ALGARVE INFORMATIVO #55

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ALGARVE INFORMATIVO #55 1 O MENINO DA BURRA FUNDAÇÃO IRENE ROLO THE PERFECT WINTER SANDRA CELAS veio ao Algarve apresentar uma banda com alma ALGARVE INFORMATIVO #55 WWW.ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT

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Revista semanal de http://algarveinformativo.blogspot.pt/

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O MENINO DA BURRAFUNDAÇÃO IRENE ROLO

THE PERFECT WINTER

SANDRA CELASveio ao Algarve apresentaruma banda com alma

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CONTEÚDOS

Sandra Celas e os MurMur - 22

Fundação Irene Rolo- 10

Atualidade - 64 João Saraiva - 42

O Menino da Burra - 54

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OPINIÃO

Daniel Pina - 8

Turismo e hidrocarbonetos– uma coexistência improvávelPaulo Cunha - 30

Maio dos EuropeusJosé Graça - 32

Dos dias da dançaPaulo Pires- 36

O aprendizado da lentidãoMirian Tavares - 38

RestauraçãoAugusto Lima - 40

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A semana passada fui com a família aonorte e, quando se tem criançaspequenas e propensas a enjoar e

vomitar o carro todo, somos «obrigados» aescolher o percurso mais fácil e rápido parachegarmos ao nosso destino, ou seja, ir semprepela autoestrada para enriquecer mais os bolsosdos concessionários e do Estado. E assim láfomos nós pela A2, depois um atalho pela A13,seguida da confusão da A1, sempre rodeados decamiões e de condutores de prego a fundo noacelerador.

A origem deste relato é, contudo, o tal atalho,a A13 que permite a quem viaja de sul paranorte, e vice-versa, claro está, escapar àdesordem de Lisboa, às filas de trânsito, aosloucos cosmopolitas que stressam ao volante.Dizem-me que se poupa uma hora de viagem.Não duvido disso, e agradeço imenso aexistência desta autoestrada, mas agradeço nameia dúzia de dias em que a percorro ao longodo ano. E, a julgar pela pasmaceira a que assisti,em que percorria quilómetros a fio semvislumbrar mais nenhum veículo no horizonte, agrande maioria dos condutores também devesentir esta gratidão apenas em meia dúzia dedias por ano.

Se calhar tive uma tremenda sorte e escolhiprecisamente dois dias de movimento bastanteabaixo do normal, mas acho que não estareimuito errado na minha perceção. Contudo,gastaram-se ali dezenas, quiçá centenas, demilhões de euros para construir umaautoestrada que dá, realmente, muito jeito aquem prefere passar ao lado de Lisboa nas suasviagens, mas será que não havia destino melhor

para esse dinheiro todo? Que não existiriamoutras prioridades na altura em que seavançou para esse projeto? E quem diz essaautoestrada, diz outras do norte do país,como todos bem sabemos.

Eu lembro-me logo que, com esse dinheirotodo, se podia ter uma Via do Infante isentade portagens para todo o sempre. Ourequalificar-se de uma vez por todas a EN125, mas com cabecinha, não é andar-se comobras mal planeadas no tempo e espaço eque têm causado tantas dores de cabeça aosalgarvios que a percorrem no dia-a-dia, nãoapenas em meia dúzia de dias por ano. E nemquero imaginar como será isto daqui a ummês ou dois.

Contudo, como sei que essa luta estáperdida à partida, que as portagens na Via doInfante nunca vão desaparecer, nem sequerser reduzidas, prefiro pensar no melhordestino que os tais milhões da A13 teriam sefossem aplicados para apoiar as InstituiçõesParticulares de Solidariedade Social queexistem de norte a sul de Portugal, e ajudarao aparecimento de muitas mais. Isto porqueesta semana fui conhecer de perto o trabalhodesenvolvido pela Fundação Irene Rolo, emTavira, uma IPSS de média dimensão, comum orçamento anual de dois milhões deeuros, mas que só consegue dar respostadiariamente a cerca de 300 utentes, divididospelas suas várias valências. Digo «só», mas300 já é um número bastante elevado nestegénero de entidades, há muitas que nãoconseguem ajudar nem sequer metadedessas pessoas.

Protagonismo, Egos Inchados e CegueiraEstratégica Vs Serviço Público

Daniel Pina

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Tenho feito ao longo dos anos vários trabalhoscom IPSS que lidam diretamente com pessoascom incapacidades ou deficiências cognitivas ouintelectuais, com dificuldades de aprendizagem,de socialização, com doenças mentais. Todos osresponsáveis me dizem o mesmo: não se sabemuito bem o número real de portuguesesportadores de doença mental, ou de deficiênciapsicomotora, cognitiva ou intelectual, mas essenúmero é, sem qualquer dúvida, bastantesuperior ao que todas as IPSS juntas têmcapacidade de dar resposta. Isso significa que hámuitos portugueses a necessitar destescuidados específicos e que não recebemqualquer ajuda, para desespero dos seusfamiliares diretos, que vão envelhecendo, quevão vendo os seus filhos crescer e tornarem-seadultos, sem saberem o que será deles quandojá não tiverem forças para cuidar deles, ouquando morrerem.

Claro que é muito mais prestigiante paraqualquer ministro ou secretário de estadoaparecer numa fotografia no jornal ou serfilmado para a televisão a inaugurar uma

autoestrada, um estádio de futebol ou outrogigantesco equipamento cuja utilidade parao cidadão comum é duvidosa, ou pelo menosnão é prioritária. Claro que fica melhor juntodos parceiros europeus dizer-se que o paístem uma estratégia megalómana, e irrealista,de crescimento, porque nenhum governantequer parecer inferior ao seu vizinho. Claroque incha mais o ego dos governantes dizerque investiram mais milhões em obrasfaustosas, de encher o olho, do que os seusantecessores.

Se isso é prestar melhor serviço público,não sei. Se isso é contribuir mais para o bem-estar dos cidadãos, não sei. Sei que, porexemplo, não me preocupava de ficar commais uns cabelos brancos na viagem rumo aonorte por ter que atravessar a Ponte Vascoda Gama, se soubesse que o dinheiro da A13tinha sido gasto na ajuda aos mais carentes,neste caso concreto, aos utentes daFundação Irene Rolo e das outras IPSSsemelhantes .

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A Fundação Irene Rolo festejou, em abril, os 34 anos de atividade ao serviço daspessoas com deficiências e incapacidades e suas famílias, bem como de outrospúblicos vulneráveis. Um trabalho de mérito nas áreas da prevenção, acolhimento,reabilitação profissional e inserção social realizado, não só no concelho de Tavira,onde está localizada, mas de âmbito regional, como ficamos a saber à conversacom o presidente do Conselho de Administração, Macário Correia, e Carla Vicente,Diretora de Serviços.

Texto: Fotografia:

Há 34 anos a cuidar dos mais carentes

FUNDAÇÃOIRENE ROLO

Carla Vicente, Diretora de Serviços e Macário Correia, presidente do Conselho de Administração

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A Fundação Irene Rolo, emTavira, conheceu umaagitação acrescida nasúltimas semanas, devido aosfestejos do seu 34.º

aniversário, no dia 15 de abril, mastambém à instalação de uma sala deterapia multissensorial Snoezelen, no finalde março, uma oferta da FundaçãoVodafone Portugal a esta InstituiçãoParticular de Solidariedade Social queapoia pessoas com deficiência eincapacidades, de diferentes gruposetários. A sala Snoezelen vai permitir queos utentes da Fundação Irene Rolo, bemcomo de outras instituições do concelhode Tavira com as quais celebreprotocolos, possam usufruir de sessõesde terapia devidamente acompanhadospor técnicos especialistas, comreconhecidas mais-valias para a suaqualidade de vida.

Com estes dois momentos como panode fundo, rumamos a Tavira para melhorconhecer uma IPSS criada por doação deIrene Dulce da Palma Arez Rolo, em 15 deAbril de 1982, e cuja missão é apoiarpessoas com necessidades especiais esuas famílias, bem como outros públicosvulneráveis, no âmbito da prevenção,acolhimento, reabilitação, formaçãoprofissional e inserção social, com vista àpromoção da qualidade de vida. Umtrabalho dividido por várias valências,logo a começar pela Intervenção Precoce,direcionada para crianças dos 0 aos seisanos de idade em situação de riscobiológico e/ou ambiental. Nesta área, osobjetivos passam por desenvolverprogramas adequados às necessidadesespecíficas de cada criança, com vista àpromoção do seu desenvolvimento, para

além de capacitar as famílias de formaa tornarem-se mais competentes eindependentes no acompanhamentodos seus filhos, e isso é feito através daterapia ocupacional, terapia da fala,fisioterapia, psicologia e serviço social.

Outra valência importante daFundação Irene Rolo é o Centro deReabilitação e Formação Profissional, apensar nas pessoas com deficiências eincapacidades, com idade igual ousuperior aos 16 anos, e que não seencontrem ao abrigo da escolaridademínima obrigatória. Aqui, o intuito édotar estes utentes de competênciaspara o exercício de uma atividadeprofissional, existindo os cursos demecânico/a de automóveis ligeiros,operador/a de armazenagem,assistente administrativo/a,operador/a de jardinagem, operador/ade impressão, empregado/a deandares, pasteleiro/a e padeiro/a ecozinheiro/a. O Centro de AtividadesOcupacionais foca-se igualmente nosjovens com mais de 16 anos,portadores de deficiência intelectualgrave ou profunda, em regime de semi-internato, com o objetivo dedesenvolver e manter a autonomiapessoal e social nas áreas deindependência pessoal, socialização,comunicação e desenvolvimentocognitivo e motor, tendo em conta assuas competências, necessidades,expetativas e motivações.

Uma mais-valia da Fundação IreneRolo é o seu Lar Residencial, indicadopara pessoas portadoras demultideficiências, a partir dos 16 anos,e que se encontrem impedidos,

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temporária ou definitivamente, de residirno seu meio familiar. “Mas temosigualmente um Alojamento deEmergência Social, uma respostadestinada a pessoas ou famílias emsituação de vulnerabilidade edesproteção social, pessoas que ficamsem abrigo e que não vêm supridas assuas necessidades básicas no imediato ehá que protegê-las de qualquer situaçãode perigo”, explica a Diretora de ServiçosCarla Vicente, adiantando que essaspessoas chegam a esta IPSS através daSegurança Social ou da Linha Nacional deEmergência Social (144).

Diversas respostas sociais queabrangem utentes com diferentes perfis,desde pessoas com deficiênciasmoderadas a profundas, a crianças comatrasos de desenvolvimento, sem nuncaesquecer os familiares mais próximos,nomeadamente os pais, cuja vida é

alterada por completo quando têm umfilho com diferenças, comnecessidades especiais. “Nós somossempre pais, tendo filhos comdeficiência ou não, mas há quetrabalhar em parceria com eles parapotenciar o desenvolvimento dos seusfilhos, para torná-los o maisautónomos possível. Tentamos dar aestas famílias todo o suportepsicológico necessário, ferramentaspara que possam encarar o futuro deuma forma mais tranquila”, indicaCarla Vicente, acrescentando que aimagem do «coitadinho» tende,felizmente, a desvanecer-se cada vezmais. “São pessoas capazes de fazercoisas, de participar ativamente nacomunidade onde vivem, portanto,devemos concentrar-nos nos aspetospositivos e não naquilo que eles nãoconseguem realizar. É fundamentalcolocar o foco nas suas

A Sala Snoezelen montada pela Fundação Vodafone

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potencialidades e olhar para eles comoseres iguais e aptos para produzir algo,independentemente de algumadeficiência que possam ter”, defende.

Deficiências que, ao contrário do quenormalmente se pensa, não surgemapenas à nascença, pois qualquer serhumano está sujeito a ter um acidente ouuma doença que o torne mais ou menosincapacitado. “Há, de facto, pessoas quenascem com uma deficiência, há outrasque as podem adquirir ao longo do seupercurso de vida, por acidente, doençadegenerativa ou outra causa qualquer, eque as tornam dependentes em algumasáreas em termos funcionais. Por isso,esse mito, esse rótulo do «coitadinho»,tem que desaparecer de uma vez portodas”, reforça Carla Vicente.

Utentes ao longode toda a vida

«Somos todos iguais» é umamensagem, um sentimento, que deveser igualmente assumido por toda asociedade civil, e pelo mercado detrabalho, e essa é outra luta que setrava no dia-a-dia, dentro e fora destasinstituições. Fruto disso, Carla Vicenteentende que a sociedade está melhorpreparada, nos tempos que correm,para lidar com a diferença, com adeficiência. “Desde cedo estas criançassão integradas no meio escolar, têmcontato com pessoas diferentes e vãocriando modelos de interação com osoutros de forma normal. Trabalhamosno sentido da inclusão e o estigmaestá menor”, observa a Diretora de

A antiga residência de Irene Rolo, o início da fundação com o mesmo nome

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Serviços da Fundação Irene Rolo,enaltecendo igualmente asempresas por acolherem estesjovens no seu seio. “Fazem aquicursos de formação profissional,passam por estágios e muitosdeles são integrados emempresas e na comunidade. Écerto que, se calhar, hojeintegramos menos, mas isso tema ver com a própriaproblemática do desempregoque existe em Portugal”.

Convém salientar que a própriainstituição é a primeira a dar oexemplo, com diversas funções aserem desempenhadas pelosseus utentes, e outra coisa nãopoderia deixar de ser, na ótica deCarla Vicente. “A inclusão éencararmos tudo isto comnormalidade. Os nossos utentesdo Centro de AtividadesOcupacionais vão à Piscina e aoPavilhão Municipal, temos umgrupo – Os Sons do Coração –que atua em diversos locais edatas, sempre que convidadopara tal, participamos em jogosde boccia e outras atividadesfísicas, ou seja, temos uma açãoque passa sempre pelacomunidade e por promoveruma vida o mais normalpossível, dentro destecontexto”, frisa a entrevistada,revelando ainda que a FundaçãoIrene Rolo acompanha váriosutentes praticamente desde asua nascença. “Podemos ter aquiuma criança com trissomia 21em Intervenção Precoce, que

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transita depois, aos seis anos, para umestabelecimento de ensino e que,quando termina a escolaridade mínimaobrigatória, aos 18/19 anos, poderá serenquadrada no nosso Centro deAtividades Ocupacionais.Posteriormente, quem sabe, poderá vir aser utente no nosso Lar Residencial, ouseja, pode passar aqui quase toda a suavida”.

Uma realidade que acontece porquealguns pais, por muito amor e carinho quetenham pelos seus filhos, nem sempretêm possibilidade para os ter em casa, atémesmo pelo avançar natural da idade,explica Carla Vicente. “Com oenvelhecimento da pessoa comdeficiência, e dos seus pais, ascapacidades de uns e outros vãodiminuindo e, quando chegam aos 70/80anos, os pais já não têm forças paracontinuar a tratar dos filhos. Nenhum paiquer colocar um filho num lar, mas é algoque tem que ser pensado com a devidaantecedência, porque temos listas deespera e uma capacidade limitada”,sublinha a entrevistada. E porqueninguém é eterno, muitos paisdesesperam quando não sabem o queserá dos seus filhos, portadores de umadeficiência mais grave, após as suasmortes, daí a pertinência destes laresresidenciais. “Também há utentes doCentro de Atividades Ocupacionais queficam cá de segunda a sexta-feira edepois passam os fins de semana emcasa com os pais, seja por causa das suasvidas profissionais ou por serem famíliasmonoparentais”.

E, como em tudo na vida, há pais maiscomprometidos com o crescimento e

desenvolvimento dos seus filhos do queoutros, admite Carla Vicente, notandoque há progenitores que participamnas diversas atividades dinamizadaspela instituição, outros, nem tanto. Umtrabalho que é realizado dia após dia,sempre tentando descobrir métodosmais eficazes, sempre procurandooferecer novas respostas aos seusutentes e a Diretora de Serviços nãopodia deixar de agradecer à FundaçãoVodafone por ter montado uma SalaSnoezelen. “É uma ferramentatremenda, pois proporciona confortoatravés do uso de estímuloscontrolados e muito variados, quepodem ser usados de forma individualou combinados com luz, som, aromase estímulos tácteis. Promove oautocontrolo, a autonomia, adescoberta e a exploração e sãoreconhecidos os seus efeitosterapêuticos e pedagógicos. Para alémdisso, promove o relaxamento, o lazere a diversão, estimula os sentidosprimários; aumenta a compreensão doutente em relação ao que gosta e nãogosta; serve para controlar aansiedade e facilita a libertação dostress; motiva para a aprendizagem e ébenéfico para todas as idades ediagnósticos”, destaca Carla Vicente.

Já não basta a caroliceComo se adivinha, nada funciona

numa Instituição Particular deSolidariedade Social sem uma liderançae gestão rigorosa e, na Fundação IreneRolo, essa tarefa está a cargo doConselho de Administração constituídopor três elementos e cujo presidente éMacário Correia, antigo presidente das

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Câmaras Municipais de Tavira e de Faro.Uma fundação que recebe cerca de 300utentes, todos os dias, desde a capitalalgarvia até à fronteira com Espanha, eque emprega perto de uma centena defuncionários, o que atesta a suaimportância no contexto regional. “Estesnúmeros vão aumentar muitobrevemente, sobretudo no Centro deAtividades Ocupacionais, está já tudoaprovado pela Segurança Social. Paraalém disso, temos uma vertente maisna esfera do trabalho com o Instituto doEmprego e Formação Profissional. Aescola clássica é, digamos, para aspessoas que têm todos os padrões devida normais. Aqueles que têm algumaperturbação mental, mas nãoimpeditiva do exercício de algumaprofissão, acabam por ser acolhidos noscentros de reabilitação e formaçãoprofissional, dos quais existem oito noAlgarve, um deles na Fundação IreneRolo”, revela Macário Correia.

“Ensinamos profissões que nãorequerem grande elaboração mentalmas que podem gerar muito bonsprofissionais, na pastelaria,jardinagem, cozinha, mecânica,serviços administrativos, entreoutros”.

Uma empregabilidade que,conforme já referiu Carla Vicente, sevai conseguindo com mais frequência,mas que deve ser acompanhada, noterreno, por técnicos das IPSS, adiantaMacário Correia. “Há a normalrelação do empregador com oempregado, mas acaba por haveruma terceira entidade que, duranteum período mais ou menos longo,conforme as circunstâncias, dáassistência, facilita a integração. Hámuitos utentes que são cidadãos, naaparência, normais, porqueconseguem ter autonomia deresidência e emprego, até de carater

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familiar”, frisa o presidente do Conselhode Administração. “Também aqui temosas atividades de vida diária, ou seja,ensinar as pessoas a gerir uma casa, oessencial da higiene, alimentação,conservação das instalações. No fundo,ensinar a saber viver com conforto equalidade”.

Posto isto, no século XXI não bastahaver os antigos carolas, aqueles homense mulheres que vestiam a camisola dasinstituições e as geriam à medida dassuas disponibilidades de tempo, porqueas IPSS se tornaram verdadeirasempresas. “Nós estamos numa escalamédia, com menos de uma centena decolaboradores, cerca de 300 utentes nodia-a-dia e um orçamento na ordem dosdois milhões de euros. Isto assentanuma equipa de meia dúzia de diretorestécnicos e num Conselho de

Administração constituído por trêsvoluntários. Em grande parte dasIPSS, os dirigentes não sãoremunerados, nós também nãosomos, aliás, temos despesas dedeslocação, telefones, tempo, quesaem do nosso próprio bolso”, elucidaMacário Correia. “Ou seja, investimosa favor das instituições e do bemcomum e a única garantia que temosé que a nossa consciência fica maisconfortada e isso pode dar-nosdireito a um lugar no Céu. Os que nãotêm esta prática, ficarão mais longedessa possibilidade”.

Uma liderança que exige gestãofinanceira, relações sindicais, contatoscom fornecedores e com empresaspara angariar donativos, lidar comburocracia sempre que estãoenvolvidos organismos públicos,

A horta biológica da Fundação Irene Rolo

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portanto, tanto os diretores, como oselementos do Conselho deAdministração, passam os dias atrabalhar com rácios de gestão eindicadores de produtividade e naobtenção de recursos e receitas. “Hojeem dia, não basta ter uma sala comuma mesa e algumas cadeiras para teruma atividade. Para as pessoasdesenvolverem aspetos sensoriais,criativos, artísticos e outras aptidões, épreciso investir bastante emequipamento, seja tecnológico, sejasoftware adaptado. Depois, todo o

equipamento associado aoconforto e à higiene dosdeficientes é altamenteespecífico e dispendioso”,garante o entrevistado, dando oexemplo do que sucede no LarResidencial. “Quando temoscidadãos com deficiênciamotora e multideficiências,alguns deles pesados, só darbanho implica a existência deelevadores, camas articuladas,sistemas técnicos e mecânicosadaptados a cada utente. Onosso objetivo é dar conforto eimagem a pessoas que, porvezes, não têm hábitos dehigiene, ou não os conseguemadquirir, porque as suasmentes não o permitem”.

Casos que implicam,igualmente, recursos humanos,às vezes um ou mais técnicospara cada pessoa, 24 horas pordia, com Macário Correia asublinhar que o Lar Residencialestá em permanente atividadehá duas décadas. “Não há

sábados, domingos, dias santos ouferiados, nem noites, nem dias, estãosempre funcionários de serviço”,reforça.

Muitas ambiçõese projetos

Mundos e fundos que têm que vir dealgum lado, seja dos acordos com aSegurança Social e IEFP, de apoios dasautarquias, de donativos de empresas ecidadãos, seguindo o exemplo meritório

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de Irene Rolo, a mulher que deu, porassim dizer, o pontapé de saída para estafundação, ao legar a sua residência etoda a propriedade para fins sociais.“Recebemos, em média, 10 a 15 mileuros de donativos particulares pormês, quer em bens alimentares dasgrandes superfícies, quer emequipamentos provenientes deempresas de serviços, comércio, querdas autarquias, não só de Tavira, mas detodo o Algarve. Mesmo em anos decrise, sempre houve algumagenerosidade da parte das pessoas eempresas. Depois, todos os dias vemosonde há possibilidade de obter maisalgum financiamento”, indica MacárioCorreia, revelando que estão uma dúziade candidaturas ativas neste precisomomento. “Há bastantes fundações eempresas que têm o conceito daResponsabilidade Social e nós batemosa todas as portas”, justifica.

Uma atitude pró-ativa que resultouna doação de uma viatura de novelugares, em 2015, mas não há belasem senão, com a Fundação IreneRolo a ter que pagar 20 mil euros emimpostos ao Estado, para irritação deMacário Correia. “É uma coisa injustae estupidamente difícil decompreender, por uma parvoíce delegislação que o governo anterior nãofoi capaz de resolver e espero queeste trate disso. Agora, em maio,estamos na perspetiva de receberuma viatura vinda de França, masainda estamos a tentar perceber qualo nível de fiscalidade que vai incidirsobre ela, para saber se compensarecebermos um veículo em segundamão”, diz, sem meias-palavras.

Mas, independentemente dasburocracias e contrariedades, aFundação Irene Rolo tem as suas

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ambições e objetivos e, de entre muitasideias que andam no ar, há três emconcreto que ganham maior solidez.“Uma deles é um espaço deoficina/loja, no centro da cidade, ondeas pessoas podem adquirir produtos deartesanato que os utentes fazem. Játemos uma pequena verba disponívelde rifas, sorteios e donativos paraarrancar com essa obra. Outro projetoem fase final de aprovação éaproveitar as últimas ruínas deinstalações antigas, aqui no terreno daFundação, para criar uma unidade paradoentes mentais. Temos ainda umahorta, a oito, nove quilómetros dacidade, onde queremos fazer umaquinta pedagógica. São instalaçõesdegradadas que queremos remodelar edar-lhes uma finalidade polivalente,com salas para acolher miúdos ejovens, piqueniques, relações com as

culturas e os animais”, descreveMacário Correia.

Mais de três décadas de atividade,projetos e ideias para continuar atrabalhar, sempre de forma dinâmicaporque, infelizmente, continuam afaltar soluções para todos os pedidos deajuda. “Existem valências altamentecarenciadas e uma delas é a doençamental. Os doentes mentais, quandoperdem os pais, se não tiverem irmãos,ficam numa situação muito delicada.Não há resposta para eles”, garanteMacário Correia. “Como tudo na vida,temos que pensar sempre em fazermais para o futuro, porque, quem ficarparado, fica para trás. O mundo gira enós temos que acompanhar a dinâmicageral das coisas, aliás, queremos irmais além, estar sempre um passo àfrente” .

Alguns utentes a jogar boccia

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Sandra Celasveio ao Algarve apresentaruma banda com alma

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Os MurMur, da conhecida atriz Sandra Celas e do ex-Rádio Macau AlexCortez, vieram ao Algarve para um duplo concerto, na Casa do Povo de SantoEstêvão e na Sociedade Recreativa Artística Farense, e trouxeram consigo umpop/rock recheado de atmosferas e mensagens poderosas cantadas emportuguês. Uma banda com alma, como dizem os elementos, com o álbumde estreia na forja e lançamento previsto ainda este ano.

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Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Depois de terem atuado nanoite anterior na Casa doPovo de Santo Estêvão, noconcelho de Tavira, osMurMur subiram

novamente a um palco algarvio, destafeita na Sociedade Recreativa ArtísticaFarense, na capital de distrito, para dar aconhecer um projeto musical assente nalíngua portuguesa e no pop/rocktradicional, mas com influências damúsica portuguesa contemporânea e deoutros géneros que vão desde a músicaeletrónica ao jazz. Com a sala dos Artistasmuito bem composto, baixaram as luzese surgiu a vocalista ao centro, um rostosobejamente familiar dos portugueses,Sandra Celas, uma surpresaextremamente positiva para quemapenas conhecia a sua faceta de atriz jácom 14 anos de carreira. “Eu sempre

cantei desde miúda, aliás, andoconstantemente a cantarolar nasgravações e pelos corredores dosestúdios. Também já representeipapéis na televisão e em peças deteatro em que tive que cantar e, hácerca de dois anos, cansei-me umpouco das rotinas, precisei de mereinventar”, começa por dizer.

Após um ano em que participou comregularidade em programas detelevisão a cantar, tendo feito tambémum dueto com Zé Manel (Darko),pensou que estava na altura de deixarde interpretar os temas dos outros, decriar algo seu, e para isso desafiou AlexCortez, membro carismático dos RádioMacau. “Não tenho a escolásticamusical, faço tudo por intuição, aouvir as cantoras que aprecio, por

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isso, precisava de alguém quedominasse este meio. Falei com oAlex, ele foi um bocadinho na loucura,sem saber muito bem onde é que istotudo ia dar, e a verdade é queresultaram coisas bastante giras”,prossegue o relato, sob o olhar atentodo outro mentor do projeto. “Eu gostode desafios e sabia que a minhacarreira, enquanto músico, não se iriaesgotar com os Rádio Macau, demaneira que o convite da Sandra foiextremamente aliciante. O teatro, voze canto são coisas que se ligam comfacilidade, tivemos depois um períodopara nos adaptarmos um ao outro,para tentar conjugar as ideias dos doise começamos a compor. Felizmente,tivemos a sorte das ideias da Sandrafuncionarem bem com as minhas edisso resultou um projeto do qualtenho imenso orgulho e que sinto quefaz todo o sentido”, sublinha AlexCortez.

MurMur que nunca pretenderamseguir as pisadas dos Radio Macau,embora haja, como é natural, algunspontos de contato, nomeadamente nosom pop/rock. Já as vocalistas têmpersonalidades bem distintas, assegurao baixista e compositor. “A Xana e aSandra têm formas de cantar bastantediferentes, embora algumas pessoasdigam que, às vezes, isto parece umpouco os Radio Macau. Julgo, porém,que fazem essa associação porquesabem do meu percurso, é o reflexode ter a banda na minha vida”,analisa.

Um projeto que, face à evoluçãoque conheceu, sentiu a necessidadede incluir outros instrumentistas,assim aparecendo Filipe Valentim,Tiago Inuit e Luís Barros e nascendoos MurMur como uma banda deformato mais habitual. “A maiorparte das letras são minhas, algoque não era suposto acontecer. Foiuma Caixa de Pandora que se abriu,porque eu queria simplesmentecantar e acabei por escrever letrase compor mais ou menos duasmúsicas”, revela Sandra Celas,originais que farão parte doprimeiro álbum da banda e que têmvindo a ser apresentados ao públicoem vários concertos de norte a sul.“Eu também sempre gostei deescrever e acabou por ser umaorgânica natural, porque nãoestava a conseguir dizer com aminha boca as letras que eramfeitas por outras pessoas. É umabanda onde se nota bastante apresença da palavra”, frisa.

Músicas que não contam as típicashistórias do pop/rock do rapaz queconheceu a rapariga e por aíadiante, abordam temas que vão deum certo intimismo melancólico aum lado mais urbano e de carizsocial, um quase retrato de Lisboa,da grande metrópole. “Sãoquestões existenciais, uma certacontemplação urbana, poética, comcada pessoa a retirar delas amensagem que achar melhor.Sobre o estilo, confesso que não sei

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muito bem descrevê-lo, não gosto decolocar o nosso som numa gavetinha.Claro que, como o Alex e o FilipeValentim vêm dos Rádio Macau, temoso rock/pop, mas o Luís Barros vem dojazz, o Tiago Inuit faz muita coisadiferente e eu também ouço de tudo umpouco, só o heavy metal é que não meentra”, indica Sandra Celas.

Uma opinião partilhada por Alex Cortez,confirmando os múltiplos ambientesmusicais que marcam a essência dosMurMur. “Há uma certa portugalidade,mas com um lado moderno econtemporâneo bastante presente. Nãosinto essa tal necessidade de colocar umrótulo na nossa música, mas tem o ladopop/rock, melodias muito portuguesas,uma fusão de ambientes que têmPortugal como pano de fundo”,descreve. Uma mistura que a atriz evocalista acredita que terá sucesso, por

ser um som transversal a váriosestilos. “Os MurMur criam atmosferase espero que, depois de se estranhar,se entranhe, porque não há muitasbandas a fazer o nosso tipo de som eletras. Acho que as pessoas estãobastante recetivas à músicaportuguesa, principalmente a cantadaem português, onde a palavra temum forte peso”, entende aentrevistada, de sorriso nos lábios.“Os portugueses são muito ecléticos,tanto gostam de ouvir o Justin Biebercomo a PJ Harvey, a Aurea como osAmor Electro e o Fausto”.

Uma música honestae genuína

Pegando nas palavras de SandraCelas de que os portugueses são umpúblico bastante eclético, Alex Cortez

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salienta que a música nacional respirasaúde, com uma nova geração demúsicos, nascidos nos anos 80 do séculopassado, a apresentarem projetos muitointeressantes. “Sentem algumasdificuldades que nós não tínhamos, nóstivemos outras que eles agora nãosentem, mas acho que, do ponto devista da criatividade, a músicaportuguesa nunca esteve tão bem.Creio que haverá sempre espaço paraos bons projetos e, passe a imodéstia,penso que a nossa existência faz todo osentido. A cada espetáculo que damosvamos conquistando mais gente, masnão queremos editar o disco à pressa,queremos dar tempo ao tempo”, indicaAlex Cortez.

Um álbum que sairá, certamente,ainda em 2016, mas com canções que

não foram feitas a pensar em vendermuitos discos, os MurMur não sãoum projeto puramente comercial àcaça dos discos de platina, garantemSandra Celas e Alex Cortez. “Esteálbum tem muito da nossa alma,revemo-nos em tudo o que fizemos,em cada som e palavra. É um discoque vibra, que está bastante vivo,feito com um espírito de criaçãoartística, de grande honestidade, debusca genuína pela música quequeríamos encontrar, fazer ecomunicar”, assegura Sandra Celas,enquanto Alex confidencia queprefere os espaços mais intimistaspara tocar. “Temos experiência quenos permite enfrentar qualquerdesafio, mas também temos idadesuficiente para perceber que épreciso dar um passo de cada vez. O

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nosso espetáculo tem um lado festivo,dá perfeitamente para tocar emfestivais de Verão ou queimas das fitas,adaptamos o repertório a cada ocasião.Contudo, eu gosto mais dos espaçospequenos, da proximidade do público,de estar a três metros dos fãs, de tocarolhos nos olhos”, explica.

E por falar em palcos, Sandra Celasconfessa que, apesar de toda aexperiência como atriz, há sempre umadose de nervosismo quando vai cantar.“Um palco é um palco, é um sítio quenão me é estranho, é uma água ondegosto de me mover, mas cantar asminhas próprias letras é diferente doque encarnar uma personagem”,

justifica. Por outro lado, Alex Cortezfrisa que o mercado discográficoatual pouco tem a ver com os temposem que surgiram os Rádio Macau,mas julga que isso origina projetosmais verdadeiros do que noutrasépocas. “Nos anos 80 e 90, aseditoras montavam grupos paraagradar a gregos e troianos. Hoje, asbandas vingam porque vãoconquistando público nosespetáculos e vão divulgando o seutrabalho nas redes sociais. Há maisdificuldade em vender discos físicos,mas mais facilidade em chegar a umpúblico bastante mais vasto einteressado. As pessoas deixaram deir a tudo o que aparece, selecionam

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melhor o que consomem e isso obriga auma adaptação dos próprios artistas”,esclarece.

Vende-se menos gato por lebre, o paíscresceu em termos de infraestruturas, ascondições logísticas oferecidas aosmúsicos são bem melhores, e isso nota-se na agenda das bandas. Aliás, numanoite os MurMur atuaram numapequena freguesia do concelho deTavira, na noite seguinte estavam nacapital algarvia, algo que, há umasdécadas, não seria tão fácil.“Quando os Radio Macauapareceram, só havia umaautoestrada em Portugal eacabava em Vila Franca deXira. Para irmos tocar aCastelo Branco, eram seishoras de viagem, para ir aBragança, como diz a cançãodos Xutos, eram 10 horas dedistância. Agora, é umpulinho, vai-se a qualquerlado, as populações tem maisacesso à cultura e isso épositivo para todos”, destacaAlex Cortez.

Depois de assistir aoconcerto nos Artistas, emFaro, parece evidente queesta Caixa de Pandora que seabriu dificilmente se volta afechar. Sandra Celas já não seimagina somente arepresentar, garante que amúsica vai acompanhá-ladaqui para a frente, e o seuparceiro musical nesta viagemdos MurMur está confiante

disso mesmo. “Tem um grandedomínio da voz, canta muito bem,com intuição, sinceridade e alma, eisso vai, seguramente, granjear-lheum lugar no meio dos cantores deelite. Estamos a trabalharafincadamente para que os MurMursejam mais conhecidos e que tenhamum percurso que nos permita tocarao vivo, fazer canções, gravar discos,que é para isso que os artistasvivem”, finaliza Alex Cortez .

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Se perguntarem a qualquer estrangeiro queconheça minimamente Portugal o quecaracteriza o Algarve fora de portas, certamente

responderá: o turismo. Sem qualquer tipo develeidade ou vaidade, qualquer algarvio ou residenteno Algarve sabe que vive num dos maiores tesouroscom que a natureza bafejou este país à beira marnascido. Aliás, os dados da AICEP confirmam-no, poispreveem que “cerca de 23% do emprego nacional noprazo de 10 anos se registe no setor do turismo e quecresça a um ritmo saudável e continue a atrairinvestimento estrangeiro na criação de equipamentosde nível superior.”.

É inquestionável que este “bem” se transformounuma riqueza inestimável e insubstituível paraPortugal. Contribuindo para uma boa fatia do PIBportuguês e sendo o único paraíso acessível a muitosportugueses que só aí conseguem “carregar baterias”,nada é mais errado do que pensar que ao maltratá-losó os autóctones serão afetados. Com o anúncio porparte da Repsol e da Partex que começarão a fazer asprimeiras perfurações para prospeção dehidrocarbonetos ao largo do Algarve já em Outubro,levámos “à má fila” o primeiro “murro no estômago”.Aliás, tudo o que a coberto de uma legalidadeencoberta foi feito até aqui chegarmos, tresanda atudo a que os hidrocarbonetos estão associados.

Em boa hora muito já está a ser escrito, debatido eesclarecido pelas entidades competentes emovimentos cívicos. Ao mesmo tempo, lamentamosagora a falta prévia de apresentação e esclarecimentopor parte dos “nossos” representantes eleitos sobrequais seriam as implicações resultantes deconcessionar a exploração de hidrocarbonetos emterras e mares algarvios. Fica-nos aquela sensação de“dejá vu”, onde quem os elegeu são sempre os últimosa saber. Não quero acreditar que para este caso, avelha premissa “O que não tem remédio, remediadoestá!” faça aqui jurisprudência. Mal estaríamos seassim fosse, pois não honraríamos os antepassados

que tanto zelaram e defenderam o «Reino dosAlgarves»!

Nunca vos aconteceu estarem refastelados na praiae por vezes serem “bafejados” com aqueles odores agasolina expelidos pelas embarcações de recreio quepululam na calmaria das nossas águas, já sem falar nasmanchas de óleo à superfície que nos fazem retrair noato de mergulhar nas águas azuis do nosso mar? Amim já!... E não é o facto do gás ou do crude poder vira ser retirado de poços terrestres ou marinhossituados longe da minha casa que me deixa menospreocupado, pois colocará em perigo toda a fauna eflora que torna o Algarve um local único e formoso.

Razão tem o povo que, para estes e para outroscasos, sabiamente diz: “Quem tudo quer, tudoperde!”. Pois eu atrevo-me a dizer que quando opetróleo e/ou o gás começarem a jorrar quem se vailixar será - como sempre - o mexilhão, aqui bemrepresentado pelos algarvios que, agarrados à “sua”rocha, continuarão a aguentar o embate de muitasmarés. Nada a que já não estejam habituados!...

Não acredito nas pias, sãs e inocentes intenções dospromotores desta miraculosa e lucrativa exploração derecursos naturais, apresentada por alguns como umapossível panaceia para os “males de finanças” queenfermam as nossas contas públicas. Até porque nãonos faltam exemplos do destino a que foram votadoscertos locais depois de lhes terem sido sugadas,secadas, sacadas, extorquidas e destruídas as suas“fontes”.

Depois?... Depois haverá sempre um outro«Allgarve» noutro local, de preferência “clean”, nãoesventrado e sem qualquer tipo de poluição à esperade quem vendeu este Algarve de onde vos escrevo.Incongruências de quem só aferirá o valor do queperdeu quando o deixar de ter. Tão comum naquelesque não conseguem entender que há muitos tipos deenergias. Basta renovarem-se!

E já agora: imaginem que descobriam petróleo emLisboa, ou no Porto... Como seria?! .

Turismo e hidrocarbonetos– uma coexistência improvável

Paulo Cunha

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Ao longo do mês de Maio, por toda a União, asinstituições europeias, os Estados-membros eos cidadãos da Europa celebram quase seis

décadas de paz e prosperidade contínuas, recordandoo flagelo das grandes guerras da primeira metade doséculo XX que, tendo começado no espaço europeu,acabaram por ter consequências mundiais…

Tendo entrado em vigor em 1 de Janeiro de 1958, oTratado de Roma assinado em 1957 estabeleceu asbases da União Europeia (EU) que conhecemos.Projetada inicialmente como uma organizaçãoeconómica, a UE evoluiu, transformando-se numprojeto que procura garantir aos seus cidadãos umelevado nível de proteção social e a sustentabilidadedemocrática e socioeconómica dos países integrantes.

No pós-guerra, com o centro da Europa destruído eas instituições enfraquecidas, a prioridade absoluta eragarantir a prosperidade económica através de ummercado comum. Conforme o nível de vida melhorava,os líderes europeus voltaram os seus esforços para aprogressão dos direitos sociais, sendo dada maisimportância à promoção da democracia, dos direitoshumanos e da sociedade civil, bem como à luta contratodas as formas de discriminação.

Sublinhem, neste segunda fase da vida da EU, aaprovação de legislação sobre a igualdade entrehomens e mulheres no que respeita ao acesso aotrabalho, formação, evolução da carreira, condições detrabalho, igualdade de remuneração, prestaçõessociais e direito a uma licença parental, as regrasdestinadas a reforçar a transparência das instituiçõeseuropeias, permitindo o livre acesso aos documentos efacultam mais informações sobre as despesas, acriação do cargo do Provedor de Justiça Europeu –função independente criada para investigar as queixasem caso de alegada má administração das instituições,a Carta dos Direitos Fundamentais, que reúne osprincípios fundadores no respeito pelos direitoshumanos e pelas liberdades fundamentais, e asiniciativas de comunicação sobre a Europa,incentivando os cidadãos a participarem no processoatravés do debate e da consulta pública.

Paralelamente, interpretando os sinais dos tempos, aEU foi pioneira na definição e consagração de direitosde maior alcance, como o direito a um ambientesustentável, a defesa dos consumidores ou a proteçãodos dados pessoais.

Neste mês de Maio, celebrando o aniversário doTratado de Roma, na sequência do Open Daystradicionalmente realizados em Bruxelas, a ComissãoEuropeia promove a primeira campanha Europe in MyRegion para incentivar os cidadãos a descobrirem eaprenderem mais sobre os projetos financiados pelaUE em toda a Europa, na sua região ou na sua cidade.

Neste período, os beneficiários de fundos da UE sãoconvidados a apresentarem os seus projetos aoscidadãos durante as jornadas de portas abertas e ummapa em linha ajudará a localizar geograficamente osprojetos que aderiram a esta iniciativa, sendo estesdesafiados a participarem numa caça ao tesouroorganizada por dezoito países e um total de 45regiões: os participantes terão de encontrar pistasescondidas em alguns projetos cofinanciados eresponder a um questionário em linha. O Algarve estána lista, descubra qual o projeto mais perto de si…

Numa altura em que as notícias dão maisimportância à crise do projeto europeu ou àincapacidade das instituições nacionais e comunitáriaspara enfrentarem de forma assertiva o afluxo derefugiados dos países em conflito, que olham para aEuropa como uma ilha de paz e prosperidade num marde conflitos, é tempo de admirarmos a obra magníficaque nos foi legada e procurarmos fazer a nossa parteno seu aprofundamento.

De uma forma ou de outra, todos beneficiámos dosseus sucessos e todos somos responsáveis pelo seufuturo. No fundo, nós que nos habituámos a dar novosmundos ao Mundo, somos todos Europa! .

NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobreestas e outras matérias no meu blogue(www.terradosol.blogspot.com) ou na páginawww.facebook.com/josegraca1966

Maio dos Europeus…José Graça

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Dos dias da dançaPaulo Pires

O mundo já caiu, só me resta dançar sobre osdestroços.(Clarice Lispector)

Se a luta pela liberdade de expressão na suainovadora linguagem artística foi oprincipal desafio da primeira geração

ligada ao movimento da NDP (Nova DançaPortuguesa) – com Olga Roriz, Francisco Camacho,João Fiadeiro, Vera Mantero, Paulo Ribeiro,Margarida Bettencourt, Rui Horta, Rui Nunes,Elisa Worm, Paula Massano, Madalena Victorino,Clara Andermatt, Miguel Moreira, entre outros –,agora o desafio maior dos novos coreógrafos(sobretudo os nascidos pós-25 de Abril) étransgeracional: o reconhecimento, pelasociedade, do seu valor e das potencialidadesexpressivas das suas mensagens.

E, não obstante a dança contemporânea viverum período de vincado fervilhar criativo, a criseainda subsiste, como alerta o bailarino ecoreógrafo emergente Bruno Senune na estreiado seu primeiro solo nos Dias da Dança (DDD), adecorrer no Porto: “Kid as King é a viagem de umafigura em sufoco num espaço muito cerrado.Como se alguém te estivesse sempre a apertar ascostas por trás: acho que é assim que nossentimos todos”.

Nas últimas décadas emergiu uma plêiade decriadores, como Sofia Dias & Vítor Roriz, MiguelPereira, Victor Hugo Pontes, Marlene MonteiroFreitas, Luís Guerra, Tânia Carvalho, Ainhoa Vidal,Yola Pinto, Mónica Calle, António Cabrita, SãoCastro, Maurícia Barreira Neves, Cristina PlanasLeitão, Joana Castro, Flávio Rodrigues, aplataforma TOK’ART, etc. – no Algarve, acorpodehoje, de Ana Borges, e Joana Cordeiro

têm desenvolvido dinâmicas e projectosconsistentes a ter em conta – que vieram mostrarque a dança e o corpo não são um dadoadquirido, mas sim deficitários e aceites na suaincompletude, e propensos a um permanenteestado de (re)invenção e des-programação.

Muitos dos acima aludidos “novos corpospensantes” têm investido em propostas artísticasem que, ao invés de se afirmarem comoperformers especializados (bailarinos ou actoresou cantores ou músicos), apresentam-se comouma espécie de performers especializadamentetotais, interdisciplinares – não fosse a vidatambém um fenómeno terrivelmente rico,complicado e complexo, e não fosse tão urgente aluta contra o empobrecimento do espírito.

Nestes criadores interrogativos há a crença numcorpo que tem a capacidade de tocar os outros ede ser poético, de transcender, chegando aestados e lugares em que, à partida, o artista nãose reconhece(ria). Porque o corpo pode ser olugar de inscrição de um novo discurso, de umanova ordem, mesmo em peças que apostam emmetodologias de improvisação que dão ênfase àtentativa e à experimentação, conferindo-lhesuma aparente falta de estrutura e “lógica” (“Nãoquero ser compreendido, quero ser sentido”, diziao grande bailarino russo Vaslav Nijinsky [1890-1950]). Isso implica também, para o público, umexigente (e estimulante) duplo desafio: a aberturaa novos horizontes estéticos e a capacidade de sedistanciar de uma forma de pensamento e fruiçãomuito enraizada na cultura ocidental, queprivilegia, de alguma forma, o analítico, a certeza,o previsível, o arrumado, o linear.

A peça “O Limpo e o Sujo”, que Vera Manteroapresentou no Teatro Maria Matos entre 1 e 3 de

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abril, ilustra bem esse paradigma que move muitada nova dança contemporânea. Nesta criação emparticular, trata-se de um processo de ecologiapessoal, na linha de alguns trabalhos maisrecentes da coreógrafa ligados às questõesambientais. É uma dança suja que funciona comomulher-a-dias, como higienização do quotidiano eda nossa interioridade/subjectividade.

Nesse limbo entre asséptico e sujo, e na suainteracção, tematizando o desequilíbrio,vislumbram-se assim caminhos para a (re-)harmonização e libertação do corpo. Trata-se delimpar o corpo com aquilo que sai de dentro domesmo, ao contrário do que nos é habitualmenteincutido. Porque o sujo é gerador de vida, comoMantero exemplifica: “Para criar as plantas quecomemos é preciso estrume, é preciso porcaria.”Isto lembra-me uma frase de Gonçalo M. Tavares:“o corpo Profundo é o corpo entre as fezes e a

beleza”. Não recusar o sujo e abraçá-lo paratransformar o corpo, questionando assim oslimites e possibilidades de expressão da dança, danossa existência e das prioridades da artecoreográfica.

Numa obra de 2001, Livro da Dança, o mesmoGonçalo M. Tavares propõe um projeto para umapoética do movimento: libertar o corpo doconhecimento sobre ele e, paralelamente,impregnar o conhecimento do mundo dapresença do corpo. Um dos versos, ilustrativos, doprimeiro poema do livro: “Comecei hoje ametafísica da casa: comecei por limpar a pele”.Porque estamos perante uma dança que não selimita à ideia de um corpo físico, mas a um corpopercepcionado como morada de um homem feitode ossos, sangue, sonhos e desejos .

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O aprendizado da lentidãoMirian Tavares

Slow life - é um conceito que tem aparecidonos últimos tempos. Depois de um séculosupersónico, as pessoas começam a

descobrir que é preciso parar um pouco paraviver. Corremos tanto que nem tempo temospara sentir realmente o que nos cerca. Quasenunca conseguimos ler um livro com calma,deitar no sofá sem tempo, sem relógio. Tenhopensado nisso: tempo, tempo, tempo...

Andamos sempre a correr à procura dele e eleestá sempre a faltar-nos. Será que se andarmosmais devagar não o apanhamos? Gostaria detentar qualquer dia, quando tiver tempo. Porquea cada momento somos massacrados comdemandas que se revelam, mais tarde, inúteis:inquéritos, formulários, produções ao quilo e aometro e falta-nos tempo para pensar e refletirsobre o que se produz e para quem ou para quê.

Quem lê tanta notícia, já perguntava CaetanoVeloso, quem lê tanta revista académica?Pergunto-me. Quem tem tempo para se dedicara percorrer os milhares de volumes editadosdiariamente pelo mundo inteiro? Produz-se maisconhecimento? Certamente. Mas não tenhotanta certeza se o acesso ao mesmo se dá nessaexata proporção. Informação, por si só, não geraconhecimento. E ler apenas os títulos, ou asmanchetes dos jornais, não nos diz tudo o quenecessitamos para estarmos, de facto,conscientes do que se passa à nossa volta.

Há um livro que se chama, se bem me lembro,o aprendizado da lentidão. É engraçado pensarque pode ser necessário aprender a ser lento, jáque nos ensinam que é preciso andar depressa,não se deixar ficar. Aprendemos que a preguiçaé a mãe de todos os vícios e esquecemos que oócio é, muitas vezes, absolutamente necessáriopara se produzir. Cozinhar em fogo brando,deixar cada coisa ficar pronta a seu tempo, nãoas apressar... É difícil. Queremos tudo sempre já,aqui e agora, neste preciso instante. Somospouco zen - pouco orientais nos gestos e nospassos apressados que nos afastam, muitasvezes, do prazer do pouco a pouco, das delíciasde caminhar saboreando cada minuto.

Eu, por exemplo, nunca aprendi a dançardevagar. A deixar que a música fosse lentamentepenetrando em todo o corpo para que daísurgisse um pequeno gesto, um movimento, umensaio de um passo, um recuo e uma novatentativa. Não sei se é tarde para esteaprendizado. Ou se preciso ler O Zen e a arte damanutenção da motocicleta ou, quem sabe,aprender todo o ritual japonês do chá. Mas seique preciso, ou precisamos, aprender a saboreara lentidão, a viver num ritmo menos intenso,para produzirmos melhor. E para refletirmossobre a nossa própria produção .

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RestauraçãoAugusto Lima

Que a palavra Restauração signifique de facto areestruturação de tudo aquilo que está erradona nobre arte de cozinhar e de servir os

cozinhados. Seguindo o dicionário, Restauração significa orestabelecimento ou conserto de alguma coisa que seencontra em condições impróprias para uso normal quedela se pretenda.

O conceito Restauração como nós o conhecemos hoje,designa os vários tipos de empresas que praticam o ato deservir comida, entre eles os Restaurantes, que vem dofrancês – Restaurant, palavra inicialmente usada paradesignar um caldo de carne, revigorante, que tinha comofunção o restabelecimento de pessoas debilitadas. Com aabertura dos primeiros Restaurantes, passou a designar-se por Restaurateur, o cozinheiro encarregado daconfeção deste caldo. Restaurador, daí advém, e é o nomepelo qual hoje em dia são conhecidos os donos ouresponsáveis de restaurantes.

É bom que se fale em Restauração, de uma formarestaurativa. E é urgente e até está na moda. Falar emRestauração é falar em saúde pública. Os intervenientesneste processo não são só os empregados de mesa, delimpeza, lavandaria, copa, cozinha ou grill. São-notambém os patrões e ou representantes destes, quepodem ser em alguns casos, gerentes, diretores ousimplesmente a «pessoa responsável». E são também osfornecedores de pão, pastelaria, carne, peixe, legumes emercearia. E também os técnicos de inspeção, as câmarasmunicipais e o governo. E mais, todos nós, consumidores,fazemos parte deste universo que se chama Restauração.

É urgente que os intervenientes em todo este processopercebam que são eles os veículos da qualidade e damudança que tantos apregoam. Eu gostaria de vê-loscomo auxiliares de saúde.

Falar sobre estas coisas é, para a grande maioria daspessoas que trabalham profissionalmente nesta área, umagrande chatice e os profissionais que nela trabalham sótêm duas opções: ou se sentem queridos, acarinhados,em ambiente propício a poder desenvolver o seu trabalhoe labutam, com esforço, autocrítica e em rota com a metatraçada, ou simplesmente se afastam e continuam à

procura de um espaço onde possam desenvolver o seutrabalho.

Comecemos pelo princípio – O código de Boas Práticasde Higiene. Existe um para cada subsector de atividade, asaber, Restauração Coletiva; Restauração Rápida;Restauração Pública; Cafetarias e similares; Pastelarias(com fabrico próprio de pastelaria, padaria e geladaria);Animação; Banquetes.

Apostaria que 80 por cento do sector não tem ou nãoouviu falar disto.

Continuemos – O uso obrigatório do chapéu, lenço outouca e do lava mãos.

Está na hora de perceber que o uso do chapéu, lenço outouca não é um adorno mas sim um ato de higiene. Pelosmais variados estabelecimentos de qualquer ponto dopaís vemos empregados fardados e em alguns casos comboas e bonitas fardas mas sem formação adequada, queostentam os imaculados adornos, mas exibindo 2/3 docabelo. No caso dos lava mãos, de uso obrigatório, em setratando de espaços abertos há relativamente poucotempo, até existe um espécimen, ele próprio um adornodo local usado para tudo menos para a lavagem das mãos.

Bastas vezes, vejo em televisão ou revistas daespecialidade, colegas meus, alguns deles mais mediáticose por conseguinte com uma obrigação maior de divulgaras boas práticas de higiene, aparecerem sem o seurevestimento de cabeça, de uso obrigatório.

Outro caso importante e complicado: a zona de trabalho(dita de produção de comida) que na grande maioria doscasos é constantemente violada por tudo e por todos enormalmente por aqueles que deveriam supostamentedar o exemplo: Chefes de secção, gerentes e ou patrões.

A posição na cadeia do organigrama da empresa não dádireito algum a violar o código de boas práticas. Pelocontrário: É deles que se esperam os exemplos. Conformeo ditado: Os exemplos devem vir de cima. Só assim e deuma forma natural, «o correcto», será posto em prática.

Aproveitando o ensejo de estar na moda falar sobrerestaurantes e seus derivados, que a palavra Restauraçãosignifique de facto a reestruturação de tudo aquilo queestá errado na nobre arte de cozinhar e de servir oscozinhados .

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João Saraiva partiu rumo aos picos gelados da Cordilheira dos Alpes, maisconcretamente a Tirol, na Áustria, no passado dia 6 de janeiro, jornada a quechamou «The Perfect Winter». Agora de regresso ao Algarve, o biólogo, radialista,DJ, surfista e instrutor de capoeira faz um balanço extremamente positivo de umaaventura que não deverá ficar por aqui, porque existe vontade, dele e de outros,para repetir a experiência.

Texto: | Fotografia:

João Saraivajá pensa no«The PerfectWinter 2.0»

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Sensivelmente quatromeses depois, voltei aconversar com JoãoSaraiva, não num contextoda normal ansiedade de

quem estava prestes em embarcarnuma grande aventura na Cordilheirados Alpes, mas da satisfação de quemultrapassou os limites e regressou acasa sem grandes percalços pelocaminho. “Percebi depressa que o«The Perfect Winter» ia render mais,a nível pessoal, mas tambémprofissional, do que tinhaantecipado. Estava à espera deconhecer pessoas e de ter uma visãodiferente do que era a montanha,mas acabou por ter um impactomuito além disso, porque sealargaram horizontes e abriram-seportas”, começa por dizer o biólogo,radialista, DJ, surfista e instrutor decapoeira.

Com a segurança sempre presentepara evitar acidentes, João Saraivanunca teve a tentação de ir além dassuas possibilidades quando estava emcima de uma prancha de snowboard,ao mesmo tempo que ia aprendendo,no terreno, a ler a montanha, ascondições da neve, do tempo,perceber quando ir e não ir para apista. “Tive também a ajuda demuitos pessoas da zona que mederam a conhecer uma face damontanha que normalmente nãoestá aberta ao turista ocasional. Emtermos gerais, decorreu tudo mais oumenos como tinha planeado. A ideiaera fazer a viagem diretamente para

lá, em várias etapas, e no regressopassei pela Suíça e França”, conta.

No local onde estava baseado,quase a mil metros de altitude,houve, sim, necessidade de algumasadaptações, por não existiremtransportes diretos para as estânciasde ski, o que o obrigou a utilizarmuito mais o carro do que projetado.“Tinha pensado fazer mil a dois milquilómetros no Tirol, que é umbocadinho maior que o Alentejo, eacabei por fazer quase seis milquilómetros. Ali há muitasmontanhas e ir do ponto A para o Bimplica sempre grandes voltas, pormais perto que estejam em linhareta”, explica João Saraiva, o quejustificou plenamente o investimentona aquisição de pneus especiais paraa neve.

Não houve grandes incidentes aregistar, o que não significa que nãotenham acontecido imprevistos quepodiam ter tido consequências maissérias, um deles na companhia de umsnowboarder experiente econhecedor das montanhas.“Andávamos a ver os websites demeteorologia e das condições deneve desde a noite anterior e às 7hda manhã ainda não tínhamosdecidido para onde ir. O vento nãocorrespondia às previsões, a nevenão tinha caído com tantaintensidade como era suposto e,após algum debate no carro,optamos pela cordilheira Nordkette,a norte de Innsbruck, onde teríamosque utilizar os meios mecânicos e

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depois subir a pé até ao picoHafelekarspitze, com 2334m dealtitude”, diz-nos João Saraiva.

Como que a reviver o momento, oentrevistado lembra que, durante aviagem, as condições pioraramrepentinamente, o vento ficou maisforte, a visibilidade caiu, mas a duplainsistiu no destino. “Esse foi o primeiroerro. Já no local, vimos que talvezfosse melhor voltar para trás, dadoque a cobertura de neve fresca eraescassa e estava muito afetada pelovento. Mas, como já lá estávamos,decidimos avançar na mesma, e essefoi o segundo erro”, reconhece JoãoSaraiva. “A vista era deslumbrante, docimo da Nordkette consegue-se vertoda a cidade de Innsbruck quasediretamente de cima. O guia foi oprimeiro a descer e logo nas primeirascurvas se percebeu que o resto dogrupo não tinha nível para descer emsegurança. Havia bastante gelo e a

inclinação era muito acentuada logona primeira vertente, bem acimados 45º”.

Contra todas as indicações, JoãoSaraiva e o colega avançaram, oterceiro erro, e quebraram as trêsprincipais regras de segurança emfreeride: planeamento, avaliação nolocal e a pressão e nível do grupo.“Conseguimos lidar com a primeiradescida, mas o pior veio quando nosapercebemos do resto do caminho,que não era visível do pico: umavertente que parecia vertical,rapada pelo vento e sem fim à vista.Perto do estado de pânico, e jáimpossibilitados de voltar atrás,tivemos que engolir em seco e lidarcom uma longa descida que, porsorte, não causou mais do que umsusto. Mas foi um exemplo de comoerros sucessivos podem terconsequências muito, muitograves”, relata a peripécia.

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Lidar com a solidãoe as noites longas

Três meses de aventura no Tirol emque o mais complicado foi lidar com amudança de estações, principalmentepara quem vive no Algarve, ondepraticamente nem damos pelo avançardo tempo em termos climatéricos.“Estamos habituados a um Verãocomprido, depois um Inverno em quechove mais ou menos, e em quereparamos que os dias estãoligeiramente mais pequenos, mas, em

fevereiro, março, começa logo abrilhar o sol. Lá, às quatro da tarde jáestava escuro, não só por estarmosmais a norte, mas porque o horizonteestava mais acima e as montanhas

escondiam o sol muitorapidamente”, indica, referindo queo frio e a neve nem foramdemasiado incomodativos. “OInverno, nesse aspeto, é tardio eagora, no Tirol, está a nevar comose fosse dezembro. Quanto ao frio,as casas no norte da Europa sãobem mais confortáveis do que emPortugal, nunca se passa frio nointerior. Sobre a altitude, milmetros não é excessivo e foi umamudança mais ou menos gradual. Ovale mais próximo e por onde eupassava todos os dias estava a 300ou 600 metros”, descreve.

Dias pequenos em que havia queaproveitar ao máximo as horas deluz, o que obrigou João Saraiva alevantar-se bastante cedo, para o

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que teve a ajuda de um galo que vivia perto do chalé onde estava alojado, conta,com um sorriso. “Às cinco e tal da manhã, ainda o sol não tinha nascido, já eleestava a cantar. Ao princípio foi desagradável, mas depois facilitou o processode acordar. A partir das cinco da tarde já era de noite e estava tudo fechado”,recorda, uma realidade bem distinta dos países do sul, onde o dia é vividointensamente até bem mais tarde, às vezes até pela noite dentro. “As pessoas naÁustria estão habituadas a recolher a casa e estar com a família, ao contrário doque sucede no Algarve, onde gostamos de sair com os amigos depois do

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trabalho acabar. Mas viver essadiferença foi engraçado e, quandoestava a nevar, sabia mesmo bemestar no quentinho de casa”.

Claro que o trabalho não terminavaquando o sol se punha, garante JoãoSaraiva, que ia com uma agenda bempreenchida. “Queria melhorar o meusnowboard, seja o freestyle noparque, onde há obstáculos e onde setreinam os saltos e as manobras, mastambém no freeride, a descoberta damontanha, as caminhadas para forado que é conhecido nas estâncias. Aiestava completamente dependentedas condições do tempo e tive queadquirir material de segurança, deresgate e sinalização na neve, eaprender a mexer com ele. Depois,temos que partir cedo paracompletarmos o percurso, mas nãopode ser demasiado cedo porque aneve ainda está muito dura. Temosque ver quando a encosta está ao solou à sombra, de onde cai a neve,quando foi a última queda”,aconselha, mas foram precisamenteessas caminhadas que lhe permitiramcaptar imagens de uma vida, aquelasque muitas pessoas nunca conseguemregistar.

Chegado ao chalé, havia sempre algopara fazer, fotos e filmagens paratratar, textos para escrever, mastambém houve oportunidade paraconviver com alguns amigos emInnsbruck, uma cidade universitáriacom bastante movimento cultural.Contudo, em determinados períodos asolidão fez-se sentir com maior

intensidade, até teve algumavontade de fazer as malas eregressar a casa, confessa. “Tivecompanhia de amigos nas primeirasduas ou três semanas mas, derepente, o pessoal foi-se todoembora e fiquei sozinho no chalé, anevar lá fora, tudo escuro, commais dois meses pela frente.Televisão era toda em alemão.Houve momentos em que deuaquele vacilo de solidão, mas nãoforam muitos, acho que lido bemcom o facto de estar sozinho nestasviagens. Para além disso, hojetemos as redes sociais e, emqualquer altura, ligava-me aoFacebook ou ao Whatsapp,mandava um e-mail ou umamensagem e facilmente estava emcontato com as pessoas de casa”.

E escrever textos porque um dospropósitos do «The Perfect Winter»era precisamente manter um génerode diário de bordo, um relato do queia acontecendo no terreno, tanto noblogue oficial da aventura, como nojornal online «Sul Informação». “Noblogue tive mais de dois milseguidores de quase 40 países,pessoas que acompanhavamregularmente e comentavam o queeu ia escrevendo, o que mesurpreendeu. Para o «SulInformação» fazia uma crónicasemanal e houve muita gente apartilhá-las. No blogue era maislivre e filosófico, falava sobre aexploração da montanha, asviagens, o snowboard. No jornalonline, tive o cuidado de escrever

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para um leitor que não estivessenecessariamente familiarizado comestes temas e todas as semanas tinhaum assunto diferente, agastronomia, o país em si, amudança das estações”, relata,respondendo logo que escrever umlivro com esses textos não está, parajá, nos horizontes. “Estou habituadoao mercado de difusão cultural, maisespecificamente da música, e sei queos livros ainda são mais complicadosde chegar ao público. Logicamenteque também não iria escrever umlivro para ficar rico”.

Se um livro não está nos planosimediatos deste biólogo, a aventurateve o condão de abrir portas paraalgumas oportunidades profissionais,até porque sabemos bem asdificuldades que norteiam todosaqueles que trabalham na ciência emPortugal. E há, até, a possibilidade deuma segunda edição do «The PerfectWinter», desta feita já com o intuitode realizar um documentário sobre aviagem, em livro ou vídeo, e com umaequipa profissional a acompanhá-lo.“É uma das minhas ambições e esta

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viagem acabou por ser o primeiropasso nesse sentido, na montanha,certamente”, adianta João Saraiva, quejá tinha feito algo semelhante emtorno do surf, em cenários bem maisquentes.

Uma nova aventura que, no surf,nunca seria para o Havai ou Austrália,destinos muito batidos, na opinião doentrevistado. “O desafio é chegar asítios onde muito pouca gente foi e deonde existe pouca documentação,mesmo a nível cultural e histórico.Existem umas ilhas onde sempre quisir, as Andaman, ao largo da Índia,onde se diz que há tribos canibais ehistórias de feitiçaria. O surf é um dosprincipais veículos de descoberta doponto de vista ecológico, porquequeremos descobrir esses tesourosescondidos, mas não queremosestragar nada, nem construir hotéisnas praias, nem encher o mar de

turistas e surfistas”, descreve,entusiasmado.

Assim sendo, um «The PerfectWinter 2.0» não é algo impensável eJoão Saraiva está confiante de queaté seria mais fácil arranjar apoiospara um projeto mais ambicioso.“Houve empresas que me apoiaramcom o que podiam e que tornarampossível esta aventura, a«Freshlines», «Pipeline Surf Show»,«MG Snowtrip», «Bukideias», «Eco-Surf Products» e «Vinhos Malaca»,para além das pessoas queparticiparam na campanha decrowdfunding, e criou-se algobastante forte para mostrar, umportfolio para apresentar aentidades oficiais. A vontade ficou,as portas abriram-se e já tenhoandado a estudar formas definanciamento para uma próximaedição”, conclui João Saraiva .

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«O MENINO DA BURRA» estreou no passado fim-de-semana de 22 a 24 de abril,no Teatro Lethes, em Faro, seguindo-se, logo de imediato, mais dupla encenação,no Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves, nos dias 29 e 30 de abril. Antes disso,o Algarve Informativo esteve à conversa com o dramaturgo portimonense LuísCampião e com o ator Bruno Martins, para conhecer melhor a história de umapeça que recorda os tempos da Guerra Colonial e do Portugal do Estado Novo.

Texto: | Fotografia:

recorda drama da Guerra ColonialO MENINO DA BURRA

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Luís Campião, autor e encenadorda peça «O Menino da Burra»

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O Menino da Burra é, porassim dizer, o relato de umempregado de balcão deuma taberna com o mesmonome, dirigido a um

pretenso freguês, que acaba por ser opúblico de cada encenação, evocando oPortugal do Estado Novo e a GuerraColonial, a pobreza e a ruralidade, aviolência e a ingenuidade, tudo com basenas pretensas cartas que o pai docontador da história lhe escreveu quandoesteve a combater na Guiné. Antes disso,porém, houve a «Nossa Senhora daAçoteia», escrita por Luís Campião em2012, produzida pela ACTA e interpretadae encenada por Luís Vicente, conformenos conta o dramaturgo natural dePortimão. “Houve um personagem queme interessou particularmente e decidiconstruir uma nova peça a partir dele. O

texto acabou por ser distinguido comuma menção honrosa no PrémioInatel, em 2013, e surgiu o convite daeditora «Companhia das Índias» para opublicar”, conta Luís Campião.

A ideia sempre foi, contudo, levar otexto de «O Menino da Burra» a cena, épara subir ao palco que eles sãoescritos, e o processo deu um passo emfrente quando Bruno Martinsmanifestou junto de Luís Campião ointeresse em representá-lo. Daconversa passou-se à prática, em 2015,e a peça foi agora a cena, primeiro emFaro, depois em Silves, para satisfaçãodo portimonense que iniciou o seupercurso na Escola de Formação deAtores do Centro Dramático de Évora,concluiu uma Licenciatura em EstudosTeatrais e Teatro no Porto e tirou um

Samuel Pilar, Luís Campião e Bruno Martins, no palco do Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves

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Mestrado na Escola Superior do Teatro eCinema, em Lisboa. Quanto a BrunoMartins, nascido em Setúbal, passouigualmente por Évora, fez a sualicenciatura também, está a finalizar omestrado e já conhecia o Algarve mercêde um estágio que efetuou na ACTA,tendo trabalhado vários anos nestacompanhia de teatro. “Achei o texto doLuís Campião bastante giro, tocava-meem imensos pontos da minha vidapessoal e perguntei-lhe se podíamosavançar com a produção. O Luís Vicentedisponibilizou depois o espaço do TeatroLethes para a estreia e cá estamos”,relata o ator.

Convém dizer que a dupla já tinhatrabalhado anteriormente, por ocasião daprodução de «A Cova dos Ladrões», em2010, pela ACTA, com encenação de PauloMoreira. “O meu percurso de dramaturgoiniciou-se em 2008, quando me comeceia interessar pela escrita na sequência deuma Pós-Graduação que fiz na Faculdadede Letras sobre Texto Dramático. Ointeresse foi-se sedimentando a partir domomento em que senti uma reaçãopositiva aos meus textos, o que me levoua frequentar oficinas de escrita comoutros dramaturgos para tentar perceberse isto poderia dar alguns frutos”, indicaLuís Campião, cujo «Nossa Senhora daAçoteia» venceu o Prémio António Joséda Silva, em 2012. “Desde então, umacoisa tem levado a outra, novosinteresses, questões e inquietações, umaou outra encomenda, mais projetos, nãotenho propriamente parado”.

Com o foque em «O Menino da Burra»,trata-se da história de um homem que vaipara a Guerra Colonial e já não regressana plenitude das suas faculdades

psíquicas, sendo esse relato feito pelofilho, agora taberneiro, recordando ascartas que o progenitor lhe enviara daGuiné. “Ele sentia orgulho do pai,achava que era um herói, ao mesmotempo que tinha medo que ele seperdesse na guerra. O pai voltou comuma série de mazelas psicológicas,com traumas da guerra, e nunca maisfoi o mesmo”, explica Bruno Martins,referindo-se a «Alfredo», o talpersonagem que saltou de «NossaSenhora da Açoteia». “O meu interesseno Alfredo foi toda a questão damemória que temos da GuerraColonial, senti que essa personagemtinha muito mais coisas para contar.Há um jogo de intertextualidade, masas duas peças funcionamseparadamente. É como se fossemdois lados da mesma moeda,porquanto tratam as duas dememórias traumáticas”.

Explorar o mundo do stress pós-traumático nunca é fácil, ainda maisnum tema sensível como continua a sera Guerra Colonial e do qual se vaifalando cada vez menos, tirando asdatas específicas do 25 de abril ou doDia do Combatente, com Luís Campiãoa reconhecer que, às vezes, as pessoaspreferem esquecer algumas coisas, nãofalar delas. “Entrevistei pessoas queestiveram na guerra, a peça éconstruída com imensos relatos domeu pai, que também lá esteve, ediziam-me frequentemente que nãohavia nada para contar, perguntavam-me o motivo de querer estar alevantar esse assunto. Foi o que foi eagora é andar para a frente. Apremissa por detrás da peça équestionar a memória traumática e

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por que razão não cuidamos dela. É comose não tivéssemos feito o devido luto e,como tal, estamos sempre sujeitos aeventuais feridas que daí surjam”,sublinha o autor do texto.

Luís Campião esclarece que «O Meninoda Burra» não trata somente da guerra, oprincipal é preservar as memórias paranão se lidar com os fantasmas do passado,mas é, sem dúvida, um texto difícil deinterpretar, ainda por cima por apenasuma pessoa, neste caso, Bruno Martins.“É um desafio diferente, porque oobjetivo do Luís não era a construçãoclássica de uma personagem, mas deuma figura que conta uma história, queevoca as memórias. Eu não vivi a GuerraColonial e tive que falar com algunsfamiliares para saber mais sobre elaporque, na escola, o assunto era dadocom um pouco de vergonha. «Sim, osportugueses estiveram lá, não queriamabrir mão das colónias, depois veio o 25

de abril, largaram as colónias», é tudoexplicado a correr”, observa o ator.“Este contador vive muito da relaçãoafetiva com o pai e as outraspersonagens e o trauma de guerra dopai depois passou para o filho”.

Preferência pelosmonólogos

Com apenas um contador de históriasem palco, acompanhado à viola porSamuel Pilar, Luís Campião refere que oespetáculo passa-se, idealmente, nacabeça de cada espetador. Uma formaque agrada imenso ao dramaturgoportimonense, o como levar o contadorde histórias para o teatro, alguém queevoca mais do que interpreta ourepresenta, uma zona de fronteiraentre ator, narrador, contador, quefascina Luís Campião. “Uma vez quesou eu a encenar, tenho oportunidade

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de colocar as minhas ideias em palco eoptei por um dispositivo extremamentesimples, despido. Não há grandeselementos que evoquem uma taberna,porque o texto já o faz, o que meinteressa era ver o ator a contar. A violasurgiu por acaso, quando percebemosque todo o texto tem um ritmo muitoconcreto e específico de fala, e oinstrumento ajuda a suportar o discurso”,descreve o entrevistado. “A violatransporta o espetador para estados quenos interessam, embalá-lo e diverti-lo emcertas alturas, perturbá-lo noutras”.

Simplicidade que, curiosamente, acabapor tornar a vida de Bruno Martins maiscomplicada do que se estivéssemos napresença de um elenco numeroso. “Gostode ter muitos colegas em cena, porqueisso permite-nos, por exemplo, descansarum pouco quando não estamos nós emação. Estar sozinho em cena, comocontador, é assustador, mas eu e o

Samuel criamos uma boa dinâmica e avantagem é que o público nunca sabeo que vai acontecer a seguir. Qualquercoisa que seja inserida a mais, nemdão por isso, mas também tenho umcerto espaço para improvisar”, apontao ator.

Uma exposição completa que BrunoMartins já tinha antecipado e que olevou a pedir conselhos a Luís Vicente,que tinha interpretado, precisamente,um monólogo em «Nossa Senhora daAçoteia». “Disse-me para me entregarde corpo e alma, para dar o corpo àbala e o que tinha que acontecer,acontecia, com a certeza de que opúblico me ia suportar. E, nos trêsespetáculos do Lethes, o públicoaguentou, ouviu, reagiu, comunicoucomigo, e isso é bastante gratificante”,indica, satisfeito com a sua estreia nosmonólogos, ele que está maishabituado a peças com elencos

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maiores. E uma particularidade, de facto,de «O Menino da Burra» é que ointerlocutor é o público, quase como sefosse uma personagem, o freguês, ocliente daquela taberna, o que geradificuldades extra nos ensaios. “Estamosnum género de limbo porque nuncasabemos como é que as pessoas vãoreagir ao texto. Podemos tentarcondicionar essa reação, mas só teremosa certeza do que vai acontecer no dia daestreia, portanto, é como se estivéssemosa ensaiar com menos um elemento”,sublinha Luís Campião.

Entretanto, a veia criativa doportimonense não sossega e a sua peçamais recente, «O Palco de Babel», ébastante diferente da que estápresentemente em cena, com um elencopara cima de sete atores, com umametodologia distinta, mais tradicional.“Não estou centrado num estilo, num

modelo, embora prefira trabalharmonólogos a partir de histórias de vida,tendo por base o formato do contadorde histórias. Vamos ver como é que «OMenino da Burra» vai correr, tenhouma encomenda da ACTA para estrearem 2017 e estou envolvido noutrapeça, que espero ainda concluirdurante 2016. O intuito é sempre levara palco, não deixar os textos no papel,no livro”, garante Luís Campião. Maisincerto é o futuro de Bruno Martins,porque não é fácil ser ator em Portugal,mas reconhece que o seu estilopredileto é a comédia. “O futuro,atualmente, para os atores é o dia deamanhã. Para já estou focado nestapeça e vamos tentar que circule portoda a região e pelo resto do país, atéporque ocupa pouco espaço: duascadeiras, uma mesa, duas garrafas deaguardente e uma viola, eu e oSamuel” .

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DESPORTO E MÚSICA NO 25 DE ABRILEM CASTRO MARIM

Castro Marim celebrou o 42.º aniversáriodo 25 de Abril com um vasto ediversificado programa, que se estendeu

de 23 a 25 de abril. No dia 23 decorreu umWorkshop de Defesa Pessoal no PavilhãoMunicipal José Guilhermino, promovido pelaAssociação de Defesa Pessoal – Sistema Elite DP,em parceria com o «Leões do Sul Futebol Clube»e a autarquia. Com uma área direcionada àscrianças entre os 6 e os 12 anos, à luz do tema«Crianças à prova de Bullying», a iniciativacontou com a participação de 50 pessoas.

No mesmo dia decorreu, na Casa do Sal, emCastro Marim, um concerto de harpa céltica ecanto, por Helena Madeura, e a apresentação dolivro «O primeiro Carimbo Comemorativo dosCTT do concelho de Castro Marim», de FranciscoMatoso Galveias, e o lançamento de uma ediçãolimitada de um selo comemorativo da criação da

Comendadoria de Santiago,de Castro Marim, queacolheu os novos templáriosinvestidos numa cerimóniaque decorreu na IgrejaMatriz de Castro Marim, nofinal da tarde.

No domingo, dia 24 deabril, realizou-se umacaminhada pela «Liberdadesem Tabaco», ondeparticiparam cerca de 30pessoas, que se juntou a umaoutra iniciativa de marcha,promovida pelo Centro deCultura e Desporto doPessoal da Câmara Municipalde Castro Marim, com aadesão de cerca de 50caminhantes. Ao almoço,

junto ao Mercado Local de Castro Marim,pode ver-se a Concentração de AutomóveisAntigos, que saíram depois para o játradicional «Passeio Primavera Algarve»,promovido pelo Clube de Automóveis Antigosdo Algarve.

No dia 25 de abril, dia principal dascomemorações, o programa começou às8h30, com uma arruada da Banda MusicalCastromarinense pelas ruas da vila de CastroMarim, prosseguindo a nas principaislocalidades do concelho. Meia hora depois, foihasteada a Bandeira Nacional no Edifício dosPaços do Concelho e assistiu-se a uma largadade pombos no Forte de S. Sebastião, pelaSociedade Columbófila Castromarinense. EmAltura, na mesma manhã, foi realizado umPasseio Familiar, que reuniu cerca de 50pessoas à volta das bicicletas .

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VAIVÉM OCEANÁRIOESTACIONA EM FARO

Entre os dias 4 e 8 demaio, o VaivémOceanário vai estar

em Faro, no âmbito do eventoFarnaútica – Mostra do Mar eda Náutica. O Oceanário deLisboa, através deste projetode educação ambiental emmovimento, convida toda apopulação da região aparticipar em atividadeslúdicas e pedagógicas, deacesso gratuito, que exploramas diversas profissõesrelacionadas com os oceanose a sustentabilidade dosecossistemas marinhos.

Os alunos do ensino pré-escolar vão ajudar o Vasconuma missão: descobrir o queele quer ser quando for«grande». Já os estudantes do1.º e 2.º Ciclos vão navegar pelo mar portuguêsna companhia do Rei D. Carlos I. A importânciadas diferentes profissões e a riqueza dosecossistemas são o foco destas duas viagens.Para os «marinheiros» do 3.º Ciclo e EnsinoSecundário, está preparada ainda uma expediçãoao território marítimo nacional, conhecendo assuas potencialidades no âmbito do novo mapa«Portugal é Mar».

Os professores terão também um momentodestinado à sua formação, em que sãodisponibilizadas ferramentas que permitem umamaior complementaridade entre os programascurriculares e a literacia azul, num workshop quetem lugar no dia 4 de maio, às 17h30. O quizz,dirigido ao público geral, pretende revelar arotina e as profissões existentes no Oceanário de

Lisboa. Conhecer o papel dos aquários naconservação dos ecossistemas marinhos é oobjetivo desta atividade.

Com o objetivo de levar a missão doOceanário a todo o país e de proporcionaruma viagem educativa pelos oceanos, oVaivém já percorreu todos os distritos dePortugal Continental e Regiões Autónomas,tendo visitado 166 municípios e conquistadomais de 190 mil participantes com as suasatividades. As ilhas da Graciosa e de SãoJorge, nos Açores, serão os próximos «portos»a «abrigar» o Vaivém Oceanário, de 26 demaio a 6 de junho .

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AUTARQUIA DE LAGOA OFERECEUUMA AMBULÂNCIA AOS BOMBEIROSVOLUNTÁRIOS

No âmbito dascomemorações deabril, o Presidente

da Câmara Municipal deLagoa, FranciscoMartins presidiu, a conviteda Direção da Associação deBombeiros Voluntários deLagoa,  à cerimónia deHomenagem aos Bombeirosque completaram 5, 10, 15e 20 anos de serviço. Comoreconhecimento dos bons eefetivos serviços à causa dosBombeiros Portugueses,receberam as medalhas degrau cobre, prata e ouro,respetivamente entregues pelo executivocamarário e membros da Direção e Comando daCorporação de Bombeiros de  Lagoa.

O Presidente da Câmara, no uso da palavra,realçou a forma sentida da homenagem, tantomais que reconhecia um trabalho prestimoso, derisco e muitas vezes incompreendido. “OsBombeiros Voluntários de Lagoa merecem todoo apoio da Câmara Municipal e esta estarásempre aberta a essa solicitação, com a certezade que o que vem para a Corporação deBombeiros não é um luxo mas umanecessidade”, afirmou Francisco Martins.

Após a cerimónia de Homenagem, procedeu-seà entrega das chaves de uma ambulância,

oferecida pela Câmara Municipal de Lagoa aoabrigo do protocolo de apoio assinado para oano de 2016, ao Presidente da Direção daAssociação Humanitária dos BombeirosVoluntários de Lagoa, Joaquim Lima, que adepositou nas mãos do Comandante daCorporação, Vítor Rio. A ambulânciaoferecida, tipo A2, é uma Fiat Ducato comuma maca, cinco bancos e transporte de duascadeiras de rodas, para o que dispõe detampa manual, tendo tido um custo de 42 mile 917,28 euros .

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SALIR VIVE TRÊS DIASDE FESTA DA ESPIGA

Salir revive, na próximaquinta-feira, 5 de maio,todas as tradições do Dia da

Espiga, com a realização de umprograma de festividades que seestende até sábado, dia 7 de maio.Etnografia, Música, Folclore,Gastronomia, Artesanato ouDesporto são algumas das propostasda Festa da Espiga 2016.

As atividades arrancam no dia 5,que marca também as celebraçõesdo Dia do Município de Loulé. Apartir das 9h, realiza-se um Passeiode BTT e, às 9h30, um PasseioPedestre. A partir das 13h, na principal artéria davila, os visitantes poderão apreciar algunspetiscos e manjares serranos nas tasquinhas quevão estar no recinto. Às 14h, abre a exposição deprodutos tradicionais.

O grande momento deste evento é o desfileetnográfico que sai à rua a partir das 15h. Trata-se de uma das mais importantes manifestaçõesda cultura tradicional do interior algarvio, com odesfile das principais atividades agrícolas eartesanais desta freguesia, algumas delas em viasde extinção, desde as sementeiras, mondas,ceifas, debulhas, fabricação de pão, apanha domedronho e destilação, apicultura e extração decortiça, o varejo do figo, amêndoa e alfarroba,artesanato de linho, lã, palma, esparto, cestariade verga. Durante o desfile, os «poetas»populares irão declamar poemas ou quadrasfeitos de improviso ou preparados, em registo demensagem em tom de brincadeira aosresponsáveis municipais, para pedir ou agradeceras obras feitas na terra. À noite haverá animaçãomusical a cargo do Grupo Veredas da Memória,

baile tradicional com Ruben Filipe e atuaçãode Némanus (quizomba e funaná).

Na sexta-feira, dia 6, a tarde é dedicada aosseniores que irão participar num bailetradicional com o Rancho Folclórico da Velhae o acordeonista Fernando Inês. À noite, apartir das 21h, é também o folclore queanimará a festa, com a atuação do RanchoFolclórico «As Mondadeiras das Barrosas»,Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão(Cortelha), Rancho Folclórico da Casa doMinho (Lisboa) e Rancho Etnográfico Danças eCantares da Barra Cheia. A noite encerra comum baile com Gonçalo Tardão.

A programação de sábado é dedicada aosmais novos. Às 10h, realiza-se o II Torneio deFutebol «Os Espiguinhas». Na Tarde dasEspiguinhas está prevista muita animação esurpresas, jogos infantis, um lanche e o desfile«Miss e Mister Espiga». À noite sobem aopalco Nanook (21h30), Diogo Piçarra (22h45)e os Back to the Sixties (00h30). O DJRodriguez encerra a festa .

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ABRIRAM AS INSCRIÇÕES PARA A 16ªCORRIDA FOTOGRÁFICA DE PORTIMÃO

A 16ª Corrida Fotográficade Portimão, marcadapara 21 de maio,

pretende promover um olharatual e criativo sobre o município,o seu património cultural enatural, proporcionando umencontro entre entusiastas eamigos da fotografia. O prazo dasinscrições desta iniciativa,organizada pela CâmaraMunicipal de Portimão, atravésdo Museu de Portimão, encerrano dia 18 de maio, sendoesperado um elevado número departicipantes de todo o país, osquais deverão optar pelasmodalidades digital (máquina/cartão) ousubaquática (equipamento de circuito aberto).

Na Corrida Fotográfica, o mais importantecertame do género a sul do Tejo, os concorrentestêm a oportunidade de descobrir o espaçogeográfico das freguesias de Portimão, Alvor eMexilhoeira Grande, através de um renovado eatualizado olhar pelos aspetos do seu patrimóniocultural e natural, sobre as pessoas, atividades evivências, ou então registando fotograficamentea fauna e a flora subaquáticas da frente-marítimado Município. Para o efeito, todos osparticipantes deverão cumprir, entre as 9h e as20h, os oito temas-surpresa propostos edinamizados de forma faseada pela equipa doMuseu de Portimão, numa iniciativa integradanas comemorações do seu oitavo aniversário adecorrer entre 17 e 21 de maio. Quanto àmodalidade subaquática, destina-se a fotógrafosmergulhadores possuidores de equipamento decircuito aberto e respetiva certificação demergulho, cujo equipamento fotográficoindividual deverá ser devidamente adaptado ou

indicado para uma utilização subaquáticaestanque a pelo menos 20 metros, (3Atmosferas), do tipo digital DSLR oucompacto.

Os vencedores receberão materialfotográfico nos seguintes valores: o primeiroclassificado na modalidade digital receberá300 euros, o segundo 200 euros e o terceiro100 euros. A modalidade digital atribuiráainda o Prémio Jovem, para concorrentes dos12 aos 18 anos no valor de 300 euros,revertido em curso ou formação naETIC_Algarve – Escola Técnica de Imagem eComunicação, na área do design gráfico e daimagem digital. Na modalidade subaquáticaserá atribuído o primeiro prémio no valor de300 euros, igualmente em materialfotográfico. Os trabalhos vencedores e asmelhores fotografias de cada tema integrarãoa exposição coletiva a ter lugar no Museu dePortimão, no dia 10 de dezembro, no âmbitodas Comemorações do Dia da Cidade .

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SILVES APOIA ASSOCIAÇÕES LOCAISCOM MAIS DE 300 MIL EUROS

A Câmara Municipal de Silves assinou, dia26 de abril, vários contratos-programacom 63 associações, clubes e outras

entidades do concelho, atribuindo a primeiratranche de um apoio financeiro total de 310 mile 865,50 euros. Esta ação resulta dascandidaturas apresentadas aos diversosprogramas de apoio da edilidade,nomeadamente ao Programa de Apoio aoMovimento Associativo desportivo (PAMAD), aoPrograma de Apoio a Instituições de ÂmbitoCultural (PAIAC), ao Programa de Apoio aInstituições de Intervenção Social (PAIIS) e aoPrograma de Apoio ao Associativismo Juvenil(PAAJU).

A autarquia concedeu como montantes globais

56 mil e 600 euros no âmbito do PAIIS, quatromil euros no âmbito do PAAJU, 42 mil e 250euros no âmbito do PAIAC e 208 mil e 015,50euros ao PAMAD, valores que sofreram umaumento significativo relativamente ao anotransato. A cerimónia contou com a presençade representantes das instituições doconcelho e do Executivo Permanente da CMS,que procedeu à assinatura dos referidoscontratos e à entrega dos apoios financeiros.

Esta iniciativa da autarquia tem comoobjetivo estimular o associativismo local,apoiando as instituições do concelho nodesenvolvimento das suas atividades .

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CÂMARA DE VILA DO BISPOPATROCINA SURFISTA MARLON LIPKE

Pelo segundo ano consecutivo, o surfistaMarlon Lipke, atleta do Algarve SurfClube, vai receber um apoio financeiro

de cinco mil euros da Câmara Municipal de Vilado Bispo para o ajudar nas despesas com asprovas desportivas em que irá participar nodecorrer do ano 2016. Neste âmbito, foiassinado, no dia 27 de abril, um contrato depatrocínio entre a autarquia, que se fez represarpelo seu presidente, Adelino Soares, e o referidoClube, representado pela presidente da Direção,Zara Mata, e pelo secretário da Direção, SérgioBrandão.

O documento onde define os termos econdições em que esse apoio é concedidoestipula que o surfista fica obrigado a inserir o

logótipo do município na sua prancha e noseu sítio da internet, bem como, a fazerreferência ao apoio nas ações de comunicaçãocom os media. Do palmarés do atleta fazemparte dois títulos de Campeão da Europa ASPe Pro-Júnior, um 3.° lugar no campeonato ASPBillabong Word Junior, um 1.º lugar no EstorilPro e um 2.° lugar no Costa da Caparica ProLiga Moche, entre outras. Em 2015, o atletaclassificou-se em 6.° lugar no campeonatoNacional de Surf.

Em 2016, o surfista pretende alcançar otítulo de campeão da europa, classificar-se notop 5 no Circuito Nacional Moche Tour,requalificar-se para o WCT nos próximos doisanos e para o top 100 World Tour Surfers .

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AVANÇA A REQUALIFICAÇÃODO HISTÓRICO HOTEL GUADIANA

O município de VRSA, através daempresa municipal VRSA SGU, vai darinício, na primeira semana de maio, à

empreitada de reabilitação do emblemáticoHotel Guadiana, classificado como imóvel deinteresse municipal desde 2010. A obra, jáaprovada pelo Tribunal de Contas, tem o valorbase de dois milhões de euros e será financiadapela iniciativa Jessica, prevendo-se a conclusãodos trabalhos num prazo de dez meses.

A intervenção contempla a renovação exteriore interior do edifício, adequando-o àscaracterísticas de unidade de cinco estrelas,pondo fim ao cenário de degradação deste hotelque é um cartão-de-visita da frente ribeirinha dacidade e uma referência em termosarquitetónicos. “A operação faz parte daestratégia de requalificação do patrimónioedificado da cidade e da instalação, no seuCentro Histórico, de unidades hoteleiras dereferência, potenciando um turismo dequalidade superior e cultural. Por outro lado, aobra representa o primeiro passo derecuperação da frente ribeirinha de VRSA, para

onde estão previstos investimentosno valor de 150 milhões de euros”,explica Luís Gomes, presidente daCâmara Municipal de VRSA.

Além da reativação do uso originaldo imóvel, a operação urbanísticapretende a manutenção davolumetria original do hotel,possibilitando a instalação de 31quartos (15 duplos, 3 suítes júnior e13 quartos individuais) com ospadrões de conforto e exigência dasmarcas internacionais. Arequalificação prevê a manutençãoda fachada e dos principaiselementos decorativos do prédio deestilo afrancesado projetado pelo

arquiteto Ernesto Korrodi, cuja construçãodata-se entre 1918 e 1921. A empreitadaengloba ainda a recuperação de um edifíciona Ponta da Areia (foz do Rio Guadiana) parainstalação da área de beach club. Aexploração do hotel irá integrar o edifício daAlfandega - a primeira construção da cidade -,que reservará também espaço para umaunidade museológica.

O projeto cumpre, na íntegra, as orientaçõesdo Plano de Pormenor de Salvaguarda doNúcleo Pombalino de Vila Real de SantoAntónio, bem como as medidas estabelecidasna Área de Reabilitação Urbana (ARU) doCentro Histórico de VRSA, que foi, aliás, aprimeira a ser lançada no país. Em paralelo àrecuperação do Hotel Guadiana, é intenção daCâmara Municipal de VRSA transformar oCentro Histórico numa referência em termosturísticos, estando para isso em marcha umambicioso projeto que pretende converter osantigos imóveis, propriedade da CâmaraMunicipal de VRSA, num conjunto deunidades de alojamento de charme .

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