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PL 2245 Deputado vai pedir audiência pública na Comissão de Trabalho URBANISMO Palmeiras centenárias da Jerônimo Gonçalves podem ser reaproveitadas Tecnologia para a preservação RECONHECIMENTO AEAARP e Câmara Municipal fazem parceria histórica painel Ano XII nº 172 julho/2009 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto Evento mostra que há alternativas para preservar e gerenciar os recursos naturais AEAARP ASSOCIAÇÃO DE ENGENHARIA ARQUITETURA E AGRONOMIA DE RIBEIRÃO PRETO

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PL 2245Deputado vai pedir audiência pública naComissão de Trabalho

URBANISMOPalmeiras centenáriasda Jerônimo Gonçalvespodem ser reaproveitadas

Tecnologia paraa preservação

RECONHECIMENTOAEAARP e Câmara Municipal fazem parceria histórica

painelAno XII nº 172 julho/2009 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

Evento mostra que há alternativas para preservar e gerenciar os recursos naturais

A E A A R PASSOCIAÇÃO DE ENGENHARIA ARQUITETURA E AGRONOMIA DE RIBEIRÃO PRETO

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Eng. CivilRoberto Maestrello

Editorial

Ribeirão Preto teve uma intensa agenda cultural no mês de junho. A Feira do Livro, o aniversário da cidade e dezenas de espetáculos musicais e teatrais, além de palestras, do Campeonato Brasileiro de Balonismo e da Virada Esportiva, com direito a demonstração sempre maravilhosa da nossa querida Esquadrilha da Fumaça, fizeram a cidade viver uma profusão de atividades esportivas, culturais e históricas. A programação convergiu para levar alegria às pessoas, movimentar o turismo regional e o entretenimento. Esta é uma indústria limpa, que gera emprego e riquezas, mas que depende intimamente da infraestrutura do município.

A falta de planejamento e de condições físicas que possibilitassem a movimentação das pessoas pela cidade criou situações vexatórias, como longas filas de congestionamento, falta de lugares para estacionamento e nenhum plano de transporte público que garantisse o acesso das pessoas à programação.

Nesse mesmo período a imprensa noticiou a entrada da cidade na disputa para integrar a rota do trem bala, cuja negociação já foi publicada pela revista Painel. Foi também no mês de junho que ficou pública a decisão de uma grande empresa indiana que deixou de instalar uma unidade em Ribeirão Preto em decorrência, dentre outras coisas, da falta de estrutura do aeroporto Leite Lopes, o que é um absurdo, pois numerosos apelos nossos, e de outras entidades, e de técnicos conscientes previ-ram, há tempos, a necessidade de equipar e ampliar o nosso aeroporto, com soluções que exigem coragem, mas que melhorariam todo o entorno, modernizando-o e integrando-o de forma moderna com o resto da cidade.

Essa luta tem sido contra uma minoria contrária, que defende as ocupações irregulares e ilegais, que deseja que o sítio aeroportuário, implantado antes de todos os bairros lá situados, seja retirado do seu local, para outros, até fora do município, em condições piores e mais custosas. Isso poderá institucionalizar e legalizar as invasões, fazendo da lei letra morta, bem ao estilo do que já temos visto em todo o Brasil e até em nosso município. Temos o exemplo recente de local dentro do perímetro urbano, cuja invasão premiou um punhado de pessoas em detrimento de milhares de habitações, sem dizer no ônus social que se volta contra a municipalidade que terá que prover e arcar com todos os melhoramentos urbanos, como água, esgoto, energia, transporte urbano, postos de saúde etc.

Diferentemente de hoje, quando as cidades começaram a se estruturar pouco se conhecia sobre urbanismo e a necessidade de planejar o crescimento. Não existiam instrumentos que dessem previ-sibilidade àquelas ações. Hoje temos um passivo ambiental e urbano. A ocupação dos vales dos rios e córregos agrava o problema das enchentes. Além disso, as estreitas ruas do centro da cidade são perfeitas para a circulação de carroças e coches e impróprias para carros e ônibus. Certos bairros de nossa cidade, nos inúmeros cruzamentos, ostentam valetas, próprias de verdadeiros córregos, ou melhor, vales profundos, e que só podem ser atravessados a cavalo, nunca por veículos. O pior é que existem soluções para esses obstáculos, fáceis, rápidas e de baixo custo, bastando para isso vontade, determinação e que os responsáveis pela municipalidade saiam de seus gabinetes, andem pela cidade e sintam que um pouco de criatividade e bom senso resolveriam muitos problemas que perduram por causa da insensibilidade e da falta de imaginação.

Atualmente, entretanto, não há o que justifique a ausência de planejamento e a falta de infraestru-tura da cidade. Temos uma boa legislação. A ambiental, por exemplo, exige para Ribeirão Preto uma reserva de área verde maior do que a preconizada pela lei federal. A sociedade, através da população, dos técnicos, dos políticos e das entidades, montou o atual Plano Diretor, que deve ser revisto no próximo ano. Temos em Ribeirão Preto grandes técnicos, que dão importantes contribuições para o serviço público. Esses predicados, entretanto, não são suficientes para que a cidade tenha infraes-trutura para oferecer conforto às pessoas que atendem ao chamado para participarem de eventos de grande porte e para receber grandes empresas. É preciso que nos unamos em torno da vontade superior de construirmos uma cidade melhor para todos nós, buscando soluções inteligentes, muitas vezes simples e muito longe de projetos mirabolantes e de difícil execução.

Entidades como a São Paulo Film Commission, o Convention & Visitors Bureau e outras revelam, há anos, o potencial turístico de Ribeirão Preto. Todos os setores da sociedade atestam a necessi-dade de incremento na economia e na atração de novas empresas. A equação, entretanto, não será fechada sem investimento público. Os acontecimentos de junho evidenciam que essa providência é cada vez mais urgente.

Eng. civil Roberto MaestrelloPresidente da AEAARP

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AssociAçãode engenhAriA ArquiteturA e AgronomiA de ribeirão Preto

Índice

Expediente Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

Roberto Maestrello Geraldo Geraldi Junior Presidente Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONALDiretor Administrativo: Hugo Sérgio Barros RiccioppoDiretor Financeiro: Ronaldo Martins TrigoDiretor Financeiro Adjunto: Luis Carlos Bettoni NogueiraDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Anibal Laguna

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: Newton Pedreschi ChavesDiretora de Comunicação e Cultura: Maria Ines CavalcantiDiretor Social: Paulo Brant da Silva Carvalho

DIRETORIA TÉCNICAEngenharia Agrimensura e afins: José Mario SarilhoAgronomia, Alimentos e afins: Kallil João FilhoArquitetura, Urbanismo e afins: Luis César BarillariEngenharia Civil, Saneamento e afins: Edison Pereira RodriguesEngenharia Elétrica, Eletrônica e afins: Tapyr Sandroni JorgeGeologia, Engenharia de Minas e afins: Caetano Dallora NetoEngenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e afins: Giulio Roberto Azevedo PradoEngenharia Química e afins: Paulo Henrique SinelliEngenharia de Segurança e afins: Luci Aparecida SilvaComputação, Sistemas de Tecnologia da Informação e afins: Orlean de Lima Rodrigues JuniorEngenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e afins: Gustavo Barros Sicchieri

DIRETORIA ESPECIALUniversitária: Hirilandes AlvesDa Mulher: Nadia Cosac FraguasDe Ouvidoria: Arlindo Antonio Sicchieri Filho

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: Luiz Gustavo Leonel de CastroDilson Rodrigues Caceres Luis Antonio BagatinEdgard Cury Luiz Fernando CozacEduardo Eugenio Andrade Figueiredo Luiz Gustavo Leonel de CastroElpidio Faria Junior Manoel Garcia FilhoEricson Dias Melo Nelson Martins da CostaHideo Kumasaka Pedro Ailton GhideliInamar Ferraciolli de Carvalho Ricardo Aparecido DeBiagiJosé Fernando Ferreira Vieira Sergio Luiz CoelhoJosé Roberto Scarpellini Wilson Luiz Laguna

CONSELHEIROS TITULARES DO CREA-SP REPRESENTANTES DA AEAARPCâmara Especializada em Engenharia Civil: Wilson Luiz LagunaCâmara Especializada em Engenharia Mecânica: Giulio Roberto Azevedo Prado

REVISTA PAINELConselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Giulio Roberto Azevedo Prado, Gustavo Barros Sicchieri e Hugo Sérgio Barros Riccioppo

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269, cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, [email protected]

Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Georgia Rodrigues

Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - [email protected] Pajolla Júnior / Jóice Alves

Tiragem: 2.500 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - [email protected] Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.Fotos: Fernando Battistetti.Foto da capa: Mata Santa Teresa - Blanche Amancio Silva.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

Horário de funcionamentoAEAARP CREADas 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

AEAARP 60 Anos 05AEAARP doa livros para todas as bibliotecas municipais de Ribeirão

III sEmAnA do mEIo AmbIEntE 06As alternativas viáveis

CombustívEl REnovávEl 14CIb lança Guia do Combustível Renovável

lEGIslAção 15deputado entra na luta contra Pl 2245

ARtIGo 16Alecrim: aroma forte e marcante do “orvalho do mar”

PARCERIA 18Câmara aprova parceria com a AEAARP

IndICAdoR vERdE 19

uRbAnIsmo 19Palmeiras imperiais de casa nova

nbR 20nbR regulamenta modelo de tomada no brasil

EnERGIA 21Petrobras distribuidora terá primeira estação de abastecimento para veículos a hidrogênio

CREA 22Registro de pessoa jurídica: obrigação legal perante o Crea e órgãos de defesa do consumidor

unIvERsIdAdE 23AEAARP renova convênio com Instituição moura lacerda

sAnEAmEnto 24saneamento e tendências para o tratamento de esgotos no brasil

bIblIotECA 25livro sobre inspeção predial ganha segunda edição

notAs & CuRsos 26

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AEAARP 60 Anos

A AEAARP

entregou à Secre-taria da Cultura de Ribeirão

Preto um lote de 120 exemplares do livro AEAARP 60 anos: Histórias e Conquistas, editado em 2008 pela entidade. A doação, para todas as bibliotecas municipais, foi feita à secretária da Cultura, Adriana Sil-va, e ao presidente do Instituto do Livro, Edwaldo Eugenio Arantes, no estande da Prefeitura Municipal, durante a 9a Feira Nacional do Livro.

Daniela Antunes, Hugo Riccioppo, Roberto Maestrello, Adriana Silva, Edwaldo Eugenio Arantes e Blanche Amancio.

AEAARP doa livros para todas as bibliotecas municipais de Ribeirão

A obra foi escrita pelas jornalistas Blanche Amancio e Daniela Antunes, pelo historiador Carlo Monti e pela arquiteta e pesquisadora Adriana Ca-pretz, e está dividida em duas partes: a primeira conta a história da fundação e desenvolvimento urbano de Ribeirão Preto, até a década de 1940, e a segunda fala do desenvolvimento da cidade e seus pro-blemas sob a visão da Associação, a partir de 1948. O livro tem 112 páginas, com fotos, impressão em cores e acabamento em verniz e relevo.

Adriana Silva agra-deceu a doação e co-mentou: “Esse tipo de trabalho é importante

porque valoriza e projeta a cidade”. Para Roberto Maestrello, presidente da AEA-ARP, “a história não tem fim e merece ser pesquisada continuamente”. Segundo ele, a doação às bibliotecas municipais é uma iniciativa para incentivar a conti-nuidade da pesquisa.

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6 AEAARP

sEmAnA do mEio AmbiEntE

“Para que uma obra importante aconte-ça é preciso estudá-la e também avaliar o seu impacto ambiental. É preciso ter hidrelétricas e é também necessário preservar, para que as obras nos tra-

gam benefícios, mas não estragos que teremos de pagar pelo resto da vida”, disse o engenheiro civil Roberto Maestrello, presidente da AEAARP, na abertura da III Sema-na do Meio Ambiente. A programação deste ano teve como foco as novas tecnologias e mé-todos que estão sendo desenvolvidos para o uso racional dos recursos naturais.

Verde“Nós não atravessamos

mais florestas quando es-tamos viajando; apenas estradas”. A afirmação é um alerta do engenheiro agrônomo Onélio Argen-tino Júnior, que proferiu a primeira palestra do evento. Ele colocou as áreas verdes dentro de espaços urbanos como questão central do de-bate em busca de alter-nativas ambientais para amenizar os problemas

As alternativas

enfrentados pela falta de árvores, de parques e de cuidados com as espécies vegetais.

A tecnologia pode ser a principal aliada no manejo da vegetação de florestas ur-banas, compostas por todo o sistema de arborização municipal, envolvendo ruas, avenidas, praças, canteiros centrais, par-ques e áreas particulares. Um inventário florestal pode ser realizado, por exemplo, por meio de estudos com fotos aéreas,

Arborização urbana

Demóstenes da Silva Filho

O engenheiro agrônomo disse que a cobertura arbórea pode amenizar os efeitos da poluição, uma vez que filtra, oxida e elimina os poluentes, além de fazer também barreira sonora. A cidade de Maringá (PR) foi apresentada como exemplo de cobertura linear, dos bairros mais abastados aos mais populares. Ele ponderou que a decisão pela arborização esbarra no retorno político-eleitoral de um projeto dessa natureza, na modernização das cidades e na falta de recompensa financeira.

Florestas e verdes urbanosOnélio Argentino Júnior

Um erro cometido constantemente, segundo o engenheiro agrônomo, é o investimento em protetores metálicos para as árvores em detrimento da escolha correta da muda. “É preferível gastar com uma muda de boa qualidade e com adubação e mão-de-obra adequadas”, destaca. A poda de árvores em áreas verdes urbanas é outro problema apresentado pelo engenheiro. “Decepar árvore é incorreto e já está proibido em São Paulo”, alerta. O correto, segundo ele, é realizar a limpeza de galhos doentes e secos para prevenir quedas. “Árvore é sinônimo de vida. Os motoristas buscam sombra para estacionar o carro, mas não permitem o plantio de árvores na porta de casa. O bem-estar quando adentramos um parque, bosque ou floresta não tem preço”.

Gustavo Sicchieri, Wilson Laguna, Roberto Maestrello, José Tadeu da Silva e Onélio Argentino Junior.

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é reduzida, diminuindo a dilatação e a abertura de buracos.

Silva Junior alerta ainda sobre o efeito impermeabilizante das copas das ár-vores, que pode ser comparado a um “guarda-chuva”: a árvore retém pelo menos 70% do volume de água das chuvas.

ÁguaO engenheiro civil Swami Vilela, da

empresa SHS Consultoria e Projetos de Engenharia, diz que a implantação de níveis de alertas, definição de respon-sabilidades e decisões aliadas a ações

rápidas podem ser o caminho para resol-ver o problema das enchentes em Ribei-rão Preto.

Ele afirma que a chuva não é a res-ponsável pelas inundações na cidade, mas sim o agente deflagrador da calamidade, e que precisa haver um acompanhamento técnico permanente com monitoramento da situação. O en-genheiro diz que a construção de canais que permitam a vazão das águas é uma das soluções para amenizar a ocorrên-

localização por GPS, além do cadastra-mento de campo de espécies.

“Aí vem o gerenciamento. Com um levantamento de espécies dominantes e cobertura vegetal, é possível começar um programa de plantio e fornecer um sistema de informação aos moradores. A própria prefeitura passa a ter condições de fazer um planejamento, com siste-mas de solos e relevo, sistema hídrico e administrativo”, destaca o especialista. Argentino Júnior aponta a falta de fortes leis ambientais de proteção para a arbo-rização urbana que ofereçam compensa-ções ambientais, padronização de proce-dimentos, exigência de responsabilidade técnica e fiscalização incisiva.

Para o engenheiro agrônomo De-móstenes da Silva Filho, o conceito de arborização está errado e associado à eletrificação. Em função disso, diz ele, são plantadas “árvores que não são árvores”. Silva Filho refere-se ao plantio de arbustos e apresentou estudos que revelam ganhos econômicos e de saúde pública com a adoção de áreas verdes.

Um deles, publicado por uma revista científica, associa a proximidade de áreas verdes com a queda na incidência de obesidade em crianças e adultos. A hipótese inicial do estudo tratava da densidade populacional, entretanto, o resultado mostrou outra visão: a de que bairros com grande concentração populacional e com áreas verdes têm pessoas menos obesas do que os que não têm parques ou praças.

“O belo e o espaço disponível estimula as pessoas a saírem de casa e as crian-ças, principalmente, fazem atividade física”, conclui. Ele alerta para a neces-sidade de as cidades adotarem um pla-nejamento que tenha a inclusão de áreas verdes como objetivo estratégico.

O engenheiro afirma que também a ar-borização das vias públicas pode reduzir em até 20% o uso de ar-condicionado. “Sem vegetação, ao longo do dia é forma-do um domo de calor”, explicou. Regiões com arborização correta apresentam maior conforto térmico no decorrer do dia. As vantagens incidem também sobre a conservação do asfalto – a sombra das árvores diminui em quase 60% a quan-tidade de reparos em um período de 30 anos, uma vez que a amplitude térmica

Revista Painel 7

cia de enchentes.Vilela cobra a implantação do plano de

macro-drenagem. “É necessário atualizá-lo, porque até o momento, mesmo com a expansão urbana, nenhum dispositivo previsto no plano de 2002 foi implemen-tado”, destaca. Para Vilela, é preciso diagnosticar os problemas atuais e es-tudar a viabilidade técnica, econômica e ambiental das alternativas de drenagem. Ele observa que atualmente os municí-pios tendem a realizar o alargamento do canal de rios. “Além das obras antien-chentes, é fundamental planejar novos loteamentos para não aumentar o risco de novas ocorrências”, alerta.

A falta de planejamento das cidades é uma das razões das enchentes. Se por um lado elas acontecem pelo excesso de água e a incapacida-de de vazão dos rios urbanos, por outro o líquido é objeto de estudos de gerenciamento

para que não venha a faltar no futuro à humanidade. Carlos Alencastre, diretor do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) avalia que as ações para otimizar e ge-renciar os recursos hídricos no Brasil ainda esbarram em uma legislação ineficiente, na falta de fiscalização e, consequentemente, em crimes am-bientais que colocam em risco o uso e distribuição da água ofertada.

Ele alerta que Ribeirão Preto enfrenta o aumento contínuo do número de po-ços artesianos clandestinos – são pelo menos 500 na região – e o resultado é a extração desordenada de água, perfura-ções malfeitas ocasionando a queda na produtividade, a contaminação do lençol freático e outros danos.

Alencastre aponta a necessidade da revisão de leis federais e estaduais, dos conselhos de recursos hídricos e a regu-lamentação dos comitês de bacias. Outro problema constatado é a falta de comi-tês instalados na região, dificultando o planejamento e projetos regulatórios. “De imediato é preciso parar de furar poços para conter a exploração. É preciso

Drenagem urbanaSwami Vilela

Um software capaz de calcular a taxa de infiltração da água no solo, analisando a umidade, geologia, ocupação do solo e topografia, foi apresentado pelo engenheiro durante sua exposição. Ele defende o uso da tecnologia para controlar a incidência de enchentes e planejar as ações do poder público. Em Ribeirão Preto, apenas após a conclusão das obras contra enchentes será possível saber quanto o problema será aliviado. “O que não pode acontecer é o comerciante sempre pagar a conta pelas inundações”, completa.

viáveis

Carlos Alencastre

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aos usuários urbanos no território pau-lista e que será válida para os rurais a partir de 2010, são destinados à imple-mentação do programa de gestão, que demandou um ano e meio de intensos debates. A previsão é a de que em 2009 a arrecadação atinja R$ 35.072 milhões. “A maior parte dos recursos tem sido usada no tratamento

do esgoto daquelas regiões”, informa o engenheiro.

Uma das alternativas de conservação dos recursos hídricos é o reuso da água que, segundo o engenheiro químico José Orlando Paludetto Silva, pressupõe sua preservação. Silva diz que a tecnologia para a reutilização da água é importan-te, principalmente, por conta do uso crescente do produto nos processos industriais, mas que a maior parte da água ainda é utilizada na agricultura. Em regiões mais industrializadas, como a grande São Paulo, é mais intensa a pressão por um volume maior de água.

Uma experiência exitosa de reuso da água em ambiente industrial resultou em 60% de redução no consumo. Algu-

8 AEAARP

buscar outras fontes. Em Ribeirão, por exemplo, temos muitos poços desne-cessários”, explica. Um poço é capaz de fornecer 300 mil litros de água por hora, o suficiente para abastecer mais de 25 mil habitantes de uma cidade.

ÊxitoUma experiência exitosa de gestão dos

recursos hídricos tem a participação do engenheiro civil Luiz Roberto Moretti. A cobrança foi instituída em três bacias hidrográficas e a primeira discussão sobre o assunto surgiu durante a gestão do governador André Franco Montoro, nos anos de 1980. São 71 municípios paulistas envolvidos e mais cinco mi-neiros, o que exige o cumprimento de uma legislação estadual e outra federal. A demanda por água nessa região, que inclui a grande São Paulo e a região me-tropolitana de Campinas, é de 35 metros cúbicos por segundo e todo litro de água produzido é consumido pelas mais de cinco milhões de pessoas atendidas nos dois estados.

A análise da cobrança envolveu estu-dos que revelaram o potencial econô-mico da região, responsável por 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e do potencial dos mananciais envolvidos. A Bacia do Piracicaba é a maior, com 12.600 quilômetros quadrados. A Canta-reira é a menor, entretanto ocupa a área onde ocorrem mais chuvas e, portanto, produz mais água.

Os recursos provenientes da cobrança, feita progressivamente

mas tecnologias para reuso, como a que utiliza membranas para filtragem, ainda têm custo elevado no Brasil, em decor-rência da necessidade de importação da matéria-prima. Silva afirma, entretanto, que as indústrias crescem sem fazer a análise do impacto do gasto com água e não incluem nesse planejamento ou-tras formas de utilização desse recurso, “principalmente quando a água não é um peso na planilha de custos”, diz. E alerta: “Pode não ser para a indústria, mas é para a sociedade e para o sistema”.

Ele ressalta que nenhuma tecnologia garante 100% de reuso e diz que em países como a Austrália essa é uma das únicas formas de garantir atividades consideradas corriqueiras, como lavar o carro. Segundo Silva, essa não é uma prática autorizada naquele país, a não ser que seja com água proveniente de reuso. O engenheiro chama de “cultura da abundância” o comportamento re-corrente no Brasil onde há muita água para ser consumida, o que aumenta ainda mais o consumo, aliado a pelo menos 40% de perdas registradas pelo sistema.

LixoO aterro sanitário é a forma econo-

micamente viável de depositar o lixo produzido nas cidades. Essa é a conclu-são do engenheiro civil Paulo Henrique Bellingieri que tem uma visão financista da coleta de lixo.

Há, em sua avaliação, ganhos financei-ros para os municípios que optem por investir em reciclagem. Ações ambien-talmente corretas, como esta, podem resultar em recursos destinados aos chamados Municípios Verdes, e também reverter em faturamento para empresas que investem em reciclagem.

A medida é ambientalmente correta, mas não atinge a totalidade dos resíduos coletados. Bellingieri revelou que apenas 15% do volume coletado são recicláveis e que esse número, apesar de aparen-temente baixo, é relevante do ponto de vista ambiental e social.

A reciclagem é também uma alterna-tiva para reduzir os altos custos que envolvem o aterramento e, na avaliação de Bellingieri, deveria ser incluída nos editais de licitação como meta a ser atingida. Seu levantamento aponta que reciclagem reduz o peso do lixo coleta-do, que é a medida para a cobrança das empresas prestadoras de serviço. A con-

Cobrança pelo uso da água nas bacias Piracicaba, Capivari e JundiaíLuiz Roberto Moretti

A cobrança começou em 2007 com 60% do valor da tarifa. Em 2009 serão cobrados, pela primeira vez, 100% do valor. Moretti disse que dentre os isentos estão usuários cujos boletos não atingem o valor mínimo de R$ 20 no período de um ano. O saldo é cumulativo e quando o total é alcançado há a cobrança.

Reuso da águaJosé Orlando

Paludetto Silva

Pelo menos 7 milhões de substâncias químicas são registrados pelo Chemical Abstract Service como contaminantes e pelo menos 70 milhões são usados pelos parques industriais. Analisar a água e eliminar essas substâncias em níveis seguros para o uso é um dos desafios a serem superados. Silva salientou que a poluição pode não vir só da indústria. Segundo ele, 30% da poluição dos rios Tietê e Pinheiros, na capital paulista, são provenientes da drenagem urbana. Portanto, mesmo que todo o esgoto da cidade de São Paulo fosse tratado e deixasse de ser despejado nesses rios, ainda assim eles seriam poluídos.

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Reciclagem de pneus

Eduardo Notrispe

Em março de 2009 foram coletados e destinados corretamente 200 milhões de pneus, uma meta que era perseguida pelo país. Notrispe disse que cada pneu para transporte de cargas é recuperado de três a quatro vezes.

trapartida, em sua opinião, é a redução da frota utilizada pela coleta e o potencial econômico do lixo reciclável.

Ainda há outras questões a serem vencidas, como a obrigatoriedade de as indústrias se responsabilizarem por seus produtos, como lâmpadas, pilhas, baterias e eletrônicos. Nesse caso, a legislação brasileira é completa, mas ineficiente na aplicação.

Há alternativas sendo desenvolvidas pela agroindústria e que causam menos impacto ao meio ambiente. O engenheiro civil Sylvio Ortega Filho apresentou a tecnologia que já está possibilitando a produção de materiais a partir da bio-massa proveniente da cana-de-açúcar.

A matéria-prima é transformada em canetas, fibras, espumas, chapa para termoformagem, cartões (de telefone, chave de hotel), papel (embalagem de fast-food), peças automotivas, braça-

Gerenciamento de resíduos sólidos: coleta seletiva, compostagem e aterramentoPaulo Henrique Bellingieri

Existem outras formas de destinação do lixo: a incineração e a refinaria de lixo. Bellingieri diz, entretanto, que é necessário pensar na realidade brasileira. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem uma experiência de destinação mais nobre para o lixo mas, para se ter uma ideia, demandaria um investimento de pelo menos R$ 25 milhões para atender a demanda de Ribeirão Preto. O engenheiro afirma que a inviabilidade econômica desses projetos deve fazer os municípios voltarem suas atenções para a viabilização de bons aterros, operados em parceria com a coleta seletiva e a compostagem, que dão destino mais nobre aos resíduos.

Revista Painel 9

deiras para agricultura, tubetes para reflorestamento, tampas etc.

Ortega Filho afirma que há diferença entre o polímero produzido a partir da biomassa e outro, o oxidegradável, pro-duzido a partir de um aditivo importado do Canadá e da Inglaterra. Ele explicou que, ao ser exposto à luz, o material inicia um esfarelamento e se transforma em pó. Composto de metal pesado, o aditivo faz com que o plástico deixe de ter reciclagem e, inclusive, contamine outros materiais recicláveis que possam estar acondicionandos. Esse material é proibido no Canadá, de acordo com en-genheiro, e algumas empresas no Brasil também descartam sua utilização.

O polímero proveniente da cana-de-açúcar é transformado em plástico e pode ser reciclado, pode ter recuperação energética através de queima ou trans-formado em composto orgânico e retor-nar à lavoura. Esse avanço tecnológico, entretanto, não alcançou, pelo menos por enquanto, um dos setores mais po-luidores do planeta: a indústria de pneus.

Eduardo Notrispe, diretor da Ecobalbo, empresa recicladora de pneus com fá-brica em Cravinhos, região de Ribeirão Preto, diz, entretanto, que há alternativas e tecnologias em desenvolvimento para separar todos os componentes e dar um destino mais nobre a eles.

Notrispe ressalta que a indústria de pneus não é revolucionária. “É evolu-cionária”, diz, uma vez que a tecnologia para tornar o produto melhor e mais re-sistente avança a cada ano. “E ainda não apareceu nada que substitua o pneu”, observa. Aproximadamente 1/3 da borra-cha natural produzida em todo o mundo é destinado à indústria pneumática, o mesmo destino de 2/3 de toda borracha sintética mundial. Em 2008 o Brasil pro-duziu 65 milhões de pneus, pelo menos 10 vezes menos que a produção norte americana no mesmo período.

O descarte do material que não é usa-do, especialmente pneus destinados a transporte de carga, é uma problemática que envolve discussões com reflexos em relações diplomáticas, uma vez que os pneus descartados produzem um volume significativo e que nenhum país do mundo quer ter em seu próprio quintal. Apesar de ter um alto poder de combustão, o pneu é produzido para ser indestrutível: não pode rasgar ou furar. O desafio da indústria de reciclagem é exatamente destruí-lo, conservando os materiais que podem ser reutilizados.

Nesse caminho, Notrispe afirma que o Brasil recicla cerca de 3,8 milhões de pneus por mês. Um dos destinos é a

A problemática das embalagens

no meio ambiente

Sylvio Ortega Filho

A energia solar é a principal fonte de crescimento da biomassa proveniente da cana-de-açúcar processada em uma usina: vira adubo orgânico, etanol, energia térmica, mecânica e elétrica. Essas são apenas algumas vantagens do conceito de uma biorrefinaria apresentada por Ortega Filho em sua palestra A problemática das embalagens no meio ambiente. O polímero que também é resultado desse processo é biodegradável e biocompatível. Além disso, a cana-de-açúcar tem também o potencial de devolver gás carbônico ao meio ambiente. “Brasil produz 85 toneladas de cana por hectare. A cada hectare resgatamos 17 toneladas de gás carbônico”.

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queima – 70% – para a produção de ener-gia e 25% para trituração. O resultado da trituração é usado na fabricação em artefatos de borracha, pisos industriais e comerciais, artigos para academias de ginástica, solados, pneumáticos, dentre outros.

Há, segundo Notrispe, oportunidades para desenvolver o uso na construção civil, especialmente pela característica de isolamento térmico e acústico do ma-terial. A sucata têxtil, entretanto, ainda não tem nenhuma aplicação.

As possibilidades do manejo correto dos recursos naturais são cada vez mais elásticas. O engenheiro civil Wilson La-guna, coordenador do Fórum Permanen-te de Debates Ribeirão Preto do Futuro, da AEAARP, observa que atrair jovens e leigos para as discussões ambientais é um avanço. Roberto Maestrello avalia que a ampliação desses debates é es-sencial para incentivar a busca por novas tecnológicas, capazes de dar respostas para a sociedade e para o futuro da humanidade.

O CREAJosé Galdino Barbosa da Cunha

Junior ministrou palestras que res-saltam o papel do CREA-SP para as profissões que representa. Na palestra Regularização de obras Confea 229 de 1975, Galdino alerta sobre os artigos da resolução 229/75 do Confea onde está prevista a obrigatoriedade da contratação de engenheiros e ar-quitetos para a liberação de obras e serviços públicos. Segundo ele, há um contra-senso na resolução, a partir do momento que ela exige a regularização do Habite-se do imóvel, mas não oferece suporte para garantir a estabilidade da obra.

“Não existe a condição de regularizar apenas a documentação sem assumir as responsabilidades legais quanto às garantias de estabilidade, segurança e solidez da obra”, resume. Os critérios para garantir uma obra e serviço são pautados dentro das normas técnicas exigidas pela Lei Federal 8078/90 do Código de Defesa do Consumidor.

A resolução prevê, nos casos de empreendimentos sem a presença dos profissionais, que o Conselho Regio-

O engenheiro civil Wilson Laguna, coordenador do Fórum Permanente de Debates Ribeirão Preto do Futuro, ressaltou os temas abordados na terceira edição do evento. “São temas inovadores”, falou. Ele também reverenciou o papel do Fórum que coordena, por apresentar eventos dessa natureza e que se propõe a elaborar sugestões para os problemas da cidade.

nal exija medidas legais para impedir o prosseguimento das obras e avalie as condições técnicas do serviço realizado no local. “Com o mercado competitivo, é preciso ter cuidado e atenção com a regularização. É mais difícil e mais caro regularizar uma obra do que construir outra nova”, completa.

Galdino falou também sobre A relação entre ART, atestado e acervo técnico e alertou que o documento é de proprie-dade da pessoa física, embora seja utilizado por empresas que necessitam atestar a capacidade técnica de assu-mir obras, especialmente em licitações públicas. Ele alertou para a “fabricação” do acervo técnico, uma prática ilegal e que tem sido objeto de atenção do Ministério Público, uma vez que o do-cumento é considerado de “fé pública” e implica na comprovação da compe-tência do profissional ou da empresa em desenvolver determinado trabalho. “O Crea está rigoroso na emissão desse tipo de documento porque tem de ser real, verdadeiro e não meramente bu-rocrático, uma vez que é instrumento de valorização”, diz Galdino.

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Paulo Sinelli

Revista Painel 11

A III Semana do Meio Ambiente atraiu cerca de 150 pessoas em todas as palestras proferidas entre os dias 2 e 4 de junho. Estudantes das universidades locais compuseram a maior parte do público e alguns deles deram seus depoimentos à Painel.

“As palestras tiveram temas b a s t a n t e e s p e c í f i c o s e acrescentaram conteúdo ao que temos na faculdade. Gostei da exposição sobre resíduos sólidos que vai ao encontro do trabalho de conclusão de curso que estou desenvolvendo”.

Guilherme de Siqueira Tanganelli, estudante de Engenharia Ambiental

na Unicoc

Gustavo Sicchieri

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AEAARP12

Carta do Chefe SeattleComo é que se pode comprar ou vender

o céu, o calor da terra? Essa ideia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sa-grados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esque-cem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem – todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós.

O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfei-tos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos consi-derar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Essa terra é sa-grada para nós.

Essa água bri-lhante que escor-re nos riachos e rios não é ape-nas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e de-vem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimen-tos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam

nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A ter-ra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são dife-rentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda

Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de

um inseto. Mas talvez seja por-que eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece so-

mente insultar os ouvidos.E o que resta da vida se um homem não

pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou um homem verme-lho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

““O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra.

Há uma ligação em tudo.

Em 1854, Franklin Pierce, então presidente dos Estados Unidos, fez uma oferta a um chefe indígena, conhecido como Chefe Seattle, de compra de parte do território indígena que ele e sua tribo ocupavam. Em resposta à tal oferta, Chefe Seattle enviou um comunica-do a Franklin, documento que hoje, 155 anos após o episódio, ainda é conhecido como um dos mais belos textos a respei-to da relação entre o homem e o meio ambiente.

A III Semana do Meio Am-biente distribuiu, aos mais de 300 participantes, uma cópia da carta. O documento conti-nua atual e mostra que muitas das preocupações do homem indígena daquela época se concretizaram enquanto ou-tras estão, hoje, entre os gran-des problemas referentes ao meio ambiente que o homem tem de enfrentar.

Há 155 anos, indígena protestava contra

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Revista Painel 13

O ar é precioso para o homem verme-lho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro – o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la in-tacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir sabore-ar o vento açu-carado pelas flo-res dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se deci-dirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir.

Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não com-preendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de es-pírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas: que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo,

univERsidAdE

estão cuspindo em si mesmos.Isto sabemos: a terra não pertence ao

homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa

estamos certos – e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso deus é o mes-

mo deus. Vocês podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa terra, mas não é possível. Ele é o deus do homem, e sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do deus que os trouxe a essa terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa im-pregnados do cheiro de muitos homens e a visão dos morros obstruída por fios que falam.

Onde está o arvoredo? Desapareceu.Onde está a águia? Desapareceu.É o final da vida e o início da sobrevi-

vência.

Fonte: www.cetesb.sp.gov.br

““Parece que o homem branco

não sente o ar que respira.

desrespeito ao meio ambiente

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reno

váve

l

AEAARP14

combustívEl REnovávEl

O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) está lançando o Guia do Combustível Renovável. A publicação traz números atualizados sobre o mercado internacional e texto didático a respeito do processo de fermentação, passando pela utilização de leveduras nos processos industriais até o uso da biotecnologia em micror-ganismos geneticamente modificados para a produção de diesel renovável. Cenário atual

Os combustíveis renováveis represen-tam uma das soluções necessárias para diminuir a dependência energética do petróleo e reduzir o aquecimento global. Nos próximos 30 anos, segundo a Agên-cia Internacional de Energia, a demanda por combustíveis crescerá 50% em todo o mundo. Só a procura por variedades líquidas será 55% maior no período.

O etanol e o biodiesel são os primeiros biocombustíveis líquidos já utilizados. O Brasil, além de ser o maior exportador de etanol do mundo, é também o país que mais consome combustíveis renová-veis, considerando a frota doméstica de veículos. Esses resultados são fruto da tecnologia desenvolvida por empresas e instituições brasileiras nas últimas três décadas.

“Somam-se ao fato de termos sido um dos pioneiros na fabricação de combus-tíveis renováveis, a nossa biodiversidade e as boas condições climáticas do país, que permitem o plantio sustentável de matérias-primas utilizadas na produção de biocombustíveis”, esclarece Patrícia Fernandes, professora e pesquisadora Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Em 2008, o Brasil produziu apro-ximadamente 25 bilhões de litros entre etanol e biodiesel. Somente o etanol ge-rou US$ 7,8 bilhões em divisas, e o setor sucroalcooleiro emprega mais de um mi-lhão de pessoas. Números elevados para a produção em uma área relativamente pequena: cerca de 3,6 milhões de hecta-res. Com o uso da biotecnologia na área, esses dígitos devem subir ainda mais, fa-tor determinante para que o país se man-tenha na liderança do mercado mundial.

CIB lança Guia do Combustível Renovável

Consultoria TécnicaO Guia dos Combustíveis Renováveis

conta com a consultoria técnica dos professores Patrícia Machado Bueno Fer-nandes (UFES), Fernando Araripe Torres (UnB), Lídia Maria Pepe de Moraes (UnB) e Roberto Rodrigues (FGV).

“Os biocombustíveis representam uma das mais importantes revoluções do século XXI, e o Brasil está na liderança dessa tecnologia. Achamos importan-te que a população esteja informada sobre os benefícios da biotecnologia nessa área”, diz Alda Lerayer, Diretora-Executiva do CIB.

Serviço

Guia dos Combustíveis Renováveis Distribuição gratuita Tiragem inicial de 5 mil cópias Versão do guia em PDF disponível no site www.cib.org.br Envio do guia pelo correio, sem custo, pode ser solicitado pelo site www.cib.org.br

Apoio

• Ministério da Ciência e Tecnologia• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento• UnB - Universidade de Brasília• GV Agro - Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas• Nites - Núcleo de Inovação Tecnológica do Espírito Santo• Universidade Federal do Espírito Santo• União da Indústria de cana-de-açúcar

Sobre o CIB

O Conselho de Informações Sobre Biotecnologia (CIB) é uma organização não-governamental cujo objetivo básico é divulgar informações técnico-científicas sobre biotecnologia e seus benefícios, aumentando a familiaridade de todos os setores da sociedade com o tema. Para estabelecer-se como fonte segura de infor-mações para jornalistas, pesquisadores, empresas e instituições interessadas em biotecnologia, o CIB dispõe de um grupo de conselheiros formado por mais de 75 especialistas - cientistas e profissionais liberais, em sua maioria - ligados a insti-tuições que estudam as diferentes áreas dessa ciência.

combustívEl REnovávEl

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lEgislAção

O deputado federal Fernando Chiarelli (PDT) esteve na AEAARP no final do mês de junho e manifestou apoio à entidade, que aderiu ao manifesto publicado pelo Confea em oposição à aprovação do Projeto-de-lei nº 2245/2007. O documento regulamenta as atribuições

Deputado entra na luta contra PL 2245

dos tecnólogos e amplia a atuação desses profissionais causando o que se chama de “ s o m b r e a m e n t o ” entre as profissões - a possibilidade de atuação nas mesmas condições, em alguns casos específicos.

O texto tramita na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, que designou o deputado

federal Vicentinho (PT) como relator.Maestrello, presidente da AEAARP,

reafirmou ao deputado ribeirão-pretano que a Associação não se opõe ao trabalho dos técnicos. “Esses profissionais são importantes para a sociedade, entretanto as atribuições

devem ser delimitadas em razão da abrangência da formação dos técnicos e dos graduados. Nós lutamos para que se respeitem as atribuições de uns e de outros”, diz.

Chiarelli comprometeu-se em avaliar a proposta, cujo autor é o deputado mineiro Reginaldo Lopes (PT), e em procurar o deputado Vicentinho para debater o assunto. O parlamentar também vai entrar em contato com o Confea e trabalhará para articular uma audiência pública sobre o tema.

José Aníbal Laguna, da Comissão de Ética, Luis Gustavo Leonel, presidente do Conselho Deliberativo, Hugo Riccioppo, diretor administrativo, Geraldo Geraldi, vice-presidente da AEAARP, e Silvio Nucci, associado da AEAARP, também participaram do encontro.

Gustavo Leonel, Hugo Riccioppo, Aníbal Laguna, Roberto Maestrello, Geraldo Geraldi, Fernando Chiareli e Silvio Nucci.

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ARtigo

AEAARP

O alecrim é uma erva perene, chamada pelos latinos de ros marinus que significa orvalho do mar. Diz a lenda que as flores do alecrim primeiramente eram brancas, mas se tornaram azuis quando a Virgem Maria pendurou seu manto azul sobre um arbusto. Acreditava-se, também, que com a idade de 33 anos a planta tinha a altura de Cristo e com o passar dos anos, tornava-se mais larga, porém não mais alta. Foi muito utilizada na Grécia Antiga pelos estudantes que colocavam ramos atrás das orelhas e confiavam que além de trazer sorte nas provas era fortificante para o cérebro e me-mória. Segundo estudiosos, esta planta é originária da região do Mediterrâneo, Orien-te Médio, Ásia menor e norte da África, sen-do introduzida na Inglaterra pelos romanos, depois disseminada pelos portugueses, espanhóis e italianos. Pertence à família Lamiaceae, popularmente conhecida como alecrim de horta, alecrim da terra, alecrim de jardim ou alecrim rosmarino.

É um arbusto muito ramificado que pode atingir 1,8 m de altura e é constituído de folhas com formato linear longo, com co-loração variando entre a cor verde escuro (parte de cima) e branco prateado (parte de baixo) e que contém sabor marcante. Suas flores são pequenas e de coloração azul claro. São plantas de pleno sol em locais com clima temperado e subtropi-cal, são tolerantes a geadas severas, mas não à alta umidade relativa e aos dias nublados. Com temperatura muito baixa reduzem o teor de óleo essencial.

O seu cultivo é fácil, adapta-se bem em solos férteis com boa drenagem podendo até mesmo aparecer em encostas rochosas onde o solo, algumas vezes, é mais seco e arenoso. O importante para seu cultivo é um terreno com pH mediano, pouca água e alta luminosidade. Após o plantio alguns tratos culturais simples são necessários, como replantio de falhas, limpeza e cuida-do com formigas. Em alguns casos, o ata-que de brocas pode ser bastante expressivo nas mudas novas e também pode ocorrer um amarelecimento que de acordo com algumas bibliografias é o resultado da ação de um vírus (Castro & Chemale, 1995).

Sua propagação pode ser por sementes ou estacas, sendo este último, o método mais utilizado devido à facilidade e efici-ência. Para a obtenção das mudas, são re-

tiradas estacas de ramos e ponteiros, com comprimento entre 15-20 cm e espessura de até 0,5 cm, que são colocadas para enrai-zar entre os meses de agosto-setembro no viveiro e podem ser levados para o campo nos meses de outubro-novembro (Diniz & Ribeiro, 2008). O espaçamento utilizado pode ser fileira simples: 50 cm entre plantas x 1 m entre linhas, fileira dupla com 50 cm entre plantas x 50 cm entre linhas x 1,2 entre fileiras duplas ou plantio adensado 45 cm x 45 cm, onde há maior produção de bio-massa, no entanto as plantas apresentam menor porte o que dificulta o manejo.

Os ramos com folhas e flores são colhidos para fins condimentares e medicinais, já para fins aromáticos (perfumarias e cosmé-ticos) as flores é que são utilizadas (Castro & Chemale, 1995). Os ramos com folhas devem ser colhidos quando surgirem os primeiros botões e se o objetivo for somen-te as flores, a tarefa é realizada quando um grande número destas estiver aberto.

A colheita tem início de 6 a 8 meses após o plantio, mas isso se a planta estiver com altura mínima de 50-60 cm, sendo o corte realizado a 15-20 cm do nível do solo. O rendimento esperado é em torno de 8.000-10.000 kg de folhas verdes/ha (2.000 - 3.000 kg folhas secas). A secagem no material colhido é importante, pois influencia na qualidade do produto final, por isso o ale-crim seco em locais sombreados, ou ainda à temperatura ambiente, em barracões ventilados, secadores solares ou estufas. O importante é que a temperatura do ar, du-rante a secagem, não ultrapasse os 40-50°C, pois isso pode prejudicar os compostos com propriedades medicinais presentes na planta (Diniz & Ribeiro, 2008). O alecrim apresenta um teor médio de óleo essencial em torno de 1-2% nas fo-lhas, pineno (até 30%), cân-fora (15 a 25%) e o eucaliptol (15 a 50%), e es-tes valores va-riam de acordo com a região geográfica cul-tivada. O óleo

Alecrim:aroma forte e marcante

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fica armazenado em células logo abaixo da superfície da folha que confere a elas um forte aroma.

O uso desta planta para fins terapêuticos é muito vasto devido à alta quantidade de princípios ativos, existem relatos da utilização de partes da planta como antiin-flamatório, anti-séptico, bactericida, cica-trizante, digestivo e estimulante diurético. Outros sugerem ainda o alecrim pode ter ação desintoxicante, fortalecer o sistema imunológico, estimular o couro cabeludo e combater a caspa (Diniz & Ribeiro, 2008). Alguns indivíduos já a utilizaram em ba-nhos, inalações, compressas, massagens e, aplicações localizadas no corpo e no couro cabeludo, entre outros (Berwick, 1998).

Apesar de todas essas informações deve-mos cuidar da nossa saúde e por isso a pri-meira atitude a ser adotada sempre é a de consultar um médico de confiança antes

AutoresGustavo narcizo Ferrari – Estudante de Enge-nharia Agronômica - universidade de marília – sP.Eduardo Suguino – Pesquisador Científico da APtA – Ribeirão Preto - secretaria da Agricultu-ra e Abastecimento do Estado de são Paulo.

Bibliografia ConsultadabERWICK, A. os 24 óleos essenciais. Aroma-terapia Holística. 2ª ed. Rio de Janeiro: nova Era, p.166-169, 1998.CAstRo, l.o.de.; CHEmAlE, v.m. Ale-crim. Plantas Medicinais, Condimentares e Aromáticas. 1ª ed.Guaíba: Agropecuária, p. 20-23, 1995.CunHA, A.P.da; RoQuE, o.R.; sIlvA, A.P.da Monografia das plantas e dos produtos vegetais mais usados na Fitoterapia. Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. 1ª ed. lisboa: Funda-ção Calouste Gulbenkian, p.92-93, 2003.dInIZ, R.C.; RIbEIRo, P.G.F. monografia Alecrim. Plantas Aromáticas e Medicinais. 1ª ed. londrina: IAPAR, p.60-61, 2008. GIAComEttI, d.C. Ervas Condimentares Perenes. Ervas Condimentares e Especiarias. 1ª ed. são Paulo: nobel, p.71-73, 1989.GuIdo, m. Alecrim. Plantas Aromáticas na Alimentação. 1ª ed. são Paulo: nobel, p. 18-21, 1986.

da utilização de qualquer produto oriundo de planta medicinal. Pois em alguns casos como o do próprio alecrim, seus produtos são contraindicados para crianças com menos de 6 anos, diabéticos, gestantes, mulheres amamentando, pessoas com doenças antiinflamatórias, intestinais e neurológicas, além das que têm pressão alta (Cunha, Roque & Silva, 2003).

O uso indiscriminado ou sem recomen-dação médica pode provocar problemas como alteração de sono, aumento do fluxo menstrual, problemas gastrointestinais e nefrites, se consumido em doses elevadas pode agir como abortivo e o óleo essencial puro se consumido pode causar convul-sões, espasmos e lesões renais (Cunha, Roque & Silva, 2003; Diniz & Ribeiro, 2008). Quando o usuário apresentar qualquer um desses sintomas seu uso deverá ser suspenso imediatamente.

do “orvalho do mar”

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A Câmara Municipal de Ribeirão Preto aprovou o Projeto de Resolução que cria o programa Cidade Nova, em parceria com a AEAARP. O texto autoriza o Le-gislativo a organizar, promover e sediar o programa, que prevê “a realização de pa-lestras, workshops, encontros, debates, conferências e afins, voltados ao estudo e discussão dos problemas relacionados ao cotidiano das cidades brasileiras, o crescente processo de urbanização e os problemas dela decorrentes, em seus mais variados níveis”.

A iniciativa, do vereador Gilberto Abreu, coloca em termos de lei uma prática que faz parte da história da AEAARP e do Le-gislativo municipal. Em 1948, no primeiro ano de atividades da Associação, o enge-nheiro Galileu Frateschi foi designado pela diretoria para representar a AEAARP nas discussões do primeiro Código de Obras do município. Nos anos de 1970 a Asso-ciação sediou uma reunião que discutiu um Projeto de Lei que previa alterações no uso e ocupação do solo. Todos esses fatos estão narrados no livro AEAARP 60 anos: Histórias e Conquistas.

A AEAARP tem dado inúmeras de-monstrações de colaboração técnica com o município, por meio de trabalhos desenvolvidos a partir de debates pro-movidos pela entidade, como as cinco leis complementares ao Plano Diretor (Código de Obras, Parcelamento, Uso

e Ocupação do Solo, Mobiliario Urba-no, Sistema Viário e Código do Meio Ambiente), o estudo sobre resíduos sólidos da construção civil, aeroporto internacional, enchentes e drenagem urbana e rural.

“A cidade tem muitas necessidades e a AEAARP tem técnicos capacitados para elaborar e sugerir soluções tecnicamen-te viáveis. A criação do Cidade Nova é um reconhecimento histórico da disposição que todos os engenheiros, arquitetos e agrônomos que compõem a Associação têm em colaborar com o município. É também a oportunidade de aprofun-darmos essa parceria”, afirma Roberto Maestrello, presidente da entidade.

Gilberto Abreu diz que é possível pen-sar em ações que deem respostas aos problemas enfrentados pelo município mantendo uma parceria entre uma instituição pública, como a Câmara Mu-nicipal, e uma associação de classes. O texto do projeto evidencia que o objetivo da iniciativa “é que as partes envolvidas possam empreender esforços que possi-bilitem criar e executar políticas públicas que busquem a melhoria das condições urbanas, garantam a preservação, a organização e a renovação da cidade, desenvolvendo atitudes que visem à busca de soluções para seus problemas e possibilitem a melhoria do bem-estar e qualidade de vida da população”.

PARcERiA

AEAARP18

Câmara aprova parceria com a AEAARP

Veja a íntegraO site da AEAARP disponibiliza a íntegra do texto do Projeto de Resolução (www.aeaarp.org.br). O texto foi publicado no Diário Oficial do município no dia 17 de junho de 2009.

O vereador, que é segundo secretário na mesa diretora, disse, em visita que fez à AEAARP para apresentar o projeto aprovado, que a intenção da atual gestão do Legislativo é promover uma série de eventos ainda em 2009 e fazer com que a iniciativa torne-se uma prática para os próximos anos.

Suporte técnicoO Projeto de Resolução prevê ainda

que a AEAARP dê suporte técnico para os projetos desenvolvidos na Câmara. Maestrello lembra que desde 2006 a As-sociação organiza suas discussões por meio do Fórum Permanente de Debates Ribeirão Preto do Futuro, que disponi-biliza para o poder público o resultado dos estudos e análises desenvolvidos por técnicos da AEAARP.

Maestrello ressalta que a entidade não emite parecer ou perícias. Há um impedi-mento estatutário para isso. “Entretanto podemos colaborar tecnicamente em pro-posituras que são apresentadas por par-lamentares ou estão em tramitação nas comissões permanentes”, esclarece.

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Indicador verde

Revista Painel 19

uRbAnismo

Até o final de novembro as queimadas nos canaviais estão proibidas em todo o estado de São Paulo das 6h às 20h. A resolução da Secretaria do Ambiente prevê a proibição também no período da noite quando a umidade do ar estiver abaixo de 20%. Em alguns municípios a proibição é aplicada durante as 24 horas do dia.

A Unep (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) divulgou recentemente o relatório Tendências Globais de Investimentos em Energias Sustentáveis 2009 que aborda investimento em tecnologia por região geográfica, as perspectivas do uso de energias sustentáveis, os fundos de investimento, além de fazer uma avaliação individual dos países em desenvolvimento. O Brasil foi considerado campeão mundial no uso de energias renováveis, visto que 46% de toda a energia consumida no país são provenientes de fontes limpas, onde se destacam a hidroeletricidade e os biocombustíveis.

Muito papel desperdiçado. José Maria Guzman Ferraz, doutor em Ecologia, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, no artigo O papel nosso de cada dia, diz: “No Brasil apenas 37% do papel produzido vão para a reciclagem. De todo o papel reciclado, 80% são destinados à confecção de embalagens, 18% para papéis sanitários e apenas 2% para impressão”. O artigo pode ser acessado no link http://www.cnpma.embrapa.br/down_hp/408.pdf.

Nasceu de uma polêmica um dos pro-jetos de paisagismo mais complexos de Ribeirão Preto. O corte das palmeiras im-periais da Avenida Jerônimo Gonçalves, anunciado no ano passado junto com o início das obras antienchentes que estão em andamento naquela região, gerou muita polêmica. O assunto foi pautado nos conselhos municiais de Urbanismo e do Patrimônio Histórico e fez levantar vozes contra e a favor da decisão. No hall da sede da AEAARP uma exposição apresenta a proposta do arquiteto Francisco Morais de replantar as palmeiras no canteiro central da Avenida Celso Charuri.

Ele avalia que a po-lêmica criada com o anúncio da retirada das palmeiras “impulsionou a identidade paisagísti-ca” dos ribeirão-preta-nos, que convivem com aquela paisagem desde o início do século passado. Em suas contas são 150 palmeiras que de-vem ser retiradas, o que, ele avalia, deve provocar “um choque” nas pessoas. Ele defende que o corte é necessário, pela ur-gência por uma solução da questão das enchentes. Já se sabe que pelo menos cinco delas estão condenadas.

Cada árvore pesa 3,5 toneladas e sua retirada exigirá uma complexa operação de engenharia. Morais explica que uma máquina retroescavadeira vai cavar em volta da planta, o que deve resultar em

Palmeiras imperiais de casa nova

um torrão de pelo menos cinco metros cúbicos, incluindo a raiz e a terra que a envolve. Um guindaste vai içar a árvore até uma carreta e a partir desse ponto surge uma das questões consideradas mais complexas: a confluência das ave-nidas Jerônimo Gonçalves e Francisco Junqueira tem um ângulo de 90 graus, o que deve dificultar a manobra do ca-minhão que estará carregando a planta

deitada. Essa logística deve ser desenvolvida pela Secretaria Munici-pal do Planejamento.

Morais avalia que o replantio reforça a ca-racterística histórica paisagística de Ribeirão Preto. Dessa proposta nasceram outras que dão vida nova a várias avenidas, como a Dom Pedro I, no bairro Ipi-ranga. “Avenidas mais bonitas melhoram a

qualidade de vida do cidadão”, diz. O desenho dessa proposta também está exposto na AEAARP.

O arquiteto propõe a retirada dos fios aéreos, o plantio de árvores com longos troncos e a instalação de iluminação abai-xo das copas. Dessa forma haverá confor-to térmico e paisagístico sem prejuízo à segurança e às fachadas das lojas.

Além do replantio das palmeiras na Cel-so Charuri e o projeto urbanístico para a Avenida Dom Pedro I, Morais desenhou e expôs o esboço de um parque na região do bairro Tanquinho.

O Bosque MunicipalUm exemplo de conforto visual proporcionado pelo

verde da cidade é o Bosque Municipal Fábio Barreto.

Francisco Morais diz que a verticalização daquela região poderia restringir a poucas

pessoas a visualização daquela área verde, que pode ser

avistada de longe em vários pontos da cidade.

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nbR

AEAARP20

O choque elétrico está entre os aciden-tes domésticos mais comuns no Brasil e uma grande mudança promete deixar as ligações de energia mais seguras. Até janeiro de 2010 todos os equipamentos elétricos fabricados ou importados pelo Brasil deverão obedecer a NBR 14.136 que regulamenta o novo modelo padro-nizado de tomadas e plugues com três pinos.

O modelo já está disponível no mercado para o consumidor e atende uma resolu-ção do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro). Os diversos modelos de

tomadas, plugues e exten-sões vendidos até então pelo mercado ofereciam sérios riscos por permitir situações como o encaixe parcial dos pinos.

Com três orifícios para pinos arredondados, sen-do um para o fio terra, o design das novas tomadas possui uma depressão, que permite apenas o encaixe total dos pinos. A medida pretende minimizar os ris-cos do contato acidental e evitar possíveis choques. A padronização prevê duas versões de correntes – 10 ampères (A) e 20A– com diâmetros diferentes para evitar confusão na hora de utilizar. A tomada de 10A não aceita plugues de 20A que provoca-riam uma sobrecar-ga elétrica.

Quem está cons-truindo ou reforman-do precisa ficar aten-to na hora da compra. “As construtoras já estão exigindo o mo-delo novo, mas muitos consumidores ainda procuram o antigo. Para quem usa equi-

pamentos com tomadas antigas, o mercado oferece um

O Grupo Legrand lançou em março de 2007 quatro modelos

de tomadas de acordo com a NBR 14136. Todas as linhas de produtos das marcas Pial

Legrand (Fortbella, Pialplus, Pratis, Silentoque e Vela) e

BTicino (Axolute, Light, Living e Thesi Up) foram mudadas para

atender o novo padrão.

NBR regulamenta modelo de tomada no Brasil

adaptador”, afirma Wester Pereira Cai-xeta, administrador da Eletro Transol Tecnologia, de Ribeirão Preto. Segundo ele, o consumidor não está pagando mais caro pela alteração no modelo, que custa o mesmo valor do antigo.

SegurançaA padronização de plugues e tomadas

de uso doméstico comercializados no Brasil tem por objetivo aumentar a segu-rança dos sistemas elétricos. Atendendo a exigência da norma de instalações elétricas NBR 5410, o padrão brasileiro prevê o aterramento das instalações. Além disso, o novo design das tomadas possui um poço que impede o contato acidental com as partes vivas ou ener-gizadas dos pinos, no momento de conexão do plugue.

A tomada padrão também foi desenvol-vida para evitar a conexão de equipamen-tos com potência superior, evitando a queima acidental de eletroeletrônicos.

Vale destacar, que a nova tomada aceita plugues de dois e de três pinos redon-dos. O plugue de dois pinos redondos, tradicionalmente utilizado no Brasil, é compatível com a tomada padrão.

De qualquer forma, a norma prevê o uso de adaptadores para as pessoas conectarem aparelhos à nova tomada que possuam plugues no antigo padrão. A medida tem por objetivo facilitar o processo de transição, uma vez que os antigos modelos ainda podem ser comer-cializados até o final dos estoques.

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Revista Painel 15

EnERgiA

Avenida Meira Junior, 314 | Ribeirão - SPTel: (16) 3441-0100 | Nextel: 7* 44632

AÇO ARMADO - TRELIÇA TELA - PREGO - ARAME

Será da Petrobras Distribuidora a pri-meira estação do Brasil capaz de abas-tecer veículos movidos a hidrogênio. A unidade funcionará no complexo onde se localiza a Empresa Municipal de Trans-portes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP), localizada na Rua Joaquim Casemiro, 290, bairro Planalto, em São Bernardo do Campo, São Paulo.

A iniciativa faz parte do projeto Ônibus Brasileiro a Hidrogênio, apresentado no dia 1º de julho, na EMTU/SP, que foi implantado por um consórcio formado, além da BR, pela AES Eletropaulo, Ballard Power Systems, EPRI International, Hydrogenics, Marcopolo, Nucellsys e a Tuttotrasporti. O projeto foi conduzido em parceria com o Ministério de Minas e Ener-gia, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Global En-

vironment F a c i l i t y (GEF) e Fi-nanciadora de Estudos e Projetos (FINEP).

A BR foi a empresa escolhida como a responsável pela integração entre dois importantes parceiros no projeto - AES Eletropaulo e Hydrogenics -, na obtenção das licenças para projeto, instalação, operação e manutenção da estação de abastecimento do ônibus a hidrogênio. O CENPES (Centro de Pesquisa e De-senvolvimento da Petrobras) auxiliou na obtenção de conhecimento e no desen-volvimento de especificações brasileiras desta tecnologia e na preparação de estudos relacionados à análise de riscos e segurança operacional.

Maquete eletrônica do Posto de Hidrogênio

A estação poderá gerar até 120 kg de hi-drogênio por dia a uma pressão de 450 kg/cm2, capaz de abastecer até três ônibus com autonomia para cerca de 300km. Num primeiro momento, armazenará hidrogê-nio suficiente para apenas um ônibus. Posteriormente, com a entrada em ope-ração de mais veículos, essa capacidade será estendida até o máximo previsto.

O objetivo do projeto Ônibus Brasileiro a Hidrogênio é desenvolver o uso de tecno-logia de produção e aplicação veicular de hidrogênio no Brasil, propiciando a cria-ção de um novo mercado de transporte coletivo com emissão zero de poluentes.

Petrobras distribuidora terá primeira estação de abastecimento para veículos a hidrogênio

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cREA-sP

AEAARP22

Registro de pessoa jurídica:

Engº civil José Galdino Barbosa da Cunha JúniorChefe da UGI - Ribeirão Preto - CREA - SPe mail [email protected] João Penteado 2237Jd. São Luis - Ribeirão Preto -SP Fone 16 3623.7627

Tenho deparado com diversos casos em que consumidores estão procurando informação no Crea a respeito das empresas. Em sua maioria, estão procurando saber, antes de contratar as empresas, sobre o seu registro, se seu objetivo social condiz com o objeto do serviço a ser contratado e também se o profissional responsável tem atribuições para aquele serviço específico.

O que tem acontecido, principalmente após essa massificação da informação on-line, é que as pessoas que demandam uma necessidade dos serviços dos profissionais e empresas do Sistema Confea/Crea estão ficando mais exigentes e temerosas em fazer seus investimentos sem uma garantia contratual segura em que tenha as condições legais mínimas.

E o que é garantia legal mínima? O Artigo 59 da Lei 5.194/66 estabelece que “As firmas, sociedades, associações, companhias, cooperativas e empresas em geral, que se organizem para executar obras ou serviços relacionados na forma estabelecida nesta Lei, só poderão iniciar suas atividades depois de promoverem o competente registro nos Conselhos Regionais, bem como o dos profissionais do seu quadro técnico.”

Po r t a n t o t o d a e m p r e s a , p a r a exercer a atividade de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, tem de estar registrada no Crea. Mas muitas não estão e continuam trabalhando. O que acontece? Inicialmente estão trabalhando ilegalmente e também só para órgãos privados, porque para os órgãos públicos, de acordo com a Lei 8666/92, é necessário à empresa que for participar de uma licitação pública estar devidamente registrada em seu conselho profissional e apresentar Certidão de Capacidade Técnica (Acervo Técnico) emitida pelo seu conselho de classe comprovando aptidão técnica para tal atividade.

O consumidor não tem o conhecimento

obrigação legal perante o Crea e órgãos de defesa do consumidor

de que na contratação de uma empresa sem registro no Conselho ele está contratando uma pessoa física ou jurídica leiga. Pode o consumidor ter a garantia contratual (contrato por escrito), mas não tem a garantia legal (ART-Anotação de Responsabilidade Técnica emitida somente por pessoa física ou jurídica devidamente habilitada e registrada no Crea) e isso ele não poderá cobrar nem judicialmente, pois contratou uma empresa leiga, ou seja, sem registro ou habilitação para exercer aquele serviço.

Comparando, grosseiramente, seria o mesmo que contratar uma manicure para extrair uma unha do dedo. Se aquela operação não der certo, como você vai processar essa manicure? Ela não é médica.

Uma infração ao Código de Defesa do Consumidor coloca o profissional ( p e s s o a f í s i c a e j u r í d i c a ) e m julgamento, com possibilidade de rito sumaríssimo, inversão de ônus da prova e com assistência jurídica gratuita ao consumidor, provocando, assim, a obrigação de sua obediência.

Muitas pessoas retrucam essas condições e alegam o seguinte: “Isso nunca existiu e é colocada uma situação forçada para a empresa se registrar no Conselho.

Eu respondo o seguinte: algumas combinações são complicadas, como por exemplo fogo com gasolina, bebida alcoólica com direção de veículo e as Leis que acabam uma completando a outra.

A Lei 5194/66 vai completar 43 anos dia 24 de dezembro e a Lei 8078/90 está completando 19 anos. Portanto, agora essa situação começou a existir.

Esta condição de garantia contratual e garantia legal é expressa no Artigo 50 da Lei Federal 8078/90: “A garantia contratual é complementar à garantia legal e será conferida mediante termo escrito.

Se a empresa não está registrada, ela não pode dar a garantia legal e por consequência o consumidor não é atendido, provocando uma infração.

E o pior de tudo é o que diz o Artigo 74 Lei 8078/90: “Deixar de entregar ao consumidor termo de garantia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo pode dar pena de um a seis meses de detenção ou multa.

A ideia de orientar os profissionais e as empresas ligadas às atividades de Engenharia, Arquitetura e Agronomia para efetuarem seus registros é para mostrar que algumas ações provocadas pelos consumidores podem custar caro para essas empresas pelo descuido da obediência legal.

As empresas devem ter o conceito de que as atividades relacionadas ao Sistema Confea/Crea necessitam estar legalizadas por uma questão legal do Sistema Confea/Crea, mas também por uma questão de relação comercial com os consumidores.

Existem diversas jurisprudências em tribunais, casos que foram julgados e condenados civil e criminalmente (a própria empresa prestadora dos serviços), casos em que foram condenados seus proprietários e até casos em que os condenados foram os contratantes, que assumiram riscos de responsabilidade civil e trabalhista por conta da falta de registro dessas empresas.

Brevemente estaremos realizando um workshop sobre responsabilidades profissionais.

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Tels: (16) 3630.1818Fax: (16) 3630.1633R. Roque Nacarato, 81 Ribeirão [email protected]

Tudo em material elétrico

Ligada em você

univERsidAdE

AEAARP renova convênio com Instituição Moura Lacerda

A AEAARP acaba de renovar convênio com a Instituição Moura Lacerda que prevê desconto de 10% nas mensali-dades escolares para os alunos dos cursos de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo.

A Associação também oferece, ao aluno associado, desconto no valor das inscrições para os eventos promovidos pela entidade e outros benefícios como plano de saúde com valor e condições es-peciais, biblioteca e sala de informática e acesso a todos os convênios em vigor.

ParceriaO engenheiro Hirilandes Alves,

responsável pela Diretoria Uni-versitária da AEAARP, reuniu-se com o diretor executivo da Insti-tuição Moura Lacerda, Luiz Edu-ardo Lacerda dos Santos, para renovar o convênio entre as duas partes e iniciar uma campanha

de filiação entre os universitários. O convênio com a Moura Lacerda foi

o primeiro assinado pelas duas institui-ções. “Sou engenheiro e tinha grande afinidade com a Associação”, conta o diretor Luiz Eduardo que há 10 anos começou a conversar com a AEAARP para planejar uma forma de associar o estudante. “Foi o primeiro convênio entre a universidade e o setor produtivo. Depois vieram outros e hoje já são deze-nas de convênios que temos em vigor”, conta. E conclui: “Este é um convênio

diferenciado porque foi pioneiro e com ganhos para todas as partes”.

Segundo Hirilandes Alves, a parceria com as universidades promove vantagens para o estudante que vão além dos des-contos. “É uma forma legítima de a uni-versidade incentivar o associativismo, a inserção do aluno no mercado de trabalho e levar a realidade desse mercado para dentro da escola. Assim, a instituição cumpre seu papel de formar o profissional tecnicamente e também de colocar no mercado cidadãos participativos e mais conscientes”, diz. O diretor universitário informa que vai intensificar a aproxima-ção com as universidades locais.

Para associarPara associar-se à AEAARP ou obter informações, basta acessar o endereço www.aeaarp.org.br ou contatar a entidade pelo fone (16) 2102.1700.

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sAnEAmEnto

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Saneamento e tendências para o tratamento de esgotos no Brasil

Situação do saneamento no paísSegundo a Secretaria Nacional de

Saneamento, 95,4% da população urba-na têm água encanada, apenas 50,3% contam com coleta de esgoto e destes somente 31,4% são tratados. Para se atender essa demanda, são necessá-rios investimentos de R$ 178,3 bilhões em 20 anos, uma média de R$ 9 bilhões por ano. Somente para os serviços de coleta e tratamento de esgotos seriam necessários investimentos da ordem de R$ 110,5 bilhões (R$ 77,3 bilhões para coleta e R$ 33,2 bilhões para tratamen-to). E outros R$ 67,8 bilhões para os sistemas de água. Portanto, verifica-se a condição crítica do saneamento em nosso país.

Situação do saneamento no município de Ribeirão Preto

De acordo com informações obtidas no site do DAERP, 99,9% da população são servidos com água encanada, 98% contam com coleta de esgoto e 96% dos esgotos são tratados. Dessa forma, Ri-beirão Preto se encontra em destaque no cenário nacional em termos de sa-neamento.

É evidente que é necessário se investir em programas de redução de perdas no sistema de abastecimento de água, em programas de educação ambiental vi-sando também o uso racional da água, evitando-se assim o seu desperdício, etc.

Classificação dos sistemas de tratamento

Dependendo das características dos efluentes e dejetos líquidos, da efici-ência de remoção dos poluentes, po-dem-se classificar os diversos tipos de tratamento em: Preliminar – remoção de sólidos grosseiros em suspensão, remoção de material sólido facilmente sedimentável como areia e material in-solúvel; Primário – remoção de sólidos em suspensão, assim como parte da carga orgânica ou inorgânica; Secun-dário – remoção de sólidos dissolvidos, como matéria orgânica (carboidratos, proteínas e lipídeos), sólidos suspensos

finos, permite redução da DBO em até 96%; Terciário ou avançado – além das remoções anteriores permite a remoção de nitrogênio e fósforo, assim como a remoção de bactérias patogênicas.

Novas tendências: tratamento terciário visando o reuso

Verifica-se, atualmente, uma necessida-de para o desenvolvimento de sistemas de tratamento de esgotos visando remo-ção terciária, e não apenas a remoção se-cundária. São vários os motivos para tal, podendo ser citados os seguintes:

Preservação da qualidade dos cor-pos d’água – com o lançamento de efluentes de estações de tratamento, com cargas remanescentes de nitrogê-nio e fósforo, em corpos d’água, pode-se ter como consequência o crescimen-to exagerado de algas, elevando-se o custo para o tratamento dessas águas, quando utilizadas para fins potáveis ou industriais;

Reúso de água – com o problema universal da escassez de água tem-se observado a preocupação em se reuti-lizar água, provinda dos esgotos trata-dos, em irrigação, descargas sanitárias, lavagem de pátios, fins industriais, etc. Com essa prática, além da redução na retirada de água do corpo d’água, tem-se uma redução de custos com a menor quantidade de água consumida.

No Brasil, novos sistemas vêm sendo empregados para efetuar o tratamento terciário de efluentes. Trata-se de um sistema desenvolvido a partir da apli-cação de um reator anaeróbio de fluxo ascendente (tipo UASB), seguido de re-ator anóxico e por um sistema aeróbio com dois ou três estágios de aeração contendo leito fixo como suporte para o crescimento de bactérias. Uma outra técnica, porém mais cara, é a utilização de membranas de ultrafiltração, onde são removidos inclusive microorganis-mos patogênicos.

Paulo Henrique Sinelli Engenheiro Civil pela UFSCar e mestre pela Escola Politécnica da USP

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bibliotEcA

Livro sobre inspeção predial ganha segunda edição

O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE/SP) aca-ba de lançar a segunda edição do livro “Inspeção Predial – check up: guia da boa manutenção. A obra utiliza uma lin-guagem acessível a todos que trabalham no setor de inspeção com a finalidade de mostrar em que consiste a manutenção predial, que compreende um conjunto de serviços para conservação e recuperação da estrutura das edificações.

Editada pela Leud, a primeira edição rendeu bons resultados, o que impulsio-nou a reedição da obra. Foi necessária

uma revisão e inclusão de novas normas em vigência para atender as exigências do mercado.

Para esta nova publicação foram criados outros capítulos sobre acessi-bilidade e sustentabilidade, que trazem novas contribuições para a Engenharia, profissionais envolvidos na área, além de síndicos e administradores de con-domínios.

www.ibape-sp.org,[email protected]

Ao preparar sua ART, não se esqueça de preencher o campo 31 com o código 046. Assim, você destina 10% do valor recolhido para a AEAARP. Com mais recursos poderemos fortalecer, ainda mais, as categorias representadas por nossa Associação.

Contamos com sua colaboração!

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notAs & cuRsos

AEAARP26

NOVOS ASSOCIADOSIluminação e Design de Interiores

Abertas as inscrições para o curso de pós-graduação em Iluminação e Design de Interiores, em Ribeirão Preto.

Associados da AEAARP têm 10% de desconto no valor das mensalidades.

O curso é dirigido a graduados, es-pecialmente nas áreas de Arquitetura, Engenharia e Design de Interiores, além de iluminadores, fotógrafos, cenógra-fos e outros profissionais com curso superior.

Coordenação do curso: Jamile Tormann, arquiteta e urbanista, autora do livro Caderno de Iluminação: arte e ciência.

Arquitetura e UrbanismoKeila Fabri Fernando de Souza Freire Engenharia AgronômicaJuliana Moraes Boldini Tania Maria Araujo Domigues ZucchiEduardo Bendasoli Mendonça Engenharia AmbientalMariana Prado Goncalves Engenharia CivilCleide de Paula Leite PintoDaunar Mazzoni Campos Paulo Henrique Cruz Neiva de Lima Junior Engenharia de Produção - MecânicaEduardo Corpa Jorge Engenharia ElétricaRogerio Cesar Tirado Engenharia MecânicaCarlos Roberto Dias Ferreira Engenharia QuímicaGuillermo Santiago Abadia Martins Agronomia e afins – estudante Eduardo Augusto Fonseca Ivan Arquitetura e Urbanismo – estudanteCamila Ferreira Rodrigues Renata de Paula Fonseca Palladini

Patologia das estruturas de concreto

Curso oferecido pelo Instituto de Engenharia é voltado a arquitetos, en-genheiros civis, técnicos, tecnólogos e estudantes dessas áreas que atuem em projeto, execução, gerenciamento ou fiscalização de obras de concreto.

O instrutor do curso é Egydio Hervé Neto, engenheiro civil formado pela Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com formação complementar em Auditoria e Sistemas da Qualidade pelo INMETRO, diversos cursos de es-pecialização em Tecnologia de Concreto e suas aplicações pela ABCP e atuação em empresas de renome.

Serviço

Início de aulas: 14 de agosto.IPOG-Instituto de Pós-GraduaçãoEndereço: Rua Bernardino de Campos 1001, sala 1201Ribeirão Preto-SPFone: (16) 3023-9668 www.ipoggo.com.br

Serviço

Data: 28/07 a 29/07Horário: 19h às 23hInvestimento: R$ 180 associados do IER$ 240 não associadosLocal: Instituto de EngenhariaEndereço: Av. Dr. Dante Pazzanese 120, Vila Mariana, São Paulo-SP

O título Construção Passo a Passo da Editora PINI – especializada em construção, engenharia civil e arquitetura – acaba de ser lançado e já aparece como um dos best-sellers da PINI. O livro traz uma coletânea revisada de artigos técnicos ilustrados publicados nos 20 primeiros números da revista Equipe de Obra, editada pela PINI desde 2005. Estruturas, fôrmas, armaduras, impermeabilização, drywall, alvenaria, telhados, revestimentos, pisos, caixas d’água, instalações elétricas e hidráulicas são alguns dos

PINI lança Construção Passo a Passo

Livro apresenta sequências ilustradas com a execução de 40 diferentes serviços nas obras

temas abordados. A abordagem é didática, prática e direta. A publicação obedece a alguns princípios, como a boa técnica, o estímulo à inovação tecnológica e a defesa da segurança, saúde e higiene nos canteiros. Tem a função de auxiliar os profissionais da construção civil nas tarefas do dia-a-dia, contribuindo para a qualidade nas obras. Trata-se de um manual de consulta, uma ferramenta para tirar dúvidas e descobrir o jeito certo de executar diferentes serviços. Mais informações: www.lojapini.com.br .

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