Anatomia Humana - Angiológica [Pina]

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 Anatomia Humana Angiológica Texto original: Prof. Doutor J. A. Esperança Pina (1974) Reedição:  João Lisboa e Luís Brázio (2014)

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pina angiologia

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Reedição: 
 
2. Pericárdio .................................................................................................................. 29 
3. Vasos e nervos ........................................................................................................... 34 
3.1. Artérias ......................................................................................................................... 34
3.2. Veias ............................................................................................................................. 36
3.3. Linfáticos ...................................................................................................................... 39
3.4. Nervos .......................................................................................................................... 41
4.1. Artéria pulmonar .......................................................................................................... 43
5.1. Tronco arterial braquicefálico ...................................................................................... 64
5.2. Artérias carótidas primitivas ........................................................................................ 64
5.3. Artéria subclávia ........................................................................................................... 74
6.1. Artéria axilar ................................................................................................................. 78
6.6. Artérias da mão ............................................................................................................ 85
7. Artérias do membro inferior ....................................................................................... 87 
7.1. Ramos extra-pélvicos da artéria hipogástrica .............................................................. 87
7.2. Artéria femoral ............................................................................................................. 88
7.3. Artéria popliteia ........................................................................................................... 90
7.6. Artéria pediosa ............................................................................................................. 93
7.10. Artérias plantares ....................................................................................................... 96
8.1. Veias pulmonares ......................................................................................................... 98
8.3. Veias ázigos ................................................................................................................ 100
8.6. Sistema da veia porta ................................................................................................. 108
9. Veias da cabeça e do pescoço ................................................................................... 110 
9.1. Sistema de veias jugulares internas ou sistema jugular profundo ............................ 110
9.2. Sistema das veias jugulares superficiais ..................................................................... 116
9.3. Veias tiroideias inferiores ........................................................................................... 117
9.4. Sistema das veias da região posterior do pescoço e da nuca .................................... 117
9.5. Veia subclávia ............................................................................................................. 118
9.6. Anastomoses entre as veias da cabeça e do pescoço ................................................ 118
10. Veias do membro superior ...................................................................................... 119 
10.1. Veias profundas ........................................................................................................ 119
11.1. Veias profundas ........................................................................................................ 123
11.2. Veias superficiais ...................................................................................................... 124
12.2. Vasos linfáticos ......................................................................................................... 133
12.3. Grandes correntes linfáticas abdominotorácicas..................................................... 134
13.1. Grupos ganglionares ................................................................................................ 136
13.2. Coletores linfáticos ................................................................................................... 139
14.1. Gânglios linfáticos .................................................................................................... 142
14.2. Vasos linfáticos ......................................................................................................... 144
15.1. Gânglios linfáticos .................................................................................................... 145
15.2. Vasos linfáticos ......................................................................................................... 147
Índice por semestres
1º Semestre (Módulo II.I): Capítulos 6, 7, 10, 11, 14 e 15.
 
Nota introdutória
Caros colegas,
Ao estudarmos para as nossas orais de Anatomia (quer do 1º como do 2º Semestres do 1º
Ano), tivemos de recorrer à milagrosa Sebenta Angiológica, redigida pelo Prof. Doutor Espe-
rança Pina, pois o reduzido tempo não nos permitia que pensássemos sequer em estudar por
outros manuais mais “oficiais” (entenda-se, Rouvière). No entanto, estes apontamentos estão
datados de 1974 (já têm uns aninhos!), e apresentam-se, pois claro, em estilo de máquina de
escrever. Por esse motivo, e devido às sucessivas cópias sobre cópias que o texto original so-
freu, algumas palavras estão muito pouco percetíveis, o que dificulta sobremaneira a progres-
são do estudo tão rápida quanto se deseja.
Por isso mesmo, decidimos que estaria na hora de perder uns dias das nossas férias de ve-
rão e reescrever (“passar a limpo”) este texto que tanto nos ajudou nas nossas avaliações, de
forma que o vosso estudo esteja também mais facilitado.
É importante referir que foram feitas algumas alterações ao texto original, nomeadamen-
te ao nível da Língua Portuguesa (o documento está redigido segundo o novo Acordo Ortográ-
fico), ao nível da organização do texto (para uma mais fácil “arrumação das ideias”), e também
através de pontuais notas de rodapé e esquemas, da nossa responsabilidade e autoria. Ne-
nhuma destas alterações ao texto original foi alvo de avaliação por parte do Prof. Doutor Espe-
rança Pina, mas cremos que vos poderá facilitar a compreensão da matéria.
Naturalmente, poderão existir eventuais erros de transcrição, pois nem tudo está total-
mente percetível na versão original. No caso de detetarem algumas destas situações, pedimos
que as reportem para:  [email protected] ou [email protected]
Bom estudo!
João Lisboa
Luís Brázio
Prefácio do autor
Estes apontamentos têm, por finalidade, facilitar aos estudantes de Anatomia, da Facul-
dade de Medicina de Santana, um texto a enquadrar diariamente, nas aulas audiovisuais e
práticas, facilitando assim o estudo desta importante disciplina, base de toda a Medicina.
Serão estes apontamentos o início de um compêndio de Anatomia, mas atualmente, para
poderem ser úteis, necessitam ser coadjuvados com bons quadros anatómicos e com uma
presença ativa nas aulas.
Se, de algum modo, este trabalho facilitar o estudo da Anatomia, consideraremos o nosso
esforço bem recompensado.
Outubro de 1974
Coração e Pericárdio
O coração é o órgão central da circulação, sendo constituído por uma massa contrátil, o
miocárdio, revestido interiormente por uma membrana fina, o endocárdio, e envolvido por
um saco fibrosseroso, o pericárdio.
1. Coração
O coração é constituído por duas porções: a metade direita ou coração direito, onde cir-
cula sangue venoso, e a metade esquerda ou coração esquerdo, onde circula sangue arterial.
Cada uma destas metades do coração é constituída por duas cavidades, uma superior, a aurí-
cula, e outra inferior, o ventrículo, comunicando entre si através do orifício auriculoventricu-
lar. As duas aurículas encontram-se separadas pelo septo interauricular, e os dois ventrículos
pelo septo interventricular.
1.1. Considerações Gerais
1.1.1. Situação
O coração está situado na porção mediana da cavidade torácica, encontrando-se separa-
do da cavidade abdominal por intermédio do diafragma. Projeta-se na coluna vertebral, ou
mais exatamente, na 4ª, 5ª, 6ª e 7ª vértebras dorsais, conhecidas por vértebras cardíacas de
Giacomini, estando separado destas vértebras pelo esófago e aorta torácica.
Relaciona-se adiante com as costelas e cartilagens costais.
O coração está situado entre a face interna dos dois pulmões, numa região conhecida por
mediastino.
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1.1.2. Meios de fixação
O coração está mantido em posição por intermédio dos grandes vasos que entram e saem
do coração e ainda por diversos meios de fixação do pericárdio que ligam o pericárdio às vér-
tebras, esterno e diafragma.
Apesar destes meios de fixação, o coração encontra-se parcialmente livre na cavidade pe-
ricárdica, deslocando-se sob a influência dos movimentos diafragmáticos.
1.1.3. Forma e orientação
No cadáver, o coração tem a forma de um cone achatado de diante para trás.
No vivo, o coração tem uma forma de pirâmide triangular de base superior, apresentando
três faces, três ou dois bordos, conforme o coração se encontre na fase diastólica ou sistólica,
uma base e um vértice.
O grande eixo do coração é uma linha imaginária que une o vértice ao meio da base, sen-
do oblíquo para baixo, para diante e para fora, fazendo com o plano horizontal um ângulo de
40º.
Este aspeto descrito é o de um coração do tipo normal ou oblíquo.
Dentro do aspeto normal, podem encontrar-se ainda duas variedades constitucionais, o
que corresponde a tipos morfológicos torácicos diferentes. O coração vertical  aparece em
indivíduos cujo diâmetro vertical do tórax é superior ao diâmetro transversal, e o coração ho-
rizontal, em indivíduos cujo diâmetro transversal é superior ao diâmetro vertical.
1.1.4. Coloração e consistência
A coloração do coração varia do rosa claro ao rosa escuro, apresentado ainda na sua su-
perfície exterior zonas amareladas, que correspondem a tecido célulo-adiposo. A consistência
 
Anatomia Humana - Angiológica 9 
1.1.5. Volume e peso
O volume do coração é aproximadamente do da mão, sendo maior no homem do que na
mulher, e aumentando da criança ao velho.
O peso do coração é, em média, 275 gramas.
1.2. Conformação Exterior
Como já foi dito, o coração apresenta a forma de uma pirâmide triangular, com três faces
três ou dois bordos, uma base e um vértice.
1.2.1. Face anterior ou esternocostal
Esta face olha para cima, para diante e para a direita, apresentando três segmentos: ânte-
ro-inferior ou ventricular, médio ou arterial e póstero-superior ou auricular.
O segmento ântero-inferior ou ventricular está separado do segmento médio ou arterial
por intermédio da porção anterior do sulco auriculoventricular, que está situado na união dos
dois terços inferiores com o terço superior.
Este sulco está interrompido na sua porção média, pela origem das artérias pulmonar e
aorta, sendo percorrido pela 1ª porção da artéria coronária direita.
O segmento ventricular apresenta um sulco longitudinal, paralelo ao bordo esquerdo do
coração sistólico, o sulco interventricular anterior, onde caminham a artéria e a veia interven-
tricular anterior e ainda vasos linfáticos e nervos.
O sulco interventricular anterior divide a face anterior do coração em duas partes desi-
guais: uma situada à esquerda, que pertence ao ventrículo esquerdo, e outra situada à direita,
que pertence ao ventrículo direito.
 
Anatomia Humana - Angiológica 10 
O segmento médio ou arterial está situado por cima da porção anterior do sulco auriculo-
ventricular, correspondendo à origem das artérias pulmonar e aorta. A origem da artéria pul-
monar está situada adiante e à esquerda da origem da aorta.
O segmento póstero-superior ou auricular relaciona-se com a porção ascendente da cros-
sa da aorta e com o ramo direito da artéria pulmonar, e constitui nesta porção do coração, o
leito dos vasos arteriais.
Este segmento auricular corresponde às aurículas, ou mais exatamente, a prolongamen-
tos destas, os apêndices auriculares1. As aurículas e os seus apêndices auriculares abraçam as
artérias pulmonar e aorta, sendo este facto conhecido por coroa do coração [corona cordis].
Entre as duas aurículas não se encontra nenhum sulco separativo.
Na porção ântero-superior da aurícula direita, encontra-se o apêndice auricular direito.
Este é achatado transversalmente, relacionando-se a sua face interna com a aorta, e estando o
seu bordo superior em relação com uma prega de tecido adiposo que envolve a aorta.
Na porção ântero-externa da aurícula esquerda, encontra-se o apêndice auricular esquer-
do. Esta formação é estrangulada na sua porção média, estando a sua face interna relacionada
com a artéria pulmonar.
1.2.2. Face póstero-inferior ou diafragmática
Esta face repousa sobre a porção anterior da face superior do diafragma, apresentando
uma forma ovalar, cuja grossa extremidade é posterior.
Esta face apresenta a porção posterior do sulco auriculoventricular, que se estende do
bordo direito ao bordo esquerdo do coração em sístole. A porção direita deste sulco é percor-
rida pela 2ª porção da artéria coronária direita e a porção esquerda é percorrida pela artéria
circunflexa e seio coronário.
A porção posterior do sulco auriculoventricular divide a face diafragmática do coração em
dois segmentos: anterior ou ventricular, e posterior ou auricular.
 
O segmento ventricular encontra-se subdividido em duas porções, pelo sulco interventri-
cular posterior, que se estende desde a porção posterior do sulco auriculoventricular até à
ponta [ápex ] do coração, onde se vai continuar com o sulco interventricular anterior. Este sul-
co aloja a artéria e a veia interventricular posterior, bem como linfáticos e nervos.
O segmento auricular encontra-se situado por cima da porção posterior do sulco auriculo-
ventricular e corresponde às aurículas. Este segmento é dividido em duas partes, pelo sulco
interauricular, que se continua para a base do coração e que referencia a separação das duas
aurículas.
À direita do sulco interauricular, encontra-se outro sulco paralelo, o sulcus terminalis de
His. Este sulco torna-se evidente depois da insuflação da aurícula direita.
O ponto de intersecção da porção posterior do sulco auriculoventricular com os culcos in-
terventricular posterior e interauricular denomina-se cruz.
Um pouco por fora da cruz, observa-se o ponto de entrada do seio coronário, e por fora e
para baixo deste ponto, encontra-se um divertículo, o appendix auricularis posterior de His.
Na porção média da aurícula esquerda, encontra-se a impressão esofágica, que corres-
ponde à relação do esófago com o coração.
1.2.3. Face esquerda ou pulmonar
É pouco extensa, sendo dividida pelo sulco auriculoventricular em dois segmentos: um
segmento ântero-inferior ou ventricular,  que corresponde ao ventrículo esquerdo, e um seg-
mento póstero-superior ou auricular , que corresponde à aurícula esquerda.
1.2.4. Bordos
Quando o coração se encontra em diástole, existem três bordos, mas quando o coração se
encontra em sístole, encontram-se apenas dois bordos. Pode, portanto, descrever-se o bordo
direito, superior esquerdo e inferior esquerdo.
 
Anatomia Humana - Angiológica 12 
O bordo direito separa a face esternal da face diafragmática, correspondendo a sua ex-
tremidade posterior ao ponto de entrada da veia cava inferior e a sua extremidade anterior à
ponta do coração.
O bordo súpero-esquerdo separa a face esternal da face pulmonar.
O bordo ínfero-esquerdo separa a face pulmonar da face diafragmática.
1.2.5. Base
A base do coração é formada pela face posterior das aurículas.
Indo da direita para a esquerda, encontra-se: a terminação das veias cavas superior e infe-
rior; o sulco interauricular; a abertura das duas veias pulmonares direitas; a face posterior da
aurícula esquerda, onde se encontra a impressão esofágica, que corresponde ao esófago torá-
cico; e a terminação das duas veias pulmonares esquerdas.
1.2.6. Vértice ou ponta
Corresponde na sua totalidade ao ventrículo esquerdo, projetando-se ao nível do 4º ou 5º
espaço intercostal esquerdo.
O coração, envolvido pelo pericárdio, está situado no mediastino anterior2, região situada
entre os dois pulmões e atrás da parede esternocostal.
 
1.3.1. Face anterior ou esternal
A projeção do coração sobre a parede torácica anterior corresponde a uma superfície
quadrilátera, a área cardíaca ou região precordial.
A área cardíaca, de grande importância clínica, é marcada após a identificação de quatro
pontos:
  O ponto A, situado no bordo superior da 3ª cartilagem costal direita, a 1 cm do bordo
direito do esterno.
  O ponto B, localizado ao nível da 5ª articulação condro-esternal direita.
  O ponto C corresponde à ponta do coração, e está situado no bordo superior da 5ª
cartilagem costal esquerda, a 8 cm para fora da linha médio-esternal.
  O ponto D encontra-se no 2º espaço intercostal esquerdo, a 2 cm do bordo esquerdo
do esterno.
Estes quatro pontos são conhecidos por pontos angulares do espaço precordial  e a sua
união origina a área cardíaca.
Os grandes orifícios do coração são projetados na área cardíaca.
O orifício pulmonar está situado ao nível do bordo superior da 3ª cartilagem costal es-
querda.
O orifício aórtico representa uma linha oblíqua que se estende da extremidade interna da
3ª cartilagem costal esquerda até à linha médio-costal.
O orifício auriculoventricular direito  está projetado no esterno, segundo uma linha oblí-
qua para cima que se estende da extremidade interna do 5º espaço intercostal direito até à
linha médio-esternal.
O orifício auriculoventricular esquerdo projeta-se segundo uma linha oblíqua que se ori-
gina na linha médio-esternal, dirigindo-se depois obliquamente para cima e para fora, para
terminar no bordo inferior da 3ª cartilagem costal esquerda.
 
1.3.2. Face póstero-inferior ou diafragmática
Esta face relaciona-se com centro frénico. Por intermédio do diafragma, o coração relaci-
ona-se com a porção esquerda da face superior do fígado e com a grande tuberosidade do
estômago.
1.3.3. Face esquerda ou pulmonar
Esta face relaciona-se com a face interna do pulmão esquerdo, condicionando nesta face
uma escavação conhecida por leito do coração.
1.3.4. Base
A face posterior da aurícula esquerda relaciona-se com o esófago torácico e a base do co-
ração projeta-se nas vértebras cardíacas de Giacomini.
A 4ª ou vértebra supracardíaca corresponde à origem dos grandes vasos.
A 5ª ou vértebra infundibular corresponde ao infundíbulo da artéria pulmonar.
A 6ª ou vértebra auricular corresponde às cavidades cardíacas.
A 7ª ou vértebra ventricular passa pela ponta do coração.
1.3.5. Ponta ou vértice
Projeta-se ao nível do 4º ou 5º espaço intercostal esquerdo, numa zona que corresponde
 
1.4. Cavidades Cardíacas
As cavidades cardíacas são em número de quatro, sendo duas aurículas e dois ventrícu-
los.
Cada aurícula comunica com o ventrículo por intermédio do orifício auriculoventricular,
sendo um do lado direito, o orifício tricúspido, e outro do lado esquerdo, o orifício mitral.
O coração direito, constituído pela aurícula direita e ventrículo direito, está separado do
coração esquerdo, constituído pela aurícula esquerda e ventrículo esquerdo, pelo septo cordis,
mais ou menos paralelo ao eixo do coração e cuja espessura vai aumentando da base até à
ponta.
O septo cordis está dividido em três partes: o septo interauricular, que separa as duas au-
rículas; o septo interventricular, que separa os dois ventrículos; e o septo interauriculoventri-
cular, que está compreendido entre os septos interauricular e interventricular.
1.4.1. Aurículas
1.4.1.1. Características comuns
Ambas as aurículas são cavidades irregularmente cuboides, com paredes finas, sem colu-
nas carnosas de 1ª ordem. Apresentam os orifícios auriculoventriculares, orifícios venosos e
foraminulas, ou seja, orifícios de abertura das veias de Thebesius.
1.4.1.2. Características próprias à aurícula direita
A aurícula direita é constituída por seis paredes: posterior ou sinusal; anterior ou anular;
interna ou septal; externa; superior e inferior.
 
1.4.1.2.1. Parede posterior ou sinusal
É uma parede lisa, apresentando a crista terminalis  de His, que corresponde, exterior-
mente, ao sulco terminalis de His. Esta crista origina-se na porção externa da abertura da veia
cava superior, e termina ao nível da extremidade póstero-superior da válvula de Eustáquio,
que se encontra ao nível do ponto de entrada da veia cava inferior.
Entre os orifícios de entrada das duas veias cavas, encontra-se uma saliência inconstante,
o tubérculo intervenoso de Lower. Este tubérculo parece ser a causa da orientação da corren-
te venosa sanguínea, que entra na aurícula direita através das duas veias cavas.
1.4.1.2.2. Parede anterior ou anular
Esta parede corresponde ao orifício tricúspido.
1.4.1.2.3. Parede interna ou septal
Corresponde ao septo interauricular.
Na porção média desta parece, encontra-se uma depressão, a fossa oval, cuja parte cen-
tral, muito fina e translúcida, é conhecida por membrana da fossa oval.
A fossa oval está circunscrita por um relevo muscular, o anel de Vieussens, muito nítido
na sua porção anterior.
Pode encontrar-se, em 30% dos casos, um pequeno orifício, o pertius interauricular , que é
 
1.4.1.2.4. Parede externa
Pode ser considerada como um simples bordo, apresentando colunas musculares, os
músculos pectíneos.
1.4.1.2.5. Parede superior
Esta parede apresenta o orifício da veia cava superior, que é desprovido de válvula.
Adiante deste orifício, encontra-se o orifício do apêndice auricular direito. Este orifício é
oval, de grande eixo vertical, sendo a sal parede constituída por trabéculas.
1.4.1.2.6. Parede inferior
O orifício da veia cava inferior encontra-se próximo do septo interauricular. Este orifício
apresenta uma válvula de forma semilunar, a válvula de Eustáquio. Esta válvula termina atrás,
na crista terminalis de His, e adiante confunde-se com o anel de Vieussens.
O orifício do seio coronário está situado entre o orifício da veia cava inferior e o orifício
tricúspido. Em trabalhos nossos, verificámos que o seio coronário apresenta uma válvula, a
válvula de Thebesius, com diferentes tipos morfológicos.
A partir da extremidade inferior da válvula de Eustáquio, encontra-se uma prega que se
dirige para diante e que se vai continuar com a fita do seio, que alcança a porção membranosa
do septo interventricular.
A fita do seio, o orifício tricúspido e a válvula de Thebesius delimitam o triângulo de
Koch, na área do qual se encontra o nódulo de Aschoff-Tawara3 e a porção inicial do feixe de
His.
 
1.4.1.3. Características próprias à aurícula esquerda
A aurícula esquerda é constituída também por seis paredes: posterior; anterior; interna
ou septal; externa; superior e inferior.
1.4.1.2.1. Parede posterior
Esta parede apresenta, na sua porção média, uma saliência que corresponde à impressão
esofágica.
De cada lado desta saliência encontram-se os quatro orifícios das duas veias pulmonares
direitas e esquerdas.
1.4.1.2.2. Parede anterior
É constituída pelo orifício mitral.
1.4.1.2.3. Parede interna ou septal
Corresponde ao septo interauricular, apresentando, na sua porção média, uma zona mui-
to fina, que corresponde à membrana da fossa oval, onde se encontra o pertuis interauricular.
Na porção ântero-superior da parede septal, encontra-se uma pequena prega, a válvula
interauricular de Parchappe.
1.4.1.2.4. Parede externa
 
1.4.1.2.5. Parede superior
É convexa e deprimida pelos grandes troncos arteriais que saem do coração.
1.4.1.2.6. Parede inferior
Apresenta uma saliência que corresponde ao relevo do seio coronário.
1.4.1.4. Septo interauricular
É uma lâmina quadrilátera que separa as duas aurículas, correspondendo, exteriormente,
ao sulco interauricular.
Este septo apresenta, por vezes, o pertius interauricular, que estabelece a comunicação
entre as duas aurículas.
1.4.2.1. Características comuns
Os ventrículos estão situados por baixo e adiante das aurículas, apresentando forma cóni-
ca.
A base de cada um dos ventrículos apresenta o orifício auriculoventricular, pelo qual a
aurícula comunica com o ventrículo, e ainda o orifício arterial que estabelece a comunicação
do ventrículo com os grandes troncos arteriais. Todos estes orifícios apresentam um sistema
valvular.
A superfície interior das paredes ventriculares é muito irregular, apresentando saliências
musculares, designadas por colunas carnosas do coração.
1.4.2.1.1. Colunas carnosas do coração
As colunas carnosas do coração podem ser divididas em três grupos.
As colunas carnosas de 1ª ordem, músculos papilares ou pilares do coração encontram-
se aderentes por uma das extremidades e livres por outra . A extremidade livre dá origem a
pequenas cordas tendinosas, que se vão inserir na face ventricular das válvulas auriculoventri-
culares.
As colunas carnosas de 2ª ordem são aderentes nas duas extremidades e livres na sua
porção intermédia.
As colunas carnosas de 3ª ordem são aderentes às paredes ventriculares em toda a sua
extensão.
Os orifícios auriculoventriculares têm uma forma arredondada, apresentando válvulas que
apresentam a forma de um funil membranoso, cujo vértice se encontra na cavidade ventricu-
lar, e cuja base está fixada no contorno do orifício auriculoventricular.
Cada válvula apresenta duas faces e dois bordos: a face axial ou auricular olha para a au-
rícula; a face parietal ou ventricular olha para o ventrículo e dá inserção às cordas tendinosas;
o bordo aderente insere-se no orifício auriculoventricular e o bordo livre flutua livremente na
cavidade ventricular.
As válvulas são constituídas por valvas. A válvula que se encontra no orifício auriculoven-
tricular direito é constituída por três valvas, sendo por isso conhecida por válvula tricúspide. A
válvula que se encontra no orifício auriculoventricular esquerdo é formada por duas valvas,
sendo conhecida por válvula bicúspide ou mitral .
 
Anatomia Humana - Angiológica 21 
As cordas tendinosas originam-se nos vértices das colunas carnosas de 1ª ordem, ou dire-
tamente das paredes ventriculares. Conforme o modo de inserção das cordas tendinosas, as-
sim se podem classificar em três grupos:
As cordas de 1ª ordem, depois de percorrerem toda a face ventricular da valva a que se
destinam, inserem-se no seu bordo aderente, sobre o anel fibrocartilaginoso auriculoventricu-
lar.
As cordas de 2ª ordem  inserem-se na face ventricular da valva, entre os bordos livre e
aderente.
As cordas de 3ª ordem inserem-se no bordo livre da valva.
1.4.2.1.3. Orifícios e válvulas arteriais
Na origem das artérias pulmonar e aorta, encontram-se as válvulas sigmoideias, sendo
estas constituídas por três valvas membranosas, que apresentam a forma de um ninho de
pomba.
Cada valva é constituída por dois bordos e por duas faces: o bordo aderente fixa-se na pa-
rede arterial; o bordo livre encontra-se livre no lúmen arterial; a face axial olha para o lúmen
do vaso e a face parietal relaciona-se com a parede do vaso quando se abre a válvula, para dar
passagem à corrente sanguínea.
Na porção média do bordo livre das válvulas sigmoideias, encontra-se um pequeno nódu-
lo, que se destina à melhor oclusão do vaso, sendo na aorta conhecido por nódulo de Arantius 
e na artéria pulmonar, por nódulo de Morgagni.
Entre a face parietal das valvas sigmoideias e a parede do vaso, encontra-se uma cavida-
de, o seio de Valsalva.
1.4.2.2. Características próprias ao ventrículo direito
O ventrículo direito apresenta uma forma cónica, tendendo para uma pirâmide triangular,
 
1.4.2.2.1. Parede anterior
Esta parede apresenta várias colunas carnosas de 1ª e de 2ª ordem. A porção desta pare-
de que se encontra próximo da origem da artéria pulmonar é conhecida por infundibulum.
A porção média da parede anterior apresenta o pilar anterior. Este pilar origina vários
vértices musculares, de onde partem cerca de 10 cordas tendinosas. As cordas tendinosas
inserem-se na porção externa da valva anterior e na porção externa da valva posterior da vál-
vula tricúspide.
Da base do pilar anterior destaca-se uma coluna carnosa de 2ª ordem, o feixe arqueado.
Este feixe dirige-se para cima e para trás, e perde-se na parede septal, por baixo da artéria
pulmonar.
1.4.2.2.2. Parede póstero-inferior ou diafragmática
Esta parede é constituída por numerosas colunas carnosas de 1ª e de 2ª ordem.
Esta parede dá inserção aos pilares posteriores  do ventrículo direito. Estes pilares são
constituídos por cones musculares largos e curtos, que vão originar cordas tendinosas que se
inserem na porção interna da valva posterior, e na porção posterior da valva interna da válvula
tricúspide.
Esta parede convexa corresponde ao septo interventricular.
Apresenta pequenos pilares internos, de onde se destacam cordas tendinosas. O mais im-
portante dos pilares internos é o músculo papilar do infundibulum ou músculo de Lancisi, de
onde partem cordas tendinosas que se fixam na porção anterior da valva interna, e na porção
interna da valva anterior da válvula tricúspide.
 
1.4.2.2.4. Bordos
O bordo anterior resulta da união da parede anterior com a parede septal.
O bordo posterior resulta da união da parede septal com a parede póstero-inferior.
O bordo externo resulta da união da parede anterior com a parede póstero-inferior.
1.4.2.2.5. Base
A base do ventrículo direito apresenta dois orifícios: o orifício auriculoventricular e o ori-
fício da artéria pulmonar.
O orifício auriculoventricular direito ou orifício tricúspido está situado atrás e à direita do
orifício aórtico. Este orifício apresenta a válvula tricúspide ou troglochima . Esta válvula é cons-
tituída por três valvas principais.
A valva anterior, a mais extensa, corresponde à parede anterior do ventrículo.
A valva posterior corresponde à parede póstero-inferior.
A valva interna, a mais pequena, está compreendida entre as duas valvas anteriores.
Entre estas três valvas, existem duas valvas acessórias, estando uma situada entre a valva
posterior e a interna, e a outra entre a valva posterior e a anterior.
O orifício da artéria pulmonar apresenta a válvula sigmoideia pulmonar, que é constituí-
da por três valvas, sendo uma anterior e duas posteriores.
O bordo livre das valvas apresenta, na sua porção média, o nódulo de Morgagni.
O orifício da artéria pulmonar está separado do orifício tricúspide por um feixe, a crista
supraventricular de His ou esporão de Wolff .
 
1.4.2.2.6. Vértice
Está ocupado por vários feixes que se entrecruzam, constituindo a porção cavernosa do
ventrículo direito.
1.4.2.2.7. Cavidade do ventrículo direito
A cavidade do ventrículo direito está dividida pela válvula tricúspide em duas porções: a
câmara de entrada ou venosa e a câmara de saída ou arterial.
A câmara de entrada ou venosa é posterior e inferior, estendendo-se o seu eixo desde o
orifício tricúspide até ao vértice do ventrículo direito.
A câmara de saída ou arterial apresenta um eixo que se dirige obliquamente para dentro,
para a esquerda e para cima.
As duas câmaras comunicam entre si por intermédio de um orifício limitado: em cima, pe-
la crista supraventricular de His e pela valva anterior da tricúspide; e em baixo e adiante pelo
pilar anterior e pelo feixe arqueado.
1.4.2.3. Características próprias ao ventrículo esquerdo
O ventrículo esquerdo está situado à esquerda e por cima do ventrículo direito, tendo
igualmente uma forma cónica, pelo que se descreverão três paredes, uma base e um vértice.
1.4.2.3.1. Parede anterior
A parede anterior apresenta várias colunas carnosas.
Entre as diferentes colunas carnosas, encontra-se o pilar anterior do ventrículo esquerdo.
 
Anatomia Humana - Angiológica 25 
ginam no vértice do pilar vão inserir-se na porção anterior das duas valvas da mitral, e numa
válvula acessória que as separa.
1.4.2.3.2. Parede posterior
Esta parede apresenta também várias colunas carnosas, sendo de destacar o pilar poste-
rior do ventrículo esquerdo.
O pilar posterior origina-se na porção interna da parede posterior do ventrículo.
Do vértice deste pilar, destacam-se cordas tendinosas que se vão inserir na porção poste-
rior das duas valvas e na válvula acessória que as separa.
1.4.2.3.3. Parede interna ou septal
É uma parede lisa, podendo observar-se, por transparência, o ramo esquerdo do feixe de
His.
A base do ventrículo esquerdo apresenta dois orifícios: o orifício auriculoventricular e o
orifício da aorta.
O orifício auriculoventricular esquerdo  ou orifício mitral está situado para fora do orifício
da aorta. O orifício mitral apresenta a válvula bicúspide ou mitral, que é constituída por duas
valvas principais.
A valva interna ou grande valva  tem uma forma triangular, estando situada um pouco
adiante da valva externa, inserindo-se na porção ântero-interna do orifício mitral.
A valva externa ou pequena valva, de foram quadrilátera, insere-se na porção póstero-
externa do orifício mitral.
Anatomia Humana - Angiológica 26 
Entre as duas valvas principais, encontram-se duas valvas acessórias, sendo uma anterior 
e outra posterior.
O orifício da aorta está situado para diante e para dentro do orifício mitral.
O orifício da aorta apresenta a válvula sigmoideia aórtica, constituída por três valvas, du-
as anteriores e uma posterior.
O bordo livre destas valvas apresenta na sua porção mediana, o nódulo de Arantius.
Ao nível das duas valvas anteriores, uma esquerda e outra direita, encontram-se os óstios
das duas artérias coronárias.
1.4.2.3.5. Vértice
O vértice corresponde à ponta ou ápex do coração, estando ocupado por colunas carno-
sas de 2ª e 3ª ordem.
1.4.2.3.6. Cavidade do ventrículo esquerdo
A cavidade ventricular esquerda está dividida, pela grande valva mitral, em duas porções:
a câmara de entrada ou auricular, e a câmara de saída ou aórtica.
A câmara de entrada ou auricular está atrás da câmara de saída, e situada entre a grande
valva da mitral e a porção externa do ventrículo esquerdo. O seu eixo dirige-se para baixo,
para diante e para a direita.
A câmara de saída ou aórtica, está situada adiante da câmara de entrada, sendo o seu ei-
xo dirigido obliquamente para cima, para trás e para a esquerda. As duas câmaras comunicam
 
1.4.2.4. Septo interventricular
O septo interventricular é uma lâmina triangular de base superior, e cujo vértice corres-
ponde à ponta do coração.
É constituído por uma porção inferior, espessa, a porção muscular, e por uma porção su-
perior, fina, a porção membranosa.
Pode encontrar-se entre as duas porções, um pequeno orifício, o foramen de Panizza,
que faz comunicar as duas cavidades ventriculares.
1.5. Aparelho Cardionetor ou Autónomo do Coração
O aparelho cardionetor é essencial ao automatismo e à condução cardíaca.
Este aparelho é constituído por nódulos, feixes, e ainda por formações disseminadas por
baixo do endocárdio ventricular, a rede de Purkinje.
1.5.1. Nódulo sinoauricular, sinusal ou de Keith e Flack
Encontra-se situado na parede da aurícula direita, perto do ponto de entrada da veia cava
superior. Tem uma forma fusiforme, sendo constituído por duas porções: a porção superior ou
venosa ocupa o flanco direito da veia cava superior e está entre as fibras circulares desta veia,
constituindo o cordão cávico de Taussing; e a porção inferior ou auricular, que fica situada
paralelamente ao sulco terminalis de His.
1.5.2. Nódulo auriculoventricular ou de Aschoff-Tawara
Encontra-se situado no septo interauricular, ocupando a porção ântero-inferior deste sep-
 
Anatomia Humana - Angiológica 28 
Este nódulo é constituído por uma porção posterior ou auricular, que se denomina nódu-
lo de Zahn, e por uma porção anterior ou ventricular , que se continua com o feixe de His.
1.5.3. Fita de Bachmann’s e ficas internodais 
Recentemente, Thomas James e Pais de Carvalho e Wagner confirmaram a existência de
fibras auriculares que ligam o nódulo de Keith e Flack à aurícula esquerda e ao nódulo de As-
choff-Tawara.
A fita de Bachmann’s liga o nódulo de Keith e Flack à aurícula esquerda.
As fitas internodais ligam o nódulo de Keith e Flack ao nódulo de Aschoff-Tawara. A fita
internodal anterior percorre o septo interauricular. A fita internodal média percorre também
o septo interauricular, atrás da fita anterior. A fita internodal posterior percorre a crista ter-
minalis de His e a porção aderente da válvula de Eustáquio.
1.5.4. Feixe de His ou auriculoventricular e seus ramos
Este feixe, depois de se originar no nódulo de Aschoff-Tawara, coloca-se na face direita do
septo interauricular e na porção membranosa do septo interventricular. Ao nível da porção
muscular do septo interventricular, divide-se em dois ramos: um direito e outro esquerdo.
O ramo direito do feixe de His   destina-se ao ventrículo direito. Coloca-se na porção
subendocárdica da parede septal do ventrículo direito, alcançando depois o feixe arqueado,
até à base do pilar anterior do ventrículo direito, onde se ramifica para constituir a rede de
Purkinje.
O ramo esquerdo do feixe de His é destinado ao ventrículo esquerdo, sendo mais desen-
volvido do que o ramo direito. Depois da sua origem, atravessa o septo interventricular, e ao
alcançar a parede septal do ventrículo esquerdo, origina um ramo anterior e um ramo poste-
rior, que acabam por alcançar a base dos dois pilares do ventrículo esquerdo, onde vão consti-
tuir a rede de Purkinje.
 
Anatomia Humana - Angiológica 29 
1.5.5. Rede de Purkinje
Esta rede resulta das ramificações dos ramos do feixe de His. Está situada por baixo do
endocárdio dos dois ventrículos, cobrindo irregularmente as paredes das cavidades ventricula-
res, os pilares e as colunas carnosas.
2. Pericárdio
O pericárdio é um saco fibrosseroso que envolve o coração e os grandes vasos que a ele
chegam ou que dele saem.
É constituído por duas porções: uma externa, de natureza fibrosa, o pericárdio fibroso ou
saco fibroso do pericárdio, e outra interna, de natureza serosa, o pericárdio seroso, constituí-
do por dois folhetos: um visceral, outro parietal, e uma cavidade pericárdica virtual, situada
entre os dois folhetos.
2.1. Pericárdio fibroso
Tem uma forma cónica, achatado de diante para trás, com uma base, um vértice, duas fa-
ces e dois bordos.
2.1.1. Base
A base repousa sobre a face superior do diafragma, ao qual adere, formando uma oval ir-
regular de grossa extremidade situada à direita, e cujo grande eixo se dirige para diante e para
a esquerda. Esta aderência frenopericárdica é muito grande adiante, sendo facilmente desco-
lável nas restantes porções.
2.1.2. Vértice
O vértice envolve os grandes vasos, confundindo-se com a túnica externa destes.
Adiante, termina ao nível da aorta e da artéria pulmonar.
Atrás, alcança o ramo direito da artéria pulmonar.
Lateralmente, cobre as duas veias cavas e as veias pulmonares.
É ao nível da porção póstero-externa do tronco arterial braquiocefálico  que o pericárdio
alcança o seu ponto mais alto, sendo este facto conhecido por corno superior do pericárdio de
Haller.
É constituída por uma porção retropulmonar e por outra extrapulmonar.
A porção retropulmonar relaciona-se com a face interna dos pulmões.
A porção extrapulmonar é triangular e está situada atrás da parede esternocostal.
2.1.4. Face posterior
Esta face relaciona-se com os órgãos contidos no mediastino posterior, como o esófago
torácico, nervos pneumogástricos, aorta torácica, canal torácico e veias ázigos.
2.1.5. Bordos laterais
Relacionam-se com a porção mediastínica da pleura, nervos frénicos e vasos diafragmáti-
cos superiores.
2.2. Pericárdio seroso
A serosa pericárdica é constituída por um folheto parietal e por outro folheto visceral,
que se unem entre si, segundo uma linha muito irregular. Entre os dois folhetos, encontra-se
uma cavidade pericárdica virtual.
uma maneira íntima.
2.2.2. Folheto visceral
O folheto visceral cobre a porção ventricular do coração, comportando-se de modo dife-
rente ao nível das aurículas.
Atrás, atapeta a face posterior das aurículas, refletindo-se depois sobre as veias cavas e
pulmonares.
Lateralmente, atapeta as faces externas das duas aurículas.
Adiante, reveste a face anterior das aurículas e seus apêndices auriculares, formando uma
bainha à aorta e artéria pulmonar.
Entre a face anterior das aurículas e seus apêndices auriculares e os flancos posteriores da
aorta e artéria pulmonar, encontra-se um canal transversal, o seio transverso de Theile.
O seio transverso de Theile é formado: adiante, pelo flanco posterior da aorta e artéria
pulmonar; atrás, pela face anterior das aurículas e apêndices auriculares; em baixo, corres-
ponde ao ângulo formado pelas aurículas com os dois troncos arteriais; em cima, pelo ramo
direito da artéria pulmonar. O orifício esquerdo deste seio está situado entre a artéria pulmo-
nar e o apêndice auricular esquerdo; e o orifício direito, entre a aorta e o apêndice auricular
direito.
Anatomia Humana - Angiológica 32 
2.2.3. Linha de união entre o folheto visceral e o folheto parietal
A linha de união, segundo a qual o folheto visceral se vai continuar com o folheto parietal
é muito irregular.
A reflexão da serosa sobre a face anterior começa à esquerda sobre o flanco inferior da
artéria pulmonar esquerda. Deste ponto, dirige-se para dentro e para cima, até ao flanco ante-
rior da porção ascendente da crossa da aorta, até alcançar o flanco direito da origem do tronco
arterial braquiocefálico, e depois o flanco direito da veia cava superior.
A reflexão da serosa sobre a face posterior origina-se no flanco direito da veia cava supe-
rior. Dirige-se depois para baixo e para dentro, para cobrir o flanco anterior das duas veias
pulmonares direitas, e alcançar a veia cava inferior.
Ao alcançar o flanco inferior desta veia, contorna-a, para cobrir o flanco posterior das du-
as veias pulmonares direitas. Seguidamente, recobre o flanco posterior das duas veias pulmo-
nares esquerdas, acabando por alcançar o flanco inferior da veia pulmonar esquerda inferior, e
chegar ao flanco inferior da artéria pulmonar esquerda.
A serosa pericárdica relaciona-se com três pedículos vasculares: o pedículo arterial, cons-
tituído pela aorta e artéria pulmonar; o pedículo venoso direito, constituído pelas duas veias
cavas e pelas duas veias pulmonares direitas; e o pedículo venoso esquerdo, constituído pelas
duas veias pulmonares esquerdas.
Quando se dá a reflexão da serosa pericárdica, ao nível destes pedículos vasculares, en-
contram-se vários fundos de saco pericárdicos.
Ao nível do pedículo arterial, encontram-se dois fundos de saco: o primeiro está situado
entre a bifurcação da artéria pulmonar e o flanco inferior da porção horizontal da crossa da
aorta; o segundo encontra-se na porção póstero-externa da origem do tronco arterial braquio-
cefálico.
Ao nível do pedículo venoso direito, encontram-se três fundos de saco: o primeiro está si-
tuado entre a veia cava superior e a veia pulmonar direita superior; o segundo está localizado
entre as duas veias pulmonares direitas; e o terceiro está localizado entre a veia pulmonar
direita inferior e a veia cava inferior.
 
Anatomia Humana - Angiológica 33 
Ao nível do pedículo venoso esquerdo, encontram-se dois fundos de saco: o primeiro en-
contra-se entre as duas veias pulmonares esquerdas; e o segundo situa-se entre a veia pulmo-
nar esquerda superior e a artéria pulmonar esquerda.
Entre os dois pedículos venosos, encontra-se um grande fundo de saco, que separa o esó-
fago das aurículas, o fundo de saco de Haller.
2.3. Meios de fixação do pericárdio
O pericárdio fibroso está mantido em posição por intermédio de alguns ligamentos fibro-
sos.
2.3.1. Ligamento vertebro-pericárdico
Insere-se na face anterior das primeiras vértebras dorsais e no vértice do pericárdio.
2.3.2. Ligamentos esterno-pericárdicos
Encontram-se dois ligamentos: o ligamento esterno-pericárdico superior, que se insere
na porção superior da face anterior do pericárdio fibroso e na primeira cartilagem costal e
manúbrio esternal. O ligamento esterno-pericárdico inferior  insere-se na face anterior do
pericárdio fibroso e no apêndice xifóideu.
2.3.3. Ligamentos freno-pericárdicos
O ligamento freno-pericárdico anterior  une o diafragma à base do pericárdio.
Os dois ligamentos freno-pericárdicos laterais  (um direito e outro esquerdo) inserem-se:
o direito, no bordo direito do pericárdio e no centro frénico, para fora da veia cava inferior; e o
 
3.1. Artérias
As artérias coronárias, em número de duas, artéria coronária esquerda e direita, nascem
na porção inicial da aorta, ao nível dos seios de Valsalva.
3.1.1. Artéria coronária esquerda
Nasce na porção média do seio de Valsalva esquerdo, dirigindo-se depois para o espaço
situado entre a artéria pulmonar e a aurícula esquerda, até alcançar a porção superior do s ulco
interventricular anterior. A cerca de 2 cm da sua origem, a artéria coronária esquerda fornece
a artéria circunflexa, continuando-se depois pela artéria interventricular anterior. Antes de
fornecer a artéria circunflexa, pode emitir uma arteríola, que se anastomosa com outra prove-
niente da artéria coronária direita, constituindo a arcada arterial pré-aórtica, podendo tam-
bém fornecer uma artéria volumosa, que irriga a aurícula esquerda e o septo interauricular.
A artéria circunflexa alcança o sulco auriculoventricular, passar por baixo do apêndice au-
ricular esquerdo, até atingir o bordo esquerdo do coração sistólico, terminando um pouco
antes da cruz, e podendo, em raríssimos casos, seguir o sulco interventricular posterior, ou
ainda terminar como artéria do bordo esquerdo.
Ao longo do seu trajeto, dá ramos auriculares e ventriculares. Os ramos auriculares  irri-
gam as paredes anterior, esquerda e posterior da aurícula esquerda; os ramos ventriculares 
irrigam as faces anterior, esquerda e posterior do ventrículo esquerdo.
O ramo auricular anterior esquerdo é o maior e o mais constante, fornecendo, em 40%
dos casos, a artéria do nódulo de Keith e Flack.
O ramo auricular posterior segue o trajeto da veia de Marshall, tendo sido considerado
como o ramo terminal da artéria circunflexa.
Entre os ramos ventriculares, os anteriores irrigam a porção superior da face anterior do
ventrículo esquerdo, os posteriores vascularizam a porção externa da face posterior do ventrí-
 
Anatomia Humana - Angiológica 35 
A artéria interventricular anterior  é o ramo terminal da coronária esquerda. Esta artéria
percorre o sulco interventricular anterior, contorna o bordo direito do coração, a cerca de 1 a
2 cm da ponta. A este nível, dá um ramo ascendente que segue o bordo direito do coração, e
um ramo descendente, que se dirige para a ponta.
Nalguns casos, a artéria interventricular anterior ultrapassa o bordo direito do coração,
alcança o sulco interventricular posterior e percorre-o durante 1 a 4 cm.
Durante o seu trajeto, a artéria interventricular anterior fornece ramos ventriculares di-
reitos, ramos ventriculares esquerdos e ramos septais anteriores.
Os ramos ventriculares direitos são em número de três a quatro, sendo o primeiro a arté-
ria adiposa de Vieussens.
Os ramos ventriculares esquerdos, em número de quatro a seis, atravessam obliquamen-
te a face anterior do ventrículo esquerdo, paralelos entre si, terminando muitas vezes na face
posterior do ventrículo esquerdo. O primeiro ramo ventricular é o mais desenvolvido, constitu-
indo a artéria preventricular esquerda de Mouchet, que irriga os dois terços inferiores da face
anterior, bordo esquerdo e face posterior do ventrículo esquerdo.
Os ramos septais anteriores  originam-se no flanco posterior da artéria interventricular
anterior, variando o seu número de dez a doze, fornecendo praticamente a vascularização dos
dois terços anteriores do septo interventricular. A segunda septal anterior vasculariza o ramo
direito do feixe de His, enquanto que o ramo anterior do ramo esquerdo do feixe de His é vas-
cularizado por outros ramos septais.
3.1.2. Artéria coronária direita
Origina-se ao nível do seio de Valsalva direito. Percorre o sulco auriculoventricular direito
até à cruz, onde muda de direção para alcançar o sulco interventricular posterior.
Esta artéria é constituída por três porções:
A primeira porção vai desde a origem até ao bordo direito do coração, fornecendo ramos
auriculares e ramos ventriculares. Os ramos auriculares irrigam a parede anterior da aurícula
 
Anatomia Humana - Angiológica 36 
ramos ventriculares, em número de dois, sendo o primeiro a artéria infundibular direita, e a
segunda o ramo que irriga o terço superior da face anterior do ventrículo direito.
A segunda porção vai desde o bordo direito do coração até ao nível da cruz. Ao nível do
bordo direito, fornece a artéria do bordo direito, que termina no terço inferior deste bordo.
Esta porção da artéria coronária direita fornece a artéria auricular póstero-direita que vascu-
lariza a face posterior da aurícula direita, e ramos ventriculares que vascularizam a face poste-
rior do ventrículo direito.
A terceira porção constitui a artéria interventricular posterior , que fornece ramos ventri-
culares direitos e esquerdos, que vascularizam a face posterior dos dois ventrículos, fornecen-
do ainda os ramos septais posteriores, que irrigam o terço posterior do septo interventricular.
Entre os ramos septais posteriores, a primeira septal vasculariza o nódulo de Aschoff-Tawara e
o feixe de His. Outros ramos septais posteriores vascularizam o ramo posterior do ramo es-
querdo do feixe de His.
3.1.3. Artérias do pericárdio
As artérias do pericárdio fibroso vêm das artérias brônquicas, tímicas, esofágicas médias 
e diafragmáticas superiores.
3.2. Veias
sos4, classificaremos as veias cardíacas em dois grupos:
As veias superficiais, que se encontram à superfície do coração, acompanhando as arté-
rias coronárias e seus ramos.
4  Prof. Doutor J. A. Esperança Pina.
 
Anatomia Humana - Angiológica 37 
As veias profundas, que se originam na porção intramiocárdica, abrem diretamente em
qualquer uma das quatro cavidades cardíacas, de modo semelhante aos vasos artério-luminais
de Wearn.
Atendendo às relações das veias superficiais com as artérias coronárias, classificaremos
estas veias em dois subgrupos.
3.2.1.1. Veias que drenam o sangue do território da artéria coronária esquerda
Todas as veias deste território são drenadas para o seio coronário.
O seio coronário é a porção terminal da grande veia cardíaca, que está situada na porção
esquerda do sulco auriculoventricular posterior.
O seio coronário abre na parede inferior da aurícula direita, apresentando, no ponto da
sua abertura, a válvula de Thebesius. No ponto onde a grande veia cardíaca se vai continuar
com o seio, encontra-se a válvula de Vieussens. Entre estas duas válvulas, encontram-se as
válvulas intermediárias de Laux e Marshall.
As veias aferentes do seio coronário são: a grande veia cardíaca, as veias auriculares pós-
tero-esquerdas e as veias posteriores do ventrículo esquerdo.
 
Grande veia cardíaca
Esta veia recebe várias veias: a veia interventricular anterior, que acompanha a artéria de
mesmo nome; as veias ventriculares ântero-esquerdas, que drenam o sangue do terço supe-
rior da face anterior do ventrículo esquerdo; as veias da face anterior da aurícula esquerda e
do seu apêndice auricular, que drenam estas regiões; as veias do bordo esquerdo do coração;
as veias da porção ântero-superior do septo interventricular ; as veias da porção póstero-
 
Anatomia Humana - Angiológica 38 
coronária esquerda; as veias adiposas de Vieussens, que vêm do infundíbulo pulmonar; e as
veias do septo interauricular, que drenam o nódulo de Keith e Flack.
  Veias auriculares póstero-esquerdas
Estas veias drenam a face póstero-esquerda da aurícula esquerda, encontrando-se uma
mais desenvolvida, a veia de Marshall, que se origina ao nível da veia pulmonar esquerda su-
perior.
Em número variável, drenam a face posterior do ventrículo esquerdo.
3.2.1.2. Veias que drenam o sangue do território da artéria coronária direita
São veias que acompanham a artéria coronária direita e seus ramos.
  Veia interventricular posterior
Esta veia acompanha a artéria interventricular posterior, acabando por terminar no seio
coronário, ou diretamente na aurícula direita.
 
Pequena veia cardíaca
É uma veia muito inconstante que se encontra na porção anterior ou posterior do sulco
auriculoventricular. Termina diretamente na aurícula direita, no seio coronário  ou na veia
interventricular posterior.
  Veias cardíacas anteriores
São veias que drenam a face anterior e o bordo direito do ventrículo direito, podendo
agrupar-se, para constituírem o canal comum. Estas veias abrem na aurícula direita, por orifí-
cios próprios, os foraminas. As principais veias cardíacas anteriores são: a veia de Galeno, que
se encontra localizada no bordo direito do coração, acompanhando a artéria de mesmo nome;
as veias ventriculares anteriores, que acompanham os ramos ventriculares da primeira porção
 
Anatomia Humana - Angiológica 39 
bulo pulmonar, entre a aurícula e o apêndice auricular direito; e a veia de Zuckerkandl, que
está situada entre a porção ascendente da crossa da aorta, e a artéria pulmonar.
  Veias ventriculares póstero-direitas
São veias que se originam na porção superior e externa da face posterior do ventrículo di-
reito.
  Veias subendocárdicas da aurícula direita
São veias com localização inconstante, situadas nas paredes da aurícula direita.
3.2.2. Veias profundas
São constituídas pelas veias de Thebesius, que se abrem por orifícios, os foraminulas, em
qualquer uma das quatro cavidades cardíacas.
3.2.3. Veias do pericárdio
As veias do pericárdio terminam, atrás nas veias ázigos, e adiante, nas veias diafragmáti-
cas superiores.
3.3. Linfáticos
Os linfáticos do coração dispõem-se em três redes linfáticas: a rede subendocárdica, a
rede subepicárdica e uma rede muito discutível, a rede intramiocárdica.
A rede subendocárdica encontra-se por baixo do endocárdio, sendo muito nítida ao nível
dos ventrículos e septo interventricular.
A rede subepicárdica, muito mais nítida, sendo sobretudo abundante ao nível da ponta
do coração e na face esquerda do ventrículo esquerdo.
 
3.3.1. Troncos coletores linfáticos ventriculares
O tronco coletor linfático esquerdo origina-se ao nível da cruz, constituindo o tronco cir-
cunflexo. Segue o sulco auriculoventricular esquerdo na companhia da artéria circunflexa, até
alcançar o flanco esquerdo da artéria pulmonar. A este nível, recebe dois grandes coletores
linfáticos, os troncos interventriculares anteriores, que acompanham a artéria interventricular
anterior.
Depois da junção destes troncos, forma-se o tronco coletor linfático esquerdo, que se lo-
caliza entre o apêndice auricular esquerdo e a artéria pulmonar, situando-se depois no flanco
posterior da artéria pulmonar, e acabando por terminar num dos gânglios linfáticos intertra-
queobrônquicos.
O tronco coletor linfático direito, muito mais longo do que o esquerdo, origina-se no sul-
co interventricular posterior, percorre depois o sulco auriculoventricular direito, até alcançar o
flanco anterior da crossa da aorta, para terminar num dos gânglios mediastínicos anteriores.
Estes troncos linfáticos são interrompidos por gânglios epicárdicos, sendo três mais ou
menos constantes.
O gânglio preaórtico, situado no flanco anterior da porção ascendente da crossa da aorta.
O gânglio pulmonar esquerdo, situado no flanco esquerdo da artéria pulmonar.
O gânglio retropulmonar, situado no flanco posterior da artéria pulmonar.
3.3.2. Troncos coletores linfáticos auriculares
Os troncos linfáticos das aurículas lançam-se nos troncos dos ventrículos já descritos. Con-
 
Encontra-se um tronco descendente, que termina no gânglio justafrénico direito, e tron-
cos ascendentes, que chegam aos gânglios intertraqueobrônquicos, gânglios do pedículo pul-
monar esquerdo e gânglios mediastínicos anteriores.
3.3.3. Linfáticos do pericárdio
posteriores, diafragmáticos e intertraqueobrônquicos.
3.4. Nervos
O coração é enervado por dois nervos antagonistas: um nervo cárdeo-moderador, o
pneumogástrico, e outro nervo acelerador, o simpático. O estado de equilíbrio entre estes
dois nervos assegura um ritmo cardíaco normal.
3.4.1. Nervos cardíacos originados no pneumogástrico
Os nervos cardíacos do pneumogástrico são três: superior, médio e inferior.
Os nervos cardíacos superiores, em número de dois ou três, destacam-se um pouco por
baixo do gânglio plexiforme.
Os nervos cardíacos médios, também em número de dois ou três, originam-se no nervo
recorrente, ramo do pneumogástrico.
O nervo cardíaco inferior origina-se no pneumogástrico, ao nível da cavidade torácica.
3.4.2. Nervos cardíacos originados no simpático
Estes nervos nascem dos gânglios cervicais simpáticos.
 
Anatomia Humana - Angiológica 42 
O nervo cardíaco superior origina-se no gânglio cervical superior do simpático.
O nervo cardíaco médio origina-se no gânglio cervical médio do simpático.
O nervo cardíaco inferior origina-se no gânglio cervical inferior ou no primeiro gânglio to-
rácico do simpático.
3.4.3. Plexo cardíaco
Os nervos cardíacos que se originam no pneumogástrico e no simpático convergem para
os grandes vasos do coração, onde formam o plexo cardíaco. Este plexo pode subdividir-se em
dois plexos secundários: o plexo anterior, situado adiante da aorta e da artéria pulmonar; e o
plexo posterior, situado entre a aorta e a bifurcação da traqueia.
O plexo anterior é constituído pelos nervos cardíacos esquerdos  e o plexo posterior é
constituído pelos nervos cardíacos direitos, a que se juntam, por vezes, os nervos cardíacos
médios e inferior do lado esquerdo .
Encontra-se, por vezes, o gânglio de Wrisberg, situado entre a crossa da aorta, bifurcação
da artéria pulmonar e ligamento arterial.
O plexo cardíaco dá origem aos plexos coronários, um direito e outro esquerdo, que
acompanham as artérias coronárias.
3.4.4. Nervos do pericárdio
Os nervos do pericárdio fibroso  e do folheto parietal do pericárdio seroso originam-se
nos nervos frénicos, pneumogástricos e simpáticos.
Os nervos do folheto visceral do pericárdio seroso provêm do plexo nervoso subpericár-
dico.
4. Artérias do tronco
Do coração partem dois troncos arteriais, a artéria pulmonar e a aorta, saindo a primeira
do ventrículo direito, e a aorta do ventrículo esquerdo.
4.1. Artéria pulmonar
Depois de se originar no ventrículo direito, dirige-se obliquamente para cima, para a es-
querda e para trás, dividindo-se depois na artéria pulmonar direita, que se dirige ao pulmão
direito, e na artéria pulmonar esquerda, que se vai distribuir ao pulmão esquerdo.
4.1.1. Relações
Encontram-se na artéria pulmonar, duas porções distintas: uma situada no interior do pe-
ricárdio, e outra no exterior.
A porção intrapericárdica relaciona-se adiante com o pericárdio e através deste com a pa-
rede torácica, atrás com a aurícula esquerda, à direita com a aorta, e à esquerda com o apên-
dice auricular esquerdo.
A porção extrapericárdica relaciona-se atrás com a porção terminal da traqueia, à direita
com a crossa da aorta, e à esquerda e adiante, com o pulmão esquerdo.
4.1.2. Ramos terminais
 
Artéria pulmonar direita 
Dirige-se horizontalmente para fora e para trás, até alcançar o hilo pulmonar direito. Re-
laciona-se, em baixo com a aurícula esquerda, em cima com a crossa da aorta, atrás com o
brônquio direito, e adiante com a aorta e a veia cava superior.
2. Artéria pulmonar esquerda 
Dirige-se horizontalmente para a esquerda e para trás, até alcançar o hilo pulmonar es-
querdo. Relaciona-se, em baixo com a aurícula esquerda, em cima com a aorta, atrás com o
brônquio esquerdo, e adiante com as veias pulmonares esquerdas.
3. Ligamento arterial 
É um ligamento fibroso resultante da obstrução do canal arterial que, no feto, une a face
superior da artéria pulmonar esquerda à face inferior da porção horizontal da crossa da aorta.
4.2. Aorta
A aorta é a artéria mais importante do corpo humano, estendendo-se do ventrículo es-
querdo até ao nível do disco intervertebral que separa a 4ª da 5ª vértebras lombares, onde dá
origem às duas artérias ilíacas primitivas e à artéria sagrada média.
Após a sua origem, dirige-se para cima, para diante e para a esquerda. Inflete-se depois,
formando a crossa da aorta. Dirige-se então para trás e para a esquerda, até alcançar o corpo
da 3ª vértebra dorsal. Torna-se vertical, relacionando-se então com o flanco esquerdo da colu-
na dorsal até à 7ª vértebra dorsal. A partir deste ponto, situa-se na linha mediana, atravessa o
orifício aórtico do diafragma, que a conduz à cavidade abdominal, acabando por terminar ao
nível do disco intervertebral que separa a 4ª e a 5ª vértebras lombares, onde fornece os ramos
terminais.
Anatomia Humana - Angiológica 45 
A aorta apresenta uma configuração cilíndrica, à exceção da sua origem, que apresenta
três dilatações, denominadas seios de Valsalva, correspondendo às três válvulas sigmoideias
aórticas.
Na união da porção ascendente e transversa da crossa da aorta, existe outra dilatação, o
grande seio da aorta.
4.2.1. Divisão da aorta
Podem ser consideradas três porções.
A crossa da aorta, desde a sua origem até à 3ª vértebra dorsal.
A aorta torácica, desde a 3ª vértebra dorsal até ao orifício aórtico do diafragma.
A aorta abdominal, desde o orifício aórtico do diafragma até à sua terminação, ao nível
do disco intervertebral que separa a 4ª da 5ª vértebras lombares.
4.2.2. Relações
  Crossa da aorta
A porção ascendente é intrapericárdica. Relaciona-se adiante com o pericárdio e, por in-
termédio do timo, com a parede torácica; atrás, com a aurícula direita e a artéria pulmonar
direita; à direita, com a veia cava superior e à esquerda, com a artéria pulmonar.
A sua porção horizontal é extrapericárdica. Relaciona-se, em baixo, com o brônquio es-
querdo e com o nervo recorrente esquerdo; em cima, com os ramos que emite (tronco arterial
braquiocefálico, artéria carótida primitiva esquerda e subclávia esquerda); adiante, com a
pleura e nervos frénico e pneumogástrico esquerdos; e atrás, com a traqueia, esófago, canal
torácico e 3ª vértebra dorsal.
 
  Aorta torácica
Na sua porção superior, está situada à esquerda da linha mediana, e na sua porção inferi-
or, é mediana.
A sua porção superior relaciona-se atrás, com a cabeça das costelas e grande simpático
esquerdo; adiante, com o pedículo pulmonar esquerdo; à esquerda, com a pleura esquerda; e
à direita, com os corpos das vértebras dorsais.
A sua porção inferior relaciona-se adiante, com o esófago; e atrás, com a coluna dorsal,
grande veia ázigos e canal torácico.
  Aorta abdominal
Relaciona-se adiante, com a cadeia prévisceral do sistema vegetativo abdominal, com
grupos ganglionares linfáticos, e ainda com órgãos intra-abdominais, o pâncreas, a 3ª porção
duodenal que a cruza perpendicularmente, o mesentério e ansas intestinais; atrás, com a co-
luna lombar e o canal torácico; à esquerda, com o rim e cápsula suprarrenal esquerda; e à di-
reita, com a veia cava inferior.
4.2.3. Ramos que nascem da crossa da aorta
No decurso do seu trajeto, a aorta fornece, na sua porção ascendente, as artérias coroná-
rias, que são estudadas no capítulo do coração e, na sua porção horizontal, artérias que se
destinam à cabeça, pescoço e membros superiores, e que, da direita para a esquerda, são o
tronco arterial braquiocefálico, artéria carótida primitiva esquerda   e artéria subclávia es-
querda. É de referir ainda que, por vezes, a porção horizontal da crossa da aorta fornece uma
artéria que se destina à glândula tiroideia, a artéria tiroideia de Neubauer. Origina-se entre o
tronco arterial braquiocefálico e a artéria carótida primitiva esquerda, caminha na face ante-
 
4.2.4. Ramos que nascem da aorta torácica
Estes ramos podem ser distribuídos em ramos viscerais, que vascularizam órgãos intrato-
rácicos, e ramos parietais, que irrigam as paredes torácicas.
4.2.4.1. Ramos viscerais
1. Artérias brônquicas 
Originam-se na porção superior da aorta torácica, isoladamente ou formando troncos va-
riáveis. São, normalmente, duas para o pulmão esquerdo e uma para o direito.
Depois da sua origem, alcança a face posterior do brônquio, que percorre até alcançar o
hilo pulmonar. Penetra então no pulmão, onde se vão distribuir.
2. Artérias esofágicas médias 
Em número variável, mas oscilando entre cinco ou seis, distribuem-se à porção torácica
do esófago.
Artérias mediastínicas 
São pequenas artérias, muito variáveis em número, que vascularizam o pericárdio, pleuras
e grupos ganglionares linfáticos.
1. Artérias intercostais aórticas 
São ramos que nascem da face posterior da aorta torácica, em número de 9 a 10 de cada
lado. Das 12 artérias intercostais, as duas ou três restantes são ramos do tronco cérvico-
intercostal, ramo da artéria subclávia.
As artérias intercostais do lado direito passam atrás do esófago, canal torácico e grande
veia ázigos, e as do lado esquerdo cruzam a pequena veia ázigos, acabando por alcançar a ex-
tremidade posterior do espaço intercostal, onde origina dois ramos: o ramo dorso-espinhal e a
artéria intercostal propriamente dita.
O ramo dorso-espinhal faz a irrigação dos músculos das goteiras vertebrais e a espinhal
medula, por intermédio de ramos que penetram nos buracos de conjugação.
A artéria intercostal propriamente dita alcança a goteira costal, que
se encontra situada o bordo inferior da costela, entre a veia intercostal,
que está por cima, e o nervo intercostal, que está por baixo [Fig. 1]. Cami-
nha então no espaço intercostal, até ao terço anterior deste espaço, onde
se anastomosa com as artérias intercostais anteriores, ramos da torácica
interna. Durante o seu trajeto, fornece ramos para os músculos intercos-
tais, mama e pleura.
4.2.5. Ramos que nascem da aorta abdominal
Estes ramos podem ser classificados em ramos viscerais, que vascularizam órgãos intra-
abdominais, e ramos parietais, que irrigam as paredes abdominais.
4.2.5.1. Ramos viscerais
Estes ramos podem ser distribuídos em dois grupos. Os ramos digestivos, que vasculari-
zam órgãos do aparelho digestivo, e os ramos  suprareno-uro-genitais, que vascularizam as
cápsulas suprarrenais e órgãos dos aparelhos urinário e genital.
Veia 
Artéria 
Nervo 
Costela 
Anatomia Humana - Angiológica 49 
Os ramos digestivos são o tronco celíaco, a artéria mesentérica superior e a artéria me-
sentérica inferior.
Os ramos suprareno-uro-genitais são as artérias capsulares médias, as artérias renais e
as artérias genitais.
4.2.5.1.1. Tronco celíaco
O tronco celíaco  fornece a irrigação arterial para o fígado, baço, estômago, pâncreas e
grande epíploon.
Origina-se na face anterior da aorta abdominal, adiante da 12ª vértebra dorsal, dirigindo-
se depois para diante, para originar três ramos: a artéria hepática, a artéria esplénica e a arté-
ria coronária estomáquica.
Relaciona-se, em baixo, com o pâncreas, à esquerda, com a pequena curvatura do estô-
mago, e em cima e à direita, com o lóbulo de Spiegel do fígado. Encontra-se relacionado inti-
mamente com o plexo solhar.
1.  
Artéria hepática 
Após a sua origem, dirige-se horizontalmente para diante e para a direita, até ao bordo
superior do piloro. Muda então de direção, tornando-se vertical, acabando por alcançar o hilo
do fígado, depois de caminhar no pequeno epíploon, adiante da veia porta e à esquerda do
canal hépato-colédoco.
A porção horizontal da artéria hepática denomina-se hepática comum, e a porção verti-
cal, de hepática própria. O limite destas duas porções da artéria hepática está situado no pon-
to em que a artéria hepática fornece a artéria gastroduodenal.
  Ramos colaterais
A artéria hepática fornece, como ramos colaterais, as artérias gastroduodenal, pilórica e
cística.
Anatomia Humana - Angiológica 50 
A artéria gastroduodenal nasce no ponto que separa a artéria hepática comum da hepáti-
ca própria. Dirige-se depois para baixo e para a direita, passa