Acobar stats 2012

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INDúSTRIA NáUTICA BRASILEIRA FATOS E NúMEROS 2012

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IndústrIa náutIca

BrasIleIra

FatOs e núMerOs 2012

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www.acobar.org.br

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FatOs e núMerOs 2012

IndústrIa náutIca

BrasIleIra

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ÍNDICE

APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO

A FROTA BRASILEIRA

ESTRUTURAS DE APOIO NÁUTICO

ESTALEIROS E FABRICANTES

DE EQUIPAMENTOS

COMÉRCIO

REGIÕES NÁUTICAS

ANÁLISE CONJUNTURAL

DESAFIOS E OPORTUNIDADES

A VISÃO DOS LÍDERES

METODOLOGIA

REFERÊNCIAS

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10

12

20

36

50

54

62

74

80

84

86

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Criado em 2011 e coordenado pela Secre-taria Estadual de Desenvolvimento Eco-nômico, Energia, Indústria e Serviços, o

Fórum Náutico Fluminense demonstrou ser ex-celente ambiente gerador de reflexão estratégi-ca a favor do Rio de Janeiro.

Desde o decreto estadual que reduziu para 7% o ICMS sobre a fabricação de embarcações de lazer no Estado, a indústria náutica tem mantido ritmo forte de crescimento, a taxas de 15% ao ano, mesmo no período pós-crise global, capaz de gerar cerca de 30 mil empregos.

Endossando a recomendação das demais insti-tuições que compõem o Fórum, o Governo do Estado apoia a concepção de um sistema de in-formações capaz de retratar o status econômi-co e tecnológico dos principais estaleiros, fabri-cantes de equipamentos e acessórios náuticos, prestadores de serviço, marinas e importadores do mercado náutico local e nacional.

Temos no Governo do Rio de Janeiro a certeza de que um novo referencial estatístico do setor náutico virá a robustecer ainda mais o nosso ex-pediente regular de formulação e execução de uma política estadual de desenvolvimento para este importante setor na economia local.

É nesse contexto que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indús-tria e Serviços do Governo do Estado do Rio de Janeiro apresenta a Pesquisa Indústria Náutica Brasileira – Fatos & Números 2012, com a con-vicção de que este instrumento de informação estratégica irá orientar, não apenas no Rio de Janeiro mas em todo o território nacional, uma correta e adequada tomada de decisão por par-te dos agentes públicos e privados, com reflexos significativos no fortalecimento da competitivi-dade da base produtiva náutica e na elevação dos níveis de emprego e renda oriundos dessa indústria em escala regional e nacional.

Cezar Vasquez Diretor-superintendente do Sebrae/RJ

Julio Cesar Bueno Secretário de Estado de Desenvolvimento

Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Governo do Estado do Rio de Janeiro e Presidente

do Conselho do Fórum Náutico Fluminense.

O Estado do Rio de Janeiro concentra 24,2% da infraestrutura náutica nacional. É in-questionável o potencial do setor na ge-

ração de emprego, distribuição de renda e de-senvolvimento social. Também são evidentes as inúmeras possibilidades de negócios oferecidas às micro e pequenas empresas. Diante desse cenário, o Sebrae/RJ, em parceria com o Governo do Esta-do do Rio de Janeiro, representantes empresariais e instituições de apoio, ajuda na inserção competi-tiva de micro e pequenas empresas na cadeia pro-dutiva náutica fluminense.

A instituição atua, ainda, no estabelecimento de uma agenda positiva, capaz de conter as grandes metas transformadoras a serem estabelecidas e perseguidas em favor de micro e pequenos pro-dutores de embarcações de recreio e proprietá-rios de marinas e garagens náuticas. Um dos te-mas prioritários a serem cobertos pela agenda, por exemplo, diz respeito ao gargalo estrutural de in-formações desse setor. A Pesquisa Fatos & Núme-ros da Indústria Náutica Brasileira 2012 foi elabora-da em sintonia com os membros permanentes do Fórum Náutico Fluminense justamente para criar instrumentos sólidos de informações socioeconô-micas. Assim, poderá direcionar a priorização de projetos e ações do Sebrae/RJ e parceiros que ga-rantam resultados relevantes e mensuráveis.

Com isso, o Sebrae/RJ espera contribuir para elevar a competitividade das empresas do setor náutico e torná-lo uma alavanca de crescimento econômico, de modo a tornar o Rio de Janeiro o melhor lugar do Brasil para abrir e desenvolver micro e pequenos negócios da cadeia náutica.

APRESENTAÇÃO

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

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Associação Brasileira dos Construtores de Barcos - ACOBAR, e seus Imple-mentos acredita que o caminho para o desenvolvimento profissional do mercado náutico brasileiro passa pela formulação de políticas públicas e

associativas que, essencialmente, depende da coleta, organização e divulgação de informações completas, atuais e fidedignas sobre o mercado náutico, que ser-virão de referência para o processo de tomada de decisões empresariais incenti-vando e apoiando nossas cadeias produtivas.

Somente a transparência nos dados e a coerência na atuação da náutica enquan-to setor organizado fará com que sejam superados os entraves históricos que se interpõem à realização plena do potencial náutico do Brasil.

Nosso potencial é imenso e internacionalmente reconhecido, como evidencia o recente interesse de grandes empresas multinacionais do setor náutico em estabele-cer conexões no Brasil. A indústria nacional está diante de desafios e oportunidades igualmente inéditos, e para fazer frente a eles deve demonstrar sua capacidade de utilizar as ferramentas que o mercado exige: informação consistente, raciocínio es-tratégico e talento humano.

O PRIMEIRO PASSO ESTá DADO.

Por esta razão, nos congratulamos e expressamos nosso mais sincero agradeci-mento ao SEBRAE-RJ, ao Banco Santander e ao Fórum Náutico Fluminense que se engajaram na viabilização deste estudo que atende às necessidades e anseios de um setor que luta para se desenvolver e oferecer a um número cada vez maior de brasileiros a oportunidade de conviver com as maravilhas naturais deste país.

Eduardo Colunna Presidente da ACOBAR

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

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Desde 2005, quando a primei-ra edição deste estudo foi realizada, o mercado náuti-

co brasileiro passou por grandes mudanças, impulsionado por um movimento de expansão sem para-lelo na sua história.

Alavancadas por um crescimen-to da renda disponível no mercado interno, as vendas de embarcações novas atingiram patamares inéditos nos anos de 2008, 2009 e 2010. Nes-se cenário, a demanda se espalhou como uma onda: novos usuários ingressaram na base da pirâmide, adquirindo suas primeiras embar-cações, enquanto os consumidores que já possuíam lanchas e veleiros investiram em upgrades, adquirindo embarcações novas e usadas mais sofisticadas e de maior porte.

No mercado de embarcações de luxo e grande porte, topo dessa pirâ-mide de consumo, em que os prazos e o custo de capital para se adap-tar ao crescimento da demanda são muito maiores, abriram-se as portas para um grande número de marcas internacionais, que passaram a per-ceber o Brasil como um mercado de alto potencial, principalmente dian-te da crise econômica que afeta os países centrais, com destaque para a comunidade do Euro.

Esse ciclo de expansão alavancou não só a demanda por embarca-ções e acessórios, mas também por estruturas e serviços de apoio náu-tico, com reflexos em todo o Brasil. Centros náuticos surgiram e se mo-dernizaram no litoral e, principal-mente, no interior do País, onde um enorme potencial náutico começa a ser explorado de forma cada vez mais organizada e profissional.

Cada vez mais, o setor passa a ser percebido como um elo importan-te da cadeia produtiva da indústria do turismo, na qual as embarcações são bens de capital, não mais bens de consumo de luxo.

A expansão e a crescente formali-zação das atividades do setor origi-naram um grande número de novas empresas, várias delas de micro e pequeno porte, gerando empregos e renda, o que criou condições para uma racionalização na carga tributá-ria, com redução da alíquota de IPI e das alíquotas de ICMS em estados importantes como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Bahia.

No entanto, mesmo diante de um quadro tão auspicioso e um poten-cial sem paralelo no mundo, o setor náutico brasileiro ainda tem gran-des desafios e gargalos a superar em todos os pontos da sua cadeia produtiva inbound (produção e venda de embarcações) e outbou-nd (utilização das embarcações e serviços correlatos).

O Brasil, por seu clima e suas carac-terísticas geográficas, encerra um dos maiores potenciais náuticos do mundo. Para realizá-lo, é fundamen-tal que se criem condições de segu-rança institucional e de infraestrutura para suportar o crescimento do setor.

A continuidade do ciclo de expan-são observado nos últimos anos está condicionada à modernização das estruturas de apoio náutico, com a criação de novas marinas, garagens náuticas e iates clubes, como tam-bém de núcleos de formação e qua-lificação de mão de obra em todos os níveis; investimentos na estrutura de fiscalização e apoio à navegação de esporte e recreio; e redução da carga tributária incidente sobre a fa-bricação e a venda de embarcações.

Observadas essas condições, o Bra-sil conquistará o lugar a que tem direito entre os grandes centros náuticos do mundo, ao lado de pa-íses como Estados Unidos, Espanha,

INTRODUÇÃO

França, Itália, Austrália e Nova Ze-lândia, para citar os exemplos mais evidentes, onde a cadeia produtiva náutica é reconhecida como uma poderosa ferramenta de geração de emprego e renda, divisas inter-nacionais, inovação tecnológica e preservação do meio ambiente.

O primeiro passo dessa caminhada é apresentar ao Brasil o tamanho, a importância e o potencial desse se-tor. Esse é o propósito deste estudo.

O relatório Indústria Náutica Brasi-leira – Fatos & Números 2012 é uma iniciativa da Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos – Acobar, patrocinada pelo Sebrae-RJ e pelo Banco San-tander, e apoiada pelo Fórum Náu-tico Fluminense. Tem o objetivo de oferecer uma base de conhecimento sobre o status do mercado náutico brasileiro, seus principais agentes e os problemas, as ameaças e as opor-tunidades que se apresentam para o desenvolvimento do setor.

A coleta de dados foi feita por con-tato direto com as mais importantes empresas do mercado náutico brasi-leiro – inclusive as estruturas de apoio –, entre elas marinas, garagens náuti-cas, iates clubes, estaleiros, fabrican-tes de equipamentos e acessórios, varejistas, prestadoras de serviços e importadoras em atividade no Brasil.

Para complementar o estudo, fo-ram realizadas entrevistas pessoais com lideranças do setor e persona-lidades ligadas ao mundo náutico, às quais agradecemos imensamen-te a colaboração.

Marcio Malmegrin Independente Consultores

Outubro de 2012, Florianópolis, Ilha de Santa Catarina

27°39’40” S; 48°32’42” W

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

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A frota brasileira de embarca-ções de esporte e recreio acima de 16 pés compreende

um conjunto de aproximadamente 70.000 embarcações, entre lanchas e veleiros.

Para a elaboração deste estudo fo-ram visitadas 388 estruturas regu-lares de apoio náutico em todas as regiões do Brasil, incluindo o litoral dos estados das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, interior de São Pau-lo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e as ca-pitais dos estados de São Paulo, Amazonas e Pará. Essas estruturas representam 80% do universo de estruturas formais de apoio náutico em operação no Brasil, que totaliza cerca de 480 pontos.

Na coleta de dados em campo, jun-to a estas estruturas foram conta-bilizadas 29.996 embarcações a motor e 5.145 embarcações a vela maiores de 16 pés.

A partir destes valores foram proje-tados os totais de embarcações a motor e a vela abrigadas nas estru-turas formais de apoio náutico, que somam 40.574 e 6.430 unidades, respectivamente.

AFROTA

BRASILEIRA

Estudos realizados pelo Instituto de Marinas do Brasil apontam que es-truturas informais de apoio náutico abrigam uma quantidade equiva-lente a 20% das embarcações regis-tradas nas marinas regulares. Essas estruturas informais compreendem um conjunto de aproximadamente uma centena de pontos que incluem pátios de postos de combustível, restaurantes à beira-mar ou próxi-mos de cursos d´água, hotéis e lotes vazios espalhados por todo o País. Nestes locais pode-se encontrar uma parcela expressiva das embar-cações a motor com comprimento igual ou abaixo de 23 pés.

Existem, ainda, os proprietários que mantêm suas embarcações em suas próprias casas ou em poitas funde-adas em baías, rios, lagoas e ense-adas abrigadas, sem qualquer custo de locação de espaço ou guarda da embarcação. Esse tipo de alocação responde por uma parcela equiva-lente a 20% da frota e contém uma parcela expressiva das pequenas lanchas e veleiros de quilha.

12

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Abaixo, a distribuição das embarcações por estrutura:

lANChAS vElEIROS

EMBARCAçõES EM ESTRUTURAS REGUlARES 40574 6431

67687

EMBARCAçõES EM ESTRUTURAS IRREGUlARES 8115 1286

EMBARCAçõES ABRIGADAS EM CASA OU POITAS 9738 1543

TOTAl 58427 9261

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FatOs e núMerOs 2012

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DISTRIBUIÇÃO DAS ESTRUTURAS POR REGIÃODISTRIBUIÇÃO DAS ESTRUTURAS POR REGIÃO (%)

SU NE CO N0SE

120

100

80

60

40

20

0

VELA MOTOR

19%

25% 53%

48%

15% 5%1%

14%

8%

12%

DISTRIBUIÇÃO DA FROTA POR REGIÃO

A distribuição da frota de embarcações de esporte e recreio no Brasil obedece à seguinte proporção:

83,64%LANCHAS

16,36%VELEIROS

A exemplo do que foi registrado na edição de 2005 da pesquisa Indústria Náutica Brasilei-ra – Fatos & Números, predominam no mercado brasileiro as embarcações a motor, com quase 84% do total da frota, enquanto que a participação dos barcos a vela chega a 16,3%.

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

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Embarcações a Motor

Cerca de 60% das embarcações a motor têm até 26 pés, sendo que a categoria mais en-contrada nas estruturas de apoio náutico pesquisadas inclui as lanchas entre 20 e 26 pés.

Essa categoria de embarcação oferece conforto para até oito pessoas, condição boa de navegabilidade e segurança para utilização em águas costeiras e abrigadas, como baías, enseadas e lagoas, bem como em rios e lagos. Atualmente, o valor unitário (com motor) desse tipo de embarcação varia entre R$ 60.000,00 e R$120.000,00, dependendo do nível de sofisticação do modelo e da potência do motor.

SUL

DISTRIBUIÇÃO DELANCHAS POR TAMANHO (%)

15

A distribuição da frota por tamanho não é homogênea nas estruturas de apoio náutico nas diferentes regiões brasileiras.

Nas estruturas de apoio náutico pesquisadas na região Sul observa-se um perfil de frota mui-to semelhante entre os estados de Santa Catarina e Paraná, que compartilham condições de navegação e padrões de poder aquisitivo similar.

No caso do Rio Grande do Sul, a distribuição do tamanho da frota é influenciada pelo am-biente náutico do Estado, que inibe a utilização de embarcações de maior porte nas águas interiores e no litoral.

DISTRIBUIÇÃO LANCHAS POR TAMANHO

0,3ACIMA DE 75 PÉS

342 A 46 PÉS

1,951 A 60 PÉS

0,661 A 70 PÉS

3120 A 26 PÉS

17,827 A 32 PÉS

9,233 A 36 PÉS

5,137 A 41 PÉS 29,5

16 A 19 PÉS1,647 A 50 PÉS

60

50

40

30

20

10

0

16 A 19 PÉS

20 A 26 PÉS

27 A 32 PÉS

32 A 36 PÉS

37 A 41 PÉS

42 A 46 PÉS

47 A 50 PÉS

51 A 60 PÉS

61 A 75 PÉS

ACIMA DE 75 PÉS

RS SC PR

15

FATOS E NÚMEROS 2012

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Nas estruturas de apoio náutico da região Nordeste há uma frota com predominância das embarcações a motor entre 20 e 26 pés, com destaque para a alta diversificação de tamanhos, com participação de embarcações maiores nos estados onde a náutica conta com estruturas de apoio mais sofisticadas, como a Bahia e Pernambuco.

80

70

60

50

40

30

20

10

0

16 A 19 PÉS

20 A 26 PÉS

27 A 32 PÉS

32 A 36 PÉS

37 A 41 PÉS

42 A 46 PÉS

47 A 50 PÉS

51 A 60 PÉS

61 A 75 PÉS

ACIMA DE 75 PÉS

AL BA CE PB PE RN SE

NORDESTE

60

50

40

30

20

10

0

16 A 19 PÉS

20 A 26 PÉS

27 A 32 PÉS

32 A 36 PÉS

37 A 41 PÉS

42 A 46 PÉS

47 A 50 PÉS

51 A 60 PÉS

61 A 75 PÉS

ACIMA DE 75 PÉS

SP RJ ES MG

SUDESTE

Nos dados da região Sudeste nota-se um perfil semelhante de distribuição do tamanho das embarcações na frota nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. A expressiva partici-pação dos tamanhos menores no perfil de São Paulo representa a frota de embarcações de esporte e recreio baseadas nas águas interiores do Estado.

Já o perfil da frota do Espírito Santo é composto por embarcações de menor porte e alcan-ce, enquanto que em Minas Gerais a frota apresenta um perfil mais elitizado, apesar de ser numericamente menor que as frotas dos estados vizinhos.

16

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

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Entre as estruturas pesquisadas na região Centro Oeste observa-se maior variedade de tamanhos de embarcações em Brasília. No entanto, a pujança do mercado emergente da região se faz notar com a participação de embarcações acima de 27 pés nas frotas de Goiás e do Mato Grosso.

17

16 A 19 PÉS

20 A 26 PÉS

27 A 32 PÉS

32 A 36 PÉS

37 A 41 PÉS

42 A 46 PÉS

47 A 50 PÉS

51 A 60 PÉS

61 A 75 PÉS

ACIMA DE 75 PÉS

AM PA

70

60

50

40

30

20

10

0

Já na região Norte percebe-se a presença crescente das embarcações entre 20 e 26 pés, a exemplo do que acontece nas demais regiões. O ambiente náutico também favorece a participação de embarcações maiores, até 32 pés, no Amazonas e no Pará.

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

16 A 19 PÉS

20 A 26 PÉS

27 A 32 PÉS

32 A 36 PÉS

37 A 41 PÉS

42 A 46 PÉS

47 A 50 PÉS

51 A 60 PÉS

61 A 75 PÉS

ACIMA DE 75 PÉS

DF GO MT

CENTRO-OESTE

NORTE

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IndústrIanáutIca

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Veleiros

Mais de 50% dos veleiros encontrados na pesquisa de campo têm tamanho igual ou inferior a 26 pés, o que os torna adequados para navegação costeira e em águas abri-gadas como lagoas, rios, baías e enseadas.

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As estruturas de apoio náutico pesquisadas nos estados das regiões Sudeste e Sul abrigam as maiores flotilhas de veleiros do País e sediam grande parte dos eventos esportivos do iatismo nacional. Os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Santa Catarina e Brasília – DF reúnem 90% dos veleiros abrigados nas estruturas de apoio náutico pesquisadas.

DISTRIBUIÇÃO VELEIROS POR TAMANHO (%)

0,2ACIMA DE 75 PÉS

4,142 A 46 PÉS

0,951 A 60 PÉS

0,261 A 70 PÉS

21,520 A 26 PÉS

14,127 A 32 PÉS

10,733 A 36 PÉS

10,437 A 41 PÉS 35,6

16 A 19 PÉS2,347 A 50 PÉS

SU / 25,11%

SE / 48,70%

CO / 12,06%

NE/ 14,13%

NO/ 1,75%

DISTRIBUIÇÃO DEVELEIROS POR TAMANHO (%)

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FATOS E NÚMEROS 2012

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Estas estruturas são mantidas por empresas, em sua maioria de pequeno porte, cujo objeto

social inclui a prestação de serviços e a guarda de embarcações. Além de competirem entre si, estruturas de apoio mais simples e focadas no mercado de embarcações de me-nor porte concorrem com agentes informais que também disponibili-zam espaços para a guarda de em-barcações e acessos à água, como restaurantes, pousadas, postos de gasolina, hotéis, loteamentos e até lotes vazios.

No outro extremo da segmentação do mercado há um grupo de gran-des marinas altamente organizadas e estruturadas, oferecendo serviços e instalações de classe internacional.

Estas marinas funcionam como empreendimentos autônomos ou

como parte de operações hotelei-ras ou ainda de incorporações imo-biliárias de alto padrão. localizam-se nos pontos do litoral, onde se concentram os clientes com maior poder aquisitivo, e disponibilizam infraestrutura para receber, abri-gar ou reparar embarcações de esporte e recreio de grande porte. Também oferecem uma série de negócios complementares com produtos e serviço para este grupo de consumidores, agregando recei-tas significativas à operação como um todo.

Neste cenário, merecem destaque as marinas da região da Costa ver-de do Rio de Janeiro (Angra dos Reis, Parati e Mangaratiba), da Bai-xada Santista, em São Paulo, e as operações de alto nível mantidas em Salvador – BA e no litoral de Santa Catarina.

ESTRUTURAS DE APOIO NÁUTICO

O MERCADO BRASILEIRO CONTA COM CERCA

DE 480 ESTRUTURAS DE APOIO NÁUTICO

REGULARES QUE ESTÃO ESPALHADAS

PELAS CINCO REGIÕES DO PAÍS. DESTAS,

APROXIMADAMENTE 13% SURGIRAM NOS

ÚLTIMOS SETE ANOS E RESPONDEM POR

10% DAS VAGAS PARA BARCOS DISPONÍVEIS

NO MERCADO.

A REGIÃO SUDESTE CONCENTRA MAIS

DE 50% DESTAS ESTRUTURAS, EM

SEGUIDA APARECEM AS REGIÕES SUL E

NORDESTE, CONFORME O GRÁFICO AO LADO.

DISTRIBUIÇÃO DAS ESTRUTURAS POR REGIÃO (%)

SU

24,7

CO

5,4

NE

14,4

N0

1,5

SE

52,660

50

40

30

20

10

0

SERIES 1

DISTRIBUIÇÃO DASESTRUTURAS POR REGIÃO (%)

21

FATOS E NÚMEROS 2012

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Vagas disponíveis

Nas estruturas de apoio náutico regulares em todo o Brasil estão disponíveis aproxi-madamente 46.000 vagas para embarcações de esporte e recreio. Deste total, são oferecidas pouco menos de 39.000 vagas secas e cerca de 7.000 vagas molhadas.

A distribuição de vagas por região pode ser observada nos gráficos abaixo:

DISTRIBUIÇÃO VAGASSECAS POR REGIÃO (%)

DISTRIBUIÇÃO VAGASMOLHADAS POR REGIÃO (%)DISTRIBUIÇÃO VAGAS MOLHADAS POR REGIÃO (%)

SERIES 1

SU / 21,6

NO / 0,8

SE / 54,1

CO / 1,3

NE / 22,2

DISTRIBUIÇÃO VAGAS SECAS POR REGIÃO (%)

SERIES 1

SU / 21,7

NO / 4,1

SE / 54,8

CO / 7,8

NE / 11,6

22

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 23: Acobar   stats 2012

A disponibilidade de vagas molhadas é maior nos estados onde há a maior concentração de embarcações de maior porte: Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Santa Catarina, conforme o gráfico abaixo.

Valores

O valor mensal cobrado para a locação de vagas nas estruturas de apoio náutico é, via de regra, proporcional ao tamanho das embarcações e calculado em Reais por pé (unidade de comprimento equivalente a 30,48cm) por mês.

Em média, os brasileiros gastam R$28,60/pé/mês para a guarda de embarcações em vagas secas e R$26,50/pé/mês para a guarda de embarcações em vagas molhadas. Estes valores, respectivamente equivalentes a US$14,10 e US$13,07 (pelo câmbio oficial de 24/09/12), são próximos da média praticada por estruturas de apoio náutico dos Estados Unidos e da Austrália (US$15,95), segundo levantamento do Instituto de Marinas do Brasil e do ICOMIA.

Os valores cobrados nas estruturas de apoio náutico variam de acordo com a demanda por vagas na região, a localização e a facilidade de acesso, além do nível de sofisticação da infraestrutura e dos serviços disponibilizados, conforme os gráficos abaixo:

DISTRIBUIÇÃO VAGAS MOLHADAS POR ESTADO (%)

DISTRIBUIÇÃO DAS VAGAS MOLHADAS POR ESTADO

TOTAL VAGA MOLHADA

40

35

30

25

20

15

10

5

0RS

5,2

PR

5,4

SP

17,1

BA

16

RJ

35,7

ES

1

PB

0,7

AM

0,7

MG

0,3

MT

0,1

AL

0,1

PA

0,1

RN

0,2

DF

1,1

CE

2,1

SC

11,4

GO

0

SE

0

PE

2,6

BRASIL / 28,6 SU / 20,1 SE / 32,6 CO / 33,5 NE / 25,7 N0 / 22,9

35

30

25

20

15

10

5

0

VALOR MÉDIO POR PÉ - VAGAS SECAS POR REGIÃO (R$)

SERIES 1

VALOR MÉDIO POR PÉVAGAS SECAS POR REGIÃO (R$)

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FATOS E NÚMEROS 2012

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BRASIL / 26,5 SU / 17,8 SE / 30,2 CO / 31,4 NE / 24,5 N0 / 23,9

35

30

25

20

15

10

5

0

VALOR MÉDIO POR PÉ - VAGAS MOLHADAS POR REGIÃO (R$)

SERIES 1

Empregos

As estruturas de apoio náutico no Brasil empregam aproximadamente 7.000 trabalha-dores diretos e cerca de 5.000 trabalhadores temporários que são contratados duran-te os períodos de maior movimento. As marinas são, ainda, a base de trabalho de cerca de 9.000 marinheiros particulares e seus auxiliares: funcionários contratados e pagos pelos proprietários de embarcações de médio e grande porte.

A maior parte destes trabalhadores encontra-se na região Sudeste, que concentra o maior número de estruturas de apoio náutico e as maiores estruturas do mercado, ofe-recendo um extenso mix de serviços para os seus usuários.

VALOR MÉDIO POR PÉVAGAS MOLHADAS POR REGIÃO (R$)

PARTICIPAÇÃO TOTALDE TRABALHADORES DO SETORPARTICIPAÇÃO TOTAL DE TRABALHADORES DO SETOR

SE / 65,9%

SU / 16,7%CO / 4,7%

NO/ 2,4%NE / 10,4%

SERIES 1

24

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 25: Acobar   stats 2012

Salário

O salário médio oferecido pelas estruturas de apoio náutico no Brasil é de R$927,90. Porém, no Rio de Janeiro, que é o mercado mais sofisticado do Brasil em termos de serviços e estruturas de apoio náutico, o salário médio é 53% superior à média nacional.

SALÁRIO MÉDIO POR ESTADO

SERIES 1

1600

1400

1200

1000

800

600

400

200

0RS

963

PR

1282,3

SP

1036,9

BA

859,5

RJ

1419,2

ES

1312,5

PB

691,2

AM

1263

MG

863

MT

1000

AL

693,8

PA

1052

RN

805,2

DF

1098,3

CE

1048,8

SC

1315,5

SE

665

PE

776,9

GO

1075

SALÁRIO MÉDIOPOR ESTADO

25

FatOs e núMerOs 2012

Page 26: Acobar   stats 2012

ESTRUTURAS QUE OFERECEM SERVIÇOABASTECIMENTO DE GASOLINA (% POR REGIÃO)

ESTRUTURAS QUE OFERECEM SERVIÇO ABASTECIMENTO DE GASOLINA (%POR REGIÃO)

TERCERIZADO

PRÓPRIO

NÃO POSSUI

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0SUBRASIL

9,7

24

66,3

9,4

29,2

61,5

11,8

21,6

66,7

0

28,6

71,4

7,1

19,6

73,2

0

50

50

SE CO NE NO

66,3

24

9,7

61,5

29,2

9,4

66,7

21,6

11,8

73,2

19,6

7,1

50

50

71,4

28,6

Abastecimento e segurança

O alcance das embarcações, a segurança e a qualidade da experiência náutica em uma determinada região estão diretamente relacionados à existência de uma rede de estru-turas de apoio náutico que ofereça abastecimento de combustível e água doce, além de suporte em caso de emergência.

Em todas as regiões estudadas são poucas as estruturas de apoio náutico que ofere-cem postos de abastecimento de combustível, como pode ser observado nos gráficos abaixo. Esta escassez é explicada, na maioria dos casos, pela dificuldade em obter licenciamento ambiental para a implantação de estruturas de abastecimento de deri-vados de petróleo em áreas próximos à costa ou a cursos d´água.

Paradoxalmente, a inexistência de postos oficiais e controlados pelas autoridades com-petentes aumenta o risco de contaminação durante a realização de operações impro-visadas de abastecimento.

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 27: Acobar   stats 2012

ESTRUTURAS QUE OFERECEM SERVIÇO ABASTECIMENTO DE DIESEL (%POR REGIÃO)

TERCERIZADO

PRÓPRIO

NÃO POSSUI

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0SUBRASIL

9,9

20,1

70

8,3

21,9

69,8

13,2

19,6

67,2

0

19

81

5,4

19,6

75

0

16,7

83,3

SE CO NE NO

70

20,1

9,9

69,8

21,9

8,3

67,2

19,6

13,2

75

19,6

5,4

83,3

16,7

81

19

ESTRUTURAS QUE OFERECEM SERVIÇO ABASTECIMENTO DE DIESEL (%POR REGIÃO)

DISPONIBILIDADE DE SERVIÇO RESGATE SALVATAGEM POR REGIÃO

No que se refere às estações de rádio-base e estruturas de salvatagem, observa-se uma disponibilidade muito maior nas estruturas de apoio náutico em todas as regiões do Brasil.

Este componente contribui para o aumento da segurança da navegação costeira. No entanto, a concentração geográfica das estruturas de apoio náutico em torno das ca-pitais (no caso dos estados do Nordeste) e em pontos isolados do litoral (no caso da região Sul), limita a eficiência desta rede de apoio aos navegantes.

ESTRUTURAS QUE OFERECEM SERVIÇO ABASTECIMENTO DE DIESEL (%POR REGIÃO)

TERCERIZADO

PRÓPRIO

NÃO POSSUI

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0SUBRASIL

4,4

74,7

20,6

5,2

75

19,8

4,4

76

19,1

0

66,7

33,3

5,4

71,4

23,2

0

AMBOS 0,3 0 0,5 0 0 0

83,3

16,7

SE CO NE NO

20,6

74,7

4,4

0,3

19,1

76

4,4

0,5

19,8

75

5,2

23,2

71,4

5,4

33,3

66,7

16,7

83,3

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FATOS E NÚMEROS 2012

Page 28: Acobar   stats 2012

Características das bases de apoio náutico no Brasil

Pequenas garagens náuticas são estru-turas que oferecem vagas cobertas e descobertas (galpão fechado ou aberto)

para barcos com carretas próprias, rebocadas por trator. Estas garagens incluem rampa de descida ou subida dos barcos, mas em muitos lugares a própria praia serve de rampa.

As instalações se resumem a um pequeno escritório, com depósito, lanchonete e sani-tários. Algumas apresentam área social, com churrasqueira e área sombreada. Em geral não possuem posto de combustível próprio. Muitas dessas garagens náuticas são apenas guarda-barcos e algumas estão localizadas em áreas com forte influência de maré, con-dicionando as saídas e retornos dos barcos a esse fenômeno físico.

Pelo pequeno número de barcos guardados, essas estruturas raramente alcançam uma re-ceita financeira suficiente para investir em apri-moramentos compatíveis com as exigências dos proprietários de embarcações de médio e grande porte. O diferencial que costumam ofe-recer é o atendimento ao cliente.

Marinas em geral são as estruturas que con-tam com vagas secas cobertas em um nível ou verticalizadas, até quatro níveis (empilha-mento de barcos com drystack); vagas molha-das, doca de combustível, rampa, equipamen-tos mais sofisticados para rápido lançamento ou recolhimento de barcos da água (travelift, forklift, carreta universal); estaleiro de serviços, lojas, restaurantes, bares, lavanderia, escola de vela, base de charter, estacionamentos para veí-culos, hotelaria, residencial, alojamento e refeitó-rio para marinheiros, centro de eventos etc.

A maioria das marinas no Brasil são privadas e se constituem num negócio similar a um ho-tel, no qual o hóspede é o barco. Geralmente, a principal receita de uma marina brasileira é originada pelo aluguel de vagas, que chega a representar 85% do faturamento bruto anual.

No entanto, algumas marinas – por suas carac-terísticas de localização (marina urbana, por exemplo) – atendem às demandas de público externo, que pode acessar o estabelecimento náutico para consumir em bares, restaurantes, lojas náuticas, aluguel de barcos, exposições de barcos, eventos sociais etc. Nesses casos, a receita anual agregada pode representar até 30% do faturamento da marina, diminuindo a dependência da receita do aluguel de vagas.

Atualmente, a demora e a dificuldade para apro-var a construção de uma nova marina fazem com que o mercado brasileiro conviva com uma enorme demanda reprimida de vagas para bar-cos, o que se torna um gargalo para a produção de embarcações de recreio. Isso também leva a tarifas muito altas de aluguel de vagas nas ma-rinas e nas garagens náuticas mais procuradas, acima inclusive do que é cobrado em outros pa-íses do hemisfério norte e da Oceania.

A falta de marinas influencia e estimula o mer-cado periférico, representado por milhares de velejadores em todo o País que deixam seus barcos em poitas, trapiches particulares, em milhares de residências, em especial nas águas interiores brasileiras; pelos píeres turísticos e/ou de pesca, nas baías e enseadas abrigadas, rios estuarinos etc.

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 29: Acobar   stats 2012

Iates Clubes geralmente mantêm vagas secas e/ou molhadas, doca de combustível, rampa, veleria, escola de vela, restaurante, salas de jo-gos, bares, lojas, área social, e estacionamento para veículos.

A maioria destes clubes se desenvolveu sem planejamento e ocupou o espaço físico de ter-reno e do espelho d´água conforme as neces-sidades e condições financeiras dos sócios.

Muitos expandiram suas instalações além do limite físico, gerando problemas de fluxo na operação náutica e no setor social. Uma mino-ria, como o Iate Clube de Santos, aumentou sua atuação instalando sub-sedes em outros muni-cípios, como Ilhabela, Parati e Angra dos Reis.

Entretanto, esses iates clubes – vários funda-dos na década de 40 – sobreviveram graças às atividades náuticas e à carência de vagas disponíveis, enquanto dezenas de clubes con-vencionais nas cidades vêm mostrando pouco fôlego para se manterem.

Os focos de investimento na melhoria da estrutura física e dos serviços

O foco mais recente de investimento nas es-truturas de apoio náutico organizadas tem sido na verticalização de vagas, substituindo o sistema convencional de garagens cobertas para barcos. Essa alternativa permite ocupar terrenos com menor espaço, multiplicando o número de vagas.

Da mesma forma, há crescente investimento em substituição de sistemas e equipamentos convencionais por outros mais avançados, tipo drystack, travelift, trailers hidráulicos, forklifts, pump-out, câmeras de segurança, automati-zação, informatização, energia solar, captação de águas, estações de tratamento, pisos com drenagem, sinalização e comunicação.

há uma melhoria de serviços em razão de pla-nejamento, investimentos em qualificação de mão de obra, treinamentos, cursos e conscien-tização ambiental, inclusive nos aspectos de segurança nas marinas, que estimulam – posi-tivamente – o comportamento dos usuários na condução de seus barcos.

29

FATOS E NÚMEROS 2012

Page 30: Acobar   stats 2012

Polos de maior crescimento no litoral e no interior do Brasil

Em todo o País percebe-se uma expansão gradativa e espontânea das atividades náuticas naquelas regiões nas quais se possam aprovar marinas. Neste cenário,

predominam as estruturas de pequeno porte: as garagens náuticas. Sua instalação é simples e rápida quando já existe um terreno em frente às águas calmas, com abrigo natural e protegido das ondas. Neste local constrói-se uma rampa ou usa-se a própria praia como acesso dos barcos à água.

Assim surgem núcleos embrionários com poucos barcos, que se desenvolve até atingir uma quantidade maior. Em lu-gares onde nunca se viu uma embarcação de recreio, esses núcleos atraem a curiosidade dos moradores e até de públi-co mais distante, que encontra “a solução” para guardar seu barco, ou então comprar um, pois terá onde deixar.

Na região Sudeste, que concentra a maioria das estruturas de apoio náutico, não houve lançamentos de marinas de maior porte nos últimos anos. As estruturas existentes estão sendo continuamente ampliadas no limite de suas capacida-des, para atender a demanda.

Em determinadas regiões do Sudeste, nota-se tendência de diminuição no número de barcos no mesmo espaço físico, pois os barcos maiores ocupam o lugar dos menores, às ve-zes tomando o espaço de duas vagas pequenas para acomo-dar um iate maior. Continua firme a preferência das marinas por clientes com barcos maiores.

Nas demais regiões do País há vários projetos em gestação, mas poucas realizações, com exceção da proliferação das garagens náuticas.

Alguns poucos planos contratados pelos governos estadu-ais e/ou municipais têm estimulado o empreendedorismo náutico, mesmo com o esforço para a formação de associa-ções regionais de marinas, buscando a conscientização dos governantes e dos órgãos que influenciam no licenciamento dessas estruturas.

Os Planos de Ordenamento Náutico são o início: estudos de planejamento do waterfront que resultam num diagnóstico para indicar os locais potenciais, os tipos de estruturas de apoio náutico e o que se deve fazer para viabilizá-las numa determinada região marítima ou em águas interiores.

Estes planos representam a referência básica para os entes públicos e a iniciativa privada entrarem em sintonia positiva na avaliação técnica, econômica, ambiental e social envol-vendo várias atividades além da navegação de recreio, tais como o transporte aquaviário, o turismo náutico, a pesca, a aquicultura, as reservas ambientais, as praias, os esportes náu-ticos, entre outros fatores que dividem o espaço nas águas.

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 31: Acobar   stats 2012

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FatOs e núMerOs 2012

Page 32: Acobar   stats 2012

Mercados e espaços ameaçados

As regiões que estão sofrendo degrada-ção ambiental afastam o usuário de barco de recreio, assim como turistas embarca-

dos. Por exemplo, hoje a represa de Guarapiran-ga, que já foi o berço de grandes velejadores e de vários iates clubes, está cercada por ocupações irregulares, que contaminam as águas e colocam em risco a saúde dos usuários náuticos.

A ocupação irregular das margens das represas e a falta de saneamento básico colocam em xe-que a atividade náutica, obrigando os donos de barcos de recreio a migrar para outras regiões.

Em regiões onde os entraves para a aprovação de marinas são endêmicos, como Florianópolis - SC, a atividade náutica se manifesta muito ti-midamente devido à falta de novas estruturas de apoio náutico.

Especificamente neste caso, a lagoa da Con-ceição – que tem limitações de espaço físico e baixa profundidade para a navegação de re-creio – está repleta de barcos grandes guar-dados em simples garagens náuticas ou em trapiches particulares.

Outro exemplo é a região do Saco da Ribei-ra, em Ubatuba - SP, que teve uma ocupação contínua e muito densa de vários tipos de estruturas na água, como o píer público de pesca, que concentra grande movimento náu-tico em seu entorno, em especial uma grande quantidade de poitas ao largo.

A falta de um planejamento inicial e a dificulda-de de aprovação de marinas no litoral paulista resultaram nessa concentração de píeres, mari-nas, iates clubes e barcos em poitas, disputan-do o espelho d´água de maneira desordenada e impactante.

No Pontal do Paraná, dezenas de garagens náuticas surgiram ao longo de um canal artifi-cial construído pelo governo para fins de dre-nagem e que deságua na baía de Paranaguá. A navegação dos barcos de recreio está con-dicionada a variação das marés, devido à bai-xa profundidade nesse estreito canal, onde se observam pontos de deterioração ambiental e intensa ocupação habitacional e náutica.

A superfície das águas da baía de Guanabara é afetada pelo descarte de lixo não degradável em vários pontos. Esses locais são evitados pe-los barcos de recreio, o que desvaloriza o patri-mônio náutico e a própria região.

Marinas nas águas interiores brasilei-ras, tendência irreversível que pode ajudar a definir um cenário melhor A atividade náutica registra um tímido avanço para aproveitar o potencial de milhares de quilômetros navegáveis nas bacias hidrográficas do País.

hidrovias, rios, lagos e represas formam um imenso “mar interior” com longas extensões na-vegáveis ultrapassando as fronteiras estaduais e até nacionais, aproximando culturas e interesses econômicos. Nestes locais o turismo náutico se insere como uma alternativa saudável, pacífica, não poluidora, geradora de riqueza e milhares de postos de trabalho, diretos e indiretos.

A hidrovia Tietê-Paraná é um dos mais notáveis cursos d´água, por sua extensão e em especial, por sua preservação ambiental em grande parte de seus limites. Atribui-se esta situação à exis-tência de grandes latifúndios produtivos e ao monitoramento da operadora do sistema, em sintonia com os órgãos ambientais dos estados de São Paulo e do Paraná.

Entretanto, a ocupação e o uso irregular das águas em alguns pontos às margens da hidrovia e dos rios a ela conectados é uma questão a ser evitada. Assim como ocorreu em grande parte do litoral brasileiro, a ameaça se dá na forma das constru-ções irregulares e usos antrópicos indevidos. Es-sas irregularidades são incompatíveis com a vida marinha, impactam e agridem a natureza, em es-pecial nas regiões portuárias e praias urbanas, es-tressando o meio ambiente e afastando as opor-tunidades de receber investimentos turísticos.

No ranking dos países com maior potencial de explorar “waterway” (espaço de águas interio-res navegáveis) a China lidera. A Rússia vem em segundo, o Brasil em terceiro e os Estados Uni-dos ficam em quarto lugar.

Os norte-americanos adotaram um programa na-cional de proteção de seu litoral e de suas águas interiores (“Sea Grant Program”), que abrange os Grandes lagos e mais de 11.000 lagos interiores acima de cinco hectares cada um.

No interior dos Estados Unidos existe um mi-lhão de barcos de recreio. A maioria deles está engajada voluntariamente nos programas para ajudar as autoridades a fiscalizar aspectos am-bientais relacionados com as águas, como a in-vasão de espécies exóticas de moluscos e plan-tas, além da denúncia de ocorrências de usos e ocupações irregulares nas margens e nas águas.

32

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 33: Acobar   stats 2012

Prevalece a consciência de preservação do meio ambiente onde esses velejadores e seus familiares passam seus melhores momentos de lazer. As marinas estão igualmente enga-jadas nesse programa, pois elas representam o local onde se “confinam” os usuários dos barcos, podendo lhes transmitir consciência ambiental e de prevenção a acidentes, manu-tenção de suas embarcações etc.

Esse case de sucesso pode ser adotado no Brasil, justamente através das marinas que estão surgindo nas águas interiores como grande novidade de opção de lazer e es-porte náutico. Afinal, as águas interiores não são salgadas nem têm a dinâmica marinha, portanto são passiveis de sofrer deterioração em médio prazo, conforme os impactos e as características da região.

NOME DO PAÍS vIAS DE NAvEGAçÃO (KM) ANO DE ESTIMATIvA

ChINA 110.000 2010

RÚSSIA 102.000 2009

BRASIl 50.000 2010

ESTADOS UNIDOS 41.009 2008

INDONÉSIA 21.579 2011

COlÔMBIA 18.000 2010

vIETNAM 17.702 2011

CONGO 15.OOO 2009

ÍNDIA 14.500 2008

BURMA 12.800 2008

ARGENTINA 11.000 2007

Fonte: Worldby Map

33

FatOs e núMerOs 2012

Page 34: Acobar   stats 2012

A necessidade do marco regulatório

O GT Náutico – coordenado pelo Ministério do Turismo – reúne vários ministérios, agências, au-

tarquias e secretarias, juntamente com representantes da iniciativa privada, que defendem os interesses do setor náuti-co, no qual as marinas estão Incluídas.

vários esforços são desenvolvidos para remover barreiras ao desenvolvimento do mercado náutico no País, incluindo a reformulação dos critérios de aprovação das marinas, que não foram planejados no passado, quando elas não existiam.

Nos primórdios da atividade náutica, apenas iates clubes eram aprovados por uma autorização especial do Presidente da República. As marinas foram surgin-do e cada aprovação era uma surpresa para o próprio governo, pela falta de um marco regulatório.

Nas últimas três décadas, o processo de regularização de uma estrutura de apoio náutico exigia reunir técnicos e adaptar estruturas de diferentes ministérios para avaliar a aprovação ou rejeição de uma marina, numa iniciativa dos órgãos de li-cenciamento ambiental.

Até os dias de hoje, os empreendedo-res e investidores de marinas empregam recursos e tempo consideráveis para desenvolver estudos e relatórios de im-pacto ambiental, sem parâmetros defi-nitivos estabelecidos para este fim.

A tributação excessiva sobre a impor-tação de equipamentos essenciais para a operação de estruturas modernas tais como forklifts, travelift, trailers hidráulicos, pump-outs, ainda sem similares no País que possam garantir a mesma segurança, durabilidade e qualidade alcançada pelos fabricantes estrangeiros, dado à expertise e décadas de estudo e investimentos de pesquisa nesse tipo de tecnologia.

A inexistência de um programa de desas-soreamento e fixação de barras de rios estuarinos, que perderam profundidade original para atender o acesso ou a saída de embarcações miúdas e médias, tanto de recreio quanto de pesca.

NESSA IMERSÃO PARA IDENTIFICAR AS DIFICULDADES E EXPECTATIVAS DO SETOR NÁUTICO HÁ CONSENSO NO GT NÁUTICO E REPERCUSSÃO NO MERCADO E NA SOCIEDADE DE QUE O BRASIL DEVE SOLTAR AS AMARRAS DA BUROCRACIA E APROVEITAR MELHOR SEUS RECURSOS NATURAIS PARA O TURISMO DA NAVEGAÇÃO DE RECREIO, QUE É UMA ATIVIDADE CONSAGRADA NA MAIORIA DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS.

Outras barreiras dificultam a viabilização de marinas:

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 35: Acobar   stats 2012

35

FATOS E NÚMEROS 2012

Page 36: Acobar   stats 2012

Estaleiros

Os estaleiros brasileiros especiali-zados na fabricação de embarca-ções de esporte e recreio ofere-

cem ao mercado uma gama completa de produtos que inclui desde caiaques, pran-chas a vela e motos aquáticas até iates de alto luxo, trawlers e veleiros de longo curso, capazes de dar a volta ao mundo.

Apesar de a atividade de construção na-val destinada ao esporte e recreio datar do início do século XX, somente na déca-da de 1960 surgiram as primeiras opera-ções industriais especializadas no setor, trabalhando a partir de encomendas e, posteriormente, formando os primeiros estoques de produtos acabados.

As iniciativas pioneiras tiveram origem nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, não por acaso os dois principais polos de geração de demanda no mer-cado nacional. Ali, as primeiras opera-ções se consolidaram e viabilizaram a expansão da náutica por diversos pon-tos do litoral e do interior do Brasil.

ESTALEIROSE FABRICANTES

DE EQUIPAMENTOS

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 37: Acobar   stats 2012

37

Page 38: Acobar   stats 2012

A partir da década de 1980, com o aumento da visibilidade da náutica no cenário brasileiro, houve um crescimento no número de estaleiros e o mercado pôde ob-servar o surgimento de novas operações industriais e novas marcas focadas na demanda crescente das regiões Sul e Nordeste do Brasil. Esse movimento foi refor-çado pelo crescimento e pela estabilidade econômica que tiveram lugar a partir de meados da década de 1990, com o advento do Real. Nesse período começaram a se desenvolver os embriões dos novos centros de produção náutica, que se consolidaram nos últimos vinte anos e se mantêm pujantes até o presente, entre os quais merecem destaque as regiões da Grande São Paulo, Baixada Fluminense e os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Alagoas e Pernambuco.

As regiões Sudeste e Sul concentram mais de 85% dos estaleiros, com destaque para os estados de São Paulo (35% do total de estaleiros), Santa Catarina (21% do total) e Rio de Janeiro (14%).

SU / 36%

SE / 52%

CO / 1%

NE/ 11%

PARTICIPAÇÃODISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

Em que pese a qualidade dos produtos desenvolvidos e construídos pelos estaleiros nacionais e a existência de movimentos incipientes dirigidos ao mercado externo, o principal foco dessas empresas é, sem dúvida, o mercado brasileiro, que se encontra em expansão e com perspectivas de continuidade para os próximos anos.

38

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 39: Acobar   stats 2012

No passado recente, merece destaque o início das operações no Brasil de estaleiros de origem eu-ropeia e norte-americana, que, confrontados com a crise econômica nos mercados de origem, vieram disputar uma fatia do crescente mercado brasileiro.

Atualmente, o mercado conta com cerca de 120 estaleiros formais em operação e que produzem embarcações de 16 pés ou mais, foco principal desta pesquisa. Nesse universo, 70% dos estalei-ros produzem apenas lanchas e 15% deles oferecem modelos de 50 pés ou mais. Os estaleiros dedicados apenas à produção de veleiros representam 13% do total, e o restante dos fabricantes oferece um mix de produtos variados que inclui infláveis, monotipos com tamanho inferior a 16 pés e até trawlers de lon-go curso, fabricados por encomenda.

logicamente, a construção e a comerciali-zação de embarcações maiores demandam expertise mais elevada e uma estrutura de capital mais robusta, que suporte o ciclo de produção, o que limita o número de competi-dores nessa faixa de mercado. Por essa razão, observa-se que a concorrência no mercado náutico é mais acirrada entre os fabricantes de embarcações menores, que oferecem mix de produtos semelhantes entre si.

Entre os estaleiros pesquisados que produ-zem lanchas movidas a motor de popa, temos a seguinte distribuição de modelos oferecidos ao mercado:

QUAIS SÃO OS TAMANHOS DE BARCOS A MOTOR DE POPA PROZUIDOS PELO ESTALEIRO?

2%42 A 46 PÉS

11%27 A 32 PÉS

54%20 A 26 PÉS

27%16 A 19 PÉS

6%33 A 36 PÉS

Entre os estaleiros que produzem lanchas movidas a motor de centro ou centro-rabeta, temos a seguinte distribuição de modelos oferecidos ao mercado:

QUAIS SÃO OS TAMANHOS DE BARCO COM MOTOR DE CENTRO PROZUIDOS PELO ESTALEIRO?

5%ACIMA DE 75 PÉS

10%42 A 46 PÉS

6%51 A 60 PÉS

6%61 A 70 PÉS

18%20 A 26 PÉS

30%27 A 32 PÉS

10%33 A 36 PÉS

10%37 A 41 PÉS

2%16 A 19 PÉS

3%47 A 50 PÉS

OS TAMANHOS DE BARCOS A MOTOR DE POPA MAIS PRODUZIDOS PELO ESTALEIROS RESPONDENTES SÃO 24, 16, 19 E 21 PÉS

OS TAMANHOS DE BARCOS A MOTOR DE CENTRO OU CENTRO-RABETAMAIS PRODUZIDOS PELOS RESPONDENTES SÃO 30, 35 E 26 PÉS.

39

FATOS E NÚMEROS 2012

Page 40: Acobar   stats 2012

Entre os estaleiros pesquisados que produzem veleiros, temos a seguinte distribuição de modelos oferecidos ao mercado:

É importante destacar que as característi-cas semiartesanais e altamente especiali-zadas do processo de fabricação de uma embarcação de esporte e recreio viabilizam a coexistência de estruturas produtivas de diferentes tamanhos dentro do mercado, sem prejuízo para a qualidade e competiti-vidade do produto final. Isso significa que pequenos estaleiros, que operam com pa-drões de qualidade de processo e produto, mantêm-se ativos no mercado e disputam

QUAIS SÃO OS TAMANHOS DE VELEIROS PROZUIDOS PELO ESTALEIRO?

5%ACIMA DE 75 PÉS

14%42 A 46 PÉS

5%61 A 75 PÉS

9%20 A 26 PÉS

14%27 A 32 PÉS

14%33 A 36 PÉS

5%37 A 41 PÉS

27%16 A 19 PÉS

9%47 A 50 PÉS

com produtos semelhantes fabricados por empresas de maior porte a preferência dos consumidores.

A alocação da força de trabalho nos estalei-ros pesquisados se concentra, pela ordem, na produção, seguida pela área administrativa, vendas, desenvolvimento de produto e pós-vendas, conforme pode ser observado nos gráficos abaixo.

OS TAMANHOS DE VELEIROS MAIS OFERTADOS PELOS ESTALEIROS SÃO 16, 28, 33 e 43 PÉS

FUNCIONÁRIOS PRODUÇÃOFUNCIONÁRIOS PRODUÇÃO

15,9% / ENTRE 21 E 30

26,9% / ENTRE11 E 20

11,5% / ENTRE 51 e 60

23,1% / ATÉ 10FUNCIONÁRIOS

11,5% / ACIMA DE 100

3,8% / ENTRE 71 e 80

3,8% / ENTRE 31 e 40

3,8% / ENTRE 41 e 50

40

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 41: Acobar   stats 2012

FUNCIONÁRIOS BACKOFFICE

84,6% / ATÉ 10 FUNCIONÁRIOS

7,7% /ENTRE11 E 20

7,7% / ENTRE21 E 30

FUNCIONÁRIOS PÓS VENDAS

80% / ATÉ 10FUNCIONÁRIOS

20% /ZERO

FUNCIONÁRIOS VENDAS

72% / ATÉ 10 FUNCIONÁRIOS

8% / ENTRE11 E 20

12% / ZERO8% / ENTRE

21 E 30

FUNCIONÁRIOS ADMINISTRATIVOS FUNCIONÁRIOS PÓS VENDAS

FUNCIONÁRIOS VENDAS

FUNCIONÁRIOS DES. PRODUTO FUNCIONÁRIOS DES. PRODUTO

80,8% / ATÉ 10 FUNCIONÁRIOS

3,8% / ENTRE11 E 20

11,5% / ZERO3,8% / ENTRE

21 E 30

41

FATOS E NÚMEROS 2012

Page 42: Acobar   stats 2012

Com relação ao nível de escolaridade dos funcionários, temos a seguinte distribuição nas empresas respondentes:

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

39%

22%

9%

13%

13%

4%

FUNDAMENTAL INCOMPLETO

ENSINO MÉDIO COMPLETO

SUPERIOR INCOMPLETO

SUPERIOR COMPLETO

PÓS-GRADUAÇÃO / MESTRADO

NÃO RESPONDEU

PRODUÇÃO

19%

19%

16%

46%

FUNDAMENTAL INCOMPLETO

FUNDAMENTAL COMPLETO

ENSINO MÉDIO COMPLETO

ENSINO MÉDIO INCOMPLETO

VENDAS

48%

9%

17%

13%

9%4%

ENSINO MÉDIO COMPLETO

SUPERIOR INCOMPLETO

SUPERIOR COMPLETO

DOUTORADO

PÓS-GRADUAÇÃO / MESTRADO

NÃO RESPONDEU

ADIMINISTRATIVO

38%

12%

31%

19%

SUPERIORCOMPLETO

SUPERIORINCOMPLETO

PÓS-GRADUAÇÃO /MESTRADO

ENSINO MÉDIO COMPLETO

PÓS VENDA

5%

9% 9%

45%

14%

4%

14%

FUNDAMENTAL INCOMPLETO

FUNDAMENTAL COMPLETO

ENSINO MÉDIO INCOMPLETO

ENSINO MÉDIO COMPLETO

SUPERIORINCOMPLETO

SUPERIORCOMPLETO

NÃO RESPONDEU

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

PRODUÇÃO

PÓS VENDA

VENDAS

ADMINISTRATIVO

ESCOlARIDADE MÉDIA FUNCIONáRIOS DIRETOS DOS ESTAlEIROS

42

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 43: Acobar   stats 2012

43

FatOs e núMerOs 2012

Page 44: Acobar   stats 2012

O que se reflete na remuneração média dos profissionais de cada setor:

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

9%

4%

4%

17%

44%

18%

4%

ENTRE 2 E 3*

ENTRE 3 E 5*

ENTRE 5 E 7*O

ENTRE 7 E 10*

ENTRE 10 E 15*

ENTRE 15 E 20*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

NÃO RESPONDEU

VENDAS

26%

18%

4%4%

31%

4%

4%9%

ENTRE 1 E 2*

ENTRE 2 E 3*

ENTRE 3 E 5*

ENTRE 5 E 7*

ENTRE 7 E 10*

ENTRE 15 E 20*

ACIMA DE 20*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

NÃO RESPONDEU

PRODUÇÃO

19%

15%

66%

ENTRE 1 E 2*

ENTRE 2 E 3*

ENTRE 3 E 5*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

ADIMINISTATIVO

4%

15%

8%

12%

42%

19%

ENTRE 2 E 3*

ENTRE 1 E 2*

ENTRE 3 E 5*

ENTRE 5 E 7*

ENTRE 7 E 10*

ENTRE 10 E 15*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

PÓS VENDA

4%

32%

4%

5%

32%

9%

14%

ENTRE 2 E 3*

ENTRE 1 E 2*

ENTRE 3 E 5*

ENTRE 5 E 7*

ENTRE 10 E 15*

ENTRE 15 E 20*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

NÃO RESPONDEU

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

VENDAS

PÓS VENDA

PRODUÇÃO

ADMINISTRATIVO

SAláRIO MÉDIO FUNCIONáRIOS DIRETOS DOS ESTAlEIROS

44

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 45: Acobar   stats 2012

Os funcionários mais qualificados e liga-dos às tarefas mais complexas trabalham no desenvolvimento de produtos e vendas. Essas são as carreiras que apresentam me-lhor remuneração dentro da estrutura mé-dia dos estaleiros brasileiros.

A construção naval de embarcações de es-porte e recreio é um processo altamente especializado e (até muito recentemente) de escala restrita, que demanda um alto padrão de qualidade de produto e proces-so, tendo em vista a garantia de segurança na utilização dos produtos e o nível de exi-gência do consumidor final. Por essa razão, as operações dos estaleiros tendem a ser fortemente verticalizadas; e a mão de obra

envolvida em todas as etapas do processo, altamente especializada. Por consequência, a mão de obra direta representa uma parcela de até 65% do custo final de fabricação dos produtos acabados na grande maioria dos es-taleiros.

Essa configuração, aliada à necessidade de amplos espaços para a construção de uma embarcação e à utilização de insumos de alto custo (muitos deles importados), faz com que a atividade de construção naval de embarca-ções de esporte e recreio seja altamente inten-siva em capital.

Fabricantes de equipamentos,peças e acessórios

Conforme exposto anteriormente, o pro-cesso de produção e a utilização de em-barcações de esporte e recreio demandam cada vez mais a utilização de equipamentos, componentes e acessórios especificamente desenvolvidos para a aplicação náutica. As exigências em termos de qualidade (inclusi-ve aparência) e durabilidade sob condições extremas de temperatura, umidade, exposi-ção à radiação solar, vento e água salgada fazem com que a produção desses bens seja cercada de cuidados e processos e envolva matérias-primas e insumos especialmente desenvolvidos para essas finalidades.

No Brasil, esse segmento industrial começou a tomar forma ao mesmo tempo em que surgiam os primeiros estaleiros especializa-dos em embarcações de esporte e recreio.

As primeiras velerias organizadas empre-sarialmente e especializadas em equipar embarcações de esporte e recreio surgi-ram na década de 1960.

Inicialmente, os estaleiros se viam obriga-dos a adaptar soluções a partir de peças e equipamentos desenvolvidos para ou-tras aplicações, ou recorriam a indústrias (principalmente metal-mecânicas e de termoplásticos) para a produção de itens sob encomenda para equipar suas em-barcações. Com o passar dos anos, linhas de produto específicas foram desenvol-vidas por indústrias de diversos setores, as quais também podiam ter aplicações náuticas. Esse tipo de configuração pode ser observado até hoje.

45

FatOs e núMerOs 2012

Page 46: Acobar   stats 2012

Na década de 1970, surgiram as primeiras empresas especializadas na produção de equipamentos e acessórios náuticos, dan-do início à consolidação do setor. As re-giões Sul e Sudeste, sede da maioria dos estaleiros brasileiros naquela época, foram o berço de grande parcela das empresas fabricantes de equipamentos e acessórios.

A partir da expansão da demanda por embarcações de esporte e recreio e da estabilidade macroeconômica observadas nos últimos 10 anos, nota-se a tendência de funcionários especializados de estaleiros darem início a novos negócios, focados no fornecimento de peças, acessórios e servi-ços, indicando uma reversão da tendência de verticalização do processo de produção e comercialização na indústria náutica.

É importante ressaltar que, apesar da evolu-ção e consolidação das empresas fabricantes de equipamentos, peças e acessórios no Brasil, o fornecimento de equipamentos e acessórios de alto valor agregado, cujas configurações ou processos produtivos implicam alta tecnologia ou larga escala industrial, como motores diesel de alto desempenho, equipamentos de teleco-municação e apoio à navegação por satélite, sistemas de telemetria, resinas e compósitos especiais, ainda é exclusividade de grandes empresas multinacionais, várias das quais com operações comerciais e industriais no País.

Atualmente, o processo industrial dos esta-leiros movimenta uma cadeia produtiva es-pecializada, em sua maioria composta por micro e pequenas empresas que fornecem partes e peças para as embarcações, como capotas e toldos, cabeamentos e instalações elétricas, para-brisas, metais, ferragens, ca-bos e âncoras, bem como serviços de apoio à produção, como assessoria na laminação de compósitos e gerenciamento de resídu-os. 50% dos estaleiros pesquisados traba-lham com mais de 40 fornecedores em sua cadeia produtiva.

QUANTAS EMPRESAS FORNECEM PRODUTOS E SERVIÇOS PARA O ESTALEIRO?

16,7%

50%

40 OUMAIS

DE 30A 40

DE 20A 30

DE 10A 20

DE 5A 10

DE 1A 5

0%0%

16,7%16,7%

NÚMERO DE FORNECEDORES POR ESTALEIRO

No que se refere à alocação da força de tra-balho, os fabricantes de equipamentos, pe-ças e acessórios náuticos acompanham a tendência observada nos estaleiros.

Nas empresas respondentes, a maior parte dos funcionários está alocada nas áreas de produção, enquanto que as remunerações mais elevadas são reservadas aos profissio-nais com mais educação formal e alocados geralmente no desenvolvimento de produtos.

46

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 47: Acobar   stats 2012

DESENVOL. PRODUTO

8%

17%

17%8%

50%

ENTRE 2 E 3*

ENTRE 3 E 5*

ENTRE 5 E 7*

ENTRE 7 E 10*

ENTRE 10 E 15*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

VENDA

15%

23%

31%

23%

8%

ENTRE 2 E 3*

ENTRE 3 E 5*

ENTRE 5 E 7*

ENTRE 7 E 10*

ENTRE 10 E 15*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

PRODUÇÃO

36%

8 %

56%ENTRE 2 E 3*

ENTRE 1 E 2*

ENTRE 3 E 5*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

ADIMINISTRATIVO

59%

8%

33%

ENTRE 2 E 3*

ENTRE 3 E 5*

ENTRE 5 E 7*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

POS VENDA

20%

10%

10% 10%

50%

ENTRE 2 E 3*

ENTRE 3 E 5*

ENTRE 5 E 7*

NÃO RESPONDEU / NÃO SE APLICA

ENTRE 10 E 15*

*SALÁRIOS MÍNIMOS

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

VENDA

PÓS VENDA

PRODUÇÃO

ADMINISTRATIVO

FABRICANTES DE EQUIPAMENTOS - SAláRIO MÉDIO FUNCIONáRIOS DIRETOS

47

FATOS E NÚMEROS 2012

Page 48: Acobar   stats 2012

48

IndústrIanáutIca

BrasIleIra

Page 49: Acobar   stats 2012

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

50%

8%

25%

17% ENSINO MÉDIO COMPLETO

SUPERIOR INCOMPLETO

SUPERIOR COMPLETO

PÓS-GRADUAÇÃO / MESTRADO

VENDA

38%

8%

54%

ENSINO MÉDIOCOMPLETO

SUPERIORCOMPLETO

SUPERIORINCOMPLETO

PRODUÇÃO

45%

9%

46%

FUNDAMENTALINCOMPLETO

ENSINO MÉDIOINCOMPLETO

ENSINO MÉDIOCOMPLETO

ADIMINISTRATIVO

34%

8%

8% 8%

42%

ENSINO MÉDIO COMPLETO

ENSINO MÉDIO INCOMPLETO

SUPERIOR COMPLETO

SUPERIOR INCOMPLETO

PÓS-GRADUAÇÃO / MESTRADO

PÓS VENDA

50%

10% 10%

30%ENSINO MÉDIO COMPLETO

ENSINO MÉDIO INCOMPLETO

SUPERIOR COMPLETO

NÃO RESPONDEU / NÃO SE APLICA

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

VENDA

PÓS VENDA

PRODUÇÃO

ADMINISTRATIVO

FABRICANTES DE EQUIPAMENTOS - ESCOlARIDADE MÉDIA FUNCIONáRIOS DIRETOS

49

FATOS E NÚMEROS 2012

Page 50: Acobar   stats 2012

50

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 51: Acobar   stats 2012

A rede de varejo que atende ao mercado náutico brasileiro é formada por lojas especiali-

zadas que se reúnem em torno das estruturas de apoio náutico e dos maiores centros consumidores do País, com destaque para as capitais e litoral das regiões Sudeste, Sul e Nordeste e também para os polos emergentes no interior.

Além disso, destacam-se os depar-tamentos de náutica de concessio-nárias de veículos e motocicletas, bem como grandes lojas agropecuá-rias e especializadas em caça e pesca, nos centros do agronegócio, onde a oferta de equipamentos náuticos de esporte e lazer surge como um up-grade das linhas de produtos ofereci-das originalmente, que incluíam ape-nas equipamentos voltados para usos comerciais e de transporte.

No total, temos cerca de 350 lojas especializadas em náutica no Brasil, as quais vendem embarcações de todos os tamanhos, além de aces-sórios, equipamentos e peças. A grande maioria dessas lojas pauta a

COMÉRCIOsua atuação pela segmentação ge-ográfica do mercado, ou seja, aten-de os consumidores da sua região de influência e concorre com as lo-jas da mesma praça.

Baseadas nos mercados mais con-solidados, estão lojas especializa-das em linhas de produtos específi-cas, como materiais de salvatagem, hélices e ferragens náuticas, tintas e equipamentos eletrônicos de te-lemetria e apoio à navegação. Essas lojas extrapolam os limites dos seus mercados regionais, atendendo consumidores finais e varejistas em todo o País, e também atuam como representantes exclusivas de linhas de produtos importados.

Apesar de atenderem clientes com bom poder aquisitivo e trabalha-rem com estoques diversificados, com centenas de itens, ainda são poucas as operações de varejo que se valem de ferramentas de tele-vendas, comércio eletrônico, ou vendas por catálogos.

51

FATOS E NÚMEROS 2012

Page 52: Acobar   stats 2012

Na comercialização de embarcações de maior valor unitário, observamos alguns modelos de negócios que ora concorrem, ora se complementam.

De um lado, estão as operações formais de varejo que abrigam estoques consigna-dos pelos estaleiros (geralmente mais de um) e também expõem aos consumidores um estoque de embarcações usadas, num modelo semelhante às revendas de auto-móveis “multimarca”; no outro extremo, estão os chamados dealers, operações comerciais estruturadas que operam em parceria com estaleiros (geralmente em regime de exclusividade) e que negociam a venda de embarcações produzidas por encomenda. No espaço entre essas estru-

turas, estão os agentes independentes, cha-mados brokers náuticos, que atuam como corretores especializados, assessorando o consumidor final na escolha, negociação, compra e venda de embarcações.

Os brokers têm um papel fundamental na dinâmica do mercado na medida em que também viabilizam a circulação do estoque de embarcações usadas, que frequentemen-te entram nas negociações como parte do pagamento de uma embarcação nova. No mercado de embarcações de maior porte e valor unitário, esses brokers atuam geral-mente em parceria exclusiva com um dealer, mas fazem parte de um network informal que cobre boa parte do litoral brasileiro.

74%

26%

79%

21%

79%

21%

FAZ VENDASPOR E-COMMERCE?

SIM SIM SIM

NÃO NÃO NÃO

FAZ VENDAS POR TELEMARKETING?

FAZ VENDASPOR CATÁLOGO?

Entre as empresas respondentes desta pesquisa, temos:

A MAIORIA DAS EMPRESAS NÃO FAZ VENDAS POR E-COMMERCE, TELEMARKETING OU CATÁLOGO

52

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 53: Acobar   stats 2012
Page 54: Acobar   stats 2012

Região Sudeste

A Região Sudeste é a mais próspera do Brasil, do ponto de vista econômico, e abriga os mais importantes centros de produção e utilização de embarcações de esporte e recreio do mercado nacional.

O litoral da região abriga os principais polos de turismo náutico do País e é do-tado de uma infraestrutura que não é encontrada em nenhuma outra parte do Brasil. O interior, por sua vez, conta com rios, lagos e represas nos quais a náutica é uma atividade cada vez mais frequente para a população.

O parque industrial e a estrutura de apoio ao turismo náutico que se desenvolveram na região alavancam uma parcela signifi-cativa do mercado náutico brasileiro e são foco das primeiras e bem-sucedidas ini-ciativas de atuação estratégica e fomento à cadeia produtiva do setor por parte dos governos estaduais e entidades setoriais.

REGIÕESNÁUTICASDO BRASIL

Rio de Janeiro

O Estado do Rio de Janeiro é o berço do primeiro centro náutico do Brasil. Na capi-tal, surgiram os primeiros clubes náuticos no início do século XX.

O litoral do Estado possui características excelentes para a navegação em embarca-ções de esporte e recreio: águas abrigadas e quentes, baías, lagoas, ilhas e enseadas abrigadas, além de paisagens naturais in-comparáveis.

Do ponto de vista náutico, o Estado do Rio de Janeiro pode ser dividido em três seg-mentos: a capital, abrangendo a Baía da Guanabara, a costa da cidade do Rio de Janeiro e Niterói; a Costa verde, ao sul, in-cluindo as cidades de Mangaratiba, Angra dos Reis e Parati; e ao norte a Região dos lagos, que vai de Maricá até Rio das Ostras.

54

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 55: Acobar   stats 2012

Cada um desses segmentos apresenta ca-racterísticas particulares e vocações distin-tas para a atividade náutica. A Costa verde apresenta um relevo recortado e a proximi-dade entre a Serra do Mar e o litoral, criando uma paisagem de grande exuberância na-tural e caracterizada por águas quentes e abrigadas, perfeitas para a navegação, onde a atividade náutica se desenvolveu como em nenhuma outra parte do Brasil.

Nessa região, observamos a maior concen-tração de embarcações de esporte e recreio do País, abrigadas nas mais bem organizadas estruturas de apoio náutico do mercado, que funcionam como empreendimentos autôno-mos ou como parte de operações hoteleiras ou incorporações imobiliárias de alto padrão.

Na capital, reúnem-se uma das paisagens mais belas do mundo e uma das cidades mais prósperas do Brasil. A atividade náu-tica, com mais de um século de história, va-le-se de uma série de estruturas de apoio náutico, como marinas, garagens náuticas e um conjunto de iates clubes de grande tra-dição no cenário nacional, de onde saíram

diversos campeões mundiais e olímpicos, a exemplo de Torben e lars Grael, Gas-tão Brun, Peter Tanscheit, Marcos Soares e Eduardo Penido, Alan Adler, Maurício Santa Cruz, entre vários outros.

A prática da pesca oceânica e da caça subma-rina também é muito desenvolvida na região.

A Região dos lagos abriga as cidades de Cabo Frio e Búzios, dois centros náuticos im-portantes para as atividades esportivas como o mergulho e a vela, devido às suas águas transparentes, ricas em peixes, e ao regime constante de ventos que predomina na região.

Apesar de o litoral menos abrigado oferecer uma condição mais difícil para navegação, a Região dos lagos é muito procurada por suas belezas naturais e possui uma estrutu-ra organizada de apoio náutico, com iates clubes, operadoras de mergulho, marinas e garagens náuticas.

55

FATOS E NÚMEROS 2012

Page 56: Acobar   stats 2012

Gravitando em torno dessas regiões, o Esta-do do Rio de Janeiro abriga parcela impor-tante da cadeia produtiva da indústria náu-tica brasileira, incluindo alguns dos maiores e mais tradicionais estaleiros, fabricantes de equipamentos e acessórios, prestadores de serviços e importadores do mercado nacional.

Atualmente, o Rio de Janeiro detém a maior frota de embarcações de esporte e recreio em atividade no País.

Esse conjunto de características faz com que o litoral do Rio de Janeiro atraia um grande número de turistas de todo o Brasil, com des-taque para os mercados de São Paulo e Mi-nas Gerais, e do exterior, ávidos por desfrutar uma experiência náutica de alto nível. Esses turistas, juntamente com a demanda gerada pela população do Estado, tornam o setor náutico um importante vetor de geração de emprego e renda e uma fonte expressiva de receitas para os cofres do Estado.

Diante desse quadro e das oportunidades que trarão a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com entida-des representativas da iniciativa privada e o Sebrae-RJ, organizou-se em torno do pro-jeto Rio Náutico para a formulação de uma “Agenda Positiva”que estabelece de forma concreta os desafios e as oportunidades do setor náutico fluminense; define as grandes metas transformadoras a serem estabeleci-das e perseguidas em favor do setor náutico fluminense; estabelece as prioridades estra-tégicas para o setor náutico fluminense e permite um acompanhamento do desenvol-vimento econômico desse setor; e chama a atenção para a importância de um enfrenta-mento positivo dos entraves que podem es-tar inibindo a conversão do setor náutico flu-minense em um setor competitivo em classe mundial.*

* Projeto “Rio Náutico - Agenda Estratégica”: 2011 SEBRAE/RJ: Glaudson Bastos, M.Sc; Werner Gripp, D.Sc. e Zoroastro Esteves (Consultores). – Rio de Janeiro: SEBRAE, 2011. 76 p. Relatório Final.

Esse projeto representa um novo paradigma na abordagem do desenvolvimento das re-giões náuticas brasileiras e apresenta uma referência para o setor em outros estados da Federação.

São Paulo

São Paulo é o estado mais rico e populoso da Federação. Representa 33,5% do PIB nacio-nal e possui 42 milhões de habitantes.

As primeiras iniciativas ligadas à náutica no Es-tado datam da década de 1930, quando imi-grantes europeus fundaram os primeiros iates clubes, às margens das represas próximas à capital, e, posteriormente, na Baixada Santista.

Atualmente a atividade náutica em São Pau-lo se distribui entre o litoral, a represa de Guarapiranga e diversos rios e reservatórios no interior do Estado.

No litoral, destaca-se a região da Baixada Santista, a apenas 80 quilômetros da capi-tal, onde encontramos as estruturas de apoio náutico mais organizadas do Estado, bem como uma importante rede de prestação de serviços ligados ao setor. Essas estruturas abrigam uma parcela significativa das em-barcações de grande porte e alto valor unitá-rio do mercado brasileiro.

Mais ao Norte, na região de São Sebastião / Ilhabela, desenvolveu-se um dos maiores po-los de iatismo de competição do Brasil, onde se realizam os eventos internacionais de vela mais importantes do cenário brasileiro, como a Semana Internacional de vela de Ilhabe-la, que acontece desde 1973. Nessa região, encontra-se uma grande flotilha de veleiros de cruzeiro e competição, além de embarca-ções a motor de diversos tamanhos. Porém, as severas restrições ambientais às constru-ções à beira-mar fazem com que pouquíssi-mas estruturas de apoio náutico ofereçam instalações adequadas para a guarda de em-barcações de grande porte na região, o que gera uma demanda reprimida por vagas.

A região contígua, ao norte de São Sebas-tião, abriga as cidades de Caraguatatuba e Ubatuba, onde também funciona um conjun-to importante de estruturas de apoio náu-tico, que abrigam veleiros oceânicos e em-barcações a motor de todos os portes. Tanto a região de São Sebastião como Caraguá e Ubatuba são pródigas em praias, baías, ense-adas abrigadas e ilhas, que se convertem em atrativos para um grande número de turistas interessados na atividade náutica.

56

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 57: Acobar   stats 2012

Em comparação com a região da Baixada Santista e com a região do litoral norte, a re-gião sul do litoral paulista ainda é incipiente do ponto de vista da atividade náutica, ape-sar de oferecer algumas estruturas de apoio náutico tradicionais. Esse fato pode ser expli-cado, em parte, pelo fato de essa faixa litorâ-nea apresentar um relevo menos recortado e pródigo em baías e águas abrigadas.

Na capital paulista, fica a Represa do Guara-piranga, um reservatório que, apesar do seu tamanho relativamente acanhado (26 quilô-metros quadrados), abriga um conjunto ex-pressivo de estruturas de apoio náutico vol-tadas a embarcações de pequeno porte, que inclui alguns dos mais tradicionais e impor-tantes iates clubes do Brasil. Nas águas de Guarapiranga, surgiram grandes nomes do iatismo brasileiro, inclusive campeões mun-diais e olímpicos, como Joerg Bruder, Alex Welter e lars Bjorkstrom, Reinaldo Conrad e, mais recentemente, Robert Scheidt.

O interior do Estado de São Paulo, região de grande prosperidade econômica e detentora de alguns dos maiores índices de potencial de consumo do mercado brasileiro, possui vários centros náuticos de pequeno e médio porte, em represas e ao longo dos rios, com destaque para a hidrovia Tietê-Paraná. Nes-ses locais, predomina a utilização de embar-cações a motor com até 26 pés.

Os polos mais importantes estão situados às margens do Rio Tietê, na região que abrange as cidades de Barra Bonita, Bauru, Pederneiras e Jaú, bem como às margens das represas de Jurumirim (Avaré e Paranapanema), Atibainha (Nazaré Paulista), Jaguari (Bragança Paulista) e Paraibuna. Merece destaque o crescimento da atividade náutica na região noroeste do Es-tado de São Paulo, na cidade de Rifaina e muni-cípios vizinhos, que atrai usuários da região de Ribeirão Preto, Franca e até de Uberaba (MG).

A força da demanda náutica em São Paulo fez com que um conjunto de estaleiros especiali-zados em embarcações de esporte e recreio surgisse na Grande São Paulo e no interior do Estado, incluindo as maiores operações indus-triais de construção de embarcações de grande valor unitário, o que levou ao desenvolvimento de uma ampla cadeia de fornecedores de ser-viços, equipamentos e acessórios para o setor. Atualmente, São Paulo concentra cerca de 35% das indústrias náuticas em operação no Brasil.

Como consequência dessa concentração, São Paulo também abriga as mais importantes operações de varejo e prestação de serviços ligadas à náutica no mercado brasileiro.

Espírito Santo

O litoral do Espírito Santo é formado por 15 muni-cípios e possui 411 quilômetros de extensão.

Reconhecido como um centro náutico emergen-te, com ênfase na pesca oceânica e no mergulho, o Estado conta com uma rede de estruturas de apoio náutico, principalmente em torno da região metropolitana de vitória, onde merece destaque o Iate Clube do Espírito Santo.

A pesca de mar azul, praticada tradicional-mente na região, movimenta uma estrutura de prestação de serviços que inclui a locação de lanchas e a organização de expedições focadas na captura de peixes de bico, atraindo aficiona-dos de todas as partes do Brasil e do exterior.

Campeonatos atraem pescadores de todo o mundo e movimentam a economia das cidades do litoral capixaba. O Brasil abriga a melhor re-gião natural para a pesca do marlim-azul, e o Espírito Santo detém dois recordes mundiais fisgados em seu litoral: um marlim-azul de 636 quilos e um marlim-branco de 82,5 quilos.

PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS

UF/Participação % RJ SP MG ES PR SC RS GO DF MT BA AL SE PE PB RN CE AM PA

PIB Brasil* 12 33 9 2 6 4 7 2,7 4 2 4 0,7 0,6 2,5 0,9 0,9 2 1,5 1,8

Estaleiros 15,5 35 1 0 5 21 10 1 0 0 2 2 1 4 1 0 1 0 0

Frota 25 24 1,5 1,5 6 9,5 6 0,5 6 1 6 1 1 4 3 1 1 1,5 0,5

Estruturas de 24,2 26,8 0,6 1 8,5 12 4,3 1 4 0,5 4,5 1 0,5 3,5 3 1 1 1 0,5

Apoio Náutico

*IBGE 2009

PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS (%)

57

FATOS E NÚMEROS 2012

57

Page 58: Acobar   stats 2012

Minas Gerais

Único estado da Região Sudeste desprovido de acesso ao mar, Minas Gerais ganha destaque pelo crescimento de um polo náutico emergen-te na região sul do Estado, no lago da represa de Furnas. Ali, uma série de condomínios de alto padrão instalados às margens do reserva-tório deu origem a clubes e estruturas de apoio náutico que abrigam um número crescente de embarcações, algumas com mais de 36 pés.

A demanda da região espelha uma tendência de expansão da náutica no interior do Brasil e que deu origem a estaleiros focados nesse ni-cho de mercado.

Região Sul

A Região Sul abriga um dos mais tradicionais e ativos polos náuticos do Brasil e se destaca por apresentar a segunda maior concentração de estaleiros e fabricantes de equipamentos e acessórios náuticos do mercado nacional, além de um grande número de estruturas de apoio náutico, que incluem alguns dos mais tradicio-nais iates clubes do País, como o Clube Náutico veleiros do Sul, o Iate Clube de Santa Catarina e o Clube dos Jangadeiros.

Nesses clubes, surgiram grandes nomes do iatismo de competição no Brasil, entre eles diversos campeões mundiais em suas classes de veleiros monotipos, além de tripulantes premiados internacionalmente em grandes competições de vela oceânica.

O alto nível de desenvolvimento econômico e social da região e a forte influência cultural da colonização europeia contribuem para que o sul do Brasil apresente a maior proporção de em-barcações de esporte e recreio por habitante no País.

Santa Catarina

O eixo da BR-101, em Santa Catarina, é o polo náutico mais importante da região e o terceiro maior do Brasil, atrás apenas do litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo. A região abriga mais de 50 estruturas de apoio náutico, que incluem ia-tes clubes, garagens náuticas, hotéis, empreen-dimentos imobiliários e marinas de alto padrão. As razões para o desenvolvimento náutico des-sa região incluem uma série de fatores, como:

- O relevo do litoral catarinense, que oferece baías, ilhas, lagoas, penínsulas e enseadas abrigadas, favore-cendo a navegação costeira, além de belezas naturais que atraem um grande número de turistas. - Polos importantes de turismo receptivo e vera-neio, nos quais o mar é o grande atrativo, como Balneário Camboriú, Florianópolis e Porto Belo, destinos tradicionais para brasileiros e turistas do Mercosul.

- Cidades grandes e prósperas num raio de 500 quilômetros, que representam centros de gera-ção de demanda, como Porto Alegre, Curitiba, Ponta Grossa, Caxias do Sul, Florianópolis, Blu-menau e Joinville.

- Regime constante de ventos ao longo do ano, o que favorece a navegação a vela.

Não por coincidência, encontra-se nessa mesma região o segundo maior polo industrial náutico do Brasil, onde estão instalados mais de 20 esta-leiros, em sua maioria especializados na constru-ção de lanchas com tamanhos que variam entre 19 e 80 pés. Além da demanda gerada localmen-te, essas empresas têm participação importante no mercado nacional, sendo líderes em volume de vendas em diversos segmentos.

Do ponto de vista esportivo, o Estado de San-ta Catarina (e Florianópolis, com mais ênfase) se destaca como uma das melhores raias para rega-tas do Brasil e como polo de formação de talen-tos do iatismo que alcançam projeção internacio-nal, como André Fonseca, Bruno Fontes, horácio Carabelli, Matheus Dellagnelo, entre outros.

Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul abriga um polo náutico tradicional e respeitado em todo o Brasil, que reúne pelo menos 15 estaleiros especializados na construção de lanchas e também veleiros de alto desempenho. Em sinergia com esses estaleiros, desenvolveu-se no Rio Grande do Sul o terceiro maior polo de fabricação de equipamentos e aces-sórios náuticos do Brasil, que só perde em varieda-de para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. No estado gaúcho, atua um grupo de fabricantes náuticos que inclui velerias, fabricantes de cabos e cordas, e indústrias metal-mecânicas especializa-das em ferragens náuticas, mastros para veleiros e peças de reposição.

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 59: Acobar   stats 2012

A exemplo do que acontece em Santa Catari-na, desenvolveu-se no Rio Grande do Sul um importante e tradicional polo de formação de talentos do iatismo de competição, que desta-ca nomes como Boris Ostergren, Nelson Picco-lo, Alexandre e Marco Aurélio Paradeda, Nelson Ilha, entre vários outros.

As estruturas de apoio náutico no Rio Grande do Sul estão instaladas, em sua maioria, nas águas interiores do estuário do Rio Guaíba, onde se localiza a cidade de Porto Alegre, e na lagoa dos Patos, onde encontramos centros náuticos tradicionais, como Pelotas, São lou-renço, Tapes e Rio Grande.

O litoral gaúcho é conhecido por oferecer condi-ções árduas para a navegação, devido ao regime de ventos fortes, mar grosso e pouca profundida-de próximo da costa, e é desprovido de baías ou abrigos naturais para embarcações, o que restrin-ge a sua atratividade e uso para esporte e recreio. Essas características fazem com que uma parcela importante dos gaúchos aficionados pela náutica tenham embarcações baseadas em estruturas de apoio náutico de Santa Catarina e até no balneá-rio uruguaio de Punta del Este.

Paraná

A exemplo do que acontece nos demais estados da Região Sul, o Paraná tem sua náutica desen-volvida e estruturada desde meados do século XX, quando foram criados o Iate Clube de Gua-ratuba e o Iate Clube de Caiobá, localizados nos pontos mais valorizados do litoral paranaense.

Os clubes e as demais estruturas de apoio náu-tico que se desenvolveram no litoral do Estado, em cidades como Pontal do Paraná, Paranaguá, Antonina e Morretes, têm como público principal os moradores da região de Curitiba e das regiões mais próximas. O foco de utilização das embar-cações abrigadas nessas estruturas é a baía de Paranaguá e seu entorno, que inclui pontos como a Ilha do Mel e a Reserva do Superagui.Cabe destacar que a atividade náutica ganhou força nos reservatórios e rios no interior do Es-tado, em consequência do ciclo de expansão da agroindústria, que alavancou a economia da região e promoveu o crescimento do mercado de consumo nas últimas décadas. As ativida-des náuticas, que antes se limitavam à pesca em embarcações de pequeno calado, sofis-ticaram-se e oportunizaram o surgimento de estruturas de apoio náutico na forma de iates clubes, negócios independentes ou como parte das facilidades oferecidas por empreendimen-tos imobiliários na região.

Esse movimento teve início no reservatório do lago de Itaipu, e mais recentemente se expan-diu por outras regiões do Estado, ao longo dos rios Paraná, Paranapanema, Iguaçu, entre ou-tros, e em reservatórios como a represa dos Alagados, próxima à cidade de Ponta Grossa, a de Capivara, próxima à cidade de Sertaneja, e Salto Osório, em águas de Iguaçu.

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FatOs e núMerOs 2012

Page 60: Acobar   stats 2012

Região Nordeste

Reconhecida internacionalmente por suas be-lezas naturais e pelo seu clima ensolarado e quente durante todo o ano, a Região Nordeste do Brasil desenvolveu seu potencial náutico ao longo dos últimos anos, através de um movi-mento de ampliação da capacidade das estru-turas de apoio náutico estabelecidas, em sua maioria, nas capitais dos estados da Região.

Estaleiros locais detêm fatia importante da demanda por embarcações no mercado do Nordeste e, atentos à demanda por embarca-ções maiores, ampliaram as linhas de produtos, oferecendo mais opções de maior porte e, com isso, fortalecendo sua posição no mercado.

Os estaleiros em operação nos estados de Pernambuco e Alagoas possuem os maiores volumes de produção na região e atualmente oferecem um amplo mix de produtos, que in-clui lanchas de proa aberta, direcionadas pre-dominantemente ao seu mercado primário, e embarcações cabinadas de médio e grande porte, oferecidas também para clientes de ou-tras regiões do País.

Merece destaque, ainda, a produção de trawlers de luxo no Ceará, embarcações des-tinadas principalmente ao mercado externo.

A exemplo do que ocorre nas demais regiões do Brasil, a produção dos estaleiros do Nordeste é um processo com grande grau de verticaliza-ção, devido à falta de fornecedores de equipa-mentos e serviços específicos para a constru-ção e comercialização de embarcações.

O crescimento do número de embarcações em atividade no Nordeste e no tamanho des-sas embarcações teve reflexos importantes sobre as marinas e iates clubes da região. Observou-se um crescimento do número de estruturas de apoio náutico na ordem de 10% nos últimos sete anos, ao passo que 50% das estruturas de apoio náutico que existiam no litoral da região antes de 2005 passaram por

reformas ou ampliaram sua capacidade de atendimento. Cabe ainda destacar que a ten-dência de crescimento (tanto na quantidade como no tamanho das embarcações) se man-tém para o futuro próximo, uma vez que mais de 65% das estruturas de apoio náutico pes-quisadas têm planos para ampliação da sua capacidade física nos próximos dois anos.

Marinas com vagas molhadas compõem 30% das estruturas de apoio náutico na Região Nordeste, ao passo que as restantes oferecem apenas estruturas de hangar para a guarda das embarcações.

Na maioria dos estados do Nordeste, as es-truturas de apoio náutico estão concentradas junto às regiões metropolitanas das capitais, onde se localizam os maiores centros gerado-res de demanda. Esse fato, aliado à predomi-nância de embarcações a motor de compri-mento igual ou inferior a 30 pés, faz com que a experiência náutica na região seja limitada à realização de passeios em um raio de até 25 milhas náuticas do ponto de partida, tendo em vista as limitações de autonomia dessas embarcações e a inexistência de postos de re-abastecimento, estrutura de salvatagem maríti-ma e estações radiobase de longo alcance.

A exceção a essa regra é o Estado da Bahia, onde há embarcações de maior porte e uma estrutura de apoio náutico espalhada pela re-gião da Baía de Todos-os-Santos e de Cama-mu, Morro de São Paulo e, mais ao sul, Ilhéus e Porto Seguro.

Merece destaque o fato de o Governo da Bahia manter um programa agressivo de incentivo ao turismo náutico, fomentando a produção e comercialização de embarcações, acessórios e equipamentos, a prestação de serviços e o de-senvolvimento da estrutura de apoio náutico no estado através da isenção de impostos esta-duais e ações de planejamento estratégico, em parceria com a Universidade Federal da Bahia e o Ministério do Turismo.

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 61: Acobar   stats 2012

Regiões Norte e Centro-Oeste

As regiões Norte e Centro-Oeste represen-tam os novos mercados da náutica no Brasil e estão revelando um grande potencial de crescimento para os próximos anos.

Apesar da tradição do polo náutico de Bra-sília, que concentra uma grande quantidade de embarcações de pequeno e médio porte às margens do lago Paranoá, e da utilização intensiva de embarcações no deslocamento entre pontos isolados da região, só agora a atividade náutica começa a se fortalecer na região, principalmente nos estados de Goiás, Mato Grosso e Amazonas.

Nesses estados, observa-se o aparecimento das primeiras estruturas organizadas de apoio náutico da região, algumas com instalações de grande porte e preparadas para abrigar centenas de embarcações.

A expansão e a prosperidade do agronegócio, o clima e as características naturais dos rios e reservatórios da região explicam o crescente in-teresse dos consumidores pelo mundo náutico e a forte expansão da náutica nesses mercados.

Brasília – DF

A capital da República apresenta o maior ín-dice de renda per capita do Brasil, e sua po-pulação é influenciada pela forte presença de estrangeiros e migrantes de estados litorâne-os. Esses fatos, aliados ao clima da região e à balneabilidade do lago Paranoá, tornaram Brasília um dos maiores centros náuticos do País, com mais de 15 estruturas de apoio náu-tico, inclusive clubes que organizam regatas e eventos durante todo o ano.

Em Brasília encontra-se a quarta maior frota de veleiros do País e a quinta maior frota de lanchas. Em uma análise regional, a capital detém cerca de 90% dos veleiros e 65% das lanchas abrigados em estruturas de apoio náutico da Região Centro-Oeste.

Goiás

A economia do Estado de Goiás experimen-tou um forte crescimento nas últimas décadas, com a expansão da renda gerada pela agrope-cuária e, principalmente, pelo desenvolvimento de polos industriais, que abrigam montadoras

de veículos, indústrias farmacêuticas e de pro-cessamento de alimentos. Esse crescimento se refletiu também no surgimento de polos náuti-cos, com predomínio total de lanchas.

Essas embarcações são comercializadas por uma rede de varejistas que, em sua maioria, desenvolveu um departamento de náutica agregado ao negócio principal, voltado para a comercialização de motocicletas, triciclos, veículos ou equipamentos para caça e pesca.

Os principais pontos de desenvolvimento da náutica em Goiás são a represa de Corumbá, localizada em Caldas Novas; Três Ranchos, no sul do Estado; próximo a Catalão e à fron-teira com Minas Gerais.

Mato Grosso

Apesar de embarcações de esporte e recreio mais simples serem utilizadas há bastante tempo em atividades ligadas principalmente à pesca na região de Cáceres, onde existe um iate clube com mais de 30 anos de história, observa-se recentemente o surgimento de um polo náutico relevante às margens do lago de Manso, a cerca de 90 quilômetros da capital do Estado, Cuiabá.

Na região, surgiram loteamentos de alto pa-drão com estruturas náuticas organizadas que vêm atraindo clientes de alto poder aquisitivo. A região abriga cerca de 250 lanchas nas es-truturas de apoio náutico visitadas, onde pre-dominam embarcações de 20 a 26 pés.

Merece destaque o crescimento da parcela de barcos maiores; as embarcações de 26 a 32 pés já representam 15% do total da flotilha, e encontram-se até lanchas na faixa de 42 a 46 pés, algo inédito no interior do Brasil.

Amazonas

A região de Manaus conta com uma rede de estruturas de apoio náutico às margens do Rio Negro, além de vários píeres e ancoradou-ros, onde são abrigadas as embarcações de esporte e recreio.

Atualmente, predominam as embarcações de pequeno porte, de até 26 pés, mas as estruturas de apoio náutico buscam formas de disponibilizar espaços para abrigar em-barcações cada vez

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FATOS E NÚMEROS 2012

Page 62: Acobar   stats 2012

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IndústrIanáutIca

BrasIleIra

Page 63: Acobar   stats 2012

O cenário global

Desde 2005, data da primeira edição da pesquisa Indústria Náutica Bra-sileira Fatos & Números, o cenário

econômico mundial passou por turbulên-cias, com destaque para a crise de 2008, na qual grandes instituições financeiras com atuação global sucumbiram após a quebra do banco lehman Brothers e da seguradora AIG nos Estados Unidos, ge-rando uma restrição em escala mundial no fluxo de capitais e crédito.

O nível de atividade econômica se re-traiu no mundo inteiro, dando origem a um movimento de recessão que fez o PIB global recuar 1% em 2009. Se forem ana-lisados somente os chamados mercados maduros (EUA, Europa e Japão), a queda foi ainda mais dramática, chegando a 5% de variação negativa.

A profundidade e a abrangência da crise que se seguiu à quebra de grandes ban-cos de investimento em diversos países afetaram de forma contundente o merca-do náutico mundial, uma vez que houve uma fortíssima retração da demanda, o cancelamento de pedidos firmes, a devo-lução e a retomada de embarcações fi-nanciadas, dando início a um ciclo vicioso cujos efeitos se fazem sentir até hoje.

Um agravante para o mercado náutico é o fato de que, em 2012, quase quatro anos após a eclosão da primeira onda da crise econômica mundial, os países no centro das preocupações da comunidade financeira internacional são, justamente, aqueles que abrigam alguns dos maiores e mais sofisticados centros náuticos do planeta, como Itália, Espanha, Portugal e Grécia. Nesse cenário, os governos des-ses países têm adotado medidas drásti-cas de redução dos seus déficits internos, entre as quais o aumento de impostos so-bre a compra, posse e utilização de em-barcações de esporte e recreio.

ANÁLISE CONJUNTURAL

A PARTIR DE 2010, HOUVE UM PRINCÍPIO DE RETOMADA DO NÍVEL DE

ATIVIDADE ECONÔMICA GLOBAL, SUSTENTADO

EM GRANDE PARTE PELO CRESCIMENTO DOS

PAÍSES EMERGENTES CONHECIDOS COMO BRICS

(BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA). NO ENTANTO, ESSE MOVIMENTO NÃO

FOI SUFICIENTE PARA DEVOLVER AO MERCADO

O NÍVEL DE DEMANDA OBSERVADO NO PERÍODO

ANTERIOR À CRISE ECONÔMICA.

63

FATOS E NÚMEROS 2012

Page 64: Acobar   stats 2012

Como parâmetro, merece destaque o fato de a indústria náutica italiana, uma das mais tra-dicionais do mundo, ter experimentado uma retração de 21% entre 2009 e 2010, apesar de direcionar 67% do total das embarcações produzidas para o mercado externo.

O impacto da recessão e da crise de con-fiança global que se seguiram aos fatos de setembro de 2008 gerou uma nova re-alidade, na qual as empresas disputam um mercado que diminuiu entre 35% e 50% do seu volume original, segundo dados do In-ternational Council of Marine Industry Asso-ciations – Icomia. Ao longo desse processo, empresas tradicionais foram forçadas a fe-char suas portas e observou-se a consolida-ção de operações concorrentes através de fusões e aquisições, as quais resultaram em uma maior concentração de mercado nas mãos de empresas maiores.

É fundamental ressaltar que não se trata, em absoluto, de um segmento frágil ou de-cadente. Segundo o relatório anual do Ico-mia, publicado em 2011 (dado mais recente disponível no mercado), a indústria náutica movimenta mais de 83,5 bilhões em todo o mundo, conta com cerca de 4.900 estalei-ros e 200 fabricantes de motores, e empre-ga cerca de 700 mil pessoas.

A queda da demanda nos mercados centrais fez com que as maiores empresas do setor náutico adotassem estratégias agressivas de busca e ocupação de novos mercados, entre os quais o Brasil mereceu grande des-taque, tanto pela pujança da sua economia como pelo fortalecimento e consolidação de um mercado de luxo, e pelo potencial representado pelas dimensões do seu vasto

litoral e águas interiores.

Apesar do impacto da crise econômica de 2008, a economia brasileira se desenvolveu de forma consistente ao longo dos últimos sete anos. Nesse período, o Produto Interno Bruto cresceu 27,5%, em valores atualizados. A cadeia produtiva da náutica acompanhou essa tendência de crescimento e expandiu-se em número de clientes, valor, número e tamanho de embarcações, e, por consequ-ência, geração de empregos.

O impacto no Brasil

O potencial inexplorado da náutica no Brasil merece uma atenção muito especial. Para alcançarmos, por exemplo, a proporção de 252 habitantes por embarcação que se ob-

serva na Argentina*, a frota brasileira deve-ria ser de aproximadamente 754.000 bar-cos, uma figura bem distante da realidade atual do nosso mercado.

Desde 2005, mais de 20 grandes estaleiros detentores de marcas reconhecidas inter-nacionalmente estabeleceram estruturas de revendas, representações e, em alguns ca-sos, operações industriais no Brasil.

EM 2012, O BRASIL APRESEN-TOU O MAIOR CRESCIMENTO NO NÚMERO DE PESSOAS COM MAIS DE US$ 1,0 MILHÃO, EM TODO O MUNDO.

O foco dessas empresas tem sido o merca-do de embarcações de alto luxo, no qual os consumidores há muito cultivam o hábito de consumo de bens e serviços importados.

O público-alvo deste segmento se destaca pela valorização de atributos intangíveis de marca, como imagem e exclusividade, além dos aspectos físicos relacionados à sofisti-cação de acabamento e à inovação.Por outro lado, esse nicho de mercado tor-na-se ainda mais interessante na medida em que oferece margens unitárias mais altas e apresenta elasticidade–preço da demanda mais baixa que os demais segmentos.

ATÉ 2016, O BRASIL SERÁ O PAÍS COM O MAIOR CRESCIMENTO NO NÚMERO DE PESSOAS COM MAIS DE US$100 MILHÕES.

Corroborando essa percepção, o Brasil foi apontado pelo World Wealth Report, ela-borado no início de 2012 pela consultoria Capgemini, como o país que apresentou o maior crescimento relativo (6,2%) do grupo dos chamados hNWI (high Net Worth In-dividuals), pessoas que possuem ativos dis-poníveis acima de U$1,0 milhão e que hoje somam 165 mil indivíduos no País.

Outro estudo, elaborado em 2011 pela con-sultoria de investimentos imobiliários Knight Frank, em parceria com o Citi Private Bank, aponta o Brasil como o país onde se ob-servará o maior crescimento no número de indivíduos com patrimônio acima de U$100 milhões até 2016.

*Fonte: ICOMIA Fact Book 2010

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 65: Acobar   stats 2012

A força da base da pirâmide

Apesar da visibilidade e do impacto dos movi-mentos dos estaleiros especializados em em-barcações high-end, o fato mais importante no mercado náutico brasileiro atual é o cres-cimento da demanda por embarcações com comprimento entre 20 e 26 pés, com valores entre R$60.000,00 e R$120.000,00.

Esse tipo de embarcação inclui os modelos de entrada para consumidores que navegam no mar, baías e estuários, onde o nível de exigên-cia em termos de estabilidade e navegabilida-de é mais elevado. No entanto, já são conside-radas lanchas de porte e custo intermediário na média das embarcações utilizadas em água doce (rios, lagos e represas), onde a navega-ção é mais tranquila e menos arriscada.

Em ambas as condições de uso, as embarca-ções de comprimento igual ou inferior a 26 pés podem ser transportadas em reboques por ca-minhonetes ou mesmo carros de passeio. Isso faz com que seu uso tenha características dife-rentes das embarcações maiores, que deman-dam estruturas de apoio náutico mais organi-zadas e, por consequência, mais caras.

O aumento do número de famílias de clas-se AB nos próximos anos tende a apoiar o crescimento desse segmento do mercado náutico. Segundo projeções do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio var-gas, a classe AB deverá crescer 29,3% até 2014, em comparação com 2012.

CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA DA INDÚSTRIA NÁUTICA BRASILEIRA

120 ESTALEIROS FORMAIS EM TODO O BRASIL PRODUZEM EMBARCAÇÕES DE 10 A 120 PÉS.

MÉDIA DE 7,4 EMPREGOS POR CADA EMBARCAÇÃO PRODUZIDA.

480 ESTRUTURAS FORMAIS DE APOIO NÁUTICO SÃO AS BASES PARA O APROVEITAMENTO DO POTENCIAL DO LITORAL E DAS ÁGUAS INTERIORES DO BRASIL.

ESTRUTURAS DE APOIO LOCALIZADAS NAS REGIÕES LITORÂNEAS, FIXANDO A POPULAÇÃO ONDE HÁ CARÊNCIA DE ALTERNATIVAS EMPREGO E RENDA.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E RACIONALIZAÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA FAVORECERAM O CRESCIMENTO DO MERCADO EM TAXAS INÉDITAS.

CRESCIMENTO SUSTENTADO DA ECONOMIA BRASILEIRA, TURISMO INTERNO E EXTERNO EM EXPANSÃO, ESTIMULADO POR GRANDES EVENTOS CONFIGURAM UMA JANELA DE OPORTUNIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO SETOR EM TODAS OS ELOS DA CADEIA PRODUTIVA.

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FatOs e núMerOs 2012

Page 66: Acobar   stats 2012

ESTALEIROS

Entre os estaleiros que responderam à pesquisa, é evidente a expectativa positiva com relação ao comportamento do mercado nos próximos anos, com ampliação da demanda por embar-cações de esporte e recreio. Essa percepção se traduz na intenção expressa de 73% dos entre-vistados em ampliar suas linhas de produtos, estruturas físicas e força de trabalho.

73%SIM

27%NÃO

QUESTÃO RESPONDIDA: 22 / QUESTÃO IGNORADA: 18

73% DOS ESTALEIROS PRETENDEM AMPLIARO MIX DE PRODUTOS NOS PRÓXIMOS 2 ANOS

Uma parcela dessas famílias, que em sua maioria já possuem casa própria, automó-veis e outros bens de consumo duráveis, tem renda disponível para adquirir e manter uma embarcação de porte pequeno ou médio. Sua renda, igual ou superior a R$20.000,00/mês, aliada a uma condição patrimonial con-solidada, permite a obtenção de financia-mentos para a aquisição de embarcações a taxas de juros razoáveis no mercado.

No interior dos estados das regiões sudeste, sul e centro-oeste, onde o crescimento da ren-da per capita tem sido mais acentuado ao lon-go dos últimos anos, observa-se a utilização cada vez maior das águas de represas, reser-vatórios, rios e lagos para a prática de ativida-des náuticas. Este movimento propicia o sur-gimento de polos náuticos emergentes, que dão origem cadeias produtivas próprias, que incluem desde uma simples garagem náutica até estaleiros de projeção nacional.

As boas perspectivas de crescimento do mercado náutico brasileiro se alinham à per-cepção positiva do mercado internacional com relação à economia brasileira como um todo. Segundo projeções da Economist In-telligence Unit, a economia brasileira tende a crescer de forma consistente a taxas de 4% a.a. até 2020, acima da média global projeta-da em 3% a.a. para o mesmo período.

A percepção do mercado

Não por acaso observa-se, em todos os elos da cadeia produtiva da indústria náuti-ca brasileira investigados para este estudo, uma forte tendência de expansão de negó-cios, com manifestação de intenção de am-pliação de linhas de produto, estruturas fí-sicas e força de trabalho nos próximos dois anos na maioria das empresas responden-tes, em todas as regiões do Brasil.

66

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 67: Acobar   stats 2012

73%SIM

27%NÃO

QUESTÃO RESPONDIDA: 22 / QUESTÃO IGNORADA: 18

QUASE A TOTALIDADE DOS ESTALEIROSRESPONDENTES PRETENDE AMPLIAR OSPOSTOS DE TRABALHO NOS PRÓXIMOS 2ANOS

73% DOS ESTALEIROS PRETENDEM AMPLIARA ESTRUTURA FÍSICA NOS PRÓXIMOS 2 ANOS

96%SIM

4%NÃO

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FATOS E NÚMEROS 2012

Page 68: Acobar   stats 2012

COMÉRCIO

A percepção da tendência de expan-são do mercado se faz notar também na ponta de contato com o consu-midor final: a rede varejista especia-lizada no segmento náutico. Entre os varejistas de todas as regiões do Bra-sil entrevistados para esta pesquisa, nota-se a percepção de um mercado com movimento inercial positivo.

Segundo este levantamento, o volu-me de negócios cresceu nos últimos dois anos para 57% dos empresários e se manteve estável para 39% deles em comparação com o período an-terior. No entanto, 84% dos varejis-tas declararam aumento na base de clientes nesse mesmo período.Para os próximos dois anos, a pers-pectiva é de crescimento no volume de vendas para 81% dos entrevista-dos, enquanto 96% deles preveem o crescimento da base de clientes, o que evidencia o crescimento do mer-cado como um todo.

Essas perspectivas se traduzem na intenção de investimentos para a am-pliação do mix de produtos ofereci-dos, da estrutura física e de postos de trabalho nos próximos dois anos.

MIX DEPRODUTOS

83%SIM

17%NÃO

QUESTÃO RESPONDIDA: 18 QUESTÃO IGNORADA: 8

83% DOS VAREJOS PRETENDEM AMPLIAR O MIX DE PRODUTOS NOS PRÓXIMOS 2 ANOS

FABRICANTES DE EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS

Acompanhando a tendência apontada pelos estaleiros, os fabricantes de equi-pamentos, peças e acessórios também apostam em um quadro de demanda as-cendente e programam investimentos na ampliação de seu mix de produtos e de postos de trabalho para os próximos dois anos.

MIX

DE

PR

OD

UTO

S

vA

GA

S D

E E

MP

RE

GO

100% DAS EMPRESAS RESPONDENTES PRETENDEMAMPLIAR O MIX DE PRODUTOS E OS POSTOS

DE TRABALHO NOS PRÓXIMOS 2 ANOS

100% 100%

68

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 69: Acobar   stats 2012

VAGAS

78%SIM

22%NÃO

QUESTÃO RESPONDIDA: 18 QUESTÃO IGNORADA: 8

78% DOS VAREJOS PRETENDEM AMPLIAR OS POSTOS DE TRABALHO NOS PRÓXIMOS 2 ANOS

ESTRUTURAFÍSICA

61%SIM

39%NÃO

QUESTÃO RESPONDIDA: 18 QUESTÃO IGNORADA: 8

61% DOS VAREJOS PRETENDEM AMPLIAR A ESTRUTURA FÍSICA NOS PRÓXIMOS 2 ANOS

69

FatOs e núMerOs 2012

Page 70: Acobar   stats 2012

ESTRUTURAS DE APOIO NÁUTICO

A percepção da tendência de expansão da demanda no mercado náutico se faz sentir, também, nas estruturas de apoio náutico em todo o Brasil. Apesar das dificuldades de licen-ciamento ambiental e da valorização imobi-liária de terrenos à beira-mar e ao longo das margens de rios, lagos e represas, 62% das es-truturas de apoio náutico visitadas para a ela-boração deste estudo apontaram a intenção de ampliar suas instalações nos próximos dois anos, gerando mais de 12 mil vagas adicionais para embarcações.

É importante interpretar esse dado de forma cuidadosa, considerando que:

a) Essa intenção não se reflete necessaria-mente na criação dessas vagas, uma vez que a maioria das estruturas de apoio náutico que a manifestaram opera no limite da sua capaci-dade física e depende da aprovação dos po-deres concedentes e/ou da aquisição de áreas circunvizinhas para ampliar suas instalações.

b) Essa ampliação pretendida no número de vagas tem por objetivo atender a uma de-manda reprimida ao longo dos últimos anos e, dado o volume de investimento demanda-do e o impacto que obras desse tipo criam no cotidiano da operação, tem a perspectiva de gerar capacidade ociosa para atender à de-manda futura.

c) Muitas das estruturas de apoio náutico pre-tendem ampliar suas instalações e facilidades para abrigar embarcações maiores e mais so-fisticadas, além de investir no incremento do seu mix de serviços para ampliar a geração de receitas no relacionamento com suas bases de clientes atuais.

O TURISMO EXTERNO

Além da expansão da demanda interna, o crescimento da demanda turística externa projetada para os próximos anos, alavancado principalmente pela Copa do Mundo de 2014 e pelas Olimpíadas de 2016, tende a fomentar a expansão de serviços de turismo náutico, como a locação de lanchas e veleiros (char-ters) e a atracação de embarcações estran-geiras. A segunda edição do Plano Aquarela 2020, elaborado pelo Ministério do Turismo e pela Embratur em 2009, projeta um cresci-mento de 113% na demanda turística externa para 2020, em comparação com 2010, tota-lizando 11,1 milhões de turistas estrangeiros e gerando uma receita de mais de U$17 bilhões.

Em estados onde as estruturas de apoio náu-tico e os prestadores de serviços ligados ao turismo náutico oferecem um grau mais alto de organização e sofisticação, como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Santa Catarina, o potencial de aproveitamento dessa demanda latente é ainda mais significativo.

Uma referência para mensuração do poten-cial de crescimento do turismo náutico no Brasil é o case de sucesso apresentado pela Croácia. O país, que conta com um litoral de pouco mais de 6.000km de extensão, investiu na construção de uma infraestrutura de apoio ao turismo náutico a partir de meados da dé-cada de 1990 e se tornou um dos destinos mais desejados da Europa.

No caso da Croácia, o setor cresce a taxas de aproximadamente 5% ao ano e, em 2010, ge-rou uma receita de US$ 571 milhões.

70

INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 71: Acobar   stats 2012

Esses números incluem empresas de diversas especialidades e ramos de atuação, tais como:

Cabe destacar que, em vários casos, parte importante da comercialização de embarcações está sob responsabilidade de brokers, empresários individuais estruturados em empresas de micro e pequeno porte e especializados na compra e venda de barcos.

FABRICANTES DE EQUIPAMENTOS, PEÇAS E ACESSÓRIOS

Conforme exposto anteriormente, a dinâmica do mercado náutico fez com que diversos negócios se originassem a partir da experiência de profissionais especializados que identificaram oportunidades para empreender e buscar sua independência.

Nesse sentido, diversos agentes do mercado de equipamentos, peças e acessórios náuticos são micro e pequenas empresas que detêm técnicas e expertises específicas para esse mercado.

Esse conjunto de empresas inclui fabricantes de itens como:

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

A participação das micro e pequenas empresas é marcante em todos os elos da cadeia produtiva da náutica no Brasil.

ESTALEIROS

Na esfera da produção de embarcações de esporte e recreio, conforme exposto anteriormente, os estaleiros se valem de uma rede de fornecedores que inclui micro e pequenas empresas, tanto no fornecimento de peças, equipamentos e acessórios como na prestação de serviços especializados.

Os estaleiros entrevistados para este estudo contam, em média, com 20 fornecedores enquadrados como microempresas e 34 enquadrados como empresas de pequeno porte.

Logística e transporte

Design e engenharia

Manutenção e limpeza

Assessoria contábil e fiscal

Tapeçaria

Propaganda e marketing

Segurança patrimonial

Vestuário náutico

Coletes salva-vidas

Capas protetoras

Cabos para esqui e wakeboard

Pranchas de wakeboard

Tapeçaria e capachos

Velas

Anodos de sacrifício

Consultoria em laminação de fibra de vidro

Refeições industriais

Gestão de resíduos

Instalação e calibragem de eletrônicos

Estofaria

Montagens industriais

Tornearia e usinagem de peças

Peças de decoração

Peças usinadas sob medida

Capotas náuticas

Enxovais personalizados

Churrasqueiras

Adesivos decorativos

Hélices

Âncoras

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FATOS E NÚMEROS 2012

Page 72: Acobar   stats 2012

COMÉRCIO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Dada a dispersão geográfica e a demanda ainda incipiente do mercado náutico, a pre-sença de pequenas e microempresas na comercialização e prestação de serviços li-gados ao setor ainda é muito expressiva.

Conforme mencionado anteriormente, es-truturas individuais ou microempresas dos chamados brokers náuticos são responsáveis pela comercialização de uma parcela impor-tante das embarcações em águas brasileiras e pela viabilização do mercado de embar-cações usadas, principalmente no que se refere às embarcações de maior porte e valor.

Esses profissionais independentes são, em sua maioria, oriundos das estruturas comerciais ligadas a estaleiros (dealers), grandes oper-

ESTRUTURAS DE APOIO NÁUTICO

No extremo da cadeia produtiva outbound da indústria náutica, destaca-se a maior pre-sença das micro e pequenas empresas, e, nesse segmento, percebe-se de forma mais clara o potencial de desenvolvimento social que a atividade náutica apresenta.

A utilização de embarcações de esporte e recreio implica a distribuição de renda através de relações comerciais de troca entre os usuários destas embarcações e os provedores de produtos e serviços das regiões visitadas.

ações de varejo náutico ou estruturas de apoio náutico, onde agregaram experiência na nego-ciação, conhecimento técnico e um network de clientes fundamental à sua atividade.

Cabe destacar que os brokers também oper-am em sinergia com os dealers, negociando em-barcações novas para o seu network de clientes e oferecendo acompanhamento pós-venda.

Já a prestação de serviços no mercado náu-tico é dominada pelas microempresas e em-presas de pequeno porte, nascidas do desejo empreendedor de profissionais especializa-dos ligados a estaleiros, fabricantes de equi-pamentos e acessórios, varejistas e estruturas de apoio náutico.

Entre os serviços que são oferecidos por essas empresas, temos:

Corretagem de seguros

Instalação e calibragem de instrumentos

Transporte de embarcações por terra e por mar

Montagem de veleiros

Mecânica especializada

Reparos hidráulicos

Capotaria

Higienização

Despacho na Capitania dos Portos

Manutenção de embarcações

Pintura e reparação náutica

Vistorias

Treinamento de tripulação

Reparos elétricos

Polimento

Estofaria

Salvatagem

Personalização

Através desse processo, florescem polos de negócios em diversos pontos do País e torna-se possível gerar emprego e renda em locais remotos do litoral ou do interior, que não po-dem ser alcançados sem a utilização de uma embarcação.

Acidentes geográficos e paisagens se conver-tem em fontes de sustento para populações locais, o que estimula a sua preservação e gera um ciclo virtuoso e sustentável que val-oriza, ainda, a cultura e os costumes locais.

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 73: Acobar   stats 2012

Nesse cenário, as micro e pequenas empresas se destacam no fornecimento de bens e serviços como:

Artesanato

Entretenimento

Apoio à pesca

Montagem de veleiros

Apoio ao mergulho

Hospedagem

Capotaria

Turismo cultural e arqueológico

Gastronomia

Apoio à navegação (praticagem)

Ecoturismo

Salvatagem e resgate

Educação ambiental

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FatOs e núMerOs 2012

Page 74: Acobar   stats 2012

Desde a realização da primeira edição desta pesquisa, há sete anos, o mer-cado náutico brasileiro apresentou as

maiores taxas de crescimento em todo o mundo e evoluiu de forma impressionante.

Na esteira de um período de expansão da economia, o consumidor brasileiro deu vazão à sua paixão pela náutica e gerou um aumento na demanda por produtos cada vez mais sofisticados, e serviços de apoio em diversas regiões do país.

NOS ÚLTIMOS SETE ANOS O MERCADO NÁUTICO BRASI-LEIRO APRESENTOU AS MAIO-RES TAXAS DE CRESCIMENTO EM TODO O MUNDO.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES

Apesar do crescimento observado nos últimos anos, o mercado náutico brasileiro ainda tem diante de si uma série de desa-fios históricos, ligados a todas as etapas da produção, comercialização e utilização de embarcações, para realizar, de forma plena, o seu potencial econômico e social no cenário nacional.

Mais do que nunca, faz-se necessária a atuação coordenada das forças vivas do setor no governo, em todas as suas esfe-ras, para buscar a eliminação de gargalos, a organização de uma política de incen-tivo ao setor, a racionalização da carga tributária e a formatação de marcos re-gulatórios que ofereçam aos empresários e investidores a segurança institucional e econômica necessária para a alocação de recursos na náutica, com geração de em-prego e renda sustentáveis para um nú-mero cada vez maior de brasileiros.

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IndústrIanáutIca

BrasIleIra

Page 75: Acobar   stats 2012

Produção e comercialização

Na esfera da produção, os empresários brasileiros que desenvolvem e produ-zem embarcações de esporte e recreio enfrentam dificuldades ligadas à carga tributária elevada, à escassez de mão de obra especializada e à inexistência de uma política industrial que apoie o de-senvolvimento tecnológico da náutica no Brasil.

Tributação

Desde 2005, a questão tributária tem sido alvo de uma gestão proativa das en-tidades representativas do setor, como a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos – Acobar e a diretoria náutica do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore – Sinaval. Essa iniciativa tem por objetivo desonerar a produção e comercialização de embarcações de esporte e recreio no Brasil, para agregar competitividade internacional ao setor e buscar o fortalecimento da indústria na-cional e a geração de empregos dentro da cadeia produtiva da náutica.

Esse esforço tem como referência a ex-periência da cadeia produtiva da indús-tria náutica na Itália. Em 1997, a União da Indústria Náutica Italiana – Ucina conseguiu do governo daquele país a aprovação de um pacote de normas de incentivo ao setor, incluindo redução da carga tributária para a produção e utilização de embarcações, além de um marco regulatório para a implantação, modernização e ampliação de estrutu-ras de apoio náutico.

Essas medidas culminaram na edição de duas normas legais (lei nº 172, de 8 de julho de 2003, e Decreto nº 95, de 4 de abril de 2005) que determinaram a isenção fiscal para a indústria náutica, extensiva aos insumos empregados na utilização e manutenção de embarca-ções, com fortes reflexos na ampliação da oferta de trabalho em toda a cadeia produtiva do setor.

Os resultados falam por si. O número de estruturas de apoio náutico saltou de 104, em 1997, para 421, em 2011, en-quanto o número de vagas para em-barcações passou de 29.300 para mais de 153 mil. Esse movimento fez da Itália um polo de excelência na indústria náu-tica, que hoje gera mais de €3,3 bilhões e emprega mais de 23 mil pessoas, só na produção de embarcações.

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FatOs e núMerOs 2012

Page 76: Acobar   stats 2012

O não entendimento da cadeia produtiva náutica como atividade de interesse social fez com que o segmento fosse sujeito a uma forte tributação na construção naval. O fato de a construção naval náutica ser tributada pelo IPI (o que não ocorre com a indústria naval metal-mecânica) representa distorção conceitual, uma vez que a característica pro-dutiva da atividade está muito mais asseme-lhada à construção civil que à indústria auto-mobilística.

Segurança jurídica

Outra questão que afeta toda a cadeia pro-dutiva do setor náutico diz respeito à inexis-tência de um registro único e centralizado das embarcações em uso no Brasil. Atualmente, os cadastros das embarcações são mantidos e ar-quivados nas Capitanias dos Portos, de forma descentralizada.

A inexistência de um sistema único de regis-tro faz com que o conhecimento sobre o ta-manho da frota brasileira e suas característi-cas de porte e utilização seja muito limitado. Por outro lado, a precariedade do sistema de registro utilizado atualmente não oferece às instituições financeiras o grau de segurança e transparência que se observa, por exemplo, no registro de automóveis (Renavam) ou de aeronaves (RAB), o que torna a contratação de financiamentos, arrendamentos e seguros mais complicada, arriscada e cara em com-paração com outros bens de valor e aplica-ção semelhantes.

Mão de obra

A formação de mão de obra especializada na construção náutica é outro gargalo que inibe o desenvolvimento do setor no Brasil. Atu-almente, as iniciativas que buscam a forma-ção de pessoal para os estaleiros brasileiros, como o Polo Náutico da UFRJ, o Projeto Gra-el, entre outras, apesar de seu sucesso pon-tual, são isoladas e tem alcance regional. Por essa razão, os maiores estaleiros do mercado são, ao mesmo tempo, centros de demanda e também núcleos de formação de profissio-nais especializados.

Comércio

No âmbito do comércio, a escassez de linhas de crédito para compra de embarcações e as taxas de juros praticadas pela maioria das instituições financeiras se aliam ao alto custo dos estoques e aos tributos estaduais para aumentar o preço final dos produtos e diminuir a atratividade do setor náutico perante o público em geral.

A questão tributária, que afeta a composição da matriz de custos dos fabricantes de em-barcações, equipamentos, peças e acessó-rios, também influi na composição dos pre-ços finais ao consumidor, inibindo a demanda global do varejo.

Estruturas de apoio náutico

A problemática do setor adquire contornos mais complicados na esfera da utilização do produto náutico. A infraestrutura de apoio à navegação costeira e a formação de mão de obra especializada no segmento náutico no Brasil exigem investimentos urgentes e em larga escala.

No entanto, temos, por um lado, a limitação dos recursos públicos para fazer frente a es-sas demandas e, por outro, a inexistência de marcos regulatórios específicos que viabili-zem os investimentos privados necessários para a construção dessa nova realidade.

Marco regulatório ambiental para a construção de estruturas de apoio náutico

A construção de estruturas de apoio náutico demanda a mobilização de um volume cada vez maior de capital, tendo em vista a cres-cente valorização imobiliária das áreas de waterfront e a necessidade de investimentos na construção de estruturas adequadas, em equipamentos de movimentação de embar-cações e em tecnologias de proteção am-biental. Isso faz com que a estrutura de ca-pital necessária para viabilizar a implantação de marinas e garagens náuticas seja cada vez mais forte e complexa.

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INDÚSTRIANÁUTICA

BRASILEIRA

Page 77: Acobar   stats 2012

A inexistência de um marco regulatório de-finitivo para a instalação de equipamentos e estruturas de apoio náutico traz a dificuldade na obtenção do licenciamento para a implan-tação e operação desse tipo de equipamen-to, e faz com que o nível de incerteza das incorporações se torne alto em relação a ou-tras alternativas de investimento no mercado brasileiro, limitando e encarecendo o fluxo de capitais para esse setor, e inibindo o surgi-mento de novas estruturas de apoio náutico e o desenvolvimento do potencial náutico de regiões inteiras do País.

Esse fato tem impacto negativo sobre toda a cadeia produtiva da náutica, uma vez que, especialmente no caso de embarcações aci-ma de 40 pés, a demanda é negativamente impactada pela falta de vagas em estruturas de apoio náutico.

Regularização da mão de obra

No que se refere à formação e disponibili-zação de mão de obra especializada para a prestação de serviços na utilização de em-barcações de esporte e recreio, o investimen-to na formação de marinheiros particulares é limitado pela inexistência de uma categoria profissional específica que ampare os traba-lhadores do setor.

Na medida em que a carreira de marinheiro particular não se constitui em uma ocupação regular, não existem programas de formação e outras ferramentas públicas de desenvol-vimento da carreira. Paradoxalmente, traba-lhadores bem remunerados, com alto grau de especialização e reconhecimento no mer-cado de trabalho, são registrados em outras categorias que não refletem ou valorizam sua experiência profissional.

Esse cenário não é, infelizmente, privilégio da cadeia produtiva da náutica no Brasil. Diver-sos setores da economia brasileira contem-plam desafios da mesma envergadura e com características muito semelhantes.

Geração de empregos e renda, a oportunidade para o setor

A cadeia produtiva da náutica no Brasil tem vocação para gerar empregos em todos os seus elos e, por isso, tem um potencial de im-pacto social muito importante.

A atividade náutica é altamente intensiva em mão de obra, de modo que é grande gera-dora de trabalho e renda, tanto durante o processo de construção das embarcações, no qual a mão de obra representa cerca de 60% de seu custo primário, quanto durante a utilização das embarcações, quando há apli-cação de mão de obra qualificada e indispen-sável.

O fornecimento de produtos e serviços vol-tados à utilização das embarcações de es-porte e recreio, a chamada cadeia produtiva outbound, representa um vetor de geração de renda e emprego longe dos centros in-dustriais tradicionais, o que caracteriza uma dispersão geográfica interessante para a em-pregabilidade no País e para a fixação da po-pulação nessas regiões, diminuindo o fluxo migratório para os grandes centros urbanos.

O número de trabalhadores empregados em estaleiros especializados na construção de embarcações de esporte e recreio no Brasil é estimado em 9.800 pessoas, enquanto que os fabricantes de acessórios, peças e equi-pamentos empregam aproximadamente 7 mil trabalhadores. Cabe destacar que esses números incluem trabalhadores de empresas que não produzem somente embarcações. No caso dos estaleiros e fabricantes de equi-pamentos e acessórios, parte da chamada cadeia produtiva inbound, a demanda por mão de obra tende a se manter crescente nos próximos dois anos.

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FATOS E NÚMEROS 2012

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Aproximadamente 95% dos estaleiros entrevistados para este estudo pretendem ampliar seu quadro funcional nes-se período, para fazer frente a um aumento esperado na demanda por embarcações. Nesse sentido, a tendência é a geração de um número maior de vagas na área de produ-ção, que responde por um percentual expressivo da força de trabalho empregada nos estaleiros e não exige alto grau de escolaridade.

Já no caso dos fabricantes de equipamentos e acessórios, merece destaque o fato de 100% das empresas entrevista-das terem planos de ampliação das suas linhas de produtos e do número de postos de trabalho, com maior ênfase na área de produção, mas também na área de desenvolvimen-to de produtos, na qual serão abertas vagas para profis-sionais mais qualificados e com ofertas mais atraentes em termos de remuneração. Essas empresas declaram, ainda, a intenção de ampliar o quadro funcional nas áreas de ven-das e no setor administrativo.

Confirmando essa tendência, 78% das empresas que co-mercializam embarcações, peças, equipamentos e acessórios entrevistadas para este estudo declararam intenção de ampliar o seu quadro funcional nos próximos dois anos, com ênfase para as áreas de vendas, pós-vendas e assistência técnica.

Apesar desse quadro essencialmente otimista, é funda-mental ressaltar que essas empresas que responderam a esta pesquisa também apontaram a falta de qualificação da mão de obra disponível no mercado como um dos prin-cipais entraves ao desenvolvimento dos negócios para es-taleiros, fabricantes de equipamentos e varejistas.

Esse problema foi apontado como um dos mais sérios e urgentes a serem enfrentados pelo setor por 88% dos respondentes da pesquisa nos três segmentos.

No que se refere às estruturas de apoio náutico, apesar de uma perspectiva de ampliação dos negócios, do cresci-mento do tamanho das embarcações e, em alguns casos, da disponibilidade de vagas, a criação de vagas não tende a acelerar de forma tão evidente.

Mesmo em se tratando de estruturas intensivas em servi-ço e que por consequência dependem de mão de obra para ampliar seus negócios, a percepção dos operadores é de que há força de trabalho suficiente para suprir as necessidades de atendimento, mesmo que seja preenchida a capacidade ociosa que hoje se observa em algumas estruturas, ou que haja um upgrade no tamanho das embarcações ali baseadas.

Não obstante, a falta de mão de obra qualificada também foi apontada pela grande maioria dos responsáveis pelas estru-turas de apoio náutico em todo o Brasil como um dos pro-blemas mais sérios e urgentes que inibem o crescimento da náutica no País, o que torna evidente a necessidade de inves-timentos urgentes na formação de profissionais para o setor.

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A o longo do desenvolvimento desta pesquisa, buscou-se balizar as informações colhidas no campo e as conclusões elaboradas no estudo

com a opinião e a visão de personalidades que têm na indústria náutica o seu foco de atuação e possuem uma perspectiva global deste segmento.

Na busca destes parâmetros foram ouvidos empresá-rios e executivos de empresas que atuam na constru-ção náutica, varejo, importação, geração e gestão de conteúdo segmentado, projetos sociais e entidades internacionais ligadas à atividade náutica.

Ernani Paciornik – Diretor Presidente – Grupo 1 Editora

Felipe Furquim – CEO – Regatta

Gabriela lobato Marins – Diretora – BR Marinas

lars Grael – Medalhista Olímpico e Consultor do COB

luis henrique Moreira Ferreira – Sócio Administrador – vellroy Estaleiros do Brasil

Natanael Santos de Souza – Presidente – Grupo First

Tony Rice – Secretary General – International Council of Marine Industry Associations

Udo Kleinitz – Diretor Técnico – International Council of Marine Industry Associations

A VISÃODOS LÍDERES

Forneceram depoimentos para este estudo:

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Page 82: Acobar   stats 2012

Apesar das diferenças de ponto de vista inerentes à participação de cada um na cadeia produtiva do setor, as percepções destas lideranças sobre

o papel, a importância, o potencial e as limitações para o desenvolvimento da atividade náutica no brasil são essencialmente convergentes e alinhadas

às conclusões apresentadas neste estudo:

O BRASIL, POR SUAS CARACTERÍSTICAS DE CLIMA, DISPONIBILIDADE DE ÁGUAS PRÓPRIAS PARA A NAVEGAÇÃO DE ESPORTE E RECREIO E CONFIGURAÇÃO

SÓCIO-DEMOGRÁFICA ABRIGA UM GRANDE POTENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES NÁUTICAS, TENDO COMO

FOCO TANTO A POPULAÇÃO DO PAÍS COMO OS MERCADOS EXTERNOS.

O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE NÁUTICA NO BRASIL TEM POTENCIAL PARA GERAR BENEFÍCIOS EM TERMOS DE INCENTIVO AO CONVÍVIO FAMILIAR

E COM A NATUREZA COMO CONTRAPONTO À TENDÊNCIA DE ISOLAMENTO E VALORIZAÇÃO DE UM MUNDO VIRTUAL.

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Page 83: Acobar   stats 2012

A ATIVIDADE NÁUTICA TEM POTENCIAL PARA DISTRIBUIR EMPREGO E RENDA ATRAVÉS DE UMA EXTENSA CADEIA PRODUTIVA, ALTAMENTE INTENSIVA EM MÃO DE OBRA, ALÉM DE OFERECER UMA ALTERNATIVA DE LAZER E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA AS POPULA-

ÇÕES DE CIDADES À BEIRA-MAR OU PRÓXIMAS DE CURSOS DE ÁGUA NAVEGÁVEIS.

EXISTE EM SEGMENTOS DA SOCIEDADE E DO GOVERNO UMA FALSA PERCEPÇÃO DE CON-FLITO ENTRE O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE NÁUTICA E A PRESERVAÇÃO DO MEIO

AMBIENTE. NO MUNDO INTEIRO, A ATIVIDADE NÁUTICA É UM FATOR DE PROTEÇÃO ÀS PAISAGENS NATURAIS E À QUALIDADE DA ÁGUA, DOIS FATORES INDISPENSÁVEIS PARA O

CRESCIMENTO DESTE SETOR.

ESTA DISTORÇÃO, ALIADA À FALTA DE UM MARCO REGULATÓRIO DEFINITIVO PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE INSTALAÇÃO DE ESTRUTURAS DE APOIO NÁUTICO,

DIFICULTA A CONSTRUÇÃO DE NOVOS EMPREENDIMENTOS, RESTRINGE E ENCARECE A OFERTA DE VAGAS NAS ESTRUTURAS EXISTENTES, O QUE SE CONVERTE NUM FATOR DE

INIBIÇÃO PARA O CRESCIMENTO DO MERCADO.

NO MUNDO INTEIRO, A NÁUTICA É PERCEBIDA COMO UMA ATIVIDADE SAUDÁVEL, SO-CIALMENTE ACESSÍVEL E DIRIGIDA PRINCIPALMENTE ÀS FAMÍLIAS. NO BRASIL, EXISTE

UMA PERCEPÇÃO DISTORCIDA COM RELAÇÃO À SUPOSTA ELITIZAÇÃO DA ATIVIDADE, O QUE AFETA O ENCAMINHAMENTO DOS PLEITOS DO SETOR E AFETA ATÉ MESMO A TRIBU-

TAÇÃO QUE INCIDE SOBRE OS NEGÓCIOS DA SUA CADEIA PRODUTIVA.

A SUPERAÇÃO DESTES DESAFIOS DEVE OCORRER ATRAVÉS DE UMA ATUAÇÃO COORDE-NADA DAS FORÇAS DO MERCADO NÁUTICO PARA INFORMAR E SENSIBILIZAR A SOCIE-DADE E AS AUTORIDADES COM RELAÇÃO À CONVERGÊNCIA ENTRE OS CONCEITOS DE

DESENVOLVIMENTO NÁUTICO E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, EVIDENCIANDO OS BENEFÍ-CIOS QUE O SETOR PODE TRAZER PARA A SOCIEDADE E PARA A ECONOMIA.

O FÓRUM NÁUTICO FLUMINENSE SE DESTACA COMO UMA REFERÊNCIA PARA O DESEN-VOLVIMENTO DE CENTROS DE EXCELÊNCIA DA NÁUTICA EM TODO O PAÍS, UMA VEZ QUE

PROPÕE A ARTICULAÇÃO ESTRATÉGICA DOS AGENTES DO MERCADO, MOBILIZANDO A INICIATIVA PRIVADA, O PODER PÚBLICO E ENTIDADES SETORIAIS EM TORNO DE UMA

AGENDA ÚNICA E POSITIVA PARA O SETOR.

É ESTRATÉGICO PARA O SETOR APOIAR INICIATIVAS QUE ESTIMULEM O CONTATO DO PÚBLICO COM A CULTURA E A PRÁTICA DA ATIVIDADE NÁUTICA, TAIS COMO A CONSTRU-ÇÃO DE RAMPEAMENTO NÁUTICO PÚBLICO, A REALIZAÇÃO DE EVENTOS COMPETITIVOS E DE EXIBIÇÃO, FESTIVAIS, FEIRAS, O DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE INICIAÇÃO

DESPORTIVA E ALUGUEL DE EMBARCAÇÕES.

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Os dados primários da pesquisa Indus-tria Náutica Brasileira – Fatos & Nú-meros 2012 relativos às estruturas de

apoio náutico foram coletados através de en-trevistas pessoais e aplicação de questionário estruturado e pré-testado junto aos opera-dores e gestores de 388 marinas, garagens náuticas e iates clubes em todas as regiões brasileiras.

Os dados primários relativos às demais ativi-dades ligadas à cadeia produtiva da náutica foram coletados através de questionários on-line enviados a 103 estaleiros especializados na fabricação de embarcações de esporte e recreio, 45 fabricantes de equipamentos, pe-ças e acessórios náuticos, 84 operações de varejo, 12 importadores e 23 prestadores de serviços focados no mercado náutico.

Estas informações foram complementadas com entrevistas em profundidade por telefo-ne junto a 30 varejistas espalhados por todas as regiões do Brasil e por depoimentos pre-senciais colhidos junto a lideranças do setor náutico.

Os dados secundários foram coletados jun-to a instituições e empresas especializadas no diagnóstico e formulação de políticas se-toriais ligadas à náutica, ao turismo e ao de-senvolvimento econômico regional, além de publicações e sites do setor náutico.

Estas atividades foram realizadas no período de junho a setembro de 2012.

METODOLOGIA

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A hora e a vez do desenvolvimento regional brasileiro: uma proposta

de longo prazo. Liana Carleial e Bruno Cruz – IPEA

Brazil Economic Impact Report – World Travel & Tourism Council

“Governança Costeira – O Brasil Voltado para o Mar” Instituto Pharos

e Instituto de Marinas do Brasil

Guia de Turismo Fluvial – Secretaria da Ciência, Tecnologia,

Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo

ICOMIA Statistics Book 2010 - International Council of Marine Industry

Associations

Latin America as a Foreign Direct Investments Hotspot -

Opportunities and risks – The Economist Intelligence Unit

Nautica & Fisco – Uma guida per diportsiti i operatori - Agenzia della

Entrate Direzione Regionale Liguria / UCINA

Overview Rio Náutico 2011 – Fórum Náutico Fluminense

PARTNERING MARINA & NAUTICAL TOURISM – ICOMIA

Plano Aquarela 2020 – Marketing Turístico Internacional do Brasil –

Ministério do Turismo

Programa Nacional de Orientação para Implantação de Marinas nas

Águas Interiores Brasileiras - Instituto de Marinas do Brasil

The Wealth Report 2012 – A global perspective on prime property and

wealth – Knight Frank & Citi Private Bank

The World Wealth Report – Capgemini

UK Leisure, Superyacht, and Small Commercial Marine Industry – Key

Performance Indicators 2010/11 – British Marine Federation

REFERÊNCIAS:

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Page 87: Acobar   stats 2012

COORDENAÇÃO TÉCNICA

Renato Regazzi - SEBRAE-RJ

Leandro Luis de Sousa Marinho - SEBRAE-RJ

APOIO

Evandro Peçanha Alves – SEBRAE-RJ

Alexandre Gurgel - CIA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - RJ

André Tostes- CIA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - RJ

Eduardo Colunna - ACOBAR

Lenilson Marcelo Bezerra - ACOBAR

Luis Henrique Moreira Ferreira - SINAVAL

Klaus Peters - SEMAR

Glaudson Bastos - LOGIKE

Rita de Cassia Franco - BANCO SANTANDER

Kátia de Almeida Faria - BANCO SANTANDER

EQUIPE RESPONSÁVEL

Coordenação geral do projeto: Marcio Malmegrin – Independente Consultores - fcindependente.com.br

Consultor de estruturas de apoio náutico: Claudio Brasil do Amaral – Instituto de Marinas do Brasil

Revisão: Lilia Lacerda da Silva / Chris Schardosim

Projeto Gráfico: dlab.com.br

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