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Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim...
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Transcript of Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim...
design gráfico: Márcia de Sousa
Alguns poemas dispersos e umaparede só para mim
Intervenção nos espaços do Museu de ArteContemporânea do Funchal em diálogo coma exposição rotativa
MUSEU DE ARTE COMTEMPORÂNEAFORTALEZA DE SÃO TIAGO - FUNCHAL
Ficha Técnica
Museu de Arte Contemporânea - Fortaleza de São TiagoRegião Autónoma da MadeiraSecretaria Regional da Educação e CulturaDirecção Regional dos Assuntos CulturaisDirecção: José Manuel de Freitas Sainz- TruevaTexto: Isabel Santa ClaraSecretariado: Inácia Vanda Rodrigues / Márcia de SousaMontagem: Teresa Jardim, Graça Berimbau, Domingas Pita,Teresa Mafalda GonçalvesApoio à montagem: Agostinho de Andrade /ReginaldoGonçalves / Idalina Silva / Candida Pinto
MAC
Rua do Portão de São Tiago, 2050-260 FunchalTel: +351 291 213340 / Fax: +351 291 213348e-mail: [email protected] ou [email protected]://www.culturede.com/pt/museus/arte_contemporanea/lista.aspxhttp://www.macfunchal.blogspot.com
Funchal, 18 de Maio de 2011
Teresa Jardim 11
Museu de Arte Contemporânea do FunchalFortaleza de São Tiago
18 de Maio de 2011 Dia Internacional dos Museus
Agradecimentos:
Isabel Santa Clara, Graça Berimbau, Domingas Pita,
Teresa Mafalda Gonçalves, Nazaré Gonçalves
1981 – “Exposição Colectiva de Pintura e Escultura”, Ilhatur, Rua daCarreira, Funchal.
–“Encontro Funchal em Lisboa”, Lisboa.–“Estudio Experimental de Desenho” (orientação do Professor Lagoa
Henriques), Museu de Arte Sacra, Funchal.–“ 2ª Exposição Escolar”, Galeria do ISAPM, Funchal.
1976 –“Poesia 76”, exposição de poesia ilustrada, átrio da CMF, Funchal.
Em poesia, entre outras participações, faz parte do CD editado pela RádioTSF, O canto dos poetas madeirenses; editou Anjos de Areia, DRAC, Funchal,1993 e Jogos Radicais, Assírio e Alvim, Lisboa, 2010
Eu vivo aqui no desenho mais alto da Ilha; continua a dar-me em cada manhã a revelação das mãos (excertos dolivro Jogos Radicais. Desenho a grafite sobre madeira;espelho e 44 resmas de papel A4; vinil sobre parede).Pormenor da montagem
Toda esta exposição de Teresa Jardim se organiza em torno do diálogo com
peças da colecção do Museu de Arte Contemporânea do Funchal, seleccionadas e
expostas segundo critérios dos próprios responsáveis pelo Museu. Por outras palavras,
as suas peças partem de um facto consumado, interferindo e dialogando com ele.
Se algumas delas são recuperadas de anteriores mostras, outras foram especificamente
(apetece dizer site-specificamente) criadas para esta circunstância, ou surgem
espacializadas de outro modo, como acontece com os poemas. Estamos, pois, perante
uma leitura muito pessoal tanto do espaço do Museu como das obras expostas, feita
por alguém que tem vindo a trabalhar, de diversas maneiras, a transversalidade entre
palavras e imagens.
A poesia escapa ao livro e corre pelas paredes, num outro face a face com o
leitor. Assim exposto, destituído da protecção da página e da capa, o texto adquire
uma força interpelativa. São vários os processos utilizados para escrever o texto, ora
os caracteres emergem como um intervalo nos gestos do desenho, ora são escritos
a cheio. São as palavras em néon, no entanto, que exploram de modo ainda mais
evidente essa flutuação entre legibilidade e a visibilidade das palavras.
Alguns poemas dispersos e uma
parede só para mim– “Artistas Madeirenses em Coimbra”, Galeria Cinco, Coimbra
1987 – “dezassete Graus Oeste”, Galeria Altamira, Lisboa e, GaleriaQuetzal - “Marca-Madeira 87”, Funchal.–Co-coordenação e participação na “I Mostra da Circul´Arte -Associação de Artistas Plásticos da Madeira, mostra integrada naMarca-Madeira 87”, Teatro Municipal Baltazar Dias, Funchal.–“III Prémio Vespeira”, Montijo.
1986– “Nove Novos”, Galeria da SRTC, Machico, Madeira. –“Semana da Madeira em Coimbra”, Coimbra.
1985 –“II Prémio Vespeira”, Montijo.–“Seis Novos Artistas Plásticos”, Galeria da SRTC, Funchal.–“Encontro Madeira-Açores”, org. DRAC/Madeira e ISAPM,Academia das Artes, Ponta Delgada, Açores. –“I Bienal dos Açores e Atlântico”, Ponta Delgada, Açores.
–“Fotografia & Design”, Galeria do ISAPM, Funchal. –“Panorâmica”, Galeria do Casino Estoril.1983 –“24 Artistas Madeirenses nos Açores”, Ponta Delgada, Açores.
–“Exposição 83”, Galeria do Museu de Arte Sacra, Funchal.1982 –“Salão de Artes Plásticas”, Dia da Cidade do Funchal, Teatro
Baltazar Dias, Funchal.–“Exposição Colectiva de Artes Plásticas”, org. Ilhatur, Pátio daRua da Carreira, Funchal.
O jogo com o espaço, com a matéria, com as coisas, é por vezes
desconcertante, como acontece na zona da capela em que, ao mar desmaterializado
do andar de baixo, corresponde um céu inscrito no cimento tangível e opaco. Uma
substância feita para a imobilidade e a sedentarização, vertida na portabilidade de
uma mala. É a mesma atitude, afinal, com que nos deparamos muitas vezes nos
poemas, já desde os Anjos de Areia: o oxímoro, a transfiguração do literal, a ironia
acre. Para além da mala, a tábua de engomar e as cadeiras são objectos desviados
da quotidiana banalidade, da domesticidade, apresentados em situação de tensão
com a palavra. A cor, usada com parcimónia, também participa desta estratégia
desviante, como mostram os rostos obsessivamente repetidos e padronizados que
revestem as peças Pele e Amor, lembrando que nem sempre o cor-de-rosa é o que
parece.
Uma outra atitude recorrente em Teresa Jardim é o desnudar do acto criativo,
neste caso é conseguido pelo work in progress a que se pode assistir, já que a
elaboração de uma das peças se vai desenrolando já na presença dos visitantes. De
certo modo, esta atitude complementa outras achegas anteriores, que falam
bastidores do poema, e da sua gestação.
1996 – Co-organização e participação em “Ilhas de Babel”, Galeria daSRTC, Funchal.
1993 – Organização e participação em “Escada de Jacob”, com LígiaGontardo, Domingas Pita e Eduardo de Freitas, Casa MuseuFrederico de Freitas, Funchal.
1991 –“Olhares Atlânticos”, Bibl ioteca Nacional, L isboa.–“Diálogos”, colectiva com Guilhermina da Luz, Graça Berimbau,
Domingas Pita, Filipa Venâncio, e Mafalda Gonçalves, Galeria daCMPS, Porto Santo.
1990 –Co-coordenação e participação em “Ideias & Argumentos”, Colectivada Circul´Arte - Associação de Artistas Plásticos da Madeira, Funchal.
–“Formação Designer”, org. Instituto Superior de Artes Plásticas daMadeira, Galeria SRTC, Funchal.
1989 – “WOAUH”, Galeria da SRTC, Funchal.–Co-coordenação e participação na “II Mostra da Circul´Arte -
Associação de Artistas Plásticos da Madeira”, Teatro MunicipalBaltazar Dias, Funchal.
–“II Mostra de Poesia Ilustrada”, Teatro Municipal Baltazar Dias,Funchal
1988 –Co-coordenação e participação na representação de artistas nostand da Circul´Arte, Fórum de Arte Contemporânea, Lisboa.
– “Insinuações & Propostas”, Colectiva da Circul’Arte, Teatro BaltazarDias, Funchal.
2000 - “20 Anos de Artes Plásticas na Madeira”, MAC, Casa da Culturade Santa Cruz, Madeira- “Marca Madeira /2000”, pela Galeria da SRTC, Madeira Tecnopolo,Funchal
1999 –“1º Concurso Regional de Artes Plásticas, Casa das Mudas ondeobteve Menção Honrosa.
–“Um Retrato para Fernando Pessoa”, org. Associação FernandoPessoa, Porto.
–“20 Anos de Artes Plásticas na Madeira, Museu de ArteContemporânea, Funchal.
–“O Lugar da Ilha”, Museu de Arte Contemporânea, Funchal.–“Ao Largo das Ilhas”, Galeria Arco 8, parceria da DRAC/Circul´Arte,
Ponta Delgada, Açores.1998 –Co-realização e participação em “Os Passos do Tempo”, Casa das
Mudas, Calheta.– “Primeiro Prémio do Concurso de pintura e Escultura”, Galeria
Inquisição.1997 – “A Casa, a Terra, o Céu - Lisboa Contemporânea”, Galeria Altamira,
Lisboa.–“FAC 97 - Feira de Arte Contemporânea”, F il, Lisboa.–“Acreditar”, Exposição Colectiva de Artes Plásticas, Galeria da SRTC,
Funchal–“Marca-Madeira 97”, participação pela Galeria Edicarte e Galeria
da SRTC, Funchal.
Poema (tecitura com livros de poesia; luz de néon).Pormenor da montagem
Assim, temos a instalação Poema, aqui presente, em que a palavra escrita a néon se
ergue, como um título, sobre livros atados sinapticamente uns os outros construindo
uma paisagem mental para as palavras ; mais virada para o tempo de pousio, lembremos
a performance durante a inauguração de Hortus Deliciarum, em que Teresa Jardim
ficou em repouso sobre o piano, com folhas em branco espalhadas em volta, num
sono/ sonho que marca o tempo de intervalo entre duas fases de laboração.
O título Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim aponta uma
dicotomia esclarecedora, a da dispersão/concentração que atravessa, em jeito de
pulsação, este e outros momentos do trabalho de Teresa Jardim. Nessa parede só
para ela (qual o indispensável room of one’s own) há uma paisagem escrita devagar,
que me lembra a reflexão de Perejaume, no seu livro La obra y el miedo: as formas
actuais de paisagismo parecem ter incorporado o tempo como mais um elemento
territorial. Por outras palavras, não se trata já de representar uma paisagem vista,
mas de evocar uma paisagem vivida. E de um tempo, pessoal e intransmissível, mas
nem por isso menos partilhável, dão conta os gestos e os percursos que invadiram
a paisagem física e mental deste Museu.
1
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1-Apresentada pela primeira vez em 2007, na Casa da Cultura de Câmara de Lobos, integrada na exposição Semear ainda compensa?.
2 - Hortus Deliciarum, Salão Nobre do Teatro Municipal do Funchal, Abril de 2010.
Isabel Santa Clara
2007 –“Semear ainda Compensa?”, exposição com Domingas Pita, Casada Cultura de Câmara de Lobos, Câmara de Lobos, Madeira.– Natal Ilha, Casa da Cultura de Câmara de Lobos, Câmara de Lobos,Madeira
2006 - “Stock Paiting” Casa Museu Universo de Memórias, Funchal2005 - “casas próximas”, exposição com Domingas Pita e Miguel Ângelo
Martins, Espaço Magnólia, Funchal.– Concertos de Primavera, Jardim Botânico e Museu daElectricidade - Casa da Luz, Funchal.
2004 –“Lonarte – Arte na rua”, projecto de poesia de Teresa Jardimintitulada “Jardins do Mar Suspensos”, com ilustrações de DomingasPita e Teresa Jardim impressas em faixas de lona; promoção daCasa das Mudas - Casa da Cultura da Calheta, Calheta, Madeira.
–“20 Olhares sobre o corpo em movimento”, Museu da Electricidade- Casa da Luz, Funchal.
–“Ilustração da Obra de John dos Passos”, Centro Cultural John dosPassos, Ponta do Sol, Madeira.
– II Feira Transregional de Economia Solidária, Las Palmas, Canárias2002 – Co-organização e participação em “Duas Dúzias e Meia de Postais
(um olhar feminino em torno do Natal)”, Atelier de artistas, Funchal.2001 – Co-organização e participação em “Galeria em Grande – Exposição
Colectiva de Pequeno Formato”, Galeria da SRTC, Funchal.
Teresa Maria Gonçalves Jardim é licenciada em Artes Plásticas/Pintura eem Design de Projectação Gráfica. É professora de Artes Visuais, da EscolaSecundária de Francisco Franco.
Exposições individuais:2001 – “eu vivo aqui”, Galeria da SRTC, Funchal.1997 – “Jogos de Adivinhação”, Galeria da SRTC, Funchal.1984 – “porque te amo”, Galeria do ISAPM, Funchal.Co-organizou e/ou participou, desde 1976, em mais de meia centena deexposições colectivas, das quais destaca:2010 – “Hortus Deliciarum”, com Alice Sousa, Carmen e J. Manuel
Gomes, Teatro Municipal Baltazar Dias, Funchal.2009 – “Viagem ao Coração dos Pássaros”, Casa da Cultura de Câmara de
Lobos, Câmara de Lobos, Madeira.– “Conceito Estreito 2”, Centro Cívico do Estreito de Câmara deLobos, Câmara de Lobos.
2008 –“Horizonte Móvel – Artes Plásticas na Madeira 1960-2008”, Museude Arte Contemporânea, Fortaleza de São Tiago, Funchal.–“Conceito Estreito”, Casa da Cultura de Câmara de Lobos, Câmarade Lobos, Madeira.– “Omeninodasuamãe”, Casa da Cultura de Câmara de Lobos, Câmarade Lobos, Madeira
Teresa Jardim
Memória (luz de néon, espelho e fotografia sobre tela).
Não dei a volta
Não dei a volta à chave
o poema abriu
o nosso quarto
escuro, o osso da cabeça
dura
palavras em pele
e osso.
As palavras caem do céu
A explicação
é simples: as palavras caem do céu
da bocapequenos milagresque esqueço nas escarpasda pele
se escrevo rumores, a sombra projectadado sangue
A pele (pintura a acrílico e luz de néon sobre tela;poema recortado em vinil – As palavras caem do céu).
O céu e o mar (objecto/mala e palavra sulcada emcimento).
Sais de prata
Rede de malha
fina espessura de palavras, o espelho
redondo, o jarrão de flores
o sorriso de sais de prata ensaiado
vezes sem conta, nas fotografias demoradas
no estúdio da Photographia Vicentes
o tempo distendido das Ilhas, diz-se
braço de anzóis
que mais tarde ou mais cedo descobrirás
sobre os meus ombrospoemas: Sais de prata, Biografia adiada, (tapume comsacos de plástico e papel amachucado dentro; poemasrecortados em vinil).