Agronegócio Pimenta (Capsicum sp.) em Minas...
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PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5744
Agronegócio Pimenta (Capsicum sp.) em Minas Gerais
Cleide Maria Ferreira Pinto1; Rodrigo Cruz Martins
2
1EMBRAPA/EPAMIG – Unidade Regional da Zona da Mata. Vila Gianetti, 46, Campus da UFV, 36570-000.
Viçosa-MG, [email protected] ; 2EMATER – Esc. Local de Monte Carmelo. Praça do Rosário, 190, Boa
Vista, 38.500-000. Monte Carmelo-MG, [email protected]
INTRODUÇÃO
O cultivo de pimentas, considerado até pouco tempo uma atividade secundária tem assumido
maior importância no Brasil. Nos últimos anos, as pimentas tem ganho espaço cada vez maior na
mídia, por sua versatilidade culinária, industrial, ornamental e também por suas propriedades
medicinais.
Hoje, o agronegócio de pimentas está entre os melhores exemplos de integração entre todos que
atuam na cadeia produtiva dessa hortaliça. Além de consumidas in natura, podem ser processadas
e utilizadas em diversas linhas de produtos na indústria de alimentos. Na forma in natura ou
processada, as pimentas são produtos que agregam valor e detém amplas oportunidades de
mercado.
As diversas formas de processamento industrial e artesanal que tem as pimentas como matéria-
prima são apresentadas no Quadro 1.
IMPORTÂNCIA DO CULTIVO DE PIMENTA PARA MINAS GERAIS
Minas Gerais é o principal estado produtor de pimentas seguido por São Paulo, Goiás, Ceará e
Rio Grande do Sul. No Estado, o cultivo de pimentas ajusta-se muito bem aos modelos de
agricultura familiar e de integração pequeno agricultor-agroindústria. Além de consumidas na
forma in natura, grande número de produtores faz conservas de pimentas e comercializa
diretamente em feiras livres, mercados de beira de estrada, pequenos estabelecimentos comerciais
e atacadistas. Empresas de porte médio, em geral, comercializam conservas, conservas
ornamentais, molhos e geléias em supermercados, lojas de conveniência e de produtos importados
e até em lojas de decoração. Há empresa de grande porte que exporta a pimenta na forma
desidratada (páprica).
A produção mineira de pimenta é realizada por agricultores que, em geral, cultivam áreas de
0,5 hectare a 10 hectares com custo de produção e rentabilidade variando principalmente, com o
tipo de pimenta, produtividade e período de colheita. No Quadro 2, são apresentadas as áreas
cultivadas e produções obtidas nos seis principais munícipios mineiros produtores de pimenta em
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2008, 2009 e 2010. Neste último ano, foram cultivados 1.137 ha de pimenta com produção de
1.982 toneladas.
A exploração comercial de pimentas gera empregos e renda em todos os segmentos da cadeia
produtiva. No Estado, estima-se que cada hectare cultivado de Pimenta-malagueta gere de quatro a
cinco postos de trabalho apenas durante o processo produtivo. Além disso, os produtores
aumentam a quantidade de mão-de-obra na colheita, que é a fase da cultura que absorve maior
quantidade de serviços temporários. Com o beneficiamento da pimenta, os agricultores têm
rendimento maior em sua atividade. O estabelecimento de unidade de beneficiamento
(agroindústria) gera empregos e melhora a renda dos municípios produtores de pimenta.
QUADRO 2. Área e produção de pimentas nos principais municípios mineiros produtores, no
período 2008-2010
Municipios 2008 2009 2010
Área (ha) Produção
(t)
Área
(ha)
Produção
(t)
Área (ha) Produção (t)
Matias Cardoso 230 1.610 255 1.785 100 450
Guapé 85 595 85 595 40 200
Monte Carmelo 30 180 35 180 35 210
Guarani 30 180 - - 30 180
Iapu 20 80 15 60 - -
Estrela do Sul 13 78 15 90 - -
Tocantins - - - - 32 208
São José da Barra - - - - 36 -
Mateus Leme*
- - - - - -
Onça de Pitangui*
- - - - - -
Total 408 2.723 405 2.710 273 1.248
Total de Minas - - - - 1.137 1.982
Fonte: Emater-MG, 2011
*Não há informações de área e produção de pimenta no período 2008-2010 apesar do grande
volume de comercialização na CeasaMinas procedente destes municípios.
Agroindústrias de pimentas em Minas Gerais
No Estado, há grande número de unidades de processamento de pimentas na forma de
conserva, molho e de temperos. Alguns exemplos: a) Sabor Mineiro, Tempero da Vovó, Minas
Pepper, TCM-Tempero Carmelitano de Minas, Saron, Aroma D'Minas, Rei do Alho-KI-SABOR,
(Monte Carmelo); b) Vilma Alimentos (Pirata), Condimentos Imperial Ltda, Sacy, Aroma e Sabor,
Ind e Com de Temperos Shallon, Temperos Luana Ind e Comércio Ltda, Magliane Alimentos
(Belo Horizonte); c) Guiscond, Pimenta Rara Ind e Comércio e Mayorca (Uberlândia); d)
Condimentos Três Irmãs (Patrocínio); e) Indústria e Comércio Condimentos Andorinhas (Teófilo
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Otoni); f) Indústria e Comércio de Temperos TF (Nanuque); g) Condimentos Portuense e
Temperos Vieira (Juiz de Fora); h) Produtos Faísca Indústria e Comércio Ltda (Guarani); i)
Produtos Vitalho Ltda (Cataguases); j) Irici Indústria e Comércio Ltda (Ponte Nova) e; k)
Temperos Viçosa (Viçosa).
Com recursos do Programa Minas Sem Fome, programa estruturador do Governo de
Minas, executado pela Emater-MG em parceria com a Prefeitura de São José da Barra e a
Associação dos Produtores de Pimenta, foi inaugurada, recentemente, na comunidade rural de
Bom Jesus do Campo (São José da Barra), uma Unidade de Processamento de Pimenta com
capacidade de processar até uma toneladada por dia. Com o beneficiamento da pimenta, os
agricultores têm rendimento maior em sua atividade. A unidade gera empregos e proporciona
melhoria da renda do município, localizado no Sudoeste mineiro.
Em Caeté, região central do Estado, num projeto agrícola da Emater-MG em parceria com
o Fórum do município, Prefeitura e Secretaria de Defesa Social, está em fase final de construção
uma unidade de processamento de conservas, molhos, temperos e geléias de pimenta. A unidade é
localizada na Fazenda de Ressocialização Reviver local onde presos cumprem pena. Além do
aproveitamento da mão-de-obra na produção de pimenta, o objetivo é agregar valor ao produto por
meio do processamento o que gera maiores lucros que são utilizados na manutenção dos presos.
Outras empresas mineiras que dão subsídio ao agronegócio pimenta são a Engetecno e a
Semearte. A Engetecno, importante empresa de projeto pronto de empreendimento, situada em
Poços de Caldas, elabora projetos de fábrica para produção de pimenta em pó, desidratada, pasta,
molho de pimenta, pimenta calabresa, conserva, pimenta seca, oleorresina, capsaicina. A
Semearte, situada em Coimbra, é um viveiro comercial de mudas de pimentas.
ESPÉCIES E CULTIVARES
Na escolha da pimenta a ser cultivada, o produtor deve considerar o destino da sua produção
(consumo in natura ou industrialização). No Quadro 3, estão descritas algumas características das
pimentas cultivadas em Minas Gerais. A “Malagueta” é a pimenta mais consumida e cultivada no
Estado, principalmente, na Zona da Mata mineira. É consumida na forma de conserva e de molho.
A Pimenta-biquinho, a mais nova opção de investimento nas propriedades rurais mineiras, é muito
consumida na forma de conserva, de salada, como tira-gosto e como matéria-prima no
processamento de geléias. A “Dedo-de-moça” é muito utilizada para o preparo de molhos; em
outras regiões, é conhecida como Pimenta-vermelha ou Calabresa, e é geralmente desidratada na
forma de flocos com sementes. A Pimenta-de-cheiro, a Pimenta-bode e a Cumari-do-pará são
utilizadas na forma de conserva e de molhos. Os frutos da Pimenta-cumari são consumidos verdes
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ou maduros na forma de conserva. A “Jalapeno” é muito consumida na forma de molho e de
conserva de frutos fatiados. As pimentas Habanero, a Fatalli e Bhut Jolokia, extremamente
picantes são consumidas na forma de conserva e de molho.
ÉPOCA DE PLANTIO, PRODUÇÃO DE MUDAS, TRANSPLANTE E ESPAÇAMENTO
A pimenteira requer temperaturas elevadas, em torno de 250C-30
0C, durante todo o ciclo. É
sensível a baixas temperaturas e não tolera geada e, por isso, deve ser cultivada nos meses mais
quentes do ano. Nas regiões serranas, com altitudes acima de 800 m, a semeadura é feita de agosto
a fevereiro. Nas regiões de altitude inferior a 400 m, a semeadura pode ser feita o ano todo. A
semeadura é realizada, preferencialmente, em bandejas de isopor de 128 ou 200 células com
substrato comercial, em ambiente protegido. Atualmente, muitos pimenticultores adquirem mudas
ou contratam a produção delas à profissionais que se dedicam a esta atividade. As mudas são
transplantadas para o local definitivo de plantio, 50 a 60 dias após a semeadura, para a maioria das
espécies. O espaçamento utilizado no campo depende da variedade e varia de 1,2 m a 1,5 m entre
fileiras e de 0,8 m a 1,0 m entre plantas.
ESCOLHA DA ÁREA, PREPARO DO SOLO, CALAGEM E ADUBAÇÃO
Recomendam-se as áreas de meia encosta, de declividade pequena, por serem bem drenadas,
evitando-se solos muito argilosos ou muito arenosos. A pimenteira é sensível a solos encharcados
e não cresce bem em solos pesados ou compactados. O plantio pode ser feito em covas ou em
sulcos. O plantio em sulcos paralelos às curvas de nível facilita a aplicação e incorporação de
esterco e de adubos químicos. Além disso, sulcos de plantio feitos em nível (declividade de 0,2%
a 0,5%) facilitam o escoamento da água sem causar erosão.
Para o bom desenvolvimento da pimenteira, o pH do solo deve estar entre 5,5 e 6,5. As
recomendações de calagem e adubação devem ser baseadas em análise química do solo. Para o
cultivo de pimentas em Minas Gerais, sugere-se a seguinte adubação, aplicada no sulco de plantio:
20 t/ha de esterco de curral ou 5 t/ha de esterco de galinha, 60 kg/ha de N; 180, 240 e 300 kg/ha de
P2O5 e 120, 180 e 240 kg/ha de K2O para os níveis alto, médio e baixo de P e K no solo,
respectivamente. Até o florescimento, as adubações de cobertura, são feitas com adubo
nitrogenado. Durante a frutificação, deve-se misturar o adubo nitrogenado ao potássico, em
intervalos de 30-45 dias até o final do ciclo, com base em observações no desenvolvimento da
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planta ou no aparecimento de sintomas de deficiências nutricionais. Aplicar, de cada vez, 60 kg/ha
de N e 50 kg/ha de K2O. Utilizam-se também formulações comerciais como 20-0-20 ou 20-0-15.
IRRIGAÇÃO
A irrigação é fator determinante na produção comercial da pimenteira. Deve-se evitar o acúmulo
de água no solo, o que favorece a ocorrência de doenças, o abortamento e a queda de flores. A
deficiência hídrica, especialmente durante os estádios de floração e de pegamento de frutos, reduz
a produtividade, em decorrência da queda de flores e do abortamento de frutos, provocando
também o aparecimento de podridão apical. A necessidade total de água depende das condições
climáticas, do tipo de pimenta e da duração do ciclo da cultura. Em termos gerais, varia de 500 a
800 mm, podendo ultrapassar os 1.000 mm para cultivares de ciclo longo. A necessidade diária de
água varia de 3 a 10 mm/dia no pico de demanda da cultura. A irrigação por sulcos se adequa bem
ao plantio da pimenta em fileiras desde que elas tenham declividade constante e pouco acentuada.
A irrigação por aspersão é recomendada para áreas de topografia desuniforme.
MANEJO DE PLANTAS DANINHAS
Recomenda-se o controle de plantas daninhas pelo menos durante o período critico de
interferência que se inicia no transplante das mudas de pimenta e dura de 21 dias a 85 dias.
O período crítico é de cerca de oito meses para as pimentas Malagueta, De-cheiro, Tabasco e
Dedo-de-moça. O espaçamento de 1,2 a 1,5 m entre fileiras permite o uso de cultivadores
mecanizados ou de tração animal entre as linhas, complementando-se o trabalho manualmente,
com enxada, entre as plantas. Não existem herbicidas registrados no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle de invasoras em plantio de pimenta.
MANEJO DE PRAGAS
As principais espécies de insetos e ácaros considerados pragas da cultura da pimenta estão
descritas no Quadro 4, bem como seus danos, sintomas de ataque e medidas de controle.
O controle químico de pragas não é recomendado para a cultura de pimenta, em razão da falta de
registro de herbicidas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
MANEJO DE DOENÇAS
No Quadro 5, estão relacionadas as principais doenças da pimenteira, bem como os agentes
causadores, os principais sintomas, os meios de disseminação, as condições favoráveis e as
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principais medidas de controle. Os únicos ingredientes ativos registrados no MAPA para a cultura
da pimenta se limitam ao controle da antracnose.
COLHEITA, SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E EMBALAGEM
A colheita de frutos maduros, realizada manualmente, inicia-se no período de 80 a 120 dias
após a semeadura. As pimentas são colhidas manualmente com ou sem os pedúnculos. Não existe
norma oficial de classificação e padronização para as pimentas. O colhedor deve eliminar, ao
máximo, os frutos doentes, brocados, murchos, passados, desuniformes e malformados. Diferentes
embalagens são usadas para comercialização de pimentas na forma in natura. Na CeasaMinas,
Unidade da Grande Belo Horizonte, as pimentas Cambuci e Ardida são acondicionadas em caixas
de 15 kg e a Dedo-de-moça em caixas de papelão de (1 kg a 2 kg) e em sacos de plástico (1 kg , 2
kg, 5 kg ou 10 kg).
Para pimentas destinadas à indústria de molhos e de conservas, frutos sem o pedúnculo são
armazenados em recipientes plásticos como bombonas ou polietileno tereftato (PETs), contendo
salmoura ou álcool. Esse processo tem o objetivo de conservação pós-colheita de frutos, mantidos
in natura, até a embalagem final para comercialização. Algumas salmouras com concentração de
sal muito alta provocam murchamento das pimentas e, outras com concentração muito baixa
facilitam a fermentação e amolecimento dos frutos, que por vezes desmancham no manuseio. O
álcool atua realmente como agente conservador e impede a fermentação. Sendo a embalagem
PET, uma resina permeável ao oxigênio, as pimentas oxidam, mudam de gosto e escurecem e por
isso, recomenda-se a sua utilização para armazenazem das pimentas por apenas um a dois meses.
MERCADOS VAREJISTAS E ATACADISTAS EM MINAS GERAIS
No varejo, na forma in natura, é comum a comercialização de pimentas a granel; os
consumidores selecionam a quantidade a ser comprada. No mercado Central em Belo Horizonte, a
Pimenta-bode vermelha e amarela, “Cumari-do-pará”, “Cumari-verdadeira”, “De-cheiro”,
“Biquinho” e “Malagueta” são comercializadas na quantidade de 100 gramas medida em copo de
vidro. Em diversos supermercados mineiros, as pimentas de um só tipo e uma mistura delas,
denominada mista, são comercializadas em bandejas de isopor de tamanho e pesos diferentes (de
30 a 300 g), recobertas com filme de policloreto de vinila (PVC). Deixar os frutos com o
pedúnculo e associar a refrigeração ao uso de embalagens de plástico, são fatores que evitam o seu
murchamento e a descoloração do pedúnculo. Para pimentas acondicionadas em sacos de
polietileno, filme de PVC ou caixinha tipo PET e comercializadas em temperatura ambiente
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(230C-26
0C) recomendam-se fazer alguns furos nas embalagens, para evitar a condensação de
água no seu interior ou sobre os frutos o que pode ocasionar o desenvolvimento de fungos e
comprometer a aparência dos frutos. O prazo de validade varia com o tipo de pimenta, a
embalagem usada e, principalmente, com a temperatura do ambiente de comercialização. Esse
prazo é de cinco dias para pimenta-de-cheiro e Pimenta-bode em sacos de plástico perfurados,
mantidos a 230C-25
0C e de até dez dias para frutos embalados em filmes de PVC, mantidos a
120C-15
0C. Outra forma de comercialização de pimentas no varejo são os vasos de pimenta
ornamental em floriculturas.
No atacado, na forma in natura, as pimentas são, geralmente comercializadas pelas Ceasas,
onde são agrupadas e redistribuídas para o varejo. É bastante comum também a atuação de
intermediários que compram a pimenta diretamente nas propriedades, e a vendem nas Ceasas ou
para distribuidores e empacotadores, os quais embalam com marca própria e a comercializam no
varejo. Na CeasaMinas-Grande Belo Horizonte, a Pimenta-malagueta é comercializada a granel
(kg), a “Dedo-de-moça” em caixas de de papelão (1 kg a 2 kg) e a “ Cambuci” e “Ardida” em
caixas de 15 kg. Algumas redes de supermercados adquirem pimentas diretamente dos produtores,
fornecedores credenciados ou de atacadistas e comercializam o produto com suas marcas. Na
maioria dos mercados atacadistas mineiros, as cotações de preços, não são diferenciadas para os
tipos de pimenta, e sim considerando a classificação em “Pimenta” e “Pimenta-ardida”.
O mercado de pimentas processadas é explorado por grande número de empresas, desde
familiares ou de pequeno porte até grandes empresas exportadoras. Em geral, as pimentas
processadas são comercializadas na forma de conservas, conservas ornamentais (blends), molhos,
pastas e geléias, envasadas em garrafas de vidro ou de plástico com diversos volumes, diretamente
com os consumidores em pequenos estabelecimentos comerciais, feiras-livres, mercados de beira
de estrada, supermercados, lojas de conveniência e de produtos importados (“delikatessens”). É
comum a comercialização de “blends” em lojas de decoração.
COMERCIALIZAÇÃO DE PIMENTAS NAS CEASAMINAS
A Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (CeasaMinas) é uma empresa de economia
mista, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). É composta
das Unidades Grande Belo Horizonte, Uberlândia, Barbacena, Juiz de Fora, Caratinga e
Governador Valadares. Ao longo dos últimos cinco anos, a CeasaMinas em todas as suas
unidades, comercializou anualmente, em média, 460 mil kg de pimenta. O ano de maior volume
comercializado foi 2010, quando foram negociados quase 620 mil kg desse produto no valor de
R$ 1.231.434,84. Do total comercializado, 97,8% foram procedentes de Minas Gerais e o restante
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de Goiás e São Paulo. Apesar da produção mineira de pimenta em 2010 ter sido de 1.982
toneladas, apenas 620 mil kg foram comercializados na CeasaMinas, não havendo informações da
forma e local de comercialização da grande parte da pimenta produzida no Estado.
A CeasaMinas, Unidade Grande Belo Horizonte, o maior mercado atacadista, ao longo dos
anos de 2006 a 2010 comercializou anualmente, em média, 352 mil kg de pimenta com a
denominação de “Pimenta”. Em 2010, foram negociados aproximadamente 530 mil kg desse
produto (Quadro 6) no valor de R$ 655.000,00. Desse total, 97,7% são procedentes de Minas
Gerais e o restante de São Paulo. Os dez municípios mineiros que mais contribuíram com este
mercado em 2010 foram Mateus Leme (43,3%), Onça de Pitangui (15,4%), Guapé (7,3%), Matias
Cardoso (6,8%), Ressaquinha (3,0%), Jaboticatubas (2,6%), Pedro Leopoldo (2,4%), Santo
Antônio do Monte (2,3%), Paraopeba (2,2%) e Igarapé (1,7 %).
Quadro 6 – Quantidades (kg) de pimentas in natura comercializadas na CeasaMinas, Unidade
Grande BH, no período 2006 – 2010.
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2006 39.188 38.698 19.038 19.849 33.417 18.820 20.973 13.856 7.610 32.648 33.386 37.657 315.140
2007 33.683 14.102 12.429 17.956 25.190 27.251 27.115 12.840 13.749 23.768 35.865 31.294 275.242
2008 40.463 28.156 31.703 17.418 12.284 16.566 14.216 18.851 18.922 32.139 28.847 39.953 299.518
2009 33.932 29.739 21.230 16.668 27.263 24.056 20.229 14.077 22.958 45.078 44.356 44.981 344.567
2010 54.140 47.146 37.012 30.325 43.929 38.100 30.165 29.292 25.985 65.206 64.352 62.957 528.609
Média 40.281 31.568 24.282 20.443 28.417 24.959 22.540 17.783 17.845 39.768 41.361 43.368 352.615
Observando-se a distribuição do volume comercializado ao longo do ano (Gráfico 1), verifica-
se oferta sazonal desse produto, sendo volumes menores comercializados durante agosto e
setembro, os meses de menor colheita em função das características próprias do setor de produção.
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
kg
jan fev Mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Gráfico 1 - Quantidades médias mensais de pimenta in natura, comercializadas na
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CeasaMinas, Unidade Grande BH, no período 2006 – 2010
No Quadro 7, observa-se, em valores corrigidos, a magnitude dos preços médios mensais neste
mercado durante os últimos cinco anos. O maior preço ocorreu em 2006, quando a média foi de
4,43 por quilo de pimenta. Como resposta à sazonalidade de oferta, a evolução dos preços médios
ao longo do ano apresenta variação acentuada. Os valores máximos ocorrem, em média, durante
os meses de agosto e setembro, temporada de entressafra. Nesta época os preços são mais
favoráveis ao produtor.
Quadro 7 – Preços médios (R$) corrigidos (IGP-DI abril de 2011) de pimenta in natura na
CeasaMinas, Unidade Grande BH, no período 2006 - 2010
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
2006 2,94 4,72 3,75 4,78 4,54 3,99 5,31 6,02 5,04 4,84 4,36 2,87 4,43
2007 3,66 4,70 2,57 3,27 0,94 1,05 2,05 2,65 1,98 1,00 0,81 2,32 2,25
2008 1,27 0,63 0,84 1,06 1,10 1,13 1,27 2,37 3,61 1,92 0,88 1,37 1,45
2009 6,26 1,31 2,10 1,32 0,93 1,33 1,34 7,02 1,33 0,90 1,22 0,59 2,14
2010 1,06 0,76 0,87 1,55 0,89 1,17 1,16 1,91 6,13 0,91 1,13 0,99 1,54
Média 3,04 2,42 2,03 2,40 1,68 1,73 2,23 3,99 3,62 1,91 1,68 1,63 2,36
Na Ceasa Minas, Unidade de Uberlândia, segundo mercado atacadista mineiro na
comercialização de pimentas, ao longo dos anos de 2006 a 2010 comercializaram anualmente, em
média, 105 mil kg da hortaliça. Nesse mercado, as cotações são diferenciadas para alguns tipos de
pimenta. Nos últimos cinco anos comercializaram Pimenta-bode (34,0%), “Dedo-de-moça”
(15,9%), “Malagueta” (5,0%), “Cambuci” (4,5%) e “Cumari” (1,9%). Do restante, 37,9% ainda é
comercializado com a denominação de “Pimentas” e 0,6% como Pimenta-ardida.
Em 2010, foram negociados aproximadamente 91 mil kg desse produto no valor de R$
575.193,93. Desse total, 98,9% foram procedentes de Minas Gerais e o restante de Goiás e São
Paulo. Foram comercializados 50,3% de Pimenta-bode, 9,2% de “Dedo-de-moça”, 5,3% de
“Malagueta”, 4,3% de “Cumari” e 2,9% de “Cambuci”. Do total, 26% foram comercializados
como “Pimenta” e 1,6% como Pimenta-ardida. Os municípios que mais forneceram pimenta para
este mercado foram Araguari, Estrela do Sul, Uberlândia e Patrocínio.
PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5753
Ao longo dos últimos cinco anos, a CeasaMinas, Unidade de Uberlândia, comercializou
anualmente, em média, 45 mil kg de Pimenta-bode. O ano de maior volume foi 2009, quando
foram negociados quase 78 mil kg desse produto. Em 2010, houve queda acentuada no volume,
sendo negociados aproximadamente 46 mil kg (Quadro 8).
Observando-se a distribuição do volume comercializado ao longo do ano, verifica-se
sazonalidade na oferta desse produto, sendo os menores volumes comercializados durante os
meses de janeiro a agosto (Gráfico 2). Os meses de maior oferta são setembro, outubro, novembro
e dezembro, quando em média, comercializaram-se, 5, 3 mil kg.
Quadro 8 – Quantidades (kg) de Pimenta-bode in natura comercializadas na CeasaMinas,
Unidade Uberlândia, no período 2006 – 2010.
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2006 - - - - - - - - - - - - -
2007 - - - - - - - - - - - 942 942
2008 3.689 3.371 3.176 4.150 2.931 3.849 2.736 3.584 5.695 5.929 7.500 8.723 55.333
2009 4969 4.542 5.185 4.346 6.657 10.225 7.990 6.800 6.928 7.592 6.590 5.827 77.651
2010 4.710 3.146 3.112 5.268 5.298 4.344 2.533 2.502 3.789 2.876 3.398 4.671 45.647
Média 4.456 3.686 3.824 4.588 4.962 6.139 4.420 4.295 5.471 5.466 5.829 5.041 44.893
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
kg
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Gráfico 2 - Quantidades médias mensais de Pimenta-bode in natura,
comercializadas na CeasaMinas-Uberlândia, no período 2008 - 2010
PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5754
No Quadro 9 observa-se, em valores corrigidos, a magnitude dos preços médios mensais de
Pimenta-bode no mercado atacadista de Uberlândia durante os últimos cinco anos. Em termo de
médias anuais, o preço ficou entre R$ 5,00 e R$ 6,00, à exceção de 2007, que foi o menor preço
do período (R$ 3,70). Ao longo do ano, verifica-se que o preço ficou acima de R$ 4,00 em todos
os meses, tendo os maiores valores da série, R$ 6,20, R$ 7,60, R$ 8,20 e R$ 7,10, ocorrido em
junho, julho, agosto e setembro, respectivamente. Verifica-se, que para este tipo de pimenta os
preços mais elevados não estão vinculados a menor oferta do produto.
Quadro 9 – Preços médios (R$) corrigidos (IGP-DI abril de 2011) de Pimenta-bode in natura na
CeasaMinas, Unidade Uberlândia, no período 2006 - 2010
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
2006 - - - - - - - - - - - - -
2007 - - - - - - - - - - - 3,70 3,70
2008 4,08 4,57 4,93 3,83 4,52 7,19 5,35 6,49 6,03 4,53 4,15 3,12 4,90
2009 3,22 4,50 4,45 4,55 4,55 5,10 6,68 8,74 7,32 4,46 4,57 4,58 5,23
2010 4,53 4,49 4,59 4,83 5,29 6,35 10,80 9,24 7,81 5,77 5,25 5,14 6,17
Média 3,94 4,52 4,66 4,40 4,79 6,21 7,61 8,16 7,05 4,92 4,66 4,14 5,42
No mercado atacadista de Uberlândia, ao longo dos anos últimos cinco anos, comercializaram-
se anualmente, em média, 17 mil kg de Pimenta-dedo-de-moça. O ano de maior volume foi 2007,
quando foram negociados 35 mil desse produto. Em 2010, houve queda acentuada no volume,
sendo negociados pouco mais de 8,0 mil kg (Quadro 10).
Quadro 10 – Quantidades (kg) de Pimenta-dedo-de-moça in natura comercializadas na
CeasaMinas, Unidade Uberlândia, no período 2006 – 2010.
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2006 60 2.526 1.215 2.550 750 1.260 120 1.225 1.265 2.101 1.900 14.972
2007 1.040 2.510 2.344 1.353 1.720 1.935 1.190 2.295 1.367 7.255 3.980 8.285 35.274
2008 927 2.505 1.617 576 1.010 1.037 710 965 470 763 1.176 421 12.177
PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5755
2009 1.513 837 739 233 1.115 1.365 2.385 1.378 997 708 605 1.210 13.085
2010 841 330 1.175 1.263 982 371 365 140 70 166 595 2.069 8.367
Média 1.080 1.248 1.680 928 1.475 1.092 1.182 980 826 2.031 1.691 2.777 16.775
Observando-se a distribuição do volume comercializado ao longo do ano, verifica-se
sazonalidade na oferta desse produto, sendo os menores volumes comercializados durante os
meses de janeiro a setembro (Gráfico 3). Os meses de maior oferta são outubro, novembro e
dezembro, quando, comercializaram-se, em média 2, 3 mil kg.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
kg
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Gráfico 3- Quantidades médias mensais de Pimenta-dedo-de-moça in natura
comercializadas na CeasaMinas, Unidade Uberlândia, no período 2006 - 2010
Observa-se no Quadro 11, em valores corrigidos, a magnitude dos preços médios mensais de
Pimenta-dedo-de-moça no mercado atacadista de Uberlândia durante os últimos cinco anos. O
maior preço ocorreu em 2009, quando a média ficou em torno de R$ 5,00 por kg de pimenta. Em
2010, a média foi de R$ 3,93.
Pela evolução dos preços médios ao longo do ano verifica-se que as médias variam de R$ 3,30
a R$ 5,00. Os valores máximos ao longo do ano ocorrem, em média, durante os meses de agosto e
setembro, temporada de entressafra para a variedade.
Quadro 11 – Preços médios (R$) corrigidos (IGP-DI abril de 2011) de Pimenta-dedo-de-moça
in natura na CeasaMinas, Unidade de Uberlândia, no período 2006 - 2010
Ano/Mes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
2006 - 2,74 4,60 2,09 2,67 4,08 3,07 4,06 4,05 4,02 4,01 2,23 3,42
2007 4,49 3,97 3,96 3,96 3,95 4,02 6,21 6,12 3,83 3,80 3,76 3,35 4,29
2008 3,64 3,65 2,80 4,12 3,93 3,73 4,18 4,08 3,42 3,38 3,27 3,36 3,63
2009 2,92 3,39 5,17 5,69 5,24 4,56 4,73 5,72 8,65 6,08 4,48 4,58 5,10
2010 4,53 4,32 4,42 3,32 3,27 3,26 4,01 4,29 4,85 4,20 3,62 3,09 3,93
PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5756
Média 3,90 3,61 4,19 3,84 3,81 3,93 4,44 4,85 4,96 4,30 3,83 3,32 4,08
Ao longo dos últimos cinco anos, no mercado atacadista de Uberlândia, foram comercializados
anualmente, em média, quase 7 mil kg de Pimenta-malagueta (Quadro 12). Nos anos de 2006 e
2007, não houve oferta desta pimenta. Em 2008 e 2009 a comercialização foi de cerca de 10 mil e
11 mil kg, respectivamente. No último ano, houve queda acentuada na oferta sendo negociados
cerca de apenas 5 mil kg desse produto. Toda a Pimenta-malagueta comercializada neste mercado
atacadista foi procedente do próprio Estado dos municípios de Uberlândia, Estrela do Sul,
Araguari, Cascalho Rico e Indianópolis.
Quadro 12 – Quantidades (kg) de Pimenta-malagueta in natura comercializadas na CeasaMinas,
Unidade Uberlândia, no período 2006 – 2010.
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2006 - - - - - - - - - - - - -
2007 - - - - - - - - - - - 260 260
2008 1.338 958 835 622 1.010 1.305 525 776 866 1.060 1.115 718 11.128
2009 645 680 574 1.140 785 1.111 1.560 871 893 478 730 975 10.442
2010 551 429 602 276 825 385 510 120 155 165 396 360 4.774
Média 845 689 670 679 873 934 865 589 638 568 747 578 6.651
Observando-se a distribuição do volume comercializado ao longo do ano (Gráfico 4), verifica-
se oferta sazonal desse produto, com queda nos volumes comercializados a partir do mês de
agosto.
0
200
400
600
800
1000
kg
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Gráfico 4 – Quantidades médias mensais de Pimenta-malagueta in natura,
comercializadas na CeasaMinas, Unidade Uberlândia, no período 2008 – 2010
PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5757
No Quadro 13 observa-se em valores corrigidos, a magnitude dos preços médios mensais de
Pimenta-malagueta no mercado atacadista de Uberlândia durante os últimos cinco anos. Em termo
de médias anuais, o preço variou de cerca de R$ 9,00 a R$ 12,00 no período. O maior preço
ocorreu em 2010, quando a média foi de R$ 12,00 por kg de pimenta.
Pela evolução dos preços médios ao longo do ano verificam-se as médias em torno de R$ 9,50
a R$ 12,00. Os valores máximos ao longo do ano ocorrem, em média, durante os meses de outubro
a dezembro, não havendo definição da sazonalidade desse produto.
Quadro 13 – Preços médios (R$) corrigidos (IGP-DI abril de 2011) de Pimenta-malagueta in
natura na CeasaMinas, Unidade Uberlândia, no período 2006 – 2010
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
2006 - - - - - - - - - - - - -
2007 - - - - - - - - - - - 8,65 8,65
2008 9,30 9,36 9,47 9,16 8,63 8,42 7,53 8,01 8,40 8,72 8,79 8,91 8,73
2009 9,21 9,04 9,07 9,11 9,10 9,12 9,34 8,03 8,58 11,45 11,44 11,24 9,56
2010 11,04 10,10 12,00 11,07 11,51 12,76 12,54 12,51 12,49 15,37 12,40 12,37 12,18
Média 9,85 9,50 10,18 9,78 9,75 10,10 9,80 9,52 9,82 11,85 10,88 10,29 10,11
Ao longo dos últimos cinco anos, a CeasaMinas, unidade Uberlândia comercializou
anualmente, em média, aproximadamente 8 mil kg de Pimenta-cambuci (Quadro 14). Os volumes
menores são comercializados de julho a dezembro (Gráfico 5) meses de entressafra e, em
conseqüência, de preços mais elevados para esse produto (Quadro 15).
Quadro 14 – Quantidades (kg) de Pimenta-cambuci in natura comercializadas na CeasaMinas,
Unidade Uberlândia, no período 2006 – 2010.
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2006 - - - - - - - - - - - - -
2007 - - - - - - - - - - - - -
2008 810 1.757 2.241 951 2.556 2.245 1.441 405 1.125 990 762 225 15.508
2009 1.705 975 885 495 510 255 255 - - - 210 120 5.410
2010 15 160 90 475 - 100 215 - 30 40 540 1.012 2.667
Média 843 964 1.072 640 1.533 867 637 405 578 515 504 452 7.862
PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5758
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
kg
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Gráfico 5 - Quantidades médias mensais de Pimenta-cambuci, in natura
comercializadas na CeasaMinas, Unidade Uberlândia, no período 2008 – 2010
Quadro 15 – Preços médios (R$) corrigidos (IGP-DI abril de 2011) de Pimenta-cambuci in natura
na CeasaMinas, Unidade Uberlandia, no período 2006 – 2010
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
2006 - - - - - - - - - - - - -
2007 - - - - - - - - - - - - -
2008 0,82 2,74 1,50 1,46 2,19 2,81 3,42 3,43 3,42 3,38 3,43 2,64 2,60
2009 3,19 3,39 3,42 0,99 3,40 3,65 4,01 3,43 1,14 2,96
2010 3,40 3,06 3,12 3,68 3,47 5,74 5,30 5,25 4,13 3,45 4,06
Média 2,47 3,06 2,68 2,04 2,80 3,31 4,39 3,43 4,36 4,32 3,66 2,41 3,24
No mercado atacadista de Uberlândia foram comercializados anualmente, ao longo dos
últimos cinco anos, em média, 2,5 mil kg de Pimenta-cumari (Quadro 16). Observando-se a
distribuição ao longo do ano (Gráfico 6) não se verifica sazonalidade definida na oferta desse
produto.
Quadro 16 – Quantidades (kg) de Pimenta-cumari in natura comercializadas na CeasaMinas,
Unidade Uberlândia, no período 2006 – 2010.
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2006 - - - - - - - - - - - - -
2007 - - - - - - - - - - - 1.200 1.200
2008 - 10 - - - - - - - - - - 10
2009 - 290 310 25 852 778 370 481 695 472 375 370 5.018
2010 175 125 616 230 745 323 600 159 316 93 370 150 3.902
PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5759
Média 175 142 463 128 799 551 485 320 506 283 373 573 2.533
0
100
200
300
400
500
600
700
800
kg
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Gráfico 6 - Quantidades médias mensais de Pimenta-cumari, in natura,
comercializadas na CeasaMinas, Unidade Uberlândia, no período 2008 – 2010
No Quadro 17 observa-se em valores corrigidos, a magnitude dos preços médios mensais de
Pimenta-cumari no mercado atacadista de Uberlândia durante os últimos cinco anos. Em termos
de médias anuais, o preço variou de cerca de R$ 10,00 a R$ 12,00 no período. O maior preço
ocorreu em 2010, quando a média foi de R$ 12,00 por kg de pimenta. Pela evolução dos preços
médios ao longo do ano verifica-se que os valores máximos ocorrem, em média, durante os meses
de outubro, novembro e dezembro.
Quadro 17 – Preços médios (R$) corrigidos (IGP-DI abril de 2011) de Pimenta-cumari in natura
na CeasaMinas, Unidade Uberlândia, no período 2006 – 2010
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
2006 - - - - - - - - - - - - -
2007 - - - - - - - - - - - 9,88 9,88
2008 - 9,75 - - - - - - - - - - 9,75
2009 - 7,37 9,12 9,11 10,51 11,11 9,96 7,07 11,44 11,45 11,29 11,45 9,99
2010 10,36 11,22 11,15 11,07 10,90 11,00 13,28 11,67 14,77 15,75 13,94 10,30 12,12
Média 10,36 9,45 10,14 10,09 10,71 11,06 11,62 9,37 13,11 13,60 12,62 10,54 11,05
Ao longo dos últimos cinco anos, no mercado atacadista de Uberlândia ainda foram
comercializados anualmente, em média, 40 mil kg de “Pimenta” e 840 kg de “Pimenta Ardida”.
PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5760
A CeasaMinas, unidades de Barbacena, de Caratinga e de Juiz de Fora comercializaram, ao
longo dos últimos cinco anos, anualmente, em média, 469 kg, 115 kg e 103 kg, respectivamente.
Na unidade de Governador Valadares não se comercializou pimentas no período 2006-2010.
PESQUISAS COM PIMENTA NA EPAMIG E NA UFV
Pimentas ornamentais comestíveis: uma oportunidade para o agronegócio familiar?
Estudos sobre Maturação Fisiológica, Superação de Dormência e Armazenamento de Sementes
de Quatro Espécies Domesticadas de Pimenta Capsicum.
Avaliação da eficiência e inocuidade de produtos a base de nim para o controle de ácaros em
culturas com suporte fitossanitário insuficiente
Controle do ácaro branco Polyphagotarsonemus latus com ácaros predadores em pimenta
(Capsicum spp.) e pinhão-manso (Jatropha curcas)
Aspectos biológicos, inimigos naturais e práticas alternativas de controle da broca dos frutos da
pimenta (Gnorimoschema barsaniella)
Biodiversidade e controle biológico conservativo no agroecosssistema de Pimenta-malagueta
Capsicum frutescens
Pimentas Ornamentais Comestíveis: Cultivo em Vaso e Características Organolépticas de 7
Cultivares
Longevidade de pimentas ornamentais (Capsicum spp) cultivadas em vaso
Avaliação da conservação pós-colheita de acessos de pimenta
Controle da senescência em pimenta ornamental via uso de inibidores da síntese e ação do etileno
Maturação de sementes e aplicação pré-colheita de inibidores do etileno em pimenta ornamental
Efeito da lavagem e do nitrato de potássio na superação da dormência de sementes de pimenta
ornamental
Sistema integrado de produção de pimenta (Capsicum sp.) para a agricultura familiar na Zona da
Mata Mineira
Controle Alternativo de doenças foliares de pimenta (Capsicum sp) causadas por Cercospora
capsici e Oidiopsis taurica
seleção de Capsicum chinense para consumo in natura e processamento
Resistência à antracnose e diversidade genética em Capsicum
Qualidade de sementes de pimenta em função do estádio de maturação e armazenamento pós-
colheita dos frutos.
PINTO, CMF; CRUZ, RM. 2011. Agronegócio Pimenta em Minas Gerais. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 51. Horticultura Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-
S5765
Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5761
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de as pimentas Capsicum spp. serem importantes produtos do agronegócio mineiro, no
ambiente de competitividade, a busca de melhor qualidade, de preços e de custos tem exigido dos
produtores maior eficiência técnica e econômica na condução da cultura. O conhecimento dos
coeficientes técnicos, dos custos de produção, da rentabilidade da cultura e do mercado, é cada vez
mais necessário no processo de tomada de decisão dos pimenticultores. Infelizmente, conhecer a
realidade da comercialização das pimentas por meio das informações disponíveis nas centrais
atacadistas é quase impossivel, principalmente considerando-se que grande parte da venda é direta
entre produtor e varejo e isto não é computado nas estatísticas.
REFERÊNCIAS
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http://minas.ceasa.mg.gov.br/detec/Oferta_prd_var/ofertas_pdr_var.php. Acesso em: 26 mai. 2011.
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Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos, 2005. 24 p. (Documentos, 64).
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Brasileira 29. Viçosa: ABH.S5744-S5765
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Quadro 1. Formas de consumo das pimentas Capsicum spp. 1
Formas de Consumo Descrição
Hortaliças Frutos do tipo doces (não picantes) são consumidos verdes (imaturos)
Conservas Elaboradas com um tipo ou com mistura de frutos de várias cores, dispostos em camadas (conservas ornamentais ou
blends), em vinagre, cachaça ou álcool de cereais como conservantes
Molho Líquido Pequenos processadores preferem pimentas Dedo-de-moça e Malagueta para fabricação de molhos líquidos de cor
vermelha e Cumari-amarela-do-Pará para molhos amarelos
Pimenta desidratada e dessecada
A desidratação (secagem pelo calor produzido artificialmente sob condições de temperatura, umidade e corrente de
ar controlada) e a dessecação (secagem ao sol) utilizadas na conservação de pimentas têm como vantagem a
transformação do produto perecível para outra, estável, com características semelhantes ao produto natural
Pimenta calabresa
Produto em floco ou pó, obtido da desidratação de Pimenta-dedo-de-moça, muito usada pela indústria de alimentos
principalmente, como condimento em embutidos, carnes e lingüiças
Páprica Pimenta vermelha, desidratada, seca e processada na forma de um pó fino e de coloração vermelho intenso. Os tipos
de páprica diferem entre si pela coloração (vermelho-escuro até alaranjado) e pela pungência ou ardume (páprica
doce, meio-doce e picante). Pode ser usada como corante e como tempero
Oleorresinas Obtidas do pericarpo do fruto da pimenta desidratado e contém o aroma e sabor da pimenta, de maneira
concentrada, estéril e estável durante o armazenamento. Empregadas para a padronização da pungência, cor e sabor
de produtos industrializados e para aumentar a estabilidade oxidativa dos lipíios, aumentando a vida útil dos óleos e
gorduras.
Outros produtos Outros produtos alimentícios disponíveis no mercado que tem pimentas em sua formulação são molhos para massas
e carne, sardinhas e atum, patês, maioneses, maioneses, catchups, biscoitos, macarrão, mortadelas, balas, chicletes e
as geléias exóticas.
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Quadro 3. Características de pimentas cultivadas em Minas Gerais
Espécie Nome Popular Pungência Comprimento (cm) Largura (cm) Cor do fruto maduro
C. frutescens Malagueta Altamente picante 1,5-3 0,4 -0,5 Vermelho
C. chinense Biquinho
C.baccatum var.pendulum Dedo-de-Moça Suave 7,5 1-1,5 Vermelho
C. baccatum var. pendulum Cambuci ou Chapéu-de-Bispo ou
Chapéu-de-Frade
Não picante (doce) 4 7
Vermelho
Capsicum baccatum var.
baccatum
Cumari (Pimenta-passarinho, Cumari-
miúda, Comari e Pimentinha)
Elevada 0,5-1,3 0,3-0,7 Vermelho
Capsicum baccatum var.
praetermissum
Cumari (Pimenta-passarinho, Cumari-
Miúda, Comari e Pimentinha)
Elevada 0,5-1,3 0,3-0,7 Vermelho
Capsicum chinense Pimenta-bode Elevada 1 1 Amarelo ou vermelho
Capsicum chinense Cumari-do-pará Altamente picante 3 Triangular Amarelo
C.annuumm var.annuum Jalapeno Picante 5-8 2,5-3 Vermelho
Capsicum chinense Habanero Altamente picante 2-4 2-6
Marfim, amarelo, laranja,
vermelho ou roxo
Capsicum chinense Bhut Jolokia Altamente picante Vermelho
Capsicum chinense Fatalli Altamente picante Amarelo
Capsicum chinense Uberabinha Suave Azeitonado Verde-oliva
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Quadro 4 - Principais pragas da pimenta, descrição, danos, sintomas de ataque e medidas de controle
Nome comum
(Nome científico)
Descrição Danos e sintomas do ataque Medidas de controle
Ácaro-branco
(Polyphagotarsonemus
latus)
Ácaro (0,17 mm) de cor branca a verde-claro; não
produz teias e vive na página inferior das folhas,
preferencialmente na parte apical da planta
Sucção do conteúdo das folhas, de preferência na parte
apical das plantas, nos brotos terminais; folhas
coriáceas, bordos recurvados ventralmente, coloração
bronzeada.
Pulverização com calda sulfocálcica (1%)
Ácaro rajado
(Tetranychus urticae)
Ácaro (0,3 mm) com duas manchas verde-escuras no
dorso; vive na página inferior das folhas; produz
teias
Sucção do conteúdo celular das folhas, de preferência
na parte apical das plantas; clorose generalizada
(nervuras mantidas mais verdes); queda acentuada das
folhas e morte das plantas
Pulverização com calda sulfocálcica (1%)
Pulgões
a) Myzus persicae
b) Aphis gossypii
a) Insetos (2 mm) com ou sem asas de cor verde-
claro a preto que vivem preferencialmente nas folhas
b. Insetos (1-3 mm) de cor amarelo-claro a verde-
escuro que vivem em folhas, brotos novos e flores
Sucção da seiva das folhas e dos ramos novos; folhas
atacadas tornam-se enroladas, encarquilhadas e os
brotos, curvos e achatados; retardamento do
crescimento da planta; podem transmitir o vírus-do-
mosaico do pimentão
Telados em viveiros; erradicação de plantas
hospedeiras (solanáceas, caruru, picão, beldroega,
serralha); sementeiras em local limpo e isolado,
coberta com casca de arroz para repelir o pulgão;
evitar novos plantios de pimenta próximos a
pimentais antigos; eliminação de restos de cultura
contaminada
Tripes
(Thrips palmi,
Frankiniella shultzei)
Insetos (1-3 mm) de cor amarelo-claro, com asas
franjadas; ninfas sem asas e de coloração amarelo;
vivem na face inferior das folhas, brotações e em
botões florais e flores
Sucção da seiva em folhas, brotações e botões florais;
superbrotamento da planta, encarquilhamento das
folhas e quedas de flores; frutos deformados, sem
brilho e ásperos. podem transmitir o vírus-do-vira-
cabeça do tomateiro
Idem a pulgões
Broca-do-ponteiro e do
fruto-da-pimenta
(Gnorimoscherma
barsaniella)
Mariposas muito pequenas, de cor cinza-escuro e
cabeça marrom-clara; lagartas rosadas (5-7 mm) no
interior dos frutos
Lagartas alimentam-se do interior de hastes ou
ponteiro e de lores e frutos, onde se alimentam das
sementes; frutos atacados desprendem-se da planta;
orifícios da saída das larvas servem como via de
entrada para moscas
Catação e destruição dos frutos caídos
Mosca do pimentão
(Neosilba sp)
Moscas preto-brilhantes (6 mm); larvas brancas e
sem pernas (7 a 9 mm) no interior dos frutos
Broqueamento de frutos; apodrecimento e queda Catação e destruição dos frutos caídos
Mosca-branca
(Bemisia tabaci
Bemisia argentifolii)
Inseto branco (0,9 mm), com dois pares de asas
membranosas recobertas com substância cerosa;
ovos e ninfas na face inferior das folhas
Sucção da seiva das plantas, favorecendo o
aparecimento da fumagina; injeção de toxinas nas
plantas e transmissão de viroses
Plantio de faixas de sorgo ou milho ao redor dos
talhões, antes da implantação da cultura
Mosca minadora
(Liriomyza sp.)
Mosca preta (2 mm) com duas pontuações amarelas
no dorso; larvas (1-2 mm) amareladas, vermiformes,
vivem no interior de galerias nas folhas
Minas "serpenteadas" nas folhas, secamento e queda
foliar; regiões cloróticas nas plantas e nos frutos
atacados
Vasilhas de coloração amarelada, com água e
detergente, dispersas na cultura para o controle de
adultos
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Quadro 5 - Principais doenças da pimenta, agentes causadores, principais sintomas, sobrevivência e meios de disseminação dos patógenos,
condições favoráveis e medidas de controle
Doença Patógeno Principais sintomas Sobrevivência do
patógeno
Principais meios de
disseminação
Condições favoráveis ao
patógeno
Principais métodos de controle
Murcha Phytophthora
capsici
Murcha, queima das folhas, necrose do colo
e da raiz e tombamento de mudas em
sementeiras; apodrecimento do colo e das raízes, seguido de amarelecimento foliar e
murcha no campo; lesões encharcadas em
folhas e frutos; frutos mumificados; bolor branco nas partes infectadas, exceto na raiz
Restos da cultura,
solo, ampla gama
de hospedeiros (especialmente
solanáceas e
cucurbitáceas)
Respingos de água
de chuva ou
irrigação, mudas e solo contaminados
Temperatura 22-29oC, alta
umidade, períodos
prolongados de chuva, solos encharcados, pouca
ventilação
Plantio em solos não infestados e não sujeitos a encharcamento,
rotação com gramíneas, menor densidade de plantas, mudas
sadias, eliminação de plantas doentes
Mancha-
de-cercospora
Cercospora capsici Lesões circulares, aquosas, inicialmente de
coloração verde-escuro, depois branco-acinzentado, de bordos escuros nas folhas;
queda de porções necrosadas de lesões
coalesentes; desfolha; sintomas também em caules, ramos e pedúnculos dos frutos
Restos da cultura,
solo
Respingos de água
de chuva ou irrigação, vento
Temperatura 18-25oC, alta
umidade, estresse hídrico e nutricional
Adubação equilibrada, adição de matéria orgânica ao solo,
rotação de culturas, pulverização com calda bordalesa (1,5%)
Antracnose Colletotrichum
gloeosporioides
Tombamento de mudas em sementeiras;
lesões circulares de centro cinza-escuro,
posteriormente deprimido e negro, com círculos concêntricos, pontos negros
(acérvulos) e massa rósea de esporos do
fungo nos frutos; menor intensidade em folhas e ramos
Restos da cultura,
hospedeiros
alternativos (especialmente
outras solanáceas),
semente
Respingos de água
de chuva ou
irrigação, vento, semente
Temperatura 20-27oC, alta
umidade, períodos
chuvosos
Semente sadia, menor densidade de plantas, eliminação de
plantas doentes e restos contaminados, rotação de culturas,
manejo da irrigação, pulverizações oxicloreto de cobre e mancozeb.
Oidio Oidiopsis taurica Manchas inicialmente cloróticas na
superficie superior das folhas tornam-se necróticas ou com muitas pontuações
pretas, com formato pouco definido. A
superfície inferior da folha fica recoberta com estruturas esbranquiçadas (“pó
branco”) do fungo, podendo lever a uma
clorose geral da folha. Pode ocorrer clorose e necrose sem que se perceba claramente o
“pó branco”. Queda de folhas muito
atacadas.
Temperatura 20-250C,
umidade relative 50%-70%, irrigação que não
promovam o molhamento
foliar (sulco, gotejamento)
Plantio escalonado de espécies não suscetíveis, rotação de
culturas e diversificação de culturas com plantas não hospedeiras, adubação equilibrada, pulverização com calda
bordalesa (1,5%)
Mosaico-da-pimenta
Vírus do mosaico- amarelo da
pimenta
Redução no crescimento; menor produtividade; folhas encrespadas e com
mosaico; frutos de menor tamanho e
deformados
Hospedeiros alternativos
Pulgões Temperatura 18-22 oC, quando a proliferação do
vetor é abundante
Eliminação de hospedeiros alternativos, controle dos vetores