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Relatório Técnico do Ensaio
A Cultura dos Citrinos em Modo de Produção Biológico no Algarve
Relatório elaborado por: Maria Mendes Fernandes
Patacão, Dezembro de 2009
Ensaio de citrinos em modo de produção biológico - relatório de 2009
Maria Mendes Fernandes - DRAPALG
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Índice Ensaio de citrinos em modo de produção biológico Relatório Técnico do ensaio
1. Introdução e Objectivos ............................................................................................. 3
2. Material e métodos ..................................................................................................... 4
2.1. Caracterização da parcela.................................................................................................... 4
2.1.1. Solo ................................................................................................................4
2.1.2. Rega...............................................................................................................5
2.2. Poda ....................................................................................................................................... 5
2.3. Modalidades, coberto vegetal e fertilização....................................................................... 5
2.4. Parâmetros estudados ......................................................................................................... 7
2.4.1. Análise química do solo ...............................................................................7
2.4.2. Análise foliar ..................................................................................................7
2.4.3. Doenças e pragas.........................................................................................7
2.4.4. Produção e qualidade da produção ............................................................7
3. Resultados e discussão ............................................................................................. 8
3.1. Estado nutricional das plantas............................................................................................ 8
3.2. Acompanhamento Fitossanitário ........................................................................................ 8
3.3. Avaliação da produção e da qualidade da produção........................................................ 8
3.3.1 – Produção .....................................................................................................8
3.3.2 - Calibres ........................................................................................................9
4. Conclusões ................................................................................................................10
5. Referências bibliográficas ........................................................................................12
ANEXO Calendário de Operações Culturais............................................................13
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1. Introdução e Objectivos
O mercado dos produtos do Modo de Produção Biológico (MPB) está a aumentar em Portugal, motivado pelo crescente grau de exigência dos consumidores quanto à qualidade alimentar e por uma crescente sensibilização da população pelas questões relacionadas com a protecção do ambiente e manutenção do espaço rural.
O Algarve é a principal região de produção de citrinos, representando dois
terços do total da produção de laranja a nível do Continente (Anuário, 2003), tornando-se assim importante desenvolver o MPB nesta cultura.
A importância da citricultura na actividade agrícola do Algarve motivou a
Direcção Regional de Agricultura do Algarve (DRAPALG), que tem desenvolvido várias actividades neste âmbito, a instalar em 1995 um campo de citrinos em MPB, composto por três cultivares utilizadas na região (laranjeiras Valencia Late e Navelina e tangerineira Hernandina), no Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT), em colaboração com a Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (AGROBIO).
O objectivo geral que levou à instalação deste campo foi o de estudar a
viabilidade técnica da aplicação do MPB à cultura dos citrinos, nas condições edafo-climáticas do Algarve.
Posteriormente, em 2002, cada uma das cultivares existentes foram
estabelecidas três modalidades de cobertura do solo na linha para o combate à vegetação espontânea (casca de amêndoa, tela preta e sem cobertura - com corte da vegetação espontânea) e definidos os seguintes objectivos gerais:
o monitorizar os níveis de fertilidade do solo; o acompanhar o desenvolvimento das principais pragas, doenças de
modo a estabelecer a oportunidade de intervenção contra os inimigos da cultura de acordo com os meios de luta disponíveis em MPB;
o avaliar a produção em termos quantitativos e qualitativos, designadamente os calibres.
Foi ainda avaliado o efeito de dois tipos de cobertura vegetal na entrelinha (sideração anual e enrelvamento permanente) no nível de fertilidade do solo.
Este ensaio constitui a única Unidade de Demonstração nesta actividade, na região, e tem vindo a ser acompanhado anualmente. Os resultados mais importantes, relativos a 2009, apresentam-se de seguida.
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2. Material e métodos
Todas as análises laboratoriais apresentadas neste trabalho foram
realizadas nos Laboratórios da DRAPALG.
2.1. Caracterização da parcela
A parcela em estudo era composta por laranjeiras das cultivares Valencia Late e Navelina e pela tangerineira da cultivar Hernandina (Figura 1), constituindo uma Unidade de Demonstração com 5000 m2. O porta-enxerto utilizado foi a Laranjeira Azeda e o compasso de plantação era de 5 m x 4 m.
Em 24 e 25 de Maio, de 2006, foi efectuada a enxertia da cultivar Hernandina em tangerineira Nova, da qual se apresentam já resultados de produção ( 1.º ano em que tal controlo foi efectuado, dado que em 2008 a produção não foi significativa).
A parcela é ladeada por duas sebes, localizadas nos extremos Norte e Sul da parcela (Figura 1), constituídas pelas seguintes espécies: loureiro (Laurus azorica), medronheiro (Arbutus unedo), piracanta (Pyracantha coccinea) e sabugueiro (Sambucus lanceolata).
2.1.1. Solo
Os resultados da análise química efectuada ao solo (amostra composta por 20 sub-amostras colhidas a 40cm de profundidade) estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Resultados da análise química efectuada ao solo (2008).
0-40 cm Parâmetros
Valor Classificação
Fósforo (P2O5) (ppm) 223 Muito alto
Potássio (K2O) (ppm) 342 Muito alto
Matéria orgânica (%) 2,0 Médio
Carbono Orgânico (%) 1,2
Azoto total (%) 0,16
C/N 7,25
Textura - Fina
pH (H2O) 8,2 Pouco alcalino
Calcário total (%) 22,6 Calcário
Calcário activo (%) 8,3
Condutividade (mS/cm) 0,3 Salinidade nula
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Trata-se de um solo de textura fina (solo argiloso), pouco alcalino, medianamente calcário, não salino, com elevado teor de fósforo e potássio extraíveis.
A relação C/N mais adequada deverá situar-se entre 10 e 12 Yague (1994).
2.1.2. Rega
O sistema de rega gota-a-gota era constituído por duas linhas de gotejadores autocompensantes (de 3,8 L/hora e distanciados 1 m entre si). As dotações de rega foram iguais em todas as cultivares. O cálculo das necessidades hídricas baseou-se na evaporação diária utilizando uma tina de Classe A, colocada ao ar livre, no posto meteorológico do CEAT, afectada dos coeficientes culturais específicos para a cultura, tendo sido aplicados valores inferiores a 5000 m3/ha/ano ( valores médios aplicados anteriormente), como seria desejável. O deficit hídrico resultou de uma avaria na bomba nos meses de maior exigência de rega, o que afectou significativamente as árvores e, consequentemente, a produção.
Para acompanhar o estado hídrico do solo estão colocados tensiómetros na linha do pomar, de modo a permitir eventuais correcções da dotação de rega.
2.2. Poda Em Agosto de 2008 foi efectuada uma poda drástica nas cultivares
Valencia Late e Navelina, tendo afectado fortemente as produções seguintes. Na cultivar Nova têm sido efectuadas podas de condução das árvores.
2.3. Modalidades, coberto vegetal e fertilização
Foram anteriormente instaladas, e mantidas nos anos seguintes, três modalidades de cobertura do solo para o combate à vegetação espontânea na linha (Figura 1):
- casca de amêndoa (CA) com 6-7 cm de espessura e cerca de 1,8 m de
largura; - tela “base-chão” preta (T) com 2,8 m de largura; - sem cobertura (SC), com utilização de roçadoura mecânica manual para
corte da vegetação espontânea. Em 20/10/2008, procedeu-se à sementeira de dois tipos de cobertura
vegetal do solo (Figura 1) designadamente: sideração (mistura de fava miúda, ervilhaca, gramicha, aveia e cevada) e enrelvamento permanente (mistura comercial Revin IV® mais aveia e cevada). Antes da sementeira, o solo foi mobilizado com escarificador e as sementes foram enterradas através da passagem de vibrocultor com rolo.
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Figura 1 - Esquema da parcela com a localização das modalidades de cobertura do solo na linha e o tipo de cobertura vegetal do solo na entrelinha.
Em Fevereiro/Março de 2009 procedeu-se ao primeiro corte do enrelvamento, com o objectivo de proporcionar uma nova rebentação e aumentar a quantidade de massa verde produzida. Quando existiam espécies em floração, no caso da sideração (Abril/Maio), e espécies com semente formada, no caso do enrelvamento (Maio/Junho), foi realizado outro corte do coberto vegetal do solo na entrelinha.
Sempre que necessário e com o objectivo de combater o desenvolvimento
de vegetação espontânea no pomar, efectuaram-se cortes quer na linha (roçadoura mecânica manual) quer na entrelinha (destroçador de martelos),Em Setembro/Outubro de 2009 não foi efectuada a sideração como em anos anteriores.
A fertilização de cobertura foi efectuada em fertirrega, de Fevereiro a
Outubro, de acordo com os resultados das análises de solo e a exportação de nutrientes adequada à produção esperada de cada cultivar ( com excepção no período em que a bomba de rega esteve avariada, durante o qual não foi feita qualquer fertilização). Os cálculos efectuados determinaram uma fertilização de 1200 kg/ha de Agrimartin Biológico Líquido (FE). Contudo, e porque devido à avaria da bomba em Agosto, as árvores apresentavam sintomas de carências nutritivas e pouco vigor, posteriormente, a fertilização foi reforçada até Novembro. Durante a rebentação de Primavera, foram também aplicados 5 l/ha/ano de Fertiormont Fe-Mn-Zn (fertilizante orgânico líquido), repartidos em quatro aplicações.
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Sebe
∗∗∗∗ Valência late Sem coberturaSideração
∗∗∗∗ Navelina Tela Enrelvamento∗∗∗∗ Casca de amêndoa
Linha de amendoeiras
Linha de alfarrobeiras
Linh
a de
alfa
rrob
eira
s A
mendo
eiras
Abacateiros
Cultivar: Cobertura vegetal dosolo na entrelinha:
Cobertura do solo na linha:
N
Nova
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2.4. Parâmetros estudados
2.4.1. Análise química do solo
Em Novembro de 2008, para avaliar o nível de fertilidade do solo foi efectuada uma colheita de amostra de terra – ver Tabela 1.
2.4.2. Análise foliar
A monitorização nutricional do pomar foi efectuada com base na composição mineral das folha colhidas a 27/10/2008 – ver Tabela 2.
As colheitas foram efectuadas de manhã, com tempo seco, e de forma a abranger os 4 quadrantes da copa de cada uma das árvores. Em cada cultivar foram colhidas pelo menos 40 folhas. Colheram-se duas folhas do terço médio do ramo não frutífero da rebentação do ano.
2.4.3. Doenças e pragas
A monitorização das principais doenças e pragas da cultura baseou-se na observação visual das folhas e frutos, nas três cultivares.
As intervenções realizadas foram efectuadas de acordo com aquelas
observações e seguindo as recomendações da Estação de Avisos Agrícolas da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve.
2.4.4. Produção e qualidade da produção
A colheita da cultivar Navelina foi efectuada em Fevereiro (09/02/2009), a da Valência Late em Julho (10/07/2009), a da cultivar Nova (13/09/2009). Em todas as colheitas procedeu-se à pesagem da produção comercializável por modalidade.
A avaliação da qualidade dos frutos foi efectuada através de análises
físico-químicas e de provas organolépticas. As análises físicas e químicas foram as seguintes: determinação do teor de sumo (%), determinação do teor de sólidos solúveis totais (ºBrix) e da acidez total do sumo e foi calculado o Índice de Maturação (IM = ºBrix/acidez total). Os resultados referentes a 2009 ainda não estão disponíveis na sua totalidade, aguardando-se a entrega de alguns deles pelo Laboratório. As provas organolépticas foram realizadas por um painel de sete provadores, que atribuíram classificações aos seguintes parâmetros: características exteriores (cor), características interiores (espessura da casca e nº de sementes), sabor (ácido e doce) e fibrosidade. Nesta classificação foi utilizada uma escala numérica sendo: 1 - Mau, 2 - Medíocre, 3 - Satisfatório, 4 - Bom, 5 - Muito bom. Os resultados destas provas ainda não estão totalmente disponíveis.
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3. Resultados e discussão
3.1. Estado nutricional das plantas
Os resultados obtidos constam do quadro seguinte: Tabela 2 - Resultados da Análise Foliar
Parâmetros Navelina CA
Navelina T
Navelina RM
V.Late CA
V.Late T
V.Late RM
Azoto (%) 2,09 1,96 2,17 1,76 1,81 1,94 Fósforo (%) 0,182 0,153 0,176 0,176 0,127 0,167 Potássio (%) 2,10 1,94 1,95 1,66 1,36 1,47 Cálcio (%) 6,10 6,26 6,01 6,46 6,79 6,53 Magnésio (%) 0,21 0,24 0,21 0,24 0,26 0,25 Ferro (ppm) 51,0 47,1 46,5 63,6 55,4 44,5 Manganês (ppm) 8,6 9,7 8,1 5,6 4,5 6,8 Zinco (ppm) 29,0 23,8 24,7 41,0 27,9 20,9 Cobre (ppm 13,4 12,4 14,1 36,6 21,8 13,1
Comparativamente aos valores recomendados em agricultura
convencional, na cultivar Valencia Late e Navelina os valores de N, P e K podem ser considerados baixos, enquanto que o valor de Ca é óptimo. Os micronutrientes (Fe, Mn e Zn) podem ser considerados muito baixos.
3.2. Acompanhamento Fitossanitário As principais pragas que estiveram presentes na cultura foram as seguintes: ácaro do Texas, a mosca do Mediterrâneo, as cochonhilhas, os afídeos e a mineira dos citrinos. Foram realizadas as aplicações que se considerou conveniente como medida de luta contra aquelas pragas nomeadamente: óleo de verão, insecticida vegetal azaridactina e cobre (Kocide DF).
3.3. Avaliação da produção e da qualidade da produção 3.3.1 – Produção
Na cultivar Navelina a produção aumentou consideravelmente em 2004 face a 2003, registando-se 47 t/ha na modalidade de tela. Em 2005 esta cultivar atingiu 45 t/ha na mesma modalidade. Esta produção é semelhante à registada em pomares de agricultura convencional. È de referir a baixa produtividade em 2008 (devido à poda intensa como já se referiu anteriormente), contudo foi na modalidade tela que se verificou a maior produção.
Na cultivar Valencia Late verificou-se, em todas as modalidades, uma
diminuição acentuada da produção em 2004, o que se deveu à poda efectuada em Junho/Julho de 2003. Em 2005 verificou-se um aumento considerável da produção, comparativamente aos anos anteriores, tendo-se obtido 45 t/ha na modalidade tela. Nos anos 2008 e 2009 observou-se também uma quebra na
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produção devido à intensa poda realizada. Contudo em 2008 na modalidade sem cobertura foi registada a maior produção. Em 2009, ainda que registando-se baixas produções pelo mesmo motivo, foi a modalidade tela a mais produtiva.
Na Hernandina a produção obtida em 2004 e 2005 foi baixa, tendo-se
registado um aumento considerável em 2006. Relativamente à cultivar Nova não foram registadas as produções no ano
2008 por ser o primeiro ano de produção. Em 2009 as árvores apresentavam uma produção excelente mas por razões técnicas desconhecidas, a produção deste pomar bem como outros na região, rachou tendo a mesma sido grandemente afectada, no entanto foi a modalidade casca de amêndoa a mais produtiva.
Refere-se que na generalidade em todas as cultivares houve tendência
para uma maior produção comercializável na modalidade tela (ver Tabela 2).
Tabela 2 - Produção comercializável em kg/ha das cultivares Valencia Late, Navelina, Hernandina e Nova por modalidade de cobertura do solo na linha (casca de amêndoa - CA, tela - T e sem cobertura - SC), de 2003 a 2006.
Modalidade 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Valencia Late CA 10 157 1 646 27 870 38 500 32 167 19 385 23 393 T 14 469 5 548 45 063 48 833 37 547 29 250 28 438
SC 8 155 1 408 23 310 29 167 30 262 32 381 23 114 Navelina
CA 4 143 35 636 34 181 34 861 33 632 18 325 - T 7 221 46 550 44 808 44 294 36083 20 528 -
SC 3 274 23 215 27 881 25 158 32 200 19 288 - Hernandina
CA - 2 571 3 257 19 081 - - - T - 4 463 7 089 34 921 - - -
SC - 1 706 1 644 12 153 - - - Nova
CA - - - - - - 2 786 T - - - - - - 2 713
SC - - - - - - 1 574
3.3.2 - Calibres Gráfico 1 – Cultivar Navelina
11
2
2
22
2
3
3 3
3 3
3
4
4
4
4
4
4
5 5
5
5
5
5
6
6
6
6
6
6
7
7
77
7
8 8 8
20%
20%
40%
60%
80%
100%
2003 2004 2005 2006 2007 2008
10
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8
7
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4
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Gráfico 2 – Cultivar Valencia Late
33 3 3
4
4
4 4
5
5
5
5
5
5 5
6 6
6
6
6
6 6
7
7
7
7
7
7 7
8
88
8
88 8
9 9 9
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
Como se pode observar pelo gráfico 1 a cultivar Navelina apresenta um bom calibre em termos comerciais, com a maioria dos frutos a enquadrar-se nos calibres 4 e 5. A Valencia Late apresenta frutos mais pequenos, com predominância dos calibres 6 e 7 característicos desta cultivar. 4. Conclusões
Face aos resultados obtidos, considera-se que os citrinos em MPB, na
região do Algarve, têm condições naturais para registarem um acentuado desenvolvimento no futuro próximo.
Os principais problemas de natureza fitossanitária que foram identificados,
em nosso entender, desde que detectados e adequadamente tratados, em devido tempo, não constituem um problema para a qualidade e quantidade da produção.
Práticas culturais importantes, para minimizar aqueles problemas, são do
conhecimento dos produtores e estão devidamente testados, tais como: a colocação de armadilhas, as podas de supressão de ramos infestados e da rebentação interior, para facilitar a entrada de luz, e a utilização de fitofármacos autorizados em modo de produção biológica, constituem boas práticas culturais, com reflexos positivos na produção.
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Avaliando os teores nutritivos das folhas de laranjeira verifica-se que a fertilização efectuada não foi suficiente para colmatar os níveis deficitários em micronutrientes, em especial os valores de Fe, Mn e Zn, tornando-se, por isso, necessária a correcção do ph do solo. Estas deficiências de micronutrientes são muito comuns em fruteiras instaladas em solos calcários – como é o caso do nosso ensaio - e ocorrem também em pomares em agricultura convencional.
Em 2009, a modalidade sem cobertura incrementou os teores foliares de N
nas folhas de laranjeira, enquanto que a utilização de casca de amêndoa conduziu a maiores teores de K.
Quanto à utilização da sideração e do enrelvamento na entrelinha, os
resultados obtidos nos anos estudados não são, ainda, conclusivos. No entanto e do ponto de vista prático, o uso do enrelvamento parece ser mais recomendável, nomeadamente pela facilidade de implementação, já que não há necessidade de realizar a sementeira anual, ainda que não exista unanimidade e evidência sobre este aspecto, que irá continuar a ser estudado nos próximos anos, esperando-se obter mais informação sobre esta questão.
As produções registadas atingiram valores semelhantes às obtidas em
pomares de agricultura convencional. Em termos absolutos, a maior produção de laranja foi obtida pela Navelina em 2004 (47 t/ha) na modalidade tela. A maior produção da Hernandina foi obtida em 2006 (35 t/ha) na modalidade tela. Em todas as cultivares e em todos os anos estudados, a maior produção comercializável foi sempre obtida na modalidade tela.
No último ano, as produções obtidas situaram-se, em média, abaixo das
produções obtidas na região em modo de produção convencional, devido, essencialmente, à poda excessiva a que o pomar foi submetido.
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5. Referências bibliográficas Anuário Vegetal 2003. Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar, Ministério da
Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Lisboa, 44-45. A.O.A.C. 1990. Association of Official Agricultural Chemists. Official Methods of Analysis,
Washington, D.C. Cavaco, M. & Gonçalves, M. 2000. Protecção Integrada dos Citrinos. Lista dos produtos
fitofarmacêuticos. Níveis económicos de ataque. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Oeiras.
Costa, L., Sottomayor, M. & Ribeiro, R. 2004. Produtos em conversão e conversão à agricultura biológica no continente português. 4º Congresso dos Economistas Agrícolas, 25 e 26 de Novembro, UAlg consultado em 14 de Março de 2004, http://www.apdea.pt/4congresso/comunicacoes_pdf/competitividade/lcosta-produtos_conversao_agr_bio.pdf.
Ferreira, J., Strecht, A., Ribeiro, J. R., Soeiro, A. & Cotrim, G., 1998. Manual de Agricultura Biológica: Fertilização e protecção das plantas para uma agricultura sustentável. Agrobio, Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, Lisboa.
Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar 2003. Anuário Vegetal 2003. Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Lisboa, 136-137.
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Martins, A., Gomes, C., Lourenço, A., Luís, M. & Gonçalves, F. 2000. Características qualitativas de laranja (Citrus sinensis L. Osbeck) das variedades Valencia Late, Newhall e Navelina. Actas do Congresso Nacional de Citricultura, Faro, 211-219.
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Yague, J.L.F. 1994. El suelo y los fertilizantes. Ministerio de Agricultura Pesca y Alimentación & Ediciones Mundi-Prensa, Madrid, 327 p.
Ensaio de citrinos em modo de produção biológico - relatório de 2009
Maria Mendes Fernandes - DRAPALG
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ANEXO Calendário de Operações Culturais
09/2/2009 Apanha da produção na cultivar Navelina
05/3/2009 Corte da rebentação excedentária na cultivar Nova
02/4/2009 Corte da sideração (entre-linhas)
15/4/2009 Corte das infestantes (entre-linhas)
18/5/2009 Corte dos rebentos e das espontâneas junto ás árvores na
linha
26/6/2009 Corte da rebentação na cultivar Nova
29/6/2009 Corte das espontâneas junto as árvores
30/6/2009 Corte dos rebentos e ervas
10/7/2009 Apanha da produção na cultivar Valencia Late
15/9/2009 Corte da rebentação na cultivar Nova
24/9/2009 Aplicação em pulverização de óleo de verão (Garbol)
13 e23/10/2009 Aplicação em pulverização com azaridactina (NEEM)
16/11/2009 Apanha da produção na cultivar Nova
26/11/2009 Apanha de uma amostra composta por 20 frutos da cultivar
Navelina para a UALG
27/11/2009 Corte da rebentação na cultivar Nova
02/12/2009 Aplicação em pulverização de óleo de Neem e Kocide DF