A trAjetóriA dAs importAções do estAdo de são pAulo (1999-2013) · 2015. 11. 3. · 1a Análise...

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SEADE A TRAJETÓRIA DAS IMPORTAÇÕES DO ESTADO DE SÃO PAULO (1999-2013) n o 29 Agosto 2015 ISSN 2317-9953 Autores deste número Maria Regina Novaes Marinho, pesqui- sadora da Fundação Seade. Gian Fabricio Martins Silva, especialista em políticas públicas da Secretaria de Plane- jamento e Gestão do Estado de São Paulo. Coordenação e edição Edney Cielici Dias

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SEADE

A trAjetóriA dAs importAções do estAdo de são pAulo

(1999-2013)

no 29 Agosto 2015

ISSN 2317-9953

Autores deste númeroMaria Regina Novaes Marinho, pesqui-sadora da Fundação Seade.Gian Fabricio Martins Silva, especialista em políticas públicas da Secretaria de Plane-jamento e Gestão do Estado de São Paulo.

Coordenação e ediçãoEdney Cielici Dias

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Diretora-ExecutivaMaria Helena Guimarães de Castro

Diretor-Adjunto Administrativo e FinanceiroLuiz Carlos Puntoni (respondendo pelo expediente)

Diretor-Adjunto de Análise e Disseminação de InformaçõesEdney Cielici Dias

Diretora-Adjunta de Metodologia e Produção de DadosMargareth Izumi Watanabe

Corpo editorial

Maria Helena Guimarães de Castro;

Haroldo da Gama Torres;

Margareth Izumi Watanabe;

Edney Cielici Dias e

Osvaldo Guizzardi Filho

Assistente de edição

Cássia Chrispiniano Adduci

SEADEFundação Sistema Estadual de Análise de Dados

Av. Cásper Líbero 464 CEP 01033-000 São Paulo SPFone (11) 3324.7200 Fax (11) 3324.7324

www.seade.gov.br / [email protected] / [email protected]

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apresentação

pesquisAs inseridAs no debAte públicoO Seade é uma instituição que remonta ao século 19, com o surgi-

mento da Repartição da Estatística e do Arquivo do Estado, em 1892. Ao longo de mais de um século, tem contribuído para o conhecimento do Es-tado por meio de estatísticas, com um conjunto amplo de pesquisas sobre diversos aspectos da sociedade e do território de São Paulo. Levar parte importante desse volume de informação e suas interconexões ao público é,

por sua vez, uma tarefa tão relevante quanto desafiadora.O Projeto Primeira Análise visa divulgar parte do universo de conheci-

mento da instituição, ao dialogar com temas de interesse social. Os artigos que compõem o projeto procuram sinalizar de forma concisa tendências e apresentar uma análise preliminar do tema tratado. Trata-se de texto au-toral, de caráter analítico e científico, com aval de qualidade do Seade.

Os textos são destinados a um público formado por gestores públi-cos, ao oferecer informação qualificada e de fácil compreensão; ao meio acadêmico e de pesquisa aplicada, por meio de abordagem analítica pre-liminar de temas de interesse científico; e para a mídia em geral, ao suscitar pautas sobre questões relevantes para a sociedade.

Os artigos do projeto têm periodicidade mensal e estão disponíveis na página do Seade na Internet. Os temas englobam aspectos econômicos, sociais e de interesse geral, abordados em perspectiva de auxiliar na formu-lação de políticas públicas.

Desta forma, o Seade mais uma vez se reafirma como uma instituição ímpar no fornecimento de informações de importância para o conhecimen-to do Estado de São Paulo e para a formulação de suas políticas públicas.

Maria Helena Guimarães de Castro

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 4

resumo: Este estudo traz o perfil das importações paulistas, carac-

terizando diferentes aspectos da pauta, além de identificar os prin-

cipais fatores que influenciaram seu desempenho. O texto comple-

ta o olhar sobre o comércio exterior nacional e paulista, entre 1999

e 2013, exposto em números anteriores do boletim 1a Análise.

Sumário executivo

• As importações do Estado de São Paulo totalizavam US$ 23,4 bilhões em 1999 e US$ 89,8 bilhões em 2013, com crescimento nominal de 283,3% e incremento real de 174,2% nesse período.

• Entre 1999 e 2013, houve queda no porcentual dos manufatura-dos, que passaram de 90,3% para 86,3% e aumento da participa-ção dos produtos básicos, de 7,0% para 12,1%.

• Os bens intermediários foram os de maior participação nas impor-tações paulistas, com 40,6% do total de importados em 2013, contra um valor ainda maior em 1999 (44,8%).

• Nas importações paulistas de industrializados, os produtos de mé-dia-alta intensidade tecnológica registraram a maior participação, com 46,6% em 2013 e 44,8% em 1999.

• Dos dez principais produtos da pauta, quatro estão relacionados à indústria do petróleo (óleo bruto de petróleo, óleo diesel, nafta para petroquímica e querosene de aviação), totalizando 14,6% do total importado pelo Estado.

• Os Estados Unidos continuaram a ser o principal país fornecedor de produtos, embora tenham perdido significativa participação. A Alemanha foi superada pela China (que ocupava a 11a posição em 1999) e a Argentina passou da 3a para a 8a posição.

importAções do estAdo de são pAulo

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introdução

A economia paulista caracteriza-se, em grande medida, por um parque in-

dustrial complexo e diversificado e pelo seu relevante peso na economia

nacional. A indústria paulista reúne 25 tipos de atividades industriais, desde

segmentos da indústria tradicional, como alimentos e vestuário, até seg-

mentos com perfil de alta intensidade tecnológica, como o automotivo e o

aeronáutico. A economia do Estado traz entre suas questões importantes

o comércio exterior, quer pela contribuição das exportações na economia

estadual, possibilitando o escoamento de parte da produção para além do

mercado nacional, quer pelos efeitos possíveis das importações em sua

indústria.

O papel que as importações ocupam nos processos relacionados à

indústria é controverso. Segundo Marconi e Rocha (2012):

Diversos autores defendem que a valorização da TCR [taxa de câmbio real] e o consequente aumento da participação de importados no processo produtivo são benéficos ao crescimento econômico, uma vez que a redução dos custos de insumos e a possibilidade de aquisição de bens de capital mais baratos e com maior produtividade aumentam a eficiência e contribuem para reduzir os preços, tornando os produtos mais competitivos.

Por outro lado, e ainda de acordo com Marconi e Rocha (2012), outros

autores apontam que “o aumento da participação de insumos pode inibir

encadeamentos produtivos relevantes para estimular tanto a demanda in-

tersetorial como a diversificação da estrutura produtiva e o próprio processo

de industrialização”.

No esforço de colaborar com o entendimento dessa complexa dinâmi-

ca do comércio exterior brasileiro, em geral, e paulista, em particular, o

boletim 1a Análise já divulgou textos comparando o comportamento das

exportações paulistas vis-à-vis às brasileiras (MARINHO; SILVA, 2013) e a

evolução das exportações das regiões administrativas paulistas comparadas

ao conjunto do Estado (MARINHO; SILVA, 2014).

O presente número segue o esforço de compreensão do comércio

exterior paulista. Neste trabalho, são abordadas as diferenciações das im-

portações, concluindo assim o olhar sobre as peculiaridades do comércio

exterior nacional e do Estado entre 1999 e 2013. Procura-se identificar os

principais fatores que influenciam as importações paulistas e caracterizar os

elementos da pauta segundo suas propriedades intrínsecas e seus principais

países fornecedores.

Nesta análise, duas questões se destacam ao observar o período. A

primeira revela o crescente peso dos produtos da indústria do petróleo na

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pauta de importações, sobretudo no último ano da série, não indicando, no

geral, maior dependência externa, mas sim um maior impacto de preços, es-

pecialmente no que se refere ao óleo bruto de petróleo. Um segundo ponto

diz respeito ao papel das importações na indústria paulista, com significativa

participação de produtos intermediários e também bens de capital, resul-

tando que as importações estão muito mais voltadas às cadeias produtivas

do Estado do que diretamente ao consumidor final.

evolução

As importações do Brasil passaram de US$ 49,3 bilhões, em 1999, para

US$ 239,6 bilhões, em 2013, crescendo 386,0% em termos nominais e

247,7% em termos reais, descontada a inflação de 39,8% em dólares do

período. Já as importações do Estado de São Paulo totalizaram US$ 23,4

bilhões e US$ 89,8 bilhões, respectivamente, naqueles anos, com incre-

mento nominal de 283,3% e real de 174,2% no período. A observação

permite afirmar que os dois principais elementos a influenciar os montantes

importados foram a taxa de câmbio nominal em relação ao dólar ameri-

cano e o comportamento dos Produtos Internos Brutos (PIBs) nacional e

estadual.

O papel da taxa de câmbio no comércio exterior é bastante conheci-

do. Flutuações cambiais tendem a impulsionar inversamente exportações e

importações: quando o câmbio é depreciado, as exportações tendem a au-

mentar e as importações a diminuir. Quanto mais alta a moeda estrangeira,

geralmente o dólar americano é usado como unidade de referência, maior

é a chance de um produtor local conseguir vencer a competição com os

artigos importados e maior é a probabilidade de alcançar mercados exter-

nos. Em épocas de apreciação da moeda local, os produtos importados

ganham competitividade e deslocam os competidores nacionais. O período

estudado, caracterizado por ser aquele em que houve liberdade cambial, é

particularmente rico para averiguação dessa característica, pois, com suas

grandes flutuações, permitiu observar como as importações pareceram

flutuar em sincronia com o câmbio, com uma marcante exceção em seu

ano final.

Ao se observar a série histórica (Gráfico 1), esta parece ser bastante

sensível à taxa de câmbio nominal por dólar médio anual, tanto para o

conjunto do Brasil quanto para o Estado de São Paulo, com as importações

recuando nos períodos em que há depreciação e aumentando naqueles de

apreciação ou estabilidade. Convém lembrar que a taxa de câmbio real é

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 7

influenciada também pelo diferencial entre as inflações em dólar e em real

– como a segunda foi muito superior no período estudado, a depreciação

deveria ser mais acentuada para manter a competitividade dos produtores

locais.

A mesma associação ocorre em relação aos PIBs. Apesar de bastante

significativos, os crescimentos estiveram compatíveis e alinhados com as

evoluções em dólar dos Produtos Internos Brutos brasileiro e paulista (con-

vertidos pelo dólar nominal médio do ano a que se referem), demonstrando

que as importações não tiveram um aumento descolado do esperado para

a manutenção da participação de mercado (Gráfico 2). Ver-se-á posterior-

mente, porém, que algumas categorias de produtos tiveram seu cresci-

mento das importações muito mais acelerado do que o do PIB do período,

levando-se a crer que ocorreu substituição de indústrias nacionais localiza-

das, principalmente em alguns segmentos de bens de consumo.

Apenas um ano, 2013, apresenta padrão anômalo ao descrito

anterior mente, tanto para a taxa de câmbio quanto para o crescimento

dos PIBs, o que pode ser explicado, em boa parcela, por dois fatores: o

diferencial de inflação já citado, que anulou grande parte da depreciação

GRÁFICO

1

Valor das importações e câmbioBrasil e Estado de São Paulo – 1999-2013

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Banco Central do Brasil; Fundação Seade.

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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Estado de São Paulo Brasil Câmbio

Em bilhões US$ Em R$/US$

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 8

nominal; e a importância que a indústria petrolífera vem alcançando no

período estudado.

Ao selecionar produtos diretamente ligados à indústria em questão,

verifica-se que esses ganharam importância na pauta de importações ao

longo da série em números tanto absolutos quanto relativos – para o Bra-

sil quase triplicaram em participação do total importado; no caso paulista,

quase quadruplicaram (Gráfico 3). Além de tais produtos já serem mais re-

silientes a crises, pois, em grande parte, são de difícil substituição, a con-

juntura interna, com o congelamento dos preços da gasolina e aumento

da demanda por combustíveis para as usinas termoelétricas, incentivou a

importação desses itens no período.

FAtor AgregAdo e intenSidAde tecnológicA

Esse crescimento em importância da indústria petrolífera influenciou tam-

bém a estrutura das importações vista pela ótica do fator agregado. Tal

conceito classifica os produtos em básicos, semimanufaturados e manufatu-

GRÁFICO

2

Valores dos PIBs e das importaçõesBrasil e Estado de São Paulo – 1999-2013

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

PIB Estado de São PauloPIB BrasilImportações Estado de São PauloImportações Brasil

PIB (em bilhões US$) Importações (em bilhões US$)

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rados. Segundo os critérios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior – MDIC para este conceito, no período de 1999 a 2013,

destacam-se queda no porcentual dos manufaturados, que passaram de

90,3% para 86,3%, e aumento da participação dos produtos básicos, de

7,0% para 12,1% (Tabela 1). Apesar de os manufaturados serem os de

maior participação, a importação destes produtos cresceu menos do que a

dos produtos básicos, estes impulsionados pela importação de petróleo bru-

to, como será visto adiante, com a análise dos principais produtos da pauta.

Outro fator importante a ser destacado é que o Estado de São Paulo

diminuiu sua participação no total das importações do país, passando de

47,5% para 37,5%, entre 1999 e 2013, o que reflete um crescimento pro-

porcionalmente maior das importações brasileiras comparadas às paulistas.

Isso pode ser explicado pela perda de peso dos manufaturados e semimanu-

faturados na relação Estado de São Paulo e Brasil (Tabela 2). O crescimento

das importações brasileiras de produtos derivados de petróleo, gás natural,

automóveis e fertilizantes em níveis superiores ao do Estado foi determi-

nante para a redução de participação do Estado no total de manufaturados.

No que se refere aos semimanufaturados, a retração significativa de peso

GRÁFICO

3

Valor das importações de produtos selecionados da indústria do petróleoBrasil e Estado de São Paulo – 1999-2013

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

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Selecionados do petróleo – Brasil Selecionados do petróleo – Estado de São Paulo% Brasil % Estado de São Paulo

Em bilhões US$ Em %

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 10

deve-se, sobretudo, ao crescimento da importação pelo Brasil do princi-

pal produto desta categoria – o cloreto de potássio, bastante utilizado na

produção de fertilizantes – em níveis superiores aos do Estado de São Paulo.

Os produtos que entraram na economia paulista em 2013 apresenta-

vam maior adensamento tecnológico do que aqueles importados em 1999.

Isso pode ser observado quando se analisa o indicador preço por quilo, que

pode ser considerado uma proxy, isto é, uma medida indireta da intensidade

tecnológica dos produtos importados. Assim, quanto maior for o preço por

quilo, para um agregado de produtos, maior tenderia a ser a incorporação

de tecnologia.

Os valores do preço por quilo das importações paulistas e das brasilei-

ras cresceram entre 1999 e 2013. Nesse período, o indicador paulista ele-

TABELA

2

Participação das importações paulistas no total do Brasil, segundo fator agregadoEstado de São Paulo – 1999-2013

Em porcentagem

Fator agregado 1999 2013

Total 47,5 37,5

Produtos básicos 26,9 32,6

Produtos manufaturados

50,8 39,2

Produtos semimanufaturados

41,1 17,5

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

TABELA

1

Valor das importações, participação e taxas de crescimento real, segundo fator agregadoEstado de São Paulo – 1999-2013

Fator agregado

1999 2013 Taxas de crescimento

real (%)1999-2013Valor (US$) % Valor (US$) %

Total 23.438.587.095 100,0 89.841.053.705 100,0 174,2

Produtos básicos 1.639.617.238 7,0 10.848.016.766 12,1 373,3

Produtos manufaturados

21.156.694.703 90,3 77.563.274.663 86,3 162,2

Produtos semimanufaturados

642.275.154 2,7 1.429.762.276 1,6 59,2

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

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vou-se de US$ 1,0/kg para US$ 2,4/kg, enquanto o brasileiro passou de

US$ 0,6/kg para US$ 1,5/kg. Tal comportamento é bastante indicativo de

demandas de uma indústria paulista mais complexa, que requer produtos

de maior conteúdo tecnológico – como máquinas, equipamentos e compo-

nentes de produtos (Tabela 3).

Assim como ocorre com o preço por quilo, o indicador de intensida-

de tecnológica mostra a incorporação de tecnologia. Exclusivamente para

os produtos industrializados, manufaturados e semimanufaturados, existe

uma categorização de intensidade tecnológica elaborada pelo MDIC, que

subdivide os produtos em alta, média-alta, média-baixa e baixa intensidade

tecnológica, segundo a indústria a que se associam. Esta classificação ba-

seia-se em proposta da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OCDE),1 que foi estruturada a partir de pesquisa realizada pela

instituição, na qual se apuraram os gastos em P&D (pesquisa e desenvolvi-

mento) das diversas indústrias de países pertencentes à organização, rela-

cionando intensidade tecnológica aos níveis de dispêndio.

1. Intensidade tecnológica por indústria: alta tecnologia (Aeronáutica e aeroespacial; Farmacêutica; Computação e materiais para escritório; Equipamentos de comunicação, rá-dio e TV; Equipamentos óticos, médicos e de precisão); média-alta tecnologia (Aparatos e máquinas elétricas; Veículos a motor, trailers e semi-trailers; Química (excetuando a farmacêu-tica); Equipamentos ferroviários e de transporte; Máquinas e equipamentos); média-baixa tecnologia (Construção e reparo naval; Produtos de plástico e borracha; Coque, refino de petróleo e combustível nuclear; Outros minerais não metálicos; Metais básicos e fabricação de produtos de metal); baixa tecnologia (Manufatura e reciclagem; Fabricação de papel e demais derivados de madeira, publicação e impressão; Produtos alimentícios, bebidas e fumo; Têxteis e derivados, couros e calçados).

TABELA

3

Preço por quilo, segundo fator agregadoBrasil e Estado de São Paulo – 1999-2013

Em US$/kg

Fator agregadoBrasil Estado de São Paulo

1999 2013 1999 2013

Total 0,6 1,5 1,0 2,4

Produtos básicos 0,1 0,5 0,1 0,7

Produtos manufaturados 1,2 2,5 2,0 3,8

Produtos semimanufaturados 0,4 0,8 0,5 1,0Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

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Os produtos de média-alta intensidade tecnológica são os de maior

participação nas importações paulistas de industrializados, representando

46,6% em 2013 e 44,8% em 1999. Os de alta intensidade têm porcentuais

(26,7% em 2013 e 33,0% em 1999) acima dos observados nas importações

brasileiras, com influência da importação de medicamentos e de produtos

que auxiliam na produção da indústria aeronáutica no Estado (Tabela 4).

Com relação ao preço por quilo, todas as categorias apresentaram

aumento no período analisado, indicando a contínua incorporação de tec-

nologia nos produtos. Os produtos de alta intensidade tecnológica regis-

tram preços por quilo muito superiores às demais categorias, especialmente,

devido aos elevados preços de diversos medicamentos. Isso ocorre porque a

indústria farmacêutica caracteriza-se por ser de alta intensidade tecnológi-

ca e apresenta sistemático aprimoramento de seus produtos, investindo

constan temente em pesquisa e desenvolvimento, o que posteriormente

incorpora-se ao preço final do produto. Estas importações incluem tanto

insumos como medicamentos prontos para o consumo final.

cAtegoriAS de uSo e produtoS

Uma indicação clara de que os produtos importados pelo Estado, e também

pelo Brasil, estão voltados em grande proporção à indústria pode ser perce-

bida pelas categorias de uso, que subdividem os produtos em bens de capi-

tal, bens intermediários e bens de consumo. Seguindo os critérios do MDIC,

há ainda duas categorias: combustíveis e lubrificantes; e demais operações.

TABELA

4

Valor das importações, participação e preço por quilo, segundo intensidade tecnológicaEstado de São Paulo – 1999-2013

Intensidadetecnológica

1999 2013

Valor (US$) %Preço/quilo

(US$/kg) Valor (US$) %

Preço/quilo (US$/kg)

Total 22.040.253.952 100,0 1,8 79.599.965.530 100,0 3,6

Alta 7.271.386.463 33,0 54,2 21.225.873.828 26,7 73,7

Média-alta 9.875.251.487 44,8 2,2 37.069.849.267 46,6 3,7

Média-baixa 2.581.416.376 11,7 0,5 14.062.284.776 17,7 1,5

Baixa 2.312.199.626 10,5 1,3 7.241.957.659 9,1 3,0Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

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Os bens intermediários – que indicam a demanda por matérias-primas

e componentes de produtos para as várias indústrias – foram os de maior

participação nas importações paulistas, com 40,6% do total de importados

em 2013, contra um porcentual ainda maior em 1999 (44,8%). Os bens de

capital, como máquinas e equipamentos, representavam 30,5% em 2013,

porcentual superior àquele registrado para o Brasil (27,6%) e bastante infe-

rior ao verificado no Estado em 1999, que atingia 37,5% (Tabela 5).

A importação de bens intermediários pelo Estado cresceu (148,6%)

acima da categoria de bens de capital (122,8%), indicando que a neces-

sidade de suprir a indústria paulista de produtos que não são produzidos

no país (ou, pelo menos, não a preços competitivos) tem sido maior do

que a demanda de máquinas e equipamentos para ampliar a capacidade

instalada. A crescente demanda por bens intermediários importados tem

afetado algumas indústrias locais. Um segmento emblemático na catego-

ria de bens intermediários é o de autopeças,2 cujos produtos importados

2. Considerados do segmento de autopeças, nesta análise, os produtos pertencentes aos se-guintes códigos SH 6 dígitos do MDIC: 870600, 870810, 870821, 870829, 870830, 870831, 870839, 870840, 870850, 870860, 870870, 870880, 870891, 870892, 870893, 870894, 870895, 870899, 870990.

TABELA

5

Valor das importações e taxas de crescimento real, segundo categorias de usoEstado de São Paulo – 1999-2013

Categorias de uso

1999 2013 Taxas de crescimento

real (%)1999-2013

Valor (US$) % Valor (US$) %

Total 23.438.587.095 100,0 89.841.053.705 100,0 174,2

Bens de capital 8.789.917.018 37,5 27.378.715.441 30,5 122,8

Bens de consumo 2.694.722.956 11,5 11.467.413.005 12,8 204,4

Bens intermediários 10.503.127.854 44,8 36.500.791.877 40,6 148,6

Combustíveis e lubrificantes

1.450.818.921 6,2 14.494.133.382 16,1 614,6

Demais operações 346 0,0 0 0,0 -100,0

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 14

tiveram crescimento real de 294,8% entre 1999 e 2013, bem acima da taxa

de crescimento das importações do Estado (174%).

Apesar de um menor peso (16,1%), cabe mencionar que a categoria

combustíveis e lubrificantes foi a de maior crescimento (614%). Além disso,

os bens de consumo, aqueles destinados diretamente ao consumo dos indi-

víduos e famílias, também cresceram (204,4%) acima da média do Estado.

A relação dos principais produtos importados pelo Estado de São Paulo

revela também a significativa participação de bens intermediários voltados

à indústria. Trata-se de componentes de produtos, que devem atender, so-

bretudo, às demandas das várias indústrias paulistas – embora seja possível

que uma parte dos produtos importados pelo Estado seja dirigida posterior-

mente a outras Unidades da Federação.

Analisando as informações de 1999, observa-se que esta questão se

mostrava presente. Naquele ano, quatro dos dez principais produtos da

pauta paulista de importação eram componentes para a indústria (partes

para aviões e helicópteros, partes para tratores e veículos automóveis, tur-

borreatores, partes para aparelhos transmissores) (Tabela 6).

Da mesma forma, em 2013, cinco produtos desta categoria encontra-

vam-se entre os dez primeiros da pauta: partes de aparelhos de telefonia;

caixas de marcha; partes de aviões e helicópteros; microprocessadores; e

partes e acessórios para carrocerias (Tabela 7).

Outro aspecto que se destaca é o significativo peso do petróleo e de-

rivados entre os primeiros da pauta. O óleo bruto de petróleo sobressai com

8,6% do total em 2013 (em 1999, sua participação era apenas de 2,7%).

Dos dez primeiros produtos da pauta, quatro estão relacionados à indústria

do petróleo (óleo bruto de petróleo, óleo diesel, nafta para petroquímica e

querosene de aviação), respondendo por 14,6% do total importado pelo

Estado.

Uma importante consideração deve ser feita neste ponto. Petróleo é

um produto que precisa ser industrializado, ou, no caso, refinado como é

chamado o processo nessa indústria em especial. As principais refinarias

brasileiras foram construídas nas décadas de 1970 e 1980, antes, portanto,

da consolidação do Brasil como um produtor de petróleo do tipo pesado,

e precisam de um tipo de óleo bruto mais leve do que o produzido pela

Bacia de Campos. Desse modo, o óleo de petróleo bruto é também impor-

tante produto de exportação, pois não conseguimos consumir no país o

mais comumente produzido aqui, que é o do tipo pesado, diferentemente

do importado. As novas refinarias programadas para entrar em operação

terão perfil de produção mais adequado ao óleo produzido em Campos e a

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 15

TABELA

7

Valor e participação das importações, segundo principais produtosEstado de São Paulo – 2013

Principais produtosValor

(em milhões US$)%

Total das importações 89.841,1 100,0

Total dos principais produtos 18.510,3 20,6

Óleos brutos de petróleo 7.731,1 8,6

Óleo diesel 3.174,7 3,5

Outs. parts. para apars. de telefonia/telegrafia 1.420,8 1,6

Naftas para petroquímica 1.214,3 1,4

Querosenes de aviação 949,0 1,1

Outras caixas de marchas 935,1 1,0

Outras partes para aviões ou helicópteros 861,2 1,0

Outs.inseticidas, apresentados de outro modo 857,6 1,0

Microprocessadores mont. para superf. (smd) 704,6 0,8

Outras partes e acess. de carroçarias para veíc. automóveis 661,9 0,7Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

TABELA

6

Valor e participação das importações, segundo principais produtosEstado de São Paulo – 1999

Principais produtosValor

(em milhões US$)%

Total das importações 23.438,6 100,0

Total dos principais produtos 3.351,8 14,3

Óleos brutos de petróleo 622,0 2,7

Outras partes para aviões ou helicópteros 414,5 1,8

Outras partes e acess. para tratores e veículos automóveis 376,0 1,6

Turborreatores de empuxo > 25kn 355,9 1,5

Outras naftas 338,4 1,4

Outras partes p/aparelhos transmissores/receptores 326,4 1,4

Outros aviões/veículos aéreos, peso > 15.000 kg, vazios 255,9 1,1

Outras máquinas e aparelhos mecânicos com função própria 251,5 1,1

Trigo (exceto trigo duro ou para semeadura) 211,9 0,9

Apars. transm./recep. de telefonia celular, para estação base 199,3 0,9Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 16

GRÁFICO

4

Valor e quantidade das importações de óleos brutos de petróleoBrasil – 1999-2013

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

0

5

10

15

20

25

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Valor Peso

Em bilhões US$ Em milhões de toneladas

entrada da produção da chamada camada pré-sal (destaque-se, no Estado,

a Bacia de Santos), com óleos mais leves, pode contribuir para a diminuição

da necessidade de importação.

Outro fator a ser considerado é a elevação dos preços internacionais

de petróleo. Grande parte do crescimento do valor importado deveu-se ao

aumento dos preços no período, uma vez que a quantidade importada,

medida em toneladas, variou bem menos (Gráfico 4).

Uma observação a ser feita é que a pequena diminuição do consumo

registrada entre 2011 e 2012 representa provavelmente mais uma mudan-

ça contábil, com a entrada em vigor da Instrução Normativa n. 1.282 da

Receita Federal do Brasil, que ampliou os prazos para a contabilização das

importações de petróleo, gás natural e seus respectivos derivados, do que

queda física de consumo no país.

Para uma avaliação dos produtos importados pelo Estado por seg-

mentos, realizou-se uma classificação própria com base na Nomenclatura

Comum do Mercosul (NCM) a dois dígitos, tornando possível observar

toda a pauta de importações. O segmento de maior peso em 2013 foi o

de químicos, farmacêuticos, fertilizantes e plásticos, com participação de

22,4%, seguido por reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 17

instrumentos mecânicos e suas partes (17,9%) e produtos da mineração

(16,5%). Contudo, em termos da taxa de crescimento de 1999 a 2013,

um segmento que se destacou foi o de vestuários, calçados e acessórios

(643,5%), corroborando com o conhecimento geral sobre a imensa impor-

tação de artigos deste segmento, especialmente da China e outros países

asiáticos (Anexo 1).

pAíSeS de origem

As importações também podem ser caracterizadas segundo os países de ori-

gem, que mostraram relativa desconcentração. Os dez principais países for-

necedores de produtos diminuíram sua participação de 72,3% para 68,4%

entre 1999 e 2013. Os Estados Unidos continuaram a ser o principal país,

embora tenha perdido significativa participação. A Alemanha foi superada

pela China (que ocupava a 11a posição em 1999) e a Argentina passou da

3a para a 8a posição (Tabela 8).

TABELA

8

Valor e participação das importações, segundo países de origemEstado de São Paulo – 1999-2013

Países de origem1999

Países de origem2013

Valor (US$) % Valor (US$) %

Total das importações

23.438.587.095 100,0Total das importações

89.841.053.705 100,0

Total dos principais países de origem

16.953.245.744 72,3Total dos principais países de origem

61.446.877.032 68,4

Estados Unidos 6.945.153.108 29,6 Estados Unidos 14.999.881.541 16,7

Alemanha 2.447.907.338 10,4 China 12.901.153.797 14,4

Argentina 1.742.485.068 7,4 Alemanha 7.968.590.451 8,9

Japão 1.343.062.497 5,7 Nigéria 5.905.152.148 6,6

França 958.644.256 4,1 Coreia do Sul 3.978.668.429 4,4

Itália 932.548.501 4,0 Japão 3.631.352.664 4,0

Espanha 788.680.467 3,4 Índia 3.396.633.381 3,8

Reino Unido 730.822.300 3,1 Argentina 3.346.839.705 3,7

Suécia 618.055.463 2,6 Itália 2.680.097.911 3,0

Argélia 445.886.746 1,9 França 2.638.507.005 2,9

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 18

Entre os principais produtos vindos dos Estados Unidos, em 2013, es-

tão o óleo diesel e alguns produtos da indústria química (não farmacêutica).

Da China, o Estado de São Paulo importa, entre os primeiros da pauta, par-

tes e aparelhos de telefonia celular e partes de microcomputadores, indican-

do forte presença de produtos de alta intensidade tecnológica. A Alemanha

fornece ao Estado principalmente automóveis, componentes de veículos e

medicamentos. No que se refere ao segmento de petróleo e derivados, o

Estado passou a consumir em maior proporção produtos da Nigéria, o que

antes era principalmente suprido pela Argélia. Da Coreia do Sul, o Estado

compra partes de aparelho de telefonia e componentes de veículos, entre

os principais.

concluSão

Como já apontado, as importações podem causar impactos na indústria lo-

cal tanto no sentido de torná-la mais competitiva pela utilização de insumos

importados mais baratos como provocando perda de espaço da indústria

doméstica para os produtos importados em vários segmentos, fazendo en-

colher a estrutura de uma indústria mais diversificada e complexa. Ao que

tudo indica, a segunda hipótese deve ter ocorrido com maior ênfase. Mes-

mo que os bens intermediários tenham contribuído para baratear a produ-

ção de determinados bens, ainda assim esta mesma importação colaborou

para deslocar a indústria local de bens intermediários.

A mensuração da relação entre indústria e importações pode ser vista,

entre outros indicadores, pelo valor adicionado da indústria de transforma-

ção3 e valor da importação de produtos industrializados. Entre 1999 e 2013,

o valor adicionado da indústria brasileira cresceu 203,3% e a importação

de industrializados ampliou-se em 377,6%, indicando que a indústria não

tem acompanhado o ritmo de crescimento das importações. Nesse mesmo

período, o valor adicionado da indústria paulista registrou incremento de

192,2%, enquanto as importações de industrializados pelo Estado aumen-

taram 262,4%, sinalizando também a defasagem entre a indústria e as im-

portações paulistas (Gráfico 5).

3. Refere-se ao valor adicionado da indústria da transformação em preços correntes, conver-tidos em dólares, pela taxa média anual.

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 19

reFerênciAS

MARCONI, N.; ROCHA, M. Taxa de câmbio, comércio exterior e desindustrialização: o caso brasileiro. Economia e Sociedade, v. 21, número especial, dez. 2012.

MARINHO, M.R.N.; SILVA, G.F.M. O papel estratégico de São Paulo nas exportações brasileiras. 1a Análise, n. 3, jun. 2013. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/wp-content/uploads/2014/06/Primeira_Analise_n3_junho_2013.pdf>.

_________. A importância das exportações para as regiões paulistas. 1a Análise, n. 10, jan. 2014. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/wp-content/uploads/2014/09/primeira_analise_n10_final.pdf>.

GRÁFICO

5

Valor adicionado da indústria de transformação e valor das importações de industrializadosBrasil e Estado de São Paulo – 1999-2013

Fonte: CONAC/DPE/IBGE; MDIC; Fundação Seade.

0

50

100

150

200

250

300

350

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

VA indústria – ESP VA indústria – Brasil

Importação de industrializados – ESP Importação de industrializados – Brasil

Em US$ bilhões

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 20

ANEXO

1

Valor das importações, segundo agregadosEstado de São Paulo – 1999-2013

AgregadosValor (em milhões US$)

Taxas de crescimento

real (%)1999-20131999 2013

Total 23.438,6 89.841,1 174,2 Químicos, Farmacêuticos, Fertilizantes e Plásticos 5.844,8 20.115,2 146,2

Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos e suas partes 4.625,5 16.101,4 149,0

Produtos da mineração 1.511,0 14.800,8 600,7 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes; aparelhos de gravação ou de reprodução de som; aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de som em televisão, e suas partes e acessórios 4.059,1 11.968,8 110,9

Veículos automóveis, tratores, ciclos e outros veículos terrestres; suas partes e acessórios 865,5 5.491,7 353,9

Vidros, cerâmicas e metais – com suas obras 1.279,5 5.040,0 181,8 Instrumentos e aparelhos de óptica, fotografia ou cinematografia, medida ou controle de precisão; instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos; suas partes e acessórios 898,5 4.106,9 227,0

Produtos agropecuários 1.237,6 3.351,5 93,7

Derivados de madeira, couro e borracha 528,4 2.238,2 203,0

Vestuários, calçados e acessórios 150,6 1.565,4 643,5

Aeronaves e aparelhos espaciais, e suas partes 767,4 1.116,1 4,0

Papel e produtos editoriais 578,8 890,2 10,0

Fibras e tecidos (sintéticos ou não) 494,7 868,3 25,5 Móveis; mobiliário médico-cirúrgico, colchões, almofadas e semelhantes; aparelhos de iluminação não especificados nem compreendidos em outros capítulos; anúncios, cartazes ou tabuletas e placas indicadoras luminosos, e artigos semelhantes; construções pré 100,8 639,5 353,9

Alimentos, bebidas e fumo 183,9 542,9 111,1

Brinquedos, jogos, artigos para divertimento ou para esporte; suas partes e acessórios 65,4 382,4 318,0

Obras diversas 50,6 199,0 181,4 Veículos e material para vias férreas ou semelhantes, e suas partes; aparelhos mecânicos (incluídos os eletromecânicos) de sinalização para vias de comunicação 156,7 183,2 (16,4)

Instrumentos musicais; suas partes e acessórios 17,3 90,3 272,8

Aparelhos de relojoaria e suas partes 15,4 59,1 174,0

Embarcações e estruturas flutuantes 1,7 43,2 1.764,4

Objetos de arte, de coleção e antiguidades 3,9 35,8 556,8

Armas e munições; suas partes e acessórios 1,5 11,0 444,9 Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. AliceWeb; Fundação Seade.

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1a Análise Seade, no 29, agosto 2015 21

notA AoS colABorAdoreS

Os artigos publicados pelo Primeira Análise devem ser relacionados

a pesquisas da Fundação Seade. As colaborações podem ser tanto

de integrantes da Fundação como de analistas externos.

A publicação não remunera os autores por trabalhos publicados.

A remessa dos originais para apreciação implica autorização para

publicação pela revista, embora não haja obrigação de publicação.

A editoria do boletim poderá contatar o autor para eventuais dúvidas

e/ou alterações nos originais, visando manter a homogeneidade e

a qualidade da publicação, bem como adequar o texto original ao

formato dos artigos do Primeira Análise – e para isso podem ser

realizadas reuniões de ajuste de conteúdo editorial com os autores.

É permitida sua reprodução total ou parcial, desde que seja citada

a fonte.

E-mail de contato: [email protected]

normAS editoriAiS

O artigo deverá ser digitado em Word (fonte TIMES NEW ROMAN,

corpo 12), contendo no mínimo 15 e no máximo 30 páginas, em

espaço duplo.