A sala de âmbar

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Em 1717, o Rei da Prússia,

Frederico Guilherme I, sabedor que

o Czar da Rússia, Pedro, o Grande,

era um profundo amante das artes,

ofereceu-lhe um conjunto de

magníficos painéis de puro âmbar,

selando

assim, uma aliança entre os dois

países.

Mas... que é o âmbar?

Czar Pedro, o Grande

O âmbar é uma resina fóssil, produzida por um certo tipo de pinheiros que

existiam na Escandinávia, na costa do Mar Báltico, há 50 milhões de anos.

A resina pegajosa escorria do tronco e ramos, lentamente, aprisionando

insectos, folhas, penas, rãs, sementes, quando se tornava espessa.

Com o passar do tempo endurecia e se transformava em âmbar.

O interessante dessas “inclusões” é que elas conservam a sua forma

tridimensional, constituindo importante fonte de estudo de espécies já

extintas.

O âmbar sempre fascinou, desde os tempos mais remotos, não só pela crença

nos seus poderes medicinais e mágicos, como também, artisticamente pela

beleza dos seus diferentes matizes dourados (embora exista noutras cores),

leveza, facilidade de manipulação e por suas famosas “inclusões”

pré-históricas.

Em busca de materiais exóticos para o revestimento de uma das salas do

grandioso Palácio de Verão (hoje Palácio de Catarina) perto de S. Petersburgo,

foram utilizados os formosos painéis de âmbar, em 1755. El famoso arquitecto

Rastrelli executou uma verdadeira obra prima. Inteiramente em âmbar de

diferentes matizes, com belos espelhos de Veneza e magníficos ornatos em ouro,

a sala reflectia as luzes de 565 velas dispostas em luxosos candelabros nas

paredes, proporcionando uma visão fantástica. Considerada a Oitava Maravilha

do Mundo, conservou-se até 1941, quando Hitler invadiu a Rússia.

Os palácios nas proximidades de S. Petersburgo foram os primeiros a ser bombardeados.

Desde o início da guerra, os russos vinham transportando os seus valiosos tesouros para

lugares distantes e seguros. A sala de âmbar também tinha o seu plano de evacuação, mas

não houve tempo. Os alemães, que já tinham planeado apoderar-se dos tesouros russos, e

possuíam listas com a localização exacta dos mais valiosos objectos, não tiveram

dificuldades em localizar a belíssima sala.

Ela foi completamente desmontada, enviada para a Alemanha e instalada no Palácio de

Königsberg (hoje Kaliningrado).

Em 1944, a Alemanha, foi por sua vez, bombardeada pelos aliados, e o Palácio de

Königsberg não escapou, sendo incendiado. E a Sala de Âmbar?

Aí está o mistério. Ela nunca más foi encontrada.

Depois da guerra, os organismos russos encarregados de desvelar esse mistério

procederam a minuciosas buscas, para encontrar o paradeiro do valiosíssimo

âmbar. Tudo foi em vão. Alguns disseram que a sala tinha sido desmontada antes

dos bombardeamentos, outros que foi totalmente queimada, outros opinavam que

foram levados em grandes caixas para barcos, depois afundados, outros que

essas caixas foram escondidas em minas sob a terra, e outros, que os próprios

russos seriam os responsáveis pela sua destruição quando invadiram a

Alemanha.

Em 1979, perante o fracasso da buscaa, o governo soviético determinou

a reconstrução da Sala de Âmbar.

Baseando-se apenas nas fotos existentes, utilizando técnicas

avançadas, os melhores mestres, 6 toneladas de âmbar puro, cerca de 8

milhões de dólares e extenuantes esforços, finalmente, em 2003, a nova

Sala de Âmbar foi inaugurada.

Daguerrotipo de 1859 Autocromo de 1917

Esta é a nova Sala de Âmbar, em todo o seu antigo esplendor.

Os mais variados tons de âmbar e os magníficos espelhos dão à sala uma

sumptuosidade indescritível.

Todos os detalhes da antiga sala foram recriados,

inclusive os quadros com mosaicos florentinos.

Tal como a anterior, apresenta ricas incrustações em entalhes dourados, além de

centenas de lâmpadas que a fazem resplandecer.

Deste modo, graças à maestria de seus criadores do passado e dos seus

recriadores do presente, a Sala de Âmbar, única no mundo, voltou a ocupar o

seu antigo lugar de jóia mais preciosa do Palácio de Catarina.