duros

—É pequeno, promete ser barato, não dará milhões, mas ajudará

a evitar algumas dores de cabeça a quem circula na cidade. sobretudo na hora de estacionar. Assim é o mii, o mais pequeno

modelo da seat, um irreverente citadino que teve origem no Grupo VW e que partilha a sua base mecânica com o VW up! E o skoda CityGo. O objectivo é recuperar o universo

de clientes dos antigos marbella e Arosa, contando para isso conta com um motor a gasolina de três cilindros de

1,0 litros – de 60 e 75 cv. A agilidade será um dos seus maiores trunfos, tal como um consumo, que promete

ser inferior a 5 litros por cada 100 km.

SEAT MII

o rEgrEsso Do CitADino

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FEVEREIRO 2012 77

—A marca alemã fez uma revolução pacífica no Audi A5. mudanças que vão desde o capítulo estético a questões profundamente técnicas. A nível exterior as alterações são, desde logo, perceptíveis no capot, na grelha e no pára-choques dianteiro, que passou a ter faróis rectangulares no lugar de redondos. no interior especial referência para a introdução de alguns cromados e a existência de mais opções a nível de equipamento. Refira-se também que o sistema Audi Drive select passa agora a disponibilizar um quinto modo, “Efficiency”, juntando-se aos já existentes “Comfort”, “sport”, “Auto” e “Individual”.

AUDI RENOVA A5

QuALiDADE Do CostuME

{ LUXOS }

30Km/h travagem automática até esta velocidade

Cartografia 3D do sistema de navegação plus

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78 FEVEREIRO 2012

—Fundar um negócio e esperar que dure século e meio é algo quase impensável nos dias de hoje. Tal como seria em 1862, quando Adam Opel, começou a utilizar a oficina de ferreiro do pai, em Rüsselsheim, na Alemanha, para fabricar máquinas de costura.

Visto à distância parece simples. Das máquinas de costura Adam Opel passou para as bicicletas, das bicicletas para os motociclos e em 1902 apresentava já o seu primeiro modelo, um Lutzmann com motor 10/12 cv. Os anos seguintes continuaram a ser de crescimento constante, fruto de uma estratégia alicerçada na produção de veículos fiáveis e acessíveis, algo que, ainda assim, não impediu a marca de, em 1928, bater o recorde mundial de velocidade em terra, graças ao “supersónico” Opel Rak. Atingiu 238 km/h. O céu era o limite e no ano seguinte chegou por isso com naturalidade a aposta nos aviões.

mas o que também chegou no final dos anos vinte foi uma crise profunda, situação que a levou a marca procurar abrigo junto do

OPEL cELEbRA 150 ANOS

inovAr PArAConQuiStAr

o Futuro

Life&Style João Oliveira { LUXOS }

gigante americano General motors. Parceria certeira que rapidamente a transformaria no maior construtor da Europa, com uma produção anual superior a 120.000 automóveis. Outra fase difícil chegaria, contudo, a II Guerra mundial. uma época negra que fez com que a Opel interrompesse a produção, mas não a sua caminha histórica. Em 1962, menos de duas décadas depois do final da guerra, comemorava o seu centenário com a abertura de uma segunda fábrica, ao mesmo tempo que via consolidado uns dos seus mais carismáticos e bem sucedidos modelos de sempre, o Kadett.

A partir de então o percurso é mais ou menos conhecido. manta, Calibra, Vectra, Omega, Astra ou Corsa foram alguns dos modelos que ajudaram a escrever a história da marca e a fizeram chegar até aos dias de hoje. Os tempos são outros, a crise voltou, ao qual a Opel não escapa, mas a aposta em modelos como o eléctrico Ampera, mostra que não está disposta a virar a cara à luta. Bem pelo contrário. A ver vamos o que nos diz a história daqui a 150 anos.

carroS

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80 FEVEREIRO 2012

Life&Style João Oliveira

Da marca britânica estamos sempre à espera de carros robustos, mais do que sedutores. O novo Evoque parece reunir as duas características. Um SUV para qualquer piso e ocasião, que se autoproclama como o mais leve, o mais eficiente e o mais compacto Range Rover de sempre.

Se pretende discrição e passar incógnito no trânsito, o melhor é esquecer este automóvel, pois o mais recente modelo da Range Rover parece ter a capacidade de chamar a si todas as atenções, como se de um super-desportivo ou um cabriolet se tratasse. Uma espécie carro de colecção em que pode andar todos os dias. Ou vice-versa.

Range RoveR evoqueCharme total

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{ LUXOS }

eD4 2.2 de 150 cv com tracção dianteira e caixa manual

150 e 190 cv nos motores

a diesel

240 cvno motor

a gasolina

16 desenhos

personalizados do interior

à escolha do cliente

Range RoveR evoqueCharme total

TesT-drive

Nova imagem conseguida sem nunca descorar a qualidade e a funcionalidade típica da marca, tal como as prestações, sendo cinco os motores disponíveis - três a Diesel e um a gasolina (ver caixa).

Outra das preocupações maiores da marca foi dotar o Evoque com aquilo que de melhor se faz no mercado em termos de conforto e tecnologia, disponibilizando, entre outros, o sistema Park Assist, TV digital, cinco câmaras que permitem visualizar o exterior do veículo, sistema de som Meridian com 825 Watt e 17 altifalantes, sistema de navegação com ecrã táctil, entretenimento para os lugares traseiros e a possibilidade de ligar gadgets de áudio externos. Ficou convencido? Nós ficámos.

TD4 2.2 de 150 cv com tracção integral e caixa manual ou automática

SD4 2.2 de 190 cv com tracção integral e caixa manual ou automática

Si4 a gasolina, 2.0 turbo de 240 cv, com tracção integral e caixa automática

MoTorizações

carroS

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Ducati 1199 Panigale Raça italiana —

É um pássaro? É um avião? É a nova Ducati 1199 Panigale. Uma

mota super desportiva que tem o mais potente motor da história

Ducati para um modelo em série, com nada mais nada menos do

que 195 cv. Segundo a marca italiana é também a mota com melhor

relação peso-potência do mundo, uma vez que pesa apenas 164 kg.

Está disponível em três versões: Ducati 1199 Panigale, Ducati 1199

Panigale S e Ducati 1199 Panigale S Tricolore. O “avião” ideal para

quem quiser voar em terra firme.

Sea-Doo RXP-X 260(Só) para campeões —

As notícias sobre este modelo de competição da Sea-Doo não parecem deixar

margem para dúvidas: a RXP-X 260 chegou para reinventar o jet-ski. Tudo isto

porque recebeu um novo banco com sistema Ergolock, mais estreito, com um

guiador completamente ajustável e um reforço para os pés que permitem que o

corpo esteja mais ajustado à mota, conjunto capaz de dar ao piloto uma relação

mais orgânica com a máquina, minimizando a fadiga corporal. O motor tem 260

cv de potência. O desenho inovador do casco, que permite curvas mais precisas,

estáveis e fechadas é outro dos aliados.

VELOCIDADE EM POTÊNCIA

Enquanto não chega o Aerion SuperSonic Business Jet, o primeiro jato executivo da história a atingir a velocidade do som, aqueles que quiserem (e puderem) viajar no mais rápido jato civil do planeta já podem encomendar o Citation Ten, da Cessna. Um avião de luxo com capacidade para cerca de 10 pessoas, com um interior extremamente luxuoso e equipado com dois motores Rolls-

Royce AE 3007C2. Duas verdadeiras pérolas que lhe permitem atingir a velocidade máxima de cruzeiro de 976 km/h, ligeiramente mais veloz do que a versão Citation X.

cessna citation Ten Velocidade furiosa

Life&Style João Oliveira { LUXOS }H2o

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cOmpanheirOs dO dia-a-diaPode uma máquina de lavar ser mais do que um electrodomésticoe transformar- se num objecto de decoração ou mesmo num gadjet?Pode, se for cor de rosa e recriar o estilo dos anos 50. Os outros produtos aqui sugeridos não lavam roupa, mas também é cada vez mais difícil viver sem eles.

Life&Style Textos João Oliveira | Produção Nuno lago

bang & oulufsen play Sistema de som BeoLit 12(www.beoplay.com)—Pesa apenas 2,8 Kg e reproduz música sem fios do iPod, iPhone, iPad e Macbook

smythsonPasta protetora de tablet —Protetor em couro para tablets de 7 polegadas

montblancMasters for Meisterstück Porcelain Black & White—caneta tinteiro de pistão, feita à mão, revestida em ouro

Eco buttonbotão ecológico USB (www.eco-button.com)—botão que se liga ao computador via USb e que serve para reduzir substancialmente os gastos energéticos

acer liquid Telemóvel Mini Ferrari Edition (www.acer.com)—Smartphone de luxo, cujo alto desempenho se assemelha aos melhores carros de corrida

smeg Máquina de lavarLBL 16 RP (ww.smeg.pt)—Série anos 50, com capacidade para 13 talheres

tru virtu Carteira electrónica Oyster (www.truvirtu.de)—Solução para guardar cartões e dinheiro em alumínio e aço inoxidável

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gucci.Capa de iphone—Acessório exclusivo da Gucci para iPhone, em couro

caran d acheCaneta Black RNX.316 —A coleção RNX.316 foi concebida em duas versões: PVD black e Steel

dunhill.Botões de punho com banho dourado —botões criados pelos melhores artesãos em linha da Dunhill

montblancWedding Pen—Instrumento de escrita único criado para coroar o casamento do Príncipe Albert II de Mónaco e charlene

samsung Máquina fotográfica DV300F (www.samsung.com)—combina tecnologia LcD Duplo com a capacidade de comunicação Wi-Fi

sony Ericsson Smartphone Live Walkman (ww.sonyericsson.com)—Tem um botão que oferece acesso instantâneo ao leitor de música e sistema operacional Android 2.3.4

skywatcher Telescópio para crianças Infinity 76 P (www.skywatcher.com)—composto por lente ocular, tubo ocular e suporte. Muito fácil de montar

thrustmaster Volante Ferrari F1 Wheel Integral T500 (www.thrustmaster.com)—Esta roda, réplica de corrida do Ferrari 150, oferece sensações incríveis no asfalto, com acabamento de grande qualidade

samsung Monitor para crianças WiFi Baby Monitor (www.samsung.com)—capta vídeos com resolução de 640x480 em até 30 quadros por segundo

{ ACESSÓRIOS }

{ LUXOS }GaDGETS

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Dias felizesNuma sociedade em que o tempo é cada vez mais um bem escasso,

o relógio tornou-se num objeto fundamental.Mas nem só da luta contra as horas se faz o Homem, há outros acessórios

que ajudam a enfrentar e dar vida aos nossos dias.

Life&Style João Oliveira { LUXOS }

Vacheron ConstantinKalla Haute Couture à Pampilleswww.vacheron-constantin.com

Tissot Racing-Touchwww.tissot.ch

Rolex Cosmograph

Daytonawww.rolex.com

Montblanc Collection Villeret 1858 Vintage Pulsographewww.montblanc.com

Bell & Ross Relógio de bolso

PW1www.bellross.com

rELÓGIoS

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FEVEREIRO 2012 87

Life&Style { ESTILOS }ProMo

Nova coleção FashioN CliNiCcom uma seleção de marcas e peças excepcionais, a concept Store convida os seus clientes a descobrir as suas propostas para a próxima estaçãoe também as novas marcas que complementam a sua oferta de luxo. etro

122eur

jimmy choo798eur

paul smith404eur

gucci595eur

gucci595eur christian

louboutin613eur

mulberry995eur

etro365eur

italiaindependent

163eur

michel kors717eur

miu miu270eur

ralph lauren203eur

etro162eur

gucci345eur

ralphlauren170eur

prada170eur

gucci385eur

paulsmith90eur

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Life&Style

1 b Look Gant by michael Bastian. 2 b sapatos, Ermenegildo Zegna. 3 b Oculos de sol, Bottega Veneta. 4 b saco de máo em pele, Burberry Prorsum. 5 b Calças, Fred Perry. 6 b saco de mão em pele, Gucci.7 b Botões de punho, Paul smith. 8 b Polo, Polo Ralph Lauren. 9 b Cardigan, Ps by Paul smith.10 b Pasta protectora para tablet, Valextra. 11 b Blazer, miguel Vieira. 12 b moucassins, miguel Vieira.

TERpiaDa CORUm bom guarda-roupa faz-se de cores sóbrias e de peças intemporais mas, nesta estação, escapar à monotonia implica apostar em pinceladas de cor. Faça as escolhas mais acertadas e consolide o seu estilo.

Textos Rita Martins | Produção Nuno lago

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1 b Look, Osklen. 2 b Fato de banho, Calzedonia. 3 b saia em pele metalizada, Gucci. 4 b Vestido com palletes, Hoss.5 b Blusa com laçada em chiffon de seda, Halston Heritage. 6 b Calças com estampagem de lantejpulas, Lanvin.

7 b Relógio stainless steel e cronografo em crystal, michael Kors. 8 b Casaco, Twin set. 9 b sandálias, Versace. 10 b Calças, Zadig & Voltaire. 11 b Vestido, miguel Vieira. 12 b Clutch Power, swarovski.

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HEavy mETalO brilho discreto dos metais está de volta para inspirar looks onde

modernidade rima com sobriedade. Aposte em discretas doses moderadas

ou invista em looks totais, mas não dispense a sofisticação destas peças no

seu guarda-roupa.

{ ESTILOS }TENDÊNcIaS

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1 b Look, Osklen. 2 b Fato de banho, Calzedonia. 3 b saia em pele metalizada, Gucci. 4 b Vestido com palletes, Hoss.5 b Blusa com laçada em chiffon de seda, Halston Heritage. 6 b Calças com estampagem de lantejpulas, Lanvin.

7 b Relógio stainless steel e cronografo em crystal, michael Kors. 8 b Casaco, Twin set. 9 b sandálias, Versace. 10 b Calças, Zadig & Voltaire. 11 b Vestido, miguel Vieira. 12 b Clutch Power, swarovski.

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Life&StyleOuT Of OffiCE Uma boa dose de leveza, materiais de qualidade e uma pitada de cor. Depois basta juntar água. Está dada a receita para looks que cheiram a mar e que nos fazem sentir a tranquilidade das férias, mesmo estando no bulício das grandes cidades.

Textos Rita Martins | Produção Nuno lago

1 b Look Osklen. 2 b Raquetes de praia, Carolina Herrera. 3 b Cadeira de praia, Carolina Herrera. 4 b T-shirt, Burberry Prorsum. 5 b Calçoes, Decenio. 6 b Ténis, Feiyue. 7 b Casaco, Fred Perry.8 b Relógio cronografo 3000, Luminox. 9 b sandálias, maison martin margiela no Espaço B. 10 b Toalha, Paul smith. 11 b Calçoes, Quicksilver.

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{ ESTILOS }TENDÊNcIaS

1 b Look Gant by michael Bastian. 2 b Bikini, Quiksilver. 3 b sandálias em pele, Burberry Prorsum 4 b Bikini, Calzedoni. 5 b Vestido, Decenio. 6 b Blazer, Hoss. 7 b Calções, Hoss. 8 b Fita de cabelo, Lanvin. 9 b Colar, Louis Vuitton.

10 b sandálias, malene Birger. 11 b Brincos, marni na Fashion Clinic. 12 b Carteira, Tory Burch na Fashion Clinic.

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mala DE féRiasO calor potencia a máxima less is more. Menos roupa e mais simplicidade. Aposte por isso em peças-chave, privilegie os tecidos mais leves e invista nos acessórios certos, que reinventarão cada look. Depois, basta que se deixe contagiar pela energia das cores.

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Para SEMPrE ParISLife&Style

No mês em que se apresentam as novas coleções, regressamos à capital mundial da moda. Clássica e vanguardista, mundana e altiva, casa da tradição e berço das novas tendências, a cidade iluminada inspira. Sempre.

1 b sapatos brocados, Church’s. 2 b Luvas em pele, Dents. 3 b Cinto em pele, Dunhill.4 b Camisola, Fred Perry. 5 b Blazer, Lanvin. 6 b Oculos em massa, Linda Farrow Luxe.7 b Jeans, Ralph Lauren Black Label. 8 b Camisa branca, Canali.

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Textos Rita Martins | Produção Nuno lago

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Para SEMPrE ParIS{ ESTILOS }DESTINo

1 b Trench Coat em cetim, Burberry. 2 b Relógio, Gucci. 3 b sapatos, Carolina Herrera.4 b Casaco, Lanvin. 5 b macarrons edição especial matthew Williamson para Laduree.

6 b mini vestido em crepe Torre Eiffel, moschino Cheap and Chic. 7 b saia, Red Valentino.8 b Trolley, Carolina Herrera. 9 b Clutch, Valentino. 10 b Vestido, Vionnet.

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ESPELHO MEUOs rituais de beleza começam nos cuidados mais essenciais e só terminam nos remates

mais certeiros. Descubra as novidades que a cosmética coloca ao serviço do seu bem-estar.

Life&Style { ESTILOS }coSMÉTIca

Anny Verniz azul

LancômeAtivador de juventude masculino Génefic HD

BiothermTratamento nutri-reconstituinte

profundo Force Supreme

Yves Saint Laurent

Perfume L’Homme Libre

BiothermSérum

anti-queda Regenetic

Kiehl’sAfter-shave Razor Bump

Relief

Karl Lagerfeld (na Sephora)

Collector’s Glitter Dome

Estée LauderMichael Kors

Holiday Make Up Kit

Estée Lauder Perfume sólido Hapiness Pleasures

(embalagem com cristais Swarosvski criada por Jay Strongwater)

PARA

ELE

PARA

ELA

Textos Rita Martins

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{ ESTILOS }crÓNIca

Há problemas ocasionais - ou dúvidas existenciais - que são muito mais

delas do que deles. Como a eterna questão: o que vestir? Elas, mesmo que

tenham o armário cheio de roupa, terão sempre, ou em muitos momen-

tos, dificuldade em responder a esta questão. Já para eles, haverá muitas

alturas em que juntar duas peças será tão simples como somar dois mais

dois. O problema aparece quando o quatro, apesar de ser a resposta ób-

via, nem sempre é a mais correta.

Antes de qualquer tentativa de declaração de estilo próprio é fundamen-

tal ter uma boa base, ou seja, possuir aquelas peças que sobrevivem a to-

das as temporadas e se misturam com todos os estilos, servindo as mais

diferentes ocasiões.

No caso dos homens, a tarefa não é assim tão complicada. Um bom fato

estará sempre no topo das prioridades, sobretudo se se tratar de um ho-

mem de negócios. O mais razoável é optar por uma marca de referência

ou ser assumidamente tradicional e recorrer ao talento artesanal de um

alfaiate. Acrescente-se à lista de indispensáveis um bom sobretudo, algu-

mas camisas (a branca é incontornável), um blazer de corte mais casual,

para combinar com jeans ou calças caqui. Importa ainda não esquecer os

algodões (t-shirts e pólos) e uma boa camisola. E, neste capítulo, a caxemi-

ra é quase como os diamantes: eterna.

No guarda-roupa feminino as coisas ficam um bocadinho mais compli-

cadas. Ainda assim é possível sistematizar as peças-chave que facilmen-

te serão desmultiplicadas em infinitas combinações. First things first. O

LDB (little black dress) é aquela peça que todas as mulheres devem pos-

suir e estimar. Com uma versatilidade a toda a prova, só precisa de ter

o tecido e o corte certos para resistir a estações e tendências. A camisa

branca também deve ocupar lugar de destaque: combine-a com um tail-

leur ou um smoking, para um look mais masculino, ou com jeans, para

um visual mais descontraído. Depois, basta acessorizar, com lenços e/

ou colares. Igualmente indispensáveis: os cardigan, o trench coat e um

bom casaco de Inverno. Et voilá. Eleitos os essenciais, tudo se resume à

capacidade de misturar e reinventar. E é nesse momento que a moda dei-

xa de ser uma imposição para passar a ser um prazer.

ReiNveNtaR o dia-a-dia

‘Antes de qualquer

tentativa de declaração

de estilo próprio é

fundamental ter uma

boa base’

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Life&Style

Constar no mais respeitado e reconhecido guia de referência, que elege os melhores entre os melhores, atribuindo-lhe de uma a três estrelas consoante o seu nível de qualidade, é o sonho de muitos chefes.

Em Portugal, foram galardoados, em 2011, 12 restaurantes, 10 com uma estrela e dois com duas estrelas Michelin.

O que lhe propomos é uma viagem do sul ao norte, começando nos de duas estrelas - The Ocean, no Algarve -, pas-sando pelo Hotel Fortaleza do Guincho, pelo Arcadas da Quinta das Lágrimas, em Coimbra, para terminar no recen-

te e único estrela Michelin do Porto, The Yeatman.

qq

Especial restaurantes MichelinArte à MesaUma viagem através de restaurantes estrelados pelo Guia Michelin

é sempre um verdadeiro desafio no mundo dos aromas, dos sabores e dos prazeres.

Texto Paulo Laureano | Fotografia Manuel Gomes da Costa

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Nada melhor para iniciar esta expe-riência gastronómica que a cozinha de Hans Neuner no restaurante the ocean, em Lagoa, integra-do no complexo hoteleiro Vila Vita Parc Hotel.

Este será talvez dos chefes mais per-fecionistas atualmente em Portugal. Cada prato revela um estudo anteci-pado, maturado e testado à exaustão. Tal como outros grandes criadores de gastronomia em todo o mundo, Hans Neuner fecha o seu restaurante alguns meses para poder decidir, desenhar e criar aquilo com que mais tarde nos vai deliciar.

Para que nada interfira com o palato, o jantar (só se servem jantares no The Ocean) inicia-se com um “limpa-palatos”, uma infusão de limão fria servida sobre finos grãos de casca de lima. As descobertas que se seguem são igualmente majestosas. Imagine um pequeno cone com fígado fresco de pato, uma batata doce crocante frita e servida dentro de um envelope, um elegante “finger” onde sobressai um delicioso rolo de pato envolvido em couve flor e um cubo de maçã crocante com tomate doce. Atenção, isto é ape-nas um pré-couvert!

Os produtos portugueses não são igno-rados na carta. Ostras de Olhão, raia al-garvia ou porco preto alentejano estão nos diversos ingredientes que servem para construir os seus pratos.

Por noite só são servidos um restrito número de convivas e tudo prima pela elegância. As mesas, os talheres, as por-celanas, os copos, tudo está programa-do para se enquadrar com os distintos pratos e ter um efeito sinergético. Ou-tro importante aspeto é o serviço de sala, eficaz, preciso e discreto. A carta de vinhos é vasta e não deixará um enófilo desiludido.

O enquadramento paisagístico, so-branceiro ao mar, janta-se “mirando” a costa algarvia envolvente, é outro fator que contribui para que a experiência no The Ocean seja inesquecível!

{ GOURMET }

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Pelos lados de Coimbra, no histórico hotel da Quinta das lágrimas o chefe Albano Lourenço desenvolve uma “cozinha de mercado” utilizando os produtos tradicionais da região que encontra diariamente disponíveis. O consultor gastronómico é Joackin Koerper outro dos grandes chefes do grupo Lágrimas.

Com uma estrela Michelin, manten-do igualmente o requinte e cuidado associados a este tipo de restaurantes, Albano Lourenço impõe um cunho claramente português nos pratos que desenha. Mantém um traço de arte forte nos pratos que desenha, mas privilegia claramente os produtos na-cionais. Parece-lhe bem um carpaccio de bacalhau com medalhão de vieiras e vinagreta de pontas de espargos e uns filetes do mesmo bacalhau com recheio de lavagante, arroz selvagem com molho de camarão e pernod? Ou será que prefere um lavagante e rodo-valho com molho de vinho moscatel, gengibre e grãos de pimenta? Pode optar por um cabrito confitado à nossa moda com molho de tomilho e folhas de grelos salteadas. Se preferir pode terminar com uma borboleta de pêra rocha com molho de vinho tinto, pu-dim de chocolate e gelado de canela.

Na Quinta das Lágrimas mantém-se viva uma das mais bonitas e trágicas histórias de amor, a de Pedro e Inês de Castro, mas Albano Lourenço mantém também viva e para ser vivida uma belíssima história de paixão em torno da gastronomia portuguesa, desenha-da com enorme beleza, mas manten-do uma essência e pureza de valores tradicionais.

Um pouco mais a norte com as ondas da praia do Guincho por cenário, o Restaurante do hotel fortaleza do Guincho é o palco onde o chefe Vincent Farges apresenta as suas criações. Discípulo de Antoine Westermann, um chefe com três estrelas Michelin no seu restaurante de Estrasburgo, Vincent Farges conseguiu manter a Fortaleza do Guincho no núcleo restrito de estrelados Michelin em Portugal. Em 2011 o restaurante manteve o seu estatuto com uma estrela.

Sentarmo-nos neste magnífico cenário ao almoço ou ao jantar parece mais uma vez que o mar nos envolve. Por isso uma sopa de sapateira, com ovas de peixe voador sob uma maionese com funcho sabe divinalmente na trilogia apresentada para entrada. A cozinha do chefe Vincent Farges tem uma forte influ-ência francesa, mas aparece cada vez mais “decorada com influências portuguesas”. Não é de estranhar esta questão, uma vez que a filosofia marcada por Antoine Westermann, que se mantém como consultor, é inspira-da na alta cozinha tradicional francesa, mas privilegia uma aliança franco-portuguesa, onde cada vez mais os produtos portugueses aparecem tratados segundo as técnicas usuais da cozinha francesa contemporânea. Vieiras salteadas com refogado de alho francês e tru-fas ou cabrito-montês com marmelo e maçã confitados, são bons exemplos disso.

Mais uma vez tons e pinceladas de requinte revelam arte e paixão nos pratos desenhados. Mais uma vez uma refeição é muito mais do que isso, é “comer” a arte de Vincent Farges. Ambiente sofisticado, serviço elegante e uma excelente carta de vinhos, ou não morasse aqui Inácio Loureiro, um dos melhores escan-ções, ou sommeliers nacionais. Ligações entre vinho e comida, copos, temperaturas, inques-tionáveis. Mais uma vez uma experiência de luxo, requinte e prazer.

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{ GOURMET }

A última paragem desta experiência é o Hotel vínico the Yeatman, mais concretamente o seu restaurante, com uma estrela Michelin.

Com um lugar de destaque para o peixe e produtos frescos, o menu escolhido começa com um carabineiro glaceado com caldo de ostras e seu iogurte, terrina de enguias em foie gras e pão de pis-tacho. Parece algo de muito com-plexo, mas revela uma frescura e uma interligação de sabores que o torna uma óptima entrada e deixa ativas as nossas papilas gustativas.

Lírio, um excelente peixe que representa bem a riqueza da fau-na piscícola açoriana, lavagante e pregado cozinhado ao vapor mais uma vez mostraram a im-portância que o peixe tem na cozinha do chefe Ricardo Costa. Parmentier de foie gras, com co-gumelos, peito de pombo assado e repousado de azeite. Uma das sopas mais deliciosas que se pode imaginar. Antes já tínhamos ex-perimentado um fabuloso carré de borrego.

A Ricardo Costa não falta criatividade, o restaurante tem um ambiente acolhedor, um serviço bem executado, mas discreto e uma fabulosa carta de vinhos. A leitor restará caminhar para a varanda do bar e de copo de Porto na mão, com a Ribeira e o rio Douro como cenário, rever todo este percurso de restaurantes Michelin.

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Este mês não perca sugestões únicas que prometem dar mais glamour ao seu dia-a-dia. Tome nota do melhor do mundo do café ou do vinho e impressione a família e os amigos

TenTações da gulaLife&Style { GOURMET }SHoPPINGTexto Rita Martins

Produção Nuno lago

VISTA ALEGRE ATLANTISaDecantaro Siza Viera

VISTA ALEGRE

ATLANTISb

Caixa de compotas e

tacinhas

VODKA STOLIcHNAYA

bEdição especial com assinatura

de Yuri Gorbachev

JOSé GOURMETaLatas de conservas

MOULINEXb

Master chef

JOSé GOURMETbGarrafas de azeite aromatico de Alecrim e vinagre de vinho

HERDADE DOS GROUSaVinho 23 Barricas da região do alentejo

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Life&Style Paulo Laureano

Ter vinhos com histórias envolventes, capazes de nos surpreender é fundamental para nos divertir-mos e ter prazer com o seu consumo. Mas existem alguns pormenores que podem ajudar-nos a tirar ainda mais prazer da degustação de um vinho. De entre eles destacam-se uma correcta temperatura e um copo adequado ao vinho em questão.Quanto às temperaturas, em jeito de ajuda, na tabe-la seguinte ficam disponíveis várias indicações a se-guir, de acordo com o tipo de vinho:

Vinhos TemperaTuras(ºc)ESPUMANTES ······························································5-7BRANCOS DOCES ·······················································5-7CHAMPAGNES ··························································· 6-8BRANCOS SECOS ······················································8-10TINTOS LEVES ·························································13-15BRANCOS ENCORPADOS ····································12-14TINTOS LIGEIROS & PORTO TAWNY ············ 14-16TINTOS MÉDIOS ·····················································15-17TINTOS ENCORPADOS ·········································16-18VINTAGE & L.B.V. ···················································16-18

Copos e mais copos, tudo pelo prazer do vinho

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tamos a nossas papilas gustativas sejam rapi-damente atingidas.“Et voilà”, um bom flute para uma excelente festa com champanhe ou espumante, a des-frutar da baia de Luanda ou da não menos charmosa baia de Cascais.

Os vinhos brancos e tintos jovens são normalmente muito frutados, frescos, irreverentes e fáceis de beber. Estes tintos apresentam taninos mais evidentes.Se aumentarmos ligeiramente o tamanho do corpo do copo, mantendo o formato de tulipa, descobriremos como estes vinhos se tornam ainda mais apetecíveis, num elegan-te copo. Deve ser mantido o formato fechado do topo do copo, para uma boa retenção dos aromas frutados.Estes vinhos não precisam de “respirar”, o que só os prejudica, fazendo com que per-cam a componente de fruta e juventude. Não precisamos por isso de um grande volume no corpo do copo.

Brancos e tintos estruturados e estagiados, são vinhos onde a componen-te aromática e de estrutura se equivalem. Muitas vezes têm fermentações em barri-cas de carvalho e/ou estagiam em contacto com a madeira. Posteriormente necessitam sempre de alguma maturação em garrafa. São vinhos mais complexos, muitas vezes a necessitarem de algum arejamento no copo para, de forma condizente, se “mostrarem” ao consumidor.Aconselham-se aqui, copos com um maior volume na base para melhor ocorrer essa pequena adição de oxigénio necessária. Uma maior abertura no topo é também impor-tante.Muitas vezes estes vinhos são poderosos em termos de álcool, por isso, ter uma boa distância entre a base e o topo do corpo do copo, protege o nosso olfacto da agressão do eventual teor alcoólico elevado do vinho. São além disso copos de enorme elegância que alegram e embelezam uma mesa.

Restam-nos os vinhos doces. O arquitec-to Siza Vieira, desenhou há algum tempo um copo para vinho do Porto. As suas caracterís-ticas, com formato de tulipa, com um corpo alto, fechado no topo, são muito semelhantes às referidas para os vinhos jovens, pelo que na sua falta se podem utilizar estes.Existem hoje em dia diversas marcas onde é possível encontrar estes copos para vinho: Riedel, Spiegelau ou Schott Zwiesel são algu-mas das melhores.Nas sugestões de vinhos vai encontrar con-certeza utilização para todos os copos refe-renciados.

{ GOURMET }

champanhe krug grand

cuvé (vendido em

Portugal pela Vinalda)

E quanto aos copos, precisamos de um copo diferente para cada tipo e estilo de vinho? Há quem defenda que sim, mas não é preciso cairmos em exageros, com 3 ou 4 copos dife-rentes conseguimos abranger praticamente todo o tipo de vinhos.Devemos, no entanto, ter em conta que os co-pos devem ser de um vidro (ou de uma mis-tura de vidro e cristal) fino e completamente transparente. A cor e o aspecto, é algo que ajuda a classificar e a avaliar um vinho, não se devem por isso esconder estes detalhes. Outro aspecto importante tem a ver também com a temperatura do vinho no copo, que se deve manter o mais próximo possível da adequada ao consumo. Um fino e elegante pé no copo, permite que o possamos erguer, para beber ou degustar, sem que a tempera-tura da nossa mão influencie a temperatura do vinho. Por outro lado continuamos a não esconder a cor e o aspecto do néctar que to-mamos.

Para melhor se entender a necessidade de um copo adequado façamos uma divisão dos vinhos em quatro grandes grupos:1º Espumantes e Champanhes2º Vinhos Brancos e Tinto Jovens3º Vinhos Brancos e Tintos Estruturados e Estagiados4º Vinhos DocesPartindo daqui e considerando as caracterís-ticas genéricas dos vinhos em cada um dos grupos, vamos eleger os copos mais adequa-dos.

Comecemos pelos espumantes e cham-panhes, que são vinhos delicados com aro-mas frágeis e umas deliciosas bolhas que se libertam alegremente.Obviamente que queremos aproveitar todos estes “condimentos”, durante a degustação e o tempo em que mantemos o espumante no copo. As célebres taças da época napole-ónica, que se diz terem como molde o seio esquerdo de Maria Antonieta, são tudo me-nos adequadas. A taça ou copo de champa-nhe, também designado por flute, deve ter um formato de tulipa, não muito grande e ligeiramente fechado no topo. O corpo deve possuir um comprimento entre a base (lo-cal onde se liga com o pé) e o topo de pelo menos 8 centímetros. Os copos devem ser servidos só até cerca de 1/3 da sua capacida-de. Desta forma quando colocamos o nariz no topo do copo, para apreciar os aromas, po-demos descobri-los, porque o formato mais fechado os retém. Não seremos, no entanto, “agredidos” pelo desprendimento gasoso, mantido a alguns centímetros de distância.Este formato, pequeno e delicado, permite que não se perca a fragilidade e elegância típica dos espumantes e que quando o degus-

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crÓNIca

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BI português—

profissão curAdor—

Life&Style Texto Teresa Henriques | Fotografia Tiago Miranda

É o nosso “agent-provocateur” a operar nos palcos internacionais. Há um ano que trabalha na Tate St.Ives, o pólo na Cornualha da britânica Tate Gallery, uma das mais prestigiadas instituições no mundo da arte contemporânea. O seu trajeto é singular. Formou-se em Sociologia da Universidade de Coimbra e nesses anos de universidade foi mão-de-obra nos Encontros de Fotografia de Coimbra. Foi aí que observou como são as entranhas de um evento cultura e aprendeu a organizar exposições, fazendo montagens, catálogos, comunicados de imprensa. Conheceu pessoas. Em Lisboa, fez o curso de Gestão das Artes. Em 2001 partiu para Londres para ir estudar no Royal College of Art a profissão de comissário. Desde então tem dividido o seu tempo entre Londres, Nova Iorque e Lisboa, e realizou inúmeras exposições. Em Portugal é o responsável pelas aquisições do acervo da Fundação da sociedade de advogados PLMJ e nos últimos dois anos tem acrescentado a esta coleção um nome considerável de jovens artistas africanos.

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{ ARTE }

“considero o Yonamim e Kiluanji Kia henda dois dos mais interessantes artistas angolanos da nova geração”

Qual é o papel de um curador?A figura do curador apareceu nos anos sessenta e na época o termo utilizado era “exibihition maker” porque trabalhavam fundamentalmente com obras. Hoje, um curador não trabalha com objetos, trabalha com pessoas. Fundamentalmente o que fazemos é criar um contexto institucional e intelectual para os projetos e desenvolve-los em parceria. Neste sentido, um curador também entra na construção do projeto artístico. determina tendências? Claro. Uma das funções dos curadores é precisamente sentir o espírito de tempo, perceber o que anda no ar e programar. Neste sentido acaba por marcar as tendências e antecipar o futuro. No próximo dia 21, inaugura na Tate uma exposição que tem a minha curadoria e foi um trabalho que comecei a desenvolver em abril do ano passado, com o artista britânico japonês Simon Fujiwara. Quando iniciámos o processo de trabalho ele

4tinha seis obras para expor. Neste momento, dessas seis, só irá expor duas. O resultado da exposição foi um “work in progress” que foi-se desenhando nas nossas conversas.

é uma instalação?Não, são oito salas-ambientes. A exposição chama-se “Since 1982” e é construída em volta de pequenas histórias autobiográficas centradas na adolescência do artista na Cornualha. Simon Fujiwara, atualmente vive em Berlim e é um dos artistas muito interessante desta geração. Esta é a maior exposição que ele realizou até agora. Só para ter uma ideia da dimensão do projeto, dispôs de um orçamento de 125 mil euros.

é o curador e o consultor da coleção de arte fundação da sociedade de advogados PlmJ. nos últimos anos começou a juntar à coleção um acervo de artistas africanos. Era muito importante acrescentar

à coleção obras de artistas contemporâneos dos países de expressão portuguesa. Sobretudo de artistas que vivem no seu país de origem, expõem em Portugal e refletem no seu trabalho as questões da identidade. Tínhamos uma consciência muito clara que queríamos ter obras que escapassem àquela ideia do exótico e do fascínio pelo étnico. A fronteira é difícil. Uma das coisas mais interessantes desta coleção, é que começamos por fazer aquisições de jovens artistas contemporâneos e depois seguimos as pistas que eles nos indicaram como as suas referências para chegarmos aos artistas mais velhos. O acervo foi construído desta forma e o resultado revelou-se muito interessante. Já fizemos na exposição - “Idioma Comum” - e, a minha ideia, é em breve realizar uma exposição com a dupla Yonamim e Kiluanji Kia Henda, que considero serem dois dos mais interessantes artistas angolanos da nova geração.

perguntAs A Miguel AMAdo

Tate St.Ives

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Life&Style { ARTE }Ve

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Se a arte reflete o ar do tempo, fortes ventos de mudanças vão soprar ao longo do ano que agora inaugura. A crise a Ocidente, o crescimento dos mercados emergentes a Oriente e a Sul, são fato-res que inevitavelmente irão determinar os indi-cadores das bolsas de arte e também contaminar a produção dos artistas.

Na esfera das tendências todos aos caminhos apontam para que as linhas mestras que têm vindo a determinar o ar deste tempo, marquem ainda com mais força as linguagens contempo-râneas. Convidado a traçar pistas sobre o futu-ro, Miguel Amado, o cosmopolita curador da Tate St.Ives, não hesita em afirmar que as palavras de ordem são: globalização, arte global, arte com-prometida.

O fenómeno da globalização é uma marca dos últimos anos. A circulação de artistas emergen-tes nos mercados internacionais – praticamente reservado até à década de noventa aos artistas do G8 (Estado Unidos, Japão, Inglaterra, França, Alemanha, Canadá, Itália e Rússia) - foi o primeiro sinal que finalmente qualquer coisa começava a abanar as elites do “art-system”. No final dos anos oitenta, as instituições artísticas e os museus mais poderosos do mundo tomaram consciência que andavam a fazer exposições e formar coleções com um acervo cada vez mais confinado ao redu-zidíssimo território centrado no canône ocidental.

A partir do momento em que o território das prá-ticas artísticas se abriu ao mundo, rapidamente a linguagem da arte contemporânea juntou ao seu ADN as expressões dos artistas emergentes, criando um emaranhado de traços comuns e de

diversidades identitárias que espelham o ar des-te tempo. Dizia Miguel Amado que “só no final do ano pas-sado é que a Tate Gallery criou um comité de aqui-sições para África”. Isto aconteceu porque “um banco nigeriano resolveu financiar um programa específico para este continente porque queria ver artistas africanos representados na coleção da Tate Gallery”. Quando são as próprias institui-ções - cujas estruturas são caracterizadas pelo seu peso e complexidade - a dar este passo de gigante e se tornam vanguarda seguramente po-demos intuir que no próximo futuro a arte global será marcada pelos novos emergentes.

O tempo em que vivemos é complexo, exigente, excitante. A vida quotidiana é o grande laborató-rio onde os artistas mergulham para buscar ma-téria de inspiração. E os contextos sociais mais duros o lugar onde procuram o seu envolvimento também enquanto cidadãos. Neste sentido, muito recentemente, têm surgido trabalhos de artistas que se envolvem diretamente com as comunida-des. É o caso da artista cubana Tânia Bruguera, residente em Nova Iorque, que criou um centro comunitário em Queens para imigrantes da Amé-rica Central, onde montou um cine clube, aulas de inglês e de dança, e uma zona de atendimento orientado por advogados para imigrantes ilegais. Não se trata de arte militante, mas aquilo que os curadores já definiram como “arte comprome-tida”. É um movimento, que certamente pegará lastro. A tendência deste rastilho é que os artistas tendam cada vez mais a diluir-se no movimento do mundo e transformarem a arte num fluxo de oxigénio, como tantos outros, que bombeia o glo-bo e lhe dá vida.

teresa Henriques

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Life&Style

“Queremos elevar a dança” Os palcos abriram-se para a Companhia de Dança Contemporânea há 20 anos. Ana Marques, mentora do projeto, está orgulhosa. Mas, desabafa. Há ainda um longo caminho a percorrer…

o homem que chorava sumo de tomates 2012

Texto ana Soromenho | Fotografia Rui tavares

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{ CULTURA&LAZER }

a CdCA companhia de dança contemporânea completa 20 anos. Qual o balanço?Foram 20 anos muito duros, como é natural para uma companhia que se tenta impor com propostas novas num país que mantém algum conservadorismo cultural e onde o profissionalismo nesta área é, ainda hoje, praticamente inexistente. Todavia há aspetos positivos. Há o orgulho de nos inscrevermos na História da Dança em Angola como a primeira companhia de dança profissional no país (e uma das primeiras em África). Inauguramos a dança contemporânea, a utilização e valorização de espaços não convencionais, a dança inclusiva e o teatro dança.

como é que cdc sobrevive? A CDC tem imensas dificuldades, pois persiste a ideia de que as suas propostas estéticas não se inserem no que se convencionou chamar “cultura nacional”. Os espetáculos da CDC mal dão para recuperar os gastos de produção. Há um conjunto de empresas e entidades que, por acreditarem no valor do nosso trabalho, nos apoiam de forma fiel.

consegue-se viver só da dança?Quanto a profissionais que vivam exclusivamente da dança posso afirmar sem risco de errar que, para além dos bailarinos da CDC, são muito poucos.

A cdc tem conseguido ter a “casa cheia”?O público adere, aprecia e enche a casa sempre que as portas estão abertas. O problema é que estes não têm outras oportunidades para aceder a espetáculos desta natureza.

Quem escreve os textos das peças? Os textos são muitas vezes escritos por mim. A CDC costuma trabalhar em conjunto com escritores, como Pepetela, Carlos Ferreira, Frederico Ningi, Manuel Rui. A dança contemporânea pode aglutinar outras linguagens. Temos trabalhado com artistas plásticos de prestígio, como António Ole, Francisco Van-Dúnem, Masongi Afonso, Mário Tendinha ou Jorge Gumbe.

nota uma evolução do interesse do público? Desde o início que a CDC tem tido a adesão e o interesse da sociedade. Sobretudo porque as nossas propostas eram novíssimas quando chegaram (embora tarde). As pessoas passaram a valorizar essa diferença.

Qual é o perfil do público?Aos nossos espetáculos acorrem todas as faixas etárias e camadas sociais. Há gratuidade para grupos de dança, escolas, universitários e algumas instituições.

Quanto tempo se investe na montagem de um espetáculo?O que em qualquer parte do mundo se faz em três meses, aqui precisamos do dobro para que o produto final possua a qualidade esperada. O único teatro que possuímos não tem equipa técnica especializada fixa, nem equipamentos de som, luz e vídeo próprio. Há que preparar tudo.

como está a temporada de 2012? Será convidado o coreógrafo internacional, Rui Lopes Graça. Será um trabalho inspirado no antropólogo angolano Ruy Duarte, numa homenagem aos povos do sul. Deveremos estrear em novembro e temos vários convites para a apresentação da peça fora do país.

Quais os desafios mais prementes?São os mesmos de sempre até que se perceba que o nosso trabalho pretende elevar a dança a outros patamares artísticos. A CDC continuará a insistir na divulgação das várias propostas que a dança desenvolve atualmente. A Dança Inclusiva, pela integração de bailarinos portadores de deficiência no seu elenco, é uma realidade da CDC e será uma das prioridades.

a daNçacomo está a dança contemporânea no país?Está, exclusivamente, nas mãos (pés) da CDC, o que é de lamentar. Enquanto o sistema de formação artística não funcionar em pleno a situação da dança cénica será sempre de alguma precariedade.

há público? Os espetáculos da CDC marcam a diferença pelo seu grau de organização e profissionalismo. O facto da última temporada ter tido sempre casa cheia é indicador de que já temos público preparado para apreciar e exigir que a dança saia dos registos habituais.

é uma atividade para ricos? Isso era um estereótipo do Ocidente. A dança é hoje uma atividade mais acessível a qualquer tipo de público. São indiscutivelmente mais caros os ingressos para algumas “galas” e atuações de cantores americanos, brasileiros e de outras paragens.

“Posso afirmar sem risco de errar que, para além dos bailarinos da CDC, são muito poucos os profissionais que vivem da dança”

“O facto da última temporada ter tido sempre casa cheia é indicador de que já temos público preparado para exigir que a dança saia dos registos habituais”

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Life&Style Ana Soromenho { CULTURA&LAZER }

a FormaçãoA formação é essencial. Existem escolas capazes?Não existem escolas de formação profissional integral. O Ministério da Cultura está a reformular o ensino das artes, sendo a grande solução para a sua profissionalização. Paralelamente existem alguns focos de ensino privado.

o ministério da cultura incentiva esta prática?O Ministério deverá encarregar-se da formação e do incentivo do trabalho sério através de um Fundo de Apoio criado para esse efeito. Alguns workshops têm sido realizados.

Qualquer jovem pode aprender dança?Infelizmente predominam uma série de estúdios, ginásios e colégios particulares que disponibilizam aulas de dança (às vezes de qualidade duvidosa) a preços que apenas uma elite pode pagar.

Qual a idade ideal para começar a dançar?Se for para ingressar numa escola profissional, a faixa etária situa-se entre os oito e os 10 anos.

Existem bailarinos com capacidade para uma carreira internacional?Em África, a dança não “está no

sangue”, mas é uma atividade que está desde cedo presente na vida das comunidades. Essa possibilidade existirá sempre, desde que exista um ensino capaz de desenvolver nos futuros bailarinos as suas potencialidades e capacidades inatas.

a arTIsTaé bailarina, coreógrafa, professo-ra... Qual a valência que prefere?Gosto muito de dançar, mas não passo sem partilhar ou sem o trabalho de investigação que a própria criação coreográfica exige.

onde vai buscar a inspiração?Ao meu mundo (imaginário) e ao meu país. É na fusão destes dois cenários que encontro as minhas próprias “estórias”.

o que a motivou a fundar a cdc?Porque já tinha tentado, no início dos anos 80, a criação de um Grupo de

Dança Moderna. O projeto de criação de um coletivo profissional só me foi permitido nos anos 90, quando eu conhecia a dança contemporânea.

Está satisfeita com o resultado? Sim e não. O nosso trabalho foi capital para o surgimento de um discurso diferente sobre a dança e sobre a formação profissional em Angola. Acredito que poderia fazer muito mais, se fossem dadas as condições de trabalho que a CDC merece. Mas, é gratificante perceber o reconhecimento de outros públicos fora do país. As mudanças levam tempo…

é apaixonada pelo teatro-dança?É um género que me interessa por permitir a utilização do corpo no seu todo, incluindo o recurso à voz. Explora as possibilidades de uma teatralidade através da criação de personagens que veiculam as minhas inquietações.

é a única investigadora a trabalhar sobre as danças de máscaras do povo cokwe…À semelhança do que acontece com os bailarinos profissionais, os mascarados passam por uma formação específica orientada por mestres, tornando-se assim profissionais da sua arte. Este paralelismo interessa-me bastante.

uma frase qualquer… e outras (frases) 1997

“Em África, a dança não “está no sangue”, mas é uma atividade que está desde cedo presente na vida das comunidades”

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{ PERSONALIDADES }

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Life&Style Ana Soromenho { CULTURA&LAZER }

«cidadEdos PrazErEs»

As composições do artista, todas de pintura  a óleo, restituíam, bem propositadamente, o seu meio social, pontuado de factos da vida quoti-diana, bastante insólitos, frequentemente rela-tos,  com uma evidente deleitação pelas medias ; atos que provocaram o lançamento  de um título de imprensa escrita, com uma linha editorial quase especializada, com apelos  a colaboração popular, nos recentes bairros precários. E, o artista não se engaja, de mão leve. Opta nos seus quadros por uma combinação  policromada, bastante morna, de acordo com a inquietante at-mosfera ambiente dos novos «Bairro» e a sua dis-tante iluminação pública. Assenta, aí, os seus testemunhos da viril cintura de Luanda Principal, zona de todas as novas revindi-cações de vida e de conforto, com personagens de corpos geometrizados e cabeças semi-figurativas e redundas.

e a constatação que pode ser feita da apreciação das telas do aprimorado carvalho lones, pintor – pedagogo, evoluindo na outra luanda, o outro « país real », que surgiu, gradualmente e definitivamente, do «longo conflito».

SIMãO SOUInDOULA Historiador. Critico de arte Perito da UNESCO

Os titulos das ocorrências representadas são a al-tura da gravidade dos contornos sociológicos evo-cados : «Cidade dos prazeres», referencia evidente as duas cidades cananeianas, com, subsequente-mente, a arriscada «Discoteca móvel», o soalheiro «Corpo de viola», o apócrifo  «Astro- negro» e, finalmente, a penosa «Hora de dore ».O combate das mulheres, inevitavelmente grávi-das, contra a fome, toma, aí, uma dimensão so-brenatural. As novas zonas peri-urbanas surgiram, sem espe-rar o plano cadastral do Governo.

inTemperança eTílicaO intérprete da «Perif », originário do Setentrião, crê que os incêndios dos tugúrios, frequentes, com o penoso uso da pequena candeia industrial ou de módicos grupos eletro -geradores,  de marca asi-ática, mais ou menos, duvidosa, e sob uma manu-

ARTE ANGOLANA CONTEMPORÂNEA

tenção deficiente, não podem ser extintos, pelos valentes bombeiros, mais, pela magia dos feiticei-ros, devidamente, vestidos e bem munidos de bal-des de água e de uma boa aparelhagem ritual. A terceira idade e, forçosamente, na periferia, sinó-nimo de marginalização, pela causa da transferên-cia dos meios rurais, para «Bagdad» das  «Tríades do mal». «Palanca City» alberga, igualmente, as aproxima-tivas salas de dança, onde os ricos, ocasionais e perdulários, são amarrados entre duas cúpidas, vestidas bem ligeiramente, estado mostrando, cla-ramente, em verso ou reto, tatuagens estreladas. A colagem de zonas informais à antiga, serena,   São Paulo de Assumpção de Loanda significa, finalmen-te, para Lones, nessas terras voláteis, uma taxa de sinistralidade rodoviária assustadora.Restituía uma colisão, resultado de um gesto afe-tivo, inoportuno, provocada por uma evidente intemperança etílica, suicidária, acarretando, natu-ralmente, uma vazão de sangue, sob a presença, infelizmente, impotente, de um agente da polícia. A leitura do pintor é, suficientemente, objectiva pa-ra que o país possa acelerar o fomento de novas centralidades urbanas, condição, primeira, para a emergência, a termo, de uma mentalidade socioló-gica, diferente, na «Cordilheira» luandense.

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Fevereiro é mês de namorados, mas também de Carnaval. Veneza é um dos cenários incontornáveis para o celebrar. A agenda de festividades abre a 11 de Fevereiro e prolonga-se até dia 21, sen-do o Il Ballo Del Doge – o mais famoso baile anual de Carnaval - um dos pontos altos da festa. Aproveite a visita para visitar a Peggy Guggenheim Collection [www.guggenheim-venice.it] onde, até 19 de Fevereiro, está patente a ex-posição The Avant Garde. From Picasso to Pollock. Um passeio ilustrado por al-guns dos melhores e mais significativos momentos da arte do século XX.

As exposições e eventos que marcam Fevereiro de 2012 pelo mundo fora.Agenda Fevereiro

Outra Vez Não. Eduardo Batarda. A exposição que apresenta a obra do artista português no Museu de Arte Contemporânea de Serralves [www.serralves.pt], no Porto, até 11 de Março desafia o visitante a interpretar as suas imagens, referências e comentários. Comissariada por João Fernandes e João Pinharanda e co-produzida entre a Fundação de Serralves e a Fundação EDP, funciona ainda como uma retrospectiva, já que junta no mesmo espaço obras realizadas desde a década de 1960 até quadros concluídos no ano passado.

Viajar rima com namorar. E Madrid será sempre um destino a ter em consideração. Mais ainda quando está marcada para dia 14 de Fevereiro a inauguração daquela que será, em Espanha, a primeira grande retrospectiva da obra de Chagall. Organizada pelo Museo Thyssen-Bornemisza [www.museothyssen.org] e pela Fundación Caja Madrid, a mostra documenta a importância do artista russo na história de arte, apresentando o seu trabalho mais remoto e prestando grande atenção ao período passado nos Estados Unidos, que acabaria por resultar numa revolução artística. Para ver até 20 de Maio.

Em Fevereiro celebra-se o 200º aniversário do nascimento de Charles Dickens e, para assinalar a data, o Museum of London [www.museumoflondon.org.uk] apresenta a maior exposição realizada sobre o autor desde a década de 1970. A mostra funciona como uma espécie de viagem no tempo, com a Londres da época vitoriana a surgir bem reproduzida, ajudando o visitante a identificar e questionar as questões sociais que marcavam a capital britânica no século XIX. Evidente está também o lado mais pessoal e familiar de Dickens, com destaque para a sua infância, marcada pelo duro trabalho numa fábrica. A mostra fica patente até 10 de Junho.

O concerto de Terezinha Araújo, agendado para 7 de Fevereiro na Cidade da Praia, encerra a agenda que o Instituto Camões – Centro Cultural Português [www.instituto-camoes.pt] desenhou para 2011, com o objectivo de promover o diálogo entre as línguas e culturas portuguesa e cabo-verdiana. Terezinha irá interpretar temas de autores como B. Léza, Vadu ou Rui Mingas, apresentando um reportório dedicado à lua. Outra cantora com raízes cabo-verdianas sobe ao palco do Centro Cultural de Belém [www.ccb.pt] no dia 23 de Fevereiro. Sara Tavares apresenta Xinti, o seu mais recente trabalho.

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{ AGENDA }Rita Martins

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Todos se habituaram às aventuras “Cabetula”, uma personagem cómica e que faz rir miúdos e graúdos com as histórias mirabolantes. O cartoon como hoje muitos o conhecem nasceu da imaginação de Olím-pio e Lindomar de Sousa, dois criadores que se de-dicam há mais de 15 anos à banda desenhada (BD).

Os seus desenhos são indissociáveis da evolução da BD no país e os seus rostos são presença assídua em certames internacionais. Mostrar ao mundo a qua-lidade do cartoon nacional é algo que os orgulha.O ‘bichinho’ apareceu de forma imperceptível. Tal-vez tenha estado sempre lá. Mas foi graças ao pai de Olímpio e Lindomar que este despertou. Foi no final dos anos 80, que os dois irmãos receberam uma oferta muito especial do pai, que vivia fora do país.

Tratava-se de uma caixa que continha várias cole-ções de banda desenhada, desde os mais clássicos aos menos conhecidos. Na altura, via-se pouca te-levisão e as revistas assumiram-se como o princi-pal meio de distração. Os dados estavam lançados para que o percurso destes dois jovens seguisse pelo cartoon.

Life&Style Rita Lúcio Martins { PERSONALIDADES }

Rampa de sucessoCriaram ainda o Festival Internacional de Banda Desenhada ‘Luanda Cartoon’, abrindo as portas ao conhecimento daquilo que se faz de melhor a ní-vel mundial. Foi em 2005 que surgiu a primeira edição do ‘Luan-da Cartoon’. Hoje atrai cada vez maior número de artistas estrangeiros.

O evento, que caminha para a nona edição, é um pro-duto da agremiação Estúdio Olindomar, um espaço formado pela dupla que se destina a produzir e divul-gar a BD. É um ponto de encontro entre artistas, de descoberta e formação de novos talentos. Valências que se juntam à promoção de exposições interna-cionais e outras atividades relacionadas com a BD.

Rir de si mesmoNo último Festival Internacional de Banda Desenha-da da Amadora, Portugal, Lindomar de Sousa confi-denciou que estes certames permitem apresentar o humor de Angola, país de pessoas que gostam “de rir de si mesmas, contar as suas estórias, piadas do quotidiano e a nível familiar”.

A revista “Cabetula” apareceu em 1997 e dá este ano o salto para novos desafios. A nova série passa-rá a mensal a partir da quinta edição. O projeto con-tará com a integração de outros artistas que “vão desenhar e escrever histórias sobre o ‘Cabetula’”.Para os criadores é um passo natural, de passagem de testemunho e abertura a novas ideias. “É o pri-meiro caso do género no país em que outros car-toonistas participam com desenhos e histórias na personagem de outro autor”, explicou Olímpio.

A entrada de novas ‘mãos’ vai permitir manter a periodicidade mensal e “criar novos talentos”. As estórias, essas mantêm-se fiéis à sua génese. Re-tratam o quotidiano, com um pendor pedagógico e artístico, fidelizando leitores de todas as idades e estratos sociais.

Quem é quem?

Olímpio de Sousa

Nasceu a 12 de fevereiro de 1981 e cedo se apaixonou pelo desenho.

Foi discípulo de Henrique Abranches. Passou pela escola de Arquitetura de Luanda mas não

gosta de ser chamado de arquiteto. É cartoonista, ilustrador de banda desenhada e designer. Participou

em numerosas exposições.

Lindomar de Sousa

Nasceu a 12 de março de 1983. Frequentou igualmente um curso informal de Henrique Abranches e diz que este o influenciou no seu percurso quando pediu para que desse continuidade ao seu legado na banda desenhada. Assim o fez, desviando-se da Geofísica, a sua

área de formação.

Arte aos quadradinhosOlímpio e Lindomar de Sousa partilham mais que o sangue. Têm o mesmo gene da criatividade e nas mãos o dom para o desenho. Impulsionadores da banda desenhada no país, os cartoonistas regressam com a revista “Cabetula”.

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ANO IV - SÉRIE IIREVISTA Nº02FEVEREIRO 2012—3,50 EUR450 KWZ5,00 USD—ISSN 1647-3574

ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES

· Nº0

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AliAnçA ibéricAInvestimento em Angola gera maior proximidade luso-espanhola

consumo eletrónicoMercado em expansão atrai gigantes mundiais das novas tecnologias

A todo o vAporBenguela, pólo de desenvolvimento económico. Um exemplo a seguir

Escritor conceituado, marca toda uma nova geração de autores.Orgulhoso das suas raízes, é ele próprio uma ‘viagem’. A descobrir!

agualusa, O colecionador de memórias

káduNo palco de todos os sonhos