Alô Vida - Manual Revisao 2.2

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    MANUAL DE CAPACITAOE DESENVOLVIMENTO

    DO VOLUNTRIO

    O telefone para desabafar!_____________________________________________________

    (31) 3444 - 1818

    www.alovida.org.brBelo HorizonteMinas Gerais

    2014

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    MANUAL DE CAPACITAOE DESENVOLVIMENTODO VOLUNTRIO

    Ouvir traz consequncias. Quando ouo efetivamente uma pessoa e,mais que isso, ouo os significados que lhe so importantes num

    momento especfico de sua vida, ouvindo no suas palavras, mas elamesma, demonstrando me importar de fato com suas questespessoais, suas aflies mais ntimas, muitas coisas acontecem. Surge,em primeiro lugar, um olhar agradecido, um sentimento bom de alvio. Apartir da, essa pessoa se dispe a falar mais sobre seu mundo. Sente-se impelida em direo a um novo sentido de liberdade. Torna-se maisaberta ao processo de mudana. Quando percebem que foramrealmente ouvidas, as pessoas quase sempre ficam com os olhosmarejados. Nesses momentos, tenho experimentado a fantasia de estar

    diante de um prisioneiro em um calabouo, que dia aps dia transmiteuma mensagem em Cdigo Morse: H algum a? Algum est meouvindo? E um dia, finalmente, escuta algumas batidas leves, quesoletram: Sim. Esta simples resposta o bastante para que se liberteda solido, para que se sinta novamente um ser humano. H muitas,muitas pessoas vivendo em calabouos privados hoje em dia. Pessoasque no deixam transparecer esta condio e que, por isso mesmo, tmde ser ouvidas com muita ateno, para que possam ser captados osfracos sinais que emitem de seu crcere emocional.

    Carl Rogers Um jeito de Ser pg. 6 e 7.

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    SUMRIO

    1 INTRODUO...................................................................................................41.1 Objetivo......................................................................................................5

    2 A ENTIDADE AL VIDA...................................................................................52.1 Qual o motivo da existncia do Al Vida?..............................................52.2 Requisitos necessrios ao trabalho de escuta do Al Vida..................62.3 O que necessrio para ser voluntrio no Al Vida?...........................6

    2.3.1 Autoconhecimento..........................................................................7

    2.3.2 Postura.............................................................................................72.3.3 Atitudes Bsicas..............................................................................72.3.4 Confiana na tendncia construtiva..............................................82.3.5 Respeito............................................................................................82.3.6 Aceitao..........................................................................................82.3.7 Compreenso...................................................................................82.3.8 Flexibilidade.....................................................................................82.3.9 Nivelamento.....................................................................................82.3.10 Humildade........................................................................................92.3.11 Moderao........................................................................................92.3.12 Disponibilidade de Tempo..............................................................9

    2.3.13 Disponibilidade Interna...................................................................92.3.14 Disponibilidade para contribuir com o trabalho...........................92.3.15 Projeo............................................................................................9

    3 A PESSOA QUE NECESSITA DO TRABALHO DE ESCUTA.......................10

    4 O QUE SE ENTENDE POR RELAO DE AJUDA?.....................................114.1 Tringulo das Bermudas.........................................................................114.2 Ciclo da Vida............................................................................................124.3 Resposta Compreensiva.........................................................................134.4 Resposta estruturante e resposta informativa.....................................14

    5 ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA......................................................155.1 Vida Plena.................................................................................................165.2 Treinamento de papis............................................................................16

    6 TIPOS DE ATENDIMENTO..............................................................................176.1 O Sigilo......................................................................................................176.2 Informaes..............................................................................................186.3 Desligado..................................................................................................186.4 Engano......................................................................................................19

    6.5 Trote..........................................................................................................196.6 Retribuio por atendimento dado (presentes)....................................196.6 Mudo..........................................................................................................20

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    6.8 A Prtica.....................................................................................................20

    7 OUTROS TIPOS DE ATENDIMENTO..............................................................207.1 Crianas....................................................................................................207.2 Adolescentes............................................................................................217.3 Perguntas Pessoais.................................................................................217.4 Atendimento em que a outra pessoa faz muitas perguntas diretas...227.5 Atendimento simultneo a duas pessoas.............................................227.6 Atendimento a pessoa que fala somente sobre os outros..................227.7 Atendimento a pessoa que j ligou antes e no revela que o fez.......237.8 Atendimentos de conotao sexual.......................................................237.9 Masturbao.............................................................................................24

    7.10 Cantadas...................................................................................................257.11 Proposta de encontrar antes ou depois do planto.............................257.12 Palavres..................................................................................................25

    8 PERDAS...........................................................................................................258.1 Perda do emprego....................................................................................268.2 Perda de um membro do corpo..............................................................268.3 Perda de um ente querido.......................................................................26

    9 AJUDA FORA DO PLANTO, SUICDIO IMINENTE, ATENDIMENTO PESSOAL.279.1 Ajuda fora do planto...............................................................................279.2 Algum liga pedindo ajuda para algum que quer se matar................279.3 Ajuda a algum que tomou alguns comprimidos..................................279.4 Ajuda a algum que deseja realmente morrer.......................................279.5 Denncia....................................................................................................27

    10 FINALIZANDO UM ATENDIMENTO................................................................28

    11 LEMBRETES IMPORTANTES.........................................................................29

    12 FRASES DE APOIO.........................................................................................29

    13 REFLEXO FINAL...........................................................................................31

    REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS......................................................................31

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    1 INTRODUO

    A presente edio do manual do Al Vida, no seu dcimo ano de existncia, fruto de um estudo sobre a maneira mais adequada para se editar um instrumento

    que, alm de servir de base para a formao de voluntrios, servir como fonte deconsulta e divulgao do trabalho realizado no atendimento s pessoas que desejamdesabafar.

    Foram vrias as mos que elaboraram este trabalho, o que impossibilita acitao de nomes, pois injustia fatalmente seria feita. Cada um que opinou, quesugeriu a substituio de uma palavra, uma mudana na pontuao, participou comoclula importante na consecuo deste corpo.

    A cada curso ocorrem descobertas, novas formas de colocao, visesdiferenciadas, inovaes e na busca pela essncia do trabalho foram muitas as

    revises que moldaram esta edio impressa.

    Este manual vivo,nasce de experincias em atendimentos por telefone, dapreparao de vrios candidatos nos cursos de formao de voluntrios, davivncia, da experimentao e do estudo terico de profissionais ligados ao assunto.A teoria que aqui est vivenciada dia a dia no trabalho realizado por umaorganizao (Al Vida) no governamental que se dedica a cuidar da valorizao davida. uma teoria que encontra respaldo na atividade prtica.

    Este trabalho representa uma amostra do que vem a ser a no diretividade,quer dizer, a capacidade de conversar com pessoas sem interferir em suasdecises, sem dizer a elas o que fazer. No aconselhar, ouvindo com ateno eacreditando que a pessoa que necessita de ajuda tem condies de encarar omomento pelo qual est passando, a nossa misso. A tendncia construtiva algopresente em todo ser humano e o que o Al Vida faz ajudar as pessoas a vivenciaresta tendncia.

    Entendemos que o suicdio precisa ser tratado com seriedade. Organizaesque se dedicam a ouvir quem necessita desabafar realizam um valioso trabalho depreveno dessa atitude extrema. Nem todas as pessoas que desejam desabafarpensam em dar fim prpria vida, muitas precisam somente ser ouvidas, desejam

    ateno. Se no dermos a importncia devida possibilidade de suicdio, ele podevir a acontecer e a descobriremos, talvez, que na verdade, a pessoa desejava dizerque estava viva.

    Acreditamos que outras edies viro. Este manual nunca estar pronto. Elereflete o carter de um trabalho que tambm no est pronto. Temos sim, um roteiroque importante ser seguido. As mudanas so, de modo geral, enriquecedoras e,portanto, bem-vindas. Se voc chegar concluso de que pode ajudar, sugerindonovas mudanas, por favor, entre em contato conosco.

    Boa leitura.

    Equipe de formao do Al Vida.

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    1.1 Objetivo

    Este Manual tem como objetivo estabelecer os requisitos bsicos a seremconsiderados na formao, capacitao e desenvolvimento tcnico do voluntrio do

    Al Vida.

    2 A ENTIDADE AL VIDA

    Sem qualquer vnculo poltico ou religioso, o Al Vida tem como entidade jurdica oGrups Grupo de Apoio e Preveno do Suicdio inscrito no CNPJ sob o N26269753/0001-90, com sede localizada Rua Jata, 1058 Bairro da Graa, emBelo HorizonteMG / CEP: 3113 0350.

    O trabalho de escuta oferecido pelo Al Vida, cuja misso consiste em escutar aspessoas que desejam (precisam) desabafar, totalmente realizado por voluntrios,

    e se d atravs do telefone 3444-1818.

    A manuteno financeira do Grups e, portanto, do Al Vida, viabilizada porrecursos advindos das contribuies de seus prprios voluntrios, que se mobilizampara custear as despesas da entidade. A diretoria do Grups tambm composta porvoluntrios, em sua maioria plantonistas do Al Vida. O objetivo maior do Al Vida ESCUTAR as pessoas que desejam conversar, e, para tanto, seus voluntrios soselecionados e preparados em cursos especficos. Este manual parte integranteda formao dos voluntrios do Al Vida

    2.1 Qual o motivo da existncia do Al Vida?

    Olhando ao redor, pode-se, talvez, constatar que a tendncia de grande parte daspessoas : cada um cuida de si. A solidariedade, a preocupao com os outros, ointeresse pelo problema alheio, o escutar com ateno, pode no ser umapreocupao constante no dia a dia da maioria das pessoas. Individualidade umacaracterstica marcante da sociedade atual, mas os problemas existem na vida detodos ns, e necessitamos resolv-los.

    Mas a quem se deve recorrer num momento de aflio? A demanda por ateno,existente nos dias de hoje, muitas vezes resolvida pela prpria sociedade, emboraparte dela se mostre individualista. Atravs de organizaes no governamentais,

    pessoas sensveis ao drama alheio unem foras em torno de uma determinadacausa. Muitas so estas organizaes, e diversas as frentes em que atuam: direitosda criana e do adolescente, do idoso, preservao do meio ambiente, questesrelativas aos presos, justia, etc. a prpria sociedade, ento, resolvendo osproblemas que ela mesma criou. Este grupo de pessoas geralmente composto porvoluntrios.

    O Al Vida uma dessas entidades. Nossa misso escutar, facilitar o desabafo depessoas que no encontraram em seu meio algum que possa escut-las comateno. Escutar com o corao, observar as entrelinhas. Escutar o que foi dito eprestar ateno tambm naquilo que no foi dito so aspectos importantes para arealizao do trabalho no Al Vida. O Al Vida uma entidade de carterestritamente humanitrio.

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    A finalidade principal ESCUTAR. Escutando quem necessita, alm da qualidadede vida, o Al Vida ajuda a preservar a vida propriamente dita dessas pessoas, poisquem no tem com quem conversar pode vir a cometer, como uma sada para sua

    aflio, numa medida extrema, uma ao drstica: o suicdio.

    O Al Vida promove regularmente cursos para seleo e capacitao de voluntrios.Para tanto, conta com vrios parceiros: rgos da imprensa, escolas, empresas,artistas, enfim, profissionais de diversos segmentos. O vnculo no religioso no ferea individualidade de cada membro professar a religio que lhe convier, o mesmoacontecendo em relao bandeira poltica.

    2.2 Requisitos necessrios ao trabalho de escuta do Al Vida

    A filosofia do trabalhoas tcnicas e o porqu de sua existncia;

    Os voluntrios aqueles que fazem o atendimento com caractersticaspeculiares de disponibilidade, flexibilidade e respeito s pessoas (descritas noitem 2.3);

    Um telefone com nmeros de fcil memorizao;

    A divulgao atravs de entrevistas, outdoor, Internet e panfletos. Aspessoas que desejam ajudar, bem como aquelas que desejam usufruir dotrabalho precisam conhecer o Al Vida.

    2.3 O que necessrio para ser voluntrio no Al Vida?

    A vontade de ajudar, de oferecer algum conforto, algum apoio a quem necessitadesabafar, deve ser a primeira caracterstica do voluntrio do Al Vida. Humildade,flexibilidade, respeito, confiana na essncia positiva das pessoas, aceitao,compreenso, moderao e a percepo de que ir participar de um trabalho queest ainda em desenvolvimento, so caractersticas indispensveis ao voluntrio doAl Vida.

    O tempo um fator importante para o desenvolvimento deste trabalho. A

    disponibilidade de tempo fundamental. No entanto, o essencial para o voluntriodo Al vida a disponibilidade interna. Ter disponibilidade interna corresponde aestar solcito e preparado (com pique) diante dos problemas que fatalmente iroaparecer. o ato de se colocar no campo das resolues dos problemas e no nacriao deles. tambm se colocar diante dos fatos, no ser omisso. Se o que setem a dizer importante para o crescimento do trabalho, ento deve ser dito.Havendo a disponibilidade interna mais fcil arrumar o tempo para realizar asatividades que o trabalho exige.

    2.3.1 Autoconhecimento

    No trabalho do Al Vida, a busca pelo autoconhecimento deve ser uma constante,evitando-se sempre o comodismo. Conhecer os prprios limites, reconhecer ospreconceitos, caso existam, ser sincero e responsvel, respeitar seus limites e

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    principalmente as potencialidades, so posturas extremamente necessrias.Participar de cursos, atualizar competncias, repensar o modo de atendimento,trocar experincias, colocar-se diante dos fatos, perguntando sempre o porqu de ascoisas se apresentarem como se apresentam, estudar, tentar novas sadas para

    velhos problemas, devem ser atitudes de toda pessoa que se dispe a ser voluntriodo Al Vida. Assim, crescer, conhecer e ler so verbos que, para o voluntrio daescuta, necessitam ser conjugados na primeira pessoa. Caso contrrio, aacomodao e a preguia mental podem fazer com que o trabalho venha asucumbir.

    Atravs do desempenho deste trabalho, lidamos com seres humanos. Dependendodo que se fala, dependendo da atitude adotada, pode-se salvar uma vida; essa ameta principal. Deve-se, portanto, evitar palavras ou aconselhamentos que possamlevar a situaes negativas ou inadequadas. E isso, com dedicao e treinamento, possvel alcanar.

    2.3.2 Postu ra

    necessrio, tambm, ser moderado diante dos fatos, principalmente diante daquiloque est em desacordo com a opinio que se tem sobre determinada situao. Acrena, o jeito de ser de quem procura o nosso trabalho, ainda que nocompartilhado ou compreendido, deve sempre ser respeitado, mesmo divergindocompletamente do que pensa e vive o voluntrio do Al Vida. O linguajar outroponto importante para uma boa comunicao. Ficar no mesmo nvel de quem liga um fator de acolhida. Palavras muito eruditas devem ser evitadas. Compreenso apalavra chave. O voluntrio no deve ter a pretenso de achar que sua vida, suamaneira de ser, a correta. Quem nos procura no tem que seguir nosso modelo devida e de pensamento. Por estar passando por uma situao difcil, quem nosprocura no deve ser considerado em um nvel inferior ao nosso. Podemos terpassado ou at mesmo estar passando por situao semelhante, seno pior. Quemliga para o Al vida algum que precisa de socorro imediato, num momentoespecfico. E a atitude do voluntrio deve ser tal qual a de um bombeiro: umapresena solidria no instante da necessidade, da emergncia.

    *Para refletirEm sua opinio, existem outros elementos essenciais para o funcionamento do trabalho de escuta?Por que voc escolheu este trabalho? Quais das caractersticas necessrias realizao deste

    trabalho voc considera ter, e quais voc precisa ainda desenvolver ou aprimorar?

    2.3.3 At itu des Bsic as

    Por atitudes bsicas entendemos as aes empreendidas pelo voluntrio do AlVida no sentido de acolher a pessoa que nos procura, de forma a externar a posturasolidria e solcita que deve reger a conduta de todos os voluntrios desse projeto.

    2.3.4 Con fiana na tendnc ia co ns tru tiv a

    Confiar nas pessoas acreditar na essncia positiva do ser humano. Confiar na sua

    tendncia em procurar a paz, a amizade, o calor humano. Muitas vezes, a pessoaest passando por dificuldades, as quais no consegue resolver sozinha, ficando

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    suscetvel ao surgimento de sentimentos destrutivos. A nossa atitude ser sempreno sentido de confiar e de facilitar o seu desabafo, para que, assim, a pessoaconsiga ao menos aliviar seu sofrimento. Faamos uma comparao: uma planta,quando colocada em um canto de uma sala escura, com apenas uma janela, tem a

    tendncia de crescer em direo luz, devido sua tendncia construtiva. Todo servivo possui essa tendncia para a vida, e cabe a ns, no processo de atendimento,no instante da escuta, despertar essa essncia.

    2.3.5 Respeito

    Respeito pelo outro significa acreditar que ele tem condies de saber e de decidir oque melhor para sua vida. Quando escutamos seu desabafo, estamos facilitandosua compreenso acerca de seus verdadeiros sentimentos, de seus pensamentosmais profundos, de modo que possa, a partir da, agir de forma positiva.

    2.3 .6 Acei tao

    Aceitar o outro nos abrir para ele, acolhendo-o com todos os seus sentimentos,positivos ou negativos. Atravs de nossa escuta, perceber junto a ele suaexperincia de vida, sem preconceitos, sem julgamentos.

    2.3.7 Compr eenso

    Compreender o outro perceber que existe sempre uma boa razo para se pensar,sentir e agir, mesmo que aparentemente isso parea inadequado. Podemos estarjunto a ele, compreendendo o significado de seu comportamento e os sentimentosque geraram suas atitudes perante os acontecimentos que permeiam sua vida.

    2.3.8 Flexibi l idad e

    Nossos preconceitos podem nos tornar inflexveis, rgidos, pois so idias pr-concebidas que trazemos conosco, difceis de mudar. Para ns do Al Vida,procurar ter maior flexibilidade perante as opinies, crenas e princpios do outro essencial para que tenhamos a capacidade de aceitar, compreender e respeitar oponto de vista e os sentimentos de quem nos procura.

    2.3.9 Nivelamen to

    Para que possamos escutar o outro com total sinceridade, aceitao e respeito necessrio nos colocarmos a sua altura. Quando nos nivelamos h umaaproximao e, portanto, maior calor humano. Tornamo-nos um igual para que ocompreendamos melhor. O fato de a pessoa estar precisando de ajuda no noscoloca acima dela e a nossa capacidade de entender essa situao propicia onivelamento.

    2.3.10 Humildade

    Humildade um sentimento que nos leva a reconhecer que no sabemos tudo e quesempre h o que aprender. Todos ns temos dificuldades e problemas a serem

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    resolvidos, precisamos uns dos outros, somos falveis. Aps reconhecermos nossasprprias falhas, torna-se mais fcil aceitar o prximo.

    2.3.11 Moderao

    no tomar atitudes extremas. No ser fantico nem rgido demais em nossosposicionamentos pessoais. estar sempre disponvel, comedido e ponderado.

    2.3.12 Disponib i l idade d e Tempo

    O voluntrio necessita dispor de certo tempo para doar aos plantes, reunies degrupos, reunies de comisses, etc. Para os plantes so necessrias 4 horassemanais, j as reunies de treinamento so mensais e as RGVs (reunies geraisde voluntrios) trimestrais com durao mdia de 3 horas.

    2.3.13 Dispon ibi l idade Interna

    a condio de estar disponvel internamente para escutar o outro, acolhendo-ocom aceitao, compreenso e respeito. estar conscientizado de que o trabalhoexiste para atender a quem precisa conversar. A disponibilidade interna que faz comque se evite a indisposio para chegar s solues, leva quase que inevitavelmente resoluo de problemas.

    2.3.14 Disponib i l idade para cont r ibu i r com o t rabalho

    O trabalho de escuta nunca estar pronto. A pessoa que chega hoje tonecessria quanto quela que h tempos participa do projeto. Precisaremos sempreque as pessoas sejam o que realmente so, de modo que possam contribuir comalgo que est ainda em pleno desenvolvimento. desejvel que a pluralidade doconjunto faa a diferena. Lembrando sempre que as regras valem para todos enecessitam ser respeitadas.

    *Para refletirComo so para voc estas questes: humildade, flexibilidade, respeito, confiana na essnciapositiva das pessoas, aceitao? Fale sobre cada uma delas. Qual delas voc possui? Qual nopossui? Como o seu tempo? Qual o tempo semanal de que pode dispor para o trabalho do Al

    Vida?

    2.3.15 Evitar Pro jeo

    a atitude de achar que todas as pessoas vem o mundo da mesma forma que ovemos, de atribuir aos outros crenas, valores e preconceitos que so nossos. Issopode dificultar ou mesmo impedir que nos aproximemos do outro, podendo tambmcausar a ele a sensao de no estar sendo compreendido. Portanto, a projeodeve ser evitada.

    3 A PESSOA QUE NECESSITA DO TRABALHO DE ESCUTA

    Imagine que voc esteja passando por um momento difcil. A quem voc comunica oque est acontecendo? A um amigo, um parente, um colega de trabalho ou de

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    escola? Quem procura o trabalho do Al Vida pode ser uma pessoa que no tenhacom quem conversar em seu meio familiar ou social. Dependendo da situao, teramigos e parentes, ainda que solidrios, pode no ser o suficiente para que sepossa desabafar. Pode-se passar por situaes sobre as quais difcil falar.

    necessrio que algum esteja disponvel para escutar. Imagine-se nestas situaes:quando um ente querido morre, quando se perde o emprego, quando se apaixona,quando nasce um filho, quando se leva um fora, quando se encontra algum,quando se consegue passar em um teste difcil, etc.

    A pessoa que procura o Al Vida deseja ser ouvida com ateno. Deseja encontrarum conforto para o que est sentindo. Deseja ser respeitada, no est interessadaem julgamentos, condenaes ou conselhos. Deseja o ombro, o colo, o coraoatento. Quem procura um trabalho de escuta pode a princpio pedir uma orao, umconselho, mas deseja falar do que est acontecendo consigo. Portanto, perguntar oque est acontecendo pode ser um bom comeo para o atendimento. Voc, quando

    necessita conversar sobre um assunto mais delicado, conversa com quem? Pararelat-lo, quais as condies deveriam existir?

    Se o que se est sentindo no for comunicado a algum, se no for encontrado umambiente adequado para falar o que se deseja, a sada pode ser a tentativa desuicdio. O que o Al Vida deve fazer no fechar a porta do suicdio, mas abriroutras portas. A porta da compreenso, do apoio incondicional, da aceitao. Apessoa que vem at o Al Vida necessita ento de acolhida, de tempo para falar, dese sentir compreendida, de se sentir amparada, de ser aceita como , de sentir alvioao conversar conosco. Julgar, aconselhar, comparar, demonstrar falta de pacinciae de tempo so atitudes incompatveis com o que procura a pessoa que vem at oAl Vida.

    As condies adequadas para a pessoa que procura nossa ajuda so, alm dealgum disposto a escutar, um ambiente de acolhida, de iseno de julgamentos ede conselhos. Mesmo que haja um pedido de orao, um pedido de conselho, o queo voluntrio do Al Vida deve fazer se manter atento e perguntar a quem liga o queest acontecendo. A pessoa, encontrando um ambiente de ameaa zero, em que sesinta bem, compreendida e acolhida, tem a tendncia de colocar para fora tudo oque est se passando. O assunto do desabafo pode ser diverso. No h assuntospr-determinados para a pessoa que nos procura. O direito ao desabafo livre. Por

    pior que seja a situao que a pessoa esteja enfrentando, ela tem uma tendncianatural para a vida, que, ao encontrar campo frtil, desabrochar. A vontade decomunicar uma caracterstica natural do ser humano.

    E voc, acha que existem outras caractersticas das pessoas que buscam o trabalhode escuta, que podem ser citadas?

    4 O QUE SE ENTENDE POR RELAO DE AJUDA?

    Relao de ajuda uma interao entre pessoas. Uma conversa na qual existe umobjetivo. Algum est com um problema e deseja que o outro o ajude. O ajudado

    (atendido) considera o ajudador (voluntrio) capaz de lhe prestar o auxlio que pedido. uma entrevista estruturada.

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    A situao normal de uma conversa na qual algum necessita do outro caracterizada pelo conselho ou pela comparao. necessrio, entretanto, evitarcometer certos equvocos, quais sejam:

    Estou muito triste, me aconteceu...No fica assim no, isto passa, voc mais forte que isto...(no se espera nem apessoa concluir sobre o motivo da tristeza).

    Ou, ento:

    No estou bem, me aconteceu... Isto no nada, comigo aconteceu bem pior... (pouco importou a gravidade doproblema relatado)

    Em ambas as situaes no houve a escuta. Verdadeiramente falando, como se a

    pessoa estivesse conversando com algum que fosse surdo. No Al Vida h umaescuta. Voltando ao exemplo citado acima, a conversa ficaria dessa forma:

    Estou muito triste, briguei com minha namorada, parece que vou explodir, no seio que fao.

    Voc est triste, me fale dessa tristeza.

    Entrar no assunto. Escutar, prestando ateno a todos os detalhes. Este o primeiropasso em uma relao de ajuda que feita no Al Vida. Esta forma de conversa baseada na Abordagem Centrada na Pessoa, que foi criada pelo PsiclogoAmericano Carl Ranson Rogers (1902-1987), autor de vrios livros que explicam eenfatizam a centralizao de uma conversa no atendido. Carl Rogers faz parte dalinha humanista da psicologia. Esta abordagem (Rogeriana) caracterizada pelofato de poder ser exercida por pessoas leigas.

    Importante: O Al Vida no faz um trabalho de atendimento psicolgico. Isso reservado aos psiclogos, que, para tanto, devem ter formao acadmicaespecfica. O trabalho do Al Vida de ESCUTAR as pessoas que desejamdesabafar no momento que necessitam.

    4.1 Tringulo das Bermudas

    Para seguir a linha no diretiva importante que o entrevistador oriente o dilogopara o sentimento do entrevistado. Utiliza-se para isto o que representamosgraficamente e chamamos de Tringulo das Bermudas.

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    SENTIMENTO

    `

    INDVIDUO PROBLEMA

    Ilustrao 1 Tringulo das Bermudas

    INDIVDUOCaractersticas que nos identificam individualmente. Nome, endereo,profisso, altura, peso, etc.

    PROBLEMAPerda de emprego, briga com esposa ou marido, perda de um ente querido,solido, falta de perspectiva.

    SENTIMENTOtristeza, angstia, dio, alegria, entusiasmo (diante da situao existente).

    No atendimento feito no Al Vida, deve-se concentrar a fala no sentimento de quemnos procura. O que voc sente diante dessa situao?, esta frase pode ser umbom incio para uma conversa no Al Vida. Ou ainda: o que voc est sentindo? Oque se passa? Fale-me o que est acontecendo com voc . Estas perguntas podeme devem ser feitas de forma adequada e na hora pertinente. Desta forma, a pessoapode desabafar. Escutar o desabafo de quem nos procura a PRINCIPAL MISSOdo Al Vida.

    Se houver a centralizao no indivduo ou no problema, a tendncia do dilogo se

    tornar um bate papo, sem o aprofundamento necessrio para ocorrer o desabafo.Falar sobre o problema e sobre o indivduo pode ocorrer, o que no pode o foco seconcentrar em um ou outro ou nos dois. Focar no sentimento o mais adequado. Asperguntas sobre sentimento devem ser feitas no momento apropriado. Deve haver ocuidado para no banalizar a pergunta: o que voc est sentindo?. Imagine sealgum liga e diz que perdeu seu nico filho e fosse perguntado: o que estsentindo?Neste momento esta pergunta pode ser considerada uma ofensa.

    4.2 Ciclo da Vida

    Utilizando o tringulo das Bermudas o entrevistado poder seguir e chegar ao que

    chamamos de ciclo da vida. Onde poder: sentir, pensar e agir, nesta ordem.

    SENTIR

    AGIR PENSAR

    Ilustrao 2 Ciclo da Vida

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    No se trata ento de identificar simplesmente o que a pessoa est sentindo. Aps aidentificao, importante que ela fale sobre o sentimento e de como est diantedele. As reaes fsicas, as emoes mais profundas, o que est se passando nocorao, entre outras coisas. Ocorrendo esta fala (SENTIR), ocorrer

    automaticamente o desabafo. A prpria pessoa ento far a reflexo sobre o queest acontecendo (PENSAR) e em seguida (num tempo que do atendido) ocorrera ao (AGIR). quando a pessoa fala: acho que vou fazer isso ou aquilo ou aindavou procurar saber com fulano e tomarei ento tal e tal atitude.

    O TEMPO DE ATENDIMENTONo o tempo do voluntrio. o tempo necessriopara que a pessoa que est sendo atendida se sinta bem, embora nem todaentrevista deixa o atendido bem ao seu trmino. O trabalho de escuta, em umasituao emergencial. O tempo necessrio, ento, o tempo em que ocorreu oatendimento desta emergncia. O tempo de uma aula (50 minutos) o ideal, maspode ocorrer que necessite de mais, embora possa ocorrer alguns sinais de que a

    conversa j se esgotou (naquele instante emergencial). Um deles quando apessoa atendida comea a repetir determinadas falas. bom lembrar que a pessoapode ligar em outra hora e quantas vezes quiser, sendo que cada ligao serconsiderada nica, guardada as devidas propores.

    *Mais adiante h um item contendo explicaes sobre como encerrar uma ligao.

    TEMPO DA PESSOA QUE LIGA Quem nos procura, no tem que estar,necessariamente, curado, ou ter encontrado a soluo para o seu problema, j nomomento em que terminar o atendimento. Isto seria desejvel, mas pode ou noacontecer. Assim, o voluntrio deve acolher, compreender, respeitar, aceitar deforma incondicional a quem nos procura, sem determinar o nmero de vezes que apessoa pode ligar para o Al Vida.

    4.3 Resposta Compreensiva

    A resposta compreensiva uma ferramenta a mais no trabalho de escuta. Paraalgum que diz que seu nico filho morreu,o voluntrio pode dizer: seu nico filhomorreu...A pessoa ento continuar o desabafo: sim, ele era tudo para mim...Prossegue o dilogo. A resposta compreensiva no uma pergunta, portanto no seusa interrogao. Ela pode acontecer de trs formas:

    Reiteraoreiterao repetio. Repetir as ltimas palavras do entrevistado:

    Meu nico filho morreu.Seu nico filho morreu.

    Resumoresumir o que a pessoa disse sem fugir do foco.

    Estou muito triste, perdi meu emprego. Preciso tratar de trs filhos pequenos e nosei o que fao agora, no sei se vou dar conta de algo que sempre fiz.

    Voc perdeu o emprego, est triste e no sabe o que fazer.

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    Aluso dia principal da fala devolver para o entrevistado a dia centraldaquilo tudo que ele disse. como se as outras falas fossem coadjuvantes nacomunicao do fato principal.

    Minha filha adolescente ainda no chegou em casa, eu no consigo dormir, estoupreocupada, no sei a que hora ela chegar, se ao menos eu tivesse o nmero docelular da amiga dela.

    Voc est preocupada com sua filha que no chegou.

    No importou muito, neste caso, o fato de a me no conseguir dormir ou se ela temou no o nmero do celular da amiga. Em uma conversa normal a tendncia seriacentrar o dilogo no problema dizendo, talvez: ser que ela no tem anotado naagenda? Ou ainda: no tem outra amiga que talvez tenha o nmero? Ou seja,haveria a preocupao com o problema sem escutar os sentimentos presentes enem sempre aflorados: preocupao, angstia, tristeza, etc. A resposta

    compreensiva nada mais do que dizer para a pessoa: eu entendi o que voc medisse, compreendi perfeitamente, por favor, continue, estou lhe escutando... Tudoisto dito utilizando uma das trs formas citadas. Com treinamento especfico seaprimora a capacidade de escolher entre elas a mais indicada a cada situao:

    1) Perdi meu melhor amigo para as drogas, o que fao?2) Sem amor o ser humano no vive.3) Voc casado (a)?4) Como que pode um motorista de nibus no respeitar os mais velhos?

    Ento ele no sabe que existe o estatuto do idoso que nos protege?5) Poltica a pior coisa do mundo.6) Acho que para ser feliz basta uma casa boa, com uma famlia legal. Pode

    ser pequena, mas tem que ser unida.7) Gostaria que o mundo explodisse!

    4.4 Resposta estruturante e resposta informativa

    Quando algum liga e pede um conselho, devido ao momento de dor pelo qual estpassando, no devemos aconselhar. No entanto, pode ser que uma determinadaresposta se encaixe bem no dilogo, sem comprometer a estrutura da conversa.Uma resposta estruturante seria aquela por meio da qual o voluntrio ajuda a

    pessoa atendida a determinar quais acontecimentos so mais significativos ou quaisatitudes ela deve tomar. Este tipo de resposta no deve ser usado; entretanto, asrespostas de carter informativo podem ser dadas. Observe o exemplo abaixo:

    Me (1)Minha filha no chegou, estou to preocupada com ela. O que devo fazer?So 3 horas da manh!Voluntrio (1)Voc est preocupada com sua filha.Me (2)Sim, voc no estaria se fosse sua filha? Que horas so?Voluntrio (2)Agora so trs e quinze.Me (3)Puxa vida, o tempo voa! Por que, quando estamos preocupados, o tempopassa mais rpido?

    Voluntrio (3) Voc est sentindo o tempo andar mais rpido neste momento depreocupao?

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    Me (4) Totalmente! Daqui a pouco amanhece, estamos em poca de horrio devero?Voluntrio (4)No. O horrio de vero acabou semana passada.Me (5) Ainda bem. Vai amanhecer daqui a pouco e vou procurar melhor minha

    filha. Mas estou sem sono, o que devo fazer?Voluntrio (5)Voc no est conseguindo dormir.Me (6)No consigo...

    As respostas em 2, 4 so informativas e podem ser dadas, pois so necessriaspara que o dilogo flua. J em 1, 3 e 5, se as respostas fossem dadas, haveriaalterao no curso do dilogo, com total interferncia e aconselhamento dovoluntrio. Portanto, respostas estruturantes no podem ser dadas porque alteram oandamento do atendimento, as respostas informativas, por sua vez, podem serutilizadas.

    5 ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

    As pessoas tm, fundamentalmente, uma orientao positiva. Quanto mais umapessoa compreendida e aceita, maior sua tendncia para abandonar as falsasdefesas que por ventura venha empregando para enfrentar a vida, maior suatendncia para se mover para frente. Todos, em geral, trazem dentro de si acapacidade e a tendncia latente para caminhar rumo maturidade. Em um climaadequado, essa tendncia positiva liberada, abandona o plano potencial para,enfim, ganhar uma dimenso real. A tendncia ao crescimento uma propensorumo auto-realizao, uma tendncia direcionada para frente, que constitui a molaprincipal da vida.

    Para ajudar na transformao de algum, o melhor no pression-lo na direo damudana, nem ensinar-lhe o caminho a seguir ou mesmo gui-lo pela inteligncia,mas sim aceitar e, sobretudo, respeitar o seu tempo, dando valor aos seus receios,s suas angstias, s suas resistncias, a tudo que o impea, momentaneamente,de mudar. Ter considerao positiva pela pessoa significa expressar aceitao eestima por ela, no esperar que ela seja uma pessoa diferente do que . Diantedisso, a pessoa se sente acolhida, respeitada como o ser humano que , com seustraos pessoais, com suas qualidades e defeitos. A considerao positiva no apenas uma boa inteno que se fabrica momentos antes de se iniciar o

    relacionamento. um procedimento concreto que se vai construindo enquanto se da interao e que pode ser observado pelo modo como se desenvolve e evolui acomunicao com a outra pessoa.

    Considerao positiva incondicional Se tudo o que a pessoa exprime verbalmente ou no, direta ou indiretamente a respeito dela mesma me pareceigualmente digno de respeito ou de aceitao, em outras palavras, se eu nodesaprovo nem manifesto oposio a nada do que a pessoa expressa, ento eutenho para com esta pessoa uma atitude de considerao positiva incondicional. Aconsiderao positiva incondicional no o mesmo que concordarincondicionalmente, , de fato, aceitar que seja assim, respeitando o que no pode

    ser mudado e dando apoio para que ocorram as mudanas que forem necessrias epossveis. A aceitao imprescindvel para que a outra pessoa goze de liberdade

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    experiencial, proporcionando a si mesma condies para mudanas maisconstrutivas na orientao de sua vida.

    Compreenso emptica a capacidade de se colocar no lugar do outro. Mais do

    que o mero entendimento ou a compreenso dos fatos, uma habilidadesociointerativa que possibilita, em alguma medida, conhecer internamente a pessoa,no caso, aquela que se prope a desabafar.

    Entretanto, caro voluntrio, mesmo com alguma noo de psicologia, mesmo comconhecimentos nessa rea, apoiados em larga experincia profissional, com totalfamiliaridade com os sentimentos que afloram nas situaes diversas que podemlevar algum necessidade de procurar ajuda, jamais se deve antecipar a essealgum, seja externando uma percepo dos fatos seja sinalizando o que eledeveria sentir diante da situao especfica que est vivenciando. No se deveinduzir ningum a qualquer concluso.

    5.1 Vida Plena

    Vida Plena o nome de um exerccio de autoconhecimento e, ao mesmo tempo, derespeito ao outro, que realizado constantemente durante as reunies do Al Vida.

    A dinmica do Vida Plena acontece da seguinte forma:

    1) Um dos voluntrios escolhe um tema, que pode ser definido por uma frase,uma palavra, uma poesia (ou qualquer outra coisa que leve a reflexo).

    2) A partir do tema, cada pessoa expe, durante alguns minutos, seussentimentos e reflexes.

    No Vida Plena, devem ser observados os seguintes fundamentos:

    Tudo que se escuta durante o Vida Plena sigiloso, no podendo sercomentado durante as reunies ou fora delas;

    No Vida Plena, cada um fala somente uma vez, sem ser interrompido; Fala somente quem desejar, entretanto, no curso de formao de voluntrios

    todos devem exercer a fala; Deve ser usada sempre a primeira pessoa. Falar Eu me sinto mal com istoe

    no As pessoas se sentem mal com isto. No Vida Plena, o voluntrio fala desi, e no dos outros; No se deve pegar gancho. Eu concordo (discordo) do que fulano disse.

    O objetivo do Vida Plena permitir que o voluntrio entre em contato com seussentimentos a respeito dos mais diversos temas e seja capaz de admiti-los para simesmo. Alm disto, um treinamento de escuta e aceitao do outro.

    5.2 Treinamento de papis

    O treinamento de papis uma simulao de atendimento telefnico na qual um

    voluntrio exerce o papel da pessoa que procura o Al Vida e outro atua como ovoluntrio que est realizando o atendimento. no treinamento de papis que o

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    voluntrio pode se aperfeioar, buscando as melhores formas de lidar com asdiferentes situaes s quais estar exposto durante o planto.

    *Durante o treinamento de papis, o voluntrio deve estar atento s seguintes

    questes:

    O treinamento deve ser respeitado como um atendimento real, ou seja, osoutros participantes devem permanecer em silncio, evitando comentrios,risadas e qualquer tipo de barulho;

    No deve ser perguntado ao voluntrio que est no papel da pessoa queprocura o Al Vida se a situao apresentada real ou fictcia. As situaesapresentadas durante o treinamento podem ser hipotticas ou reais, oumesmo uma mistura das duas coisas. Para a simulao, isto no importa. Seo voluntrio est expondo uma situao real vivida por ele ou por algumconhecido, deve-se desconsiderar este fato;

    O sigilo do atendimento deve ser sempre mantido. O voluntrio que estapresentando a situao nunca deve afirmar se j atendeu (ou no) umapessoa com estas questes. Se algum outro voluntrio identificar, com basenas caractersticas da simulao, que se trata de um atendimento real,tambm no deve comentar o fato.

    6 TIPOS DE ATENDIMENTO

    Existem vrios tipos de atendimento, e todos devem seguir um mesmo roteiro:centralizao no sentimento, independentemente do problema. No proibido falar

    sobre o problema, muitas vezes ser necessrio indagar sobre ele, porm acentralizao, o foco, deve sempre ficar no sentimento. O tipo de dificuldade quecada voluntrio enfrentar bem peculiar. Algum poder ter dificuldade em atenderuma chamada muda, outro poder ter facilidade neste aspecto. Uma chamada comconotao sexual pode representar dificuldade para um e nem tanto para outro. importante ento trabalhar mais os atendimentos em que as dificuldades somaiores.

    6.1 O Sigilo

    O sigilo um ponto de fundamental importncia para o trabalho no Al Vida em

    todo e qualquer atendimento. Tem como principal objetivo, propiciar maiorsegurana para que o atendido possa falar de assuntos diversos inclusive os maisntimos. Devemos estar sempre atentos a grande responsabilidade que temos emrespeitar a intimidade do outro mantendo sempre a confidencialidade dentro e forado nosso ambiente de trabalho. O sigilo implica tambm em manter nossos dados eassuntos pessoais assim como os referentes aos outros voluntrios e o Al Vida,sempre fora do escopo dos atendimentos.

    *Os lembretes listados abaixo podem fazer a diferena, preste bastante ateno aeles.

    Para qualquer tipo de atendimento, tenha claro que voc poder e devercontar com:

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    - ajuda de seu coordenador de grupo de treinamento e dos demais membros destegrupo;- voluntrios que lhe antecedam ou que entrem depois de seu planto;- voluntrios que tm mais experincia nos atendimentos;

    - voluntrios com os quais voc tenha mais afinidade;

    Avalie sempre, aps um atendimento que foi difcil pra voc:

    - suas condies emocionais para continuar fazendo o planto;- o pedido de socorro, pessoalmente ou via telefone, para algum (dos indicados noitem anterior);- sua misso como voluntrio de uma instituio que se prope a escutar outraspessoas.

    *Tenha em mente que:

    - dificuldades individuais podem ser mais facilmente resolvidas no mbito coletivo;- somos um grupo e voc um membro importante deste grupo;- voc pode no dar conta de tudo em determinado momento e por isso precisar deajuda;- situaes mais drsticas, mais graves, podem acontecer, ainda que sejam raras.

    Quando algum liga para o Al Vida, esta pessoa pode falar do que quiser, podeexpressar os seus sentimentos e medos mais ntimos. O Al Vida deve estabelecercondies para prestar este servio de escuta e, para tanto, deve se manterdevidamente preparado; com respeito, compreenso, aceitao incondicional. Quemliga deseja ser compreendido. No Al Vida, no se coloca uma placa em que seestipule: este tipo de atendimento no feito. A proposta escutar desabafos,sejam eles quais forem. Portanto, o voluntrio do Al Vida necessita estudar, praticare estar pronto para o que der e vier. As abordagens podem ser de vrias maneiras.

    6.2 Informaes

    Algum liga pedindo informao sobre o trabalho. O que o Al Vida?O voluntrio deve ser claro: O Al Vida uma entidade formada por um grupo devoluntrios que se propem a escutar as pessoas que nos procuram. Ou, ainda:

    Somos uma Entidade composta por voluntrios que se dispem a escutar. Mas, evoc? Como voc est?Pode ser que, dependendo de nossa acolhida, a pessoa,se estiver fazendo uma sondagem, comece a falar. Pode-se ento transformar umpedido de informao em um atendimento.

    *Voc teria outra forma de responder ao pedido de informaes? Cite-a.

    6.3 Desligado

    Algum liga e, quando atendemos, o telefone d sinal de ocupado. Algum ligou epor algum motivo no quis falar conosco. Os motivos podem ser diversos. Isso pode

    acontecer vrias vezes em um mesmo planto. necessrio atender da mesmaforma (quantas forem as ligaes), com disposio para oferecer acolhimento e

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    compreenso. A pessoa pode estar tomando coragem, ou, at mesmo, o telefone doqual est ligando estar com defeito.

    *Em sua opinio, por que isto acontece?

    6.4 Engano

    J aconteceu de voc ligar para algum lugar, trocar um dos nmeros discados e aligao cair em um local completamente diferente daquele que voc estavaprocurando? Isso pode acontecer quando algum nos liga. Se o desejo da pessoafor falar com algum que no seja um voluntrio do Al Vida, deve-se informaradequadamente: No, aqui no da farmcia e sim do Al Vida..., voc est bem?Gostaria de falar um pouco sobre voc?. Pode ser que, dependendo de nossaacolhida, a pessoa, se estiver fazendo uma sondagem, comece a falar. Pode-seento transformar um engano em um atendimento.

    6.5 Trote

    Se a pessoa estiver bem, provavelmente no passar um trote. Por trs de um trote,pode estar uma inteno de sondagem. importante ento que entendamos isto eno descartemos que este tipo de telefonema possa se transformar em umatendimento. importante ento frisar que, a princpio, no se acredita em trote noAl Vida. Algum liga e diz: Al, a do aougue? No, aqui do Al Vida, nossonmero 3444-1818. Se no do aougue porque tem uma vaca falando aotelefone? (risos). Se der tempo voc pode perguntar: Olha, aqui do Al Vida, umtrabalho que se prope a escutar as pessoas, como voc est?Pode ser que apessoa esteja sondando de uma forma inusitada o Al Vida.

    6.6 Retribuio por atendimento dado (presentes)

    Jamais devemos aceitar qualquer tipo de retribuio pelo atendimento feito,principalmente num momento difcil para a pessoa que liga. Sempre recusarqualquer retribuio. Quem deseja ajudar, liga especificamente para isso. Quandouma pessoa ligar com este objetivo, pode-se fornecer o nmero da conta bancriado Al Vida ou pedir o nome e telefone da pessoa e informar ao tesoureiro, ou aindapedir que entre no site e anote o nmero da conta. importante, no entanto, atender

    a pessoa, perguntar os motivos da ajuda, como se sente fazendo isso, etc. Casoperceba que a pessoa deseja ser atendida, atender. Se a pessoa, aps ser atendida,sentir-se to bem a ponto de desejar contribuir com o trabalho para que possacontinuar a ajudar mais pessoas, neste caso, pode-se repassar o nmero da contabancria do Al Vida, ressaltando, porm, o carter de doao do valor que possaser depositado, o que no pode nunca ser confundido com um pagamento peloatendimento recebido.

    6.7 Mudo

    Algum liga e no fala nada. Nem desliga o telefone. Deve-se tentar falar com a

    pessoa. O voluntrio diz seu nome e pergunta se a pessoa deseja conversar.Espera-se um tempo e, em seguida, pergunta se a pessoa est ouvindo (pode serum problema na linha). Pode ser que no haja resposta. Ansiedade nesse momento

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    no deve existir. Nesta hora bom dizer que est disposio para escutarqualquer que seja o assunto, dizer que entende o silncio e est disponvel. Cincominutos para uma abordagem muda parece uma eternidade. Aps esse tempo, ovoluntrio refora que entende o silncio e est disposio para quando a pessoa

    quiser conversar. Caso no haja comunicao, comunica-se que vai desligar otelefone e que a pessoa pode ligar depois. Se houver segurana por parte dovoluntrio, ele pode tentar a comunicao via cdigos (batidas ao telefone). Notransformar este tipo de telefonema em um exerccio de adivinhaes.

    6.8 A Prtica

    Simule com o grupo cada um dos atendimentos descritos acima. Utilize para isto asferramentas: tringulo das bermudas, ciclo da vida e respostas compreensivas,quando couber. Atente-se para as respostas estruturantes e tambm para asrespostas informativas. Imagine-se atendendo os seguintes tipos de telefonema:

    1) Al, eu queria saber o que o Al Vida.2) Qual a igreja qual vocs pertencem?3) Algum liga, espera 30 segundos e desliga em seguida.4) O telefone toca diversas vezes e quando o voluntrio atende est dando sinal

    de ocupado.5) Algum liga procurando uma pessoa cujo nome no de algum do posto.6) Uma pessoa est desesperada e liga enganada pensando estar ligando para

    o hospital.7) Algum pergunta se existe um carro verde na porta e quando o voluntrio

    responde que no, ele diz: porque amadureceu ento.8) Uma pessoa idosa liga desejando falar com seu filho.9) Um telefonema mudo.10) Um telefonema em que a pessoa bate no telefone aparentemente tentando

    se comunicar de outra maneira.

    7 OUTROS TIPOS DE ATENDIMENTO

    Nesta seo sero apresentados outros tipos de atendimento, suas peculiaridades esuas respectivas abordagens.

    7.1 CrianasColocar-se no lugar do outro no quer dizer, no caso de atendimento a crianas, quedevemos usar diminutivos, como se estivssemos tratando com um beb. Entrar nomundo da criana procurar compreend-la da melhor forma possvel.

    CrianaMinha me me bateu muito.VoluntrioSua me te bateu, mas qual foi o motivo?CrianaEu peguei um pedao de bolo sem autorizao dela.VoluntrioPegou um pedao de bolo?CrianaSim, foi horrvel, ela me bateu e ningum gosta de apanhar, voc gosta?

    VoluntrioEla bateu em voc? Fale-me o que aconteceu.CrianaEu queria matar ela de tanta raiva que fiquei.VoluntrioFicou com raiva...

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    CrianaSim, com muita raiva. Ela no tinha esse direito.VoluntrioVoc acha que ela no tinha o direito de te bater!CrianaNo, ela podia me bater, mas no do jeito que ela bateu.VoluntrioQual foi o jeito que ela bateu...

    7.2 Adolescentes

    O procedimento deve ser semelhante ao adotado no atendimento a crianas. Nadade diminutivo ou compreenso excessiva, que pode ser confundida com falsidade. Asinceridade, a capacidade de se colocar no lugar da pessoa fator determinantepara um atendimento adequado. O adolescente pode ligar querendo um apoio parauma ao inadequada que ele praticou. Concordar simplesmente, ou condenar,tentando colocar na cabea de um adolescente a dia de que os pais sempre tmrazo, pode afast-lo ou faz-lo achar que h um compl de adultos contra ele.

    VoluntrioEntendi, voc est chateado porque sua me no o deixou sair.Adolescente Sim, s porque eu iria voltar de madrugada, eu j tenho quatorzeanos.VoluntrioQuatorze anos...Adolescente Sim, no sou mais criana, voc no acha que j tenho idadesuficiente para cuidar de meu prprio nariz?VoluntrioVoc acha que pode cuidar do prprio nariz.AdolescenteSim, eu tomo conta da casa, pago contas, vou e volto pra tudo que canto e no posso chegar de madrugada...

    7.3 Perguntas Pessoais

    No se deve responder a perguntas pessoais. Como ento responder, de forma ano fugir do assunto nem deixar a pergunta no ar? Utilizando as respostascompreensivas podemos retornar o atendimento pessoa que liga:

    Voc casado (a)?Voc deseja saber se sou casado (a)?Sim, gostaria.Por qual motivo deseja saber se sou casado (a)?Nada no, acho que seria melhor entendido por algum casado.

    Entendo, seria algum que tivesse experincia com o casamento?Isso mesmo.Me fale ento de sua experincia

    Por outro lado, a pessoa pode insistir:

    Voc casado (a)?Voc deseja saber se sou casado (a)?Sim, gostaria.Por qual motivo deseja saber se sou casado (a)?Coisa minha, voc ou no casado (a)

    como se preferisse algum com a experincia em casamento para conversar...Nada disso, apenas quero saber se casado (a)

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    Olha, ns temos por hbito no entrar em detalhes sobre ns voluntrios, mas euposso te escutar com toda ateno, me diz como voc est neste momento?

    O que tem voc responder se casado (a) ou no, que coisa?Voc disse que coisa sua, uma curiosidade em saber meu estado civil?

    Sim, curiosidadeBom, como lhe disse, as perguntas pessoais eu no vou responder, mas reafirmoque posso te escutar com toda ateno, me diz, como est agora?

    7.4 Atendimento em que a outra pessoa faz muitas perguntas diretas

    H pessoas que conversam perguntando e querendo imediatamente uma resposta.Observe bem: as perguntas que no so estruturantes do dilogo podem serrespondidas, porm, as de carter pessoal, no. Neste caso, utilize as respostascompreensivas, falando francamente com a pessoa que no ir responder aperguntas pessoais. Respond-las pode ser irrelevante para o atendimento, mas o

    motivo que leva uma pessoa a desejar saber detalhes pessoais da vida do voluntriono irrelevante.

    7.5 Atendimento simultneo a duas pessoas

    A ateno dos voluntrios do Al Vida, quando do recebimento de ligaes embusca de ajuda, deve ser sempre centrada na pessoa que liga. O que ela diz sobreoutras pessoas importante, sem dvida alguma, mas o que ela sente diante destaspessoas importa muito mais no momento que em conversa conosco.

    *Atente para esta simulao:

    Voluntrio:Al Vida, bom dia!Homem:Bom dia. Eu queria reclamar da minha mulher, posso?Voluntrio:Reclamar de sua mulher, o que est acontecendo?Homem:Ela uma mulher dificlima, no estou agentando. s reclamao.Voluntrio:S reclamao.Homem:Sim. Imagine voc que ela agora quer que eu ajude a lavar loua, e issol servio de homem?(neste momento a mulher, que estava ouvindo na extenso telefnica, entra...)Mulher:Ele precisa me ajudar, moo. Eu trabalho fora e ele no arreda uma palha

    do lugar. Aqui em casa sou eu pra tudo!Voluntrio:Voc precisa de ajuda.Mulher: Claro que preciso, porque a mulher tem que fazer tudo depois de trabalharfora, e o homem fica...

    7.6 Atendimento a pessoa que fala somente sobre os outros

    Quando a pessoa nos liga e fala o tempo todo de outras pessoas, devemos voltar odilogo para ela, caso contrrio, a conversa ficar centrada no outro.

    *Atente para a simulao:

    Voluntrio:Al Vida, bom dia.Atendido:Bom dia, eu posso falar do que est acontecendo?

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    Voluntrio:Pode falar, me diz, o que est acontecendo?Atendido: meu vizinho aqui do lado, ele coloca o som muito alto.Voluntrio:O som do vizinho est muito alto, entendi.Atendido:Ele um cara muito difcil e incomoda todo mundo.

    Voluntrio:E como se sente diante desta situao?Atendido: Incomodado, mas a me dele mais difcil ainda, ela fala mal davizinhana toda.Voluntrio:E como fica voc nestas duas situaes?Atendido: uma famlia difcil, mas nada comparado com os vizinhos de baixo,so bem piores.Voluntrio:Os vizinhos de baixo so piores.Atendido:Bem mais, nada se compara ao que eles fazem.Voluntrio:E o que eles fazem?Atendido:Brigam o tempo todo, parece co e gato.Voluntrio:E esta briga dos vizinhos de baixo pior que o que os outros vizinhos

    fazem, como assim?Atendido: Incomoda bastante, mas o primo dele quando vem aqui no fim desemana um horror.Voluntrio:O que esse horror?Atendido:Complicado, mas a namorada dele que terrvel.Voluntrio: Voc me disse dos vizinhos, do primo, da namorada dele... E voc,como fica diante de toda esta situao? Fale de sua relao com cada um deles...

    O voluntrio deve voltar sempre para os sentimentos do atendido, mesmo que faleum pouco do problema. Se entrar totalmente nos problemas, desconsiderando osentimento, o atendimento vira um muro de lamentaes extenso, sem que oatendido faa o percurso do ciclo da vidasentir, pensar, agir.

    7.7 Atendimento a pessoa que j ligou antes e no revela que o fez

    Se voc tiver certeza de que se trata da mesma pessoa, com base na voz e noassunto, pode perguntar a pessoa como ela se sente depois de x tempo queconversou com voc. Os assuntos debatidos na conversa anterior podem serimportantes para o novo momento de desabafo. Pode acontecer, s vezes, de oatendimento ficar emperrado. Assim, recordar o atendimento anterior pode ajudar.Neste caso:

    Olha, voc me disse da vez passada que havia brigado com sua me e que issolhe deixou muito triste. De l pra c, como tem sido o relacionamento entre vocs?

    Caso a pessoa no admita a ocorrncia de um atendimento anterior, no convmdebater a questo, e sim proceder ao atendimento, normalmente.

    7.8 Atendimentos de conotao sexual

    Todos ns estamos vivos graas a uma relao sexual entre nossos pais. A energiasexual poderosa e excitante, pois dela depende a perpetuao da espcie.

    Compreender essa energia importante. Por outro lado, a explorao sexual, aobscenidade e a violncia sexual so distrbios que, embora devam ser combatidos,precisam tambm ser compreendidos; essa a misso dos voluntrios do Al Vida.

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    Uma pessoa que sofreu algum tipo de violncia sexual pode nos procurar eprecisamos escutar com ateno, pois este o nosso papel. Quem cometeu um atosexual violento pode tambm nos procurar e o atendimento deve ser tal qual aquele

    prestado a pessoa que tenha sofrido a violncia. Se h o constrangimento de nossaparte no atendimento, o recurso pode ser o apoio do grupo de treinamento e abusca, o resgate do entendimento da misso de escuta ao outro.

    Falar de sexo normal, ou seja, se o assunto for esse, no necessariamente foge proposta do trabalho. Os atendimentos de conotao sexual so como os outros.Ns, do Al Vida, no podemos fugir a ele e devemos entender como a sociedadetrata as questes sexuais, pois no estamos fora deste contexo. O Tringulo dasBermudas e o Ciclo da Vida devem ser observados, bem como as respostascompreensivas e toda a tcnica disponvel para atender bem a quem nos procura,tambm acerca deste assunto. Quem nos liga tem a liberdade de falar do assunto

    que desejar. Cabe a ns voluntrios nos aprimorarmos a cada dia para atendermosda melhor maneira possvel.

    Voluntria:Al Vida, bom dia.Atendido:Bom dia, eu posso falar o que eu estou sentindo?Voluntria:Voc deseja falar o que sente.Atendido:Eu quero falar sobre o que eu sinto sobre a minha vizinha.Voluntria:O que voc sente por ela?Atendido:Um teso muito grande.Voluntria: o que voc sente por ela?Atendido: . E ela gostosona tambm. Outro dia ela estava com uma sainhacurta e eu fiquei debaixo da escada e vi a calcinha dela. Pequenininha, bem cavada.Voc acredita que tive que me masturbar pensando nesta cena?Voluntria:Pelo que vejo ela mexe muito com sua imaginao.Atendido:Sim, e est me dando o maior teso agora, estou de pau duro.Voluntria:Ao falar dela a excitao aparece.Atendido:Sim, acho que vou me masturbar.Voluntria: Entendo, mas esse no o propsito do nosso trabalho, mas estareiaqui para escutar sobre os seus sentimentos em relao a sua vizinha. Voc querfalar sobre isso?Atendido:Ah, para com isso, s uma punhetinha.

    Voluntria: Eu entendo seu teso, seu interesse por sua vizinha, mas no vouescutar ou incentivar isso, j que no a proposta do trabalho.Atendido:Puxa vida, estou quase acabando!Voluntria: Estou desligando o telefone agora, se voc quiser ligar depois paraconversar sobre seus sentimentos, estarei aqui.

    7.9 Masturbao

    Algum liga com o objetivo nico de se masturbar, excitando-se com a voz dovoluntrio. Isto no compatvel com a misso do Al Vida. O voluntrio deve entotentar conversar e, caso no obtenha xito, comunicar que ir desligar o telefone,

    informando que assim que a pessoa concluir a masturbao ela poder ligarnovamente, se desejar. Se a inteno do atendido de se masturbar estiver clara, ovoluntrio poder encerrar a ligao. Caso contrrio, isto , se no estiver clara a

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    inteno do atendido, considerando que ele pode estar conversando normalmenteenquanto se masturba, sem sequer dar sinais do que est fazendo, o voluntriodeve prosseguir com o atendimento naturalmente.

    Pessoa:Nossa! Sua voz est me deixando com um teso!Voluntrio: o que est sentindo?Pessoa: Sim, uma voz macia, aveludada, eu fico imaginando voc aqui do meulado.Voluntrio:Como isso, se entusiasmar por uma voz?Pessoa:No uma voz, a sua. Nossa! O teso s est aumentando.Voluntrio:O que voc conhece do trabalho do Al Vida?Pessoa:Ah, no enche, estou falando de sua voz.Voluntrio:Olha, eu posso entender o seu teso, seu entusiasmo por minha voz,mas no esta a proposta do trabalho...

    7.10 Cantadas

    Diante de uma cantada de algum que liga para o Al Vida, a atitude do voluntriodeve ser semelhante quela tomada no atendimento a algum que insista em semasturbar. A pessoa gostou do atendimento ou est sozinha e necessita decompanhia. O voluntrio no dever aceitar a cantada, nem tampouco se sentirdesrespeitado. Deve, a todo momento, esclarecer o objetivo do Al Vida, semconstranger a quem nos procura. Desesperar-se, achando que qualquer pergunta amais estaria incentivando quem ligou no a melhor opo.

    7.11 Proposta de encontrar antes ou depois do planto

    No podemos aceitar nenhum tipo de encontro fora do Posto do Al Vida com aspessoas que nos procuram. Se, no entanto, a pessoa seguir ou esperar noporto, cabe ao voluntrio esclarecer o objetivo do Al Vida, jamais aceitandocarona ou outro tipo qualquer de convite. Nestes casos, a busca de apoio no grupode treinamento ou com quem se tem mais afinidade recomendvel.

    7.12 Palavres

    Existem pessoas que falam palavres de forma corriqueira. Neste caso, no h da

    parte delas a inteno de agredir o voluntrio. Por outro lado, o voluntrio pode noestar acostumado a este tipo de linguajar. Entender o papel de quem liga um fatordeterminante para um bom atendimento. Treinar uma excelente sada, caso estetipo de atendimento seja constrangedor.

    8 PERDAS

    A pessoa que procura o atendimento do Al Vida pode ter como motivo algum tipode perda: o emprego, um ente querido, um amor, um objeto, um animal deestimao, um membro do corpo. Qualquer uma delas deve ser considerada pelovoluntrio. No h perda maior ou menor. Se houver avaliao do tamanho da

    perda, ocorrer um julgamento, e isso no compete aos voluntrios do Al Vida. Apartir da perda, a pessoa pode querer se comunicar sobre o significado destaausncia. Escutar com ateno e com o corao, este o nosso papel.

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    8.1 Perda do emprego

    Arrumar um novo emprego pode ser a principal preocupao de quem est nessa

    situao. Se o voluntrio concentrar o atendimento nesse aspecto, focalizar oproblema. Escutar o que a pessoa est sentindo, como ela est, as implicaesdecorrentes da perda do emprego, o que deve ocorrer.

    Pessoa: Perdi meu emprego, o que fao agora? Como irei sustentar minhafamlia?Voluntrio:Voc perdeu o emprego e parece estar cheio de dvidas.Pessoa:Sim, no fcil nesta poca do ano.Voluntrio:Como se sente?

    8.2 Perda de um membro do corpo

    uma situao que pode acontecer com todos ns. Compreender que a pessoapode ter sua vida totalmente modificada o que espera aquele que nos liga. Comovai ser a vida dessa pessoa a partir de ento pode no ser o principal foco. Ossentimentos, sim. Aconselhamentos do tipo Voc vai superarno o papel do AlVida.

    Pessoa:Cara, eu que sempre tive meus dois braos, perder um em um acidenteridculo daquele. Isso vai mudar minha vida completamente.Voluntrio:Entendi, sem um dos braos a situao outra.Pessoa:Totalmente diferente, parece que fiquei incapaz.Voluntrio:No ter os dois braos te faz sentir uma pessoa incapaz.Pessoa:Sim.

    8.3 Perda de um ente querido

    A tendncia aconselhar: Foi melhor assim. Ele (a) estava sofrendo, Deus quisassim; so frases que ouvimos em quase todos os velrios. No Al Vida isso nodeve ocorrer. Novamente, deve-se concentrar a ateno no sentimento acarretadopela perda. como se estivssemos no velrio e dissssemos, aps um forteabrao: Estou aqui, pode contar comigo.

    Pessoa:Meu filho morreu!Voluntrio:Seu filho morreu.Pessoa:Sim, foi o que disse.Voluntrio:E como que voc est? Seu filho morreu...Pessoa:Acho que voc pode imaginar perder um filho, na flor da adolescncia.Voluntrio: Acredito que no deva ser fcil, mas me fale como voc est, o queest sentindo?

    A perda pode gerar um sentimento de solido. Independentemente de sua crena, importante que o voluntrio se conscientize de que a pessoa vai encarar a perda do

    jeito dela, e da forma que mais lhe convier. A perda de um gato, de um cachorro oude uma famlia em uma tragdia, no pode ser mensurada. Portanto, escutar,

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    procurar se colocar no lugar da pessoa que nos procura, um fator extremamenteimportante.

    9 AJUDA FORA DO PLANTO, SUICDIO IMINENTE, ATENDIMENTO PESSOAL

    Trs situaes potencialmente graves, suas implicaes e respectivos tratamentos,de acordo com os princpios preconizados pelo Al Vida.

    9.1 Ajuda fora do planto

    O atendimento fora do planto no pode ocorrer. Ns no dispomos de pessoaspara se deslocar com o objetivo de atender em casa ou em um hospital. Por isso,recomenda-se sempre o atendimento pelo telefone.

    9.2 Algum liga pedindo ajuda para algum que quer se matar

    O foco tem que ser na pessoa que est ligando. O que ela est sentindo? Como querer ajudar algum que est precisando? Os motivos, a relao dessa pessoacom o ajudado, etc. Atendendo a pessoa que nos ligou, pode-se pedir a ela quesugira outra pessoa que nos procure.

    9.3 Ajuda a algum que tomou alguns comprimidos

    Uma pessoa liga dizendo que tomou certa quantidade de comprimidos e est sesentindo fraca. importante saber que o tempo pode ser crucial para esta pessoa.Se ela se arrependeu, v direto ao assunto, recomende a ela que ligue para oservio de emergncia 192 SAMU para pedir ajuda. Pode ser que ela noconsiga, mesmo tendo conseguido ligar para o Al Vida. Neste caso, pea oendereo e o telefone dela e ligue para o SAMU, identificando-se e repassando aeles as coordenadas. Salvar a vida desta pessoa o mais importante nestemomento.

    9.4 Ajuda a algum que deseja realmente morrer

    Diferente do item anterior, algum tomou alguns comprimidos e deseja realmentemorrer. Tente saber se isso mesmo que ela quer. Se no for, proceda de acordo

    com o item anterior. Se lhe parecer que ela est morrendo (ou agonizando) e quersomente companhia para seguir at o final, voc deve acompanh-la. Podeacontecer que, medida que a morte se aproxima, ela se arrependa e queira ajuda.Se isso acontecer, proceda de acordo com o item anterior. Caso isso no ocorra,prossiga com ela. Abandon-la nesta hora seria muito desalentador para algumque est nos seus ltimos momentos de vida. Provavelmente voc precisar deajuda (um apoio do grupo ou de algum companheiro com quem tenha maisafinidade) aps este tipo de atendimento.

    9.5 Denncia

    Sempre devemos encarar os atendimentos partindo do pressuposto que a pessoaque nos procura deseja falar alguma coisa. Se o que ela tem a dizer algo contraum voluntrio ou a nossa entidade, devemos:

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    - colocarmo-nos imediatamente sua disposio, a fim de escutar sua queixa que,por algum motivo, no foi feita diretamente ao voluntrio que suscitou talreclamao;

    - indagar se ela deseja fazer algum tipo de denncia; em caso afirmativo, informarsobre o planto do coordenador geral (dia e horrio), para que ela possa fazer adenuncia. Caso a pessoa no tenha disponibilidade, voc pode como alternativa,sugerir que ela informe seu telefone para que o coordenador entre em contato.

    Devemos sempre escutar atentamente, sem defender o voluntrio ou tentardissuadir o reclamante de fazer uma denncia. A reclamao pode ser ou noprocedente, ou seja, pode decorrer de uma incompatibilidade entre o atendido e ovoluntrio, pode ser demandada por um atendimento equivocado por parte dovoluntrio, pode partir da indignao do atendido exatamente por ter o voluntriomantido a postura de acordo com o trabalho, causando com isso uma insatisfao.

    Tambm nestes casos devemos nos concentrar no sentimento da pessoa, e no emsuas queixas, pois, se focarmos na denncia, estaremos focando no problema, eno nas emoes que afetam o reclamante. Aps o atendimento, manifestada a realinteno de consumar a denncia, devemos proceder conforme dito no incio destetpico: informar o dia e o horrio de planto do coordenador geral ou anotar o nomeo nmero do telefone do queixante e repassar para o coordenador do posto quetomar as devidas providncias.

    10 FINALIZANDO UM ATENDIMENTO

    Uma ligao pode ser difcil de ser encerrada. O tempo da ligao controlado porquem nos liga. Porm, um atendimento em que a pessoa insiste em repetir o que dizou um atendimento em que o foco permanece concentrado no problema, por maisque se tente buscar o sentimento da pessoa que procurou nossa ajuda, est dandoclaros sinais de que devemos procurar sua finalizao.

    *Algumas dicas, que no so determinantes, podem ajudar a encaminhar a ligaopara o encerramento:

    Voc me disse que (...). Como est se sentindo nesse momento?

    Pelo que vejo, voc parece estar melhor, estou correto?Ok! Pelo que vejo, voc est melhor. Estou correto? Sempre que desejar, podeligar. Sempre haver algum aqui para conversar com voc.

    Caso a pessoa continue a falar ou voc tenha horrio para ir embora:

    Muito bem, conversamos hoje por (x) minutos, e percebo que est bem melhor. isto mesmo? Se desejar ligar novamente, eu estarei aqui (falar o dia e o horrio doplanto) ou a qualquer hora que desejar, pode ligar, ok?Percebo que voc est melhor, correto? eu preciso ir agora. Se quiser pode ligarnovamente. Eu estarei aqui (falar o dia e o horrio do planto), e sempre ter

    algum aqui para conversar.

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    Nunca se deve constranger a pessoa que nos liga. Se a pessoa se sentir ofendida,atenda a ela ento. Fale dessa ofensa. No tenha receio de se desculpar, caso hajaum mal entendido. A pessoa pode parecer bem, mas, quando voc prepara oencerramento da ligao, ela pode no aceitar. Ento o papel do voluntrio facilitar

    o desabafo e, s vezes, o motivo do desabafo justamente a fala do voluntrio. Sersincero um fator determinante para que o dilogo acontea. Como voc se sentiriase algum lhe dissesse que no pode mais ouvi-lo, numa conversa que voc estejaadorando? Como seria ligar para algum e sentir que a pessoa est desejandodesligar o telefone? O que fazer quando em sua casa algum liga pra vocexatamente na hora em que est saindo para um compromisso ao qual no podechegar atrasado?

    11 LEMBRETES IMPORTANTES

    Por mais que eu esteja bem para atender a quem me liga no planto, por

    mais que me incomode a mesma pessoa ligando e falando as mesmascoisas, necessrio lembrar que o trabalho funciona para quem desejadesabafar e a resoluo do problema ou no, depende da pessoa que liga;

    O tempo de resoluo de um problema no o meu tempo e esta resoluono ser minha maneira. Centrar o atendimento no sentimento o queprecisa ser feito;

    Centrar a conversa somente no problema pode transformar o atendimento emum bate-papo;

    Escutar no s o problema, mas a pessoa como um todo, o nosso objetivo; Toda pessoa tem uma tendncia construtiva. Acreditar nela, acreditar que ela

    a pessoa ideal para a resoluo de seus problemas, acreditar que escutarcom o corao aquilo de que ela precisa a deciso adequada; Lembrar que se o Al Vida funciona para quem nos liga, funciona tambm

    para ns. O auto-atendimento, o desabafo com quem tenho afinidade ou comoutro membro do grupo de treinamento pode e deve ser feito quandonecessrio;

    O tipo de telefonema com que tenho mais dificuldade o tipo de telefonemaque tenho de trabalhar mais;

    Ler, conhecer, pesquisar, propor, escutar, so verbos que devem serconjugados o tempo todo por quem voluntrio do Al Vida;

    Atitudes bsicas do voluntrio so: respeito, aceitao, compreenso,

    disponibilidade, maturidade, no fazer projeo, se colocar no lugar do outro,tratar os outros como gostaria de ser tratado, no julgar, acolher;

    O SIGILO CONSTITUI NORMA BSICA DA CONDUTA DO VOLUNTRIO, ENO DEVE SER VIOLADO DE FORMA ALGUMA.

    12 FRASES DE APOIO

    Maneiras de comear o atendimento

    Est tudo bem?Voc quer conversar?Voc conhece o trabalho do Al Vida?

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    Frases de gancho/pergunta:

    O que voc est sentindo?Voc consegue descrever como isso?

    Como voc est?O que se passa?Fale pra mim o que est acontecendo com voc.Estou aqui para escut-lo, o momento seu.Me fale um pouco dessa situao.Como voc se v nessa situao?Voc consegue descrever como voc est se sentindo?Voc quer falar mais sobre isso?Como foi tudo isso?Me fale mais sobre...O que voc acha de tudo isso?

    Como voc se sente ao falar disso comigo?Eu entendi o que voc disse. Continue, estou ouvindo...Vamos conversar mais sobre isso.Eu estou escutando...Estou aqui, pode contar comigo.Eu quero lhe escutar.Pode continuar a me contar.Como voc est se sentindo aps conversar sobre isso?Vejo que voc est melhor. Estou certo?

    Perguntas diretas/pessoais

    O foco aqui vocPor que motivo voc quer saber disso?O atendimento ser diferente se voc souber se eu... ou no?As regras do Al Vida no permitem que respondamos esse tipo de pergunta.

    Pessoa em situao de perigo

    Voc realmente quer fazer isso?Voc quer ajuda?

    Voc est em condies de ligar pro SAMU (192)?Atendimento mudo ou com a pessoa sem condies de falar

    Eu estou sentindo que voc est ofegante, sem condies de falar.Se voc quiser voltar a ligar em outro momento, estarei disposio. Eu respeito o seu silncio, mas como um telefone de emergncia, eu voudesligar. Volte a ligar quando estiver pronto para falar.

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    13 REFLEXO FINAL

    CU E INFERNO A DIFERENA

    Um discpulo certo dia perguntou ao vidente: Mestre, qual a diferena entre o cu e o inferno? O vidente respondeu:Vi um grande monte de arroz, cozido e preparado como alimento, ao redor deleestavam muitos homens famintos. Eles no podiam se aproximar do arroz, maspossuam longos palitos de dois a trs metros de comprimento. Pegavam, verdade, o arroz, mas no conseguiam lev-lo prpria boca porque os palitos erammuito longos. E assim, famintos e moribundos, embora juntos, permaneciamsolitrios curtindo uma fome eterna, diante de uma inesgotvel fartura. Isso era oinferno.

    Vi outro grande monte de arroz, cozido e preparado como alimento. Ao redor dele

    muitos homens famintos, mas cheios de vitalidade. Eles no podiam se aproximardo monte de arroz, mas possuam longos palitos de dois a trs metros decomprimento. Apanhavam o arroz, mas no conseguiam lev-lo prpria bocaporque os palitos eram muito longos. Mas com seus longos palitos, em vez de lev-los prpria boca, serviam uns aos outros o arroz. E assim matavam sua fomeinsacivel numa grande comunho fraterna, juntos e solidrios. Isso era o cu.

    Embora o trabalho do Al Vida no tenha carter religioso, esta parbola serve bempara ilustrar nossa misso. A solidariedade, o escutar com ateno pode sersubstitudo pelo arroz. A diferena entre Inferno e Cu pode ser que em um no hdilogo, embora todos tenham bocas e ouvidos e no outro as bocas e ouvidos so

    usadas para o entendimento uns dos outros.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    RDIO, Franz Victor. Orientao No-diretiva.Petrpolis, Ed. Vozes, 1985.ROGERS, Carl R. Tornar-se Pessoa.So Paulo, Ed. Martins Fontes, 1985.MIRANDA, Mrcio Lcio de; FELDMAN, Clara. Construindo a Relao de Ajuda.Belo Horizonte, Ed.Ceap, 2006.KUBLER-ROSS, Elisabeth.

    Sobre a Morte e o Morrer. So Paulo, Ed. Martins

    Fontes, 2005.CVVManual do Voluntrio4 EdioEdies, So Paulo, 2003.

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