AMOR À MARCA E A CONTRIBUIÇÃO DAS REDES SOCIAIS...

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO BÁRBARA LIMA VIEIRA AMOR À MARCA E A CONTRIBUIÇÃO DAS REDES SOCIAIS O caso Melissa Brasília, 2017

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

BÁRBARA LIMA VIEIRA

AMOR À MARCA E A CONTRIBUIÇÃO DAS REDES SOCIAIS

O caso Melissa

Brasília, 2017

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

BÁRBARA LIMA VIEIRA

AMOR À MARCA E A CONTRIBUIÇÃO DAS REDES SOCIAIS

O caso Melissa

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

da Faculdade de Comunicação da Universidade de

Brasília (UnB) como parte dos requisitos para obtenção

do título de Mestra em Comunicação.

Linha de pesquisa: Imagem, Som e Escrita.

Orientador: Edmundo Brandão Dantas.

Brasília, 2017

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4

BÁRBARA LIMA VIEIRA

AMOR À MARCA E A CONTRIBUIÇÃO DAS REDES SOCIAIS

O caso Melissa

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação

da Universidade de Brasília e defendida sob avaliação

da Banca Examinadora constituída por:

Profº. Drº. Edmundo Brandão Dantas

Orientador – PPG/FAC

Profª. Drª. Delcia Maria de Mattos Vidal

Examinadora - FAC/UnB

Profª. Drª. Gabriela Pereira de Freitas

Examinadora - FAC/UnB

Profª. Drª. Priscila Monteiro Borges

Suplente – FAC/UnB

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Dedico este trabalho à Maria Vanessa Veiga Esteves,

que deixou sua luz marcada em nossa turma e será

lembrada sempre com alegria.

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AGRADECIMENTOS

Inicio agradecendo aos colegas da turma do PPG/FAC de 2016,

mestrandos e doutorandos, os únicos capazes de entender as angústias que

vivemos durante a pós-graduação. Obrigada à Ébida dos Santos, à Paula Oda, à

Silvana Pena, à Vanessa Moraes e ao Victor Cruzeiro, meus amigos e maiores

motivadores para eu concluir esta etapa da vida acadêmica.

Agradeço aos docentes da Faculdade de Comunicação pelo trabalho

prestado, em especial, ao meu orientador, professor Edmundo Brandão Dantas,

que, além de ser uma enciclopédia humana, sempre apoiou minhas decisões e

me trouxe confiança e serenidade durante essa jornada.

Agradeço àqueles que, com muito carinho e generosidade, estiveram ao

meu lado, contribuindo como podiam e acreditando que daria certo. Obrigada à

Rosemary Ferreira, Gabriela Freitas, Delcia Vidal, Megaron de Carvalho,

Fernando Holanda, Fernando Anunciação e João Matheus Portales.

Agradeço aos funcionários e fãs da Melissa que aceitaram fazer parte

desta pesquisa e deram a ela a chance de ser desenvolvida. A todos que fizeram

parte desta trajetória direta ou indiretamente. E, finalmente, à minha família,

meus pais, Marcos e Laura, e minha linda irmã Nathalia, pelo amor

incondicional sempre.

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“Darwin teria entendido imediatamente. De peixe para lagarto.

De macaco para homem. De marca para Lovemark.”

(Kevin Roberts)

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RESUMO

Este estudo buscou entender como as redes sociais da Internet interferem na

manutenção da relação de amor entre consumidor e marca. Durante sua elaboração,

objetivou-se investigar, por meio de um estudo de caso da marca Melissa, os fatores que

colaboram para a construção de um relacionamento de valor. As técnicas metodológicas

envolvem entrevistas em profundidade com os gestores da marca, uma análise de três

dos oito perfis da Melissa nas redes sociais e a aplicação de um questionário para os

consumidores apaixonados pela marca. As principais descobertas da pesquisa referem-

se à maneira como as ferramentas digitais modificaram a comunicação entre marca e

público, colocando o consumidor em foco. Além disso, foram identificados elementos

capazes de contribuir para um relacionamento mais próximo das marcas com os

clientes.

Palavras-chave: lovemarks, redes sociais, Melissa, amor à marca, branding.

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ABSTRACT

This research seeks to understand how social media on Internet is interfering on the

"love relationship" between end user and brand. During the formulation of this study,

the main focus was on Melissa’s brand and the factors that help the construction of

value affinity. The methodological techniques wrap thoughtful interviews with brand

managers, analyzing 3 of 8 Melissa’s profiles on social media and a quiz application for

consumers that love the brand was made. The main discoveries of the research refers to

the way digital tools modify the communication between public and brand, putting the

consumer on focus. Besides that, some elements were identified. These elements were

capable to contribute for a better and closer relation among brand and customer.

Keywords: lovemarks, social media, Melissa, love, branding.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS............................................................................................ 12

LISTA DE FIGURAS............................................................................................. 13

LISTA DE QUADROS........................................................................................... 14

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 15

1.1. Tema e delimitação do objeto de pesquisa.................................................. 16

1.2. Problema de pesquisa.................................................................................. 18

1.3. Justificativa.................................................................................................. 19

1.4. Objetivos...................................................................................................... 20

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................... 22

2.1 A relação de amor entre consumidor e marca............................................... 22

2.2 A relação entre redes sociais e gestão de marcas.......................................... 35

2.3 Os consumidores que se apossaram das marcas e da Internet...................... 44

3. UM PANORAMA METODOLÓGICO DAPESQUISA................................. 47

3.1 Quanto à abordagem..................................................................................... 47

3.2 Quanto aos objetivos.................................................................................... 48

3.3 Quanto à natureza........................................................................................ 48

3.4 Quanto às técnicas usadas............................................................................ 48

4. MÉTODOS E TÉCNICAS PARA OBTENÇÃO DE DADOS......................... 51

4.1 Estudo de caso............................................................................................. 51

4.1.1 A escolha da marca: Melissa e sua trajetória...................................... 51

4.1.2 Entrevistas em profundidade com gestores da marca........................ 55

4.2 As práticas da marca no ambiente digital..................................................... 60

4.2.1 Análise I: Instagram............................................................................ 61

4.2.2 Análise II: interação com YouTube e Facebook................................ 70

4.3 O amor à marca pela ótica de “Melisseiras/os”............................................ 77

11

5. RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO.................................................... 81

5.1 Uma discussão sobre a teoria e a prática...................................................... 81

5.2 Como a Internet interfere na relação entre marcas e consumidores?........... 89

6. CONCLUSÃO....................................................................................................... 91

6.1 Síntese das principais descobertas................................................................ 91

6.2 Limitações e sugestões para pesquisas futuras............................................. 93

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 94

APÊNDICES ............................................................................................................ 99

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Lista das postagens no perfil do Instagram da Melissa entre 20 de setembro e

20 de outubro de 2016................................................................................................... 62

Tabela 2 – Lista de vídeos postados no canal do YouTube e posteriormente no

Instagram....................................................................................................................... 72

Tabela 3 – Lista de conteúdo em comum postado no Facebook e Instagram durante o

período de análise........................................................................................................... 75

Tabela 4 – Lista de conteúdo em comum postado no Facebook e Youtube durante o

período de análise........................................................................................................... 76

13

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Triângulo do Amor........................................................................................ 29

Figura 2 - Gráfico do Amor/Respeito............................................................................. 34

Figura 3 – Exemplos de grafos de comunidades............................................................ 41

Figura 4 - Primeira Melissa, lançada em 1979............................................................... 52

Figura 5 - Fachada da Galeria Melissa em São Paulo................................................... 54

Figura 6 - Galeria Melissa em Londres......................................................................... 55

Figura 7 - Comentários referentes à foto postada no Instagram da marca em 14 de

outubro de 2016.............................................................................................................. 70

Figura 8 - Comentários extraídos de publicação no Instagram...................................... 84

Figura 9 - Comentários extraídos de publicação no Facebook....................................... 84

14

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Análises acerca dos conceitos do ambiente digital...................................... 86

Quadro 2 – Análises acerca dos conceitos do amor à marca.......................................... 88

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1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa aborda três principais temas, sendo eles: o comportamento

do consumidor, as marcas amadas e a gestão das mesmas sendo feita nas redes sociais

da Internet. A pesquisa explorou questões acerca do desenvolvimento da relação de

amor criada entre consumidores e marcas, e do modo como as redes sociais afetam a

manutenção dessa relação.

O foco principal da pesquisa consiste em sanar dúvidas a respeito da maneira

como as ferramentas da Internet interferem na comunicação entre empresa e cliente,

contribuindo na manutenção da relação de amor à marca. Além disso, surgem outras

questões para as quais o estudo buscou respostas e que guiaram o caminho até a questão

problema: quais são as vantagens encontradas pelas empresas no uso das ferramentas

on-line? E as desvantagens? O que influencia a empresa a escolher a Internet para se

comunicar com seu público? Quais são as estratégias usadas pelas marcas para criar

uma relação de amor? Como a marca se beneficia com os consumidores apaixonados?

O objeto de pesquisa está focado no estudo de caso da marca de calçados

Melissa. Presente no mercado brasileiro desde 1979, a Melissa foi escolhida para

compor o corpus deste estudo por ser uma marca amada pelos brasileiros e que busca

estreitar os laços com seus clientes utilizando as ferramentas do meio digital.

No primeiro capítulo encontra-se a pesquisa bibliográfica, onde foram

levantados debates entre autores das principais áreas exploradas neste trabalho.

Conceitos sobre branding, lovemarks, neuromarketing, consumo, comportamento do

consumidor, meio digital e marcas foram os responsáveis pela fundamentação teórica

desta pesquisa.

Em seguida observa-se um panorama da pesquisa em que são exploradas as

características da mesma quanto à sua abordagem, aos objetivos, à natureza e às

técnicas utilizadas para obtenção de dados. Dando continuidade, temos o capítulo

metodológico, no qual são explicados as técnicas e métodos usados em cada uma das

etapas de pesquisa do estudo de caso sobre a Melissa.

16

Nos últimos capítulos estão as análises dos dados coletados, seus resultados e

uma discussão entre o que se levantou acerca das teorias estudadas e os fatos

observados na prática da pesquisa. Finalizando a dissertação, encontram-se o capítulo

de conclusão em que foram expostas as principais descobertas e apresentadas as

limitações deste trabalho e sugestões para pesquisas futuras.

Uma vez que os temas que cercam o branding são objetos de muitos estudos

acadêmicos e empresariais, nesta pesquisa, buscou-se um diferencial, estudando o tema

pela ótica da comunicação. As marcas exercem papéis significativos para os

consumidores e também para as empresas, e por esse motivo, elas foram as

protagonistas neste estudo que pode ter seus aspectos observados a seguir.

1.1 Tema e delimitação do objeto de pesquisa

A fim de estabelecer uma delimitação para o tema desta pesquisa foi necessário

compreender os conceitos que cercam o objeto de estudo: o amor à marca, a gestão de

marcas e a maneira como ambos utilizam as redes sociais da Internet para acontecer.

Os consumidores se tornam cada dia mais bem informados, críticos e

conscientes, uma vez que, através dos meios de comunicação, recebem informações e

visualizam o que acontece no mundo em tempo real. Isto acaba por favorecer o aumento

da competitividade entre marcas e se torna um desafio para as empresas se

posicionarem e se destacarem entre elas (SILVA, 2007).

O mercado está sobrecarregado de produtos similares e, por esse motivo,

estabelecer uma conexão que vai além da racionalidade com o público pode se tornar

um ponto crucial para a sobrevivência das marcas. A realização da gestão das marcas é

chamada de branding.

Rodrigues (2009)1 define branding como o processo de gestão estratégica de

pontos de contato entre o público e a organização (sendo virtual ou físico) e gestão da

marca. Para ele, o branding está ligado ao setor de comunicação de uma empresa de

uma maneira geral e, para funcionar, deve ser multidisciplinar, usar todas as ferramentas

e envolver todos dentro de uma empresa.

1 Ricardo Rodrigues durante a IV Conferência Internacional ABERJE de Comunicação Empresarial.

Vídeo: O que é branding? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_9oqREVF554>. Acesso

em: 16/maio/2016.

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O branding é um programa estruturado que tem por objetivo garantir que os

processos, a criação e o gerenciamento de marcas estejam integrados e, no

final, gerem maior valor ao acionista. Em outras palavras, é um programa que

busca alinhar a promessa e a entrega (TOMIYA, 2010, p. 36).

O branding busca, então, através de ações interdisciplinares, gerenciar os

diversos discursos da marca e pode ser considerado um importante aliado das empresas

na busca por um relacionamento mais próximo e de valor com seus clientes. Na procura

por essa proximidade com o público, as empresas foram se inserindo gradualmente no

ambiente virtual, levando em consideração o crescente número de usuários de redes

sociais no Brasil, justamente por elas promoverem uma relação mais íntima entre

consumidor e marca.

De acordo com Schweriner (2010, p.78), “uma das principais missões do

branding é a de produzir diferenciais que a marca intrinsecamente não possui, buscando

criar uma relação de afeto com o objeto inerte.” O branding, ao transcender as

características do produto, proporciona aos consumidores a oportunidade de ir além da

compra e vivenciar plenamente o significado da marca.

A temática do amor às marcas pode parecer um fenômeno recente, mas já vem

sendo estudada desde o início dos anos 1970, quando Howard e Sheth (1969)

exploraram o relacionamento entre consumidor e marca utilizando expressões como

“sentimento” e “envolvimento” para caracterizar a relação do consumidor com

produtos, marcas e objetos de consumo.

Alguns anos depois, Sternberg (1986) constrói a metáfora da “Teoria triangular

do amor” onde explica a inter-relação entre os três componentes do amor: intimidade,

paixão e compromisso. Além disso, Sternberg estuda o comportamento do consumidor

perante a cognição, suas emoções e motivações.

Foi somente em 2004 que os conceitos que envolviam o amor à marca foram

sintetizados e assim surge a definição de Lovemarks. Roberts (2004) explica que as

lovemarks são marcas que amplificaram sua ligação com o consumidor, criando fortes

laços emocionais que transcendem as outras marcas porque conquistam não só a mente,

mas o coração dos consumidores, e assim promovem a lealdade e a defesa da marca por

parte deles.

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A fim de exemplificar o cenário das marcas amadas no Brasil, a marca de

calçados de plástico Melissa2 foi escolhida para ilustrar o estudo de caso desta pesquisa.

A marca está presente no mercado desde 1979 e ao longo desse período desenvolveu um

público de fãs que se autodenominam “melisseiras”.

Após seu lançamento, a Melissa cresceu e ganhou espaço no mercado brasileiro

e internacional. Desde sua criação, buscou oportunidades para se tornar uma marca

diferente das outras, se estabelecendo não só como um calçado, mas como um objeto de

design, feito por uma marca conectada emocionalmente com suas consumidoras. A

essência da marca consiste em aliar experiências e momentos aos conceitos de arte,

moda e design. A história da marca, seu posicionamento, gestão nas redes sociais e

relacionamento com os clientes serão pontos estudados durante esta pesquisa.

1.2 Problema de pesquisa

O ponto de partida para toda pesquisa se dá com um problema, algo pelo qual o

pesquisador busca esclarecer uma dúvida utilizando procedimentos científicos.

Pesquisar, portanto, é buscar respostas. Essa procura por respostas ao problema de

pesquisa é a atividade principal da metodologia. A metodologia é o estudo “sistemático

e lógico dos métodos empregados nas ciências, seus fundamentos, sua validade e sua

relação com as teorias científicas” (GERHARDT e SILVEIRA, 2009, p.11).

O ambiente digital gera na humanidade um novo estilo de vida que permite uma

troca entre as pessoas em uma escala única e inédita. Para Lévy (1996), a virtualização

influencia em vários aspectos do cotidiano:

Um movimento geral de virtualização afeta hoje não apenas a informação e a

comunicação mas também os corpos, o funcionamento econômico, os

quadros coletivos da sensibilidade ou o exercício da inteligência. A

virtualização atinge mesmo as modalidades do estar junto, a constituição do

nós: comunidades virtuais, empresas virtuais, democracia virtual (LÉVY,

1996, p.10).

2 Definição encontrada no site da Grendene: “Surgiu em 1979 e nunca parou de se reinventar. Seus

lançamentos encantam fashionistas brasileiros, teenagers americanas e consumidores dos cinco

continentes. Com a forte característica de ser Fullplastic, já virou um ícone de moda e referência de

comportamento. Melissa criou um conceito de vanguarda para o mercado da moda. Divertida, fashion,

original. Sempre igual, sempre diferente.” Disponível em <www.grendene.com.br>. Acesso em

13/set/2016.

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Segundo Ferreira (2015)3, os modelos de negócio necessitam se adequar à

realidade do virtual para sobreviverem. As tecnologias da informação e da comunicação

são responsáveis por criarem novas vias comerciais e modificarem inteiramente seu

modo de operação.

Dessa forma, é possível compreender que a era digital trouxe mudanças

significativas para a humanidade e isso gerou uma transformação no modo como nos

comunicamos. Levando em consideração a Internet como canal de relacionamento entre

organizações e pessoas, esta pesquisa cria uma problemática acerca de: De que

maneira as redes sociais da Internet interferem na comunicação entre empresa e

cliente, contribuindo na manutenção da relação de amor à marca?

Em reposta ao problema de pesquisa, acredita-se no pressuposto de que o

ambiente digital das redes sociais, por ser abrangente e dinâmico, proporcionou às

empresas a possibilidade de criar uma relação mais próxima e de forma mais ágil com

seu público.

1.3 Justificativa

A motivação inicial para esta pesquisa foi o interesse pessoal da pesquisadora

pelo virtual, pelas redes sociais, e pela maneira como a sociedade vem sendo

transformada pelos meios de comunicação ligados ao ambiente digital. Após

determinadas experiências de trabalho com esse tema (no âmbito dos pequenos

negócios), percebeu-se certo fascínio por parte dos gestores no modo como é possível

interagir com as pessoas ligadas à empresa por meio das ferramentas da Internet.

Levando em consideração as relações criadas no ambiente virtual e em como

isso pode contribuir para transformar o modo como as empresas enxergam seus clientes,

decidiu-se por conduzir mais uma pesquisa sobre o tema, dessa vez voltando o foco para

o branding e a construção do amor à marca.

Optou-se por inscrever o projeto na linha de pesquisa de Imagem, Som e Escrita

da Faculdade de Comunicação por acreditar que o estudo do branding sob a ótica da

3 Disponível em <http://www.sucesuminas.org.br/news/a-urgencia-de-ser-on-line-e-off-line>. Acesso em

07/out/2016.

20

comunicação seria mais pertinente para o desenvolvimento da presente pesquisa do que

sob uma perspectiva da administração empresarial.

Com a execução deste trabalho, foi possível perceber uma contribuição tanto

para a linha de pesquisa citada quanto para o campo do branding, uma vez que é um

estudo inédito realizado no Programa de Pós Graduação da Faculdade de Comunicação

na Universidade de Brasília, com uma temática que ainda está em processo de

crescimento no Brasil. Uma pesquisa como esta contribui para o crescimento

profissional, amplia as capacidades do pesquisador da área da comunicação e ainda

colabora com o desenvolvimento dos conhecimentos acerca da área de gestão de marca,

na qual se pretende atuar.

Além disso, os resultados da pesquisa formam uma importante base de dados

para gestores, comunicadores e pesquisadores interessados em compreender os

sentimentos que as marcas despertam em seus clientes, sob o ponto de vista da empresa

e do consumidor, e na maneira que determinadas relações são criadas e geridas ao longo

do tempo. O estudo do amor à marca parece ser de extrema relevância, tendo em vista

as transformações que a Internet trouxe para a sociedade e as vantagens que a

fidelização de clientes traz para as organizações.

1.4 Objetivos

Os objetivos apresentados aqui são as metas que se pretende constatar, verificar

e analisar para esclarecer o problema de pesquisa. Tendo em vista que a problemática

desse trabalho envolve o poder das marcas de criar uma relação de amor entre elas e

seus clientes por meio da Internet, temos:

1) Objetivo geral

A principal finalidade desta pesquisa consiste em investigar como as marcas têm

usado as ferramentas da Internet, com foco nas redes sociais, para intensificar seu poder

de se comunicar com o público e construir uma relação de valor baseada no amor.

21

2) Objetivos específicos

- Identificar as práticas das marcas no ambiente digital;

- Estudar o conceito das “lovemarks” de Roberts (2004);4

- Comparar o cenário do relacionamento com o cliente antes e depois da Internet;

- Analisar uma marca amada pelos brasileiros: a Melissa;

- Avaliar como é a visão dos consumidores da Melissa sobre a relação com a

marca;

- Investigar os motivos que levam um consumidor a amar uma marca.

4 ROBERTS, Kevin. Lovemarks - O Futuro Além das Marcas.São Paulo: M.Books, 2004.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo pretende, por meio da elucidação e exploração de alguns conceitos

e abordagem de temas fundamentados em autores da área, esclarecer de que forma se

dão as relações emocionais com as marcas, assim como suas gestões como ponto

estratégico de empresas. Além disso, busca-se entender o papel das redes sociais para as

marcas e, em particular, das lovemarks e como elas contribuem com a manutenção de

uma relação mais próxima com os consumidores.

2.1. A relação de amor entre consumidor e marca

Neste capítulo optou-se por percorrer um caminho que perpassa os principais

conceitos para o entendimento do consumo, das marcas e de sua gestão e da criação de

um vínculo emocional com o consumidor que resulta em uma relação de amor.

Inicia-se, portanto, uma exploração dos temas que cercam o consumo e a

sociedade da informação, sendo esse o ponto de partida para discussões sobre o porquê

da relevância de se gerir uma marca.

Roberts (2004) afirma que somos consumidores por natureza e que nossos

pertences acrescentam algum significado à vida. Esses objetos de consumo não são

inanimados, eles estão envoltos de imaginação, expressão e importância.

“Sociedade de consumo” é um dos termos cunhados para descrever a sociedade

contemporânea. Consumir é uma atividade frequente em toda e qualquer sociedade

humana, portanto, o consumo no rótulo de “sociedade de consumo” pode sinalizar

diferentes significados que variam de acordo com diferentes autores.

Autores como Don Slater, Daniel Miller, Grant McCracken, Colin Campbell,

Pierre Bourdieu e Mary Douglas abordam a sociedade de consumo e o consumo

investigando como ambos se conectam com esferas da experiência humana e em que

medida eles servem para o entendimento de múltiplos processos sociais e culturais. Para

o entendimento da amplitude que tem o consumo na vida humana, é importante ter em

mente que esta é uma atividade frequente no cotidiano e que todo e qualquer ato de

consumo é essencialmente cultural (BARBOSA, 2010).

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Bourdieu (1979) relaciona o consumo com status quando afirma que a sociedade

de consumo busca a diferenciação, distinguir-se dos demais por intermédio do

monopólio dos bens posicionais. Para Veblen (1965), nenhuma classe social abre mão

da possibilidade do consumo exibicionista, centrado na emulação.

Consumir é um processo e envolve todo o “tempo e forma de utilização do bem

ou serviço, e só termina com o descarte final da mercadoria. Assim, o termo consumo

está umbilicalmente ligado aos conceitos de compra, posse e uso” (SCHWERINER,

2010, p.12).

Somando-se a isso, temos o consumismo, que, quando definido de forma

resumida tende-se a acreditar que é o consumo de forma exagerada. Entretanto, o

exagero é um conceito variável e individual. O consumismo se caracteriza por um estilo

de vida traduzido pela relação instrumental de um indivíduo com os bens não

essenciais, dos quais o sujeito passa a depender para obter felicidade.

Para Schweriner (2010) o próprio ato da compra se torna uma emoção por si só,

ou seja, o valor dos bens passa a depender mais de sua referência cultural do que de sua

utilidade, sua dimensão funcional ou econômica. Há, portanto, diversas teorias acerca

da essencialidade de um bem que relacionam o consumo com o objetivo de saciar

necessidades (desejos humanos).

A mais conhecida teoria das necessidades, talvez, é a que deu origem à Pirâmide

de Maslow. A pirâmide está dividida em cinco níveis hierárquicos das necessidades

humanas e são elas, respectivamente: necessidades fisiológicas; de segurança e

proteção; sociais (de afeto e filiação); de estima (reputação, domínio e prestigio) e

necessidades de autorrealização. De acordo com o autor, a necessidade de nível mais

baixo deve ser substancialmente satisfeita antes que o sujeito seja motivado pela

imediatamente acima. Satisfazendo as necessidades básicas, tende-se a dar mais

importância àquelas de dimensão simbólica, fruto do querer e não do precisar

(MASLOW, 1954).

Em contrapartida, a teoria de McClelland (1961) está erigida sobre apenas três

pilares, sendo eles: necessidades de realização (superar desafios), de poder (estar no

comando) e de associação (sentir-se aceito).

24

De acordo com From (1977), existe uma espécie de “ter” conectada às

necessidades e outra conectada aos desejos. A primeira se denomina o “ter existencial”,

atrelada à sobrevivência biopsíquica, como a saúde, alimentação, habitação, vestuário e

transporte. Essa primeira está em contraste com o “ter caracteriológico” que resulta da

motivação não inata de compra e posse, fruto do impacto das condições sociais sobre a

espécie humana.

Independentemente do quanto as teorias se diferem entre si, de acordo com

Schweriner (2010), as necessidades podem ser classificadas, segundo sua natureza, em

viscerogênicas e psicogênicas, sendo que a primeira se origina das carências e a segunda

da busca pela realização, aquisição, dominação e autonomia. Tudo aquilo que se

distancia disso, são, portanto, desejos.

De acordo com Dantas (2003), quando se qualifica uma necessidade está se

caracterizando um desejo. As necessidades são poucas e não são criadas por qualquer

organização, enquanto os desejos são muitos e podem ser despertados e moldados por

determinadas instituições sociais. Portanto, quando a necessidade de alimentar-se, por

exemplo, passa a ter uma ligação a um produto ou marca específicos, isso se configura

um desejo.

O ser humano é um ser “desejante”. A humanidade percorreu milhares de anos

de invenções e descobertas insuflada pelos desejos humanos, não apenas por suas

necessidades. Mas não existe limite para os desejos do ser humano e, assim sendo, não

há como uma marca ou um produto satisfazer plenamente desejos sem fim

(SCHWERINER, 2010).

É relevante que se compreenda que marcas possuem um significado distinto de

produto ou serviço. Enquanto os dois últimos são um produto final, o bem material ou o

resultado de algo que circunda uma empresa, a marca vai além e seu conceito é muito

mais abrangente. Esse conceito já foi estudado exaustivamente e, consequentemente,

possui várias definições propostas por diversos autores – algumas de caráter mais

comercial, e outras que suscitam afetos e conexões com os consumidores.

Marca é um termo que surgiu do inglês nórdico “Brndr”, que significa

“queimar”, “marcar a fogo”, denotando, assim, propriedade (SCHWERINER, 2010).

25

A Associação Americana de Marketing5, por exemplo, define marca como:

“nome, termo, desenho, símbolo ou qualquer outro recurso que identifique o produto ou

o serviço de um vendedor como diferente dos de outros vendedores”(tradução livre).

Ainda nessa mesma linha de pensamento, Aaker (1998) afirma que marca é um

nome diferenciado (logotipo, marca registrada ou desenho de embalagem) destinado a

identificar os bens ou serviços de um vendedor e a diferenciar esses bens e serviços

daqueles dos concorrentes, contribuindo assim para a diferenciação de idênticos.

Em contrapartida, outros autores preferem visualizar a marca como algo que

transcende as características visuais de um símbolo. Como exemplo disso, temos Amin

e Danielsson (2012) que afirmam que a marca não é o produto, mas dá a ele um

significado e uma identidade, e é por isso que todas as marcas têm a sua identidade

única, imagem, valor, história e conjunto de valores fundamentais.

Além deles, consultores de marcas como Brymer e Gregory, citados por

Marcondes (2003), entendem a marca como um símbolo de mercado que, para os

consumidores, representa um conjunto de valores e atributos destacados e particulares.

É muito mais que um produto. Produtos só se transformam em marcas quando chegam a

ser a união de fatores tangíveis, intangíveis e psicológicos. Marcas não existem no

mundo físico, são construções mentais, existem no âmbito da consciência e da

inconsciência também.

Segundo Schweriner (2010) as marcas nomeiam produtos ou serviços e reforçam

a identidade do consumidor que nelas procuram âncoras funcionais/racionais e

simbólicas/emocionais. Os atributos intangíveis das marcas, como sua imagem e

personalidade, fazem com que os consumidores consigam interagir emocionalmente

com ela com mais facilidade, como um amigo, levando-os a sentir paixão pela marca.

Portanto, o conjunto de significados atrelados à marca somado ao produto consumido

pelo cliente é que forma o ponto decisivo para o início de um relacionamento mais

intenso com a marca.

Para entender melhor como é possível o surgimento dessa relação, Lindstrom

(2009) realizou estudos de neuromarketing, que rastreiam as reações do cérebro quando

5AMA (American Marketing Association) dictionary. Disponível em

<https://www.ama.org/resources/pages/dictionary.aspx?dLetter=B>. Acesso em 20/maio/2017

26

exposto a tudo que está ligado às marcas (imagens, sons, aromas), durante três anos de

pesquisa, utilizando aparelhos de IRMF (Imagem por Ressonância Magnética

Funcional).

Os métodos tradicionais de pesquisa, como pesquisas de mercado e

discussões de grupo, não cumpriam mais a tarefa de descobrir o que os

consumidores realmente pensam. E isso acontece porque nossa mente

irracional, inundada por questões culturais arraigadas em nossa tradição,

criação e muitos outros fatores subconscientes, exerce uma influência

poderosa, mas oculta, sobre as escolhas que fazemos (LINDSTROM, 2009,

p.25).

O autor afirma que “o cérebro está programado para atribuir às marcas um

significado quase religioso e, em virtude disso, criamos lealdades imutáveis em relação

a elas” (LINDSTROM, 2009, p.172). Para ele, as marcas sabem o que “alivia nossa

culpa ou nos faz sentir menos sozinhos e mais conectados à dispersa tribo humana; o

que nos torna mais confiantes, amados, seguros, nostálgicos e espiritualmente

realizados” (2009, p.23).

Durante a pesquisa de neuromarketing, o autor identificou diversos

comportamentos originados no cérebro humano que interferem na nossa relação com o

consumo e as marcas. A ação de neurônios-espelho, marcadores somáticos e o processo

de preferência por marcas são alguns deles.

Neurônios-espelho são aqueles que desencadeiam em nós um desejo de repetir

um comportamento que observamos e isso pode interferir também no nosso

comportamento de consumo. A ação desses neurônios em conjunto com a ação da

dopamina no cérebro afeta as decisões de compra. O fato de ver repetidamente um

produto sendo consumido o torna mais desejável. A atividade da dopamina no cérebro

aumenta quando há expectativa de muitos tipos diferentes de recompensa.

Conscientemente ou não, avaliamos objetos de consumo por sua capacidade de

promover nosso status social e a mente racional não tem chances contra a ação desse

fator (LINDSTROM, 2009).

Durante o processo de escolha de uma marca em detrimento de outra, ocorre na

mente uma série de conversas subconscientes traduzidas em atalhos que o cérebro cria

para ajudar na tomada de qualquer decisão. Esse fenômeno é denominado de

“marcadores somáticos”. Em suma, é um banco de dados do nosso cérebro referente a

27

conceitos, sensações e vivências anteriores. Eles servem para conectar uma experiência

ou emoção a uma reação específica necessária e guiar a uma decisão que sabemos que

irá gerar o melhor resultado. Marcadores somáticos são memoráveis e duradouros; sem

eles não seríamos capazes de tomar nenhuma decisão e, em se tratando de decisões de

compra, quanto mais marcadores uma marca cria na mente humana, mais fiéis nos

tornamos a ela (LINDSTROM, 2009).

O público em geral desenvolve preferência por determinada marca em um

processo que se divide em duas etapas: a primeira é a plataforma da rotina e a segunda,

a plataforma do sonho.

Na primeira, consumimos produtos que compramos com regularidade; e na

segunda, compramos itens não porque precisamos, mas porque eles nos emitem sinais

emocionais. Entra-se no universo do sonho em momentos de maior descontração em

que há uma pausa na rotina, como em finais de semana, férias, viagens e quando se está

relaxado. É neste momento que a ligação com a marca encontra espaço para se

estabelecer, quando se está propenso aos comandos do desejo (LINDSTROM, 2012).

Assim, sempre que é necessário retornar à rotina, queremos reavivar o

sentimento de prazer que, inconscientemente, foi ativado pela marca, integrando

determinado produto à nossa rotina. E uma vez que algo é incorporado à rotina, fica

muito mais difícil mudar o processo.

Os comportamentos citados não funcionam sozinhos, eles agem em conjunto

com a dopamina, uma das substâncias químicas ligadas ao prazer, e também uma das

mais viciantes. Quando um indivíduo alcança algo que almejava, uma carga de

dopamina é distribuída pelo organismo, como quando se compra um bem desejado, por

exemplo. O cérebro reptiliano armazena informações e sensações vividas anteriormente.

Quando essas informações precisarem ser acessadas durante um processo de escolha, se

positivas, irão disseminar mais uma dose de dopamina na mente e então o processo se

repete e se torna indispensável para o equilíbrio cerebral (GONÇALVES, 2013).

Desse modo, a sensação de prazer que contagia o indivíduo começa quando ele

tem qualquer contato com a marca, sendo uma imagem, um som, um cheiro, uma

mensagem ou um slogan. Por meio das experiências positivas acumuladas na mente do

consumidor, a marca ativa um sentimento único motivado pelos estímulos cerebrais.

28

Entretanto, o mesmo acontece quando as experiências foram negativas (GONÇALVES,

2013).

É possível inferir, então, que o comportamento do consumidor é determinado

por diversos fatores inconscientes e que as marcas constroem “um vínculo emocional

com os consumidores, por meio da estética, da originalidade, do acabamento”

(SCHWERINER, 2010, p.12).

O consumidor realiza compras baseando-se em escolhas, que podem ser

racionais e emocionais. Quando se trata de escolher um produto pelo preço ou

qualidade, utiliza-se o lado esquerdo do cérebro, normalmente responsável pelo

pensamento lógico. Entretanto, quando consumimos com certa preferência por uma

marca, deixando os atributos do produto em segundo plano, o consumidor está

comprando com o lado direito do cérebro, geralmente ligado a ações intuitivas e

emocionais (MARCONDES, 2003).

Os seres humanos são movidos pela emoção, e não pela razão, já que essa parte

do cérebro além de fazer rir e chorar, também é responsável pelas tomadas de decisões.

A emoção leva às ações, enquanto a razão leva às conclusões. Sem os estímulos

emocionais, o pensamento racional se torna lento e se desintegra. A emoção é um

recurso ilimitado que está sempre gerando novas ideias, inspirações e experiências

(ROBERTS, 2004).

Uma vez que os sentimentos humanos, como a paixão ou o amor, estão

envolvidos no processo de tomada de decisão de compra, é conveniente que se

conceitue essa temática, ainda que este seja um campo extremamente subjetivo.

Roberts (2004) explica que existem dois grupos distintos de emoções, as

primárias e secundárias, que são, respectivamente, as breves e intensas, e as sociais e

que formam os relacionamentos humanos. As primárias são a alegria, a tristeza, a raiva,

o medo, a surpresa e a repulsa. As secundárias são a culpa, a vergonha, o orgulho, a

inveja, o ciúme e o amor.

O amor, por ser um tema abstrato e amplamente estudado, pode ser entendido de

diversas maneiras e por diferentes pontos de vista. Por exemplo, de acordo com livros

sagrados de determinadas religiões, ele é o caminho para se conectar ao sagrado ou

divino, enquanto que, para a ciência, representa o lançamento de um coquetel de

29

substâncias na corrente sanguínea que interfere no funcionamento do corpo e do

cérebro. Ágape, amor platônico, amor romântico, amor erótico, são algumas das

expressões que simbolizam a diversidade e a dimensão do tema aqui citado.

O filósofo Spinoza (2002) entende o amor como a alegria que gera uma potência

de agir acompanhada da ideia de sua causa exterior. Para ele, tanto a alegria como a

tristeza, ou o amor e o ódio, são afecções que interferem (afetam) na consciência

humana sem que se escolha que isso ocorra. O autor discorda da dualidade de mente e

corpo e afirma ainda que o amor é uma experiência da mente que envolve o que se

passou no corpo do sujeito em relação ao corpo exterior (objeto). Tal corpo exterior não

está necessariamente associado a outra pessoa, podendo constituir qualquer causa e isso

inclui as marcas.

Spinoza (2002) baseia o amor na alegria, e não no desejo, que é um sentimento

que cessa quando se obtém aquilo que se almeja. A potência de agir causada pelos

significados e o pertencimento à comunidade de determinada marca não cessa, mas

serve de combustível para guiar aquela pessoa a se tornar um consumidor. Essa teoria

acaba por confirmar a ideia de que amantes de marcas, não necessitam ser

fundamentalmente, consumidores delas.

Sternberg (1986), em sua Teoria Triangular do Amor, afirma que o amor pode

ser entendido a partir de três componentes em que a inter-relação deles interfere no

comportamento humano, na cognição e nas emoções. Os componentes são a intimidade,

a paixão e o compromisso, sintetizados na figura 1:

Figura 1: Triângulo do Amor

Fonte: Adaptado de Sternberg (1986)

30

De acordo com o autor, o amor é um fenômeno psicológico. A intimidade refere-

se aos sentimentos de proximidade, conexão e bondade, enquanto que a paixão se

relaciona com a atração, e, por fim, o compromisso, a curto prazo, refere-se à decisão de

amar, e a longo prazo, com o comprometimento de manter esse amor.

Em suma, o amor é um protótipo organizado de modo que certos sentimentos,

impulsos, pensamentos e comportamentos aparecem como mais altamente

característicos de amor como é definido socialmente, enquanto outros aparecem como

menos característicos (STERNBERG, 1986).

Dos elementos citados pelo autor, observa-se que todos eles podem estar

relacionados tanto com o amor romântico de pessoa para pessoa, quanto com o

sentimento que um cliente desenvolve por uma marca, quando se sente conectado a ela,

quando é atraído por seus elementos simbólicos (visuais, olfativos, auditivos, história,

personalidade) e quando se compromete a ser fiel a ela, consumindo seus produtos e

corroborando com sua ideologia.

Shimp e Madden (1988), apesar de utilizarem a teoria de Sternberg (1986) como

base e metáfora, argumentam que o amor é uma metáfora útil para caracterizar as

relações entre consumidores e objetos, mas que o amor entre objetos e pessoas não é

real, pois este sentimento envolve um relacionamento entre duas pessoas e não das duas

pessoas individualmente. Em contraponto, Ahuvia (1993) justifica que existem amores

melhores que outros, porém, não justifica deslegitimar qualquer tipo de amor.

Este fenômeno, muitas vezes, pode ocorrer de forma inconsciente e demorar a

ser percebido pelo consumidor. Lindstrom (2009) afirma que nem sempre expressamos

ou reagimos aos nossos sentimentos de maneira consciente. Existe uma área do

pensamento que permanece fora de alcance. O mesmo acontece com as emoções que

vivenciamos, seja amor, simpatia, ciúme, raiva, repulsa e assim por diante.

Para comprovar este fato, Lindstrom (2012) explana sobre uma pesquisa da

MindSign, empresa de neuromarketing da Califórnia, que buscou identificar a relação

entre voluntários - de 18 a 25 anos - e os smartphones. A pesquisa revelou que, ao ser

exposta às imagens e sons dos celulares, a ínsula cerebral dos voluntários, associada às

emoções (como amor e compaixão) era estimulada.

31

Portanto, sinais de dependência em relação aos telefones não foram

identificados, mas sim, estímulos cerebrais semelhantes aos que ocorrem com a pessoa

amada. Do ponto de vista médico, não era um vício, mas sim, amor.

Roberts (2004) elenca seis verdades sobre o amor, sendo elas: a necessidade dos

seres humanos de amar e serem amados; amar é mais que gostar muito; o amor é sempre

bidirecional; podemos amar qualquer coisa; o amor leva tempo e não pode ser

comandado ou exigido.

Pode-se dizer que a temática do amor à marca foi inicialmente estudada em

1969, quando Howard e Sheth desenvolveram a Teoria do Comportamento do

Consumidor, e para isso utilizaram expressões como “sentimento” e “envolvimento”

para caracterizar a relação do consumidor com produtos, marcas e objetos de consumo.

A teoria focou-se na escolha de marca afirmando que ela não é aleatória, mas sim,

sistemática.

Os autores descrevem três estruturas que formam o sistema de escolha de marca,

sendo eles: diferentes motivações, diferentes alternativas e mediadores de decisão que

combinam as motivações e as alternativas. Em um processo de aprendizagem

influenciado pelas informações que um consumidor recebe sobre as marcas, ele tende a

criar uma hierarquia de marcas que atenderão suas necessidades. Esse processo é

individual, pois varia de acordo com as motivações de cada pessoa.

Pode-se inferir desta teoria, portanto, que, quanto melhor avaliada for uma

marca no ranking criado na mente de cada consumidor, mais forte será o

relacionamento e a fidelidade deste à marca.

Marcondes (2003) afirma que os consumidores apaixonados por marcas

vivenciam com elas um matrimônio de mercado, no qual existe uma relação de

sinceridade e troca mútua. O consumidor é fiel à marca, e paga por isso, a fim de sanar

necessidades específicas, de ordem estética, de estilo, de status, que se encontram no

campo simbólico e intangível. O autor ainda completa: “tudo isso é uma espécie de

amor, não há como negar” (MARCONDES, 2003, p. 37).

Foi somente em 2004 que Roberts cunhou o termo Lovemarks para designar

essa categoria superior de marcas. O conceito descreve marcas evoluídas que

maximizaram a sua ligação ao consumidor, criando laços emocionais que promovem a

32

lealdade e a defesa da marca por parte do consumidor, transcendendo por isso as

demais. Trata-se de marcas que se adaptaram ao consumidor e diferenciam-se das

outras, tornando-se uma referência, objeto de desejo e respeito.

Lovemarks são pessoais. E podem ser qualquer coisa – uma pessoa, um país,

um carro, uma organização. Lovemarks são as marcas carismáticas que as

pessoas amam e protegem com unhas e dentes.Para que sobrevivam. Você as

reconhece imediatamente (ROBERTS, 2004, p.79).

Mais tarde, Carroll e Ahuvia (2006) explicaram que, embora o amor à marca

seja caracterizado como um modo de satisfação, nem todos os consumidores satisfeitos

com uma marca a amam. A satisfação possui um caráter cognitivo e é um sentimento

resultante de uma experiência específica com uma marca, enquanto o amor à marca

apresenta um caráter afetivo e é fruto resultante de um relacionamento a longo prazo.

Além disso, o amor à marca inclui o desejo de declarar amor e envolve a integração da

marca na identidade do consumidor.

Já para Kamat e Parulekar (2007), o amor à marca seria um precursor da

lealdade composto por cinco dimensões distintas, sendo estas a amizade;

contentamento/satisfação; admiração; comprometimento e desejo. Para dimensionar o

amor à marca fundamentaram-se nas linhas da Teoria Triangular do Amor deSternberg

(1986).

As teorias citadas até agora se entrelaçam no sentido de concordarem que a

relação de amor entre marcas e consumidores possui um caráter estritamente emocional

e, portanto, pode ser comparada a uma relação de amor entre duas pessoas. Por mais que

manuais de marketing deem direções para se construir uma lovemark, não existe uma

fórmula; essa é uma característica de marca que depende principalmente do público para

existir.

Roberts (2004) identificou seis razões para as marcas não conseguirem se

destacar no mercado e passarem ao patamar das marcas amadas, são elas: o desgaste

pelo excesso de uso da marca; a exposição aos riscos da Era da Informação; as marcas

não entenderem os consumidores; a extrema concorrência entre as marcas; marcas

dominadas por fórmulas que não sabem lidar com a emoção humana e o

conservadorismo que sufoca sua ousadia.

Ainda de acordo com Roberts (2004), não há métodos ou regras para

transformar uma marca comum em uma lovemark. Apesar disso, o autor afirma

33

existirem quatro características relevantes nas marcas que estabelecem, com seu

consumidor, uma relação forte baseada no amor.

A primeira delas é o respeito. Toda relação de amor é bidirecional, e para que

isso ocorra, deve haver respeito por aqueles envolvidos nesse vínculo. Respeito é

necessário para criar algo duradouro, diferente de uma paixão ou fascinação. Por esse

motivo as marcas necessitam de comprometimento com elas mesmas, boa reputação e

devem ser verdadeiras sempre.

A segunda é o mistério. O mistério nas marcas se relaciona à maneira como

exploram os sonhos dos consumidores, aos mitos, ícones, símbolos e histórias que

criam. Por meio da exploração dos sonhos é possível entender os desejos das pessoas, e,

então, transformá-los em prazer. É preciso sensibilizar, inspirar e perpassar isso pelas

gerações, por esse motivo as marcas amadas não são estáticas.

A terceira característica é a sensualidade, relacionada diretamente aos sentidos

humanos. Sentido é uma palavra originada do latim sentire que significa “sentir”. A

audição, visão, olfato e o paladar formam um caminho imediato para a emoção humana.

Provocativos e imediatos, os sentidos se conectam com a mente para receberem

informações, interpretá-las e priorizá-las.

A quarta e última característica é a intimidade. Ela possui uma capacidade de

dialogar diretamente com as aspirações pessoais e inspirações humanas, é ela que

mantém o laço emocional formado em uma relação. A intimidade apresenta três faces:

empatia, para entender as emoções alheias e responder a elas; compromisso, para

estabelecer um relacionamento duradouro; e paixão, para manter a relação viva.

Roberts (2004) ainda apresenta um gráfico cartesiano para exemplificar que,

além de mais amadas, as lovemarks são também as marcas mais respeitadas pelos

consumidores, como nota-se na figura 2.

34

Figura 2: Gráfico do Amor/Respeito

Fonte: www.lovemarks.com6

Infere-se, do gráfico, que quando uma marca é muito amada e pouco respeitada,

ela é apenas uma mania ou modismo, próprio para o momento, mas que deixará de ser

com grande facilidade. Quando algo é pouco respeitado e pouco amado, temos as

commodities, bens dos quais as pessoas precisam, mas não se importam com as marcas.

Em seguida, temos as marcas comuns, lugar ocupado pela grande maioria delas.

É difícil distinguir uma da outra, pois elas são muito respeitadas pelo público,

entretanto, são pouco amadas. São as marcas eficientes e de qualidade, mas que não se

conectam com o público.

Logo após, chega-se ao patamar das marcas superiores, as lovemarks¸ que se

diferenciam das demais porque são muito respeitadas e muito amadas pelos

consumidores. Estas marcas chegam a esse ponto no gráfico porque consideram a vida

das pessoas como um todo, o que há de positivo e de negativo, os desejos e também os

medos, o que amam e o que odeiam. As marcas amadas buscam entender o que tem

6 Disponível em <http://www.lovemarks.com/learn/about/>. Acesso em 10/set/2017.

35

significados e relevâncias para as pessoas em volta da marca, e não apenas o que elas

compram e usam (ROBERTS, 2004).

As marcas se tornam lovemarks por que se conectam com uma pessoa de cada

vez, e em razão disso, alcançam aos poucos uma audiência, já que são seres sociais e

vivem em comunidades. Elas possuem uma visão do todo para enxergar o caminho das

conexões individuais. Da mesma maneira, os consumidores tratam suas marcas amadas

como propriedade, contribuem para promovê-las, defendem-na quando necessário,

atuam como guardiões delas e sugerem melhorias e aprimoramentos (ROBERTS,

2004).

Consumidores que se comportam dessa maneira ajudam a marca a crescer, pois

reconhecem que ela se importa com suas ideias. É nesse momento que é possível

identificar um relacionamento, onde ambas as partes trabalham juntas para construir um

vínculo que terá resultados positivos para todos os envolvidos, estabelecendo uma

relação de confiança e troca mútua. As marcas amadas se diferem das outras ao

entenderem que os donos delas são os consumidores, e não a companhia.

2.2 A relação entre redes sociais e gestão de marcas

A maneira como a tecnologia interfere no cotidiano e no comportamento

humano já é tema de diversos trabalhos acadêmicos. McLuhan (1969), por exemplo,

ficou conhecido por ter vislumbrado o que a Internet poderia vir a ser antes mesmo de

sua própria existência. Neste capítulo são levantadas referências bibliográficas acerca

do meio digital e como ele afeta as pessoas, e, consequentemente, as marcas.

McLuhan foi um autor que não se preocupou com a descrição dos processos,

mas sim, com os meios, visto que ele aponta o que considera mais importante, que são

os efeitos dos seus usos e a relação que se cria com eles como extensões do próprio

indivíduo.

McLuhan (1969) dividiu a história da humanidade em três partes a partir da

determinação cultural de um meio de comunicação predominante, chamando cada uma

delas de “Galáxia”, onde, como consequência, havia um tipo de comportamento

humano predominante em cada uma delas.

36

Para o autor, a primeira é a galáxia da cultura oral, cujo meio de comunicação

por excelência é a palavra falada. O homem desta fase possuía experiência rica e

multiforme e maior proximidade com o mundo. A segunda é a “Galáxia de Gutemberg”,

da escrita e da imprensa. O homem desta galáxia é vítima da imposição de um sentido

único de consciência linear, já que a eternidade dada pela palavra escrita registrada cria

uma consciência mais duradoura de determinado assunto. A terceira é a cultura

eletrônica, caracterizada pela velocidade instantânea e pela integração sensorial. Para o

autor, os meios de comunicação modificam, de forma direta, o homem. Cada uma

dessas galáxias possui uma maneira própria de pensamento e comunicação.

Existem duas grandes rupturas no meio comunicacional. A primeira delas é a

Imprensa, no século XV, que desenvolve um tipo de sociedade linear e individual.

A segunda ruptura é trazida pela televisão, no século XX, simbolizando a "era

eletrônica". Representa uma etapa na qual o envolvimento dos múltiplos sentidos altera

as formas de raciocínio e convivência, reorganizando a sociedade.

Enquanto a imprensa destribalizou, os meios eletrônicos retribalizaram. Dessa forma,

surge a chamada "Aldeia Global", que é uma forma social, provocada pela mutação

tecnológica dos meios eletrônicos, na qual a imagem (no lugar da escrita) é a linguagem

principal (MCLUHAN, 1969).

Sendo assim, é possível afirmar que foi por meio dos avanços tecnológicos, que

se agregaram às comunicações e reestruturaram métodos que a sociedade, na tentativa

de se adaptar às mudanças, foi sendo modificada. McLuhan (1969) afirma que os

processos cognitivos seriam alterados e identidades coletivas formadas em meio a um

trânsito de informações intenso e multidirecional.

Apesar de ter teorizado sobre esses aspectos, no mesmo momento em que a

Internet ainda era apenas uma estratégia para unificar computadores do governo

americano, é notável a relação entre a perspectiva mcluhaniana e a atualidade. O

ambiente digital parece se encaixar à teoria do autor, pois ele defendeu que o foco

deveria estar nos meios em si, já que eles criam novos cenários que abalam conceitos e

paradigmas como tempo e espaço. Portanto, novos meios demandam novas estruturas

de mensagens, e, consequentemente, estabelecem novas formas de comportamento.

37

Ao surgir um novo meio, o tecido social sofre mutações para se adaptar. Posto

isto, acredita-se que os hábitos e costumes dos consumidores não poderiam passar

imunes e não sofrer alterações, uma vez que vivemos em uma sociedade informatizada e

conectada vinte e quatro horas por dia.

McLuhan (1969) descrevia os meios como extensões do corpo humano, mas não

como aqueles que são descritos normalmente como meios de comunicação. Para ele,

diante das limitações dos indivíduos, os aparatos tecnológicos foram desenvolvidos para

ampliar suas potencialidades. Sendo assim, as tecnologias amplificam órgãos ou

faculdades do usuário.

Um exemplo disso é o vestuário. O autor afirma que o homem se comunica pela

maneira como se veste e se apresenta à sociedade. Dessa forma, com o vestuário as

pessoas transmitem manifestações, crenças, maneiras e ideologias, todas implícitas na

roupa que se veste. “O vestuário, como extensão da pele, pode ser visto como um

mecanismo de controle térmico e como um meio de definição do ser social”

(MCLUHAN, 1969, p. 140).

Outros nomes como Freud, Bergson, Teillard, Mumford e Hall, segundo Rae

(2008), também perceberam as extensões em termos de um processo evolutivo. E dessa

forma, cada vez mais, as diferenças entre tecnologia e o que é orgânico diminuem, ou

seja, há uma não separação. E isso pode tomar sentidos mais extremos, como para Rae

(2008), quando afirma que se a tecnologia não é nada mais que uma adaptação

evolutiva, então não há distinção para ser encontrada entre um órgão como o olho e uma

tecnologia como o telescópio.

Deste modo, os avanços tecnológicos e sua influência sobre os diversos aspectos

do comportamento humano, não poderiam deixar de interferir também nos hábitos de

consumo da sociedade de cada época. Os pontos de contato entre as marcas e os

consumidores foram sofrendo alterações ao longo da história. As possibilidades

proporcionadas pela televisão, rádio, vitrines, catálogos e revistas foram gradativamente

migrando para o ambiente híbrido e multissensorial da Internet.

Cross (2000), citado por Milnitsky (2003), em contraponto ao que é apresentado

pelas críticas tradicionais, não considera que a sociedade de consumo tem produzido

consumidores passivos e alienados. Ele defende que o consumismo promoveu uma

38

ideologia da vida pública mais dinâmica, popular e menos destrutiva que a maioria dos

sistemas de crenças políticas do século XX, período esse que antecedeu a popularização

da Internet.

O autor analisa o comportamento de consumo que prevaleceu nos períodos

anteriores e posteriores à Segunda Guerra Mundial. Na primeira metade do século XX,

acontecimentos como a Grande Depressão e a Segunda Guerra movimentaram a

economia mundial e, portanto, modificaram a maneira como se consumia. Durante esse

período, os consumidores descobriram um novo mercado de roupas prontas, cosméticos,

doces e automóveis. De acordo com o autor, nesse momento da história, as organizações

sociais (como a família, por exemplo) deixaram de funcionar como identificadores de

grupos e esse papel passou a ser dos bens de consumo.

A partir da década de 1960 até os anos finais da década de 1980, o que se

identifica são os movimentos de oposição que removeram os limites remanescentes da

cultura do consumidor. O anticonsumismo baseou suas críticas na preocupação com a

igualdade e com a preservação do meio ambiente, salientando o desperdício e o excesso

de propaganda. No início dos anos 1990, a abertura de mercados irrestritos resultou em

um consumo que tomou direções antissociais (CROSS, 2000).

A obra de Cross (2000) demonstra que a história do século XX falhou em dar

atenção a uma política de restrição ao consumo, enquanto o foco poderia estar em criar

habilidades de negociação nas margens da sociedade de consumo, com a finalidade de

estabelecer limites racionais para um sistema que naturalmente não os tem. Reduzir

todo o sistema a uma questão de mercado inevitavelmente provoca uma separação entre

os que podem e os que não podem comprar, diminuindo, assim, o sentido de

responsabilidade coletiva.

Uma vez que o consumo consciente é uma forma de determinar esses limites

necessários, é possível afirmar que, com a busca por informações acerca dos processos

de produção daquilo que consumimos, nos aproximamos e criamos intimidade com as

marcas. E um dos instrumentos para se alcançar essa relação pode ser a Internet.

O filósofo Ribeiro (2015) alega que praticamente todas as invenções apenas

satisfizeram um desejo humano que já preexistia. Entretanto, ele acredita que as redes

sociais e os desdobramentos mais recentes da Internet mudam de figura pelo fato de que

39

as invenções precedem o desejo delas. Não havia um desejo de algo como o Facebook.

Ele surgiu e foi modulando comportamentos humanos diferentes, que tentamos,

posteriormente, entender quais são. Nesse sentido, o meio modula também as relações

interpessoais. Não é possível considerar, por exemplo, que estabelecer uma

comunicação em outros contextos de tempo e espaço era um desejo humano?

A Internet vem se desenvolvendo como uma infraestrutura para a comunicação e

trocas de informação que supera as restrições de tempo e espaço. Lévy (1999) amplia

esse conceito para ciberespaço, ou seja, “não apenas a infraestrutura material da

comunicação digital, mas também o universo oceânico de informação que ele abriga”

(p. 17).

Lemos e Cunha (2003) declaram que todas as mídias alteram nossa relação

espaço-temporal, desde a escrita, o telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão à Internet.

Trata-se de uma mesma ação de enviar informação para além do espaço e do tempo. Na

contemporaneidade vivenciam-se sensações de tempo real, imediato, e de abolição do

espaço físico-geográfico. A sociedade da informação é marcada pela instantaneidade:

Entramos assim em uma sociedade WYSIWIG (o que vejo é o que tenho)

onde a nova economia dos cliques passa a ser vital para os destinos da

cibercultura: até onde devemos clicar, participar, opinar, e até quando devo

contemplar, ouvir, e simplesmente absorver? O tempo real pode inibir a

reflexão, o discurso bem construído e a argumentação. Por outro lado, o

clique generalizado permite a potência da ação imediata, o conhecimento

simultâneo e complexo, a participação ativa nos diversos fóruns sociais

(LEMOS, CUNHA, 2003, p.13).

Além disso, outra característica desse ambiente é a facilidade da geração de

grupos, comunidades, que as pessoas formam em torno de interesses comuns,

independente de fronteiras. Para Lemos (2008) agrega-se a esse conceito o sentimento

de pertencimento, comunhão de regras e linguagens. Entre os anos 1970 e 1980 a

Internet era essencialmente colaborativa, pois o propósito inicial era a troca de

conhecimento, de cooperação entre universidades, centros de pesquisa e estudantes.

De acordo com Lévy (1999), foi em 1995 que a Internet se tornou mais

complexa, pois foi durante esse ano que a interconexão entre documentos e endereços

eletrônicos construíram uma esfera global pública. Desse modo, o uso da Internet foi

ampliado para fins comerciais, ou seja, deixou de ser exclusivamente para troca de

conhecimentos e passou a ser utilizada estrategicamente para exaltar a imagem e a

marca das organizações, contribuindo, assim, para a competitividade entre elas.

40

No momento em que marcas tiveram a oportunidade de também participar das

redes sociais, a gestão dessas marcas passava a ter outro significado, uma vez que novas

ferramentas surgiam com a Internet. As redes sociais deram aos consumidores a chance

de ter uma voz ativa. Lindstrom (2012, p.10) entende que “as estratégias de marketing e

branding mais inteligentes e eficazes são aquelas que sempre pressupõem um

consumidor livre e soberano”.

Segundo Torres (2009), o relacionamento criado no ambiente digital resulta

numa troca mútua entre marcas e consumidores. Enquanto a marca se apresenta como

aquela que se compromete a estar próximo de seu consumidor e busca entendê-lo, o

consumidor, por sua vez, é quem oferece à marca informações diversas - como suas

necessidades, e possibilita que a marca identifique tendências relevantes. Portanto,

quando a marca estabelece sua presença na Internet ela inaugura um novo e

significativo canal de acesso a informações.

A Internet causou um rompimento no que era, antes, um império da televisão.

Isso ocorreu porque na televisão havia um desequilíbrio entre a produção e o consumo

de conteúdo. Os detentores dos canais de TV produziam o conteúdo enquanto os

detentores dos aparelhos de TV apenas consumiam. Com isso, notou-se um desejo de

transformar a maneira como a sociedade participava da mídia, possibilidade essa trazida

pela Internet. Participação é a ação de quando a presença importa (SHIRKY, 2011).

Shirky (2011) explica que esse fenômeno se deu pelo que o autor chama de

excedente cognitivo, que é a soma de tempo livre, energia e talento dos indivíduos, que

permite que usuários antes isolados possam formar grupos e trabalhar em prol de

grandes transformações. As novas tecnologias causaram uma reflexão sobre o conceito

de mídia – de algo que é consumido para algo que é usado para comunicar, produzir e

sensibilizar coletivamente. O autor comenta que as pessoas “devem ser capazes de doar

seu tempo livre a esforços coletivos e produzir um excedente cognitivo, em vez de fazer

apenas um monte de esforços individuais minúsculos e desconexos” (SHIRKY, 2011,

p.26).

Este desejo humano de ter uma relação diferente com a mídia e seus

instrumentos foi o que impulsionou a invenção das redes sociais na Internet. Com o

surgimento delas, houve a possibilidade de expressão e sociabilização pelas ferramentas

41

de comunicação mediadas pelo computador (CMC), possibilitando a construção de

atores e a interação entre eles. A metáfora de rede social define-se como um conjunto de

dois elementos: atores (pessoas, organizações ou grupos; os nós da rede) e conexões

(interações e laços sociais; as arestas da rede). Nas redes observam-se os padrões de

conexão de um grupo, a partir das ligações estabelecidas entre os diversos atores, tendo

como foco a estrutura social, onde não é possível isolar os atores e nem suas conexões

(RECUERO, 2009).

Para a representação visual das redes sociais na Internet se dá o nome de

“grafo”. Nos grafos é possível observar materializadas as relações formadas entre os

diversos atores da rede que se conectam entre si. As diferentes formas geométricas que

representam os nós servem para significar cada usuário da rede social, seja ele um

indivíduo, um grupo ou uma marca, por exemplo. Em relação às arestas que simbolizam

os laços que unem um ator ao outro, é a densidade e o comprimento da linha que são

decisivos para o entendimento de tal rede. Quanto mais denso é o grafo (imagem à

esquerda) mais complexa, forte e próxima é a relação estabelecida entre os atores dessa

comunidade. De outro modo, quanto mais distribuído é o grafo (imagem à direita)

menor é a interação naquele grupo (RECUERO, 2009).

Figura 3: Exemplos de grafos de comunidades

Fonte: RECUERO (2009, p.155)

42

“Redes sociais na Internet possuem elementos característicos, que servem de

base para que a rede seja percebida e as informações a respeito dela sejam apreendidas”

(RECUERO, 2009, p.25). De acordo com a autora, os nós são representações dos atores

sociais, ou construções identitárias do ciberespaço. Dessa forma, um ator pode ser

representado por perfil numa rede social on-line e essas ferramentas podem apresentar

um único nó que é mantido por um coletivo de nós. Além disso, as conexões,

representadas por arestas, são os laços sociais, aqueles responsáveis por alterarem as

estruturas desses grupos. Essas interações permanecem no ciberespaço, permitindo a

percepção das trocas sociais independente de tempo e espaço.

No Brasil, o cenário das redes sociais evolui rapidamente, contando com perfis

pessoais e de organizações diversas. De acordo com dados da Pesquisa Brasileira de

Mídia7de 2015, 42% dos entrevistados afirmaram usar mais a Internet que qualquer

outra ferramenta de comunicação. Outros dados relevantes são os de que 65% dos

jovens com até 25 anos se conectam à Internet diariamente - o celular é o instrumento

mais usado para fazer o acesso e a finalidade maior é a busca por de informações (67%),

seguida de diversão e entretenimento (67%), passar o tempo livre (38%) e de estudo

(24%). Com o crescente número de usuários, as marcas provavelmente sentiram a

necessidade de se fazerem presentes nesse ambiente e inauguraram um novo ponto de

contato8 com seus consumidores.

Para um uso eficaz das redes sociais as marcas precisam se expor, participar, e,

assim, se tornarem uma espécie de ser social, parte da comunidade criada para seus

consumidores. Para que isso ocorra é essencial que a marca se comporte de maneira

responsável, autêntica e sincera, e que por meio de um planejamento, ela consiga criar

estratégias e liderar discussões que sejam relevantes para seu público e para ela mesma

(TORRES, 2009).

Batista (2011) afirma ser possível que uma organização faça o uso das redes

sociais como ferramenta para estabelecer um relacionamento com seus clientes de

forma que este contribua para a manutenção do valor de sua marca, sendo necessário

7 Pesquisa Brasileira de Mídias 2015 – Secom: Encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da

Presidência da República (SECOM) para compreender os hábitos de consumo de mídia da população

brasileira, a PBM 2015 foi realizada pelo IBOPE com mais de 18 mil entrevistas. 8 Define-se como qualquer momento em que o cliente entra em contato com a marca, antes, durante ou

depois do processo de compra.

43

para isso: explorar o que as principais marcas estão fazendo no que diz respeito à

utilização de redes sociais; avaliar se essas ações visam o desenvolvimento de um

relacionamento de valor entre as marcas e seus consumidores; e avaliar se os

participantes das redes respondem às ações dessas empresas.

Faz-se necessária a gestão da marca com a finalidade de torná-la significativa

para as pessoas, como explica Gielfi (2013):

A construção e aplicação do branding elevam o valor percebido, transmitindo

o posicionamento de uma marca no mercado e criando uma identidade desta

com o consumidor. Ao realizarem novas experiências, as pessoas são

naturalmente conduzidas a um ponto de partida diferente, que propiciam

oportunidades de fazer novas conexões mentais, de perceber as situações com

um novo olhar (GIELFI, 2013).

Torres (2009) destaca um ponto relevante da gestão de marcas na Internet, que é

o efeito viral, que amplifica e multiplica mensagens de interesse coletivo. Na Internet

um indivíduo tem a possibilidade de influenciar tanto outro indivíduo quanto um grupo,

uma comunidade, e, dessa forma, de maneira progressiva, geometricamente, a

informação se espalha.

Um conteúdo colaborativo cria um resultado mais atrativo para os usuários do

que um conteúdo individual. E da mesma maneira que essa pode ser uma ferramenta

positiva para marcas, ela pode ser negativa, já que este alto grau de propagação também

ocorre quando são disseminadas informações que gerem crise para tal imagem

(TORRES, 2009).

Em suma, o uso das redes sociais como ferramenta estratégica para as marcas

transforma a comunicação e o relacionamento com o público. Isso resulta no

engajamento do público com as empresas, onde o consumidor exerce o papel importante

de opinante, uma vez que o cliente passa a ser o destaque, e não mais o produto. A

marca tem a necessidade de entender como ela deve administrar essa relação para

usufruir, da melhor maneira, das informações ali fornecidas pelo seu público.

44

2.3 Os consumidores que se apossaram das marcas e da Internet

Dando continuidade às ideias do capítulo anterior, aqui são mostrados conceitos

acerca da geração de consumidores que foi modificada pelos efeitos das novas mídias e

com isso teve seu comportamento alterado. Para que se finalize a fundamentação teórica

da pesquisa, propõe-se um levantamento sobre o comportamento desse novo

consumidor, suas práticas nas redes sociais e o marketing de relacionamento.

Como já foi visto, o desenvolvimento tecnológico permitiu a ampliação da

capacidade de conexão entre os indivíduos que utilizam a internet como ferramenta de

participação e autoexpressão (RECUERO, 2009). Entretanto, o ambiente digital é muito

mais amplo e complexo do que as redes sociais. Ele abriga também os websites,

weblogs, comércio eletrônico, e todo um universo mercadológico que está em constante

mutação e desenvolvimento.

Lindstrom (2012) assume que há um negócio global de rápido crescimento, que

se dedica à captura e à análise do comportamento do consumidor chamado data mining.

Com o objetivo de classificar, resumir e uniformizar dados de modo que possam ser

usados para mostrar determinados produtos, essa ferramenta ajuda as empresas a

identificar não só os hábitos de consumo, mas também informações como renda,

gênero, localização, e-mail, escolaridade e muito mais.

Graças às empresas de data mining, todas as vezes que pesquisamos no

Google, escrevemos na página do Facebook de um amigo, usamos o cartão

de crédito, baixamos uma música do iTunes, procuramos um endereço pelo

celular ou fazemos compras no mercadinho perto de casa, um coletor de

dados invisível está nos espionando. O sistema se incumbe de registrar todas

as informações, detalhá-las, analisá-las e vendê-las a lojas e empresas de

marketing (LINDSTROM, 2012, p.240).

Consumidores hiperconectados, que interagem com seu extenso círculo virtual,

são extremamente poderosos. No mundo hiperconectado do Twitter, YouTube e

Facebook, um universo no qual um único truque, decepção ou segredo pode ser

imediatamente disseminado para inúmeras pessoas a um clique do mouse, o consumidor

tem mais poder do que nunca teve e está cada vez mais exigente. Como consequência,

as marcas precisam estar atentas, ser transparentes e honrar suas promessas.

A marca como sinal distintivo existe há séculos. Um exemplo são as assinaturas

datadas de cerca de 1300 a.C. em objetos como utensílios de cerâmica, lâmpadas de

argila e porcelana chinesa antiga. Pode-se notar então, que a principal função da marca

45

era indicar seu fabricante. Entretanto, o consumidor do século XXI compra determinada

marca devido à definição de marca com uma nova dimensão - a psicológica, isto é, as

marcas servem como dispositivos simbólicos que permitem aos consumidores projetar

sua autoimagem (KELLER; MACHADO, 2006).

Chegar aos estágios finais do processo de gestão de uma marca (compra,

preferência e lealdade) significa converter uma resposta que se tenha em relação à

marca em um relacionamento de fidelidade intenso entre seus clientes e ela (KELLER;

MACHADO, 2006, p. 56).

Nesse contexto de relacionamento, surge o marketing de relacionamento.

Conceituado como a quarta fase da história do marketing, que tem seu início na década

de 1980, surge com a ideia de um marketing de caráter mais instrumental, que visa

propiciar uma forma mais eficaz para colaborar com os esforços das organizações na

obtenção de resultados satisfatórios em mercados cada vez mais competitivos, em

função dos avanços tecnológicos e da globalização (BATISTA, 2011).

“Marketing de relacionamento” foi uma expressão utilizada pela primeira vez

por Levitt (1983), em uma conferência realizada pela Amercian Marketing Association

(AMA). No entanto, de acordo com Grönroos (2004), o conceito de um relacionamento

atentando-se para as interações com os consumidores já era foco nos negócios mesmo

antes desta data. Para ele, o marketing de relacionamento cria vínculos sólidos com

clientes mesmo em situações após as vendas.

Estabelecer um relacionamento entre o cliente e a marca se torna fundamental

para que as organizações consigam manter um nível de fidelidade que seja capaz de

produzir benefícios para a marca e senso de pertencimento a uma comunidade para os

consumidores (KELLER, MACHADO, 2006). Dessa forma, o marketing de

relacionamento surge como uma ferramenta que auxiliará na construção desse laço.

Como pôde ser visto, o marketing de relacionamento tem como principal

benefício a conquista da fidelidade dos consumidores. O desenvolvimento do marketing

de relacionamento está baseado nos mesmos princípios que norteiam as relações entre

os indivíduos, como estabelecer um diálogo, ter atitudes coerentes que gerem uma

relação de confiança e agir de forma ética, entre outras (BATISTA, 2011). Gummesson

(2005) resume: é necessário que os gestores compreendam e façam a gestão dos

46

relacionamentos existentes entre os grupos de pessoas envolvidas com a marca (redes) e

suas interações.

As comunidades on-line se tornaram uma dimensão fundamental na vida

cotidiana que continua a crescer. As redes sociais influenciam o comportamento tanto

dos indivíduos, quanto dos grupos e, por esse motivo, a ação humana recebe influência

das relações sociais em que os agentes estão inseridos (CASTELLS, 1999).

Infere-se, dos estudos teóricos realizados até aqui, que a Internet é uma

ferramenta que possibilitou às marcas construir um complexo canal de relacionamento.

Considera-se que ela é um elemento determinante do comportamento e exerce

influência nas relações sociais de caráter individual e também comunitário.

A tecnologia é algo que pode ser copiada, tornando os produtos cada vez mais

similares, e por isso as marcas precisam imprimir seus significados em cada uma de

suas ações e canais de comunicação. Como visto anteriormente, as decisões de compra

são influenciadas por fatores culturais, sociais e psicológicos. Sendo assim, os fatores

não mudaram, mas sim, o canal e a forma como o processo ocorreram. Os consumidores

utilizam as redes sociais para obter informações e para exporem sua opinião de uma

maneira mais ágil e prática.

47

3. UM PANORAMA METODOLÓGICO DA PESQUISA

Neste capítulo é possível encontrar as referências que guiaram a pesquisa

metodologicamente. Apresenta-se aqui uma síntese das técnicas e métodos que

construíram os caminhos deste estudo, além dos conceitos que definem a pesquisa

quanto à sua abordagem, objetivos e natureza.

3.1 Quanto à abordagem

Segundo Gil (2008), a pesquisa constitui o processo formal de

desenvolvimento do método científico, que permite a obtenção de novos conhecimentos

acerca da realidade social e pode ser aplicada às mais diversas áreas das ciências

sociais.

A presente pesquisa possui uma abordagem qualitativa, pois prioriza a

qualidade dos dados, e não sua importância numérica. Minayo (2001) explica que a

representatividade da pesquisa qualitativa está na descrição dos componentes de um

sistema de significados, no âmbito das crenças, motivos, relações e valores, ou seja,

aspectos que não podem ser quantificados.

Portanto, ao tratar da relação entre marca e público, levando em consideração

os sentimentos estabelecidos entre ambos, entende-se que é mais relevante para esta

pesquisa obter informações precisas do que um grande número de respostas.

A diversidade existente entre os trabalhos qualitativos é ressaltada por Godoy

(1995) citado por Neves9 (1996), que enumera algumas características para identificar

uma pesquisa desse tipo. São elas:

1. O ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador

como instrumento fundamental;

2. O caráter descritivo;

3. O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como

preocupação do investigador;

4. O enfoque indutivo.

9 GODOY, Arilda S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. In: Revista de administração

de empresas. V.35, n. 02, Março/Abril de 1995, p. 57 – 63. Apud: NEVES, José Luis. Pesquisa

Qualitativa: características, usos e possibilidades. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v.

01, n. 03, 2º semestre de 1996.

48

3.2 Quanto aos objetivos

O principal objetivo desta pesquisa consiste em uma investigação da maneira

como as marcas têm usado as ferramentas da Internet para intensificar seu poder de se

comunicar com o público e construir uma relação de valor baseada no amor. A presente

pesquisa é de cunho descritivo e exploratório.

Ela é exploratória quando visa obter informações, conceitos, percepções e visões

acerca da situação analisada. Para Gil (2008), as pesquisas exploratórias geralmente

envolvem um levantamento bibliográfico, entrevistas e estudo de caso e não estão

focadas em desenvolver técnicas quantitativas ou procedimentos de amostragem.

E é descritiva quando tende a expor características dos consumidores, das

marcas e de suas relações. Existem pesquisas que, embora “definidas como descritivas a

partir de seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do

problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias” (GIL, 2008, p. 28).

3.3 Quanto à natureza

No que diz respeito à natureza da pesquisa, ela é uma pesquisa básica. Tem

como objetivo gerar “conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem

aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais” (SILVEIRA e

CÓRDOVA, 2009, p.34).

3.4 Quanto às técnicas usadas

Estudo de caso

Um estudo de caso é pertinente para a pesquisa quando se busca embasar um

fato espelhando-se em uma perspectiva específica, como coloca Fonseca:

O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas

revelá-lo tal como ele o percebe. O estudo de caso pode decorrer de acordo

com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o

mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática,

que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto

possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do

investigador (FONSECA, 2002, p. 33).

49

O estudo de caso desta pesquisa busca, entre outras coisas, esclarecer as

estratégias usadas pelas empresas para criar uma relação de amor com as marcas.

Portanto, essa técnica foi escolhida a fim de investigar o ponto de vista da organização.

A primeira fase consiste em buscar informações sobre o planejamento

estratégico, o plano de mídias, a história, missão, visão, valores, posicionamento e

campanhas lançadas nas redes sociais da marca. Para tanto, foram realizadas entrevistas

em profundidade com o diretor criativo e a responsável pela comunicação e marketing

da organização, ou seja, uma pesquisa qualitativa, com questões semiabertas, tendo um

roteiro como modelo a ser seguido.

Concluindo a primeira parte do estudo de caso, passa-se para o ponto onde será

averiguado se o que a organização planeja é refletido na prática. Para que isso fosse

possível, foi realizada uma Análise de Redes Sociais (ARS):

A ARS parte da determinação de uma rede social a partir do objeto do

pesquisador. Portanto, essa abordagem é preciso selecionar o objeto e a

forma de coleta de dados, antes de iniciar sua análise. Assim, um primeiro

passo é pensar como serão considerados os atores e suas conexões, ou seja, o

que será considerado uma conexão e o que será considerado um ator (ou um

nó, que também poderia ser uma instituição) e em qual medida (AMARAL,

FRAGOSO e RECUERO, 2011, p. 118).

Nesse caso, o ator é a marca Melissa nas redes sociais, tendo como base seu

perfil no Instagram10

e as vinculações criadas com o conteúdo do YouTube11

e

Facebook12

. As conexões serão os laços com o público de consumidores que agem

como seguidores da marca na Internet. Esses perfis foram escolhidos entre as oito redes

sociais usadas pela Melissa, pois possuem altos índices de seguidores e boa frequência

de postagens.

Durante a análise, levou-se em consideração o número de postagens, de

“curtidas”, tipo de conteúdo, linguagem abordada e a interação que ocorre com os

seguidores da marca em um período de 30 dias.

10

Disponível em: <www.instagram.com/melissaoficial> Acesso em 20/out/2016 11

Disponível em: < www.youtube.com/user/melissachannel> Acesso em 20/out/2016 12

Disponível em: <www.facebook.com/MelissaBrOficial> Acesso em 20/out/2016

50

Questionário semiaberto

Para o levantamento de dados pelo ponto de vista do público, foi selecionada a

técnica da entrevista por questionário semiaberto para ser realizada com consumidores

da Melissa, a fim de levantar informações acerca da criação de laços com a marca, dessa

vez sob a perspectiva do público.

As fontes são consumidores apaixonados pela marca, de faixa etária, gênero e

classe social, definidos a partir do público-alvo da empresa, que sejam clientes que

interajam de forma ativa com a marca nas suas redes sociais. Essas fontes, um grupo de

14 consumidores, foram selecionadas a partir do seu nível de interação com a marca nas

redes sociais. Foram identificados os consumidores que “curtem” e comentam

frequentemente o conteúdo postado pela marca, e, logo após, foi feito o convite para

participar da pesquisa e contribuir contando sobre sua história com a marca.

A fim de abranger o território nacional e para que não houvesse viés na pesquisa,

aqueles que não residiam no Distrito Federal (DF) responderam à pesquisa por meio do

questionário que foi enviado por e-mail. Já os que residem no DF, foram entrevistados

pessoalmente.

51

4. MÉTODOS E TÉCNICAS PARA OBTENÇÃO DE DADOS

Neste capítulo encontra-se a metodologia usada para responder o problema da

pesquisa. Utiliza-se a técnica do estudo de caso da marca Melissa permeado por

entrevistas em profundidade com gestores da organização e logo após faz-se uma

análise das práticas da marca em dois perfis de redes sociais.

4.1 Estudo de caso

Gil (2009) assinala algumas finalidades dos estudos de caso: explorar situações

da vida real cujos limites não estão claramente definidos; preservar o caráter unitário do

objeto estudado; descrever a situação do contexto em que está sendo feita uma

determinada investigação; formular hipóteses ou desenvolver teorias e explicar as

variáveis causais de determinado fenômeno em situações complexas que não permitam

o uso de levantamentos e experimentos.

O estudo de caso da presente pesquisa é ilustrado pela Melissa e apresentado sob

a perspectiva da marca, onde foram coletadas informações em bibliografia e portais

especializados em marcas e com gestores da organização. Além disso, os dados foram

embasados pelas condutas da Melissa nas redes sociais.

4.1.1 A escolha da marca: Melissa e sua trajetória

A escolha da marca Melissa para constituir o corpus do estudo se deu a partir da

elaboração de uma série de critérios que definiriam qual seria a alternativa mais

apropriada aos objetivos da presente pesquisa, e são eles:

Deve ser uma marca com forte presença nas redes sociais;

Deve ter um posicionamento que a diferencie de suas concorrentes;

Deve ser uma marca nacional e que valorize os consumidores brasileiros;

Deve ter um público alvo que se identifique e interaja com o conteúdo

disponibilizado pela marca na Internet;

Deve ser uma marca amada e admirada pelos seus consumidores.

Por atender aos cinco critérios, a marca passa a dar base ao estudo de caso e à

análise presentes nesta pesquisa.

52

Os irmãos Alexandre e Pedro Grendene, donos da empresa Grendene, que

inicialmente fabricava embalagens de plástico para garrafões de vinho, decidiram

investir em novos usos para o plástico. No início fabricavam componentes de calçados,

como o solado, o salto ou as tiras, mas em seguida decidiram por lançar no mercado

uma alternativa aos comuns sapatos feitos de couro e produzir uma sandália feita

inteiramente de plástico.

A matéria-prima é um material composto por PVC e que utiliza em sua

composição sais minerais à base de cálcio-zinco, que não agridem a saúde. Esse

material é o melhor termo moldável flexível existente no mercado e, além disso, é

facilmente reciclável contando com pouco gasto de energia na fabricação (DIAS, 2006).

Em 1979 foi lançada a primeira sandália Melissa, que teve seu modelo chamado

de “Aranha”, com design inspirado nas sandálias usadas pelos pescadores da Riviera

Francesa. O calçado obteve sucesso nas vendas e ainda é um modelo lembrado pelos

consumidores e que ganha releituras frequentemente em diversas coleções da marca,

como explica Marcondes:

Se, como registrou Peter Drucker, “a melhor maneira de prever o futuro é

criá-lo”, a Grendene tirou as cartas certas quando decidiu adotar aquelas

Fisherman francesas e lançar no Brasil a marca Melissa. A estratégia foi tão

bem-sucedida que nos primeiros 60 dias de lançamento, as vendas

alcançaram mais de 200 mil pares, apesar do pequeno número de pontos-de-

venda ativados no início da marca (MARCONDES, 2003, p.161).

Figura 4: Primeira Melissa, lançada em 1979.

Fonte: www.instagram.com/melissaoficial

53

Após seu lançamento, a Melissa cresceu e ganhou espaço não só no mercado

brasileiro de calçados, mas também internacionalmente. Desde sua criação buscou

oportunidades para se tornar uma marca diferente das outras se estabelecendo não só

como um calçado, mas como um objeto de design, feito por uma marca conectada

emocionalmente com suas consumidoras. A essência da marca consiste em aliar

experiências e momentos aos conceitos de arte, moda e design.

A marca ainda utiliza um artifício sensorial para elevar sua conexão emocional

com o público. Kadu Dias (2006) escritor do weblog Mundo das Marcas13

afirma que o

cheiro presente nos produtos da marca é feito para reativar uma memória afetiva dos

melhores momentos da vida de uma pessoa: sua infância. É um perfume que mistura as

essências de doces como chiclete e jujuba, cuja fórmula é mantida em segredo pela

Grendene.

Por entender que a Melissa possui um público muito abrangente, a marca foi se

adaptando ao longo de sua história e até o início de 2017 contava com coleções que

atendem desde um público de recém-nascidos ao público adulto. A “Mini” possui

sandálias com numerações a partir do tamanho 17 e a “Mel” calça meninas dos quatro

aos nove anos com numerações entre 26 e 33.

A marca percorreu diferentes caminhos no que tange a seus canais de

comunicação com o público. Ela foi pioneira em realizar merchandising nas

telenovelas14

brasileiras no final dos anos 1970, criou coleções em parceria com

famosos estilistas internacionais, licenciou o uso de personagens da Disney para

estampar algumas sandálias, desenvolveu campanhas televisivas e também para revistas

destinadas ao público adolescente. Mais recentemente, tem investido no uso das

ferramentas on-line e, além das lojas oficiais da marca (Clubes Melissa), construiu três

lojas-conceito intituladas Galerias Melissa.

Até o final de 2016 haviam sido construídas três Galerias Melissa: uma em São

Paulo, uma em Nova Iorque e outra em Londres. Essas lojas surgiram em 2005 sob a

ideia de criar um espaço para aproximar as pessoas (fãs ou não da marca) aos detalhes

13

Weblog especializado em conteúdo sobre marcas, marketing e branding, que recebeu o prêmio de “Top

Blog” em 2015. Disponível em: <www.mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/07/melissa-moda-em-

plstico.html >Acesso em: 05/mar/2017. 14

Em 1979 apareceu na novela Dancing Days, sendo utilizada pela personagem Júlia, interpretada por

Sônia Braga.

54

que cercam a marca: histórias, lembranças e emoções. São ambientes que têm suas

instalações modificadas sempre que chegam novas coleções. Essas lojas proporcionam

uma experiência de compra diferente de qualquer outra por expor os produtos em uma

atmosfera que une arte, arquitetura, tecnologia e as cidades que são referências nos

circuitos de moda pelo mundo.

A gerente de marketing da marca explica que as galerias têm a intenção de trazer

um conteúdo relevante para a vida das consumidoras e envolvê-las em um ambiente que

transmita a identidade e a essência da marca (SCHERER, 2015)15

.

Com as galerias, a marca tenta se aproximar cada vez mais de suas clientes,

criando uma relação com a Melissa para além do consumo, das lojas multimarcas e do

e-commerce pelo site. Para Fernando Serrudo, responsável pelo setor de Novos

Negócios da marca, as lojas-conceito possibilitam que o público viva uma experiência

360º, sinta o cheiro, a textura e a dimensão dos produtos (SERRUDO, 2015)16.

Figura 5: Fachada da Galeria São Paulo em outubro de 2011, criada pelos artistas

Christophe Hamaide-Pierson e Eli Sudbrack, que se inspiraram na coleção Power of Love.

15

Informação retirada do livro em comemoração aos dez anos da Galeria Melissa de São Paulo.

Disponível em <www.melissa.com.br/galerias/sp/10-years>. Acesso em 25/set/2016. 16

Informação retirada do livro em comemoração aos dez anos da Galeria Melissa de São Paulo.

Disponível em <www.melissa.com.br/galerias/sp/10-years>. Acesso em 25/set/2016.

55

Fonte:www.melissa.com.br/galerias/sp

Figura 6: Um dos ambientes no interior da Galeria Melissa em Londres.

Fonte:www.melissa.com.br/galerias/uk

4.1.2 Entrevistas em profundidade com gestores da marca

Quando são levadas em consideração a riqueza de informações que podem ser

obtidas e a possibilidade de ampliar o entendimento dos objetos investigados por meio

da interação entre os que compõem uma entrevista em profundidade, a mesma deve ser

apreciada e valorizada na pesquisa qualitativa (OLIVEIRA, MARTINS e

VASCONCELOS, 2012).

Duarte e Barros (2005, p. 62) definem essa técnica de coleta de informações

como um recurso que busca “com base em teorias e pressupostos definidos pelo

investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte,

selecionada por deter informações que se deseja conhecer”. Neste caso, as fontes são

dois gestores da Melissa, o diretor de criação e a gerente de marketing. As informações

buscadas estão relacionadas à gestão da marca dentro e fora do ambiente digital.

56

Os dados obtidos durante as entrevistas não são apenas colhidos, mas também

resultados de interpretação e reconstrução pelo pesquisador, onde é possível que se

estabeleça um diálogo com a realidade (DEMO, 2001).

Para a primeira entrevista estabeleceu-se como principal objetivo a busca por

informações sobre a história da Melissa, sua identidade e a maneira como a organização

enxerga as consumidoras da marca. A entrevista se dividiu em três momentos: o

primeiro deles foi destinado a traçar o perfil do entrevistado; o segundo, o da marca; e o

último, o dos consumidores. O primeiro entrevistado é Edson Matsuo, diretor de criação

da Melissa e funcionário da Grendene desde 1984.

Ele é paranaense, com formação em Arquitetura, começou sua carreira na

empresa quando foi convidado a participar de projetos que buscavam novos usos para o

plástico. Ajudou a desenvolver uma bicicleta perfumada para a Melissa, relógios,

bonecas e o primeiro chinelo Rider. Desde criança esteve ligado a atividades que

envolviam criatividade: fabricava pipas para vender, customizava carros de autorama e

desenhava caricaturas para revistas. Considera que suas maiores influências são a

cultura nipônica, jogos eletrônicos, fotografia e desenho.

O nome de “diretor” o incomoda por significar que se atribui à direção. Edson

Matsuo afirma “eu trabalho com as pessoas. A direção e o caminho resultam do quanto

as pessoas estão engajadas. Então meu papel é levar a voz das apreciadoras da Melissa

para dentro das coleções” (MATSUO, informação verbal, 2016)17

.

O entrevistado conta que o nome da marca, apesar de ter sido escolhido de forma

muito espontânea, possui um significado que está extremamente ligado ao DNA da

Melissa. Com origem grega, o nome significa “a sacerdotisa que traz o néctar da vida”.

“Para a Melissa, o néctar da vida é a felicidade, o alto astral, a leveza. Mas foi a vida

que escolheu esse nome para a marca” (MATSUO, informação verbal, 2016).

Quando questionado sobre a persona Melissa, o entrevistado afirma que ela

assume a personalidade de alguém que “está preocupada com o futuro, ela não tem

idade, é uma pessoa que sorri, aprecia a vida e aprecia cada momento como se fosse o

17

Em entrevista concedida a esta pesquisa, via videochamada por Skype, em outubro de 2016.

57

último” e ainda, “tenta levar ao mundo uma mensagem leve e otimista em que sempre

há um lado bom em tudo. A Melissa constrói com, e não, para, as pessoas”.

Para Plummer (1985), a marca possui, entre diversas dimensões, uma que é a

caracterização da marca, sua personalidade percebida pelo consumidor. De acordo com

a personalidade da marca, os consumidores acabam por decidir se a marca é apropriada

para ele ou se melhor o representa. Sendo assim, a personalidade de marca reflete uma

realidade mais rica e interessante do que aquela baseada nos atributos do produto

(AAKER, 1996).

O uso simbólico das marcas é possível porque os consumidores carregam a

marca com traços humanos de personalidade. Uma personalidade de marca consistente e

aceita pode auxiliar na construção de uma marca sólida (AAKER, 1997).

No que diz respeito à marca se posicionar diante de suas concorrentes, o

entrevistado afirma que não existe concorrência direta para a Melissa. Ele expõe que a

marca está mais voltada a “olhar ela mesma do que ficar se comparando com outras

marcas. Quando ela estiver olhando os outros, ela estará seguindo o que os outros

fazem”.

Em uma tentativa de estabelecer um público-alvo da marca, o entrevistado

revela que essa é uma tarefa difícil devido à abrangência dos consumidores da marca. A

Melissa se viu obrigada a aumentar a numeração dos calçados por conta da procura dos

produtos feita por homens. No exterior, entretanto, o público tende a ser mais adulto e

menos adolescente, ao contrário do que ocorre no Brasil.

De modo geral, a Melissa é uma marca essencialmente feminina, mas possui

cerca de 5% do público composto por homens. Ainda que a Melissa se posicione como

uma marca que não se importa com os padrões de gênero e crie produtos para todas as

pessoas, nas redes sociais da marca, o público, em sua maioria, possui entre 18 e 34

anos, pertence às classes A, B e C, e se interessa por assuntos relacionados à música,

moda e cultura pop.

“As pessoas que frequentam a galeria da Oscar Freire são diferentes das pessoas

que frequentam o Clube Melissa e a galeria de Londres” (MATSUO, informação verbal,

2016). Devido a essa amplitude do seu público, a marca encontrou nas redes sociais a

oportunidade de conectar estas pessoas em um só canal.

58

A Melissa se considera uma marca que está sempre na busca por criar laços com

suas consumidoras. Edson Matsuo declara que a marca tenta frequentemente reunir-se

com as “Melisseiras” para ouvi-las e fazer cocriações. “Elas fazem isso porque amam a

marca e não porque querem ganhar algo. Devemos respeito e consideração a elas, elas

sabem que são donas da marca. A marca não é nada sem as pessoas por trás dela”

(MATSUO, informação verbal, 2016).

Para a segunda entrevista buscou-se o foco nas informações acerca da produção

de conteúdo para as redes sociais da marca e na maneira como a Melissa usa as

ferramentas on-line para se comunicar com seu público. Esta entrevista também se

dividiu em dois momentos onde no primeiro deles dedicamos a atenção para a definição

do perfil da entrevistada, e, no segundo, fizemos um levantamento de informações

acerca do trabalho da marca realizado junto às redes sociais, dando foco às três

utilizadas na análise desta pesquisa (Facebook, Instagram e YouTube). Para tanto, foi

elaborada uma entrevista com Raquel Scherer, gerente de marketing da marca.

Com graduação em moda e especialização em marketing, Raquel Scherer iniciou

sua carreira na empresa em meados de 2002, como estagiária no departamento de

Marketing e Produto, quando a Melissa passava por um processo de reposicionamento,

onde o principal objetivo da Grendene era transformá-la em uma marca de referência de

moda.

Esse mesmo departamento, até o início de 2017, contava com doze funcionários

na área de comunicação e dez na área de produtos. Este é o departamento responsável

por toda a comunicação elaborada para os clubes e as galerias Melissa, o planejamento

de mídias, planejamento de coleção e mix de produto.

De acordo com a entrevistada, a Melissa foi uma das primeiras marcas do país a

investir em comércio eletrônico e nas redes sociais:

Nós sempre acompanhamos o surgimento de novas redes sociais e tentamos

estar o mais atualizados possível com as novidades da tecnologia já que nós

sempre tivemos uma resposta muito positiva por parte das fãs. O digital

acaba sendo hoje o principal ponto de contato entre a marca e as

consumidoras (SCHERER, informação verbal, 2017).18

18

Em entrevista concedida a esta pesquisa, via videochamada por Skype, em fevereiro de 2017.

59

Quando questionada sobre o processo de transição da comunicação off-line para a on-

line a entrevistada afirma que

o que mais muda na forma como a gente se relaciona com o público nas redes

sociais é deixar de ser uma marca que simplesmente só passa a informação

para ser um gerador de conversa. Esse é o ponto mais importante para

qualquer estratégia on-line que nós venhamos a ter. Além disso, as redes

sociais exigem que a marca seja muito rápida na forma de agir, responder e

tratar de assuntos relevantes para o nosso público naquele momento

(SCHERER, informação verbal, 2017).

Um dos desafios para o departamento de Marketing da empresa é a variedade de

canais digitais utilizados pela marca, que acaba exigindo também uma adaptação do

conteúdo produzido para cada um deles.

Raquel Scherer (2017) afirma que no Twitter o conteúdo é mais voltado para um

serviço de atendimento ao público, enquanto isso, o Facebook se tornou uma ferramenta

mais comercial por conta das mudanças no seu sistema, mas, ainda assim, o

investimento financeiro para essa rede é baixo. Já no Instagram, a marca busca valorizar

os conteúdos imagéticos e manter um feed sempre atrativo e bonito, o YouTube é a rede

usada para armazenar na íntegra todo o conteúdo audiovisual produzido pela marca, e

quando o conteúdo é mais denso e com textos longos, a marca dá preferência para o

website.

O ponto crítico que direciona o que é produzido para os canais de comunicação

da Melissa é a coleção lançada semestralmente:

Cada coleção lançada possui um tema central que permeia todas as ações de

comunicação, on-line ou off-line, mas cada rede tem uma função e um

consumidor diferente e por isso nós acabamos adaptando o conteúdo para

cada uma. O Facebook e o Instagram são nossas principais ferramentas hoje,

mas nós trabalhamos buscando o que cada ferramenta consegue nos

proporcionar de melhor, qual é o propósito de cada uma e, dentro disso, nós

adaptamos nosso conteúdo (SCHERER, informação verbal, 2017).

Para finalizar a entrevista, Raquel Scherer, comenta o porquê de acreditar que a

Melissa tenha se tornado uma marca amada por suas consumidoras: “Principalmente

pela proximidade que a gente sempre teve com as consumidoras, pela verdade que a

gente busca passar nas nossas ações e o valor que damos às fãs da marca” (SCHERER,

informação verbal, 2017).

É possível inferir de ambas as entrevistas que os pilares da marca (moda, design

e arte) estão presentes nas suas ações de comunicação, direcionando o tipo de conteúdo

produzido para o público. Além disso, é perceptível o valor dado às fãs da marca, uma

60

vez que os entrevistados afirmam que trabalham para as pessoas e com as pessoas que

cercam a marca. A Melissa se esforça para criar uma marca colaborativa, que tenha um

trabalho direto com o público e isso volta para a empresa na forma de engajamento e

amor à marca. Essa é uma cultura que foi sendo estimulada durante a história da

Melissa.

4.2 As práticas da marca no ambiente digital

A fim de identificar se o que a marca propõe em seu discurso condiz com o que

é praticado por ela no meio digital, se estabeleceu uma série de parâmetros para o

levantamento de dados na presente análise. O primeiro deles é estabelecer uma

delimitação de tempo e espaço para a coleta. Foram analisados conteúdos postados em

um período de trinta dias em três perfis de redes sociais utilizados pela marca.

A Melissa possui contas ativas em oito redes sociais, sendo elas: Facebook,

Instagram, Snapchat, Twitter, YouTube, Pinterest, Tumblr e Google+. Para comporem

esta análise foram selecionados os perfis do Facebook e Instagram, por terem um alto

índice de seguidores e serem os mais úteis para a marca, e no YouTube por possibilitar

a postagem de conteúdos diferentes de fotos, que prevalece nas outras redes sociais.

Além disso, ambas as redes sociais citadas aqui estão entre as preferidas dos brasileiros.

Uma pesquisa19

realizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência

da República (Secom) aponta, entre outros dados, as redes sociais mais usadas pelos

brasileiros. Entre as redes citadas pelos entrevistados estão o Facebook (83%), o

Whatsapp (58%), o YouTube (17%), o Instagram (12%), o Google+ (8%) e o Twitter

que foi mencionado por 5% dos entrevistados.

De acordo com Amaral, Fragoso e Recuero (2011), quando o objeto da análise é

definido como uma rede social, pertencendo ou não ao ambiente digital, é necessária a

determinação dos atores (ou nós) e das conexões. Um ator em uma rede social pode ser

um indivíduo, uma instituição ou um grupo. No caso desta pesquisa, os atores que

pertencem à análise são a marca Melissa e o conjunto de significados ligados a ela e o

conjunto de pessoas que interagem com ela, representados aqui por seus perfis nas redes

19

Pesquisa Brasileira de Mídias 2015 – Secom: Encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da

Presidência da República (SECOM) para compreender como o brasileiro se informa, a PBM 2015 foi

realizada pelo IBOPE com mais de 18 mil entrevistas.

61

sociais citadas. Já as conexões (ou arestas) podem ser conexões formais, informais,

interações, relações ou laços sociais. Elas são traduzidas aqui como a relação de amor

que a marca cria com o público e suas diversas maneiras de manifestação desse laço que

aparecem nas redes sociais on-line no formato de comentários, compartilhamentos e

“curtidas”.

O principal objetivo desta análise é identificar como a marca se relaciona com

seu público por meio das redes sociais. Para tanto, buscou-se dados quantitativos,

referentes à frequência de postagem e alcance das publicações (número de curtidas ou

visualizações), e também qualitativos, quando analisados os tipos de conteúdo,

linguagem e resposta do público.

4.2.1 Análise I: Instagram

O Instagram foi uma rede social criada em 2010, que abriga postagens com

imagens e vídeos, onde é obrigatório um cadastro para ter acesso aos perfis dessa rede.

Apesar de poder ser acessado pela Web, é necessário um aparelho de celular

smartphone para criar uma conta gratuita. Com o cadastro realizado, o usuário tem a

possibilidade de visualizar os conteúdos pelo computador, mas a interação com o

mesmo se torna limitado, uma vez que não é possível a utilização de todas as

ferramentas disponíveis no aplicativo. Utilizando essa rede é possível compartilhar o

mesmo conteúdo com o Facebook, Twitter, Tumblr e Flickr.

O perfil da Melissa, até novembro de 2016, contava com 4.102 publicações e

somava mais de um milhão e meio de seguidores. A análise delimitou-se à observação

do conteúdo postado no perfil entre os dias 20/09/2016 e 20/10/2016, o que significa um

total de cinquenta fotos e vídeos, os quais estão listados na tabela a seguir.

62

Tabela 1 – Lista das postagens no perfil do Instagram da Melissa

entre 20 de setembro e 20 de outubro de 2016

Data da

postagem Legenda

Número de

curtidas20

Conteúdo

20/09

Combinamos tradição

britânica com o nosso clima

fun e plastic pra nova collab

com a @camsatchelco

15.992 Vídeo – lançamento de

produto em colaboração

20/09

Nossas Insta followers

compram primeiro a

Melissa + @camsatchelco

holográfica. Exclusivo pelo

link na bio até o dia 23.09

15.502 Vídeo – lançamento de

produto em colaboração

20/09

Lovin’ it? A nossa collab c/

a @camsatchelco você

encontra na loja online. Em

cor holográfica exclusiva

pelo link na bio até 23.09

24.495 Vídeo – lançamento de

produto em colaboração

21/09 100% Real Plastic. 9.472 Vídeo – campanha 100%

Real Plastic

21/09

Encontrou a imagem da

vaquinha em sua Melissa?

Quer dizer que ela não traz

materiais de origem animal.

21.272 Vídeo – campanha 100%

Real Plastic

Continua na próxima página.

20

Visualizações contabilizadas até 30 de outubro de 2016.

63

Tabela 1 – Lista das postagens no perfil do Instagram da Melissa

entre 20 de setembro e 20 de outubro de 2016

Data da

postagem Legenda

Número de

curtidas Conteúdo

21/09 100% Real plastic. Só amor

e carinho na sua Melissa. 10.645

Vídeo – campanha 100%

Real Plastic

22/09

Pop feelings

#MelissaJeremyScott Já na

loja online

2.951 Foto – lançamento de

produto

22/09 @mileycirus com Melissa

by Jeremy Scott 3.862

Foto – MileyCirus

usando Melissa

22/09

Melissa + Jeremy Scott:

diversão, cor e plástico

#MelissaJeremyScott já na

loja online

7.479 Foto – produto

22/09 Clássico meetsedgy

#clubemelissa 5.411 Foto – produto

22/09 Mashin’upno #clubemelissa 3.240 Foto – produto

22/09 De alma 90’s 5.710 Foto – produto

23/09

A dama do punk reinventa

esse ícone para a Melissa

#melissaVWanglomania

28.039 Vídeo – produto

23/09 30 anos da rocking horse

ballerina 54.351 Vídeo – produto

23/09 De cara e cor nova. Já na

loja online 34.045 Vídeo – produto

64

Tabela 1 – Lista das postagens no perfil do Instagram da Melissa

entre 20 de setembro e 20 de outubro de 2016

Data da

postagem Legenda

Número de

curtidas Conteúdo

27/09 Diluindo certezas e crenças,

Mashup #MelissaMashup 1.543 Foto

27/09

Diferentes décadas criando

sobreposições

#MelissaMashup

17.903

Vídeo – lançamento de

coleção

27/09 Nossa coleção S/S ‘16/17 4.806 Foto – produto

28/09

What’s new? A nossa Beach

Slide agora vai até 44

#MelissaMashup

#MelissaBeachSlide

9.744 Vídeo

28/09 Para boys & girls. Já na loja

online #melissabeachslide 127.959 Vídeo – produto

28/09

Beach Slide. Total comfy

pro verão. Agora até o 44

#MelissaBeachSlide

2.454 Foto – colaborativa

29/09

Durante três meses vamos

desvendar a cena artística de

SP #MelissaMeioFio

13.225 Vídeo – lançamento do

projeto Melissa Meio-fio

29/09

Melissa Meio-fio revela os

olhares de 18 criadores que

vivem a cidade

#MelissaMeioFio

11.511 Vídeo – lançamento do

projeto Melissa Meio-fio

Continua na próxima página.

65

Tabela 1 – Lista das postagens no perfil do Instagram da Melissa

entre 20 de setembro e 20 de outubro de 2016

Data da

postagem Legenda

Número de

curtidas Conteúdo

29/09

Vem decobrir o cenário

criativo de São Paulo.

Meiofio.cc

#MelissaMeioFio

16.194 Vídeo – lançamento do

projeto Melissa Meio-fio

30/09

Melissas no rolê

#MelissaPlasticLovers

@lualmeiida

5.239 Foto – colaborativa

30/09

Quer aparecer em

melissa.com.br?

#MelissaPlasticLovers

14.190 Foto – produto

30/09

#MelissaPlasticLovers e

compartilhe suas pics

@lapaellen

6.921 Foto – Colaborativa

05/10 Pop+Plastic. Melissa +

@itsjeremyscott 28.212

Vídeo – lançamento de

coleção

05/10 Superfun

#MelissaJeremyScott 21.249

Vídeo – lançamento de

coleção

05/10

Melissas prontas para

ganhar o ar e a água. Na loja

online

75.145 Vídeo – lançamento de

coleção

07/10

E se a sua Melissa favorita

voltasse?

#MelissaMemories

79.181 Vídeo – campanha

Melissa Memories

Continua na próxima página.

66

Tabela 1 – Lista das postagens no perfil do Instagram da Melissa

entre 20 de setembro e 20 de outubro de 2016

Data da

postagem Legenda

Número de

curtidas Conteúdo

07/10

A aranha quadrada voltou.

Em breve, você vai poder

escolher a sua

#MelissaMemories

5.363 Foto – colaborativa

07/10

Um comeback pra marcar

nossa história. Melissa

aranha quadrada na loja

online

16.032 Foto – produto

08/10

O lançamento mais fofo do

ano já começou na Galeria

Melissa

#MiniMelissaFabula

3.836 Foto – produto

08/10 Dia lindo + Melissa +

Fabula 6.577 Foto – produto

08/10 MiniMelissa Mia super

aprovada pelo Derek! 7.963 Foto – colaborativa

08/10

O Buzz e a Pri também

entraram na onda!!!

Amamos

#minimelissafabula

4.584 Foto – colaborativa

11/10 Pra mini fãs

#MelissaPlasticLovers 5.203 Foto – colaborativa

11/10

#MelissaplasticLovers e

compartilhe suas pics com a

gente

9.216 Foto – colaborativa

Continua na próxima página.

67

Tabela 1 – Lista das postagens no perfil do Instagram da Melissa

entre 20 de setembro e 20 de outubro de 2016

Data da

postagem Legenda

Número de

curtidas Conteúdo

13/10

Sportech leva o sportchic

para outro nível

#MelissaMashup

3.197 Foto – produto

13/10 Fierce. Mas sem pretensão 2.858 Foto – produto

13/10 High

&Low#MelissaMashup 4.429 Foto – produto

14/10 Conceito antigos caem por

terra 6.448 Foto – produto

14/10

#MelissaMashup Nossa

coleção S/S ‘16/17 está na

loja. Link na bio

4.694 Foto – produto

14/10 Hippie, punk, grunge. E se

misturar tudo? 16.617 Foto – produto

17/10 Design vintagecom um

toque da Melissa 19.521 Vídeo – produto

17/10

Pronta pro rolê. Agora com

nova cartela de cores nos

Clubes e na loja virtual

15.119 Vídeo – produto

17/10

Melissa + @camsatchelco.

Já nos clubes e na loja

virtual

11.227 Vídeo – produto

Continua na próxima página.

68

Tabela 1 – Lista das postagens no perfil do Instagram da Melissa

entre 20 de setembro e 20 de outubro de 2016

Data da

postagem Legenda

Número de

curtidas21

Conteúdo

20/10

O Melissa Memories vai

trazer de volta um de

nossos modelos clássicos.

E a escolha é sua. Vote até

o dia 27 pelo link na bio

4.217 Foto – campanha

Melissa Memories

20/10

Pode voltar ainda mais

trendy. Vote na sua

Melissa favorita pelo link

na bio #MelissaMemories

6.236 Foto – produto

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Apesar do total de cinquenta postagens no período de trinta dias, o que resulta

em uma média de mais de uma postagem por dia, não há uma frequência bem definida

nas publicações. Como pode-se observar, existem ocorrências de até seis postagem no

mesmo dia. Por exemplo, em 22 de setembro, o número total de “curtidas” foi de 28

mil, mas, ao mesmo tempo, a marca chegou a ficar até quatro dias sem publicar

conteúdo por cinco vezes durante o período da análise.

O conteúdo do perfil refere-se principalmente aos produtos da marca, muito

provavelmente por se tratar de uma rede social que prioriza conteúdos visuais. Fotos e

vídeos de sapatos e bolsas, divulgação dos projetos apoiados pela marca, campanhas

publicitárias e mensagens que convidam os seguidores a utilizarem a loja virtual

compõem a maior parte do que é postado pela marca.

Apesar disso, há uma participação dos seguidores com conteúdo colaborativo em

que é possível que fotos das consumidoras apareçam no perfil. Por meio da hashtag

“#MelissaPlasticLovers” a marca faz um convite para a participação das usuárias da

rede onde elas podem enviar suas próprias fotos utilizando produtos Melissa para

21

Contabilizadas até 20 de outubro de 2016.

69

fazerem parte das publicações e isso acaba por aumentar a interação da marca com os

clientes.

Nota-se que em alguns momentos as postagens são repetitivas, e quanto menor é

o espaço de tempo entre um post e outro referente ao mesmo assunto, maior é a queda

do número de “curtidas” no decorrer das publicações. Conclui-se então que para obter o

apoio da audiência nessa rede social, é necessário que haja diversidade nos temas do

que a marca escolhe publicar.

Ainda que a Melissa possua uma representatividade no mercado internacional,

no que diz respeito aos perfis em redes sociais, a marca opta por ter duas contas com

idiomas distintos, uma delas em inglês, mesmo que o público desta seja visivelmente

menor. Ainda assim, é comum que a marca utilize, por diversas vezes, palavras e

expressões em inglês nas legendas das postagens. Palavras como “love, plastic, fun,

boys e girls” são usadas com maior frequência e este tipo de linguagem tende a ocorrer

devido ao público da marca nas redes sociais ser, em sua maioria, jovem.

A linguagem usada é direta e informal, podendo ter a ocorrência de gírias em

alguns textos. Esse é um ato comum em redes sociais e acaba fazendo o público se

sentir mais íntimo da marca, uma vez que a comunicação se torna mais pessoal. É

possível analisar, pelos comentários das fotos, que existe um público além do brasileiro

que segue o perfil e interage com ele.

Os comentários presentes nas postagens, muitas vezes, são referentes a dúvidas e

reclamações. Estes recebem alguma atenção da marca, que costuma indicar qual é o

melhor canal para sanar dúvidas ou resolver problemas com compras pela loja on-line.

A resposta realizada pelo Instagram acontece de forma simples, onde o seguidor recebe

uma notificação em seu perfil quando seu comentário foi respondido e ele fica postado

de forma pública podendo servir também para prestar informações aos demais

seguidores.

Além disso, há também um grande número de comentários positivos nos quais

os seguidores fazem elogios aos produtos e expressam seu carinho pela Melissa. Neste

tipo de comentário não é comum aparecer respostas por parte da marca, como é possível

perceber na figura 6.

70

Figura 7: Comentários referentes à foto postada no Instagram da marca em 14 de outubro de 2016.

Fonte:www.instagram.com/melissaoficial

Com essa análise, foi possível notar que a interação entre os seguidores e a

marca é positiva, constante e mútua. A Melissa tem a preferência por usar o Instagram

para publicações principalmente relacionadas aos produtos da marca. Dá destaque para

lançamentos de coleções, promoções e colaborações. Levando em consideração o

número de “curtidas” nas fotos e vídeos, é relevante ressaltar que o público da Melissa

consegue expressar sua preferência por determinados conteúdos e isso acaba

contribuindo com o planejamento que a marca faz para as mídias on-line.

4.2.2 Análise II: interação com YouTube e Facebook

Os canais digitais são os maiores responsáveis pela comunicação que a Melissa

estabelece até o atual momento com suas consumidoras. Por estar presente em diversos

perfis de redes sociais muito diferentes, a marca acaba por receber uma demanda grande

de interação e precisa estar em constante processo de produção de conteúdo. Além da

análise feita no Instagram, optou-se por buscar um vínculo que ocorre entre outras redes

71

sociais, estendendo a análise para mais dois perfis da marca, desta vez no Facebook, a

maior rede social em todo o mundo, e no YouTube, o maior hospedeiro de conteúdo

audiovisual da Internet.

O YouTube é uma rede social de conteúdo exclusivamente audiovisual, criado

em 2005, onde não é obrigatório um cadastro para ter acesso aos vídeos postados.

Apesar disso, essa rede oferece ferramentas adicionais para pessoas cadastradas

alcançarem uma maior interação com o conteúdo disponível no site, como a

possibilidade de publicar comentários nos vídeos, adicionar como favorito e inscrever-

se nos canais para receber notificações sobre novos vídeos. Portanto, os vídeos dessa

rede estão disponíveis para o público que possui acesso à Internet, dependendo apenas

de um dispositivo (computador, tablet ou smartphone) para permitir a visualização.

O canal da Melissa no YouTube foi criado em julho de 2013 e, até novembro de

2016, contava com 156 vídeos e somava mais de um milhão de visualizações ao todo.

No espaço reservado às informações do YouTube, a marca usa o seguinte texto para

descrever o canal: “Onde você encontra todos os vídeos da marca brasileira de calçados

que usa o plástico como matéria-prima.”

A análise delimitou-se à observação dos vídeos postados no Instagram, que, por

não suportar vídeos de mais de 60 segundos, são indexados na íntegra no canal do

YouTube. Dentre o conteúdo que consta no Instagram durante o período da análise,

existem 22 postagens no formato audiovisual que passaram por uma edição e foram

repartidos em vídeos fragmentados e postados sem áudio. Entre esses vídeos, três deles

encontram-se na íntegra no canal do YouTube, os quais estão listados na tabela da

próxima página.

72

Tabela 2 – Lista de vídeos postados no canal do YouTube e posteriormente no

Instagram

Data da

postagem Título do vídeo

Número de

visualizações22

Conteúdo

08/08 Fashion FilmMashup 140.830 Lançamento da coleção

primavera/verão 2017

13/09 Melissa Meio-Fio 5.807 Lançamento do projeto

Melissa Meio-fio

19/09 100% RealPlastic 5.752

Lançamento da campanha

do selo sustentável ‘100%

realplastic’

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

De forma geral, é possível observar que a marca utiliza esse canal de

comunicação para divulgar projetos e campanhas que não estão diretamente ligados

somente aos produtos da marca, mas, sim, ao que ela considera fazerem parte do seu

posicionamento. Entre os vídeos analisados, dois dizem respeito ao lançamento de

campanhas da marca e o outro se refere a um projeto organizado e apoiado pela Melissa

a fim de dar visibilidade à diversidade cultural e criativa presente entre os moradores de

São Paulo. O conteúdo do canal é postado sem uma periodicidade específica, mas há

uma média de um vídeo por semana. A extensão dos vídeos analisados varia entre 59

segundos e 2 minutos e 42 segundos.

O primeiro deles é relacionado ao lançamento da coleção para a temporada de

primaverão/verão de 2017 intitulada “Mashup”. A campanha foi filmada em Nova

Iorque, cidade que é referência no cenário mundial de moda e arte, e que abriga umas

das lojas-conceito da marca. No vídeo, evidencia-se o colorido presente nas sandálias.

Imagens dos pontos turísticos e do metrô da cidade são recorrentes durante o vídeo.

O segundo vídeo apresenta o projeto Melissa Meio-fio, onde é possível ver

como será o projeto e quais pessoas irão participar dele. Esse projeto reúne nove artistas

de São Paulo para mostrar suas criações referentes à moda e à arte. O projeto é

considerado pela marca como inclusivo, pois abrange pessoas de diversos gêneros e

22

Visualizações contabilizadas até 04 de março de 2017.

73

classes sociais. O vídeo traz depoimentos das pessoas que foram responsáveis por

selecionar quem seriam os artistas do projeto, que recebeu esse nome devido à

característica urbana da cidade de São Paulo. Esse conteúdo não possui texto de

descrição criado pela marca, mas recebeu três comentários positivos em que usuárias

parabenizam a marca pela iniciativa.

O terceiro vídeo é uma campanha da Melissa intitulada “100% real plastic”

para divulgar uma espécie de selo que passa a aparecer nas solas dos calçados. O selo

tem o formato da cabeça de uma vaca para significar que aquele sapato é feito

inteiramente de plástico, e, portanto, não usou componentes de origem animal. No vídeo

observa-se um televisor que mostra imagens de vacas dançando e cantando uma música

em inglês23

, enquanto jovens participam de uma festa acompanhando a música. Os

textos “Melissa is 100% real plastic” e “Melissa is 100% real love” aparecem no

decorrer do vídeo. Pode-se observar oito comentários de usuárias, sendo sete positivos e

um negativo. Entre os positivos estão o uso da hashtag #govegan, demonstrações de

amor à marca e elogios para campanha. O comentário negativo traz a seguinte crítica:

“Do que adianta se o dono da Melissa é pecuarista?”.

A linguagem é, assim como nos outros canais de comunicação on-line da

marca, informal e carregada de expressões em inglês. Os comentários dos vídeos são,

em sua maioria, positivos, mas nenhum deles obtém respostas por parte da marca.

Entende-se, com essa análise, que a marca utiliza o YouTube para a divulgação

dos seus conteúdos audiovisuais de maneira geral, o que inclui vídeos sobre os

produtos, campanhas publicitárias e os projetos organizados pela Melissa. Apesar de o

conteúdo ter uma reposta positiva do público, baseada em visualizações e comentários,

esse canal é, entre as redes sociais da marca, o que possui um dos índices mais baixos

de seguidores, visualizações, interação e resposta. Apesar de a marca compartilhar o

mesmo conteúdo em duas redes sociais diferentes, quando o vídeo é postado no

Instagram, a marca não faz referência ao vídeo postado no YouTube.

Este cenário difere um pouco do que é visto no Facebook da marca. Essa é a

maior rede social do mundo, lançada em 2004, já conta com mais de 1 bilhão de

23

I only give you love/ But you hurt me all the time/ Don’t hurt me/ Don’t hurt me love.Tradução livre da

autora: “Eu só lhe dou amor/ Mas você me machuca o tempo todo/ Não me machuque/ Não me

machuque, amor.”

74

usuários cadastrados, que necessitam apenas se declarar com mais de 13 anos de idade

para gerar um perfil. É, entre os canais usados pela Melissa, a rede mais democrática no

que diz respeito ao tipo de conteúdo aceito na fanpage, podendo este ser imagético,

audiovisual ou textual. A página da marca contava, até fevereiro de 2017, com mais de

cinco milhões de “curtidas” e cerca de quatro mil postagens. A frequência de postagens

é maior nessa rede, que, apesar de também não ter regularidade, soma um total de 67

posts durante trinta dias.

Pela forma como as marcas se apropriaram do Facebook para torná-lo um canal

de comunicação, seus desenvolvedores modificaram suas ferramentas para promover o

aumento do investimento das marcas com suas páginas e gerar mais lucro para a rede

social. O resultado disso foi uma transformação da rede em algo comercial e que exige

certo orçamento para funcionar de forma plena.

Apesar desse fator, a Melissa obtém um alcance orgânico (não pago) alto, que

pode ser avaliado por meio dos sistemas de métricas da própria rede, tendo na fanpage

dessa rede o maior aglomerado de fãs da marca entre todos seus canais digitais. Por

conta disso, as postagens do Instagram ou Youtube que se repetem no Facebook,

possuem, em sua maioria, maiores números de “curtidas”, comentários e

compartilhamentos.

Entre as 50 postagens averiguadas na análise do Instagram, três delas se

repetem no Facebook, dessa vez com um alcance maior, legendas e datas diferentes. A

comparação pode ser vista a seguir, na Tabela 3. Já em relação aos vídeos, a repetição

ocorre tanto no canal do YouTube quanto no Facebook, e, apesar de serem postados no

mesmo momento, recebem maior destaque no Facebook, fato que pode ser observado na

Tabela 4.

O panorama geral de todo o conteúdo analisado no Instagram, com destaque

para aqueles compartilhados também no Facebook e YouTube, pode ser encontrado nos

Apêndices A, B e C.

75

Tabela 3 – Lista de conteúdo em comum postado no Facebook e

Instagram durante o período entre 20 de setembro e 20 de outubro.

Postagem Rede

Social Data Título/legenda

Curtidas e

Comentários

Conteúdo

colaborativo

Instagram 11/10 #MelissaplasticLovers e compartilhe

suas pics com a gente

9.216

curtidas

37

comentários

Facebook 12/10

Fofura da cabeça aos pés. Use

#MelissaPlasticLovers e compartilhe

sua foto com a gente

1.700

curtidas

11

comentários

Lançamento

da bolsa em

parceria

com uma

marca

inglesa

Instagram

(vídeo)

17/10

Pronta pro rolê. Agora com nova

cartela de cores nos Clubes e na loja

virtual

15.119

visualizações

55

comentários

Facebook

(foto)

18/10

Melissa + Cambridge SatchelCo.

Agora com novas cores na

loja http://bit.ly/CambridgeSatchelCo

4.100

curtidas

93

comentários

Lançamento

da

campanha

Melissa

Memories

Instagram 20/10

O Melissa Memories vai trazer de

volta um de nossos modelos

clássicos. E a escolha é sua. Vote até

o dia 27 pelo link na bio

4.217

curtidas

228

comentários

Facebook 20/10

De qual Melissa você sente saudade?

O Melissa Memories vai trazer de

volta um de nossos modelos

clássicos. E a escolha é sua. Vote até

o dia 27 na sua Melissa favorita

http://bit.ly/MelissaMemories2

29 mil

curtidas

4.700

comentários

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

76

Tabela 4 – Lista de conteúdo em comum postado no Facebook e Youtube

durante o período entre 20 de setembro e 20 de outubro.

Postagem Rede Social Data Título/legenda

Visualizações e

comentários

Lançamento

da coleção

Mashup

YouTube 08/08 Fashion FilmMashup

140.830 visualizações

1 comentário

Facebook 08/08

Melissa Mashup é

mistura de ritmos,

referências e estilos

452.000 visualizações

103 comentários

Projeto

Melissa

Meio-fio

YouTube 13/09 Melissa Meio-fio

5.807 visualizações

3 comentários

Facebook 13/09 Melissa Meio-fio

16.000 visualizações

7 comentários

Campanha

do selo

sustentável

YouTube 19/09 100% Real Plastic

5.752 visualizações

8 comentários

Facebook 19/09 100% Real Plastic

1,9 milhões de

visualizações

1.900 comentários

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

77

4.3 O amor à marca pela ótica de “Melisseiras/os”

Para que a metodologia abrigasse também a perspectiva dos consumidores da

marca, foram coletados dados qualitativos de quatorze clientes da Melissa que aceitaram

participar da pesquisa, cujo principal objetivo foi o de identificar a resposta dos

consumidores para as práticas da marca na Internet. O questionário, que pode ser visto

no Apêndice “D”, foi composto por doze questões - sendo seis delas, questões abertas,

nas quais o entrevistado tinha a possibilidade de compor a resposta da maneira como

preferisse.

Os consumidores que participaram da pesquisa receberam o convite após terem

sido identificados como fãs da marca por meio de seus perfis em diferentes redes

sociais. Os entrevistados são homens e mulheres que se consideram apaixonados pela

marca e usuários frequentes de redes sociais, entre a faixa etária de 18 e 37 anos,

residentes nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Goiás, Ceará,

Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Foram, ao todo, quatorze questionários

respondidos, sendo que 3 dos participantes são homens e as outras 11 são mulheres. A

maioria das pessoas que responderam ao questionário pertencem a faixa etária entre 18

e 26 anos. Uma síntese com as respostas apenas às perguntas abertas pode ser

encontrada no Apêndice “F”.

Dentre todas as perguntas, a única a ter recebido uma resposta unânime de

todos os participantes foi a que questionava se a Melissa é uma marca ativa nas redes

sociais. Os quatorze consumidores optaram pelo “sim”, e, por isso, pode-se considerar

que a frequência de postagens da marca agrada aos entrevistados.

Outra questão em que praticamente todos os participantes concordaram foi o

local, ou ferramenta, usada para se obter informações sobre marcas e produtos. A

Internet foi a escolha deles, com seus sites, blogs e redes sociais servindo para o

compartilhamento destas informações, seguido pela consulta à opinião de amigos e

familiares.

Como já foi mostrado na presente pesquisa, a Melissa é uma marca que investe

no ambiente digital, tendo ativas contas em oito redes sociais. Entretanto, pelo que se

viu com o questionário aplicado, nem todas estão sendo acessadas pelos consumidores

com certa frequência. Entre as redes sociais utilizadas pela marca, as preferidas dos

78

entrevistados são respectivamente: Instagram, Facebook, Youtube, Snapchat, e

empatados, Pinterest e Google+. O Twitter e o Tumblr não foram citados por nenhum

deles.

A primeira questão aberta do questionário é referente à história de cada

consumidor com a marca em que foi pedido que comentassem sobre sua primeira

experiência com a Melissa. Os consumidores masculinos contam que se tornaram

clientes há cerca de dois anos, período em que a marca lançou seu primeiro modelo de

sandália sem gênero e com numeração maior que o habitual. As demais consumidoras

relatam suas histórias com a marca e afirmam que mesmo antes de comprarem o

primeiro par, algumas delas já se consideravam melisseiras apenas por uma questão de

identificação. A maioria das entrevistadas citou a mãe no seu relato, afirmando que a

primeira experiência com a marca ocorreu ainda na infância. Três delas comentaram

sobre sua coleção de sandálias, em quantidades que vão desde os 37 até os 124 pares.

Apesar de cada entrevistado ter sua relação única com a marca, um fato em comum

ocorre em todas as histórias: são conexões antigas, mas que não se perderam na

memória dos consumidores.

Quando questionados sobre a razão de a Melissa ser uma marca especial para

cada um e o que a torna uma marca diferente, novamente houve um cenário de

similaridade nas respostas. O cheiro de chiclete característico dos produtos foi o item

que mais se repetiu. Além disso, os entrevistados admitem que os modelos das

sandálias, o design original, que muitas vezes incomodam consumidores de outras

marcas, são um fator importante na hora da compra. Muitos deles acreditam que as

cores, os significados envolvidos , o universo lúdico criado em torno dela e as

colaborações promovidas pela marca também são importantes para o destaque no

mercado. Já as questões da luta feminista, a forma como a marca interage com as

melisseiras e as amizades que foram criadas nesse meio, foram os principais pontos

citados pelos entrevistados para que a Melissa se tornasse especial para eles e ativasse

uma memória afetiva em suas mentes.

O valor da marca e a força da Melissa como lovemark pode ser notada nas

respostas das melisseiras, quando indagadas se deixariam de consumir Melissa para

comprar um produto semelhante de outra marca com preço mais acessível. Enquanto os

homens declararam que poderiam fazer essa troca levando em consideração alguns

79

fatores como a qualidade da concorrente, as mulheres responderam que não trocariam.

Usando termos como “jamais” ou “nunca” as melisseiras afirmaram não trocar a

Melissa por uma marca concorrente citando suas histórias e o vínculo emocional com a

marca. Destacam-se as falas: “devido à qualidade dos produtos da Melissa, e do que a

marca prega, uma ideologia que me agrada e na qual eu concordo” e também “porque

não tem o valor sentimental que a Melissa tem para mim”, são alguns dos motivos pelos

quais a troca de uma marca por outra não aconteceria.

Houve dois polos distintos nas respostas, no que se refere à forma de interação

da marca na Internet. Mesmo que presente em oito redes sociais, o Instagram é o único

destacado pelos entrevistados pela beleza visual do conteúdo. O site também recebeu

elogios pelo seu formato diferenciado. Além disso, alguns dos entrevistados se dizem

satisfeitos com a gestão da marca na Internet, com o tipo de conteúdo postado e com a

interação dela com influenciadores digitais. Quanto às mensagens respondidas pela

marca, destacam-se aquelas enviadas de forma direta e privada, que costumam ser

respondidas em menos de 24 horas.

Entretanto, houve diversas ocorrências de comentários negativos sobre esse

tópico, entre eles: “Não chega a realmente aproximar o público, uma vez que

geralmente as respostas são genéricas/robóticas, mas sem dúvida causam nos clientes

uma sensação gostosa de ser notado”; “Apesar de algumas vezes não ter sido

respondida, eles são presentes e atentos com a maioria”; “O respeito e a inclusão de

pessoas de todo tipo, até de homens é legal, mas a Melissa ainda precisa ter mais

atenção com o público masculino e suas reclamações”.

Trazendo a relevância do conteúdo postado pela marca nas redes sociais ao

debate, os entrevistados foram questionados sobre a frequência com a qual eles

interagiam com a Melissa de forma on-line e também sobre seus conteúdos favoritos.

Por mais que a marca tenha investido em produção audiovisual, aplicativos para

smartphone e projetos sociais que levavam o nome da Melissa e eram divulgados em

suas redes, nenhum desses pontos foi lembrado e citado pelos consumidores.

Inversamente a esse cenário, houve comentários em praticamente todas as

respostas sobre a hashtag usada para postagens das clientes usando os produtos

(#melissaplasticlovers). Os consumidores assumiram gostar bastante dessa oportunidade

de aparecer nas redes sociais da marca e disseram usá-la como inspiração. Imagens e

80

vídeos dos produtos e os lançamentos de novas coleções também são conteúdos que

interessam às melisseiras e melisseiros.

Para finalizar a pesquisa, os participantes foram questionados sobre a maneira

como cada um deles manifestava seu amor pela marca, dentro e fora da Internet. De

acordo com o que foi dito por eles, consumir a marca já é uma manifestação desse

sentimento, seguido por uma relação com ela nas redes sociais que sempre gera

compartilhamento de informações com outros fãs. Todos esses fatores resultaram em

comunidades24

criadas por esses entrevistados exclusivamente direcionadas a outros

consumidores da marca. É notável que eles se sentem parte de um grupo e um universo

que é criado pela Melissa. Um das melisseiras afirmou que eles compartilham “de um

mesmo amor, sempre nos reunimos para ir ao clube Melissa, ficamos sabendo de cada

detalhe. É praticamente respirar Melissa 24 horas por dia, e esse respirar tem cheirinho

de chiclete.”

Esta fase da pesquisa contribui para uma compreensão da visão do

consumidor apaixonado pela marca. O questionário com foco em dados qualitativos é

relevante para que se obtenham as perspectivas individuais de um todo que são os fãs da

Melissa. Por meio desses dados foi possível destacar os acertos da marca nas suas

práticas como ator numa rede social que conecta milhões de outros usuários, mas

também foram levantadas questões negativas, onde a abordagem da marca necessita de

uma atenção maior.

Como ponto positivo, destaca-se a formação de grupos, de maneira

espontânea, por consumidores que possuem em comum a paixão pela marca e utilizam a

Internet como meio de expor sua relação com a marca. Entretanto, a principal

reclamação desses clientes foi relacionada à maneira como a marca usa as redes sociais

para conversar com eles e responder às dúvidas ou sugestões. Este é um ponto onde a

Melissa ainda precisa rever seu trabalho na gestão de ferramentas online. O cruzamento

desses e de todos os dados levantados até agora será realizado no próximo capítulo.

24

Grande parte dos entrevistados criaram comunidades exclusivamente para troca de informações sobre a

Melissa no Instagram e no YouTube, e são elas: @boydemelissa, @melisseiracuritiba,

@melisseirasoficial, @nandamelisseira, @plasticheartblog, @dihtodojeito, @juliacunhacampos,

@malemelissa, youtube.com/amandachavesvlog, youtube.com/user/loirinhaz2.

81

5. RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados os dados levantados no decorrer do processo

metodológico, de forma que fossem analisados e discutidos suas aproximações e

afastamentos com o estudo realizado na fundamentação teórica. Desse modo, expõem-

se informações acerca do estudo de caso, das Análises de Redes Sociais e das

percepções de clientes da Melissa em comparação com as teorias e conceitos utilizados.

5.1 Uma discussão sobre a teoria e a prática

Durante o processo metodológico da presente pesquisa, optou-se pela técnica do

estudo de caso, onde foram observados, pelo período de um mês, dados referentes à

marca Melissa nas três principais redes sociais utilizadas por ela, uma vez que já é

comum que as próprias marcas criem uma conexão entre diferentes perfis em redes

sociais. Entre eles estão dados quantitativos, como a frequência de postagens, número

de visualização e “curtidas”, como também dados qualitativos, como as características

do conteúdo e a recepção dele e manifestação de interação do público com a marca.

O Instagram, estudado aqui como um nó de uma rede social que liga a Melissa

aos seus fãs, foi o principal ator da análise. Entretanto, para que se abrangesse a

pesquisa às outras duas redes sociais citadas como favoritas pelos consumidores

entrevistados (Facebook e YouTube), optamos por observar também o conteúdo que a

marca repete nessas outras redes e a maneira como o público se comporta nos outros

ambientes, podendo criar um comparativo entre elas.

A Análise de Redes Sociais (ARS) realizada nesta pesquisa foi executada sem a

ajuda de nenhum software próprio para essa metodologia, que gera grafos ao final da

pesquisa. Portanto, os dados, aqui citados, são resultado de um trabalho de observação,

e foram julgados de acordo com as experiências da pesquisadora para com a marca e a

vivência com os consumidores apaixonados. Além do comportamento observado no

ambiente digital, também foram levadas em consideração, as vivências nos eventos

promovidos pela marca, denominados de “encontro de melisseiras”, realizados nos

Clubes Melissa, e no estudo de campo realizado na Galeria Melissa situada em São

Paulo. Um relatório da observação estruturada feita para a pesquisa pode ser encontrado

no Apêndice “E”.

É possível extrair das entrevistas em profundidade com os gestores da marca,

que o ambiente digital é o maior canal de comunicação da Melissa, sendo o Instagram a

rede onde se concentram os maiores investimentos financeiros, já que no Facebook o

82

alcance orgânico é satisfatório para a marca. Esse fato se comprova durante a última

fase metodológica, onde foram entrevistados os fãs da marca, já que eles mesmos

destacaram a beleza dos conteúdos postados no Instagram e a maneira como essa rede

funciona como um serviço de atendimento ao consumidor. Além disso, dos três perfis

analisados na pesquisa, o Instagram apresentou um crescimento, no que diz respeito ao

número de seguidores conectados a ele, de 46%, tendo iniciado a pesquisa com 1,5

milhões e finalizado, cerca de um ano depois, com 2,2 milhões. No Facebook o número

passou de cerca de 4 milhões para 6 milhões e no Youtube o crescimento variou de 10

mil para 15 mil inscritos.

No que se refere ao conteúdo das redes sociais, a Melissa busca variar e fazer

adaptações de acordo com o que se adequa às diferentes contas. No Instagram, por

exemplo, o conteúdo é majoritariamente relativo aos produtos. A marca realiza

postagens sobre os lançamentos das coleções, convidando o público para visitar a loja

on-line ou comparecer a um Clube Melissa. Além disso, existem também as fotos e

vídeos dos produtos, que não são apresentados de maneira comum, e o conteúdo

colaborativo, onde a marca seleciona fotos das consumidoras para serem postadas.

De outra forma, a marca usa o YouTube como uma plataforma, onde ela se

utiliza das ferramentas dessa rede de forma gratuita e pode fazer uma conexão entre ela

e as outras redes. Isto significa que a Melissa não utiliza o YouTube como as outras

redes, pensando em conteúdos próprios para ele ou em estabelecer ali um canal de

comunicação. Isso provavelmente se deve ao fato de o tempo de vídeo ser limitado no

Instagram e da facilidade de utilizar os vídeos no Facebook quando eles já estão

colocados no YouTube. No Facebook, o conteúdo se repete ao que aparece nas duas

redes sociais citadas acima, se diferenciando apenas ao alcance gerado em cada

publicação, já que é neste perfil que se concentra o maior número de pessoas.

Especialmente com os vídeos postados primeiro no YouTube, os números de

visualização no Facebook são extraordinariamente mais significativos.

A linguagem utilizada pela marca se repete nos três perfis analisados. Este pode

ser visto como um reflexo de como a marca se posiciona no mercado, dando sempre

destaque ao público jovem e conectado nas redes sociais. Verificam-se nas postagens

das redes sociais uma linguagem direta, informal, carregada de gírias e expressões em

inglês. A Melissa se dirige a cada um de seus seguidores como uma pessoa íntima,

utilizando emojis em suas respostas e chamando os seguidores, muitas vezes, por um

apelido. A interação gerada pelo público é um tópico que varia bastante, de acordo com

83

o conteúdo e também com a rede social escolhida. A título de exemplo tem-se o

Instagram como a rede preferida pelos consumidores da marca. Nele é possível notar

uma resposta maior do público aos conteúdos visuais, portanto quando a marca posta

algo muito abstrato, ou que não se refere aos produtos, a resposta do público é menor do

que quando o conteúdo é uma foto de um produto que acaba de chegar às lojas ou

quando é a imagem de uma “melisseira”. A proximidade que esse conteúdo causa para o

consumidor, pelo fato de mostrar a marca sendo acessível a públicos diversos, pode ser

considerado um elemento que gera sensação de pertencimento a uma comunidade e que

acolhe o consumidor.

O funcionamento da rede social como um Serviço de Atendimento ao

Consumidor (SAC) é observado com maior facilidade no Facebook do que no

Instagram. Nas postagens do Instagram se vê uma tentativa de contato com a marca, que

na maioria das ocorrências é ignorada. Os comentários do Instagram são, em grande

parte, positivos, onde o público escreve textos curtos e manifesta o desejo de

compartilhar aquilo com pessoas conhecidas, mas quando surgem questionamentos para

a marca, não surgem muitas respostas.

A postagem menos popular no Instagram teve quatro comentários, muito

distante da mais popular, que recebeu mais de 3.000 comentários. Ao contrário desse

cenário, têm-se as mensagens enviadas de forma privativa (os directs), respondidas

rapidamente, mas de forma genérica e automatizada. No Facebook esta circunstância é

diferente, uma vez que ele possui um espaço maior para textos, os comentários deixados

lá são maiores e mais detalhados. Observa-se que grande parte dos comentários no

Facebook são referentes a dúvidas e reclamações dos quais, a maioria, são respondidos

pela marca. Observa-se nas figuras 7 e 8 um distanciamento entre os dois cenários.

Nas tabelas 3 e 4, apresentadas no capítulo anterior, foi feita uma comparação

entre o conteúdo postado nos três diferentes perfis da Melissa e, com isso, pôde-se

analisar as diversas maneiras que o público dessas redes sociais interagiu com as

mesmas postagens. Por exemplo, o conteúdo que se repete no Instagram e Facebook,

postados em datas diferentes, recebem praticamente a mesma resposta do público no

que diz respeito a visualizações e comentários. Contudo, esse fato não se reflete nos

vídeos do YouTube, que são postados também no Facebook e na mesma data. Existe

um número muito maior de interação do conteúdo audiovisual no Facebook. Como

exemplo tem-se o vídeo da campanha do selo sustentável, visualizado 5.752 vezes no

YouTube e quase 2 milhões de vezes quando postado no Facebook.

84

Figura 8: Comentários extraídos de publicação no Instagram

Fonte: www.instagram.com/melissaoficial

Figura 9: Comentários extraídos de publicação no Facebook

Fonte: www.facebook.com/MelissaBrOficial

85

O que se nota é que o público e as possibilidades dentro de cada perfil dessas

redes se aproximam, mas também se divergem. Ainda que a mesma marca esteja por

trás dos perfis das redes sociais, a funcionalidade de cada uma delas será diferente. O

conteúdo e o público presentes ali são extremamente relevantes para que a marca faça

um balanço de como é mais adequado agir em cada rede. Por esse motivo, pode-se notar

que a Melissa busca uma variedade na produção de conteúdo específica para cada rede

social. Durante o período da análise, apenas três postagens do Instagram se repetiram

nas outras duas redes sociais acompanhadas aqui. Esse é um ponto positivo das práticas

da Melissa na Internet, pois, existem consumidores presentes em mais de uma rede

social que acabam acompanhando a marca em mais de um perfil. Este fato exige que a

marca diversifique seu conteúdo em cada um dos seus canais de comunicação com o

público.

Percebe-se que, de maneira sintetizada, para a Melissa, o Instagram funciona

como uma vitrine, o Facebook, como um SAC, e o YouTube como uma ferramenta de

apoio. As ferramentas, os conteúdos e as maneiras como o público interage com ele

pode ser considerado diferenciado em cada um dos perfis analisados. O Instagram é

mais dinâmico e alcança o público de forma mais democrática – provavelmente por esse

motivo, a marca opte pelos conteúdos visuais, produtos e campanhas. Em contrapartida,

o Facebook depende, muitas vezes, das postagens pagas para entregar o conteúdo a um

número maior de seguidores. Assim, a frequência de postagem da marca é menor no

Facebook e o sistema de comunicação lá funciona com mais fluidez, uma vez que a

marca usa essa rede para responder o público de forma direta. Apesar das possibilidades

criadas pelo YouTube, a marca ainda utiliza seu perfil nessa rede apenas para postagens

de material audiovisual referentes às campanhas das coleções e projetos apoiados por

ela. Isso, provavelmente, se dá pelo fato de outras redes sociais possuírem maiores

restrições quanto à duração de vídeos, qualidade e direitos autorais de áudio.

Para gerar um debate entre os conceitos mostrados pelos estudiosos do

ambiente digital e as práticas da Melissa na Internet, foi criado o quadro da página a

seguir. Nela estão alguns exemplos mais específicos dos dados levantados com a

contribuição dos consumidores e fãs da marca, mostrando-se os pontos positivos e

também negativos.

86

Quadro 1 – Análises acerca dos conceitos do ambiente digital

TEORIA PRÁTICA COMENTÁRIOS

“As redes sociais exigem

que a marca seja muito

rápida na forma de agir,

responder e tratar de

assuntos relevantes para o

nosso público naquele

momento”.

(SCHERER, informação

verbal, 2017).

A Melissa é considerada

“bem ativa, mas não chega

a realmente aproximar o

público, uma vez que

geralmente as respostas são

genéricas/robóticas”

(Consumidor entrevistado

durante a pesquisa, 2017)

Observa-se um contraste

entre a maneira como a

marca gostaria de se

comportar nas redes sociais

e a maneira como o público

a percebe. A mesma crítica

se repetiu diversas vezes no

levantamento de dados por

meio do questionário.

“O digital acaba sendo hoje

o principal ponto de

contato entre a marca e as

consumidoras”

(SCHERER, informação

verbal, 2017)

A Melissa possui presença

em oito redes sociais, site,

loja on-line e aplicativo

para smartphone.

É notável os investimentos,

que vão além dos

financeiros, da marca para

com o meio digital. Da

mesma forma, observa-se a

preferência das

consumidoras por esses

canais de comunicação.

No mundo hiperconectado

das redes sociais o

consumidor tem mais

poder do que nunca. Como

consequência, as marcas

precisam ser transparentes

e honrar suas promessas.

(LINDSTROM, 2012)

“Eu calço 37 e nunca tive

problemas de achar meu

número, mas a Melissa

deveria investir um pouco

mais em numerações acima

de 40.” (Consumidor

entrevistado durante a

pesquisa, 2017)

Ainda que a marca anuncie

produtos até a numeração

43/44, foram identificadas

várias críticas por parte do

público masculino a

respeito de conseguir

adquirir esses produtos.

Além disso, a numeração

maior se restringe apenas a

alguns modelos da marca.

O uso eficaz das redes

sociais se dá quando a

marca se torna um ser

social, parte da

comunidade criada para

seus consumidores.

(TORRES, 2009)

“A Melissa nos faz sentir

íntimas. Fala de uma forma

que inclui todos os

gêneros, personalidades e

etc.”

(Consumidora entrevistada

durante a pesquisa, 2017)

Mesmo com as críticas ao

modo como a Melissa se

comporta nas redes sociais,

o comentário da

consumidora confirma que

ela tenta se relacionar com

o público pensando nas

individualidades de cada

membro desse grupo.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

87

Tal como referenciado anteriormente, o amor é um tema estudado por diversas

áreas do conhecimento e, por esse e outros motivos, possui diversos conceitos e

significados. O amor pode ser considerado por seus aspectos físicos, mas

principalmente psicológicos. De acordo com os autores citados nesta pesquisa, a

intimidade, a paixão, o comprometimento e o respeito são alguns dos elementos

responsáveis pelo desenvolvimento desse afeto, tanto de pessoa para pessoa, quanto de

pessoa para objeto. Isso significa que uma marca possui a capacidade de ser um dos

agentes de um sentimento como o amor, ainda que ela não se resuma a um objeto, mas

sim, a um conjunto de significados.

De modo específico, o amor à marca consiste no apego emocional que um

consumidor tem em relação a uma marca em particular. Esse construto pode ser

formado por cinco dimensões: paixão, apego, avaliação positiva, emoções positivas em

relação à marca e declarações de amor pela marca (AHUVIA, 1993).

Ficou provado, por meio do levantamento bibliográfico, que o público é um

elemento de extrema relevância no que diz respeito ao sentimento de amor pelas

marcas. Uma vez que a marca é feita por pessoas e para pessoas, os esforços da

manutenção dessa relação, devem estar focados no cliente, em entender suas demandas.

Entendeu-se, com as teorias aqui discutidas, que a relação de amor romântico não se

difere daquela entre público e marca, principalmente porque o amor é um sentimento

que une as pessoas por uma conexão de troca, fato que pôde ser facilmente observado

durante o estudo de caso.

Verificou-se, com a pesquisa, que, do ponto de vista mercadológico, uma marca

amada possui vantagens em relação às outras. Consumidores apaixonados estão mais

dispostos a contribuir com o desenvolvimento da marca, trabalhando em conjunto com

ela para a melhoria da mesma em diferentes aspectos. Os fãs se diferem dos

consumidores comuns, uma vez que eles são mais fiéis e mais satisfeitos, e, dessa

maneira, contribuem para a construção de marcas mais fortes e mais valiosas. Por esse

motivo é frequente em grandes marcas as características de lovemark, mas este fato não

descarta a possibilidade de se sentir amor por marcas pequenas e menos conhecidas. No

quadro a seguir, encontram-se as comparações entre a teoria e a prática no que se refere

ao amor à marca e os estudos da marca Melissa.

88

Quadro 2 – Análises acerca dos conceitos do amor à marca

TEORIA PRÁTICA COMENTÁRIOS

A marca só será respeitada

se souberem quem ela é.

No ambiente atual da

Internet, não existe um

lugar onde você não possa

ser encontrado.

(ROBERTS, 2004)

“Gostaria de dizer que é uma

campanha louvável, mas com

os donos pecuaristas... sinto

saudades da Melissa que não

era hipócrita. Don'thurt me

Love. Exatamente. Me dê

todo o dinheiro que você

puder, vaquinha.”

(Comentário de uma usuária

no canal do Youtube da

Melissa, 2017)

O comentário foi redigido por

uma usuária do YouTube no

vídeo da campanha “100% real

plastic” que elucida o uso do

plástico na composição dos

produtos. Apesar disso, houve

uma crítica à empresa

Grendene e seus investimentos

no setor pecuário, afirmando

que a marca seria “hipócrita”

por realizar a campanha.

As lovemarks serão as

marcas que criarem

conexões emocionais

genuínas com as

comunidades e redes com

as quais se relacionam.

(ROBERTS, 2004)

Projetos para o YouTube

(Melissa Meio-fio e Melissa

Makers), aplicativo Melissa

Swap, encontros de

melisseiras, Galerias Melissa

em São Paulo, Londres e

Nova York.

É notável que a Melissa tenta

criar projetos e pontos de

contato inovadores. É uma

marca que atualiza

frequentemente suas formas de

se conectar ao público.

Não negue serviço, é por

meio dele que as

transações se transformam

em relacionamentos. Onde

o respeito encontra o amor.

(ROBERTS, 2004)

“Alguns homens já me

procuraram para saber onde

achavam numerações acima

de 40”

(Consumidor entrevistado

durante a pesquisa, 2017)

Ainda que a marca tenha

começado a investir em

produtos sem gênero há mais

de dois anos, durante a

pesquisa foram identificadas

inúmeras críticas à abordagem

da marca com o público

masculino.

Lovemarks são criadas por

conexões emocionais que

extrapolam os argumentos

e benefícios racionais. Elas

precisam aprender a

linguagem dos sentidos.

(ROBERTS, 2004)

O inconfundível “cheirinho

Melissa” que, por sinal, é a

única empresa de calçados no

mundo que possui cheiro em

seus produtos.

(Mundo das Marcas, 2006)

A fragrância de chiclete

aplicada aos produtos desperta

a memória olfativa e a ligação

emocional com a marca se

beneficia disso.

Com as marcas amadas,

assim como nos

relacionamentos pessoais,

você sempre ganha poder

quando o dá.

(ROBERTS, 2004)

Edson Matsuo declara que a

marca tenta frequentemente

reunir-se com as

“Melisseiras” para ouvi-las e

fazer cocriações. “Elas fazem

isso porque amam a marca e

não porque querem ganhar

algo”. (MATSUO, 2016)

Mesmo que a marca promova

encontros com as

consumidoras nos Clubes

Melissa, não foram

identificadas, durante o período

da pesquisa, tentativas de se

manter um diálogo direto com

essas consumidoras para algum

fim específico.

As marcas amadas são

criação e propriedade das

pessoas que amam.

(ROBERTS, 2004)

“Devemos respeito e

consideração a elas, elas

sabem que são donas da

marca” (MATSUO, 2016).

O diretor de criação da marca

admite que as melisseiras

ocupam um lugar de

importância para a marca.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

89

5.2 Como a Internet interfere na relação entre marcas e consumidores?

Com a finalização do processo de pesquisa, bibliográfico e metodológico,

manifesta-se uma possível resolução para o problema de pesquisa relativo à associação

entre as redes sociais da Internet e a relação de amor com as marcas alimentada pelos

consumidores.

Entende-se que o sentimento de amor construído entre marca e público, na forma

de um relacionamento que depende de ambas as partes para existir, era um fenômeno já

recorrente mesmo antes da invenção das redes sociais na Internet. Sob essa perspectiva,

a Internet age como uma ferramenta, um canal de comunicação, utilizado pelas marcas

para se estabelecer contato direto com os consumidores, algo que, para as grandes

marcas, pode ser considerado um facilitador.

Antes da chegada das marcas ao ambiente digital, elas utilizavam canais como a

televisão, o rádio e os meios impressos para se comunicar com o público, além dos

pontos de venda e do SAC. Nessa fase o caminho da comunicação com o consumidor

era mais longo e burocrático. As redes sociais trouxeram para as empresas uma

facilidade de chegar ao seu público em específico e, além disso, essas pessoas passaram

a ter um perfil com suas características pessoais expostas ali, algo que pode servir de

fonte de pesquisa para as organizações.

Sendo assim, pode-se considerar que as redes sociais interferem na relação com

os consumidores apaixonados, pois estão diretamente relacionadas à maneira como a

marca usa essa ferramenta em prol da manutenção desse relacionamento. Tais redes

estabelecem mais uma, entre diversas outras, possibilidades de espaço de troca,

entretanto, podem não ser consideradas como o aspecto mais relevante dessa relação.

Isso pôde ser averiguado com este estudo, realizado sob a ótica da comunicação,

estando focado na compreensão dos processos envolvidos nessas relações. Ou seja, as

condutas e práticas das marcas na Internet são um reflexo desses mesmos agentes no

ambiente off-line. Uma vez que um consumidor se identifica com o que é proposto por

uma marca e inicia ali uma relação com ela, as redes sociais irão funcionar como um

meio de comunicação que contribui com a manutenção desse relacionamento, e não

como um determinante para ele.

90

As redes sociais foram responsáveis por aproximar ainda mais o público de suas

marcas amadas, já que elas modificaram os processos comunicacionais. Porém, existem

elementos externos à Internet que podem ser considerados decisivos na construção de

uma relação de amor com o cliente, e são eles: a maneira como a marca trata o

consumidor e permite que ele participe dela, sua identidade, posicionamento,

personalidade, missão, valores e os sentimentos que a marca provoca no consumidor.

Diante das teorias aqui citadas, há um ponto em comum nelas que é a questão da

intimidade. Sternberg (1986) e Roberts (2004) concordam que esse é um aspecto

imprescindível para o surgimento do amor. Portanto, as redes sociais se manifestam

como um canal que promove uma proximidade com as marcas nunca antes vista,

especialmente em empresas de grande porte, onde a informação percorria um caminho

longo antes de chegar ao consumidor. Também no sentido oposto, as redes sociais

trouxeram a possibilidade de expandir esse sentimento de intimidade.

Ademais, como ficou comprovado pela pesquisa, os consumidores da Era da

Informação preferem a Internet a outros canais de comunicação para pesquisar sobre

produtos e marcas. Isso se dá pelo fato de essa ferramenta dar voz aos usuários, e,

assim, promover uma maior participação e também pela facilidade de formação de

grupos que se sobrepõem às barreiras de tempo e espaço. A praticidade do uso, a

agilidade como o conteúdo circula nas redes sociais, o alcance desses conteúdos e o

investimento financeiro menor que o de mídias tradicionais também são aspectos que

merecem ser destacados. O rápido desenvolvimento dessas ferramentas e a demanda de

público que havia dentro delas fez com que marcas se tornassem mais atentas para o que

ocorria nesse ambiente, colocando o consumidor novamente em destaque. Entretanto, é

possível destacar com a presente pesquisa que, para o público da Melissa, a marca ainda

se comporta de maneira robotizada nas redes sociais e necessita dar mais atenção às

questões levantadas por seus seguidores, que nem sempre são respondidas.

Para que a relação com a marca seja bidirecional a Melissa precisaria estar

conectada a cada um de seus consumidores de forma individual, e, se a marca não faz

isso nas redes sociais, ela pode estar fazendo no ambiente off-line onde destaca-se a

memória afetiva que a marca desperta em seus clientes e isso torna a relação mais forte

e duradoura. Com o público tendo a consciência de seu poder, as marcas tiveram a

necessidade de se adaptarem a essa nova maneira de gerenciar as relações.

91

6. CONCLUSÃO

Neste capítulo é possível encontrar uma síntese das descobertas realizadas

durante o processo de pesquisa, assim como as limitações identificadas e sugestões para

pesquisas futuras. Abaixo está descrito um resumo do processo de pesquisa e dos

objetivos alcançados.

6.1 Síntese das principais descobertas

Com a finalização da pesquisa, é possível elencar três principais descobertas

acerca do relacionamento que a Melissa cria com os consumidores. A primeira delas é

que o amor à marca é um vínculo emocional que independe do consumo. Ao longo dos

processos metodológicos foram ouvidas histórias de consumidores que demoraram anos

até concretizar a primeira compra de um produto da marca que eles já amavam há

tempos. Portanto, o consumo é a maneira como esse amor se efetiva na forma de um

objeto palpável, mas não é, necessariamente, um determinante para a relação.

A próxima descoberta foi relativa ao foco que a marca deve manter nos clientes

todo o tempo. Cultivar uma relação íntima e autêntica com seu público é o que gera

lovemarks, elas existem por conta das pessoas que alimentam um amor por elas. Por

esse motivo não existem fórmulas e o que funciona perfeitamente para uma marca pode

não ser adequado para outras, justamente pela necessidade de cada marca tem que

entender e estar em constante contato com sua própria audiência. A pesquisa identificou

que apesar da Melissa falhar em alguns aspectos nas redes sociais, o sentimento

estabelecido com as pessoas que se apaixonaram pela marca, já está carregado de

histórias, afetos e memórias de tal maneira, que isso supre a não correspondência da

marca. A questão da memória é relevante na constituição da relação de amor e esse é,

claramente, um recurso utilizado pela Melissa.

Por fim, a terceira descoberta consiste na compreensão de que as redes sociais

são um espelho do que a Melissa é fora desse ambiente. Tudo que a marca representa

nasce no ambiente off-line e passa a ser gerido dentro da Internet. Com planejamento, as

marcas conseguem usar essa ferramenta em seu favor e construir relações ainda mais

fortes com seus consumidores. Identificou-se que a Melissa ainda passa por uma

adaptação ao que são as redes sociais e que provavelmente esse processo ainda será

longo porque a cada dia surgem novas demandas. No entanto, não foi visto um interesse

92

por parte da marca de melhorar sua gestão das redes sociais e utilizar esses canais para

manter um diálogo com seus clientes. Ao finalizar a pesquisa, percebeu-se uma

resistência da marca para as críticas que são feitas a ela, o que não contribui para o

processo de evolução da mesma.

A principal finalidade da presente pesquisa consistiu em investigar como a

marca Melissa utiliza o ambiente digital para intensificar seu poder de se comunicar

com o público e construir uma relação de valor baseada no amor. Considera-se que esse

objetivo foi alcançado, uma vez que foram analisados dados de diversos canais

utilizados pela marca abrangendo a participação dos clientes na pesquisa.

Além disso, o estudo também identificou a maneira como as redes sociais

podem agregar valor à marca e assim criar laços mais íntimos com os clientes. O estudo

da teoria de Roberts (2004) acerca do amor à marca, e a de Cross (2000), que discorre

sobre o consumo antes da Internet, também foram objetivos alcançados durante a

pesquisa bibliográfica.

Foram descritas aqui as circunstâncias que modificam o relacionamento com o

público depois que as marcas passaram a estar presentes também nas redes sociais.

Investigou-se, além disso, as razões que levam um consumidor a amar uma marca e os

aspectos neurológicos envolvidos nesse processo.

Avaliar como é a visão dos consumidores da Melissa sobre a relação deles com

a marca foi provavelmente a parte mais gratificante da pesquisa, pois foi nesse momento

que todo o conhecimento adquirido durante a fundamentação teórica pôde finalmente

ser testado. Estudar o amor sob o ponto de vista de quem ama e vivenciar as

experiências da marca juntamente com esses consumidores foi instigante.

Em suma, as diferentes descobertas realizadas durante a presente pesquisa,

poderão contribuir academicamente para outros estudos sobre temáticas como o

consumo, o branding, o comportamento do consumidor, as redes sociais e a maneira

como as marcas se relacionam com o público. Além disso, houve também um intenso

crescimento pessoal e também como pesquisadora, principalmente pelos desafios que a

pesquisa exigiu.

Havia certa complexidade neste estudo, que se deu a partir da escolha do tema

abordado. O amor, por si só, já é um objeto de estudo bastante amplo e subjetivo, ainda

93

mais porque esteve, nesta pesquisa, atrelado ao comportamento do consumidor. A

mente humana passou a ser o ponto central do estudo porque é dali que surgem os

comportamentos e sentimentos citados neste estudo. Dessa forma, descobertas

inusitadas, já elencadas nos primeiros capítulos, foram surgindo e comprovando que o

ser humano parece ser muito mais emocional do que ele mesmo imagina ser.

6.2 Limitações e sugestões para pesquisas futuras

É comum que durante o processo de pesquisa certas mudanças tenham de ser

feitas para que se chegue a um resultado como a resposta à pergunta-problema. No

decorrer deste trabalho, as limitações que surgiram foram referentes principalmente à

metodologia adotada, à marca designada para o estudo de caso e às dificuldades com o

material metodológico.

Quando se decidiu por estudar a marca Melissa, já era esperada uma

participação ativa da marca para com os processos metodológicos citados no capítulo

quatro. Entretanto, isso não ocorreu e surgiram dificuldades, no que diz respeito ao

comprometimento da marca, que interferiram no produto final que é esta pesquisa. Para

este tipo de limitação, sugere-se buscar objetos para estudos de caso que se

disponibilizem a ceder informações e contribuir com a investigação desde o primeiro

contato.

Outra limitação vivenciada refere-se ao tema do ambiente digital. Pesquisar

sobre redes sociais requer um material atualizado, e, apesar de ser um fenômeno

amplamente discutido, ele ainda é muito recente e precisa ser mais explorado na área da

comunicação.

Esta pesquisa utilizou uma marca que já tem história no mercado nacional e um

público amplo. Portanto, seria interessante que em pesquisas futuras sobre essa

temática, fossem abordadas marcas menores para que se pudesse fazer uma comparação

entre os diferentes cenários.

94

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99

APÊNDICE “A”

100

APÊNDICE “B”

101

APÊNDICE “C”

102

APÊNDICE “D”

Este questionário é parte dos métodos de coleta de dados que irão compor a dissertação de

mestrado: “AMOR À MARCA E A CONTRIBUIÇÃO DAS REDES

SOCIAIS: O caso Melissa”.

*Os entrevistados optaram por ser identificados.

1. Gênero

( ) Feminino ( ) Masculino

2. Faixa Etária ( ) Abaixo de 15 anos ( ) Entre 16 e 26 anos ( ) Entre 27 e 37 anos ( ) 38 anos ou mais

3. Cidade/ Estado onde reside

4. Onde você busca informações sobre marcas e produtos? ( ) Na Internet (sites, redes sociais, blogs, etc) ( ) Jornais e revistas ( ) Com amigos e familiares ( ) Outro:

5. Perfis de redes sociais da Melissa que você interage ( ) Facebook ( ) Pinterest ( ) Google+ ( ) Twitter ( ) Tumblr ( ) Instagram ( ) YouTube ( ) Snapchat

6. Você considera a Melissa uma marca ativa nas redes sociais? ( ) Sim ( ) Não

7. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente sobre sua primeira experiência com a marca.

8. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a Melissa é uma marca especial para você?

103

9. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir outras marcas? Por quê?

10. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se aproximar de seu público?

11. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos? Você interage com a marca na Internet com que frequência?

12. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

104

APÊNDICE “E”

Relatório de observação estruturada realizada por observador individual não

participante em ambiente real. Galeria Melissa – São Paulo/SP

Data: 21/06/2017 Início: 15h35m Fim: 17h55m

Objeto observado Características

Localização da loja

Oscar Freire 827, Jardins.

Bairro nobre de São Paulo/SP.

Iluminação, decoração,

som e fachada

Iluminação baixa amarelada com foco nos produtos.

Decoração fixa com nichos para os produtos com

pendentes presos ao teto e às paredes.

Fachada e espaço externo variam de acordo com o tema

das coleções e campanhas.

Música internacional, volume baixo, diversos ritmos.

Ambiente

Amplo, limpo, organizado, loja com pouca movimentação,

poucos bancos e poucos espelhos.

Espaço para customização de camiseta, telões com vídeos,

tablets com histórias sobre a marca, cheiro característico da

marca.

Funcionárias/os

Seis mulheres, na faixa dos 20 anos de idade, bilíngue, não

usam uniforme, mas usam os calçados da marca.

Revezam-se entre o atendimento direto ao público, a

organização da loja e a finalização da compra no caixa.

Atendimento

As funcionárias recepcionam os clientes sem fazer uma

abordagem invasiva e ficam aguardando até que alguém

solicite o serviço.

As funcionárias têm dificuldades de se comunicarem com

clientes estrangeiros que falam um idioma diferente do

inglês.

O estoque fica nos fundos da loja, o que dificulta e torna o

atendimento lento.

A relação entre as funcionárias não é amigável.

105

Objeto observado Características

Produtos

Calçados, bolsas, skate e esmalte.

Preços variam entre R$90,00 e R$700,00.

São expostos sem etiqueta de preço.

Produtos de coleções passadas e também mais atuais.

Não há tanta variedade de produtos e numerações como há

em “Clubes Melissa” e na loja virtual.

Visitantes

Público diverso. Diferentes nacionalidades, idades e

gêneros.

80% das pessoas que entram na loja saem sem comprar.

A grande maioria tira fotos, toca e sente o cheiro dos

produtos.

Recepção e

contribuição com a

pesquisa

Fui recebida de forma hostil.

Não fui autorizada a ter contato com os clientes sob a

alegação de que eu poderia interferir e atrapalhar o

processo de compra.

Fui observada sob um olhar de desconfiança quando

transitei pelos ambientes externos da loja.

106

IMAGENS DA GALERIA MELISSA CAPTURADAS PELA AUTORA

Modo de exposição dos produtos no interior da loja

107

Ambiente criado para customização de objetos

Ambiente criado para exposição de vídeos da campanha Fly Girl

108

APÊNDICE “F”

QUESTIONÁRIO 01

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Há pouco mais de um ano. Comecei minha experiência com a marca quando a

mesma lançou o primeiro modelo Genderless.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

De ser uma marca 100 % vegana, livre de crueldade com animais. O produto ser

totalmente reciclável, marca que se reposicionou no mercado e cresce muito a

cada ano que passa, cria projetos e inúmeras parcerias com grifes internacionais.

A marca é especial porque se posiciona com a questão de gênero,

empoderamento feminino e das minorias do nosso país.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Pra deixar de consumir a marca, a outra tem que ter a mesma qualidade,

posicionamento e design do mesmo nível.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Com bastante interação, com certeza a maior ferramenta digital da marca é o

Instagram.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Vídeos, sessões de fotos, virada de coleção da marca. Interajo com a marca

todos os dias, porque tenho um perfil no Instagram que inspira os meninos que

usam melissa, @boydemelissa.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Pelas redes sociais, quando eu compro um produto e fico literalmente

apaixonado por ele. Também pelo meu perfil @boydemelissa, que mostro

tendências de Melissa para homens.

QUESTIONÁRIO 02

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Há 3 anos. Minha primeira experiência com Melissa foi quando eu era pequeno

e, por brincadeira, calcei a Melissa Aranha de primas e pensei um dia deveria ter

modelos de Melissas masculinas ou Unissex. Perdi a chance de ter uma da M

Zero masculina, mas quando foi lançada a Flox Unissex eu gostei, foi a primeira

109

de muitas que vieram depois, comprei algumas já vendidas como unissex e a

maioria eu uso como unissex.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

Porque através dela não apenas comprei produtos legais e diferentes visualmente

de outras marcas, como também fiz muitas amizades com pessoas que também

amam e usam, hoje eu e minha namorada usamos Melissa, calçamos o mesmo

número, sem contar o cheiro dela que ninguém abre mão. É uma mistura de tudo

isso.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Talvez. Mas acredito que o cheiro de Melissa, a originalidade dos produtos e

seus detalhes não são substituíveis por outras imitações, quem gosta muito de

Melissa, prefere juntar dinheiro para comprar a original.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Site, Instagram e Facebook são as redes sociais que eu acompanho. Costumam

postar lançamentos e fotos dos produtos e pessoas diferentes, o que eu acho

incrível, o respeito e a inclusão de pessoas de todo tipo, inclusive de homens é

legal, mas a Melissa ainda precisa ter mais atenção com o público masculino e

suas reclamações, pois aos poucos vem crescendo o número de homens usando.

Eu calço 37 nunca tive problemas de achar meu numero, só acho que a Melissa

deveria investir um pouco mais em numerações acima de 40, pois alguns

homens já me procuraram para saber onde achavam numerações acima de 40.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Gosto quando mostram novidades e postam seus plastic lovers em seu site,

embora eu ainda não saí nele, espero sair um dia.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Postando minha coleção, meus looks masculinos e alguns femininos usando

Melissa em meu Instagram (@dihtodojeito) e indo a encontros de Melisseiras

em SP, onde sempre reencontramos as amizades.

110

QUESTIONÁRIO 03

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Consumo os produtos há muito tempo, mas somente a dois anos é que compro

também para mim, a experiência foi muito boa e só engrandeceu meu amor pela

marca.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

Gostaria muito de responder que é o conforto, mas não! A marca é especial para

mim porque é uma das únicas no mercado brasileiro que trabalham bastante o

conceito e o design dos produtos e coleções.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Sem dúvidas. O problema é que na numeração masculina não existem outras

opções, inclusive acredito que a Melissa deveria aproveitar melhor esse nicho

enquanto não há concorrência.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Ela usa o facebook e o Instagram de maneira bem ativa, não chega a realmente

aproximar o público, uma vez que geralmente as respostas são

genéricas/robóticas, mas sem dúvida causam aos clientes uma sensação gostosa

de ser notado.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Embora esteja em contato diário com as publicações da marca nas redes, não

acho muito relevante o que eles postam. Costumo interagir mandando

mensagens e sugestões, essas sempre são respondidas.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Tenho um Instagram (@malemelissa) dedicado a "empoderar" homens que usam

os calçados da marca, porque para mim poder usar Melissa foi algo incrível. Era

uma marca eu admirava a muito tempo, e quando finalmente pude calçar uma,

eu só pensei em como eu queria que outros meninos pudessem sentir o mesmo:

liberdade é a maior possibilidade de expressão.

QUESTIONÁRIO 04

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Minha conexão com a marca começou antes mesmo de eu saber o que era sapato

ou marca. Usei Melissa pela primeira vez com quatro anos de idade, minha mãe

também usava antes de eu nascer, meu primeiro salto alto também era Melissa,

depois que rasgou eu continuei usando até minha mãe descobrir.

111

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

A Melissa é diferente das outras pelo material, principalmente, nem é meu

favorito, mas é muito confortável. É especial para mim porque eu uso desde

criança. Existe uma questão emocional e é isso que me faz usar, é um produto

caro e não dura muito então se eu pensar muito antes de comprar eu acabaria não

levando.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Não. Não sei exatamente o porquê, mas eu não trocaria a marca por outra.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Eles sabem usar o poder dos ‘influencers’ e como eu interajo com vários deles

nas redes sociais eu acabo recebendo informações da marca por esses outros

canais também.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Eu gosto muito do Instagram deles, é o que eu mais olho, acho esteticamente

agradável a forma como eles organizam o feed. Normalmente eu vou atrás do

conteúdo deles e não espero que chegue até meu perfil. Eu até acesso a loja

virtual, mas prefiro comprar pessoalmente.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Eu uso os produtos, recomendo a marca e sempre converso com as pessoas

sobre ela.

QUESTIONÁRIO 05

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

A muitos anos já! É uma das minhas marcas preferidas. Minha mãe já comprava

pra mim quando era nova.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

A marca sabe acompanhar a moda, sempre lançando novos produtos tendência.

Os calçados são leves, confortáveis, e o preço é justo!

112

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Nunca, pois a marca é qualidade! É status! Peças lindas e boas!

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Mantendo as clientes sempre a par de novos modelos, deixando nós sempre

babando nas novidades!

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Amo as fotos de sapatos combinados com os looks. Adoro me inspirar nas fotos.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Comentando com as amigas. Sempre indicando! Divulgando nas redes sociais!

QUESTIONÁRIO 06

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Eu ganhei minha primeira melissa com 7 anos de idade ou menos e desde então

nunca mais parei de usar.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

O cheirinho de chiclete, as cores e os significados. Esse universo lúdico que a

melissa passa para seus produtos deixando tudo mais divertido.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Jamais, porque uma melissa não é simplesmente um par de sapatos. São sonhos

coloridos.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Eles sempre mandam e-mails, respondem as dúvidas e até os stories. O site da

melissa é como se fosse um blog sempre está cheio de conteúdo bacana.

113

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Eu amo a parte #Melissaplasticlovers que tem no site e no instagram, eles

sempre escolhem algumas fotos da galera usando melissa e reposta. Amo os

concursos culturais, estão sempre incluindo os fãs da marca em suas pesquisas

em geral, workshop, coquetel, viagens e outros.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Comprando, principalmente. Mas eu também sempre posto fotos usando minhas

melissas, compartilho esse amor com meus seguidores no canal do YouTube

(youtube.com/user/loirinhaz2) e compareço aos eventos promovidos pela

melissa.

QUESTIONÁRIO 07

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Eu comecei a usar Melissa quando era bebê, meu primeiro modelo foi aquele

mais comum, o Aranha. Minha Mãe já usava e comprava para mim também,

então uso Melissa desde sempre, teve um momento há poucos anos que fiquei

sem comprar mas desde que eles lançaram a coleção genderless eu voltei a usar

e não parei mais.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

A principal característica que difere a Melissa das outras são os modelos dos

produtos, são sandálias que você olha e sabe que são da Melissa, pelo design e

pelo material. É uma marca especial por causa da memória afetiva, sempre usei

Melissa, minha mãe também e hoje nós encontramos os modelos que usávamos

na minha infância.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Não. Porque não tem o valor sentimental que a Melissa tem para mim. Outras

marcas copiam os modelos, mas eu nunca pensei em comprar dessas, pela

qualidade e pela relação que eu tenho com a marca.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Eu acho o Instagram da Melissa lindo, a forma como eles trabalham as imagens

e o feed de modo geral. Também gosto como eles interagem com os digital

114

influencers, eles sempre usam os modelos mais diferentes e isso me desperta

uma vontade de ter os sapatos também.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Eu curto tudo que eles postam, todos os dias. Olho o Instagram e o site e fico

buscando as novidades. A abertura que a marca passou a ter com os meninos me

cativou muito, a Flox, por exemplo é um modelo que eu tenho e meu irmão

também, isso é incrível.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Quando tem lançamento das coleções nos clubes Melissa eles me convidam e eu

sempre tento ir, eu gosto dos eventos da marca e sempre tento comprar pelo

menos um modelo de cada coleção nova. Além disso eu recomendo para as

amigas e até empresto as minhas. Hoje eu tenho uma coleção com oito pares.

QUESTIONÁRIO 08

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

A 1 ano comecei minha coleção é em poucos meses (3 meses) já tinha um

arsenal com 37 melissas. Sou apaixonada por todos os modelos inovadores e

“diferentes”, compro apenas esse estilo de melissa.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

A inovação é o que mais me atraiu na marca, principalmente na coleção mashup

e flygirl. Ela é especial por seu cheirinho que faz as melisseiras e não melisseiras

viajarem.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Não deixaria de comprar Melissas para comprar de outras marcas, mas se eu

gostasse muito do modelo da outra marca eu poderia pensar em comprar sim,

afinal sapatos nunca são demais.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

A Melissa nos faz sentir íntimas, fala de uma forma que inclui todos os gêneros,

raças e personalidades. Se comunica de uma forma moderna e atual, fazendo

com que o amor cresça a cada dia!

115

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Com certeza o que mais me atrai são as prévias das novas coleções e modelos. A

única forma de interação diária são as famosas curtidas no insta da marca.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Curtindo todas as fotos novas do instagram oficial e criando conteúdo para o

meu canal no youtube (youtube.com/amandachavesvlog) relacionado à marca e

aos meus modelos favoritos de melissa.

QUESTIONÁRIO 09

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Consumo como colecionadora há quase dois anos. Anteriormente, a primeira

que adquiri depois de adulta foi em 2009, mas pouco utilizei porque machucava

meus pés. Só voltei em 2015, quando soube que a qualidade era superior, que os

produtos haviam melhorado e que a coleção da época chamava mais minha

atenção.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

A Melissa é uma marca de sucesso na minha infância. A collab de antigamente

era com a Xuxa, e todas as meninas tinham os calçados, como o Clock Xu. O

cheirinho de chiclete já existia. Melissa tem esse apelo nostálgico, para mim.

A marca se consolidou em vários nichos nos últimos anos e trouxe à tona

debates importantes, como o empoderamento feminino, por exemplo. Como

colecionadora e consumidora, acho importante adquirir um produto que foi todo

pensado não só em tendências, mas também como forma de interagir com o

mundo. O gênero masculino também acabou se encontrando na marca, o que

para mim é mais uma forma de pluralidade de gêneros numa marca que foi

consolidada como "feminina".

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Não, porque não encontro proximidade, elaboração de debates, etc. A Melissa é

também uma marca que surge como formadora de opiniões, o que pra mim

ultrapassa o sentido de ser apenas uma empresa do ramo de calçados. Fora que é

116

engajada em ações importantes como reaproveitamento de materiais e a não

utilização de materiais de origem animal.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Eles sempre respondem directs, chat e comentários com críticas e sugestões.

Grandes marcas não utilizam dessa conversação com seu público. Apesar de

algumas vezes não ter sido respondida, eles são presentes e atentos com a grande

maioria.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Interajo diariamente, pois tenho meu instablog (@plasticheartblog) com

conteúdo da marca. Gosto das campanhas de cada coleção e dos lançamentos.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Sou apaixonada e por isso acabei criando um instablog (@plasticheartblog) para

conhecer mais pessoas com a mesma afinidade e aproximar outras que não

colecionam, mas gostam dos produtos e da história da empresa. Além da minha

coleção com 124 pares, coleciono os brindes de cada evento, revistas. Também

posso dizer que as pessoas pelas quais sou mais conectadas hoje em dia são

melisseiras e melisseiros. Compartilhamos de um mesmo amor, sempre nos

reunimos para ir ao clube Melissa, sabemos de cada detalhe... É praticamente

respirar Melissa 24 horas por dia. E esse respirar tem cheirinho de chiclete.

QUESTIONÁRIO 10

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Consumo os produtos da melissa há exatamente 7 anos. Sempre via os modelos

na vitrine de um shopping a qual eu frequentava semanalmente e o design

diferenciado me encantou, era realmente um produto diferenciado dos demais

calçados, ele tinha cheiro de chiclete e uma caixa toda colorida que naquela

época me chamaram muita atenção. Após a primeira compra não parei mais e

acessava o site da marca todos os dias para ficar por dentro das novidades e

agregar mais modelos à minha pequena coleção.

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2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

O design diferenciado dos modelos, a história, o cheirinho, as surpresinhas que

se reinventam a cada coleção e principalmente o fato de que quando você

compra uma melissa você se torna uma melisseira e sem querer acaba entrando

num incrível mundo de amizades lindas e pessoas maravilhosas que

compartilham com você o mesmo amor pela marca. A Melissa é uma marca

especial pelo seu tempo de história, a sapatilha que minha mãe usou na festa de

15 anos e no casamento, se reinventou, se tornou a que eu uso e a que minha

filha usará... e a marca sempre se renova sem perder sua originalidade.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Não, pela história que tenho com a marca, pelo carinho, pelo conforto e pelas

amizades que conquistei através da mesma.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Acho muito bacana a forma de interação da marca nas redes sociais, ela sempre

movimenta as mídias com concursos, sorteios, postando fotos das seguidoras

com seus produtos, fazendo coquetéis e eventos para as melisseiras e lançando

hashtags novas e divertidas.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Gosto quando postam lançamentos e fotos das seguidoras assim posso me

inspirar na hora de montar os meus looks com determinada melissa.

Constantemente, sempre que acesso a internet comento, curto e compartilho post

relacionados à marca no perfil de melisseiras que administro

(@melisseirasoficial).

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Já ouviu aquela frase em que diz que dica boa tem que ser compartilhada? Pois

bem, sempre compartilho nas minhas redes sociais os meus modelos preferidos,

os mais confortáveis, os mais acessíveis... enfim, essa é a maneira que eu

encontrei de me expressar influenciando digitalmente meninas e serem

melisseiras e ajudando as melisseiras a ficar por dentro da história da marca, dos

modelos raros que muitas nunca terão a oportunidade de ver pessoalmente e dos

lançamentos.

QUESTIONÁRIO 11

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Desde pequena sempre usei Melissa, mas a partir de 2014 virei colecionadora e

até hoje a coleção já tem 123 pares. Cada par de calçado me traz alguma

lembrança, é muito amor pela marca.

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2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

O cheirinho do MelFlex. A Melissa me faz lembrar dos tempos de criança, onde

nós, mulheres, usávamos muito a Melissa Aranha.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Não. Existem algumas marcas como Petit Jolie e Zaxy, mas não consigo me

acostumar com a ideia de substituir a Melissa.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Nas páginas da Melissa sempre tem fotos contemporâneas, vídeos, informações

sobre workshops, entre outros. A Melissa procura estar sempre atenta ao seu

público alvo.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Os vídeos e fotos postados no site oficial, no Instagram e no facebook são meus

favoritos, sempre estou de olho. Já apareci no site, na parte das

#melissaplasticlovers, acho isso o máximo. Sempre que tenho alguma crítica ou

sugestão, mando e-mail para o Sac da Grendene.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Expresso através do meu Instagram (@melisseiracuritiba), compartilhando o

sentimento pela marca com outras melisseiras do país todo, postando fotos,

vídeos, novidades entre outros. Amo quando minhas fotos aparecem no site

oficial.

QUESTIONÁRIO 12

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Depois que conheci a marca de verdade, observei que desde criança usava

melissa. Mas que venho utilizando e virei Melisseira, foi em 2014 na coleção

Eat My Melissa, onde de todo jeito eu queria a Melissa Incense Asas e não

encontrava. Quando encontrei na minha numeração fiquei louca e comprei de

promoção.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

Além de ser de plástico (sempre amei sapatos de plástico), o cheirinho de

chiclete é a característica principal da marca, e claro, os modelos ousados, onde

todos dizem: "Ah que horrível!!", passa um tempo, ta lá usando também...

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Melissa se tornou especial desde o princípio, o cheirinho marcante. E claro, o

que tornou-se mais importante para mim foram dois motivos: Meu instagram

@melisseirasdecarteirinha onde senti realmente o amor de todos pela marca,

ganhei uma amiga linda e maravilhosa (que hoje também administra a página) e

o dia que fui pedida em casamento dentro de uma loja com direito a Melissa

Wedding.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Não deixaria de usar melissa para usar outra marca semelhante aos da Melissa,

porque a maioria são modelos parecidos, qualidade do plástico horrível, cor

opaca, sem graça... sei lá!

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Na minha opinião, o instagram é a ferramenta mais útil, barato e forte para

aproximar do público, e utilizar como marketing.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Gosto muito das fotos das meninas com as "melissas do dia", onde vemos o

carinho de todas pela marca, quando adquirem uma melissa nova gostam de

mostrar para todos verem, e mostrar também as novidades que a marca lança no

decorrer das coleções, onde deixa as melisseiras loucas e pobres ao mesmo

tempo.Minha interação com a marca na internet é diária, por conta do meu insta

e paixão pela marca.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Crescendo amando a marca, tem modelos desde recém-nascidas, até aos

maridos/noivos/namorados, machistas, ou não! É uma marca, eclética e unissex.

QUESTIONÁRIO 13

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Não lembro o tempo exato, mas faz mais ou menos 10 anos que consumo e amo

Melissa. Lembro que eu era criança, e vi na vitrine do shopping o modelo Desire

+ Triton, e me apaixonei! Era rosa chiclete. Tenho ela até hoje.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

Acredito que o diferencial seja a interação que a marca possui com seus

consumidores, além de estratégias como possuir uma personalidade forte no

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mercado, um cheiro muito particular aplicado aos produtos, a capacidade de se

atualizar sempre sobre os temas vigentes, e se introduzir no mercado e na

sociedade (temas como o empoderamento feminino, com a última coleção, a

FlyGrl, por exemplo), além do seu marketing, que é extremamente forte.

3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Não, devido à qualidade dos produtos da Melissa, e do que a marca prega, uma

ideologia que me agrada e na qual eu concordo.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

O forte da Melissa são as redes sociais Facebook e Instagram, e através destas, a

marca realiza concursos, transmite o lançamento de coleções, como o que houve

no mês de maio desse ano, com a transmissão ao vivo do desfile de lançamento

da nova coleção S/S' 2018 Mapping, diretamente da fábrica da Melissa, em

Fortaleza; através da #melissaplasticlovers, a marca publica no site oficial as

fotos de seus consumidores, chamados de "melisseiros"; além de uma interação

bastante positiva pelo app Messenger, e pelo Direct do Instagram.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

Meus conteúdos preferidos são as postagens da #melissaplasticlovers, e também

os editoriais promovidos pela marca para a divulgação dos produtos. Interajo

frequentemente, seja usando a # já citada, seja pelo Instagram.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Possuo um Instablog (@juliacunhacampos), e como Melissa é a marca que mais

consumo, vê-se com frequência postagens minhas envolvendo a marca.

QUESTIONÁRIO 14

1. Há quantos anos você consome produtos da Melissa? Comente brevemente

sobre sua primeira experiência com a marca.

Quando criança já usava o produto, porém a 6 anos que realmente comecei a

minha coleção. Minha paixão começou quando a melissa lançou a melissa ballet,

foi amor à primeira vista, pois sempre tive um sonho de fazer ballet e gosto

muito de dança, comprei esse produto e assim fui me apaixonando pela marca.

2. Quais características da marca a tornam diferente das outras? Por que a

Melissa é uma marca especial para você?

O cheirinho da melissa com certeza é seu diferencial, além de ter modelos que

despertam desejos, admiro também por ser um produto 100% real plastic.

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3. Supondo que existam marcas com produtos similares aos da Melissa com

um preço mais acessível, você deixaria de usar Melissa para consumir

outras marcas? Por quê?

Eu posso dizer que só uso melissa, a 6 anos não sei o que é comprar calçados de

outras marcas, acho que o motivo disso, é que me identifico com a marca, alta

durabilidade, cores variadas, que ás vezes quero comprar várias cores do mesmo

produto, e a melissa na verdade é sonho, sempre quero todas da coleção, onde

em outras marcas não me desperta esse desejo.

4. Na sua opinião, de que maneira a marca usa as ferramentas digitais para se

aproximar de seu público?

Através das redes sociais e suas divulgações a marca conseguiu atingir mais fãs

para seu produto, realizando assim mais desejos e sonhos.

5. Quais conteúdos postados nas redes sociais da marca são seus favoritos?

Você interage com a marca na Internet com que frequência?

O fato da melissa está sempre buscando atingir o maior número de pessoas, até

mesmo o público masculino, fabricando assim produto genderless (sem gênero).

Diariamente estou acessando a internet em busca de conteúdo sobre a marca.

6. De que maneira você expressa seus sentimentos pela marca?

Colecionando os produtos, desejando os mimos da marca e influenciando

amigos e familiares a se apaixonar também postando na minha página

(@nandamelisseira).