ANÁLISE DOS VALORES PROCLAMADOS PELAS DCNS, PRESENTES NO...
Transcript of ANÁLISE DOS VALORES PROCLAMADOS PELAS DCNS, PRESENTES NO...
ANÁLISE DOS VALORES
PROCLAMADOS PELAS DCNS,
PRESENTES NO PROJETO
PEDAGÓGICO E VIVIDOS PELOS
DISCENTES DO CURSO DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DE UMA
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR
Juan Pablo Silva Moreira (UNIPAM )
Jaqueline Luisa Silva (UNIPAM )
JUNIA MAISA MOTA GONCALVES (UNIPAM )
Igor Caetano Silva (UNIPAM )
Fabio de Brito Gontijo (UNIPAM )
Indispensáveis à conduta humana, os valores transmitidos
naturalmente ao longo da vida sofrem, com o passar dos anos,
constantes modificações. Neste sentido, o presente artigo baseia-se na
importância dos valores de um indivíduo no seu proccesso de
aprendizado, indispensáveis em sua formação tanto pessoal quanto
profissional. E que apesar de adquiridos desde a infância, estes valores
estão suscetíveis a mudanças ao longo dos anos devido às experiências
vividas e às influências as quais o indivíduo é exposto. Assim, este
estudo, tem como intuito analisar a gestão educacional do curso de
Engenharia de Produção da Instituição de Ensino Superior (Unipam)
no que diz respeito à transmissão de valores entre docentes e discentes,
para que se possa constatar se os graduandos estão desenvolvendo os
princípios, normas e orientações mencionadas no Projeto Pedagógico
do Curso (PPC). A fim de alcançar este objetivo, desenvolveu-se dois
formulários, aplicados aos discentes das turmas de Engenharia de
Produção e aos docentes que lecionam nestas turmas, assim obteve-se
um panorama sobre o gerenciamento do curso na instituição. A partir
destas considerações, analisou-se que existe uma discrepância
considerável entre os valores vividos e vivenciados pelos acadêmicos,
com os valores proclamados pelo PPC do curso.
Palavras-chave: Valores educacionais, Plano Pedagógico do Curso
(PPC), Engenharia de Produção, Instituição de Ensino.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
2
1. Introdução
Indispensáveis à conduta humana, os valores transmitidos naturalmente ao longo da vida
sofrem, com o passar dos anos, constantes modificações. Estas modificações baseiam-se nas
experiências e nas escolhas feitas por cada indivíduo durante o seu convívio social. Segundo
Shieth et al. (2001) os valores são um agrupamento de atitudes ou preferências que os
cidadãos consideram ser importantes e norteadores para a sua vida pessoal e profissional.
Porém, devido à convivência com diferentes pessoas ou instituições, estes valores estão
suscetíveis às mudanças. Atualmente, com a intensa quantidade de informações distribuídas à
população, alguns valores passam a ser difundidos como forças individuais, sociais e culturais
(LINDO, 2000) e, em decorrência disso, a grande quantidade de conhecimento influencia a
sociedade com caráter estável e duradouro.
Assim, no que tange à educação superior, é possível evidenciar que as escolhas realizadas por
esses indivíduos ao longo de sua formação pessoal, tendem a aproximá-los dos valores que
acreditam ser fundamentais para a carreira profissional. Libâneo (2001) informa que, devido
ao desenvolvimento de novos conceitos adquiridos através da formação acadêmica, é bastante
comum que os discentes se comportem de formas diferentes e acabem despertando valores
anteriormente desconhecidos.
Diante do exposto e baseado nas informações fornecidas pela literatura, de que os valores
pessoais e educacionais podem ser difundidos de formas distintas entre docentes e discentes
em uma mesma sociedade acadêmica, como assegurar que as habilidades e competências
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC) nas resoluções do Conselho Nacional de
Educação estão de fato se concretizando e sendo vivenciados pelos discentes dos cursos de
Engenharia de Produção?
Para solucionar esta indagação, foi realizada uma pesquisa junto ao corpo de docentes e
discentes do curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário de Patos de Minas –
Unipam com o objetivo de analisar a percepção e a consolidação dos valores repassados de
docentes para discentes em um mesmo cenário acadêmico. Neste sentido, esta pesquisa
fundamenta-se na necessidade da realização de uma análise quanto à constatação de como os
graduandos estão desenvolvendo os princípios, normas e orientações mencionadas no Projeto
Pedagógico do Curso (PPC) do curso analisado.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
3
Para Miranda Neto (2015), a aprendizagem é construída mediante a interação do percurso de
formação, por meio de novos caminhos na produção do saber. O equilíbrio entre a formação
do cidadão e a formação profissional são fatores essencialmente importantes para a
construção de uma sociedade orientada pelo diálogo, pela integração do conhecimento, pelo
exercício da criticidade, da curiosidade epistemológica e pela busca da autonomia intelectual.
2. Valores Humanos
Reconhecidos universalmente e norteadores da vida em sociedade, os valores integram o
contexto social e fazem parte dos fundamentos morais e espirituais da consciência humana.
Estes determinam o comportamento e as ações das pessoas, sendo capazes de trazer paz ou
guerra a si próprio ou com o mundo que os rodeia.
De acordo com Giddens (2005) a definição sobre os valores pode ser feita como: “[...] ideias
que definem o que é considerado importante. Essas ideias abstratas ou valores dão sentido e
fornecem direção aos humanos enquanto esses interagem com o mundo social”.
A negação dos valores por parte dos indivíduos e da sociedade pode comprometer o
desenvolvimento íntegro do homem, tornando-se fatigante encontrar um sentido à vida. Com
base neste pensamento, Martinelli (1996, p. 15) descreve que:
A vivência dos valores alicerça o caráter e reflete-se na conduta como uma conquista
espiritual da personalidade. No dinamismo histórico, os valores permaneceram
inalteráveis como herança divina em cada um de nós, apontando, sempre, na direção
da evolução pelo autoconhecimento [...].
Portanto, por afetarem a personalidade do indivíduo e a valorização que o discente dá ao
processo de aprendizagem, os valores se fazem de extrema importância na educação, pois ela
é desenvolvida através do interesse e esforço do aluno, seja na valorização processo de
aprendizagem, interpretação de textos ou na forma com que o ensino deverá aplicado, uma
vez que as pessoas aprendem de formas diferentes.
2.1 Os valores humanos e a educação
Na atual realidade educacional, percebe-se que apenas o conhecimento intelectual não é mais
suficiente para preparar os jovens para o futuro profissional. Assim, é imprescindível que as
instituições educacionais introduzam valores humanos no currículo escolar dos alunos e
invistam na melhoria de ensino. Como argumenta Alfayate (2002, p. 52),
Relacionar a educação com os valores tem muito a ver com a qualidade de ensino.
Qualidade não significa apenas mais salas de aula, mais bibliotecas, mais recursos
tecnológicos, mais laboratórios – aspectos estes quantitativos e mais caros -, mais
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
4
também uma educação em valores humanos, embora seja a parte mais barata e às
vezes mais altruísta da educação.
A nível mundial, o órgão mais conceituado no que diz respeito à combinação de educação e
valores humanos é a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO). Tal órgão estabelece ações vinculadas à educação que se tornam objetivos
declarados perante os trinta e dois países membros, que assumem a responsabilidade de
realizá-las. Essas ações estão diretamente relacionadas à realidade atual, por isso são definidas
a cada quatro anos em reunião com os principais interessados.
Já a nível nacional, o órgão máximo que trata dessas questões é o Ministério da Educação
(MEC) – órgão responsável pela política nacional de educação, despachos e atribuições do
poder público federal no que diz respeito à educação. Seu foco é a qualidade de ensino e o
aprimoramento contínuo da educação brasileira.
2.2 Ministério da Educação (MEC)
O MEC é um órgão do governo federal que possui a responsabilidade em abordar a política
nacional de educação e atua nos ensinos fundamental, médio e superior, na educação de
jovens e adultos, em pesquisas educacionais e magistério.
É um órgão que demonstra uma preocupação com a educação de indivíduos de todas as
condições sociais e considera de suma importância o acesso à educação para todos, visto que,
a educação, juntamente com conceitos éticos envolvendo valores, são fatores fundamentais
para a formação de profissionais de bom caráter capazes de promover ações em prol da
sociedade.
Diante disso, a Portaria Ministerial possui um documento que trata da Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, o qual declara que:
[...] o movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural,
social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de
estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A
educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção
de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis,
e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as
circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola
(MEC/SEESP, 2001).
Além de ser um facilitador no que diz respeito ao acesso à educação inclusiva, o MEC
também avalia se os cursos de graduação oferecidos nas instituições do país estão de acordo
com as propostas e direcionamentos previamente estabelecidos. Um dos principais requisitos
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
5
para uma classificação desejável é um Projeto Pedagógico bem elaborado, cujas diretrizes
sejam seguidas por todos os profissionais envolvidos direta e indiretamente no sistema
educacional.
2.3 Projeto Pedagógico do Curso
O Projeto Pedagógico do Curso (PPC) baseia-se nas definições das Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN), que orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de
ensino. Elas buscam garantir que conteúdos básicos e semelhantes sejam ensinados para
alunos inseridos em todos os contextos. Para Cordão (2011):
[...] difundir os valores fundamentais do interesse social, dos direitos e deveres dos
cidadãos, do respeito ao bem comum e à ordem democrática, bem como considerar
as condições de escolaridade dos estudantes em cada estabelecimento, a orientação
para o trabalho, a promoção de práticas educativas formais e não formais.
O PPC deve estar em conformidade com a Resolução CNE/CES nº 11, de 2002, que define as
DCN’s dos Cursos de Engenharia, para que ao finalizarem o processo de formação
acadêmica, os alunos estejam preparados para o mercado de trabalho. Deste modo, o PPC
deve abordar, discutir, analisar e verificar o processo de ensino, tal como o conhecimento, as
habilidades e competências que devem ser passadas dos docentes para discentes dentro da
instituição, assim como ser flexível, de forma que todos possam colaborar, sugerir, questionar
e compartilhar saberes dentro do mesmo.
2.4 Engenharia de Produção do Unipam: Os valores do curso
O curso de Engenharia de Produção do Unipam tem como objetivo a formação de
profissionais que sejam responsáveis por garantir a eficiência dos processos produtivos, com
foco na produtividade e rentabilidade de uma empresa. Para isso, é necessário que os
graduandos tenham valores como iniciativa, trabalho em equipe, criatividade, espírito de
liderança e possuam um elevado conhecimento técnico e gerencial (UNIPAM, 2014).
Para o Unipam a educação é entendida como uma prática sócio-política que se faz efetiva no
âmbito das relações sócio-histórico-culturais, com o intuito de promover a formação de
pessoas tecnicamente competentes, mais humanizadas, éticas, críticas e comprometidas com a
qualidade de vida dos cidadãos, podendo refletir o contexto social e o seu papel de
protagonistas na emergência de uma sociedade em transformação (MIRANDA NETO, 2015).
Além disso, a instituição possui um plano pedagógico para cada curso, no qual consta as
atividades e o plano de ensino de acordo com os valores necessários de cada profissão. Assim,
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
6
a aprendizagem se efetiva de forma dinâmica, sempre relacionando a teoria e a prática,
tornando, portanto, a troca de conhecimento um processo ativo e integral do sujeito na
construção de sua formação pessoal e profissional (UNIPAM, 2014).
3. Metodologia
Tendo em vista o caráter desta pesquisa, em que foram avaliados os valores adquiridos pelos
alunos no decorrer de sua vida pessoal e acadêmica, utilizou-se como estratégia de pesquisa
uma combinação das abordagens quantitativa e qualitativa, a primeira, pois as informações
levantadas serão traduzidas em dados numéricos e estatísticos. A pesquisa de caráter
quantitativo apresenta uma maior confiabilidade em relação ao que foi analisado, pois às
informações obtidas são realizadas com base em dados concretos e mensuráveis,
possibilitando assim, uma percepção maior dos resultados adquiridos (SILVA; MENEZES,
2005).
Já a segunda, foi utilizada para considerar particularidades e traços subjetivos, de forma a
levar à compreensão dos comportamentos dos alunos no que diz respeito à vivência das
habilidades e competências descritas pelas resoluções do Conselho Nacional de Educação em
conformidade com as orientações do Projeto Pedagógico do Curso e com as propostas de
ensino do MEC. Silva e Menezes (2005) consideram a pesquisa qualiativa como uma relação
dinâmica entre o mundo e o pesquisador, isto é há um vinculo de subjetividade entre os
fenômenos analisados que não podem ser traduzidos de forma numérica ou estatégicas.
Sob o ponto de vista do objetivo da pesquisa, pode-se classificá-la como descritiva, pois
deseja-se identificar a eficiência dos métodos de ensino utilizados para a transmissão de
valores percebida entre docente-discente. Segundo Hill e Hill (2012) o processo descritivo
visa à identificação, registro e análise das características, fatores ou variáveis que se
relacionam com o fenômeno ou processo. Esse tipo de pesquisa pode ser entendida como um
estudo de caso onde, após a coleta de dados, é realizada uma análise das relações entre as
variáveis para uma posterior determinação do efeitos resultantes em uma empresa, sistema de
produção ou produto.
4. Resultados e Discussões
Inicialmente foi realizado um estudo bibliográfico sobre os conceitos de valores necessários
para o bom relacionamento humano e vivência em sociedade, juntamente com as premissas
referentes às habilidades e competências que o engenheiro de produção deve possuir.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
7
Embasados nessas leituras, os autores realizaram análises das informações coletadas a fim de
compreender e concluir a relação entre as habilidades e competências necessárias à formação
profissional e os valores praticados no meio acadêmico. Em meio a essa nova maneira de
passar o ensinamento aos acadêmicos, “compreende-se que o conhecimento não é transferido
ou depositado pelo outro [...] nem é inventado pelo sujeito [...], mas sim, construído pelo
sujeito na sua relação com os outros e com o mundo” (VASCONCELLOS, 1996).
Para Anastasiou (2003), o conteúdo disseminado pelo professor deve ser trabalhado, refletido
e disseminado pelo aluno para que ele possa tomar consciência de como reelaborar seu
próprio conhecimento. Assim, para analisar a percepção dos valores transferidos de docentes
para discentes, foram desenvolvidos dois qustionários compostos por questões fechadas
(Apêndices A e B), aplicados a 180 (cento e oitenta) entrevistados, sendo 150 (cento e
cinquenta) discentes e 30 (trinta) docentes. Esses entrevistados foram reagrupados de acordo
com os cinco turmas de Engenharia de Produção do Unipam (Quadro 1). Os graduandos e
educadores responderam aos formulários, pois tal panorama reflete no gerenciamento do
curso de Engenharia de Produção da instituição analisada.
Quadro 1: Índice de Entrevistados por Categoria
Para melhor evidenciar esta pesquisa, foram elaboradas indagações que buscavam verificar,
em sua essência, os valores educacionais que alunos e professores julgam serem essenciais
para sua formação pessoal. Os questionários foram desenvolvidos, conforme apresentado no
Apêndice C, evidenciando os valores de acordo com as habilidades e competências descritas
como essenciais pelo PPC do curso, em conformidade com as resoluções do MEC. As
premissas utilizadas para a construção desses questionários são descritas pelos autores Hill e
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
8
Hill (2012) em seu livro “Investigação por questionário”.
Neste sentido, para todas as perguntas, as opções de resposta variam em uma escala de 1 a 5,
sendo que: 1 corresponde a “Nada Importante”, ou seja, nenhuma relevância para o valor
pessoal evidenciado, 2 corresponde a “Pouco Importante”, 3 “Indiferente”, 4 “Muito
Importante” e 5, “Importância Fundamental”, indicando a frequência constante do fator.
Na avaliação das percepções individuais sobre os valores educacionais, a relação de alunos e
professores é realizada mediante o cálculo da soma dos pontos atribuídos a cada um dos itens
que integram o fator e de sua divisão pelo número de perguntas que o compõem. A fórmula
representa o cálculo da média aritmética:
No qual “n” representa o número de perguntas para cada fator, no caso desta pesquisa 4
perguntas, e “xi” representa as notas atribuídas pelos entrevistados em cada uma das perguntas
que compõem o questionário.
Levando em consideração que os valores pessoais são considerados individualmente, é
necessário calcular a média dos escores atribuídos ao fator por todos os entrevistados que o
avaliaram, de modo a se chegar ao escore final obtido pela instituição como um todo naquele
fator. Por essa razão, será utilizada a mesma fórmula mencionada anteriormente, no qual “n” é
o número total de questionados e “xi” a média alcançada em cada fator por participante da
pesquisa.
Os escores em todos os fatores variam em uma escala de 1 a 5, sendo que quanto maior o
resultado obtido, maior é o grau em que o valor apresentado localiza-se no curso analisado.
Assim, uma pontuação igual a 2,25 significa que os entrevistados valorizam como pouco
importante, por exemplo, o fator “sustentabilidade”.
Assim, com base nas informações obtidas através dos questionários, foi possível observar de
forma clara e objetiva a percepção de professores e alunos quantos aos valores educacionais
que julgam de importância fundamental. A figura 1 representa a comparação realizada entre
os fatores evidenciados como importantes para os discentes e os docentes do Primeiro Período
de Engenharia de Produção.
Figura 1: Resultado dos questionários aplicados aos alunos do Primeiro Período de Engenharia de Produção
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
9
Ao analisar a figura 1, é possível evidenciar que, de maneira geral, todos os docentes que
lecionam nesta turma consideram os cinco fatores (Análise Sistemática, Ética Profissional,
Sustentabilidade, Iniciativa e Liderança) de fundamental importância para a sua formação
pessoal. Em contrapartida, pode-se perceber que dentre os cinco fatores analisados, apenas o
fator “Sustentabilidade” não foi considerado de importância fundamental na visão dos
discentes da turma, essa discrepância pode ser interpretada como um valor ainda não
desenvolvido pelos discentes no primeiro período do curso.
A figura 2 demonstra o índice obtido com base nos fatores registrados pelos docentes e
discentes do Terceiro Período de Engenharia de Produção.
Figura 2: Resultado dos questionários aplicados aos alunos do Terceiro Período de Engenharia de Produção
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
10
Nesta figura, é possível identificar que, de maneira geral, todos os discentes consideram os
cinco fatores de fundamental importância para a sua formação pessoal, entretanto, para os
docentes os fatores 3 e 4, referentes a sustentabilidade e iniciativa, são considerados como
muito importantes, porém, sem destaque fundamental. A discrepância em relação ao terceiro e
quarto fatores (Sustentabilidade e Iniciativa) podem ser interpretados como uma falha dos
docentes em interpretar a importância de práticas sustentáveis e empreendedoras como
norteadoras para a formação do engenheiro de produção.
A figura 3 é composta pelo resultado dos fatores informados pelos docentes e discentes do
Quinto Período de Engenharia de Produção.
Figura 3: Resultado dos questionários aplicados aos alunos do Quinto Período de Engenharia de Produção
Na figura, é possível concluir que todos os discentes consideram os fatores evidenciados na
pesquisa de fundamental importância, porém, assim como no terceiro período há uma
diferença entre o terceiro fator (Sustentabilidade) percebido entre discentes e docentes, já que
os discentes avaliam esse fator como sendo muito importante, mas não fundamental. A queda
no terceiro fator pode ser considerada como uma falha dos docentes na evidenciação dos
fatores considerados importantes, no entanto, no quarto período, os discentes têm uma matéria
específica para auxiliar na melhoria nas atividades de caráter ambiental.
A figura 4 registra os valores evidenciados pelos docentes e discentes do Sétimo Período de
Engenharia de Produção.
Figura 4: Resultado dos questionários aplicados aos alunos do Sétimo Período de Engenharia de Produção
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
11
Nessa turma, é possível identificar que todos os discentes consideram os cinco fatores de
fundamental importância para a sua formação pessoal, porém, para os docentes os fatores 2 e
3, referentes à ética profissional e a sustentabilidade, são considerados muito importantes, mas
não fundamentais. A discrepância pode ser interpretada como uma falha na percepção de
valores considerados essenciais para a formação do Engenheiro de Produção.
A figura 5 registra os valores evidenciados pelos docentes e discentes do Nono Período de
Engenharia de Produção.
Figura 5: Resultado dos questionários aplicados aos alunos do Nono Período de Engenharia de Produção
É possível evidenciar que, de maneira geral, todos os docentes que lecionam nesta turma
consideram os cinco fatores de fundamental importância para a sua formação pessoal, mas
como no primeiro período, a turma não considera o fator 3 (Sustentabilidade) fundamental
para a formação acadêmica. A discrepância em relação ao terceiro fator pode ser interpretada
como uma falha na consolidação dos valores, pois há um aumento considerável nas turmas do
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
12
terceiro, quinto e sétimo, e possivelmente pelo não desenvolvimento desse valor, os discentes
o perdem, acarretando uma perda significativa na formação pessoal e profissional do
graduando.
Através dos resultados obtidos nas figuras 1, 2, 3, 4 e 5 é possível perceber que os fatores 1, 2,
4 e 5 são desenvolvidos e consolidados através da formação acadêmica dos discentes do
primeiro ao nono período. Entretanto, através da mesma pesquisa, é possível constatar que os
discentes não demonstram conhecer a importância da sustentabilidade como valor. Eles
desenvolvem o valor, porém, no nono período com a aquisição de novos conteúdos, os alunos
perdem, de forma significativa, o interesse pelas práticas ambientais disseminadas em grande
parte do curso.
Pode-se constatar, através desta pesquisa, que os docentes que lecionam nas turmas de
Engenharia de Produção do Unipam possuem os valores essenciais para a formação
acadêmica e profissional dos alunos e estes, por sua vez, vêm absorvendo principalmente os
valores relacionados à Análise Sistemática, Ética Profissional, Iniciativa e Liderança, havendo
uma diminuição somente no que diz respeito à percepção da importância dos valores
relacionados à Sustentabilidade.
Outro fator a ser considerado é a falta de interesse por parte dos próprios alunos, que não
buscam informações junto aos profissionais que compõe o corpo docente, e assim, por falta de
conhecimento da realidade, desprezam a importância de o Engenheiro de Produção atuar
buscando o desenvolvimento sustentável.
Portanto, em busca da melhoria contínua, foram sugeridas ao coordenador do curso ações
preventivas e corretivas com a intenção de solucionar esta questão. São elas: a realização de
orientações periódicas junto aos docentes sobre o cenário atual do mercado de trabalho para o
Engenheiro de Produção, a fim de que possam adequar os métodos de ensino e os valores
fundamentais que devem ser transmitidos e reforçados sempre que possível, bem como
orientações junto aos discentes, para que se conscientizem que o mercado de trabalho busca
profissionais cada vez mais competentes e qualificados e que os valores fundamentais do
curso são de extrema importância para o cumprimento de suas atividades como Engenheiro de
Produção, em qualquer segmento que decidam atuar.
5. Conclusão
O presente trabalho objetivou averiguar se as habilidades e competências mencionadas no
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
13
PPC do curso de Engenharia de Produção do Unipam estavam sendo adquiridas e vivenciadas
pelos discentes durante sua formação profissional. Dentre os indicadores observados com os
acadêmicos, obteve-se um resultado satisfatório em quatro dos cinco fatores analisados:
“Análise Sistemática”, “Ética Profissional”, “Iniciativa” e “Liderança”. A discrepância maior
foi encontrada no fator “Sustentabilidade” que, como todos os outros fatores, é de extrema
importância na formação profissional de um engenheiro de produção.
Pode-se perceber que não houve um abismo considerável entre os valores vividos e os
proclamados no projeto pedagógico, porém notou-se uma disparidade que deve ser observada
e acompanhada de perto. Espera-se que com as medidas sugeridas as falhas encontradas sejam
corrigidas ou, ao menos, reduzidas.
Por se tratar de um estudo composto por indicadores bastante específicos e individuais, como
sugestão para futuros trabalhos, recomenda-se a aplicação de estudos desse âmbito em outros
cursos, para que se possa verificar possíveis discrepâncias nos valores vividos e proclamados
no PPC e nas DCN’s dos respectivos cursos.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
14
Referências
ALFAYATE, M.G. Desenvolver valores humanos na escola de educação infantil a mídia como facilitadora.
Disponível em: < http://dmd2.webfactional.com/media/anais/o-desafio-de-desenvolver-valores-humanos-na-
escola-de-educacao-infantil-a-midia-como-facilitadora.pdf > Acesso em 16 mar.2016.
ANASTASIOU, Léa das Graças C. Ensinar, aprender, apreender e processos de ensinagem. In
ANASTASIOU, Léa das Graças C. e ALVES, Leonir Pessate. Processos de ensinagem na universidade.
Joinville, SC: Editora Univille, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica. Secretaria de Educação Especial - MEC/SEESP, 2001.
CORDÃO, Francisco Aparecido. As novas diretrizes curriculares nacionais para a educação básica e suas
implicações na educação profissional técnica de nível médio. Senac. Rio de Janeiro. Disponível: <
http://www.senac.br/bts/373/artigo4.pdf> Acesso em 05 mar. 2016.
CUNHA, Gilberto Dias da. Um Panorama Atual da Engenharia da Produção. Associação Brasileira de
Engenharia de Produção (ABEPRO). 2002. Disponível em:
<http://www.abepro.org.br/arquivos/websites/1/panoramaatualep4.pdf>. Acesso em 27 abr. 2016.
DCN (Diretrizes Curriculares Nacionais). Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Engenharia. Câmara de Educação Superior. Distrito Federal/DF. 2002.
GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto pedagógico. In: MEC, Anais da Conferência Nacional de
Educação para Todos. Brasília, 28/8 a 2/9/94.
GIDDENS, Anthony. Cap. 2: Cultura e Sociedade. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
HILL, Manuela Magalhães; HILL, Andrew. Investigação por questionário. 2º ed. Lisboa: Sílabo, 2012. 337p.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática. Goiânia: Editora Alternativa, 2001.
LINDO, Augusto Pérez. A Era das Mutações: cenários e filosofias de mudanças no mundo. Piracicaba:
UNIMEP, 2000.
MARTINELLI, Marilu. Conversando sobre educação em valores humanos. 3 ed. São Paulo: Peirópolis, 1996.
MIRANDA NETO, Henrique Carivaldo. Modelo Pedagógico do Centro Universitário de Patos de Minas.
(Documento Interno). Patos de minas/ MG, 2015.
SHIETH, Jagdish N; MITTAL, Banwari; NEWMAN Bruce I. Comportamento do Cliente: Indo além do
comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001.
SILVA, E.L. da; MENEZES. E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação, UFSC, 4. ed. Ver.
Atual. Florianópolis 2005.
UNIPAM. Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia de Produção. Patos de Minas, 2014.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Construção do Conhecimento em Sala de Aula. São Paulo, Libertad,
1996 (Cadernos Pedagógicos do Libertad, 2).
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
15
Apêndices
Apêndice A: Questionário aplicado aos discentes do curso de Engenharia de Produção para
análise dos Valores Pessoais.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
16
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
17
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
18
Apêndice B: Questionário aplicado aos docentes do curso de Engenharia de Produção para
análise dos Valores Pessoais.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
19
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
20
Apêndice C: Fatores avaliados no questionário sobre os Valores Educacionais no curso de
Engenharia de Produção.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
21