7/23/2019 Analfabetismo e Alfabetismo Funcional No Brasil

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Analfabetismo e alfabetismo funcional no BrasilVera Masago Ribeiro1

A definio sobre o que analfabetismo vem sofrendo revises nas ltimas dcadas. Em 1958, anesco definia como alfabeti!ada uma "essoa ca"a! de ler ou escrever um enunciado sim"les,relacionado a sua vida di#ria. $inte anos de"ois, a nesco su%eriu a adoo do conceito dealfabetismo funcional. & considerada alfabeti!ada funcional a "essoa ca"a! de utili!ar a leitura eescrita "ara fa!er frente 's demandas de seu conte(to social e de usar essas )abilidades "aracontinuar a"rendendo e se desenvolvendo ao lon%o da vida. Em todo o mundo, a moderni!aodas sociedades, o desenvolvimento tecnol*%ico, a am"liao da "artici"ao social e "ol+ticacolocam demandas cada ve! maiores com relao 's )abilidades de leitura e escrita. A questono mais a"enas saber se as "essoas conse%uem ou no ler e escrever mas tambm o que elasso ca"a!es de fa!er com essas )abilidades. sso quer di!er que, alm da "reocu"ao com oanalfabetismo, "roblema que ainda "ersiste nos "a+ses mais "obres e tambm no -rasil, emer%e a"reocu"ao com o alfabetismo, ou sea, com as ca"acidades e usos efetivos da leitura e escritanas diferentes esferas da vida social.

A ca"acidade de utili!ar a lin%ua%em escrita "ara informar/se, e("ressar/se, documentar, "laneare a"render cada ve! mais um dos "rinci"ais le%ados da educao b#sica. A toda a sociedade e,em es"ecial, aos educadores e res"ons#veis "elas "ol+ticas educacionais, interessa saber em quemedida os sistemas escolares v0m res"ondendo 's e(i%0ncias do mundo moderno em relao aoalfabetismo e, alm da escolari!ao, que condies so necess#rias "ara que todos adultosten)am o"ortunidades de continuar a se desenvolver "essoal e "rofissionalmente.o meio educacional brasileiro, letramento o termo que vem sendo usado "ara desi%nar esseconceito de alfabetismo, que corres"onde ao literacy, do in%l0s, ou ao littratie, do franc0s, ouainda ao literacia, em 2ortu%al.

ndices e critrios de medidao sculo 34, as ta(as de analfabetismo entre os brasileiros com 15 anos ou mais decresceram de56 em 1934 "ara 176 em 3444. Esse decrscimo resulta da e("anso "aulatina dos sistemasde ensino "blico, am"liando o acesso ' educao "rim#ria. nstituto -rasileiro de eo%rafia eEstat+stica :-E;, tal como se fa! em outros "a+ses, sem"re a"urou os +ndices de analfabetismo1

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interesse em determinar e com"arar n+veis de )abilidade de leitura e escrita.a Amrica Datina e no -rasil, em "articular, a questo tem caracter+sticas es"ec+ficas e maiscom"le(as. Aqui, enfrentamos ao mesmo tem"o os "roblemas novos e os anti%os. analfabetismoabsoluto ainda atin%e mil)es de brasileiros e "recisa ser solucionado com "ol+ticas voltadas 'su"erao da "obre!a e da e(cluso. Ao mesmo tem"o, "reciso mel)orar o desem"en)o dossistemas de ensino e elevar a qualificao da fora de trabal)o em todos os n+veis, tendo em vistaa "artici"ao nos setores de "onta da economia mundiali!ada e o fortalecimento das instituies

democr#ticas.O Inaf Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional

A iniciativa de criar um ndicador acional de Alfabetismo Funcional no -rasil, medindodiretamente as )abilidades da "o"ulao "or meio de testes, foi tomada "or duas or%ani!aesno/%overnamentais, a Ao Educativa e o nstituto 2aulo @ontene%ro. =riado em 3441, o obetivodesse indicador, o naf, %erar informaes que audem a dimensionar e com"reender ofenGmeno, fomentem o debate "blico sobre ele e orientem a formulao de "ol+ticas educacionaise "ro"ostas "eda%*%icas. Huais so as )abilidades de leitura e escrita dos brasileirosC Huantosanos de escolaridade e que ti"o de ao educacional %arantem n+veis satisfat*rios de alfabetismoCHue outras condies favorecem o desenvolvimento de tais )abilidades ao lon%o da vidaC2ara res"onder a "er%untas como essas, o naf a"lica anualmente testes de )abilidades emamostras de 3 mil "essoas, re"resentativas da "o"ulao entre 15 e anos, alm dequestion#rios que a"uram o bacI%round educacional dos res"ondentes, seus )#bitos e "r#ticas deleitura e escrita em diversos conte(tos de viv0ncia. Em 3441, 3447 e 3445, focali!aram/se as)abilidades de leitura e escritaJ em 3443 e 344, foi a ve! das )abilidades matem#ticas, # queesse novo conceito de alfabetismo com"reende tambm a ca"acidade de "rocessar informaesnumricas "resentes no dia/a/dia, no comrcio, no trabal)o ou nas "#%inas dos ornais.

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informao te(tual mesmo quecontradi%a o senso comum.=onse%ue resolver "roblemas que envolvemseqL0ncias de o"eraes, "or e(em"loc#lculo de "ro"oro ou "ercentual dedesconto. nter"reta informao oferecida em%r#ficos, tabelas e ma"as.

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entre os de n+vel b#sico esse "ercentual de 36.A reali!ao de cursos, "ara alm do ensino formal, tambm um fator de "romoo das)abilidades de leitura e escrita. A educao continuada um setor em que os "a+sesdesenvolvidos t0m feito %randes investimentos, conscientes de que, na sociedade contem"orQnea, essencial renovar constantemente os con)ecimentos. s estudos internacionais mostram que,em "a+ses como >u+a, Estados nidos, orue%a e =anad#, a"ro(imadamente 546 da "o"ulaoadulta "artici"ou de al%um "ro%rama educativo nos do!e meses anteriores aos levantamentos.

>e%undo o naf, a freqL0ncia a cursos vem aumentando lentamente no -rasil, mas ainda uma"r#tica muito restrita. Em 3445, )avia 6 de "essoas entre 15 a anos que nunca tin)am feitoum curso alm do ensino formal e s* 16 )aviam feito al%um nos 13 meses anteriores 'entrevista.

Os compromissos necessrios para um Brasil alfabetizados dados sobre o alfabetismo funcional confirmam que a educao b#sica o "ilar fundamental"ara "romover a leitura, o acesso ' informao, a cultura e a a"rendi!a%em ao lon%o de toda avida. Assim, "ara que ten)amos um -rasil com n+veis satisfat*rios de "artici"ao social ecom"etitividade no mundo %lobali!ado, um "rimeiro com"romisso a ser reafirmado com ae(tenso do ensino fundamental de "elo menos oito anos a todos os brasileiros,inde"endentemente da fai(a et#ria, com oferta fle(+vel e diversificada aos ovens e adultos que no"uderam reali!#/lo na idade adequada.& "reciso tambm recon)ecer que os resultados da escolari!ao em termos de a"rendi!a%emainda so muito insuficientes e que um ei(o norteador "ara a mel)oria "eda%*%ica na educaob#sica deve ser o a"rimoramento do trabal)o sobre a leitura e a escrita. & "reciso su"erar a visode que esse um "roblema a"enas dos "rofessores alfabeti!adores e dos "rofessores de2ortu%u0s. rande "arte das a"rendi!a%ens escolares de"ende da ca"acidade de "rocessarinformaes escritas, verbais e numricas, relacionando/as com ima%ens, %r#ficos etc. Oodos oseducadores "recisam atuar de forma coordenada na "romoo dessas )abilidades, contando comrefer0ncias claras quanto a estrat%ias e est#%ios de "ro%resso dese#veis ao lon%o do "rocesso,"ara que os avanos "ossam ser monitorados. =om a"oio dos %estores, todos os "rofessoresdevem a%ir sistem#tica e intensivamente no sentido de desenvolver nos alunos )#bitos e"rocedimentos de leitura "ara estudo, la!er e informao, assim como "ro"orcionar o acesso e amani"ulao das fontesK bibliotecas com bons acervos de livros, revistas e ornais, com"utador einternet.Finalmente, "reciso recon)ecer que a "romoo do alfabetismo no tarefa s* da escola. s"a+ses que # conse%uiram %arantir o acesso universal ' educao b#sica esto conscientes deque necess#rio tambm que os ovens e adultos encontrem, de"ois da escolari!ao,o"ortunidades e est+mulos "ara continuar a"rendendo e desenvolvendo as suas )abilidades. s"ro%ramas de dinami!ao de bibliotecas e incluso di%ital so fundamentais e devem ser levadosa srio "elas "ol+ticas "blicas. 2ara a "o"ulao em"re%ada, o "r*"rio local de trabal)o "ode ser"otenciali!ado como es"ao de a"rendi!a%em e, nesse caso, os em"res#rios t0m uma"artici"ao im"ortante nos com"romissos a ser assumidos. As em"resas "odem oferecer eincentivar o uso de acervos de ornais, revistas e livros, assim como de terminais de acesso 'internet "ara fins de "esquisa, alm de am"liar as o"ortunidades de "artici"ao em "ro%ramaseducativos relacionados ao desenvolvimento "essoal e "rofissional dos trabal)adores, dandoes"ecial ateno aos que t0m menor qualificao e necessitam de mais a"oio "ara su"erar ae(cluso cultural.