A RESISTÊNCIA AOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO … · futsal com regras e seus fundamentos. Os alunos...
Transcript of A RESISTÊNCIA AOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO … · futsal com regras e seus fundamentos. Os alunos...
1
A RESISTÊNCIA AOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO FUTSAL NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: SIGNIFICADO E CAUSAS
Josemar Edson da Silva1
Carlos Mauricio Zaremba2
RESUMO
O objetivo deste artigo é identificar e analisar as causas da resistência dos alunos em participar de aulas de Futsal que promovam construção de fundamentos teóricos. O projeto foi oportunizado aos alunos dos 6º ano do Ensino Fundamental para a aprendizagem de fundamentos e do jogo em si da modalidade Futsal por meio de atividades lúdicas diversificadas. Os resultados alcançados foram mudanças de atitudes e uma ruptura da resistência quanto aos fundamentos, nas regras teóricas e práticas do Futsal. Concluiu-se que é possível uma sensibilização para o desenvolvimento de regras do futsal, desde que se estabeleçam bases metodológicas pautadas em vários projetos.
Palavras-chave: Educação Física; Educação Física Escolar, Prática Pedagógica;
Futsal
1
Discente do Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná - 2012, docente no Colégio Estadual Jorge
Queiroz Netto, Piraí do Sul/PR; 2Docente da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
2
1 INTRODUÇÃO
O projeto de intervenção pedagógica: “A resistência aos fundamentos
teóricos do futsal na Educação Física escolar: significados e causas” visou
oportunizar aos alunos a aprendizagem de fundamentos e do jogo em si da
modalidade futsal por meio de atividades diversificadas. O projeto foi implementado
com os alunos do 6º Ano do Ensino fundamental do Colégio Estadual Jorge Queiroz
Netto, em Piraí do Sul/PR.
A contribuição desse projeto para o dia a dia profissional desenvolvera um
processo de conhecimento que permitiu, ao mesmo tempo, apropriar-se criticamente
da realidade e agir sobre ela, explicá-la e, ao mesmo tempo, transformá-la. Para a
profissão como um todo (educação física escolar) e para o conhecimento
acadêmico, a apropriação de um saber cada vez mais elaborado (crítico e reflexivo).
Para a comunidade escolar, que estes tomem conhecimento da importância da
atividade desenvolvida para suas vidas e que resultem mudanças significativas no
campo educacional.
A prática do desporto nas aulas de educação física se tornou essencial, até
como instrumento de modificações e complementação da formação. Dentre as
várias atividades presentes na aula de educação física, o Futsal se destaca pela
preferência unânime de todos.
A história do futsal está ligada à educação física. Surgiu por uma questão de
necessidade física, histórica e social. O Futsal também conhecido como futebol de
salão, é uma modalidade esportiva que foi adaptada do futebol de campo para as
quadras com a vantagem de não precisar de muito espaço físico. Nem todas as
escolas possuem um campo de futebol ou grandes áreas de lazer, mas possuem, ao
menos,uma quadra poliesportiva. Devido a estas facilidades tornou-se um fenômeno
dentre as atividades escolares.
O futsal é o desporto que apresenta o maior número de equipes e de atletas,
participantes dos jogos escolares em todas as suas categorias, inclusive com um
grande crescimento na área feminina. Isto quer dizer que, dentre todas as
modalidades que são praticadas, quer seja nas aulas de educação física, quer seja
em escolinhas de treinamento, o futsal é o esporte que desperta maior interesse por
3
parte dos alunos.
De acordo com as Diretrizes Curriculares (2009, p.64):
... o ensino do esporte nas aulas de Educação Física deve sim contemplar o aprendizado das técnicas, táticas e regras básicas das modalidades esportivas, mas não se limitar a isso. É importante que o professor organize, em seu plano de trabalho docente, estratégias que possibilitem a análise crítica das inúmeras modalidades esportivas e do fenômeno esportivo que, sem dúvida, é algo bastante presente na sociedade atual.
No Brasil não consideramos o futebol como apenas um esporte, ele faz parte
da cultura brasileira e como o Futsal é um esporte derivado do futebol, também
possui muitos adeptos pelo mundo, e por ser trabalhado também o sócio afetivo das
crianças, quase todos os alunos gostam de futebol.
Contudo a Educação Física como prática pedagógica com metodologia
diferente, uma metodologia que aceita a complexidade como um aspecto
estruturante da natureza e do mundo aliando teoria e prática, oportunizando novas
vivências e sensações.
No Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto há uma boa organização de
espaço físico, mas precariedade em equipamentos e materiais para o ensino da
Educação Física. O estado de conservação da escola é precário bem como dos
materiais esportivos
As escolas localizadas na cidade de Piraí do Sul/PR, por necessidade de
sobrevivência, muitas famílias vêm deixando de perceber o papel desta como
agência transmissora de conhecimentos, imputando a ela a tarefa mais ampla de
educar para a vida. Os pais deixam para a escola a função de “educar” seus filhos.
Ao longo das atividades didáticos pedagógicas como professor, é visível que
a grande maioria das famílias atendidas pela escola têm as seguintes
características: é composta por pais que trabalham; o nível socioeconômico é
heterogênio, de precário a médio; muitos alunos vindos da zona rural, alguns pais
são desempregados; os filhos vivenciam muitos problemas, entre os quais se
destacam a agressividade, a violência, a droga, o álcool. Uma parcela pequena dos
alunos é vista como pertencente a famílias tradicionais, com pais atenciosos. De
modo geral o nível socioeconômico das crianças é razoável.
Diante desse contexto como professor, árbitro e técnico de futsal e todos os
envolvidos nas práticas da educação física escolar podemos perceber que muitos
alunos não conhecem as regras da modalidade e constata-se que são inúmeras as
4
dificuldades encontradas pelos professores de Educação Física de várias escolas
locais. As dificuldades encontradas dizem respeito ao ensino teórico da disciplina de
futsal com regras e seus fundamentos.
Os alunos não estão sensibilizados em aprender da maneira correta, eles já
adquiriram certo “vício” em jogar de forma “própria”. Eles cobram o tiro de canto com
as mãos, o goleiro joga com as mãos fora da área, as faltas quase nunca existem
para eles, executam a cobrança de lateral de maneira incorreta. Nas outras
modalidades como voleibol, basquete e handebol os alunos participam da teoria sem
problema, mas quando ocorre a aula de futsal eles alegam que já conhecem todas
as regras e querem partir logo para a prática gerando uma certa indisciplina nas
aulas, uma vez que as etapas para a aquisição do conhecimento faz-se necessária
para atingir a todos os alunos.
Ao entrar na escola o aluno já traz consigo muitos conhecimentos resultantes
de experiências pessoais, como o próprio incentivo dos pais no “país do futebol”, o
futebol é o esporte mais querido e o aluno chega à escola cheio de vivências dentro
de grupos sociais em que estão inseridos e das informações vinculadas pela mídia.
É a partir daí que as crianças acham que já sabem jogar futebol.
Com a realidade exposta vem à indagação: Como superar a resistência aos
fundamentos teóricos do futsal na educação física escolar?
A solução possível é atingir alguma mudança, ou seja, projetos voltados para
uma metodologia que sensibilize a construção de novos conhecimentos estimulando
seu interesse pela prática do Futsal seguindo suas regras.
De acordo com MORAES (1996, p.68),
De uma metodologia que valoriza a cópia da cópia voltada para a dependência intelectual do aluno em relação ao professor, pretendemos uma nova construção que desenvolva a autonomia intelectual do ser aprendente, que deixe o aluno propor os seus próprios projetos e os problemas que deseja resolver, de acordo com os seus interesses.
A viabilidade e a velocidade dessa mudança dependerão de diversos fatores,
entre eles, a maturidade dos alunos, identificada na forma como cada um é capaz de
lidar com os jogos e de que a aprendizagem de regras pode não ser significativa, do
ponto de vista do aluno.
Trabalhar com regras prontas não vai de encontro a construção do
conhecimento, então os alunos deverão construir os fundamentos teóricos do futsal
numa pedagogia inserida em mapas conceituais elaborados pelos próprios alunos.
5
Quando a criança entra na escola, no ensino fundamental, já tem consigo
muitos conhecimentos sobre movimento, corpo e cultura corporal, resultantes da
experiência pessoal, das vivências dentro do grupo social em que estão inseridas e
das informações veiculadas pela mídia. Os alunos apresentam dificuldade de
interpretar e desvelar com maior profundidade os fundamentos teóricos dessa
mesma prática para então contextualizar com os conhecimentos de mundo trazidos
por eles.
De acordo com as (DCE-PR) Diretrizes Estaduais de Educação do Estado do
Paraná o objetivo da Educação Física é
[...] garantir o acesso ao conhecimento e à reflexão crítica das inúmeras manifestações ou práticas corporais historicamente produzidas pela humanidade, na busca de contribuir com um ideal mais amplo de formação de um ser humano crítico e reflexivo, reconhecendo-se como sujeito, que é produto, mas também agente histórico, político, social e cultural. (PARANÁ, 2009, p.48).
Mas ainda mantém-se a problemática de uma dicotomia nas aulas de
Educação Física, na sala de aula, a aula pensada e discutida e já na quadra a aula
praticada, muitas vezes sem reflexão sobre o que estamos fazendo, havendo esse
distanciamento entre teoria e prática.
Dentro deste contexto, é que nossa problemática de pesquisa está em o
aluno ter realmente interesse em praticar as modalidades esportivas com suas
respectivas regras na Educação Física Escolar. Devemos realmente impor essas
regras para os alunos no Ensino Fundamental ou somente fazer com que aqueles
que querem jogar as conheçam? Como trabalhar para que os alunos tenham maior
interesse em aprender as regras antes de jogar sem ter noção das mesmas?
O estado da arte da presente temática encontra-se várias obras que a
embasam, como por exemplo, os autores em metodologias propostas por SANTANA
(1996) onde os princípios pedagógicos poderão ser os do dia a dia, digamos que na
base do improviso a cada dificuldade surgida nas aulas de Futsal; FREIRE (2003)
fala que a pedagogia da rua tem sido competente para ensinar futebol. Mas rua e
escola são instituições bastante diferentes. Há, na pedagogia da rua, segundo ele,
diversas coisas que não devem ser repetidas na escola.
Num ambiente escolar para o bem comum rejeita-se a indisciplina, a
algazarra e sim atenção às regras pré-estabelecidas.
6
De acordo com PAES (2001, p.95)
[...] importante por várias razões: ser um os conteúdos de educação física, de ser a escola uma agência de promoção e difusão da cultura e até mesmo por questão de justiça social, uma vez que em outras agências o acesso ao esporte será restrito a um número reduzido de crianças e de jovens associados de clubes esportivos ou clientes deacademias e / ou de escolas de esportes.
Vejo que para essa justiça social realmente acontecer há a necessidade de
se motivar a maioria dos alunos, e não só os que mais se destacam nas aulas, para
que assim seja possível despertar o seu interesse em continuar exercendo a prática
de atividades físicas, recreativas e esportivas, por motivos de lazer, saúde ou pelo
desejo de competir, não só durante o período escolar, mas também além da escola,
por toda a vida.
GALATTI (2006, p. 36), diz que “à Pedagogia do Esporte, quando no trato
com modalidades coletivas, cabe organizar, sistematizar, aplicar e avaliar
procedimentos pedagógicos a fim de formar jogadores inteligentes, ou seja, capazes
de lidar com os problemas do jogo”. Aqui se discute a relação dialógica na escola,
onde somos influenciados por várias vozes, onde não existem verdades absolutas,
mesmo dentro das regras do futsal, sem a imposição como se os alunos fossem
jogadores profissionais.
A implementação foi realizada no terceiro período, primeiro semestre de 2013.
As aulas foram ministradas na quadra poliesportiva da escola.
Foram realizadas intervenções numa pesquisa de caráter qualitativo, e
quando necessário, buscando corrigir possíveis erros.
A pedagogia do futsal foi por meio de textos próprios da área pedagógica,
repassados através de vídeos numa metodologia participativa e recreativa onde os
elementos técnicos serão abordados de uma maneira lúdica. A proposta de ensino
foi de acordo com as possibilidades, interesses e necessidades dos alunos.
Ao ser entrevistado o pesquisador Wilton Santana relata que “a Pedagogia do
Esporte é uma área eminentemente de intervenção prática, ou seja, estudamos
muito para dar e dominar algumas técnicas (informações) que garantam um ensino
eficaz”. É preciso definir metodologias de ensino que considerem as características
do futsal na escola e as características da fase de desenvolvimento que se
encontram nesse caso alunos do 6º ano do ensino fundamental.
Optou-se pela pesquisa qualitativa porque Wilton Santana diz que o ideal é
que a metodologia seja centrada na abertura de possibilidades, na diversidade de
experiências e, até mesmo, de modalidades. Os professores devem respeitar um
7
conjunto de quatro princípios pedagógicos: ensinar esporte a todos; ensinar bem
esporte a todos; ensinar mais que esporte; ensinar a gostar de esporte. Na prática,
as aulas de iniciação esportiva deveriam garantir participação generosa, informações
especializadas, estímulos diversificados, aprendizado sócio-moral e liberdade de
expressão a todas as crianças.
A metodologia utilizada para realização deste trabalho foi através de um
questionário no inicio da aplicação do projeto composto por questões referentes ao
futsal para explicar os porquês do projeto. Para reforçar a pesquisa, também foram
observadas algumas aulas, registrando as metodologias de ensino usadas no
decorrer com os alunos do 6º do ensino fundamental.
Na avaliação foi observado a prática da atividade corporal, a evolução do
aluno na trajetória das situações vividas (aprendizagem), na identificação de
problemas encontrados pelo professor e pelos alunos para realizarem as
modificações necessárias no processo de desenvolvimento individual e coletivo e na
compreensão do educando diante do vivido.
2. DESENVOLVIMENTO
Para TENROLLER (2004 apud ESTIGARRIBIA, 2005, p.38) o professor deve
conhecer problemas que podem ocorrer durante as aulas de futsal na escola como o
excesso de motivação, desmotivação, estresse ou ansiedade, os problemas que
afetam o psicológico, rejeição e perca do interesse pelo esporte e pressão de
familiares e amigos, isso sem falar na psicologia, anatomia, fisiologia, pedagogia
entre outros componentes que estão ligados aos métodos de ensino do futsal.
O aluno deve sempre começar a ser exposto aos poucos às situações de
maior pressão e responsabilidade que podem ser prejudiciais a eles. ''Dessa forma,
o esporte, como conteúdo pedagógico na educação formal e não formal, deve ter
caráter educativo'' (OLIVEIRA, 2004, revista digital nº 71).
A prática da Educação Física não só para vivenciar o esporte, mas é um
processo de construção de como viver em sociedade.
DAOLIO traz o seguinte texto:
Compreende-se, assim, que a própria ideia de uma Educação Física é uma construção social, tal como a noção de corpo que ela difunde por intermédio de seus profissionais. Em outras
8
palavras, um trabalho com o corpo, de Educação Física ou não, que se preocupasse somente com a dimensão fisiológica que esse corpo inegavelmente possui, estaria desconsiderando que essa constituição orgânica, sendo a de um corpo humano, pudesse expressar, em termos de sentido, de formas absolutamente diferentes em grupos diversos (DAOLIO, 2007, p. 80).
As escolas devem oferecer integração e cooperação entre os alunos e o
professor, para isso ocorrer às aulas deve oferecer o componente lúdico,
demonstrando que todos podem praticar o futsal. (SANTANA, 2001).
O equilíbrio, ritmo, coordenação e noções de espaço e tempo são primordiais
para o aprendizado técnico individual do futsal (ETCHEPARE et al., 2004).
Para PAES (2001, 133 p.), o meio de intervenção no processo ensino-
aprendizagem dos esportes coletivos, defende o jogo possível, que remete a uma
forma simples do jogo principal, ou seja, brincadeiras, pequenos jogos,
apresentando características técnico-táticas e estrutura funcional parecida com o
grande jogo, estes jogos devem estar de acordo com as características e o
conhecimento dos envolvidos.
Conforme BALBINO (2001,142f.), uma proposta de ensino-aprendizagem sob
a ótica das inteligências múltiplas, permite um olhar ampliado do ser humano, para
além do jogo e de seus métodos de ensino.
Numa abordagem metodológica, segundo FREIRE (1998), o ensino deve
estar integrado ao jogo, ao ambiente que o aprendiz pertence. O jogo deve estar
adaptado a realidade do seu ambiente. Para o autor o que determina o sucesso ou
insucesso do aluno e sua história, suas experiências motoras.
Conforme REVERTINO & SCAGLIA (2009), nos esportes o processo de
ensino-aprendizagem deve dar ênfase aos jogos táticos, na qual os alunos possam
compreender o jogo e suas estruturas, estimulando o pensar. O autor é importante é
o entendimento do jogo para desenvolver as capacidades cognitivas.
As aulas de futsal devem ser ministradas de maneira que desperte o interesse
nos alunos, que eles sintam o mesmo prazer em participar das aulas teóricas quanto
sentem quando estão participando das práticas.
É necessário discutir a produção na área da Educação Física e os esforços
no sentido de implantá-las na prática pedagógica dos professores, sem deixar de
lado a pesquisa sobre as práticas, e oferecer uma visão realista dos problemas que
9
atingem a escola todos os dias, já que não é mais suficiente apenas dominar os
saberes para transmiti-los, mas como lidar com a existência dos alunos em
aprender, com improvisação de materiais, com novos conteúdos que vão além do
futsal. Por isso, é urgente o encadeamento entre o que se pensa em fazer, a
realidade prática e o possível, ou seja, respeitar a distância entre a realidade e a
teoria.
2.1 PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
O material consistiu em uma unidade didática que se destina aos alunos do 6º
ano do Ensino Fundamental, que traz um estudo de revisão bibliográfica,
oportunizando relacionar a teoria e prática como forma de conscientização e
orientação sobre as regras e fundamentos de futsal e do jogo em si da modalidade
futsal por meio de atividades diversificadas A contribuição dessa Unidade Didática
para o dia a dia profissional é desenvolver todo um processo de conhecimento que
permita, ao mesmo tempo, apropriar-se criticamente da realidade e agir sobre ela,
explicá-la e, ao mesmo tempo, transformá-la. Para a profissão como um todo
(educação física escolar) e para o conhecimento acadêmico, a apropriação de um
saber cada vez mais elaborado (crítico e reflexivo). Para a comunidade escolar, que
estes tomem conhecimento da importância da atividade desenvolvida para suas
vidas e que resultem mudanças significativas no campo educacional. A prática do
desporto nas aulas de educação física se tornou essencial, até como instrumento de
modificações e complementação da formação. Dentre as várias atividades presentes
na aula de educação física.
Nem todas as escolas possuem um campo de futebol ou grandes áreas de
lazer, mas possuem, ao menos, uma quadra poliesportiva. Devido a estas facilidades
tornou-se um fenômeno dentre as atividades escolares. Isto quer dizer que, dentre
todas as modalidades que são praticadas, quer seja nas aulas de educação física,
quer seja em escolinhas de treinamento, o futsal é o esporte que desperta maior
interesse por parte dos alunos.
2.2 GTR – GRUPO DE TRABALHO EM REDE
Durante todo o processo de interação dos fóruns e atividades do GTR foram
10
apontadas a realidade do processo de ensino-aprendizagem do futsal para crianças
do Ensino Fundamental II, em espaços escolares, em vista a possibilidade de um
projeto superador. Como hipótese levantamos que as possibilidades metodológicas
de uma realidade de ensino-aprendizagem do futsal para alunos de 6º anos,
requerem uma práxis pedagógica crítica e contextualizada com a realidade social.
As opiniões foram traçadas com aproximação da ação e buscou levantar numa
abordagem ensino-aprendizagem do futsal não se restringindo ao aprimoramento de
técnicas esportivas, e sim, buscando utilizar o futsal como veículo e objeto de
educação, visando uma transformação da realidade existente.
2.3 RELATÓRIO DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO
No mês de março foram iniciadas as atividades do projeto, a pedagogia do
futsal foi repassada para os alunos por meio de textos próprios da área pedagógica,
através de vídeos numa metodologia participativa e recreativa onde os elementos
técnicos foram abordados de uma maneira lúdica. Foram apresentados slides com
as regras, vídeos referentes ao futsal, com o jogador Falcão.
No mês de abril foi aplicado um questionário sobre as regras básicas do futsal
para verificar o conhecimento dos alunos e como atividade lúdica no mesmo
encontro os alunos fizeram uma cruzadinha, cujas respostas são regras de futsal.
No mês de maio foi aplicado um questionário composto por questões
referentes ao futsal e os alunos apresentaram os resultados do questionário em
forma de pesquisa em grupo.
Após a apresentação das pesquisas, os alunos viram mais slides e, por
conseguinte a turma realizou uma atividade de desenho da quadra de futsal.
Durante o encontro a turma acessou o link
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/futsal/dimensoes-daquadra-de-futsal.php
na sala do Paraná digital e fez leituras do menu referente ao futsal. Os alunos
também fizeram um “quebra-cuca” que consta na Unidade Didática.
No mês de junho após as pesquisas, discussões e análises iniciou-se a
elaboração de um pequeno painel do ambiente da escola com imagens e recortes de
11
ídolos do esporte para a sua divulgação, conhecimento e valorização.
Realização de um passeio para assistir uma partida do Campeonato Municipal
de Piraí do Sul/PR onde foi possível observar o comportamento em quadra e os
gestos motores aprendidos durante um longo processo que exige esforço, e que
depende em parte do planejamento bem como das regras e atitudes dos árbitros e
atletas para apresentação de um relatório final.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não existem, em toda a literatura, propostas pedagógicas sistematizadas que
avancem para além do ensino dessa modalidade esportiva do futsal que não esteja
vinculado a uma mera instrumentalização de técnicas esportivas e um conjunto de
fundamentos apresentados de maneira fragmentada.
O Futsal em espaços escolares, em vista a possibilidade de um projeto
superador às regras já adquiridas e assimiladas pelos alunos é possível, desde
quando se estabeleçam bases metodológicas pautadas em vários projetos.
Destacamos após todo o processo de intervenção realizado que há significativos
elementos educativos, e não somente, o aprimoramento de técnicas esportivas, que
podem ser considerados no ensino-aprendizagem do futsal; essa proposta nos
colocou na condição de reconhecer enquanto professor de Educação Física, novas
possibilidades de dar tratamento ao ensino-aprendizagem desse conteúdo da cultura
corporal.
Durante a implementação foram decorrentes diversos comentários positivos a
respeito da aquisição das regras de futsal por parte dos alunos do 6º ano, tais como:
Professora de Educação Física da escola: “Olha que bonitinho, os pequenos
jogando futsal de acordo com as regras.”
Alunos da escola do Ensino Médio: Olha, os grandões não sabem jogar com as
regras de futsal e o 6º ano já sabe.” Ou então, “Vamos chamar os alunos do 6º ano
para apitar o campeonato de futsal na escola.”
Nessa perspectiva é fundamental que as propostas pedagógicas superem as
bases de um conhecimento empírico e imediatista e se estabeleçam em
fundamentos de um conhecimento científico que permita na práxis compreender as
relações do todo com as partes, sem perder de vista os determinantes sociais da
12
realidade na qual essa cultura está inserida. As possibilidades de uma apreensão do
esporte tendo como foco a formação humana em espaços escolares passam pela
necessidade de reconhecermos elementos que superem as relações que organizam
e inferem nas relações de produção.
Portanto,comungando com o pensamento de Taffarel (2000 apud DAMIANI;
ESCOBAR, 2006, p. 76) e apontando nessa realização de pesquisa elementos
comprobatórios, afirmamos que é fundamental considerar uma práxis que privilegie:
solidariedade, autonomia e o respeito ao conhecimento do outro.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Giovana Trentino de e ROGATO, Gustavo Puggina. Efeitos do Método Pliométrico de Treinamento sobre a força explosiva, agilidade e velocidade de deslocamento de jogadoras de futsal. Revista Brasileira de Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, v.2, n.1, p.23-38, BALBINO, H. F. Jogos desportivos coletivos e os estímulos das inteligências múltiplas: bases para uma proposta em pedagogia do esporte. 142f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001. DAOLIO, J. Da cultura do corpo. Campinas, SP: Papirus, 2007 DAMASCENO, Gleison José. Aprendizagem No Futsal: Método Analítico ou Global?. Disponível em: DAMASCENO, G.J. Aprendizagem no futsal: Método Analítico ou Global. Caratinga-MG, 2007. Disponível em: http://www.ferrettifutsal.com/Publica/Artigos/78626924.html10 . Acesso em: 28 jun de 2012. DAMIANI, Cássia; ESCOBAR, Micheli. Construindo a relação esporte-escola. Revista Princípios. São Paulo: editora Anita Garibaldi, nº.84, 2006. ESTIGARRIBIA, Rodrigo Casares. Aspectos Relevantes na Iniciação ao Futsal Disponível em <http://futsaltop.dominiotemporario.com/doc/Aspectos_relevantes_na_iniciacao_do_futsal.pdf> . Acesso em: 20 mai 2012. ETCHEPARE, Luciane Sanchotene et al.Inteligência Corporal-Cinestésica em Alunos de Escolas de Futsal. Revista Digital, Buenos Aires, ano 10, N° 78, nov. 2004. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd78/intelig.htm . Acesso em: 10 junho de 2012..
13
FILGUEIRA, Fabrício Moreira. Aspectos físicos, técnicos e táticos da iniciação ao futebol. Revista Digital, Buenos Aires, ano 11, N° 103, dez. 2006. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd103/iniciaciao-futebol.htm . Acesso em 26 mai. 2007. FREIRE, João Batista. Pedagogia do Futebol. João Batista Freire. Londrina: Midiograf, 2003. GALATTI, L. R.; PAES, R. R. Fundamentos da pedagogia do esporte no cenário escolar. Revista Movimento & Percepção. Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 6, n. 9, jul./dez. 2006, p.16-25. GARGANTA, Júlio. Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. Revista Digital, Buenos Aires, ano 8, N° 45, fev. de 2002 . GEBARA, A. Educação física e esportes no Brasil: perspectivas (na história) para o século XXI. In: MORAES. Disponível em: <http://twingo.ucb.br/jspui/bitstream/10869/530/1/O%20Paradigma%20Educacional%20Emerg%C3%AAnte.pdf>. Acesso em: 10 jun 2012. MORAES, M.C. O paradigma educacional emergente. Tese (Doutorado) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1996. Sítios
O PARADIGMA EDUCACIONAL EMERGENTE. Disponível em http://www.ub.edu/sentipensar/pdf/candida/paradigma_emergente.pdf. Acesso em 20/10/2013. ENTREVISTA COM WILTON SANTANA. DISPONÍVEL EM http://www.sescgo.com.br/pt-br/site.php?secao=noticias&pub=1669. Acesso em 20/10/2013
14
ANEXO 1 – Atividades escritas dos alunos
15
16
17
18
ANEXO 2 – Prática dos alunos3
Imagem 01: Passe com lado interno do pé (chapa)
Imagem 02: Condução de bola
3 Fotos de acervo pessoal
19
Imagem 03: Chute a gol