AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS … · A mosca-branca-dos-ficus, praga exótica de origem...
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Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 – Vila Mariana – CEP 04014-002 - SP – Brasil Fone: 5087-1700 (PABX) - FAX: 5571-0501
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO BIOLÓGICO
LAUDO TÉCNICO FITOSSANITÁRIO
INSTITUIÇÃO
INSTITUTO BIOLÓGICO DE SÃO PAULO
AV. CONS. RODRIGUES ALVES, 1252.
VILA MARIANA - SÃO PAULO, SP.
TÉCNICO RESPONSÁVEL
FRANCISCO JOSÉ ZORZENON
CRBIO 1 : 10 775-01 - D
PESQUISADOR CIENTÍFICO
DIRETOR TÉCNICO DA UNID. LAB. DE REFERÊNCIA EM PRAGAS URBANAS
REQUERENTE
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA
SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE, AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
DIRETOR MÁRIO HENRIQUE FAGOTTI VASSÃO
ENGª. AMBIENTAL EVELYN TALITA ZANETTE
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO BIOLÓGICO
SÃO PAULO, 14 DE MAIO DE 2013.
LAUDO TÉCNICO FITOSSANITÁRIO EM ÁRVORES URBANAS DO GÊNERO Ficus
INTRODUÇÃO:
Em culturas antigas a árvore foi relacionada como símbolo do aprimoramento
espiritual e do crescimento do homem. Associadas aos seres humanos, as árvores
pareciam possuir uma influência estrutural psíquica fazendo parte da íntima descoberta
de potenciais e futuras realizações. A árvore adulta já está contida na semente. O ser
humano também carrega em estado germinal, no fundo do inconsciente, aquilo que
poderá vir a ser (MILANO & DALCIN, 2000).
Segundo MILLER (1997) e NOWAK et al. (2001) as florestas urbanas são ecossistemas
compostos pela integração entre sistemas naturais e sistemas antrogênicos, definindo-as
como a soma de toda a vegetação lenhosa que circunda e envolve os aglomerados
urbanos, desde pequenas comunidades a grandes metrópoles.
Segundo LORENZI (2002a, 2002b) e LORENZI et al. (2003) muitas árvores exóticas e
nativas, são utilizadas para fins de ornamentação de parques, jardins, ruas e na formação
de aléias ao longo de caminhos e estradas. Locais arborizados de uma maneira geral
traduzem bem estar e aconchego, além de proporcionarem um ambiente menos artificial
e mais ameno a um grande número de espécies adaptadas ao ambiente urbano, inclusive
o próprio homem.
PARECER TÉCNICO:
Por solicitação da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de São
João da Boa Vista, SP por intermédio da engenheira ambiental Engª Ambiental Evelyn
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Talita Zanette, realizou-se visita técnica na Praça Governador Armando Salles e na Rua
Antonina Junqueira, no dia 21 de Janeiro de 2013.
O laudo técnico teve por finalidade a inspeção de diversas árvores do gênero Ficus
visando à identificação de pragas infestantes.
Foram vistoriadas 22 árvores, sendo que 05 delas apresentavam-se mortas em
estado avançado de decomposição, havendo a necessidade de imediata remoção. Outras
05 árvores encontram-se em estádio avançado da infestação da praga e deverão ser
monitoradas, sendo recomendada sua remoção se não houver alterações no quadro de
desenvolvimento. Os outros espécimes arbóreos apresentavam-se com danos causados
por praga descrita a seguir.
As árvores vistoriadas possuíam porte elevado, sendo possivelmente centenárias.
Cinco árvores apresentaram-se mortas, com grande parte da área dos troncos
descorticadas (casca solta) e avançado estado de decomposição (presença de fungos
Basidiomicotina decompositores). Estas árvores deverão ser removidas sob o risco de
acidentes a transeuntes.
Foi observada grande desfolha nas árvores restantes da Praça, com a presença
maciça de numerosas formas ninfais de Singhiella simplex (Hemiptera, Aleyrodidae),
conhecida popularmente por mosca-branca dos ficus, na região posterior das folhas
caídas e verdes e grande quantidade de adultos em atividade de voo, próximo ao solo e
junto às folhas ainda nas árvores. Também foi observada a infestação de adultos e formas
imaturas de Gynaikothrips sp. (Thysanoptera, Phalaeothripidae), conhecido
popularmente por Trips ou Lacerdinha. Esta praga pode em maior grau, levar a clorose
(amarelecimento) e depauperamento generalizado das plantas, inclusive causando o
encarquilhamento (folhas enroladas) e queda de folhas. Dois Ficus benjamina viários,
presentes junto ao calçamento da Prefeitura, apresentaram-se também infestados pela
mosca-branca-dos-ficus.
A mosca-branca-dos-ficus, praga exótica de origem Indiana, foi recentemente
introduzida no Brasil e relatada sua ocorrência por professores da Universidade Rural do
Rio de Janeiro pela primeira vez em nosso país em 2009.
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A praga é específica de árvores do gênero Ficus, desfolhando-as, depauperando-as
e podendo em sucessivas infestações levá-las à morte.
A mosca-branca é um inseto sugador pertencente à ordem Hemiptera, Família
Aleyrodidae. A excreção de substâncias açucaradas, característica de moscas-brancas e
outros sugadores, recobrem as folhas e servem de substrato para fungos (Capnodium
sp.), resultando na formação da fumagina, que reduz o processo de fotossíntese. Os
adultos da mosca-branca se caracterizam por possuírem dois pares de asas
membranosas, recobertos por uma substância pulverulenta de cor branca e uma tênue
faixa escura transversal. O corpo apresenta uma cor amarelo-pálido e é recoberto por
uma cera extra-cuticular. O tamanho dos adultos varia de 1 a 2 mm de comprimento. As
ninfas (formas imaturas) podem ser incolores ou branco amareladas brilhantes com duas
pontuações avermelhadas. Todos os estádios normalmente habitam a face inferior das
folhas. Apenas o adulto é capaz de migrar até novas plantas e os estádios imaturos
permanecem o tempo todo em uma mesma planta. Folhas desprendidas, repletas de
ninfas, podem ser levadas pelo vento, veiculando assim a praga para outras árvores ainda
não infestadas. Folhas em galhos podados contendo a praga podem ser levados para
outras áreas, disseminando-as para outros locais. O uso de caminhões lonados (fechados)
pode ser útil, diminuindo a veiculação da mosca-branca.
Observou-se também, em alguns troncos das figueiras (frente à igreja), cavidades
de tamanho avantajado. Estas cavidades deverão ser obliteradas adequadamente (vide
sugestões e indicações técnicas) evitando assim o acúmulo de água e a provável
catalisação do processo de decomposição natural.
CONCLUSÕES, INDICAÇÕES TÉCNICAS E SUGESTÕES PARA MONITORAMENTO E CONTROLE DE PRAGAS:
As árvores mortas (05) deverão ser removidas, sob o risco de acidentes a
transeuntes.
As árvores em frente ao ponto de taxi (05) deverão ser monitoradas e
posteriormente removidas, evitando riscos à população.
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Recomenda-se que as folhas caídas (normalmente com as formas pupais da praga)
sejam removidas diariamente, recolhidas e acondicionadas em sacos plásticos pretos,
dispondo-os a luz solar por várias horas (desidratação de folhas e pragas presentes),
para posteriormente serem recolhidos pela coleta de lixo.
Sugiro uma poda de limpeza de todas os Ficus da praça (especialmente os próximos
da Igreja), para diminuição do volume da copa, facilitando assim a penetração do
produto na massa foliar das árvores. Essa redução é imprescindível para o êxito do
manejo pretendido.
A utilização de armadilhas adesivas de cor amarela para o monitoramento de adultos
de adultos é eficiente para a identificação destas pragas nos Ficus da cidade. As
armadilhas deverão ser penduradas junto aos galhos das plantas.
Apesar da inexistência de inseticidas domissanitários registrados, testes laboratoriais
e de campo com fertilizante foliar misto a base de óleo de laranja, nitrogênio e boro
obtiveram êxito no controle de adultos da mosca-branca-dos-ficus. O produto possui
baixíssima toxicidade (DL50 < 5.000 mg/kg) ao homem e outros organismos não alvo
(aves, etc.), não possuindo restrições de uso para áreas urbanas. As aplicações
deverão ser realizadas por meio de atomizadores (UBV) com espaçamento de 4 a 5
dias entre aplicações, com o mínimo de 03 aplicações (sempre veiculado em água),
visando atingir o ciclo da praga. Por não possui efeito residual, o produto deverá ser
aplicado sempre que forem observadas formas adultas da praga, capturadas nas
armadilhas adesivas de monitoramento.
Sempre, em qualquer circunstância, seja na aplicação de defensivos químicos,
naturais ou biológicos, o uso de EPI’s é obrigatório. O aplicador deverá usar máscara
semi facial de carvão ativado própria para vapores orgânicos (com um ou dois filtros),
luvas nitrílicas, óculos de proteção ou viseira, macacão de mangas longas, chapéu e
botas de pvc ou borracha.
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Plantas bem nutridas, com espaçamento, irrigação e drenagem adequados, sofrem
menores índices de estresse e consequentemente estão menos sujeitas a ataques de
pragas e doenças.
Galhos constatados como secos e realmente mortos deverão ser removidos com as
finalidades de diminuição do peso e evitar acidentes. Os cortes deverão ser feitos de
maneira a não acumularem água das chuvas (chanfrados).
As áreas feridas em tronco, bem como as áreas dos galhos após a remoção, deverão
ser tratadas pincelando-se calda bordalesa (sulfato de cobre em pó e cal hidratada
em proporções iguais, misturados em água até formar uma pasta homogênea). Em
hipótese alguma, ocos, fissuras e orifícios deverão ser preenchidos com massa de
cimento, concreto ou materiais que possam prejudicar a cicatrização ou fornecer
peso extra a já fragilizada estrutura arbórea. Para preenchimentos de vazios em
troncos, recomenda-se a utilização de espuma poliuretânica (espuma expansível),
usada para preenchimento de vãos em construção civil. A espuma endurecida, se em
excesso, deverá ser trabalhada esteticamente e posteriormente aplicada sobre ela
tinta óleo, esmalte ou seladora, evitando a absorção de água das chuvas.
Coloco-me a disposição para esclarecimentos adicionais e indicações pelo
telefone, (11) 5087-1718 ou e-mail [email protected]
Atenciosamente.
FRANCISCO JOSÉ ZORZENON
BIÓLOGO - CRBIO 1 10775-01 / D
MSC. EM FITOSSANIDADE / ESPECIALISTA EM ENTOMOLOGIA URBANA
DIRETOR TÉCNICO / PESQUISADOR CIENTÍFICO
UNIDADE LABORATORIAL DE REFERÊNCIA EM PRAGAS URBANAS - CPDSV
INSTITUTO BIOLÓGICO – APTA - SAA.
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DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Foto 01 Árvores a serem removidas
Foto 02 Fungos decompositores em árvores
mortas a serem removidas.
Foto 03 Folha (região posterior) com
presença de ninfas e invólucros ninfais da
mosca-branca-dos-ficus.
Foto 04 Folhas com presença de ninfas da
mosca-branca-dos-ficus.
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Foto 05 Desfolha característica causada pela
Mosca-branca-dos-ficus (árvores de Praça)
Foto 06 Detalhe da desfolha
Foto 07 Vista geral da Praça (árvores
infestadas)
Foto 08 Vista geral da Praça (árvores
infestadas)
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Foto 09 Cavidade em tronco
Foto 10 Cavidade em tronco
Foto 11 Folha de Ficus “dobrada” infestada
por Trips.
Foto 12 Folha (aberta) infestada por Trips
Foto 13 Desfolha característica causada pela
mosca-branca-dos-ficus (árvores da Rua
Antonina Junqueira)