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    DONIN, Nicolas; FENEYROU, Laurent. Introduo: Analisar a criao musical. Trad. Michelle

    Agnes Magalhes.Opus, Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 9-16, set. 2015. Edio especial.

    Introduo:

    Analisar a criao musical

    Nicolas DoninLaurent Feneyrou

    Trad. Michelle Agnes Magalhes (IRCAM)

    or muito tempo, a pesquisa musicolgica sobre os processos de criao musicallimitou-se ao estudo de esboos e rascunhos, documentando o trabalho dosprincipais compositores do cnone da msica ocidentala comear por Beethoven,cujos cadernos de esboos foram comentados e analisados a partir da segunda

    metade do sculo XIX. O interesse dos pesquisadores por esse tipo de documentos foi

    particularmente relevante no ltimo tero do sculo XX, levando a um nmero crescentede edies e anlise de manuscritos, assim como a exposies. Mas, em geral, o interessedesse tipo de trabalho se voltava sempre a perodos relativamente antigos da histria damsica. Foi apenas a partir dos anos 1980 que a pesquisa sobre os processos decomposio durante o sculo XX se desenvolveu realmente, encorajada pela abertura dearquivos pblicos e privados. A lacuna entre o perodo de composio das obras analisadase o momento de anlise reduziu-se progressivamente, produzindo uma situaorelativamente indita, na qual musiclogos poderiam se especializar na obra decompositores vivos sem ter trabalhado junto a eles, e tendo-os jamais encontrado.Paradoxalmente (ou no), esses musiclogos acabaram por saber mais que os prprioscompositores sobre o seu processo criativo. Como testemunho, remetemos histria daconcluso dos Freeman Etudes (1977-1980, 1989-1990) para violino, de John Cage. Suaescrita, interrompida durante nove anos, s pde continuar graas aos conselhos de umespecialista de seus mtodos de composio, James Pritchett.

    Reduzir a distncia cronolgica e prtica entre o compositor e o musiclogo uma operao que se mostra cheia de surpresas. Como integrar o discurso de um artista pesquisa cientfica, sem que esta ltima perca sua autonomia e sua capacidade crtica?

    Inversamente, como documentar a ao criativa sem perturb-la ou influenci-la? E comorelacionar o estudo da criao atual aos processos composicionais passados? Todas essasquestes foram postas aos autores deste nmero especial da revista Opus, durante umadcada de trabalho da equipe de pesquisa Anlise de Prticas Musicais (APM) do Institut deRecherche et Coordination Acoustique/Musique (IRCAM). O que reuniu (e ainda rene)

    P

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    Introduo: Analisar a criao musical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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    opus10

    esses pesquisadores , entre outros, o objetivo de desenvolver uma musicologiacontempornea, isto , uma musicologia cujos objetos de estudo pertenam criaocontempornea e provoquem a inveno de mtodos e ferramentas adaptados aos

    problemas que ela suscita. Apresentaremos brevemente os princpios dessa musicologia nospargrafos que seguem.

    Uma abordagem necessariamente interdisciplinar

    No decorrer dos anos 1970, foram desenvolvidas duas correntes de pesquisamuito similares em relao a seus procedimentos, mas que emergiram de maneiracompletamente independente. No campo da crtica literria, inicialmente, esta foi a pocaem que um grupo de pesquisadores franceses se reuniu sob a bandeira da crtica gentica,

    um novo mtodo de leitura, de transcrio e de comentrio dos prototextos (avant-textes),isto , de todos os documentos em que se elabora o texto finalmente publicado. A crticagentica se mostrava mais atenta aos rastros e aura da obra do que a seu estadodefinitivo. Por outro lado, nos Estados Unidos, muitas universitrios, especialistas da msicado sculo XIX, situaram o estudo dos esboos na interseco entre a musicologia histricae a anlise musical: seus sketch studiesvisavam, ao mesmo tempo, reconstruir a histria (daobra e do compositor) em uma pequena escala e transformar nossa compreenso dapartitura (e, por consequncia, nossa escuta ou interpretao). A crtica gentica e os sketch

    studies foram, nos seus respectivos domnios, reaes ao estruturalismo, que tinhaevidenciado as redes de significao internas do texto sem se interessar nem por suahistoricidade nem, em certo sentido, por sua materialidade. Ao mesmo tempo em que asduas disciplinas emergentes se apoiavam sobre os mtodos da filologia, elas a criticavamviolentamente no que diz respeito a sua obsesso pela pureza do texto: rastrear asvariantes, pretender fixar absolutamente um Urtext , de fato, reduzir artificialmente adiversidade, ao invs de levar em conta os vestgios, bifurcaes e experimentaes doprocesso de enunciao.

    E a propsito da composio musical contempornea? Seu ambiente socialrestrito e comentrios tambm restritos que ele suscita tenderiam a implicar que a pesquisamusicolgica parece s vezes um dilogo entre especialistas - como uma musicologia riservatasobre uma msica tambm riservata. Mas a msica contempornea, alm da riqueza deexperincias estticas e ticas que ela inaugura, tem o interesse de prolongar de maneiradireta a tradio musical ocidental; ela permanece uma msica de escrita, de concerto, deinterpretao, da reflexo sobre o material e a forma, da crtica dos hbitos e das

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    opus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    convenes, da pesquisa do inaudito erigida em valor cardeal. Seu estudo permite,portanto, interrogar no apenas o repertrio atual a que ela se reduz presentemente, mastambm toda uma tradio artstica que se inscreve na longa durao de dcadas ou

    mesmo de sculos passados. Assim como os compositores de hoje foram formados a partirde tcnicas de escrita e de pensamento seculares e originrios de escolas nacionais(contrariamente aos msicos de outros universos estticos), os musiclogos que osestudam devem pensar seu objeto em vrias escalas: a do imediatamente contemporneo, adas geraes e correntes de vanguarda da segunda metade do sculo XX, a do longodesenvolvimento da notao musical moderna, assim como a partir de escalasintermedirias. Essa mesma preocupao de variar a perspectiva da anlise no se aplicaapenas dimenso histrica, mas vale tambm para a delimitao espacial ou social dosobjetos: no podemos nos limitar ao estudo da ao dos compositores, preciso tambm

    direcionar o olhar aos outros parceiros da criao (intrpretes, colaboradores diversos,improvisadores, engenheiros de som, atores institucionais, cientficos, crticos).

    O presente nmero se limita deliberadamente figura do compositor, e permiteavaliar como as abordagens desenvolvida pela equipe Anlise de prticas musicais

    renovam nossa compreenso do trabalho de criao. Quais so as lgicas prticas destemodo de produo artstica? Que janela a anlise nos abre sobre a cognio e opensamento musical? Qual relao se estabelece entre o processo e o produto, entre aao composicional e a obra acabada? Como podemos ver, essas questes no podem ser

    respondidas no seio de uma nica metodologia ou de um ramo isolado. por isso que apesquisa, ao integrar diversas contribuies disciplinares, abre um campo mais largo que oda anlise de documentos que testemunha a gnese dos grandes msicos, questionando,de maneira mais geral, o fenmeno da produo musical. A pesquisa inscreve, assim, amusicologia nas cincias do homem e da sociedade, entre as quais a crtica gentica, aanlise musical, a sociologia, o estudo da ao situada (um campo, ele mesmo na conflunciada sociologia, da antropologia, da psicologia e da ergonomia), a esttica, a acstica, a filosofiaetc.

    Temporalidades e facetas do processo de criao

    A abordagem da criao que acabamos de esboar permite-nos abarcar amultiplicidade e a complexidade dos procedimentos de composio contemporneos. Elareconhece a importncia, nesse campo esttico particular, das dimenses verbais doprocesso de criao - qualquer que seja seu tipo de suporte (livro, artigo, nota de concerto,

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    opus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    O terceiro artigo foi selecionado entre uma srie de publicaes de NicolasDonin e Jacques Theureau, consagradas anlise da atividade criativa do compositorPhilippe Leroux, em relao s obras Voi(rex) (2002) eApocalypsis (2006). Escritos com a

    colaborao de Leroux, os artigos propem uma construo gentica detalhada. Para essetrabalho, Donin e Theureau desenvolveram uma metodologia, a reconstituio da situaode composio baseada nos traos da atividade, que se apoia na pesquisa em ergonomiacognitiva e na psicologia do trabalho, articulada com a musicologia e a crtica gentica. Essetipo de trabalho supe a colaborao do compositor no processo de coleta de dados sobresua produo, e requer repensar, ao mesmo tempo, o modo de conduzir a pesquisa (oconfronto com a pessoa do compositor coloca as mesmas dificuldades e vantagens que umterreno etnogrfico) e a maneira de express-la - como apresentar o cruzamento dosdados genticos (esboos, notas, patches) com os dados verbais (entrevistas) de uma

    maneira coerente, inteligvel e autnoma do ponto de vista do criador?

    Em paralelo s pesquisas precedentes, que levavam Leroux (e os outroscompositores estudados segundo a mesma abordagem) a produzir descries precisas econcretas sobre sua prtica quotidiana, Nicolas Donin pesquisou, na literatura existente, oslugares em que os compositores poderiam ter produzido um discurso semelhante, emcircunstncias necessariamente outras que este dispositivo de pesquisa indito. Existe, defato, nos sculos XX e XXI, certo nmero de textos que respondem a esse critrio. ParaDonin, eles constituem uma categoria especfica no seio dos escritos dos compositores: as

    autoanlises. O artigo do autor sobre esse tema prope uma definio do termo, umcomentrio detalhado do seu contedo e uma anlise dos diferentes gneros literrios etericos aos quais elas se conectam.

    Esses ensaios representariam de maneira incompleta o trabalho da equipe Anlisedas Prticas Musicais se no tivssemos acrescentado outros tipos de texto que consistemem duas entrevistas com compositores: a primeira, de Jonathan Harvey a Nicolas Donin e asegunda, de Pierluigi Billoni a Laurent Feneyrou. Essas fontes, traduzidas e anotadas,constituem novos dados produzidos pela musicologia e destinados comunidade cientfica

    assim como s instituies culturais1

    .

    1A equipe tem trabalhado tambm em edies crticas de escritos e entrevistas de compositores,entre os quais destacamos os de Jean Barraqu (Paris, Publications de la Sorbonne, 2001), GiacomoManzoni (Paris, Basalte, 2006), Luigi Nono (Genve, Contrechamps, 2007), Louis Saguer (Paris, Basalte,2010) e Salvatore Sciarrino (Paris, LItinraire, 2012 e Paris, ditions mf, em preparao), assim como acorrespondncia entre Eunice Katunda e Luigi Nono (So Paulo, Perspectiva, em preparao).

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    Um programa de pesquisa a seguir

    Conforme dito, os trabalhos apresentados aqui so deliberadamente limitados figura e ao do compositor. Mesmo se este ltimo absolutamente central na cultura

    musical qual nos dedicamos (diferentemente de outras culturas que no lhes posicionamno mesmo lugar), o estudo do papel dos colaboradores, dos intrpretes, dos engenheirosetc. mostra bem que a criatividade distribuda; as pesquisas atuais da equipe seconcentram tambm no papel de alguns desses atores no seio dos processos criativos.

    Por outro lado, enfatizamos aqui a msica mais recente, mas algumas pesquisas daequipe baseiam-se em outros perodos histricos, mais antigos. Relatar o contemporneoimplica tambm historicizar, retraar as genealogias e os sinais antecipadores. Este particularmente o caso de trs projetos que descreveremos brevemente:

    O projeto Musicologia das Tcnicas de Composio Contempornea (MuTeC), queconsistiu em estudar um grupo de tcnicas de composio caractersticas da msicaocidental, cada uma delas representando uma tecnologia especfica (montagem degravaes, msica mista com sons de sntese, instalao sonora com tratamento em temporeal etc.), de Charles Koechlin a Bernd Alois Zimmermann, de Grard Grisey a MarcoStroppa etc. Esses estudos de caso trouxeram uma nova compreenso de um grupo deobras de referncia, assim como da relao entre dispositivos tcnicos e criatividade,colocando em evidncia, de maneira geral, algumas caractersticas da cognio musical

    atravs dos sculos XX e XXI; O volume coletivo Teorias da Composio Musical no Sculo XX(Thories de la CompositionMusicale au XXe sicle, Lyon, Symtrie, 2013, 2 volumes), vasta sntese das teorias decomposio do ltimo sculo, individuais ou coletivas, sistemticas ou parciais, de VincentdIndy e Arnold Schoenberg aos mais contemporneos. Enquanto no curso dos sculos

    anteriores a teoria se situava antes da obra, e era ento uma condio de possibilidadedesta, prescritiva, ela ocupa agora um lugar mais instvel, antes ou depois da obra. Mas oque contribui ainda mais para a singularidade do sculo XX a teoria se situar na obra: acomposio como tal engaja uma ambio terica, de prospeco ou de consolidao, umaatualizao.

    O volume coletivo em andamento, Horizontes da msica na Frana1944-1954 (Horizons de lamusique en France 1944-1954, Paris, Vrin, em preparao), que descreve a emergncia deproblemticas e instituies que nos permitem apreender um perodo da histria musicalde uma fecundidade e de uma riqueza at ento insuspeitada, entre a publicao, em 1944,de Tcnica de minha linguagem musical(Technique de mon langage musical),de Messiaen, e a

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    opus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    primeira apresentao, em 1954, dos Concerts du Petit-Marigny (que na temporada seguintese tornariam o Domaine musical). Os fundamentos polticos e culturais sobre os quais aFrana musical vive, em parte, ainda hoje, estabeleceram-se no decorrer desta dcada.

    Fazem parte do estudo desse momento histrico a edio crtica, por Brenreiter (Kassel),de obras inditas que Jean Barraqu comps de 1947 a 1951, assim como seu comentrioanaltico.

    Todos os temas que listamos acima fazem parte de uma musicologia histrica (nosentido mais amplo, incluindo as dimenses filolgicas e analticas), que aborda commtodos prprios algumas das questes descritas mais acima a propsito da msica maisrecente: a questo das lgicas que subjazem aos processos de composio; a questo dopapel desempenhado pela tcnica e pela tecnologia, das relaes entre ao criativa ediscurso sobre esta ltima; e a questo das perspectivas que permitem apreender de modomais global, na anlise da produo das msicas, o papel dos parceiros do compositor, opapel das redes de difuso e crtica, o papel dos sistemas e das instituies em umaconfigurao histrica dada.

    Enfim, se quisermos apresentar uma imagem completa dos trabalhos e projetos daequipe Anlise das prticas musicais, convm sublinhar trs eixos de pesquisa quepropem um retorno crtico sobre as formas do discurso musicolgico (pois o enfoquesobre o objeto de estudo especializado no dispensaria o pesquisador de se interrogarsobre os mtodos de sua pesquisa): 1.A historiografia da msica de vanguarda (quais so os

    tipos de discurso especializados que se constituram em paralelo e em interao com asmsicas contemporneas ao longo do sculo passado, e quais as suas implicaesideolgicas?); 2.A histria das prticas de escuta, de anlise musical e, de forma mais geral, damusicologia(quais tcnicas especficas engajam nossas maneiras de escutar, particularmenteno caso da escuta atenta da msica nova, e como essas tcnicas se articularam s operaesde saber na edificao de uma musicologia como disciplina intelectual e acadmica depois deum sculo e meio?); 3. A instrumentao da escuta e do discurso sobre as obras (quaisferramentas computacionais podemos desenvolver hoje a servio de nossas prprias

    prticas de escuta, de leitura e de comentrio das msicas que estudamos?).Em sntese, a pesquisa da equipe Anlise de Prticas Musicais, de que esse nmero

    especial da revisa Opusapresenta alguns resultados significativos, desenvolve um programaque compreende o conjunto das prticas musicais (e suas interaes), cujos mtodos sosubmetidos a uma renovao to constante como seus objetos, e que procura acompanhar

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    opus16

    a compreenso do objeto de estudo da musicologia da compreenso da prpriamusicologia.

    Dirigindo esses trabalhos e essas pistas de reflexo aos leitores brasileiros e

    lusfonos, esperamos que estes encontraro pontos de convergncia, assim comodiferenas e complementaridades, com seus prprios questionamentos. Esperamostambm que eles possam interagir com esses textos por meio de pesquisas futuras e quepossam contribuir para um dilogo entre os objetos, mtodos e engajamentos que sedesenvolvem em nossos respectivos continentes.

    A equipe Anlise de Prticas Musicais agradece calorosamente a Michelle AgnesMagalhes, que tornou possvel esse nmero realizando um longo e minucioso trabalho detraduo, assim como editora da revista Opus, Adriana Lopes Moreira, que acolheu

    favoravelmente a proposta deste nmero temtico.

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    Nicolas Donin musiclogo junto ao IRCAM, onde fundou e coordena a equipe de pesquisaAnlise de Prticas Musicais (APM), associado ao laboratrio Cincias e Tecnologias da Msicae do Som (IRCAM-C.N.R.S.-U.P.M.C.). Seu trabalho trata de obras, prticas e estticasmusicais segundo uma dupla abordagem: histria da msica contempornea a partir do fim dosculo XIX; musicologia emprica em colaborao com compositores, intrpretes e ouvinteshoje. Como pesquisador, realizou estudos sobre o incio da anlise musical na Frana, aesttica de Schoenberg e, ainda, sobre os processos criativos de diferentes msicoscontemporneos. Contribuiu, igualmente, para o desenvolvimento de tecnologiascomputacionais voltadas musicologia (ferramentas de publicao multimdia e de auxlio anlise). [email protected]

    Laurent Feneyrou musiclogo. Bolsista Lavoisier do Ministrio das Relaes Exteriores daFrana, conselheiro pedaggico do IRCAM, conselheiro musical junto direo da RdioFrance Culture e diretor adjunto do Instituto de Esttica das Artes Contemporneas(C.N.R.S., Universidade Paris I, U.M.R. 8592). Atualmente, membro da Equipe Anlise dePrticas Musicais (IRCAM-C.N.R.S.-U.P.M.C.). Suas pesquisas tm como tema as relaesentre msica e poltica, principalmente relacionadas a estticas de inspirao marxista, masabordam tambm tratados, tcnicas de escritura e teorias composicionais contemporneascomo condio de sua existncia. [email protected]