A Visão dos Vencidos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
DIOGO BERNADELLI LUZA BASSO DRIESSEN
MICHELE VARGAS
Análise da obra “A Visão dos Vencidos”
CURITIBA
2012
DIOGO BERNADELLI LUZA BASSO DRIESSEN
MICHELE VARGAS
Análise da obra “A Visão dos Vencidos”
Trabalho da disciplina de Arquitetura
hispano-americana de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal
do Paraná.
Prof. José La Pastina Filho
CURITIBA
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 5
2.1. CAP. I — PRESSÁGIOS DA VINDA DOS ESPANHÓIS .................................. 5
2.1.1. Os presságios segundo o Códice Florentino e História de Tlaxcala ........... 5
2.2. CAP. II — PRIMEIRAS NOTÍCIAS DA CHEGADA DOS ESPANHÓIS ............ 7
2.3. CAP. III — AS IDAS E VINDAS DOS MENSAGEIROS .................................... 9
2.4. CAP. IV – ATITUDE PSICOLÓGICA DE MOTECUHZOMA ........................... 10
2.5. CAP. V – OS ESPANHÓIS COMEÇAM A MARCHA: CHEGADA A TLAXCALA
E CHOLULA ........................................................................................................... 11
2.6. CAP. VI – NOVA REMESSA DE PRESENTES E A APARIÇÃO DE
TEZCATLIPOCA NAS CERCANIAS DE POPOCATÉPETL .................................. 12
2.7. CAP. VII — O PRÍNCIPE IXTLIXÓCHITL RECEBE BEM OS ESPANHÓIS ... 13
2.8. CAP. VIII — A CHEGADA DOS ESPANHÓIS AO MÉXICO–TENOCHTITLAN
............................................................................................................................... 13
3. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 16
4. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 17
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1. INTRODUÇÃO
A devastação dos povos americanos aconteceu em grande escala com a
chegada dos espanhóis ao novo continente. A ambição por riquezas destes e a
suposta superioridade cristã fizera com que milhares de indígenas fossem mortos, e
com eles, seus costumes, tradições, religião desaparecessem.
Esta situação dificulta muito o trabalho dos historiadores em reconstituir a
história dos povos que habitavam esta terra antes da chegada dos europeus. Os
registros deixados por estes são por muitas vezes distorcidos e retratam, sobretudo,
a visão deles sobre os acontecimentos que se passavam.
Por fortuna, maias e nahuas (astecas na sua própria língua) eram povos que
apreciavam registrar sua história e descreveram a chegada dos estrangeiros nas
terras americanas.
Eram várias as formas de registro, uma das mais importantes são umas rodas
que produziam que representavam cinquenta e dois anos. Ao lado delas, os
indígenas pintavam acontecimentos importantes de cada ano. Em uma delas há a
pintura da chegada dos castelhanos. Essas pinturas não são tão específicas e
pontuais quanto à escrita, para decifrá-las é necessário imaginar um conceito, o
contexto que procuram descrever. Logo que os castelhanos entraram na cultura
indígena e a estes ensinaram a escrita, os índios começaram a escrever suas
orações e cantares.
Graças ao esforço dos nativos somado ao trabalho de alguns europeus para
registrar os fatos daquela época é possível reconstituir o cotidiano desses povos,
que tão rica cultura tinham.
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1. CAP. I — PRESSÁGIOS DA VINDA DOS ESPANHÓIS
Para o autor, dos documentos colhidos, seu fundamental interesse é o fôlego
humano ali contido, superando inclusive os próprios fatos históricos. A chegada dos
espanhóis ao México é enxergada sob a ótica dos índios nahuas de várias
procedências, é enxergada sob a ótica dos vencidos — e, portanto, entremeada por
muita superstição. Os nativos afirmavam ver, desde alguns dez anos antes do
sucedido, maus agouros que antecederam a chegada dos espanhóis. Os
documentos dos quais se extraíram os depoimentos a seguir tratam-se do “Códice
Florentino” e “História de Tlaxcala”. É possível estabelecer um paralelo entre ambos,
sobretudo no que diz respeito às similitudes dos textos, inferindo que provavelmente
o autor de “História de Tlaxcala” teve acesso aos registros dos “Informantes de
Sahagún” (Códice Florentino).
2.1.1. Os presságios segundo o Códice Florentino e História de Tlaxcala
Ilustração dos maus agouros narrados pelos nativos
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PRIMEIRO AGOURO: Ocorreu um agouro no céu dez anos antes de virem os
espanhóis (contas precisas, por outro lado, estabelecem a data de 1517, dois anos
antes que os espanhóis chegassem ao México). Algo como uma espiga ou chama
de fogo, surgida do oriente e que desaparecia com o sol, rasgando o céu. Narra a
“História de Tlaxcala” que, quando tal agouro era visto, os nativos davam palmadas
nas próprias bocas, em sinal de espanto. Seu pranto e tristeza eram igualmente
acompanhados de sacrifícios humanos.
A “espiga de fogo” que gotejou nos céus dos nativos mexicanos dez anos antes da chegada dos espanhóis
SEGUNDO AGOURO: A chamada “Tlacateccan” (Casa de governo)
incendiou-se espontaneamente, sem que ninguém lhe pusesse fogo. Ouviam-se os
gritos dos desesperados: “Eia, mexicanos! Vinde depressa e com presteza com
cântaros para apagar o fogo.”
TERCEIRO AGOURO: Sem que qualquer trovão o precedesse e através de
garoa fina, um raio caiu do céu e feriu uma edificação de palha — o templo de
Tzummulco (que significa “no cabelo fofo”).
QUARTO AGOURO: Um fogo tripartido irrompeu do céu, quando ainda havia
sol, feito uma chuva de chispas.
QUINTO AGOURO: “Isto aconteceu na lagoa junto de nós”, disseram os
nativos. Sob a ação do vento, ferveu a água, a qual de tal modo se enfureceu e
revolvia, que subiu ao povoado, destruindo casas e afogando pessoas.
SEXTO AGOURO: Muitas vezes ouviu-se pela noite a deusa Cihaucóatl, que
gritava: “Meus filhinhos, pois já temos que ir para longe. Para onde levarei vocês?”
SÉTIMO AGOURO: Certa vez, os que trabalhavam com redes recolheram um
pássaro cinzento, e imediatamente o levaram a Motecuhzoma. Havia uma espécie
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de superfície espelhada na moleira do pássaro, pela qual se podiam ver as
constelações. O imperador foi acometido por um mau pressentimento ao vê-las.
Pela segunda vez que olhou através da moleira do pássaro, enxergou como se
algumas pessoas viessem apressadamente; compridas, dando empurrões e
guerreando umas com as outras.
Motecuhzoma consultando o diadema espelhado na cabeça do pássaro cinzento
OITAVO AGOURO: Costumavam-se ver pessoas monstruosas andando
pelas ruas. Seres de um só corpo e duas cabeças. Ao serem levadas à presença do
imperador Motecuhzoma, tais figuras desapareciam.
Figuras monstruosas que desapareciam na presença do imperador
2.2. CAP. II — PRIMEIRAS NOTÍCIAS DA CHEGADA DOS ESPANHÓIS
Perturbado pelo número de presságios, o imperador Motecuhzoma mandou
chamar seus magos. Disse a eles: “Haveis visto algumas coisas nos céus, ou na
terra, ou nas covas, lagos de água funda, cavernas, pontes ou mananciais de água,
algumas vozes como a de uma mulher dolorida, ou de homens; visões, fantasmas
ou outras coisas como estas?” Queria ele descobrir se estavam os astecas na
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iminência de qualquer desgraça futura. Contudo, os magos não puderam lhe
responder. O imperador mandou que os prendessem e, quando por milagre
desapareceram os magos de seu cárcere, Motecuhzoma reuniu comitivas que
saquearam seus lares e mataram suas mulheres e seus filhos.
Avistamento das embarcações espanholas pelos nativos nahuas
Neste tempo, apareceu um pobre macehual (homem do povo), chegado das
costas do Golfo, anunciando a vinda de “espécies de torres ou pequenos morros que
vinham flutuando sobre o mar”. Estes aparatos se viam ocupados por pessoas “de
carnes muito brancas, mais que as nossas carnes, todos têm barbas longas e os
seus cabelos vão até as orelhas (...).”
A divindade Quetzalcóatl em sua forma humana
Por pensar se tratarem de Quetzalcóatl e outros deuses que retornavam,
Motecuhzoma se viu debaixo de grande angústia. Reuniu seus ourives e ordenou
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que confeccionassem presentes preciosos (como correntes de ouro e abanadores
de rica plumagem) àqueles que chegavam.
2.3. CAP. III — AS IDAS E VINDAS DOS MENSAGEIROS
Os textos indígenas narram o encontro dos mensageiros, ordenados pelo
imperador, com os espanhóis. Um destes depoimentos afirma que, após ser
ordenada a vigilância das águas, Motecuhzoma pediu a alguns cavalheiros que
seguissem ao encontro daquelas gentes estranhas, de carne branca, as quais
acreditava serem deuses na companhia do Deus-Rei Quetzalcóatl. Assim foram os
mensageiros e, consigo, carregaram preciosos presentes, aqueles que chamaram
de “tesouro de Quetzalcóatl”.
A divindade de Quetzalcóatl retratada como a serpente revestida de penas
Sendo então avistados pelos espanhóis, estes perguntaram:
— Quem sois vós? De onde viestes?
E a conversa só se tornava possível através da presença da intérprete
Malinche, trazida por Hernan Cortés. Responderam os nativos:
— Viemos do México.
Dando-lhes crédito, Cortés os convidou para que subissem na embarcação.
Lá chegando, os indígenas fizeram reverência, declarando: “Digne-se o deus de
ouvir: vem render homenagem seu lugar-tenente Motecuhzoma.” E, assim, vestiram
o capitão com os enfeites sagrados que trouxeram para a nave. A máscara de
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turquesa, brincos, o colete, o colar de malha, o espelho e, afinal, vestiram-no com o
manto.
Tendo retornado à diligência de Motecuhzoma, seguiram todos à Casa da
Serpente. Sacrifícios humanos foram oferecidos; com o sangue dos prisioneiros
sacrificados, foram os mensageiros espargidos. Em seguida, prestaram conta a
Motecuhzoma e narraram tudo aquilo que viram na companhia dos espanhóis.
Contaram sobre sua curiosa comida, os canhões e seus balaços poderosos, os
adereços de guerra e como eles permitiam somente a visão de seus rostos brancos.
Por tudo o que ouviu, Motecuhzoma foi tomado de grande temor e angústia.
2.4. CAP. IV – ATITUDE PSICOLÓGICA DE MOTECUHZOMA
Ao ser informado sobre a chegada dos forasteiros, Motecuhzoma deprimiu-se
e teve muitas dúvidas. Desconhecia a origem e as intenções daqueles homens que
traziam animais e objetos jamais vistos. Desconfiando tratar-se da volta do deus
Quetzalcóatl, achou conveniente averiguar que tipo de visita era aquela.
Então Motecuhzoma enviou magos, feiticeiros, guerreiros, homens o quanto
pôde ao encontro dos espanhóis, para que, caso necessário, tentassem impedir sua
chegada ao México-Tenochtitlan. Levaram consigo galinhas da terra, os ovos
destas, tortillas, e tudo que os estrangeiros pedissem deveria ser atendido. Levaram
prisioneiros para serem sacrificados em frente aos possíveis deuses, e assim o
fizeram.
Ao assistirem a matança dos prisioneiros, os espanhóis ficaram muito
enojados, cuspindo, fechando os olhos, em desaprovação — possivelmente assim,
deixaram claro que não se tratavam dos deuses. Comeram os frutos locais e
iguarias ofertadas, mas para afastá-los, a comissão de Motecuhzoma nada pôde
fazer. De volta ao México-Tenochtitlan, angustiados, os homens contaram sobre
como os forasteiros eram fortes e invencíveis. Perto deles não eram nada.
Temeroso, Motecuhzoma matutava sobre o que aconteceria à cidade. Exigiu
que os principais governantes locais cuidassem esmeradamente de tudo que
aqueles pudessem necessitar. Teriam sido amparados e seguiriam seu caminho.
Por outro lado, sabendo da existência do líder Montecuhzoma, os espanhóis
questionaram-se sobre suas características físicas e sua experiência.
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Quando este ouviu sobre as especulações a seu respeito, quis fugir, porém
não adiantaria. O desespero se tornou generalizado, havia choro e desalento entre
as famílias. Restava esperar.
2.5. CAP. V – OS ESPANHÓIS COMEÇAM A MARCHA: CHEGADA A TLAXCALA E
CHOLULA
Apesar do esforço dos homens de Motecuhzoma, Cortés e os espanhóis
iniciam sua marcha em direção ao México-Tenochtitlan. Em seu caminho, tiveram
seu primeiro combate em Tecoac, que resultou em muitas mortes devido à
resistência dos nativos.
Informados da desgraça de Tecoac, os homens de Tlaxcala amedrontaram-
se. Para que fossem poupados, em reunião decidiram aliar-se aos forasteiros.
Assim, receberam os espanhóis com honra, entregaram-lhes suas filhas e tudo que
podiam oferecer. Logo foram questionados a respeito de Tenochtitlan, que não
estava muito longe dali. Rapidamente, os tlaxcaltecas começaram a fazer intrigas
contra o povo de Cholula, de quem eram inimigos mortais. Denunciaram a maldade,
o poder e a suposta aliança destes com o povo mexicano, o que motivou os
conquistadores a combaterem em Cholula.
O massacre de Cholulas
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Confiantes de que seriam protegidos pelo deus Quetzalcóatl, os Cholulas
receberam os espanhóis sem temer. Foram mortos brutalmente pelos espanhóis em
conjunto com os Tlaxcalas, que agora guerreavam ao lado dos “deuses”. Após a
chacina, colocam-se em marcha novamente para Tenochtitlan, horrorizando cada
vez mais a cidade de Motecuhzoma, que se mantinha alerta.
2.6. CAP. VI – NOVA REMESSA DE PRESENTES E A APARIÇÃO DE
TEZCATLIPOCA NAS CERCANIAS DE POPOCATÉPETL
Oprimido pela derrota de Cholula, Motecuhzoma envia mais uma vez
representantes ao encontro dos espanhóis, já no lugar chamado “Tacho da Águia”. A
nova comitiva presenteou os conquistadores com bandeiras e colares de ouro,
alegrando-os intensamente.
Os nativos presenteiam os espanhóis
A felicidade dos forasteiros ao receber o ouro foi completamente anulada
quando o líder dos representantes de Motecuhzoma tentou se passar por ele. Cortés
foi alertado pelos tlaxcaltecas de que aquele era na verdade Tzihuacpopoca, e
irritou-se e repeliu os homens de Motecuhzoma, avisando que este não poderia se
esconder. Mais uma vez, a tentativa amistosa fracassou.
Desesperado, Motecuhzoma envia mais feiticeiros, magos e sacerdotes para
tentar impedir que os estrangeiros e agora inimigos tivessem êxito, mas estes
também nada puderam fazer. Ainda no caminho, tiveram a visão de um deus,
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Tezcatlipoca, avisando-os que deveriam retornar para casa, pois o que estava feito
estava feito.
2.7. CAP. VII — O PRÍNCIPE IXTLIXÓCHITL RECEBE BEM OS ESPANHÓIS
Ao chegarem a Tezcoco, os espanhóis encontraram um povo aberto em
recebê-los e o senhor da cidade, Ixtlixóchitl, irmão de Cacamatzin, em missão de
paz. Quando entraram na cidade, o povo saiu para recebê-los e aplaudi-los. Os
indígenas acreditavam que os estrangeiros eram filhos do sol, por isso se jogavam
de joelhos e os adoravam.
Cortés, pela voz do interprete, quis declarar-lhes a lei de Deus:
“Explicou-lhes o mistério da criação e seu pecado (...) tirou um crucifixo e erguendo-o os cristãos puseram-se de joelhos. Ixtlixóchitl e os demais fizeram o mesmo, e explicando-lhes em seguida o mistério do batismo e demonstrando a sua prática disse-lhes que o imperador Carlos, com piedade deles que se perdiam, enviou-lhes para isto (...) Ixtlixóchitl respondeu-lhe chorando e em nome de seus irmãos que ele havia compreendido muito bem aqueles mistérios e dava graças a Deus que o iluminou, que ele queria ser cristão e reconhecer seu imperador”. (PORTILLA, 1985, p. 70).
E assim o senhor da cidade foi batizado, o qual foi renomeado de Hernando.
Cortés foi seu padrinho. Naquele mesmo dia, mais de vinte mil pessoas foram
batizadas.
Quando Ixtlixóchitl foi até sua mãe, Yacotzin, para contar-lhe as novidade e
convidar-lhe para se batizar, ela se negou. Acusou o filho de ter perdido o juízo por
deixar-se corromper em tão pouco tempo por um punhado de bárbaros como os
cristãos. O filho se ofendeu com isto e disse que se não fosse sua mãe cotar-lhe-ia a
cabeça.
Devido às ameaças do filho, Yacotzin acabou se convencendo e também foi
batizada. Chamaram-lhe de Maria, por ser a primeira cristã.
2.8. CAP. VIII — A CHEGADA DOS ESPANHÓIS AO MÉXICO–TENOCHTITLAN
Continuando sua viagem, os espanhóis chegam até o México pelo sul, até
atingirem o seu objetivo: Xoloco.
Ao chegarem à cidade, foram recebidos por príncipes, nobres, magnatas,
cavalheiros. O príncipe da cidade, Motecuhzoma, achava-se todo enfeitado para
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recebê-los. Trazia as mais finas flores em gamelas, e igualmente eram oferecidos
aos estrangeiros colares de ouro, colares de grossas contas suspensas, colares de
metal trançado.
Gravuras que retratam a recepção dos espanhóis em Xoloco por Motecuhzoma
Após a cerimônia de recepção, Motecuhzoma tem uma conversa com Cortés.
O príncipe estava em ansioso aguardo dos deuses. Declarou já tê-lo visto em sonho,
e que seu trono está à sua espera: “Que haveria de instalar-te em teu assento, em
teu domínio, que haveria de vir para cá (...) Chega à terra: vem e descansa; toma
posse de tuas casas reais; dá refrigério ao te corpo. Chegai a vossa terra, senhores
nossos!” (PORTILLA, 1985, p. 75).
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Conversa entre espanhóis e nativos através da intérprete Malinche
Os espanhóis não tardam a mostrar interesse pela riqueza e ouro da cidade.
Motecuhzoma guiou os recém-chegados até a casa de tesouro, chamada Teucalco.
Os estrangeiros tiram todos os objetos que eram de seu interesse, como os escudos
e as insígnias de ouro. O resto do material — plumas, coletes de pluma, escudos
preciosos, disco de outro, os colares dos índios, as lunetas para nariz de ouro — foi
incendiado.
Depois desta terrível ação, invadiram a casa de riquezas de Motecuhzoma e
se apoderam de todo o seu acervo pessoal: colares de pedras grandes, pulseiras de
fina textura, correntes de ouro, braceletes, anéis, coroas reais, todas suas joias,
coisas pessoais do imperador e reservadas apenas a ele.
A esta altura, a população nativa já passava a estranhá-los e temê-los.
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3. CONCLUSÃO
A história dita oficial encontra-se geralmente fundada nos registros que os
europeus deixaram: um povo estrangeiro chegando a terras novas e descrevendo o
local, os acontecimentos, a cultura indígena, com seus conceitos já pré-definidos.
Isto se deve muito ao fato de que vários povos pré-colombianos não possuíam
formas de escrita ou registro da história. Esta situação fez com que a História oficial
se tornasse muito parcial, narrada a partir da visão dos vencedores.
No entanto, devido ao desenvolvimento das civilizações maia e nahua, muitos
registros da parte dos indígenas foram deixados, graças ao apreço que esses povos
tinham em contar os acontecimentos da época. Isto tem muito conteúdo a
acrescentar à História.
A partir dos relatos dos europeus somados aos dos indígenas, a
reconstituição do contexto do período torna-se mais completa e rica. É possível
saber o que se passava antes da chegada dos europeus (como os presságios que
precederam a chegada dos espanhóis). É igualmente possível conhecer melhor sua
a cultura, a religião que possuíam; aprofundar-se, por exemplo, no costume asteca
de sacrificar seus prisioneiros em honra aos deuses.
E o mais importante, é possível entender como eles próprios acolheram o
inimigo, abrindo todas as portas e riquezas para o povo que iria destruí-los.
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4. REFERÊNCIAS
León-Pontilla, M. Cap.s 1–8. In: . A visão dos vencidos. Porto Alegre: L&MP,
1985. p. 1–79.
THE OMENS THAT PRECEDED THE COMING OF THE SPANIARDS. Disponível
em: <http://reocities.com/Athens/Academy/3088/vv-chap01.html> Acesso em:
23/09/2012
PUEBLOS ORIGINARIOS. Disponível em: <http://pueblosoriginarios.com/textos/
vencidos/2.html> Acesso em: 25/09/2012
MORE PRESENTS SENT AND THE APPEARENCE OF TEZCATLIPOCA NEAR THE
POPOCATEPETL. Disponível em: <http://reocities.com/Athens/Academy/3088/vv-
chap06.html> Acesso em: 29/09/2012
LA MALINCHE — HEROINE OR TEMPTRESS. Disponível em:
<http://womenofhistory.blogspot.com.br/2012/08/la-malinche-heroine-or-
temptress.html> Acesso em: 29/09/2012