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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM PEQUENAS EMPRESAS: A MENSURAÇÃO RUMO À MELHORIA – O CASO AGROMÍDIA SOFTWARE LTDA. Raphaela Freitas Rocha Viçosa, MG Julho/2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM PEQUENAS EMPRESAS: A MENSURAÇÃO RUMO À MELHORIA –

O CASO AGROMÍDIA SOFTWARE LTDA.

Raphaela Freitas Rocha

Viçosa, MG Julho/2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE LETRAS

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM PEQUENAS EMPRESAS: A MENSURAÇÃO RUMO À MELHORIA –

O CASO AGROMÍDIA SOFTWARE LTDA.

Monografia apresentada ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do curso de Secretariado Executivo Trilíngüe, tendo como orientador o Professor Sérgio Augusto Pereira Monteiro, do Departamento de Administração.

RAPHAELA FREITAS ROCHA - 51580

VIÇOSA - MG Julho de 2007

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Raphaela Freitas Rocha

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM PEQUENAS EMPRESAS: A MENSURAÇÃO RUMO À MELHORIA –

O CASO AGROMÍDIA SOFTWARE LTDA.

Monografia apresentada ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do curso de Secretariado Executivo Trilíngüe.

Aprovada em ___ de julho de 2007.

Profª. Luciana de Oliveira Miranda Gomes – DAD/UFV Examinadora

Prof. Adriel Rodrigues de Oliveira – DAD/UFV Examinador

Prof. Sérgio Augusto Pereira Monteiro – DAD/UFV Orientador

Viçosa, MG Julho de 2007

Nota: _____

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iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a Deus, que me deu força e perseverança durante toda a

execução deste trabalho. À minha família, sempre me apoiou e incentivou, mesmo à

distância.

Agradeço a todos os amigos que me ajudaram a realizar este trabalho: ao Bruno

Frossard, não somente pelo apoio moral e emocional, pelos incentivos, pelas críticas e

sugestões, que a todas adotei, como também pela reserva de livros na biblioteca e

empréstimo de materiais para a revisão literária; ao Pedro Zama, que auxiliou muito

com os filtros de dados e na elaboração do design dos gráficos; também, ao Rodrigo,

pela preocupação constante com o andamento do trabalho e o grande incentivo para

que pudesse ser finalizado. Agradeço ainda às minhas colegas de república, que foram

bastante compreensivas na divisão da utilização do computador.

Agradeço à Carla, gerente administrativa da Agromídia, que esteve sempre à

disposição para ajudar com interesse e boa vontade, enviando informações quando

solicitadas e atendendo-me nas reuniões necessárias para a realização da pesquisa.

Agradeço também a toda a equipe de funcionários da Agromídia, que, com interesse e

dedicação, contribuíram para a realização da essência deste trabalho.

Agradeço sinceramente a atenção e dedicação de meu orientador, Professor

Sérgio Augusto Pereira Monteiro, que, apesar de tudo, me aceitou novamente como

sua orientanda e me apoiou, estando sempre disponível quando necessário.

Agradeço, ainda, a todos aqueles, que mesmo indiretamente, me ajudaram a

concluir esse trabalho tão importante em minha carreira.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES, TABELAS E GRÁFICOS

Ilustração 1 - Escala Gráfica para o Nível de Satisfação ...............................................23

Ilustração 2 - Esquema Clássico das Necessidades (Maslow) ......................................28

Ilustração 3 - Indicadores de Qualidade de Vida no Trabalho segundo Westley ...........36

Ilustração 4 - Categorias Conceituais de Qualidade de Vida no Trabalho por Walton

(1973).............................................................................................................................41

Ilustração 5 - Origens da Qualidade de vida no trabalho segundo Westley ..................43

Ilustração 6 - Fatores que influenciam o projeto de cargo e a qualidade de vida no

trabalho segundo Davis & Werther.................................................................................46

Ilustração 7 – Qualidade de vida no trabalho X produtividade no modelo de Huse &

Cummings ......................................................................................................................48

Ilustração 8 – Agrupamento das dimensões básicas da tarefa ......................................49

Ilustração 9 - Modelo das Dimensões Básicas da Tarefa de Hackman & Oldham.........52

Ilustração 10 – Adequação da iluminação ao local de trabalho .....................................60

Ilustração 11 – Formas de distribuição da luz ................................................................61

Ilustração 12 - Exemplos de níveis de ruído...................................................................62

Ilustração 13 – Coleta Seletiva do Lixo .........................................................................63

Ilustração 14 – Classificação dos agentes de riscos ambientais....................................65

Ilustração 15 – Mapa de Riscos .....................................................................................66

Ilustração 16 – Organograma da Agromídia...................................................................81

Ilustração 17- Modelo da Pesquisa de QVT por FERNANDES (1996) ........................133

Tabela 1 - Evolução do Conceito de QVT .....................................................................33

Tabela 2 – Índices de reflexão e absorção das cores ....................................................58

Tabela 3 - Classificações brasileiras para micro e pequenas empresas........................74

Tabela 4 - Especificadades das pequenas empresas segundo Leone (1999) ...............76

Tabela 5 – Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Condições de Trabalho......96

Tabela 6 – Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Saúde ................................99

Tabela 7 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Moral ................................101

Tabela 8 - Nível de Satisfação das Variáveis de Compensação..................................103

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vi

Tabela 9 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Participação......................105

Tabela 10 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Comunicação .................107

Tabela 11 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis da Imagem da Empresa ......109

Tabela 12 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis da Relação Chefia-Subordinado

.....................................................................................................................................111

Tabela 13 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis da Organização do Trabalho

.....................................................................................................................................113

Tabela 14 - Avaliação Global dos Fatores de QVT ......................................................114

Tabela 15 - Menores índices de satisfação..................................................................120

Tabela 16 - Fatores de QVT X Dados de Identificação ................................................134

Tabela 17 - Nível de Satisfação de cada variável ........................................................135

Gráfico 1 – Funcionários por Setor/Departamento.........................................................91

Gráfico 2 - Função dos Empregados..............................................................................92

Gráfico 3 - Idade dos Funcionários ................................................................................93

Gráfico 4 - Nível de Instrução dos Funcionários.............................................................93

Gráfico 5 - Tempo de empresa dos funcionários............................................................94

Gráfico 6 - Qualidade de Vida Global na Empresa.........................................................95

Gráfico 7 - Condições de Trabalho.................................................................................96

Gráfico 8 - Saúde ...........................................................................................................98

Gráfico 9 - Variáveis de Saúde.......................................................................................98

Gráfico 10 - Moral.........................................................................................................100

Gráfico 11 – Variáveis de Moral ...................................................................................100

Gráfico 12 - Compensação...........................................................................................102

Gráfico 13 - Variáveis de Compensação......................................................................103

Gráfico 14 - Participação..............................................................................................104

Gráfico 15 - Variáveis da Participação .........................................................................105

Gráfico 16 - Comunicação............................................................................................106

Gráfico 17 - Variáveis da Comunicação .......................................................................106

Gráfico 18 - Imagem da Empresa ................................................................................108

Gráfico 19 - Variáveis da Imagem da Empresa............................................................109

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vii

Gráfico 20 - Relação Chefia-Subordinado....................................................................110

Gráfico 21 - Variáveis da Relação Chefia-Subordinado ...............................................111

Gráfico 22 - Organização do Trabalho .........................................................................112

Gráfico 23 - Qualidade de Vida no Trabalho por Setor/Departamento.........................116

Gráfico 24 - Qualidade de Vida no Trabalho por Função .............................................116

Gráfico 25 - Qualidade de Vida no Trabalho por Idade ................................................117

Gráfico 26 - Qualidade de Vida no Trabalho por Sexo.................................................117

Gráfico 27 - Qualidade de Vida no Trabalho por Nível de Instrução ............................118

Gráfico 28 - Qualidade de Vida no Trabalho por Tempo de Empresa..........................118

Gráfico 29 - Variáveis de Condições de Trabalho ........................................................132

Gráfico 30 - Variáveis da Organização do Trabalho.....................................................132

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viii

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO.......................................................................................................11

1.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................11

1.2 JUSTIFICATIVA....................................................................................................13

1.3 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA......................................................15

2 OBJETIVOS ................................................................................................................17

3 METODOLOGIA..........................................................................................................18

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA........................................................................18

3.2 A POPULAÇÃO E AMOSTRA..............................................................................19

3.3 AS ETAPAS DA PESQUISA.................................................................................19

3.3.1 Revisão da Literatura .....................................................................................19

3.3.2 O instrumento de coleta de dados..................................................................20

3.3.3 Coleta de dados .............................................................................................24

3.3.4 Análise dos dados..........................................................................................24

3.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA...............................................................................25

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................26

4.1 O INTERESSE PELA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO............................26

4.2 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA...................................................................27

4.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: CONCEITUAÇÃO ................................32

4.4 MODELOS E ABORDAGENS DE QVT................................................................41

4.4.1 Richard Walton: uma proposta para a qualidade de vida no trabalho............41

4.4.2 William Westley: as quatro dimensões da qualidade de vida no trabalho ......43

4.4.3 K. Davis & W. Werther: qualidade de vida no trabalho e o projeto de cargos 45

4.4.4 E. Huse e T. Cummings: qualidade de vida no trabalho e produtividade.......47

4.4.5 D. Nadler e E. Lawler: o sucesso da qualidade de vida no trabalho nas

organizações...........................................................................................................48

4.4.6 Hackman & Oldham: o modelo das dimensões básicas da tarefa .................49

4.5 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA............53

4.5.1 As pesquisas na Embrapa .............................................................................53

4.5.2 As pesquisas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.......................54

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ix

4.5.3 As pesquisas na Universidade Federal de Minas Gerais ...............................55

4.5.4 As pesquisas com gerentes de confecções no Ceará....................................55

4.6 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E OS FATORES AMBIENTAIS .............56

4.6.1 Ergonomia......................................................................................................57

4.6.2 Cores..............................................................................................................57

4.6.3 Iluminação......................................................................................................59

4.6.4 Poluição Sonora.............................................................................................61

4.6.5 Aeração e Temperatura Ambiental.................................................................62

4.6.6 Limpeza Interna..............................................................................................63

4.6.7 Odores e Decoração ......................................................................................64

4.6.8 Segurança no Ambiente de Trabalho.............................................................64

4.6.9 Distribuição do Espaço...................................................................................68

4.6.10 Distribuição do Trabalho ..............................................................................68

4.7 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COMO EXPANSÃO DO CONCEITO DE

QUALIDADE TOTAL ..................................................................................................69

4.8 QUALIDADE TOTAL E O FATOR HUMANO COMO DIFERENCIADOR DE

COMPETITIVIDADE...................................................................................................71

4.9 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E PRODUTIVIDADE .............................72

4.10 PEQUENAS EMPRESAS: DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS........................73

5 A AGROMÍDIA SOFTWARE LTDA. – IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ...........78

5.1 IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO.................................................................78

5.2 MISSÃO................................................................................................................79

5.3 HISTÓRICO..........................................................................................................79

5.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL.......................................................................81

5.4.1 Organograma .................................................................................................81

5.4.2 Descrição dos Cargos ....................................................................................81

5.5 POLÍTICAS DA EMPRESA...................................................................................83

5.6 SOFTWARES UTILIZADOS NA EMPRESA.........................................................84

5.7 PRODUTOS DA EMPRESA.................................................................................85

5.7.1 Sites ...............................................................................................................85

5.7.2 Multimídias .....................................................................................................86

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5.7.3 Softwares .......................................................................................................88

6 RESULTADOS............................................................................................................90

6.1 APRESENTAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA 91

6.2 ANÁLISE GERAL DE CADA BLOCO ...................................................................95

6.2.1 Bloco 1 – Posicionamento Pessoal sobre QVT na empresa ..........................95

6.2.2 Bloco 2 – Condições de Trabalho ..................................................................95

6.2.3 Bloco 3 – Saúde.............................................................................................97

6.2.4 Bloco 4 – Moral ..............................................................................................99

6.2.5 Bloco 5 – Compensação ..............................................................................101

6.2.6 Bloco 6 – Participação..................................................................................103

6.2.7 Bloco 7 – Comunicação ...............................................................................105

6.2.8 Bloco 8 – Imagem da Empresa ....................................................................107

6.2.9 Bloco 9 – Relação Chefia-Subordinado .......................................................110

6.2.10 Bloco 10 – Organização do trabalho ..........................................................111

6.3 ANÁLISE GLOBAL DOS FATORES DE QVT ....................................................114

6.4 ANÁLISE DOS FATORES DA QVT EM RELAÇÃO AOS DADOS DE

IDENTIFICAÇÃO......................................................................................................115

6.5 ANÁLISE DOS FATORES DE QVT COM MAIOR DEFICIÊNCIA ......................119

7 CONCLUSÕES .........................................................................................................121

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................125

9 ANEXOS ...................................................................................................................128

9.1 QUESTIONÁRIO ................................................................................................128

9.2 GRÁFICOS.........................................................................................................132

9.3 ILUSTRAÇÕES ..................................................................................................133

9.4 TABELAS............................................................................................................134

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1 APRESENTAÇÃO

1.1 INTRODUÇÃO

As empresas modernas, diante dos processos de mudança e dos constantes

avanços tecnológicos, têm buscado a qualidade, a produtividade e a competitividade

para fazer frente à globalização da economia, o que exige maior participação dos

trabalhadores nos processos organizacionais.

As organizações perceberam que o seu grande capital é mesmo o homem.

Quanto melhor suas condições de trabalho e de vida, mais lucrativa e competitiva torna-

se a empresa. Muito mais do que conhecimento técnico, o grande diferencial, hoje, é a

motivação e o comprometimento dos funcionários com a qualidade e excelência do

trabalho realizado.

Dessa forma, paralelamente às inovações tecnológicas, as inovações

administrativas começam a surgir à medida que há a necessidade de pessoas

motivadas, saudáveis e preparadas para enfrentar os constantes desafios. Nesse

contexto, a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) vem se tornando parte integrante da

cultura organizacional das empresas.

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De acordo com Antonio Lázaro Conte1, a importância da QVT reside

simplesmente no fato de que passamos em ambiente de trabalho mais de 8 horas por

dia, durante pelo menos 35 anos de nossas vidas. Não se trata mais de levar os

problemas de casa para o trabalho, e sim de levarmos para casa os problemas, as

tensões, os receios e as angústias acumulados no ambiente de trabalho.

De acordo com RODRIGUES (1994), historicamente, atribui-se a origem da

denominação Qualidade de Vida a Eric Trist (1975) e seus colaboradores, que

estudavam um modelo macro para agrupar o trinômio indíviduo-trabalho-organização,

com o objetivo de tornar a vida dos trabalhadores menos penosa.

Segundo DEJOURS (1992), qualidade de vida é uma expressão de difícil

conceituação, tendo em vista o seu caráter subjetivo, complexo e multidimensional. Ter

qualidade de vida depende, pois, de fatores intrínsecos e extrínsecos. Assim há uma

conotação diferente de qualidade de vida para cada indivíduo, que é decorrente da

inserção deste na sociedade.

De acordo com FERNANDES (1996), pode-se entender QVT como um programa

que visa à renovação das formas de organização no trabalho, de modo que, ao mesmo

tempo em que se eleve o nível de satisfação do pessoal, se eleve também a

produtividade das empresas, como resultado de maior participação dos empregados

nos processos relacionados ao seu trabalho. Para a autora, as pessoas são mais

produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho. O

conceito de QVT engloba, além de atos legislativos que protegem o trabalhador, o

atendimento a necessidades e aspirações humanas, calcado na idéia de humanização

do trabalho e na responsabilidade social da empresa.

Dessa forma, a capitalização dos recursos humanos é tão essencial quanto a

dos demais recursos com que contam as empresas, senão o fundamental e mesmo

diferenciador de sucesso. De acordo com PALADINI apud FERNANDES (1996: 21),

“para obter um sucesso contínuo, a empresa tem de ser ‘expert’ na busca de resultados

(qualidade de produtos/serviços), na manutenção de um clima interno motivador e na

1 Antonio Lázaro Conte é engenheiro, doutorando em Engenharia de Produção pela UFSC e professor da FAE Business School.

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abertura para a inovação e a flexibilidade”. Sendo assim, a melhoria da qualidade de

vida dos empregados, sem dúvida, refletir-se-á na produtividade empresarial.

Certamente que programas sofisticados de qualidade de vida exigem grandes

investimentos e são inacessíveis para pequenas empresas. No entanto, sempre existe

algo que se possa fazer e que está ao alcance de qualquer empregador, grande ou

pequeno, para que a todo trabalhador, independentemente da atividade desempenhada

ou do salário recebido, seja dedicada uma atitude de respeito e humanidade, o que

refletirá não somente em sua qualidade de vida, como também na produtividade da

organização.

O objetivo deste estudo é analisar a qualidade de vida no trabalho dos

colaboradores da pequena empresa Agromídia Software Ltda., em Viçosa-MG,

buscando mensurar os níveis de satisfação dos empregados sobre suas condições de

trabalho. Visa-se obter o conhecimento da percepção dos empregados sobre aspectos

organizacionais, ambientais e comportamentais relativos à sua situação de trabalho,

através de técnicas confiáveis e científicas, de forma a permitir à empresa o

monitoramento de melhorias contínuas, para alcançar o tão almejado tripé

produtividade, competitividade e qualidade.

1.2 JUSTIFICATIVA

O tema Qualidade de Vida no Trabalho é uma preocupação crescente em por

parte de todas as empresas que buscam ser altamente competitivas em mercados cada

vez mais globalizados. Há uma unanimidade na certeza de que o homem é o principal

elemento diferenciador, e o agente responsável pelo sucesso de todo e qualquer

negócio.

As empresas apenas serão bem sucedidas ao atingirem a satisfação dos seus

funcionários, pois não se obtém a satisfação dos clientes com funcionários

desmotivados e insatisfeitos. Sendo a capitalização dos recursos humanos tão

essencial quanto a dos demais recursos com que contam as empresas, a qualidade de

vida no trabalho é considerada indispensável à produtividade e à competitividade,

cruciais à sobrevivência para toda e qualquer empresa.

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Partindo-se desta convicção, mensurar os níveis de satisfação dos empregados

sobre suas condições de trabalho é também uma questão-chave para o sucesso

empresarial, pois não se pode melhorar o que não se consegue medir. E tratando-se de

pequenas empresas, uma das grandes dificuldades nelas encontradas, como é visto na

revisão da literatura deste trabalho, é a inexistência de dados quantitativos, o que

ocasiona em ausência de informações sobre processos, controles e mercado. Desta

forma, justifica-se a relevância da análise proposta neste trabalho, que busca medir a

qualidade de vida dos empregados para melhorá-la, o que, sem dúvida, irá refletir-se na

produtividade empresarial.

Além disso, propõe-se a utilização de um instrumento científico que sirva à coleta

de dados confiáveis no tocante à mensuração dos níveis de satisfação dos

empregados, através de uma metodologia científica, calcada em modelo analítico de

investigação que, embora elaborado com base na literatura que trata dos conceitos e

fatores de QVT, seja adaptado a uma determinada realidade empresarial.

Pode-se considerar, também, que estudos sobre a Qualidade de Vida no

Trabalho ainda são relativamente escassos no Brasil, apesar dos trabalhos pioneiros já

desenvolvidos sobre o tema, como o de Quirino e Xavier (1987), o de Rodrigues (1992)

o de Fernandes e Gutierrez (1988), o de Fernandes e Becker (1988), o de Fernandes e

Rendón (1992), o de Moraes et al. (1992), o de Vieira (1993) e o de Tannhauser (1994).

Não se tem notícia, porém, de pesquisa estruturada sobre QVT, que busque sua

melhoria a partir da mensuração de seus fatores determinantes, em pequenas

empresas, categoria esta que tem desempenhado papel fundamental na economia e

ganhado evidência crescente.

Ressalta-se ainda a importância do estudo da QVT para o profissional de

Secretariado Executivo. Segundo termos definidos pelas Leis nº 7.377/85 e nº 9261/96,

é permitido ao bacharel em Secretariado Executivo, dentre outras, as atribuições de

assessorar executivos, planejar, organizar e gerenciar trabalhos de secretaria

executiva, elaborar e executar o fluxo de informações e de conhecimentos estratégicos;

exercer a prática de conhecimentos éticos e protocolares. O bacharel em Secretariado

Executivo é habilitado também para promover e participar da melhoria do processo de

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15

gestão e desenvolvimento das organizações públicas e privadas, na busca do aumento

de produtividade e competitividade.

Como a melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho é considerada um processo

de gestão que busca aumento de produtividade e competitividade, o profissional de

Secretariado Executivo está habilitado a participar e promover este processo. Em

pequenas empresas, onde o profissional absorve ainda outras funções gerenciais, pode

partir desse profissional a iniciativa de gerenciar um programa de melhoria da QVT,

tendo necessidade, portanto, de maior conhecimento a respeito.

1.3 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

A relação entre qualidade de vida no trabalho e produtividade vem sendo tema

freqüente de pesquisas acadêmicas. É certo que a Qualidade de Vida no Trabalho tem

reflexos diretos e positivos na produtividade empresarial, melhorando a competitividade

da empresa. Além disso, considera-se a QVT como expansão do conceito de Qualidade

Total, já que funcionários desmotivados não atingem as metas dos programas de

qualidade.

Devido a essa relação positiva entre QVT, produtividade e Qualidade Total,

muitos empresários manifestam interesse em adotar programas que elevem a QVT em

sua empresa, como um objetivo estratégico para aumentar competitividade.

Neste processo, surgem, então, duas questões que se constituem os problemas

desta pesquisa:

• De que forma pode-se obter melhoria da QVT?

• Como vincular a necessidade de pequenas empresas em obter melhoria

da QVT aos custos que advém deste processo?

Quanto ao primeiro problema levantado, baseando-se no trabalho de

FERNANDES (1996:16), propõe-se, nesta pesquisa, a melhoria da QVT a partir da

mensuração de seus fatores determinantes, pois, segundo a autora, “não se pode

melhorar o que não se consegue medir”. Assim, este trabalho analisa a QVT, propondo

melhorias a partir de sua mensuração por meio de técnicas científicas confiáveis, de

forma que, a análise quantitativa da QVT possa subsidiar o planejamento estratégico,

Page 16: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

16

permitindo ao empresário estabelecer as prioridades que deverão orientar as diretrizes

básicas das ações gerenciais.

Quanto ao segundo problema da pesquisa, de fato, se para as grandes

empresas do setor, que em geral dispõem de estrutura organizacional, capacidade

administrativa, técnica e financeira que justificam e respaldam esforços visando à

qualidade, a melhoria da QVT já é difícil, ainda pior é a situação enfrentada pelas

médias e pequenas empresas, onde a busca permanente de soluções para os

problemas do dia-a-dia provoca natural dificuldade para a adoção de ações objetivando

a melhoria de QVT, ainda encarada por muitos empresários como um estágio difícil de

ser alcançado.

O dito popular de que qualidade custa caro ainda está muito arraigado entre os

pequenos empresários, constituindo-se em dificuldade adicional para o engajamento

das pequenas empresas em programas que tenham o objetivo de melhorar a QVT.

Entretanto, como mostra a revisão da literatura desta pesquisa, a QVT é também

influenciada por fatores subjetivos como: a participação dos empregados, ações e

condições psicossociais que refletem a moral do pessoal, a eficiente comunicação na

empresa, uma boa relação entre chefes e subordinados, a reformulação dos cargos,

entre outros. Assim, propõe-se, para pequenas empresas, a melhoria da QVT a

começar pela melhoria nestes fatores subjetivos, que custam menos caro para as

organizações. Além disso, através de medidas simples, os pequenos empresários

podem fazer mudanças com baixos custos nas condições físicas e de instalações,

atendimentos a reivindicações salariais e outras medidas do gênero, que, apesar dos

custos, também têm grandes implicações na melhoria da QVT.

Page 17: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

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2 OBJETIVOS

O objetivo geral deste estudo é analisar a qualidade de vida no trabalho, a partir

da mensuração dos níveis de satisfação dos empregados da empresa de pequeno

porte Agromídia Software Ltda., em Viçosa-MG, sobre suas condições de trabalho, de

forma a permitir à empresa o monitoramento de melhorias contínuas para obter

qualidade, produtividade e competitividade.

Do ponto de vista específico, objetiva-se:

• Levantar o posicionamento do empregado em relação à QVT e ao posto

de trabalho ocupado, permitindo subsidiar a reestruturação do mesmo;

• Investigar as condições do ambiente de trabalho que, se modificadas,

melhorariam a qualidade de vida dos empregados;

• Avaliar o nível de satisfação do empregado em relação à saúde, moral,

compensação, participação;

• Identificar os aspectos de relação chefia-subordinado que poderiam

facilitar o desempenho do empregado;

• Identificar a percepção do empregado no que tange à imagem da

empresa.

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18

3 METODOLOGIA

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa classifica-se como descritiva qualitativa, na medida em que

procura analisar a Qualidade de Vida no Trabalho, a partir do estudo de caso da

pequena empresa Agromídia Software, com o objetivo de verificar suas deficiências em

relação ao tema, para possíveis intervenções por parte da administração, visando

obtenção de qualidade, produtividade e competitividade.

Nesta pesquisa, busca-se, primordialmente, descrever as características da

população analisada e estabelecer possíveis relações entre variáveis, incluindo-se

neste grupo as que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças a respeito

de uma determinada situação, o que se constitui escopo de pesquisas descritivas.

Conforme RODRIGUES (1994:133), o método descritivo qualitativo consiste de

uma “observação por meio de perguntas diretas ou indiretas, de problemas de unidades

relativamente numerosas, colocadas em situações naturais, destinada a obter

respostas susceptíveis de serem submetidas à análise quantitativa”, que assemelha-se

ao método proposto nesta pesquisa.

Page 19: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

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3.2 A POPULAÇÃO E AMOSTRA

Esta pesquisa adota como premissa o fato de que os conhecedores da

Qualidade de Vida no Trabalho são os próprios funcionários das empresas, isto é, que

todo trabalhador, funcionário ou executivo sabe do que precisa em todos os sentidos

(físico, instrumental, técnico, psicossocial, organizacional) para melhorar sua

performance para desenvolver um trabalho melhor e elevar a sua qualidade de vida

dentro da organização. Assim, são os próprios funcionários que têm informações

valiosas para subsidiar a política de RH da empresa, sendo o foco de investigação mais

importante. Partindo desta premissa, a população desta pesquisa constitui-se dos

trabalhadores da empresa analisada neste estudo de caso, que totalizam sete (7)

funcionários efetivos (excluindo-se estagiários que não atuam na sede da empresa,

mas em várias regiões do país, por meio de contatos via internet).

Devido ao pequeno número de funcionários, visto que trata-se de uma pequena

empresa, a amostra foi definida pela totalidade da população. Isto é, todos os

funcionários da Agromídia foram submetidos à análise proposta neste trabalho.

3.3 AS ETAPAS DA PESQUISA

Esta pesquisa passou pelas seguintes etapas: revisão da literatura, elaboração

do instrumento de coleta de dados, coleta dos dados, análise dos dados e tratamento

estatístico para posterior interpretação dos resultados. Estas etapas são descritas a

seguir.

3.3.1 Revisão da Literatura

Propõe-se inicialmente uma revisão bibliográfica de livros, artigos, revistas e

pesquisas na internet buscando a compreensão dos termos que englobam a Qualidade

de Vida no Trabalho, incluindo conceitos, definições, fatores e modelos resultantes de

referencial teórico já consagrado na comunidade científica sobre o tema. Busca-se,

também, a reflexão sobre a influência determinante entre os níveis de satisfação das

necessidades humanas e a produtividade empresarial. Da mesma forma, apoiando-se

em conceitos modernos de autores sobre a Qualidade de Vida no Trabalho, enfocar-se-

á, ainda, a correlação entre a mobilização, a participação e o comprometimento do

Page 20: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

20

pessoal com a qualidade de vida no trabalho, visando à consecução das metas da

Qualidade, buscadas a todo custo pela maioria das empresas. Além disso, serão

levantadas breves definições e características de pequenas empresas.

3.3.2 O instrumento de coleta de dados

Baseando-se no trabalho de FERNANDES (1996), adaptou-se o instrumento

estruturado proposto por esta autora em sua obra para o estudo de caso desta

pesquisa. Foi elaborado, então, o instrumento de coleta de dados (questionário), que

contempla as questões desta pesquisa, com o qual os dados foram coletados. O

questionário (em anexo) solicita o nível de satisfação do funcionário em relação às

diversas variáveis da qualidade de vida no trabalho, agrupadas em blocos de acordo

com suas semelhanças.

O questionário é estruturado em dez blocos, que correspondem a dez fatores

relacionados à QVT, de acordo com a revisão da literatura. Cada bloco contém

variáveis das quais o entrevistado deve avaliar seu nível de satisfação dentro da escala

proposta. Sendo assim, seguindo o modelo do instrumento estruturado proposto por

FERNANDES (1996), questionário desta pesquisa apresenta a seguinte estrutura:

Bloco 1 – QVT global na empresa

Neste bloco procurou-se verificar o posicionamento pessoal do funcionário em

relação a QVT geral na empresa.

Bloco 2 – Condições de Trabalho

No segundo bloco, buscou-se explorar a satisfação do funcionário com as

condições ambientais físicas em que executam suas funções, analisando variáveis

como limpeza, arrumação, segurança, insalubridade, ergonomia, cores do ambiente,

iluminação, poluição sonora, aeração e temperatura ambiental,odores, decoração,

layout e espaço, umidade, e material e equipamentos.

Page 21: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

21

Bloco 3 - Saúde

No terceiro bloco, explorou-se a satisfação dos empregados quanto às ações da

empresa no que se refere à saúde, em termos preventivos e curativos. Os itens

analisados neste bloco foram: assistência aos funcionários e às suas famílias, saúde

ocupacional, prevenção de acidentes, educação e conscientização sobre a saúde na

empresa, saúde ocupacional, estresse, prevenção de acidentes no trabalho,

alimentação no trabalho, saneamento básico, e aquisição de medicamentos.

Bloco 4 - Moral

No quarto bloco, analisou-se o nível de satisfação dos funcionários quanto às

atitudes da empresa relacionadas à moral do pessoal, como relações interpessoais,

reconhecimento, feedback/retorno, orientação para as pessoas, e motivação e

liderança.

Bloco 5 - Compensação

No quinto bloco analisou-se a satisfação do funcionário com relação às práticas

de trabalho e política de compensação da empresa, incluindo as seguintes variáveis:

remuneração, equidade salarial interna e externa, salário variável, e outros benefícios.

Bloco 6 - Participação

Neste bloco, explorou-se a percepção do entrevistado em termos de sua

aceitação e engajamento nas ações empreendidas, no sentido de gerar as condições

indispensáveis à sua participação efetiva, incentivadas a partir de oportunidades

relacionadas a: prática de criatividade no trabalho, liberdade de expressão, repercussão

das idéias, capacitação, programas de participação, capacitação, autonomia e

responsabilidade.

Bloco 7 - Comunicação

No sétimo bloco, foi analisada a eficácia do processo de comunicação da

empresa, verificando-se os aspectos que lhe dizem respeito, como: conhecimento das

Page 22: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

22

metas da empresa, fluxo de informações de cima para baixo e no mesmo nível

hierárquico, comunicação formal e informal.

Bloco 8 – Imagem da Empresa

No oitavo bloco, investigou-se a satisfação do funcionário em relação à imagem

da empresa, verificando sua identificação com a empresa, a imagem interna e externa,

a responsabilidade social da empresa, responsabilidade social pelos produtos e

serviços, responsabilidade social pelos empregados, e enfoque no cliente.

Bloco 9 – Relação Chefia-Subordinado

No nono bloco, analisou-se a satisfação do funcionário quanto à relação chefia-

subordinado, verificando o apoio sócio-emocional, orientação técnica, igualdade de

tratamento, delegação de atividades, gerenciamento pelo exemplo, liberdade de

expressão, relacionamento com a chefia, autonomia e responsabilidade, incentivo,

liderança e motivação.

Bloco 10 – Organização do Trabalho

No décimo bloco, analisou-se as formas de trabalho e sua organização, que são

o fator chave da QVT. Considerou-se: a possibilidade de inovações no trabalho,

organização de métodos e processos, grupos de trabalho e divisão do trabalho,

variedade de tarefas e habilidades requeridas no trabalho, ritmo de trabalho, jornada de

trabalho e horários de entrada e saída, significado e importância da tarefa, valorização

do cargo, nível de desafio no trabalho, identificação com a tarefa, possibilidade de

carreira no trabalho, crescimento pessoal, garantia de emprego, e conhecimento e

responsabilidade pelos resultados do trabalho.

Além dos dez blocos, foram solicitados ao funcionário alguns dados de

identificação, como Setor ou Departamento, função, idade, sexo, nível de instrução e

tempo de empresa, com o objetivo de obter-se cruzamentos e também informações

sobre as diferentes percepções dos respondentes por grupos de segmentação.

O questionário apresenta, ainda, um espaço para observações, onde o

funcionário entrevistado tem a liberdade para registrar aspectos que explicam o índice

Page 23: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

23

de satisfação escolhido e depoimentos marcantes de sua percepção, bem como suas

opiniões e sugestões específicas.

Utilizou-se uma escala gráfica para análise dos resultados, conforme ilustração

1, atribuindo-se valores de 1 a 5 para as respostas, onde 1 é insatisfação total, 3,

neutro, e 5, satisfação total. Para a análise e interpretação dos resultados, foi

estabelecido o limite-padrão de 3 (indiferente) para as variáveis. Assim, as variáveis

que obtiveram índices inferiores a 3, são consideradas deficientes.

Ilustração 1 - Escala Gráfica para o Nível de Satisfação Bastante SatisfeitoSatisfeitoIndiferenteInsatisfeitoBastante

Insatisfeito1 2 3 5

Isto vai bem. Estou muito contente.

Está bem. Estou contente.

Há coisas boas e más. Não sei dizer.

Isto vai mal. Estou muito descontente.

Está ruim.

4

Fonte: Adaptado de FERNANDES (1996:86)

Tal procedimento permite a construção de tabelas e gráficos com base nos

dados obtidos, e através das médias são levantadas as tendências de satisfação com

os fatores. Após o processamento estatístico dos dados, são gerados gráficos com a

análise da satisfação global de cada bloco, outros com a análise específica da

satisfação de cada variável do bloco, além de tabelas com a média da satisfação de

cada variável e do bloco em geral (que varia entre 1 – satisfação mínima e 5 –

satisfação máxima). A partir da análise destes gráficos e tabelas, pode-se compreender

melhor a Qualidade de Vida no Trabalho na Agromída.

Objetiva-se que os resultados analisados e interpretados ofereçam subsídios

para a reformulação das políticas e estratégias de RH, orientando programas de ação,

de modo a atender às expectativas da população-alvo, com vistas à melhoria da

Qualidade de Vida no Trabalho.

Page 24: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

24

3.3.3 Coleta de dados

Anteriormente ao início do processo de coleta de dados, foi apresentado o

projeto de trabalho à Gerente Geral da Empresa, com exposição da metodologia da

pesquisa, permitindo a discussão de suas estratégias e finalidades. Além disso, foram

feitas exposições das idéias básicas sobre qualidade de vida no trabalho aos

funcionários, bem como informações sobre a pesquisa e instruções sobre o

preenchimento do questionário.

Para a coleta de dados, de acordo com a preferência da gerência da empresa, o

questionário foi enviado aos sete funcionários pela intranet da Agromídia e, após

preenchidos por cada um, foram recebidos por e-mail, diretamente do sistema. Assim,

de acordo com a gerência, assegura-se o anonimato dos entrevistados, visto que o

procedimento é eletrônico, sem intervenção da administração, além de não atrapalhar a

rotina de trabalho de cada funcionário.

3.3.4 Análise dos dados

Posteriormente, os depoimentos coletados através dos questionários foram

tratados cientificamente, quantificando-os de acordo com a escala de satisfação

proposta (ilustração 1), o que revela os níveis de satisfação dos empregados geral

quanto à qualidade de vida no trabalho na empresa, como também por fator, por setor,

por sexo ou outra variável de segmentação que se pretendeu avaliar.

Por fim, a partir da análise e interpretação dos resultados, elaborou-se a

conclusão do trabalho, pretendendo-se auxiliar a empresa na seleção de subsídios às

políticas e estratégicas que forem mais adequadas à mobilização e satisfação do

pessoal.

Page 25: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

25

3.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Este trabalho apresenta algumas limitações importantes que devem ser

destacadas.

Em primeiro lugar, cita-se a subjetividade, que é risco de toda pesquisa de ordem

social. A opinião e o ponto de vista dos funcionários sobre sua própria qualidade de

vida no trabalho sofrem influência de sua subjetividade, o que pode reduzir a validação

dos dados coletados e, conseqüentemente, da investigação realizada. Entretanto, a

adoção de técnicas adequadas de coleta de dados e de tratamento estatístico das

informações auxiliam a precisar a análise e interpretação dos resultados.

Em segundo lugar, o pequeno tamanho da amostra – já que se trata de pequena

empresa – utilizado em pesquisa quantitativa como a presente, deve ser encarado com

alguma reserva, pois dificulta o tratamento científico dos dados, comprometendo a

análise e interpretação dos resultados. Assim, tratando-se de estudos em pequenas

empresas, nas quais há poucos funcionários para analisar, recomenda-se, após

experiência nesta pesquisa, a adoção de metodologia qualitativa com coleta de dados

através de entrevistas face-a-face, o que não foi possível nesta pesquisa devido à

recomendação da administração da empresa analisada neste estudo.

Em terceiro lugar, os fatores da QVT avaliados em cada bloco não têm pesos

equivalentes, razão pela qual a utilização de médias geral e dos critérios também

devem ser encarados com alguma reserva. No entanto, o uso de medidas de tendência

central permite estabelecer a posição relativa dos funcionários no que concerne à

satisfação das suas necessidades e anseios, principalmente quando são consideradas

as respectivas melhorias implementadas.

Page 26: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

26

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 O INTERESSE PELA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Recentemente, o termo Qualidade de Vida no Trabalho – QVT invadiu

todos os espaços, passou a integrar o discurso acadêmico, a literatura relativa ao

comportamento nas organizações, os programas de qualidade total, as conversas

informais e a mídia.

Apesar da preocupação voltada para organizar o trabalho ter sido uma

constante desde o advento da administração científica, só recentemente as

empresas vêm se preocupando com a satisfação do trabalhador na execução de

suas tarefas, como requisito para atingirem altos índices de produtividade.

O maior interesse pelo tema se deve ao fato de que percebeu-se que a

melhoria da QVT faz com que, ao mesmo tempo em que se eleve o nível de

satisfação do pessoal, se eleve também a produtividade das empresas, como

resultado de maior participação dos empregados nos processos relacionados ao

seu trabalho. A produtividade e a eficiência organizacional, que dependem da

participação e comprometimento dos trabalhadores, são metas essenciais à

sobrevivência das empresas.

Page 27: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

27

Além disso, a mobilização e satisfação de todo o pessoal é ponto

fundamental na estratégia de Qualidade Total, a preocupação fixa da empresa em

fazer produtos de qualidade ou prestar serviços de qualidade, tão buscada pelas

empresas atualmente. Como salientam Barçante e Castro apud FERNANDES

(1996: 26), “qualidade é, antes de tudo, uma atitude. Quem faz a qualidade são as

pessoas, muito mais do que os sistemas, as ferramentas e os métodos de

trabalho”. Assim, a qualidade de vida no trabalho se faz necessária, pois não se

pode pensar em Qualidade sem envolvimento advindo do comprometimento de

todos. Dessa forma, vem-se aumentando o interesse não somente pelo estudo do

tema, como também pela sua prática nas empresas.

Albuquerque apud LIMONGI-FRANÇA (2002) afirma que, dentro do

contexto no qual as organizações buscam produtividade e processos de mudança

que tenham o objetivo de melhorar seu posicionamento competitivo no mercado, a

qualidade de vida no trabalho vem ganhando espaço como valor intrínseco das

práticas de competitividade concomitantemente ao bem-estar organizacional.

4.2 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Segundo RODRIGUES (1994), com outros títulos e em outros contextos,

mas sempre voltada para facilitar ou trazer a satisfação e bem-estar do

trabalhador na execução de suas tarefas, a qualidade de vida sempre foi objeto de

preocupação da raça humana. Já nas primeiras civilizações, existiam as

preocupações como forma de execução das tarefas e vários métodos foram

aplicados para minimizar o mal-estar ou esforço físico do trabalhador.

Historicamente exemplificando, RODRIGUES (1994) cita fatos históricos que

vieram a alterar a forma de execução da tarefa, trazendo melhoria nas condições

de trabalho e bem-estar do trabalhador, como por exemplo, os ensinamentos de

Euclides de Alexandria sobre princípios de geometria, a 300 anos a.C., que foram

aplicados para melhorar o método de trabalho dos agricultores à margem do Nilo;

ou a “Lei das Alavancas”, de Arquimedes, que em 287 anos a.C., diminuiu o

esforço físico de muitos trabalhadores.

Page 28: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

28

No século XX, muitos pesquisadores contribuíram para o estudo sobre a

satisfação do indivíduo no trabalho. Entre eles destacam-se Helton Mayo, cujas

pesquisas, conforme RODRIGUES (1994), são altamente relevantes para o

estudo do comportamento humano, da motivação dos indivíduos para a obtenção

das metas organizacionais e da Qualidade de Vida do Trabalhador, principalmente

a partir das pesquisas e estudos efetuados na Western Eletric Company

(Hawthorne, Chicago) no início dos anos 20, que culminaram com a escola das

Relações Humanas.

Merece igualmente crédito o trabalho de Abrahan H. Maslow, que concebeu

a hierarquia das necessidades, composta de cinco necessidades fundamentais:

fisiológicas, segurança, amor, estima e auto-realização, como se pode verificar na

ilustração 2.

Ilustração 2 - Esquema Clássico das Necessidades (Maslow)

Fonte: FERNANDES (1996: 47)

Maslow se ocupou dos fatores motivacionais ligados às necessidades

humanas, com reflexos no desempenho e na auto-realização do indivíduo.

Page 29: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

29

Douglas McGregor, autor da Teoria X, por sua vez, considerava, entre

outas coisas, que o compromisso com os objetivos depende das recompensas à

sua consecução, e que o ser humano não só aprende a aceitar as

responsabilidades, como passa a procurá-las, conforme RODRIGUES (1994).

Essa teoria, aliás, na sua essência, busca a integração entre os objetivos

individuais e os organizacionais. Segundo RODRIGUES (ibid.), várias das

dimensões destacadas por McGregor são analisadas e consideradas em

programas de QVT.

Vale mencionar também Frederick Herzberb. As pesquisas desse autor

detectaram que os entrevistados (engenheiros e contadores) associavam a

insatisfação com o trabalho ao ambiente de trabalho e a satisfação com o trabalho

ao conteúdo. Assim, os fatores higiênicos – capazes de produzir insatisfação –

compreendem: a política e a administração da empresa, as relações interpessoais

com os supervisores, supervisão, condições de trabalho, salários, status e

segurança no trabalho. Os fatores motivadores – geradores de satisfação –

abrangem: realização, reconhecimento, o próprio trabalho, responsabilidade e

progresso ou desenvolvimento (RODRIGUES, 1994).

Segundo LIMONGI-FRANÇA (2002), já nos anos 1930, a QVT está

relacionada com os objetivos do movimento sindical após a grande crise da época,

que se centraram na segurança e na salubridade do trabalho, no tratamento

dispensado ao trabalhador e no aumento de salários.

A autora também associa QVT ao enfoque da psicologia surgida na década

de 1950, em que se considera a existência de uma correlação positiva entre

estado de ânimo e produtividade e afirma-se que é possível elevá-los mediante a

melhoria das relações humanas. Paralelamente, RODRIGUES (1994) afirma que a

partir dos anos 50 surgem as primeiras teorias que associavam a produtividade e

a satisfação do trabalhador.

Entretanto, somente com a sistematização dos métodos de produção, as

preocupações com as condições de trabalho e a influência destas na produção e

moral do trabalhador vieram a ser estudadas de forma científica.

Page 30: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

30

RODRIGUES (1994) afirma que o bem-estar do trabalhador foi inicialmente

estudado e teorizado inicialmente pelos economistas liberais, passando pela

Administração Científica e Escola de Relações Humanas.

Segundo FERNANDES (1996) e RODRIGUES (1994), historicamente,

atribui-se a Eric Trist e seus colaboradores, que desenvolveram estudos no

Tavistock Institute em 1950, a origem da denominação Qualidade de Vida no

Trabalho - QVT, para designar experiências calcadas na relação indivíduo-

trabalho-organização, com base na análise e reestruturação da tarefa, com o

objetivo de tornar a vida dos trabalhadores menos penosa. Portanto, os primeiros

estudos científicos sobre QVT foram realizados por Trist em Londres.

Na década de 60, nos Estados Unidos, um maior incremento às

preocupações com a Qualidade de Vida no Trabalho ocorreu, impulsionado pela

criação da “National Comission on Productivity” (Comissão Nacional sobre

Produtividade), que teve como função analisar as causas da baixa produtividade

nas indústrias americanas, e do “National Center for Productivity and Quality of

Working Life” (Centro Nacional para Produtividade e Qualidade de Vida no

Trabalho), com a função de realizar estudos e servir de laboratório sobre a

produtividade e a qualidade de vida do trabalhador (Huse e Cummings apud

RODRIGUES, 1994).

LIMONGI-FRANÇA (2002) diz que, nesta década de 1960, surgiram novos

conceitos, como a igualdade de oportunidades e os inumeráveis esquemas de

enriquecimento do trabalho, que também se relacionam com QVT.

Para RODRIGUES (1994), os anos 60 apresentaram a sociedade vivendo

uma convulsão social, diante dos questionamentos ao funcionamento de suas

estruturas. Segundo o autor, os movimentos reivindicatórios dos trabalhadores

norte-americanos e a não passividade dos estudantes franceses foram dois

marcos desta fase, tendo reflexos imediatos no interior das organizações e a

dicotomia clássico-moderno induziu conflitos a crises neste meio. Este contexto

tornou o indivíduo mais consciente e favoreceu o desenvolvimento de estudos

iniciados na década anterior nos Estados Unidos e Inglaterra a respeito da

Qualidade de Vida no Trabalho.

Page 31: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

31

Segundo RODRIGUES (ibid.), Nadler & Lawler e Huse & Cummings, ao

analisar as origens do movimento da qualidade de vida no trabalho, descrevem a

primeira fase da QVT, de 1969 a 1974, estabelecendo 1974 como um marco no

seu desenvolvimento, com a crescente preocupação de cientistas, líderes

sindicais, empresários e governantes, pelas formas de como influenciar a

qualidade das experiências do trabalhador num determinado emprego.

De acordo com LIMONGI-FRANÇA (2002), RODRIGUES (1994) e

FERNANDES (1996), as características dessa fase estabelecida por estes autores

perduraram até meados da década de 1970, quando os rumos da QVT foram

desacelerados em virtude da crise energética e a alta inflação que acometeram as

grandes potências do Ocidente e, em particular, os Estados Unidos. RODRIGUES

(1994) afirma que as organizações, neste período, preocupavam-se e tinham suas

atenções desviadas para a alta inflação e a substituição do petróleo, que até 1974

era uma fonte de energia de baixo custo.

Em 1979, surgiu novo interesse na QVT, estimulado pela competição nos

mercados internacionais, com o surgimento de novas forças industriais e

comerciais, principalmente o Japão, fazendo com que os norte-americanos

repensassem seus modelos organizacionais e principalmente de gerenciamento,

conforme RODRIGUES (ibid.). Este período foi induzido pelo fascínio das técnicas

de administrar, usadas em um país que superou muito bem a crise: o Japão.

RODRIGUES (1994) afirma que algumas destas técnicas, como por exemplo os

Ciclos de Controle de Qualidade – CCQ, disseminaram-se nas organizações do

Ocidente, principalmente nas norte-americanas.

Assim, a década de 70 assistiu a uma mudança no enfoque do

gerenciamento organizacional, incentivada principalmente pelo sucesso japonês,

que tinha como destaque as formas de gerenciamento distintas das usadas no

Ocidente. É nesta década que surgem os primeiros movimentos e aplicações

estruturadas e sistematizadas no interior da organização, utilizando a QVT.

Nos anos 80, o crescente avanço tecnológico e a conseqüente

modernização das organizações, tornam o contexto altamente dinâmico e instável,

Page 32: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

32

reforçando ainda mais a necessidade de vincular à produtividade à satisfação do

trabalhador (RODRIGUES, 1994).

Desde então, o tema “Qualidade de Vida no Trabalho” vem ganhando

destaque, sendo cada vez mais amplamente discutido e considerado como objeto

de pesquisas. Segundo FERNANDES (1996), entre os estudiosos que se

dedicaram a este tema podem ser citados WALTON (1975), HACKMAN e

OLDHAM e colaboradores (1970), WESTLEY (1979), GUEST (1979) DAVIS E

WERTHER (1983), NADLER e colaboradores (1983), BERGERON (1982),

BOISVERT (1980), HUSE e CUMINGS (1985).

Graças ao trabalho destes estudiosos, a QVT hoje é difundida e tem

acentuado desenvolvimento em vários países. Huse & Cummings apud

RODRIGUES (1994) citam a França, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega,

Holanda e Itália como os países que institucionalizaram em suas organizações a

filosofia e métodos para uma maior satisfação do indivíduo no trabalho.

RODRIGUES (1994) afirma ainda que em outros países as abordagens sobre a

QVT apresentam significativo desenvolvimento, como a Inglaterra, Hungria,

Canadá, México e Índia.

No Brasil, algumas pesquisas, no intuito de readaptar modelos estrangeiros

e encontrar um modelo próprio a partir das características culturais locais, estão

sendo desenvolvidas. Alguns autores destacam-se no estudo da QVT, como Eda

FERNANDES e colaboradores no Rio Grande do Sul, Tarcísio QUIRINO e

colaboradores em Brasília, Marcus Vinicius RODRIGUES e colaboradores no Rio

de Janeiro, Ana Cristina LIMONGI-FRANÇA e colaboradores em São Paulo, e

Lúcio Flávio MORAES e seus colaboradores em Minas Gerais.

4.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: CONCEITUAÇÃO

Apesar de ter surgido há mais de cinqüenta anos, ainda não há uma

definição consensual para QVT; cada autor conceituando-a conforme os

elementos que julga mais importantes para que haja efetivamente Qualidade de

Vida no Trabalho.

Page 33: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

33

Assim, o conceito de qualidade de vida no trabalho tem sido avaliado e

questionado através dos anos, definindo-se não como modismo passageiro, mas

como um processo que consolida a busca do desenvolvimento humano e

organizacional.

Um trabalho bastante significativo de Nadler & Lawler apud FERNANDES

(1996) e RODRIGUES (1994) aborda definições evolutivas de QVT, já que ela

passou por diferentes concepções. De acordo com estes autores, o conceito de

Qualidade de Vida no Trabalho - QVT foi evoluindo à medida que pesquisas e

intervenções nas organizações eram realizadas, conforme pode-se verificar na

tabela 1.

Tabela 1 - Evolução do Conceito de QVT CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS

DA QVT CARACTERÍSTICAS OU VISÃO

1 – QVT como uma variável (1959

a 1972)

Reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como

melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo.

2 – QVT como uma abordagem

(1969 a 1974)

O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional,

mas ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao

empregado como à direção.

3 – QVT como um método (1972 a

1975)

Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para

melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais

produtivo e mais satisfatório. QVT era visto como um

sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento

de cargo ou desenho de novas plantas com integração

social e técnica.

4 – QVT como um movimento

(1975 a 1980)

Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as

relações dos trabalhadores com a organização. Os termos

administração participativa e democracia industrial – eram

frequentemente ditos como ideais do movimento de QVT.

5 – QVT como tudo (1979 a 1982) Como panacéia contra a competição estrangeira,

problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade,

problemas de queixas e outros problemas organizacionais.

6 – QVT como nada (futuro) No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro,

não passará de apenas um “modismo” passageiro.

Fonte: FERNANDES (1996: 42)

Page 34: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

34

Inicialmente, QVT foi definida em termos de reação e ou percepção das

pessoas em relação ao trabalho, particularmente resultados individuais

relacionados à satisfação com as tarefas e saúde mental. O foco era dirigido,

portanto, às conseqüências pessoais da experiência de trabalho e a forma de

enriquecer tal atividade com vistas à satisfação de necessidades individuais.

Mais tarde, QVT foi concebida como uma abordagem. De acordo com

RODRIGUES (1994), dava-se ênfase ao indivíduo antes de dar ênfase aos

resultados organizacionais, mas ao mesmo tempo a QVT era vista como um elo

dos projetos cooperativos do trabalho gerencial.

Posteriormente, QVT foi analisada como um método. De acordo com

KAPLAN e NORTON (1997), a QVT passou a ser definida em termos de técnicas

específicas usadas para reformular o trabalho, como o enriquecimento de cargos e

tarefas, grupos de trabalho autônomos e semi-autônomos, comissões, dentre

outros.

Em seguida, QVT foi definida como um movimento, uma ideologia a ser

promovida em função de seus valores sociais positivos. Segundo RODRIGUES

(1994), termos como gerenciamento participativo e democracia industrial

caracterizam esta ideologia.

De acordo com DEEPROSE (1999), QVT também foi vista como um

conceito global envolvendo todos os tipos de programas e perspectivas que visam

à competição externa, problemas de qualidade ou, mesmo, com insatisfação de

empregados.

Por fim, na visão de Nadler & Lawler apud FERNANDES (1996), prevê-se a

concepção de QVT como nada no futuro, pois, no caso de alguns projetos

fracassarem, QVT não passará de apenas um modismo passageiro. Como afirma

RODRIGUES (1994: 81), “a globalização da definição trará como conseqüência

inevitável a descrença de alguns setores sobre o termo QVT. E para estes QVT

nada representará”. Vale ressaltar que o desafio imaginado pelos seus

idealizadores persiste, isto é, tornar QVT uma ferramenta gerencial efetiva e não

apenas mais um modismo, como tantos outros que vêm e vão.

Page 35: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

35

Essas diferenciadas conceituações sobre QVT do trabalho de Nadler &

Lawler exigem um esforço no sentido de aprofundar a revisão da literatura sobre o

tema para clarificar o conceito, uma vez que não se pode trabalhar com algo que

não se sabe exatamente do que trata.

Hackman e Oldham apud FERNANDES (1996) consideram que a qualidade

de vida no trabalho se apóia em características objetivas das tarefas realizadas no

ambiente organizacional. Neste sentido, os autores propuseram o modelo das

dimensões básicas da tarefa, que pressupõe a influência nos estados psicológicos

críticos que, por sua vez, determinam os resultados pessoais e de trabalho.

RODRIGUES (1994), seguindo a linha de pensamento de Hackman e

Oldham, entende por Qualidade de Vida no Trabalho a resultante direta da

combinação de diversas dimensões básicas da tarefa e de outras dimensões não

dependentes diretamente da tarefa, capazes de produzir motivação e satisfação

em diferentes níveis, além de resultar em diversos tipos de atividades e condutas

dos indivíduos pertencentes a uma organização.

Para Bergeron apud FERNANDES (1996: 43), a QVT consiste na aplicação

concreta de uma filosofia humanista pela introdução de métodos participativos,

visando modificar um ou vários aspectos do meio-ambiente de trabalho, a fim de

criar uma nova situação mais favorável à satisfação dos empregados e à

produtividade da empresa.

Para complementar a conceituação, cite-se a definição de Nadler e Lawler

apud FERNANDES (1996: 44): “qualidade de vida no trabalho é vista como uma

maneira de pensar a respeito das pessoas, do trabalho e das organizações”. Estes

autores focam na preocupação com o impacto do trabalho sobre pessoas e

eficiência das organizações, como também na resolução de problemas e decisões

organizacionais.

Westley apud FERNANDES (1996), por sua vez, ao conceituar QVT analisa

quatro dimensões relacionadas ao trabalho e suas manifestações tanto a nível

individual como social. Tais dimensões são definidas como econômicas, políticas,

psicológicas e sociológicas, e se concretizam em indicadores de QVT. O autor

sugere que a participação de empregados, associações de classe, sindicatos e

Page 36: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

36

partidos políticos são fundamentais para a manutenção do bem estar intra-

organizacional.

Ilustração 3 - Indicadores de Qualidade de Vida no Trabalho segundo Westley

Fonte: FERNANDES (1996: 53)

A concepção de Westley é uma das mais abrangentes, pois leva em

consideração aspectos internos e externos da organização onde o trabalhador

está inserido. Portanto Westley é o primeiro autor a abordar as questões

psicológicas, sociais, econômicas e políticas de forma mais integrada, na análise

da QVT.

LIMONGI-FRANÇA (2002: 296) define QVT como o “conjunto das ações de

uma empresa no sentido de implantar melhorias e inovações gerenciais,

tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho”. A autora considera que a

sociedade vive novos paradigmas dentro e fora da empresa, gerando, em

conseqüência, novos valores e demandas de Qualidade de Vida no Trabalho,

sendo estruturados por diversos segmentos da sociedade e do conhecimento

científico, entre os quais destacam-se:

• Saúde – visa preservar a integridade física, psicológica e social do

ser humano em vez de apenas atuar sobre o controle de doenças e

Page 37: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

37

propiciar maior expectativa de vida e reintegração da pessoa que

adoece;

• Ecologia – ciência em que o homem é parte integrante e

responsável pela preservação do ecossistema e dos insumos da

natureza, bem como ator do desenvolvimento sustentável;

• Ergonomia – estuda as condições de trabalho ligadas à pessoa.

Fundamenta-se na medicina, na psicologia, na motricidade e na

tecnologia industrial, visando ao conforto e ao desempenho nas

diversas posições de trabalho;

• Psicologia – demonstra a influência das atitudes internas e as

perspectivas de vida da pessoa e a importância do significado

intrínseco das necessidades individuais para seu envolvimento com

o trabalho em conjunto com a filosofia;

• Sociologia – atua sobre a dimensão simbólica do que é

compartilhado e construído socialmente, demonstrando as

implicações de quem influencia e é influenciado nos diversos

contextos culturais e antropológicos da empresa;

• Economia – enfatiza a consciência de que os bens são finitos e de

que a distribuição de bens, recursos e serviços deve envolver de

forma eqüitativa a responsabilidade e os direitos da sociedade;

• Administração – procura aumentar a capacidade de mobilizar

recursos para atingir resultados em ambiente cada vez mais

complexo, mutável e competitivo.

• Engenharia – elabora formas de produção voltadas para

flexibilização da manufatura, armazenamento de materiais, uso da

tecnologia, organização do trabalho e controle de processos.

Para BOM SUCESSO (1997), pode-se dizer, de maneira geral, que a

Qualidade de vida no Trabalho abrange:

• Renda capaz de satisfazer às expectativas pessoais e sociais;

• Orgulho pelo trabalho realizado;

• Vida emocional satisfatória;

Page 38: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

38

• Auto-estima;

• Imagem da empresa/instituição junto à opinião pública;

• Equilíbrio entre trabalho e lazer;

• Horários e condições de trabalho sensatos;

• Oportunidades e perspectivas de carreira;

• Possibilidade de uso do potencial;

• Respeito aos direitos;

• Justiça nas recompensas.

Para COLENGUI (2003: 169), um ambiente de trabalho de qualidade é “um

local tranqüilo, saudável, seguro, limpo, agradável, disciplinado, organizado e

arrumado”. Apesar de aprofundar seu estudo de QVT nos fatores ambientais do

trabalho (ergonomia, cores, iluminação, poluição sonora, limpeza interna, aeração

e temperatura ambienta, odores, acidentes, etc.), o autor afirma que num

ambiente de trabalho de qualidade, deve reinar a filosofia da qualidade e

produtividade, com o trabalho sendo distribuído eqüitativamente, com todos os

funcionários integrados, “se respeitando mutuamente, cônscios de suas

responsabilidades, motivados e entusiasmados com o trabalho que executam e

comprometidos com a melhoria contínua dos processos, no cumprimento do

negócio e da missão da empresa”.

CHIAVENATO (2006), embora trate profundamente sobre os fatores

ambientais ao considerar o tema, diz que qualidade de Vida implica criar, manter e

melhorar o ambiente de trabalho, seja em suas condições físicas – higiene e

segurança – seja em suas condições psicológicas e sociais. O autor acrescenta

que, para alcançar produtividade e qualidade, as organizações precisam ser

dotadas de pessoas participantes e motivadas nos trabalhos que executam e

recompensadas adequadamente por sua contribuição. Sendo assim, para ele, a

QVT envolve não somente os aspectos intrínsecos do cargo, como todos os

aspectos extrínsecos e contextuais, afetando atitudes pessoais e comportamentos

importantes para a produtividade.

Walton apud FERNANDES (1996), define qualidade de vida no trabalho

como humanização do trabalho e responsabilidade social da empresa, envolvendo

Page 39: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

39

o atendimento das necessidades e aspirações do indivíduo. Para o autor, a

expressão Qualidade de Vida no Trabalho é usada para designar uma

preocupação com o resgate de “valores humanísticos e ambientais, que vêm

sendo negligenciados em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do

crescimento econômico”. (FERNANDES: 1996, p. 43)

FERNANDES (1996), apoiando-se no trabalho de Walton, conceitua

qualidade de vida no trabalho como a gestão dinâmica e contingencial de fatores

físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que afetam a cultura e renovam o clima

organizacional, refletindo-se no bem estar do trabalhador e na produtividade das

empresas.

Para a autora, a qualidade de vida no trabalho deve ser considerada como

uma gestão dinâmica porque as organizações e as pessoas mudam

constantemente e é contingencial porque depende da realidade de cada empresa

no contexto em que está inserida. Além disso, pouco resolve atentar-se apenas

para fatores físicos, pois aspectos sociológicos e psicológicos interferem

igualmente na satisfação dos indivíduos em situação de trabalho, sem deixar de

considerar os aspectos tecnológicos da organização do próprio trabalho, que, em

conjunto, afetam a cultura e interferem no clima organizacional com reflexos na

produtividade e na satisfação dos empregados.

Para FERNANDES (ibid.), apesar da associação direta que muitos fazem

entre qualidade de vida no trabalho e condições físicas de trabalho (melhoria de

instalações, redução de jornada, acréscimos salariais e planos de benefícios), é

importante considerar também outros elementos que contribuem para a

deterioração das relações entre o indivíduo, seu posto de trabalho e a própria

empresa onde atua, além do que, se os primeiros fatores estão diretamente

associados a custos para as empresas, existem outros que podem ser trabalhados

e que não significam expressamente desembolso de recursos.

Na verdade, porém, de acordo com FERNANDES (ibid.), são as

reformulações a nível do trabalho em si que constituem o objetivo principal das

ações implicadas na QVT, visando garantir maior eficácia e produtividade e, ao

mesmo tempo, o atendimento das necessidades básicas dos trabalhadores.

Page 40: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

40

“Assim sendo, quando adequadamente proposto, um programa de QVT tem como meta gerar uma organização mais humanizada na qual o trabalho envolve, simultaneamente, relativo grau de responsabilidade e de autonomia a nível do cargo, recebimento de recursos e de feedback sobre o desempenho, com tarefas adequadas, variedade, enriquecimento do trabalho e com ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo”. (FERNANDES, 1996, p. 44)

Considera-se a definição de QVT de FERNANDES (1996) a mais

abrangente, pois apesar de basear-se na obra de Walton, mescla todos os

conceitos vistos nas definições anteriores. Além disso, FERNANDES (1996)

considera QVT acima de tudo como um processo de humanização da empresa

através da participação dos empregados.

A revisão da literatura sobre o tema mostra que, em sua abrangência, o

conceito de QVT engloba, além de atos legislativos que protegem o trabalhador, o

atendimento a necessidades e aspirações humanas, calcado na idéia de

humanização do trabalho e na responsabilidade social da empresa. Embora os

autores apresentem enfoques diferentes ao conceituar a expressão QVT, algo que

parece comum a todos volta-se para a conciliação dos interesses dos indivíduos e

das organizações, isto é, ao mesmo tempo que melhora a satisfação do

trabalhador, melhora a produtividade da empresa.

É evidente que, de acordo com FERNANDES (1996), nem todos os

problemas de produtividade das empresas e que nem todo tipo de insatisfação do

empregado, em qualquer nível, podem ser resolvidos pela tecnologia de QVT.

Entretanto, sua aplicação conduz, sem dúvida, a melhores desempenhos, ao

mesmo tempo que evita maiores desperdícios, reduzindo os custos operacionais.

A partir dos conceitos levantados, conclui-se que QVT refere-se a esforços

no sentido de melhorar ou humanizar a situação de trabalho, orientados por

soluções mais adequadas que visem à reformulação dos desenhos dos cargos,

tornando-os mais produtivos em termos de empresa e mais satisfatórios para os

executores, de modo que, ao mesmo tempo em que se eleve o nível de satisfação

do pessoal, se eleve também a produtividade das empresas como resultado de

maior participação dos empregados nos processos relacionados ao seu trabalho.

Page 41: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

41

4.4 MODELOS E ABORDAGENS DE QVT

Nos últimos anos, a expressão Qualidade de Vida no Trabalho tem sido

usada com freqüência para descrever situações e métodos com objetivos

diversos. Assim, apresenta-se os mais difundidos modelos e abordagens

encontrados na literatura sobre o tema. Toma-se como principais abordagens as

realizadas por WALTON (1973), WESTLEY (1979), K. DAVIS & WERTHER

(1983), NADLER & LAWLER (1983) e HUSE & CUMMINGS (1985).

4.4.1 Richard Walton: uma proposta para a qualidade de vida no trabalho

Para WALTON apud RODRIGUES (1994: 81), a expressão Qualidade de

Vida no trabalho tem sido usada com crescente freqüência para descrever certos

“valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em

favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico”.

WALTON apud FERNANDES (1996) propõe oito categorias conceituais,

incluindo critérios de QVT, ilustrados na ilustração 4.

Ilustração 4 - Categorias Conceituais de Qualidade de Vida no Trabalho por Walton (1973)

Fonte: FERNANDES (1996: 48)

Page 42: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

42

Em Compensação Justa e Adequada busca-se a obtenção de

remuneração adequada pelo trabalho realizado, assim como o respeito à eqüidade

interna (comparação com outros colegas) e à eqüidade externa (mercado de

trabalho).

Em Condições de Trabalho mede-se as condições prevalecentes no

ambiente de trabalho. Envolve a jornada e carga de Trabalho, materiais e

equipamentos disponibilizados para a execução das tarefas e ambiente saudável

(preservação da saúde do trabalhador). Ou seja, esse tópico analisa as condições

reais oferecidas ao empregado para a consecução das suas tarefas.

O fator Uso e Desenvolvimento de Capacidades implica o

aproveitamento do talento humano, ou capital intelectual, como está em voga

atualmente. É forçoso, portanto, reconhecer a necessidade de concessão de

autonomia (empowerment), incentivo à utilização da capacidade plena de cada

indivíduo no desempenho de suas funções e feedbacks constantes acerca dos

resultados obtidos no trabalho e do processo como um todo.

Oportunidade de Crescimento e Segurança abarca as políticas da

instituição no que concerne ao desenvolvimento, crescimento e segurança de

seus empregados, ou seja, possibilidade de carreira, crescimento pessoal e

segurança no emprego. Neste fator pode-se observar, através das ações

implementadas pelas empresas, o quanto a prática empresarial está de fato

sintonizada com o respeito e a valorização dos empregados.

Essencialmente, em Integração Social na Organização pode-se

efetivamente observar se há igualdade de oportunidades, independente da

orientação sexual, classe social, idade e outras formas de discriminação, bem

como se há o cultivo ao bom relacionamento.

Constitucionalismo mede o grau em que os direitos do empregado são

cumpridos na instituição. Implica o respeito aos direitos trabalhistas, à privacidade

pessoal (praticamente inexistente no mundo empresarial moderno), à liberdade de

expressão (altamente em cheque, tendo-se em vista as enormes dificuldades de

trabalho com registro em carteira).

Page 43: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

43

No fator Trabalho e o Espaço Total da Vida deveríamos encontrar o

equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho. Por fim, em Relevância do Trabalho

na Vida investiga-se a percepção do empregado em relação à imagem da

empresa, à responsabilidade social da instituição na comunidade, à qualidade dos

produtos e à prestação dos serviços. Felizmente, esses aspectos vêm tendo

significativos avanços no campo empresarial.

Sobre o modelo de Walton, como afirma FERNANDES (1996), quando tais

aspectos não são bem gerenciados, os níveis de satisfação experimentados pelo

trabalhadores em geral deixam muito a desejar, repercutindo nos níveis de

desempenho da empresa.

4.4.2 William Westley: as quatro dimensões da qualidade de vida no trabalho

Westley apud RODRIGUES (1994) considera que a qualidade de vida no

trabalho pode ser examinada basicamente através de quatro indicadores

fundamentais: o econômico, o político, o psicológico e o sociológico, os quais por

sua vez são causas de injustiça, insegurança, alienação e anomia (ausência de

leis e regulamentos) respectivamente.

Ilustração 5 - Origens da Qualidade de vida no trabalho segundo Westley

Fonte: RODRIGUES (1994:88)

Page 44: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

44

Para Westley (ibid.), as causas de insatisfação representadas pelos

indicadores econômico e político são as mais antigas, tendo sido detectadas no

século passado, onde a concentração dos lucros e a exploração dos trabalhadores

relacionam-se à injustiça e à concentração de poder, causando insegurança. Em

decorrência, segundo Westley (ibid.), surgiram os movimentos socialistas

buscando alcançar os objetivos de justiça e segurança e procurando dar aos

trabalhadores um maior poder sobre a organização do trabalho e uma maior

participação no lucro das organizações. Com o decorrer do tempo, as conquistas

dos trabalhadores dos países industrializados minimizaram a importância destes

dois problemas, dando lugar então à alienação e anomia que começaram a ser

objeto de observação a 50/60 anos, tendo os estudos de Elton Mayo e seus

colaboradores detectado este movimento.

Para Westley (ibid.), a alienação (indicador psicológico) é decorrente da

desumanização, da dissociação entre o trabalho e o ser humano, produto de uma

falha entre as expectativas do indivíduo e o que ele consegue efetivamente

realizar. Como o trabalho não evoluiu nas últimas décadas, tendo ao contrário, em

muitos casos surgido mecanismos de planejamento e controle mais efetivos como

conseqüência do aumento no tamanho, rigidez e complexidade das organizações,

formou-se o consenso de que o trabalho não é o local adequado para centralizar o

interesse de um indivíduo.

Além do maior porte das organizações, a mecanização e automação

provocaram mudanças nas formas de trabalho produzindo a sensação de uma

crescente anomia (ausência de normas e regulamentos) que Westley caracteriza

como uma falta de envolvimento do trabalhador.

Para tentar resolver estes quatro problemas fundamentais e melhorar a

QVT, Westley (ibid.) propõe ações cooperativas através da participação dos

trabalhadores nas decisões e na divisão dos lucros, da adoção de um trabalho

auto supervisionado, do enriquecimento de tarefas e da aplicação dos princípios

sócio-técnicos.

Page 45: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

45

4.4.3 K. Davis & W. Werther: qualidade de vida no trabalho e o projeto de cargos

Para Davis e Werther apud RODRIGUES (1994), a QVT está baseada num

projeto de cargo que considere uma ampla gama de aspectos relativos aos fatores

ambientais, organizacionais e comportamentais:

• Os fatores ambientais do projeto de cargo devem considerar as

expectativas sociais e as habilidades e disponibilidades de empregados

potenciais, significando que o cargo não deverá ser tão complexo que

obrigue a importação de trabalhadores, nem tão simples a ponto de gerar

perturbação quando a mão de obra disponível for mais instruída;

• Os fatores organizacionais do projeto de cargo dizem respeito à perfeita

identificação da tarefa no cargo, ao estabelecimento de um fluxo coerente

de trabalho e à adoção de métodos e processos que incorporem as

práticas de trabalho, de modo a minimizar o tempo e o esforço do

trabalhador. Apesar destes elementos conduzirem a especialização e a

ciclos curtos de cargo, Davis e Werther (ibid.) consideram como positivo o

fato de solicitarem pequenos investimentos em treinamento e permitirem

rápido aprendizado, o que é adequado para trabalhadores de pouca

instrução ou experiência;

• Os fatores comportamentais, segundo Davis e Werther (ibid.),

significam que o projeto de cargo não deve visar apenas à eficiência, mas

considerar também a autonomia do indivíduo para assumir

responsabilidade pelo trabalho, a variedade do cargo (que reduz o tédio e

a fadiga), a identidade de tarefa (significando senso de realização e poder

sentir orgulho pelo resultado) e a retroinformação que permite ao

trabalhador saber qual a repercussão do seu trabalho, conduzindo à

melhor motivação.

Page 46: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

46

Ilustração 6 - Fatores que influenciam o projeto de cargo e a qualidade de vida no trabalho segundo Davis & Werther

Fonte: RODRIGUES (1994: 89)

De acordo com RODRIGUES (1994), os autores apontam para uma certa

incongruência nos projetos de cargo, pois enquanto os elementos

comportamentais direcionam os especialistas para acrescentarem mais

autonomia, variedade, identidade de tarefa e retroinformação, os fatores de

eficiência, principalmente aqueles baseados na racionalização do trabalho

(taylorismo e fordismo), apontam para maior especialização, menor variedade,

autonomia mínima e outros elementos contraditórios. Desta forma, tornar os

cargos mais eficientes pode fazer com que sejam menos satisfatórios e,

inversamente, cargos satisfatórios podem se revelar ineficientes.

Consideram também que os trabalhadores situam-se nos mais variados

níveis intelectuais ou de exigências sócio-emocionais, alguns adaptando-se

melhor a desenho de cargos simples e tarefas rotineiras, enquanto outros exigem

cada vez maior complexidade e possibilidade de participação no próprio trabalho.

Para Davis e Werther (ibid.), “é preciso vencer o desafio a fim de conseguir

uma vida no trabalho de qualidade por meio de cargos produtivos e satisfatórios”.

Page 47: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

47

4.4.4 E. Huse e T. Cummings: qualidade de vida no trabalho e produtividade

Segundo RODRIGUES (1994), Huse & Cummings definem QVT como uma

forma de pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organização, onde se

destacam dois aspectos distintos:

•••• A preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a eficácia

organizacional;

•••• A participação dos trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho.

A operacionalização deste conceito é explicada por Huse & Cummings

através de quatro aspectos ou programas:

1. A participação do trabalhador – o trabalhador é envolvido no

processo de tomada de decisão em vários níveis organizacionais,

através de uma filosofia organizacional adequada, por exemplo, a

análise e solução de problemas na produção feita, Ciclos de Controle

de Qualidade, ou grupos de trabalho cooperativos;

2. O projeto do cargo – envolve a reestruturação do cargo dos

indivíduos ou grupos, que deve atender às necessidades

tecnológicas do trabalhador;

3. Inovação no sistema de recompensa – envolve todo o plano de

cargo e salário da organização e visa minimizar as diferenças

salariais e de “status” entre os trabalhadores;

4. Melhora no ambiente de trabalho – envolve mudanças físicas ou

tangíveis nas condições de trabalho como flexibilidade de horário,

modificação do local dos equipamentos, etc.

Huse & Cummings apud RODRIGUES (1994) afirmam que com a melhoria

das condições de trabalho, os operários tornam-se mais satisfeitos com seus

serviços; assim, a QVT afeta positivamente a produtividade de forma indireta,

conforme pode se observar:

Page 48: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

48

Ilustração 7 – Qualidade de vida no trabalho X produtividade no modelo de Huse & Cummings

Fonte: RODRIGUES (1994: 91)

“As intervenções do programa de QVT afetam, segundo Huse & Cummings (1985), positivamente a comunicação e coordenação que são condições preliminares para uma melhor produtividade. A QVT motiva o trabalhador, principalmente quando este satisfaz suas necessidades individuais. A QVT também ‘pode aperfeiçoar a capacidade do trabalhador melhorando seu desempenho ‘ (p. 203). A motivação e a capacidade do trabalhador são pré-requisitos para uma maior produtividade”. (RODRIGUES, 1994, p. 91-92)

4.4.5 D. Nadler e E. Lawler: o sucesso da qualidade de vida no trabalho nas organizações

Para Nadler & Lawler apud RODRIGUES (1994) e FERNANDES (1996), os

indicadores de QVT consistem na reestruturação do trabalho, pelo enriquecimento

de tarefas e grupos autônomos, e na inovação do sistema de recompensas que

influi no clima organizacional, melhorando o ambiente de trabalho, no que se

refere às horas trabalhadas, condições ambientais, regras e normas

organizacionais, dentre outras.

Segundo RODRIGUES (1994), após várias pesquisas, Nadler & Lawler

identificam os fatores que prevêem o sucesso dos projetos de QVT. São eles:

• Percepção da necessidade;

• O foco do problema que é destacado na organização;

• Estrutura para identificação e solução do problema, teoria/modelo de

projeto de treinamento e participantes;

Page 49: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

49

• Compensações projetadas tanto para os processos quanto para os

resultados;

• Sistemas múltiplos afetados;

• Envolvimento amplo da organização.

Os autores afirmam que o fator determinante mais crítico de sucesso, de

viabilidade e de impacto a longo prazo dos esforços de QVT é a estrutura dos

processos participantes que são criados (RODRIGUES, 1994, p. 92).

Para esses autores, QVT é a grande esperança de as organizações

atingirem altos níveis de produtividade sem esquecer a motivação e a satisfação

do indivíduo. Eles alertam, todavia, sobre o risco de a QVT ser vista por algumas

organizações como mais um modismo administrativo, como tantos outros que se

pode observar nos últimos 50 anos.

4.4.6 Hackman & Oldham: o modelo das dimensões básicas da tarefa

Segundo FERNANDES (1996), a abordagem de Hackman e Oldham tem

como pressuposto que a realização pessoal e profissional é resultante de três

estados psicológicos críticos que o indivíduo experimenta na sua relação com o

trabalho: percepção de significância do trabalho (PST); percepção da

responsabilidade pelos resultados (PRR); conhecimento dos reais resultados do

trabalho (CTR).

Ilustração 8 – Agrupamento das dimensões básicas da tarefa

Fonte: RODRIGUES (1994: 121)

Page 50: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

50

Quanto mais esses três estados estão presentes nas pessoas, mais elas

estarão internamente motivadas para o trabalho – uma motivação baseada no

trabalho em si e não em recompensas extrínsecas e controladas por outros. Para

os autores, esses estados psicológicos alteram-se de acordo com as dimensões

da tarefa, interferindo no nível de satisfação geral do indivíduo e com o grau de

motivação interna em relação ao seu trabalho, assim como no nível de satisfação

relativo às perspectivas de crescimento, segurança no trabalho, supervisão,

compensação e ambiente social. Estabelecem, ainda, que toda essa cadeia de

fatores determinantes de QVT é influenciada em sua essência pela força da

Necessidade de Crescimento Individual (NIC) do trabalhador. Essa variável é

definida como a necessidade de auto-desenvolvimento que se traduz no desejo de

adquirir novos conhecimentos e experimentar suas aplicações no trabalho de ser

criativo de se desenvolver e colocar em prática idéias próprias e agir de forma

independente no trabalho.

De acordo com RODRIGUES (1994), as dimensões da tarefa, presentes no

modelo de Hackman & Oldman, podem ser relacionadas da seguinte forma:

• Variedade de Habilidades (VH) – o grau em que a tarefa requer

uma variedade de atividades diferentes para a sua execução,

através das quais há envolvimento e uso de várias habilidades e

talentos por um mesmo indivíduo;

• Identidade da Tarefa (IT) – o grau em que a tarefa requer a

execução de um trabalho completo e identificável, isto é, realiza-se

uma tarefa do começo ao fim, com resultados visíveis;

• Significado da Tarefa (ST) – o grau em que a tarefa tem um

impacto substancial sobre as vidas ou trabalhos de outras pessoas,

na organização ou no ambiente externo;

• Autonomia (AU) – o grau em que a tarefa fornece ao indivíduo

liberdade substancial, independência e descrição para programar o

trabalho e determinar os procedimentos na sua execução;

Page 51: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

51

• Feedback Extrínseco (FE) – o grau de informações diretas que o

indivíduo recebe sobre o seu desempenho, através de colegas,

superiores ou clientes;

• Feedback Intrínseco ou do Próprio Trabalho (FI) – grau em que a

própria execução da tarefa fornece informações acerca da

performance do trabalhador;

• Inter-relacionamento ou Contatos (IR) – grau com que o indivíduo

trabalha junto a outras pessoas ou lida com outros membros da

organização e clientes.

O modelo contempla, ainda, dois grupos de variáveis, quais sejam:

resultados pessoais de trabalho e satisfações contextuais. O primeiro grupo

encontra-se atrelado às reações afetivas pessoais ou sentimentos que o indivíduo

obtém no desempenho do seu trabalho, gerando resultados como produção de

alta qualidade, redução no absenteísmo e na rotatividade. Esse grupo é composto

pelos seguintes elementos:

• Satisfação Geral com o Trabalho (SG) – uma média global do grau

de bem-estar do indivíduo em relação ao seu trabalho.

• Motivação Interna para o Trabalho (MIT) – o grau de motivação

própria com que o indivíduo experimenta sensações positivas

internas, quando desempenha efetivamente sua tarefa e sensações

negativas internas, quando a faz com má qualidade.

• Produção de Trabalho de Alta Qualidade (PQT);

• Absenteísmo e Rotatividade Reduzidos (ABR).

O segundo grupo, por sua vez, tenta identificar a extensão do bem-estar do

indivíduo em relação às necessidades de crescimento (SPC), supervisão

adequada (SSU), segurança no trabalho (SS), compensação (SC) e ambiente

social (SAS).

Page 52: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

52

Ilustração 9 - Modelo das Dimensões Básicas da Tarefa de Hackman & Oldham

Fonte: FERNANDES (1996: 56)

A partir desse modelo, conforme ilustração 9, os autores podem, então,

entender a Qualidade de Vida no Trabalho como resultante direta da combinação

de dimensões básicas da tarefa, capazes de gerar determinados estados

psicológicos que, por sua vez, resultam em motivação e satisfação em diferentes

níveis.

Pode-se sintetizar o modelo de Hackman & Oldham ressaltando que as

realizações pessoais que o empregado obtém a partir de seu trabalho e aquelas

que experimenta com o trabalho em si constituem fatores determinantes de QVT.

Elas resultam dos estados psicológicos do indivíduo, que advêm de uma

combinação entre seus diferentes níveis de percepção sobre as dimensões da

tarefa prevista no modelo. Todo esse processo é diretamente permeado pela

Necessidade Individual de Crescimento do Trabalhador.

Para RODRIGUES (1994: 127), que propõe a validação do modelo de

Hackman e Oldman através de uma pesquisa com gerentes de confecções no

Ceará, a grande vantagem deste modelo em relação às outras abordagens está

Page 53: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

53

“na identificação das dimensões básicas da tarefa, que atuam como variáveis

independentes na Qualidade de Vida no Trabalho, permitindo assim um

diagnóstico mais acurado”.

4.5 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA

De acordo com RODRIGUES (1994), alguns movimentos relacionados à

QVT começam a surgir no Brasil. Alguns destes têm se destacado pela

contribuição científica apresentada, como e o caso dos movimentos que estão

localizados na Embrapa, UFRGS e UFMG.

4.5.1 As pesquisas na Embrapa

Segundo RODRIGUES (ibid.), Tarcísio Quirino e Odiva Xavier têm

realizado, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA,

importantes estudos sobre a Qualidade de Vida no Trabalho.

Para os autores,

“... a Qualidade de Vida é uma abordagem que só recentemente tem sido aplicada à situação de trabalho. Ela tem representado, na literatura de organizações e de recursos humanos, o aspecto globalizante do que antes era abordado através de estudos de motivação, de fatores ambientais, ergonômicos e de satisfação no trabalho”. (QUIRINO & XAVIER apud RODRIGUES, 1994, p. 103)

Tomando como base para suas definições basicamente Herzerberg (1968),

Walton (1974) Argyris (1976) e Hackman & Suttle (1977), QUIRINO & XAVIER

apud RODRIGUES (1994: 104) analisaram 10 aspectos diferentes com 429

servidores da Embrapa, todos sugeridos pela literatura: natureza das tarefas;

realização; desenvolvimento; relações humanas; supervisão; remuneração e

segurança no emprego; reconhecimento; apoio de recursos humanos; estrutura

física e senso de participação.

Os autores, diante dos resultados, elegeram alguns fatores deficientes para

a Qualidade de vida no Trabalho na Embrapa. São eles:

• Oportunidade para participar de treinamento em capacitação

contínua;

Page 54: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

54

• Salário indireto;

• Promoções justas;

• Aumento de salário proporcional ao desempenho;

• Influência sobre os objetivos e políticas da unidade;

• Oportunidade de assumir riscos;

• Oportunidade de ser treinado em pós-graduação.

No intuito de verificar a relação entre Qualidade de Vida no Trabalho e

desempenho organizacional, QUIRINO & XAVIER apud RODRIGUES (1996: 105)

propõe a título exploratório quatro hipóteses:

1. Qualidade de Vida no Trabalho se relaciona positivamente com o

desempenho organizacional;

2. Alguns aspectos da Qualidade de vida no Trabalho têm mais relação

com o desempenho organizacional do que outros;

3. A satisfação dos pesquisadores com a Qualidade de Vida no Trabalho

se relaciona positivamente com o nível do desempenho organizacional;

4. Alguns aspectos da satisfação dos pesquisadores com a Qualidade de

Vida no Trabalho se relacionam mais fortemente com o desempenho

organizacional, do que outros.

4.5.2 As pesquisas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Segundo RODRIGUES (1994), alguns estudos e pesquisas têm sido

realizadas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul sobre a QVT por

FERNANDES e colaboradores.

Para FERNANDES & GUTIERREZ apud RODRIGUES (1994), a QVT é

usada para designar experiências de humanização do trabalho, envolvendo a

reformulação dos cargos e a reestruturação dos grupos de trabalho com a

participação dos afetados.

FERNANDES & BECKER apud RODRIGUES (1994: 107) relacionam QVT

com a produtividade e afirmam que a QVT “tem-se constituído como uma

alternativa para combater os efeitos negativos do taylorismo” (p. 107).

A “participação” é vista por FERNANDES (1996: 15) como um dos mais

importantes fatores comportamentais intervenientes na Qualidade de Vida no

Page 55: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

55

Trabalho. A autora vê a QVT voltada para a “procura de tornar os cargos mais

produtivos em termos de empresa e mais satisfatórios para os executores”. Logo,

a preocupação para melhorar o nível de QVT passa principalmente “pela

reformulação dos cargos ou a sua correta projeção, levando em consideração os

elementos organizacionais, ambientais e comportamentais”.

FERNANDES (1996) propõe a Auditoria Operacional de Recursos

Humanos, método que visa mensurar os níveis de satisfação dos fatores da QVT

de formar a subsidiar a Gestão Estratégica de Recursos Humanos, melhorando a

qualidade de vida dos empregados, o que, segundo a autora, irá refletir-se na

produtividade empresarial. O modelo da pesquisa proposta pela autora é descrito

na ilustração 17 em anexo.

Segundo RODRIGUES (1994), os pesquisadores da UFRGS têm usado em

suas abordagens os modelos teóricos de WALTON, WERTHER & DAVIS e

HACKMAN & OLDHAM, operacionalizando-os e adaptando-os para aplicações em

empresas nacionais.

4.5.3 As pesquisas na Universidade Federal de Minas Gerais

Segundo RODRIGUES (1994), a UFMG conta atualmente com um grupo

de pesquisa que investiga os efeitos da automação da QVT do trabalhador, sob a

coordenação do Prof. Lúcio Flávio R. de MORAES.

MORAES et al. apud RODRIGUES (ibid.), usando o modelo de Hackman &

ldham, apresentam à comunidade científica o desenvolvimento de uma pesquisa

piloto sobre a QVT do trabalhador do setor de informática de Minas Gerais.

4.5.4 As pesquisas com gerentes de confecções no Ceará

RODRIGUES (1994), partindo do pressuposto de que as técnicas e

métodos de ação comportamental evoluíram e que o trabalhador dos anos 90 não

mais pode ser vistos a partir de teorias formuladas nas décadas de 50/60 onde o

contexto sócio-econômico e político era radicalmente diferente do atual propõe a

evolução e análise da QVT no nível gerencial.

Page 56: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

56

O autor propõe uma abordagem dos problemas comportamentais da

organização com base nas necessidades atuais do trabalhador e no novo contexto

organizacional.

Além disso, o autor faz uma profunda revisão bibliográfica da evolução

conceitual da Qualidade de Vida no trabalho, bem como das relações homem X

trabalho quanto às condições de vida no trabalho e expectativas dos trabalhadores

desde as primeiras manifestações ocorridas no século XVII até as clássicas

teorias comportamentais da década de 50.

RODRIGUES (ibid.) utiliza o modelo de Hackman & Oldham para

diagnosticar a QVT no nível gerencial em indústrias de confecções no Ceará. O

gerente, objeto de análise da pesquisa, é estudado através dos conceitos

clássicos de sua função executiva e da evolução deste profissional, bem como de

seus papéis e dos conflitos decorrentes destes.

RODRIGUES (ibid.) define, a partir da pesquisa, o perfil dos gerentes mais

motivados e satisfeitos: homens, engenheiros, desquitados/divorciados, com curso

de especialização, com salários maiores que 30 salários mínimos. Assim, o autor

conclui que:

• A motivação é tanto maior quanto for o nível de instrução formal;

• A satisfação é tanto menor quanto maior for o nível de instrução formal;

• A motivação é influenciada pelo estado civil;

• A satisfação é tanto maior quanto maior for o nível salarial.

4.6 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E OS FATORES AMBIENTAIS

Apesar de relacionar-se primordialmente com a humanização da situação

de trabalho, a QVT é associada diretamente a fatores ambientais do trabalho, que

são considerados por alguns autores ao estudarem o tema, entre eles COLENGUI

(2003) e CHIAVENATO (2006).

COLENGUI (2003:171) afirma que “os fatores ambientais exercem fortes

influências na performance do indivíduo, tanto em nível de produtividade quanto

Page 57: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

57

de qualidade, pois atuam diretamente sobre o estado psíquico dele, alterando, de

forma significativa, o seu comportamento”.

Segue-se, a descrição dos fatores ambientais tratados por estes autores,

ao considerarem QVT, baseando-se no trabalho de COLENGUI (2003), que

apresenta-se mais detalhado.

4.6.1 Ergonomia

Segundo COLENGUI (2003:171), “ergonomia é uma ciência que estuda a

organização metódica do ambiente de trabalho com o objetivo de harmonizar as

relações entre o homem e a máquina, de forma a atender às necessidades físicas

e psicológicas humanas”.

O estudo da ergonomia busca oferecer aos trabalhadores uma vida

harmônica em seu ambiente de trabalho, onde haja conforto, segurança e

eficiência, de modo que possam gerar qualidade e produtividade.

Segundo COLENGUI (ibid.), o Governo Federal, através da NR-7 (Portaria

nº 3.751, de 23-11-90), estabelece regras que cuidam de adaptar as condições de

trabalho às características psico-fisiológicas dos trabalhadores, do mobiliário nos

postos de trabalho, dos equipamentos, das condições ambientais e da

organização do trabalho.

4.6.2 Cores

COLENGUI (ibid.) afirma que as cores são utilizadas nas empresas de

maneira indevida, principalmente quanto aos fatores psicológicos e biológicos que

podem influir sobre seus funcionários.

Para o autor, deve-se conhecer as cores antes de empregá-las. Segundo

ele, pode-se dividí-las em grupos, da seguinte forma:

a) Com relação à temperatura:

• Quentes, que estimulam o interesse, a atenção e a motivação para o

trabalho. São elas: amarelo, verde-escuro, vermelho e laranja.

• Frias, que causam a impressão de diminuição de temperatura, sendo

indicadas para locais de clima quente. São: cinza, verde-claro e azul.

b) Com relação à iluminação:

Page 58: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

58

As cores estão diretamente ligadas aos problemas de iluminação, em

virtude de sua capacidade de reflexão e absorção, conforme mostra a tabela 2.

Tabela 2 – Índices de reflexão e absorção das cores COR % REFLEXÃO % ABSORÇÃO

Branco Puro 100 0

Branco Neve 90 10

Branco de cal 80 20

Amarelo-limão/creme 70 30

Amarelo-ouro/verde-limão 60 40

Laranja/azul claro 50 50

Rosa-escuro/bege-escuro 40 60

Azul-celeste/verde-oliva 30 70

Verde-médio/vermelho 20 80

Vermelho-escuro/carmim 10 90

Preto puro 0 100

Índices de Reflexão mais

recomendados para

Estações de Trabalho:

- Tetos: 75 a 100

- Paredes: 50 a 75

- Superfícies de trabalho:

25 a 50

Fonte: COLENGUI (2003: 173)

Recomenda-se utilizar cores que possuam um grau de reflexão superior a

50% para obter melhores condições de trabalho e maior economia com

iluminação.

c) Com relação à utilização:

• Cores que devem ser evitadas no ambiente de trabalho:

- Cinza: desperta o medo e a tristeza, diminui a capacidade de

iniciativa dos indivíduos e produz depressão.

- Marrom: induz as pessoas a ficarem pensando em seus problemas

pessoais, desviando dos propósitos do trabalho.

- Violeta: leva à depressão, à tristeza e prejudica o inter-

relacionamento pessoal.

- Preta: gera o desenvolvimento de aspectos comportamentais

negativos, como desobediência aos superiores, descumprimento de

normas, etc.

Page 59: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

59

• Cores que requerem um cuidado especial quando de sua aplicação:

- Branca: deve ser utilizada em conjunto com outras cores,

principalmente nos tetos, devido à reflexão.

- Vermelha: dá vitalidade, alegria e dinamismo ao ambiente, mas

desperta a impulsividade e a intempestividade comportamental do

indivíduo.

- Amarela: incita à iniciativa e ação, fomenta a energia e destaca

locais, mas provoca aceleração do sistema nervoso, trazendo

irritações facilmente.

• Cores mais recomendadas (na tonalidade clara):

- Verde: fornece sensação de liberdade e harmonia, induz à

paciência e o amor pelo trabalho.

- Azul: reflete a paz, tranqüilidade, trazendo maior compreensão no

trabalho, desperta a criatividade e estimula a pesquisa.

- Bege: torna o ambiente agradável, fazendo gerar um clima

amistoso entre as pessoas no desenvolvimento de atividades

coletivas.

4.6.3 Iluminação

Segundo COLENGUI (ibid.), a iluminação está diretamente relacionada a

fatores como a saúde, a segurança e a produtividade dos ativos intelectuais,

resultando, a partir de sua adequada utilização, aumento de qualidade e economia

para as empresas.

Moreira apud COLENGUI (ibid.) afirma que deve-se buscar a iluminação

artificial, mas com a parcimônia requerida ao tipo de trabalho que será realizado.

Medidas simples podem ser adotadas que, em conjunto com um sistema de

manutenção preventivo apurado aliado ao uso de materiais elétricos de boa

qualidade, é possível obter uma redução do consumo de energia elétrica aos

patamares de 60%, segundo o autor.

Além das preocupações de ordem econômica, cada ambiente de trabalho

requer um tipo de iluminação adequado, conforme verifica-se no quadro a seguir.

De acordo com as atividades a serem realizadas, as empresas devem

Page 60: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

60

proporcionar meios para que cada local possua o quantitativo de luxes (unidade

de iluminância).

Ilustração 10 – Adequação da iluminação ao local de trabalho

Fonte: COLENGUI (2003:177)

Outro fator tratado por COLENGUI (ibid.) quanto à iluminação diz respeito à

distribuição da luz, que pode ser de forma:

a) Direta – incide diretamente sobre os locais a serem iluminados, sendo o

mais econômico e o que apresenta o maior nível de iluminação.

b) Semi-indireta – apresenta bons resultados de iluminação, mas requer

cuidados especiais em sua instalação.

c) Indireta – tem um bom aproveitamento de luz, mas requer um teto de

cor clara com alto grau de reflexão.

d) Semidireta – é aquela cuja iluminação é transmitida parte por via direta

e o restante por meio de reflexão no teto e nas paredes do ambiente.

Page 61: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

61

Ilustração 11 – Formas de distribuição da luz

Fonte: COLENGUI (2003: 178)

Segundo COLENGUI (ibid.), as empresas devem ter um cuidado redobrado

com a qualidade de vida de seus colaboradores disponibilizando uma iluminação

apropriada, aliada à conservação de energia elétrica de forma inteligente, pois

aquelas que conseguirem obter maio êxito através desses fatores terão um

significativo diferenciador de competitividade, pois além de proporcionar um

ambiente adequado aos seus colaboradores, sem causar danos a sua saúde

visual, eles certamente produzirão mais e melhor.

4.6.4 Poluição Sonora

COLENGUI (ibid.) define poluição sonora como barulho excessivo e níveis

de ruído suportáveis ou não, presentes no nosso dia-a-dia.

O autor afirma que o ruído com sua intensidade e duração provoca

moléstias como redução da capacidade auditiva, fadiga, desânimo, irritabilidade,

perturba o sono, aumento no ritmo cardíaco, etc., prejudicando as atividades

profissionais.

Segundo COLENGUI (ibid.) a legislação brasileira estabelece 85dB

(decibéis – unidade que mede a intensidade do som) para 8 horas de trabalho e

115dB para 7 minutos, como índice máximo diário permissível de exposição diária,

o que está muito aquém da realidade. Alguns exemplos de ruído são mostrados

na tabela abaixo:

Page 62: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

62

Ilustração 12 - Exemplos de níveis de ruído Nível de Ruído Atividade

0 Limite de audibilidade

30 Tique-taque de um relógio

50 Serviço de datilografia em máquina

manual

80 Restaurante na hora do almoço

100 Motocicleta em funcionamento

30 Limite doloso para o ouvido humano

Fonte: COLENGUI (2003: 179)

Segundo o autor, várias providências devem ser tomadas, visando diminuir

os níveis de ruído, desde o procedimento mais simples, como colocar as

máquinas e os equipamentos mais ruidosos em locais mais distantes e isolados, e

outras como adaptação de abafadores ou o emprego de blafes (chapas acústicas,

com forma de prisma retangular, posicionadas no teto objetivando absorver as

vibrações e diminuir os níveis de ruído), colo colocação de “janelas acústicas”,

fabricadas com material de alta tecnologia, vidros duplos, câmara de ar

desidratado, perfis termoacústicos e material isolante.

De acordo com COLENGUI (ibid.), além de eliminar os níveis de ruído, para

proteger o ser humano, as empresas têm usado uma medida chamada “música

ambiental ou funcional”, que deve ser suava e tranqüila, preferencialmente com

músicas instrumentais, que estimulam os funcionários no trabalho.

4.6.5 Aeração e Temperatura Ambiental

Para COLENGUI (ibid.), aeração do ar influi significativamente na

temperatura do ambiente e, conseqüentemente, no desempenho do homem, cujo

organismo requer uma perfeita disponibilidade por metro cúbico.

COLENGUI (ibid.) recomenda preferência à ventilação natural, com

abertura de janelas, colocação de exaustores eólicos e telhados tipo dente-de-

serra com janelas reguláveis que permitam melhor aproveitamento da entrada de

ar. Nos locais em que não é possível a utilização do ar natural, e faz-se o uso da

Page 63: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

63

ventilação artificial, recomenda-se muita cautela ao elaborar o projeto, devendo

levar em conta as reais necessidades do homem, das máquinas e dos

equipamentos, das atividades que serão realizadas, do custo de implantação e

manutenção.

Após a avaliação de todos estes fatores, seleciona-se o sistema a ser

implantado: ar-condicionado central, individual, ventiladores, aplicação de material

de isolamento térmico de paredes e tetos, circuladores de ar, filtros de redução de

umidade ou outros, de acordo com a necessidade de cada ambiente.

4.6.6 Limpeza Interna

Para COLENGUI (ibid.), a limpeza interna deve ser vista não simplesmente

como limpeza propriamente dita, mas como preservação da natureza, economia

de energia, meio de controle que impõe restrições à poluição ambiental não só

internamente no ambiente de trabalho, mas de uma forma mais abrangente.

COLENGUI (ibid.) sugere que as empresas criem programas de coleta

seletiva do lixo, que, além de processar o controle ambiental, possibilitará educar

e desenvolver uma cultura voltada para limpeza e de combate ao desperdício de

seus funcionários, que resultará na melhoria do aproveitamento dos bens de

consumo, em menor volume de lixo, menor despesa e até um retorno financeiro

para a empresa.

Ilustração 13 – Coleta Seletiva do Lixo

Fonte: COLENGUI (2003: 182)

Page 64: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

64

4.6.7 Odores e Decoração

Para COLENGUI (2003), os odores possuem uma face negativa, isto é,

fétida, manisfestada pelo vazamento de gases, materiais tóxicos ou de outras

naturezas; e uma face positiva, ou seja, os odores agradáveis, que devem ser

aplicados de forma moderada e discreta no ambiente de trabalho. Ambos devem

ser considerados no ambiente de trabalho.

Quanto à decoração, o autor afirma que esta exerce importante papel sobre

o trabalhador, pois o arranjo do espaço arquitetônico da empresa elaborado com

bom gosto causará no indivíduo uma sensação de bem-estar, de liberdade,

levando-o a ter desejo de permanecer na empresa por mais tempo.

4.6.8 Segurança no Ambiente de Trabalho

A qualidade de vida no trabalho somente poderá ser alcançada em locais

que ofereçam segurança para os homens que lá trabalhem.

Segundo COLENGUI (2003:183), “o melhor sistema de segurança que

existe é a segurança preventiva, a qual procura estabelecer a melhor maneira de

se evitar a ocorrência de riscos de acidente”.

Riscos Ambientais

De acordo com COLENGUI (ibid.), a preocupação prevencionista de

segurança e higiene do trabalho deve possuir uma base integrada pelos

trabalhadores pelas empresas e pelo governo, onde todos devem estar

conscientes de suas responsabilidades:

• O trabalhador – deve estar permanentemente atento e cumprir as

regras de segurança pertinentes às suas atividades. Deve usar os

equipamentos de proteção individual e coletivos e denunciar as falhas

de segurança do ambiente de trabalho;

• A empresa – deve oferecer aos seus recursos humanos meios e

condições para realizarem suas atividades com a mais absoluta

segurança e um mínimo de risco possível. Para tanto, deve-se: levantar,

diagnosticar e eliminar as áreas de risco; oferecer todos os

Page 65: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

65

equipamentos de proteção individual e coletiva; treinar os funcionários;

cumprir as determinações legais e fazer seguro para o pessoal;

• O governo – deve elaborar e fiscalizar o cumprimento da legislação

pertinente aos riscos ambientais. A norma regulamentadora NR-9

(Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994) classifica em cinco grupos

os danos que podem ser causados à saúde do trabalhador, conforme

pode-se verificar na ilustração 15. No anexo IV, a NR estabelece o

Mapa de Riscos (ilustração 16), que representa cada tipo de risco

ambiental.

Ilustração 14 – Classificação dos agentes de riscos ambientais

Fonte: COLENGUI (2003: 185)

Page 66: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

66

Ilustração 15 – Mapa de Riscos

Fonte: COLENGUI (2003: 187)

Recomendações de Segurança

Objetivando proporcionar melhores condições de segurança no ambiente

de trabalho, COLENGUI (2003:187-188) faz algumas recomendações:

• O piso dos locais de trabalho deve ter resistência suficiente para

sustentar as cargas que nele serão colocadas e ser mantido em bom

estado de conservação e limpeza;

• Os corredores e locais com grande movimento de pessoal devem estar

limpos, secos e com uma iluminação adequada;

• As portas de emergência devem ser obrigatórias nas dependências com

mais de cinqüenta funcionários e ser convenientemente assinaladas,

desobstruídas e voltadas para lugar seguro;

• As máquinas devem ser dispostas de maneira a aproveitar corretamente

a iluminação natural, sem riscos de ofuscamento para o trabalhador, e

facilitar a circulação do pessoal e do material;

• Entre as máquinas, móveis e equipamentos de qualquer local de

trabalho deve haver uma passagem, mantida desobstruída, com

Page 67: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

67

espaçamento mínimo de oitenta centímetros, não devendo haver

nenhuma parte móvel sem a devida proteção;

• Todo circuito elétrico deve ter fusível de proteção ou chave disjuntora de

capacidade adequada, de modo a oferecer a necessária segurança

contra sobrecarga às máquinas e equipamentos;

• Todas as máquinas e equipamentos devem ser dotados de dispositivos

de segurança, projetados e usados de maneira a oferecer uma proteção

efetiva aos trabalhadores;

• Os funcionários devem usar todos os equipamentos de proteção

individual recomendados para o exercício de suas atividades.

Cores de Segurança

Além dos fatores comportamentais, as cores possuem um desempenho

significativo nas questões de segurança. Segundo COLENGUI (2003: 189), a

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em sua NB-76, estabelece as

cores de segurança no ambiente de trabalho:

• Amarela – utilizada para chamar a atenção, cuidado e perigo (pilastras,

postes, placas de sinalização vertical, meios-fios, corrimões, avisos de

advertência, etc.);

• Branca – utilizada par indicar o sentido do fluxo de pessoas em área de

grande circulação (refeitórios, bebedouros, etc.);

• Laranja – utilizada para chamar a atenção de determinadas partes

móveis e perigosas de máquinas e equipamentos (braços, cabos, polias,

engrenagens, dispositivos elétricos, etc.);

• Preta – utilizada em locais de resíduos inúteis (coletores de lixo,

expurgos, etc.) e indicar as canalizações de inflamáveis e combustíveis

de alta viscosidade (asfalto, óleo lubrificante, piche, etc.);

• Púrpura – utilizada para assinalar perigo proveniente das radiações

eletromagnéticas;

• Verde – utilizada para identificar áreas, materiais e equipamentos de

segurança (chuveiros, caixas de primeiros-socorros, etc.);

Page 68: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

68

• Vermelha – utilizada para indicar perigo e equipamentos de combate a

incêndios (extintores, hidrantes, alarmes, sirenes, portas de emergência,

etc.);

4.6.9 Distribuição do Espaço

De acordo com COLENGUI (2003), dentro da esfera da qualidade de vida

no trabalho, a empresa deve contar com um layout funcional, que proporciona aos

funcionários conforto, bem-estar, satisfação e segurança no trabalho.

COLENGUI (2003:191) cita os princípios do layout propostos pelo Professor

Luiz Oswaldo Leal da Rocha. São eles:

• Espaço Tridimensional – deve-se buscar o melhor aproveitamento do

espaço disponível, na vertical, horizontal e longitudinal;

• Economia de Movimento – procura-se encurtar a distância entre as

diversas fases de um processo, de forma que circule-se o mínimo

possível;

• Flexibilidade – deve possibilitar constantes alterações ambientais

requeridas pelos funcionários;

• Fluxo Progressivo – as fases de um processo operacional devem ser

mais lógicas e contínuas possíveis, sem paradas, voltas ou

cruzamentos, tanto para funcionários como para equipamentos;

• Integração – todos os componentes do processo devem estar

integrados, ou seja, homens, máquinas e matéria-prima.

• Satisfação e Segurança no Trabalho – o arranjo físico deve ser

disposto de forma a oferecer conforto, aparência e segurança par os

homens e as operações.

4.6.10 Distribuição do Trabalho

Segundo COLENGUI (2003:197), muitas vezes o mau desempenho de um

funcionário é causado pela má distribuição do trabalho.

“Entre outros, poder-se-ia citar: o trabalho não é distribuído equitativamente, alguns funcionários ficam sobrecarregados, tendo até que fazer horas extras, e outros, ociosos; funcionários executando

Page 69: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

69

tarefas inferiores ou superiores à sua capacitação profissional; chefes desqualificados e improdutivos, alguns centralizadores e outros que delegam em demasia, mas não assumem suas responsabilidades; falta de clareza na cadeia fornecedor/cliente interno, pois muitos não entenderam que não se trata mais de uma relação de colegas de trabalho, mas sim de fornecedores e clientes, e ainda outros de caráter operacional, como: execução de tarefas supérfluas, desperdício de tempo, ineficiência funcional, queda da produção e dos níveis de qualidade, altos índices de rotatividade de pessoal, etc.”. (COLENGUI, 2003, p.197)

Sendo assim, COLENGUI (2003) propõe que a administração levante a

relação de atividades, tarefas e passos do trabalho a ser realizado por cada

funcionário, de forma a distribuí-las equitativamente aos funcionários.

Entretanto, reafirma-se que de acordo com FERNANDES (1996), são as

reformulações a nível do trabalho em si que constituem o objetivo principal das

ações implicadas na QVT, visando garantir maior eficácia e produtividade e, ao

mesmo tempo, o atendimento das necessidades básicas dos trabalhadores. Isto é,

não somente a reformulação dos fatores ambientais contribui para melhoria da

QVT, mas também fatores como a reformulação dos cargos, motivação e

participação do trabalhador.

4.7 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COMO EXPANSÃO DO CONCEITO DE QUALIDADE TOTAL

A busca da Qualidade mobiliza esforços de toda ordem nas empresas

atualmente. Muito se fala, atualmente, sobre Qualidade Total, entendida como a

vontade, a preocupação fixa da empresa em fazer produtos de qualidade ou

prestar serviços de qualidade. O gerenciamento da qualidade, inclusive a busca

da certificação ISO, tem sido um dos procedimentos mais freqüentes em todo o

mundo, a começar, segundo LIMONGI-FRANÇA (2002), pelas exigências da

União Européia de acelerar e proteger a integração econômica européia. Assim,

nota-se a visão mundial da gestão da qualidade total.

Conforme PALADINI apud FERNANDES (1996:21), “para obter um sucesso

contínuo, a empresa tem de ser ‘expert’ na busca de resultados (qualidade de

Page 70: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

70

produtos/serviços), na manutenção de um clima interno motivador e na abertura

para a inovação e a flexibilidade”. Desta forma, os aspectos comportamentais

(“clima interno motivador”) são também essenciais para o pleno êxito no

atendimento das metas propostas em termos de qualidade. Afinal, são as pessoas

os agentes que atingem estas metas, de forma que, fora de um contexto de

motivação e de boas condições de trabalho, torna-se difícil – ou mesmo

impossível – a gestão da qualidade total.

Sendo assim, a partir da constatação de que o grande capital das empresas

é mesmo o homem e que quanto melhor suas condições de trabalho e vida melhor

é a qualidade e excelência do trabalho exercido, incluiu-se no conceito de

qualidade total o de qualidade de vida no trabalho, já que a qualidade deve ser

gerenciada juntamente com a qualidade de vida. Desta forma, LIMONGI-FRANÇA

(2002) afirma que a qualidade de vida no trabalho é uma evolução da qualidade

total, pois não se pode falar em qualidade total sem incluir a qualidade de vida das

pessoas no trabalho.

Segundo FERNANDES (1996), é imprescindível o envolvimento do pessoal

na gestão da qualidade, sem a qual não se consegue atender às necessidades

dos clientes externos. Os esforços empresariais devem conduzir à realização

humana, pois, a qualidade só terá sentido se gerar qualidade de vida.

“Um estado de espírito e uma filosofia concreta calcados em determinados aspectos comportamentais, caracterizados por uma liderança forte na vontade de implantação dos programas de Qualidade, e a preocupação efetiva com a adesão de todo o pessoal são essenciais ao sucesso na gestão da qualidade.” (FERNANDES, 1996, p. 22)

LIMONGI-FRANÇA (2002) sugere, ainda, o surgimento de uma nova fase

posterior ao atual movimento da qualidade, em que a qualidade de vida será um

valor agregado à qualidade total com vistas a um vínculo mais forte entre

competências humanas e processos produtivos de uso intensivo de tecnologia.

Page 71: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

71

4.8 QUALIDADE TOTAL E O FATOR HUMANO COMO DIFERENCIADOR DE COMPETITIVIDADE

A gestão da qualidade total se faz através das pessoas, em todos os níveis,

sendo a gestão de recursos humanos um dos fatores mais importantes do

sucesso empresarial no que se refere à Qualidade. FERNANDES (1996) afirma

que não bastam a boa intenção e a exortação por parte dos dirigentes e

executivos na gestão da Qualidade Total, mas a mobilização e comprometimento

de todo o pessoal com as metas propostas.

Na gestão da qualidade total, a totalidade das funções da empresa está

envolvida numa estratégia que busca a excelência, entendida como a tendência

ao aperfeiçoamento constante. Assim, cada um, em seu nível, partilha da

responsabilidade na gestão da Qualidade Total, identificando disfunções,

sugerindo medidas corretivas e inovações. É indispensável que todas as funções

da empresa se empenhem na obtenção da qualidade dos produtos e serviços, sob

o firme comprometimento da alta administração e, sem dúvida, dos próprios

empregados. Para FERNANDES (ibid.), amplia-se, desta forma, o papel dos

Recursos Humanos, posto que todos os empregados são agentes da Qualidade,

sem distinção de cargo ou nível hierárquico.

Segundo FERNANDES (ibid.), para a gestão da Qualidade Total, as

empresas devem obter um estágio de desenvolvimento organizacional calcado na

melhoria do próprio quadro funcional em termos de treinamento para a Qualidade,

e na atualização das chefias e gerências, e não apenas na aquisição de

avançadas tecnologias, sofisticados equipamentos, melhorias nas instalações

físicas e domínio das “ferramentas” da qualidade. Segundo a autora, é preciso dar

condições às chefias para gerenciarem o processo voltado para a qualidade,

incentivando a criatividade e a inovação, como também criando uma consciência

básica de responsabilidade e de participação por parte dos empregados.

FERNANDES (ibid.) salienta que na preparação dos recursos humanos, no

que se refere aos Programas voltados para a Qualidade, não basta o treinamento

específico em termos do conjunto de ferramentas gerenciais ou técnicas da

qualidade sem uma efetiva atenção ao crescimento do ser humano. Ou seja, para

Page 72: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

72

que procedimentos para a qualidade possam ser operacionalizados, é essencial

que as estratégias de treinamento desenvolvidas pelas empresas apóiem-se no

conceito de que as pessoas devem fazer tarefas de valor agregado, o que sugere

uma preparação e um treinamento compatíveis, aliados a uma maior valorização e

maximização do seu potencial, sem os quais dificilmente os empregados

assumirão a postura que se faz necessária para o sucesso de tais programas.

Assim, os programas de Qualidade Total têm no fator humano um

diferencial de competitividade, fazendo-se necessário que as habilidades

gerenciais de todo o quadro funcional sejam enriquecidas para fazer face às novas

demandas do mercado.

Neste sentido, a gerência de RH das empresas tem papel importante no

desenvolvimento de atividades que visem a formar a base de sustentação dos

Programas de Qualidade. E a melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho é a

grande contribuição a este processo.

4.9 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E PRODUTIVIDADE

A melhoria da produtividade não pode ser discutida sem o reconhecimento

de que o conceito de produtividade vai além da idéia de uma boa produção ou de

eficiência no trabalho. De acordo com Bennet apud LIMONGI-FRANÇA

(2002:301), o conceito de produtividade encontra raízes no dinamismo humano

por ter uma conexão indispensável com a melhoria da natureza e a qualidade de

vida de cada indivíduo no trabalho. A melhoria da produtividade significa

motivação, dignidade, participação no desenho e no desempenho do trabalho na

organização. Isto é, não há melhoria de produtividade sem qualidade de vida no

trabalho, pois empregados trabalham menos produtivamente se inseridos em más

condições de trabalho ou de pouca motivação.

De acordo com LIMONGI-FRANÇA (2002), estratégias para aumentar a

qualidade de vida no trabalho contribuem para a melhora da produtividade, uma

vez que estão relacionadas com a qualidade de experiências humanas no

ambiente de trabalho que envolvem o trabalho em si, o ambiente de trabalho e a

personalidade do empregado.

Page 73: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

73

4.10 PEQUENAS EMPRESAS: DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS

As pequenas empresas têm sido tema constante no meio acadêmico e na

mídia. Embora sempre tenham desempenhado papel fundamental na economia,

estas instituições vêm ganhando evidência crescente nos últimos anos.

Segundo artigo dos professores da USP – Universidade de São Paulo

Luciana Cezarino e M. Campomar (2004), não há unanimidade quanto à

conceituação e classificação de micro e pequenas empresas (MPE), pois cada

país adota formas particulares e de acordo com suas realidades de mercado.

Além disso, há grade heterogeneidade dentro do segmento, com

multiplicidade de critérios e de objetivos dos estudos das entidades quando

buscam definí-las. Utiliza-se critérios quantitativos, como o faturamento e o

número de empregados; qualitativos, como administração personalizada, parcela

do mercado, entre outros; ou ainda critérios mistos (quantitativos e qualitativos).

No Brasil, conforme mostra a tabela 3, segundo CEZARINO & CAMPOMAR

(2004), micro e pequenas empresas são definidas pelo Estatuto da Microempresa

e Empresa de Pequeno Porte (Lei nº 9.841/99) e pelo SIMPLES (Lei nº 9.317/96),

que utilizam como forma de classificação, a receita bruta anual. Por sua vez, o

SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas) e a

RAIS/MTE (Relação Anual de Informações Sociais / Ministério do Trabalho e

Emprego do Governo Federal) promovem a classificação das referidas empresas

baseada no número de empregados que compõe suas estruturas, que são os

critérios quantitativos mais utilizados.

Page 74: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

74

Tabela 3 - Classificações brasileiras para micro e pequenas empresas Classificações Micro empresas Pequenas Empresas

Número de Funcionários

SEBRAE (comércio e

serviços)

0-9 10-49

SEBRAE (indústria) 0-19 20-99

RAIS 0-19 20-99

Receita Bruta Anual

SIMPLES Até R$ 120.000,00 Até 1.200.000,00

ESTATUTO MPE Até R$ 433.755,14 Até 2.133.222,00

BNDES Até US$ 400.000,00 Até US$ 3.500.000,00

Fonte: CEZARINO & CAMPOMAR (2004:2)

Alguns autores preferem e propõem considerar aspectos qualitativos na

definição de pequenas empresas, associados ou não com os primeiros. Segundo

artigo dos professores da UFV – Universidade Federal de Viçosa Bruno Tavares,

Afonso Lima e Suley Silveira (2004), há três critérios qualitativos considerados na

definição de pequenas empresas propostos por Fillion (1990) e Lima (2001)

acrescenta um quarto, a saber: independência da propriedade e da administração;

administração personalizada; pequena parcela de mercado; dependência de uma

fonte interna de capital.

Segundo TAVARES et al. (2004), alguns países utilizam, ainda, critérios

mistos para definir pequenas empresas, dentro os quais se destacam os Estados

Unidos, Coréia do Sul e Japão, cujos órgãos governamentais determinam

diferentes limites em termos de faturamento e número de empregados segundo o

setor de atuação da empresa.

TAVARES et al. (2004) afirmam que “a homogeneidade na definição de

pequenas empresas não está próxima e nem é necessária. Ao contrário, o que se

deve ter é o conhecimento dos critérios utilizados na fonte de dados utilizada e o

cuidado na convergência entre o objetivo do estudo e os critérios utilizados”.

As micro e pequenas empresas (MPE) assumem características próprias de

gestão, competitividade e inserção no mercado. Segundo CEZARINO &

Page 75: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

75

CAMPOMAR (2004), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

desenvolveu em 2003 um amplo estudo sobre as principais características de

gestão das MPE brasileiras, entre os principais estão:

• Baixo volume de capital empregado;

• Altas taxas de natalidade e mortalidade;

• Presença significativa de proprietários, sócios e funcionários com laços

familiares;

• Grande centralização do poder decisório;

• Não distinção da pessoa física do proprietário com a pessoa jurídica,

inclusive contábeis;

• Registros contábeis pouco adequados;

• Contratação direta de mão-de-obra;

• Baixo nível de tercerização;

• Baixo emprego de tecnologias sofisticadas;

• Baixo investimento em inovação tecnológica;

• Dificuldade de acesso a financiamento de capital de giro;

• Dificuldade de definição dos custos fixos;

• Alto índice de sonegação fiscal;

• Contratação direta de mão-de-obra;

• Utilização intensa de mão-de-obra não qualificada ou sem qualificação.

Segundo TAVARES et al. (2004), as características das MPE brasileiras

também foram alvos do estudo de Leone (1999) que as sistematiza na tabela 4.

Para a autora, existem três tipos de especificidades que caracterizam as MPE:

organizacionais, decisionais e individuais.

Page 76: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

76

Tabela 4 - Especificadades das pequenas empresas segundo Leone (1999) Especificidades

organizacionais

Especificidades

decisionais

Especificidades

individuais

• Pobreza de recursos • Decisão intuitiva • Onipotência do

proprietário-dirigente

• Gestão centralizada • Horizonte temporal de

curto prazo

• Identidade entre

pessoal física e jurídica

• Ausência de controle

sobre ambiente externo

• Inexistência de dados

quantitativos

• Baixa especialização

dos recursos humanos

• Fraca maturidade

organizacional

• Alto grau de autonomia

decisional

• Influência pessoal do

proprietário gerente

• Estrutura simples • Racionalidades

econômica, política e

familiar

• Simbiose entre capital

social e patrimônio

familiar

• Ausência de

planejamento formal

• • Propensão a riscos

calculados

• Estratégia intuitiva

• Sistema de informações

simples

Fonte: TAVARES et a. (2004)

Pode-se notar semelhanças entre as abordagens de Leone (1999) e do

IBGE (2003) no que tange aos aspectos de caracterização das MPE brasileiras.

Ambas as fontes revelam traços preponderantes na análise das micro e pequenas

empresas: gestão informal, escassez de recursos e baixa qualidade gerencial.

A partir destes aspectos, CEZARINO & CAMPOMAR (2004) constroem

uma imagem da caracterização da MPE brasileira:

“a) gestão informal: congruência de patrimônio pessoal e empresarial compromete a avaliação de desempenho, formulação de estratégias e análise detalhada da situação financeira da empresa. Além disso, o alto grau de centralização na figura do empreendedor torna a empresa dependente, engessada e sem possibilidade de uma gestão autônoma. A presença de um número relativamente significante de funcionários com laços familiares também dificulta a capacidade de racionalização de

Page 77: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

77

cargos, funções, salários e responsabilidades podendo até interferir nos comandos hierárquicos das empresas; b) baixa qualidade gerencial pode ser apontada como um desdobramento da gestão informal. Preservando uma gestão organizacional informas são mínimas as chances de se obter uma qualidade gerencia razoável. Essa falta de qualidade se reflete na ausência de informações sobre processos, controles; desconhecimento do mercado e incapacidade de construção de uma estratégia competitiva e dificuldade de tomada de decisões com avaliação de riscos. Outras dificuldades também podem ser incluídas neste item como contratação simplista de mão-de-obra, processo de terceirização pobre e desenvolvimento de inovações tecnológicas problemático. c) escassez de recursos demonstra uma diferença das MPE brasileiras e MPE de países desenvolvidos. Mesmo com um certo grau de baixa qualidade gerencial e gestão informal, as MPE nestes países gozam de financiamentos e crédito sem restrições apertadas. As MPE brasileiras são escassas em recursos e têm dificuldade de angariar financiamentos tanto públicos como privados. Aliado a isso, há alta sonegação de impostos e tributos comerciais”. (CEZARINO & CAMPOMAR, 2004, p. 3-4)

Page 78: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

78

5 A AGROMÍDIA SOFTWARE LTDA. – IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Desde que foi fundada, a Agromídia Software se coloca no mercado como

um elo importante entre a pesquisa científica e a sociedade, buscando, para isso,

privilegiar parcerias que tornem esta ligação possível e, sobretudo, eficiente.

Empresa pioneira da Incubadora da Universidade Federal de Viçosa (MG), a

Agromídia trabalha com mídia digital e oferece, em seu menu de produtos e

serviços, multimídias e aplicativos para as áreas de educação, agricultura, saúde e

meio ambiente. Sua longa experiência em Web também a caracteriza como uma

empresa especializada no desenvolvimento de sites, que procuram atender à

demanda atual dos usuários de Internet: agilidade, objetividade de navegação e

de conteúdo; interação e atualização.

5.1 IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

• Razão social: Agromídia Software Ltda.

• Nome fantasia: Agromídia

• Proprietários: Luiz Eduardo Ferreira Fontes, Teresa Cristina Fontes e

Elpídio Inácio Fernandes Filho.

• Ano de criação: 1997

• Endereço: Prof. Carlos Schlottfeld, 10A / Célia Bernardes - Viçosa, MG.

Page 79: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

79

• Tamanho da empresa: Micro Empresa

• Atual número de colaboradores: 7 contratados e 1 prestador de serviços

terceirizados (consultoria)

• Produtos desenvolvidos: Softwares, Web, Multimídia, Agronegócios e

Nutrição.

5.2 MISSÃO

"Transformar conhecimentos gerados em universidades e centros de

pesquisa em soluções para a sociedade."

5.3 HISTÓRICO

Fundada em 1997, a Agromídia Software se coloca no mercado como um

elo importante entre a pesquisa científica e a sociedade, buscando para isso,

privilegiar parcerias que tornem esta ligação possível e, sobretudo, eficiente.

Logo no início de sua história foi estabelecida uma parceria com o

Ministério do Meio Ambiente, em que participou do desenvolvimento de soluções

para gerenciamento de agricultura irrigada e na produção de multimídia pioneiro

em educação ambiental. Esse trabalho, que teve acompanhamento do MEC, foi o

primeiro produto da empresa.

Após três anos de incubação (28/08/2000), a Agromídia se graduou e partiu

para o mercado, ampliando parcerias e se consolidando como uma eficiente

produtora de soluções tecnológicas.

Empresa pioneira da Incubadora da Universidade Federal de Viçosa (MG),

trabalha com mídia digital e ofereceu, em seu menu de produtos e serviços,

multimídias e aplicativos para as áreas de educação, agricultura, saúde e meio

ambiente.

Visando sempre a qualidade de seus produtos e serviços, em 2004 a

Agromídia passou processo de reformulação da gestão de sua Tecnologia da

Informação (TI). Sendo uma empresa que acompanha o mercado e que busca

melhorias contínuas em soluções e estratégias tecnológicas, baseando no

Page 80: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

80

trinômio custo, qualidade e desempenho, adotou com sucesso o Outsourcing -

Terceirização da TI. Esta nova forma de gestão propõe o atendimento mais eficaz

dos objetivos organizacionais, além de possibilitar que a empresa se torne mais

flexível, competitiva e enxuta.

Em 2006, a Agromídia começou o ano adotando um novo modelo de

gestão em que prevalece o trabalho em equipe para que sejam alcançados

resultados de alta qualidade e satisfação dos envolvidos. Além disso, aumentou a

preocupação com as informações geradas, a padronização e a eficiência dos

processos. Nesse ano houve a fixação dos cargos gerencias.

Atualmente a empresa tem como principal produto o software de avaliação

nutricional e prescrição de dietas “DietPRO”, que através de um excelente trabalho

se tornou o software de nutrição mais vendido do país. Devido a isto a empresa

está ampliando seus esforços e investimentos neste segmento com o intuito de

oferecer ao cliente produtos e serviços relacionados de alta qualidade e

tecnologia.

Page 81: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

81

5.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

5.4.1 Organograma

Ilustração 16 – Organograma da Agromídia

Fonte: Informações cedidas pela Agromídia

5.4.2 Descrição dos Cargos

Gerente Administrativo

Desenvolver, racionalizar, coordenar, normalizar e acompanhar os

processos internos da empresa. Coordenar, controlar, e acompanhar as atividades

financeiras, contábeis, e de pessoal. Identificar e gerenciar iniciativas de melhoria

Contabilidade Assessoria Jurídica Limpeza Prestadores de serviço

Vendas e MKT de produtos

Pós-Vendas

P&D

Desenvolvi-mento

Administração

E MKT Institucional

Diretoria Representantes Jurídicos

Representantes físicos

Auxiliar de Vendas

Auxiliar de Suporte Prestador de Serviço

Nutricionistas Consultores (Estagiários)

Prest. Serv Estagiário

Page 82: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

82

da qualidade no âmbito organizacional. Responsável por desenvolver e

implementar ações de marketing necessárias à projeção da imagem da empresa.

Gerente de Pesquisa e Inovação

Responsável por garantir um andamento adequado do projeto com relação

ao planejamento, definindo prioridades, gerenciando pessoas, riscos e tomando

ações preventivas e corretivas sobre o projeto; analisa os relatórios do projeto;

responsável por coletar e manter métricas do projeto.

Gerente de Vendas

Responsável por todo o atendimento, manutenção e desenvolvimento da

rede de representantes físicos e jurídicos da empresa, agindo pro ativamente no

esclarecimento de suas dúvidas e motivação para o alto desempenho da

atividade. Tem como principal objetivo planejar e executar ações que otimizem

receitas sem, no entanto, diferir ou contrapor às estratégias de marketing.

Responsável por desenvolver e implementar ações de marketing necessárias à

projeção dos produtos e serviços da empresa.

Gerente de Desenvolvimento

Coordenar e controlar a elaboração de produtos e a equipe de

desenvolvimento visando a entrega das etapas e dos produtos dentro dos prazos

estipulados e com a qualidade exigida.

Gerente de Pós Vendas

Propor estratégias de atendimento pós-vendas que facilite a relação

cliente/empresa e agregue valor aos serviços e produtos oferecidos pela empresa.

Auxiliar de Suporte

Proporcionar atendimento de qualidade aos clientes agregando valor aos

produtos. Contribuir para a melhoria contínua dos produtos e serviços oferecidos

pela empresa, auxiliando na correção de erros e automatização do suporte.

Page 83: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

83

Auxiliar de Vendas

Proporcionar atendimento de qualidade aos potenciais clientes. Entregar

um produto de qualidade atendendo as especificações do cliente (personalização,

tempo, entre outros).

Nutricionista

Responsável por toda a parte de conteúdo nutricional: atualização do

conteúdo do software Dietpro e geração de conteúdo para materiais e meios

diversos. Gerenciamento do site Nutriportal não se restringindo a geração de

conteúdo, ou seja, todo o potencial do mesmo deve ser explorado. Criações e

melhorias deverão ser propostas e implementadas por este profissional. O mesmo

terá vínculo direto com o setor de P&D na busca e proposta de desenvolvimento

de novos produtos na área de nutrição.

Estagiário (Programador)

Ajudar no desenvolvimento e manutenção dos sistemas da empresa.

Estagiários (Nutricionistas)

Responsável pela realização de pesquisas e atendimento de suporte às

instituições de ensino.

5.5 POLÍTICAS DA EMPRESA

• Desenvolvimento de todos os processos de maneira organizada;

• Não permitir que um problema se desenvolva e atinja patamares

indesejáveis. Tratá-lo pela base e rapidamente, ou seja, acabar com

o mal pela raiz;

• Toda comunicação deve ser por escrito e dentro dos padrões

estabelecidos pela empresa, sendo considerado inválido qualquer

tipo de comunicação verbal;

Page 84: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

84

• Todos os participantes devem entregar o produto final de seu

trabalho;

• Todo produto entregue por cada participante deve ser validado pela

empresa;

• Primar pela máxima qualidade dos produtos oferecidos e serviços

prestados;

• Colocação de produtos e serviços inovadores no mercado;

• Gestão participativa: participação e acompanhamento de todos ao

longo do desenvolvimento do projeto;

• Fazer o simples de forma eficiente e organizada;

• Apresentar através dos sistemas formais da empresa alternativas

para melhorias contínuas;

• A assinatura virtual é válida;

• Registrar as negociações por escrito e conforme o padrão e

exigências da empresa;

• O custo e prazo de produção devem ficar bem próximos ao

planejado;

• Realizar Brainstormings através do sistema de comunicação interna

como um auxilio para construção de idéias e resolução de

problemas;

• Disponibilizar dados comprobatórios e concretos na geração de

conteúdo dos planejamentos;

5.6 SOFTWARES UTILIZADOS NA EMPRESA

• Sistema financeiro e de cadastro de clientes, funcionários e

fornecedores;

• Sistema de fluxo e armazenamento de informação (seguindo os

processos internos);

• Intranet: instrumento de comunicação interna que integra as

diferentes áreas da empresa, tornando conhecidas sua estrutura,

políticas e atividades;

Page 85: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

85

• Sistema utilizado para o controle gerencial de produção de sistemas,

através de uma seqüência ordenada e disciplinada de atividades

específicas com objetivos bem definidos.

5.7 PRODUTOS DA EMPRESA

Segue-se, abaixo, a relação dos principais sites e produtos da Agromídia.

5.7.1 Sites

BICHANO

A Agromídia é responsável pelo design e conteúdo do site Bichano, cujo

objetivo é difundir os cuidados que se deve ter com animais de estimação. O site é

atualizado semanalmente e possui a colaboração de consultores especializados.

Vinculado ao portal Uai, do jornal Estado de Minas desde junho de 2000, o portal

mantém uma permanente interação com seus usuários, através de e-mail. Traz,

ainda, informações sobre saúde, diversão, dia-a-dia e raças de cães, gatos e

peixes ornamentais.

WEB PESCA

Desde março de 2000, o site está no portal Uai, do jornal Estado de Minas.

O layout e o conteúdo são de responsabilidade da Agromídia que, semanalmente,

renova as informações com o auxílio de consultores especializados no assunto.

Há, ainda, uma permanente interação: o internauta encontra respostas às suas

principais dúvidas e possui espaço para postagem de fotos e depoimentos sobre o

assunto. O usuário tem à disposição notícias, informações sobre a aquisição de

material de pesca e dicas de roteiros de pesca.

NUTRIPORTAL

Revista online para difusão de conhecimentos, facilidade de acesso à

informação e interação entre profissionais e estudantes. Site de informações e

serviços na área de nutrição e saúde.

Page 86: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

86

REDE AMBIENTE

O site foi um dos primeiros a abordar as questões ambientais e é referência

para as consultas na área. Pioneiro nas atividades da Agromídia na web, o portal

tem o conteúdo elaborado por especialistas da área ambiental, com informações

sobre meio ambiente, artigos e enquetes. O Rede Ambiente é resultado de uma

parceria entre a ONG sócio-ambientalista Ambiente Brasil Centro de Estudos e a

Universidade Federal de Viçosa.

DIETPRO

Este site é um canal direto entre a Agromídia e os nutricionistas,

endocrinologistas e outros profissionais de nutrição e de saúde. O conteúdo e o

design foram idealizados pela equipe Agromídia para facilitar a aquisição e/ou

utilização do programa DietPRO, o melhor e mais usado software de avaliação

nutricional e prescrição de dietas do país.

5.7.2 Multimídias

COLHEITA DE CHUVAS

Colheita de chuvas é uma importante ferramenta para trabalhar questões

sobre água e recursos hídricos. Com as vantagens de um multimídia, ele utiliza os

recursos de vídeos, animações, textos e narrações que facilitam a compreensão.

Entre os temas tratados, estão: o ciclo da água, as principais bacias hidrográficas,

conservação de recursos hídricos, elaboração de projetos e estudos de caso. O

CD ROM é resultado da parceria entre a Agromidia Software e a ONG Ambiente

Brasil Centro de Estudos, juntamente com a CEMIG e a EMATER - MG.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O multimídia Educação Ambiental apresenta uma variedade de informações

sobre meio ambiente e Educação Ambiental. Seguindo os Parâmetros

Curriculares Nacionais determinados pelo Ministério da Educação, o multimídia é

Page 87: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

87

um instrumento de capacitação de professores, técnicos, educadores e demais

interessados em Educação Ambiental. A maioria das informações e das imagens é

fornecida pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo MEC e trabalhada por

consultores especializados que ajudaram a dar forma multimídia ao tema. O

resultado é um produto com linguagem e navegação fáceis, além de conteúdo

teórico complementado por figuras coloridas, animações e vídeos. O CD

Educação Ambiental - Uma Abordagem Geral possibilita uma visão geral das

questões ambientais e a inserção delas na educação formal e não formal.

METODOLOGIA EM EDUCAÇÃO AMBEINTAL

O CD ROM Metodologia em Educação Ambiental é uma solução para os

educadores e técnicos que desejam executar ações nesta área e incentivar a

participação dos atores sociais. Com linguagem simples e detalhamento, ele

apresenta quatro metodologias, cada uma com estudos de caso que facilitam a

sua aplicação em escolas, indústrias e organizações civis. Este multimídia possui

um mapa de navegação que orienta o usuário e possibilita que ele tire dúvidas e

se aprofunde em qualquer tema. O cadastro pode ser feito e personalizado para

diferentes usuários, sendo que cada um terá o seu próprio mapa de navegação. O

software é produzido pela Agromídia Software, resultado de uma parceria entre a

Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e a ONG Ambiente

Brasil Centro de Estudos.

PLANTAS MEDICINAIS

Plantas medicinais é um guia multimídia com 168 espécies de plantas

medicinais, desenvolvido com a colaboração de pesquisadores ligados à

Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG). Ele traz informações sobre técnicas

de cultivo, índice interativo de sintomas e preparo e utilização das plantas em

benefício da saúde. Possui vídeos ilustrativos e fotos coloridas, bem como

descrição, aspectos toxicológicos e nomes pelos quais são conhecidas em outras

regiões.

Page 88: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

88

ENTENDENDO A BIOTECNOLOGIA / UNDESTANDING

BIOTHECNOLOGY

Entendendo a Biotecnologia é um multimídia que aborda os principais

conceitos relacionados à biotecnologia, com o histórico dos avanços e impactos

sobre a saúde humana e o meio ambiente. O principal objetivo é facilitar a

compreensão sobre esta tecnologia. Para isso, o CD dispõe de vídeos, animações

e narrações que auxiliam na compreensão dos textos, além de um glossário com

termos e expressões freqüentemente utilizados por cientistas e literatura

especializada. Há três versões do multimídia: Inglês, Espanhol e Português. O CD

Entendendo a Biotecnologia foi idealizado e produzido pela Agromídia, com o

apoio da Universidade Federal de Viçosa, Embrapa - Centro de Recursos

Genéticos e Biotecnologia –, Fundação Biominas e revista “Biotecnologia, Ciência

e Desenvolvimento”.

5.7.3 Softwares

DIETPRO

Sistema de suporte à avaliação nutricional e prescrição de dietas. O

software DietPRO tem como objetivo agilizar a avaliação nutricional e prescrição

de dietas de profissionais de nutrição e saúde. A idéia é adaptar o programa ao

usuário, proporcionando maior flexibilidade e agilidade no trabalho: o paciente sai

da consulta com a dieta impressa de maneira simples e clara e o profissional fica

satisfeito com a velocidade de cruzamento dos dados. Fácil de ser usado e com

suporte técnico gratuito, o DietPRO segue todos os procedimentos de uma

consulta dietoterápica, começando por uma avaliação nutricional detalhada - com

análise física, bioquímica, dietética e anamnese –, segue com os cálculos das

necessidades energéticas e finaliza com a prescrição dietética.

PERIÓDICUS

Este software agiliza os procedimentos das secretarias executivas de

revistas científicas. Através dele, autores e editores podem fazer o

acompanhamento diário do processo rotineiro de publicação de artigos,

Page 89: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

89

cruzamento de dados e listagem de consultores científicos por áreas. O software

Periódicus pode ser disponibilizado na Internet, o que facilita a tramitação dos

artigos e proporciona precisão aos autores quanto às informações e ao processo

de publicação. Isso se dá de maneira segura, protegida por senhas de acesso.

Diversas Sociedades Científicas e Revistas especializadas já o utilizam em seu

cotidiano.

CONGRESSUS

Congressus é um sistema desenvolvido para facilitar a vida dos

organizadores de eventos científicos. Este sistema permite o controle de todo o

processo de publicação de artigos científicos desde o seu envio até a colocação

em multimídia dos anais do congresso.

Page 90: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

90

6 RESULTADOS

Nesta etapa do trabalho, são mostrados os resultados encontrados a partir

da análise dos questionários recebidos dos funcionários da Agromídia, que

constituem o objeto de estudo desta pesquisa. Foram analisados 07 questionários

– o total de funcionários efetivos da empresa (descontando-se os estagiários e

terceirizados, que não atuam no mesmo local de trabalho que os efetivos), que

foram enviados pela intranet da empresa. Obtiveram-se os questionários

preenchidos por e-mail.

A gerente administrativa sugeriu que fosse adotado o meio eletrônico para a

aplicação dos questionários, por ser mais eficiente e não atrapalhar a rotina de

trabalho de cada funcionário, de forma que ele pudesse preencher o questionário

quando julgasse conveniente. Além disso, por meio da intranet, o próprio sistema

poderia alertar os funcionários que ainda não haviam preenchido o questionário.

Analisou-se os dados obtidos através dos questionários visando atingir os

objetivos do trabalho. Isto é, objetivou-se analisar a qualidade de vida no trabalho

na Agromídia Software Ltda., por meio da análise de suas variáveis.

Conforme a metodologia deste trabalho, o questionário, adaptado de

FERNANDES (1996), é estruturado em dez blocos, que correspondem a dez

Page 91: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

91

fatores relacionados à QVT, de acordo com a revisão da literatura. Cada bloco

contém variáveis das quais o entrevistado deve avaliar seu nível de satisfação

dentro da escala que varia entre 1 (satisfação mínima) e 5 (satisfação máxima).

Adotou-se como limite o nível 3 (indiferente) para considerar as deficiências das

variáveis analisadas.

A seguir, são apresentados os resultados da pesquisa.

6.1 APRESENTAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA

A partir do bloco que solicitou os dados de identificação dos funcionários, foi

possível analisá-los quanto aos seguintes segmentos: setor/departamento, função,

idade, sexo, nível de instrução e tempo de empresa. Essas segmentações

permitiram ainda, como será visto adiante, os cruzamentos dos dados analisados.

Como pode ser verificado no gráfico 1, grande parte dos funcionários

efetivos entrevistados está lotado no setor de Pesquisa & Desenvolvimento da

empresa, já que trata-se de uma empresa de desenvolvimento de tecnologia. Em

seguida, tem-se 29% dos funcionários no setor de Pós-Vendas, pois as vendas de

softwares necessitam de relacionamento posterior com o cliente, especialmente

para manutenção. Tem-se ainda, em menor proporção, os funcionários nos

setores administrativos e D&D (Departamento de Desenvolvimento de Softwares).

Gráfico 1 – Funcionários por Setor/Departamento

Setor/ Departamento

P&D e Estratégia43%

Pós-Vendas29%

D&D14%

Administrativo14%

Fonte: Dados da pesquisa

Page 92: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

92

Como são poucos funcionários efetivos, há poucas funções na empresa.

Cada funcionário ocupa uma função do organograma. Sendo assim, grande parte

deles (57%) é gerente, como pode-se verificar no gráfico 2.

Gráfico 2 - Função dos Empregados

Função

57%

14%

29%

Gerente

Auxiliar

Nutricionista

Fonte: Dados da pesquisa

Quanto ao sexo dos funcionários, tem-se pequena variação, com 57% dos

funcionários do sexo masculino e 43% do sexo feminino.

Como pode-se verificar no gráfico 3, a maior parte dos funcionários (42%) é

jovem, com idade entre 25 e 30 anos. Esse dado é explicado pelo fato de que,

uma vez situada em Viçosa, uma cidade universitária, a mão-de-obra da empresa

constitui-se de universitários ou graduados, assim como nas outras empresas da

cidade.

Page 93: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

93

Gráfico 3 - Idade dos Funcionários

Idade dos Funcionários

29%

42%

29%

Entre 20 a 25

Entre 25 e 30

Mais de 30

Fonte: Dados da pesquisa

Também por atuar em uma cidade universitária, grande parte dos

funcionários da empresa tem nível de instrução superior, conforme gráfico 4,

apresentando também, em menor proporção, funcionários com nível médio,

especialização ou Mestrado, que é o caso das Nutricionistas.

Gráfico 4 - Nível de Instrução dos Funcionários

Nível de Instrução dos Funcionários

14%

58%

14%

14%Ensino Médio/Técnico

Ensino Superior

Especialização

Mestrado

Fonte: Dados da pesquisa

Page 94: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

94

Quanto ao tempo de empresa dos funcionários, conforme gráfico 5, grande

parte deles atua na empresa entre 1 e 5 anos, totalizando 42%. Este dado é

explicado pela recente mudança de políticas da empresa, que passou a efetivar

seus funcionários em 2006 substituindo estagiários.

Gráfico 5 - Tempo de empresa dos funcionários

Tempo de Empresa

29%

42%

29%

Menos de 1 ano

Entre 1 e 5 anos

Mais de 5 anos

Fonte: Dados da pesquisa

Esses dados dos funcionários foram levantados não somente para o

cruzamento com os blocos, mas também para identificá-los com vistas a obter

uma melhor análise da Qualidade de Vida no Trabalho na Agromídia, já que o

sexo, idade, tempo de empresa, nível de instrução e o setor e função dos

funcionários influem em sua percepção sobre a QVT, especialmente numa

pesquisa com pequeno universo entrevistado.

Acredita-se que o perfil geral dos funcionários, a partir dos dados de

identificação coletados, é ideal para uma análise transparente da Qualidade de

Vida no Trabalho. Ou seja, tem-se, em geral, funcionários jovens, com mesma

proporção entre homens e mulheres, de nível de instrução superior, com tempo de

empresa relativamente recente, e com maioria de gerentes. Esse perfil é capaz de

analisar criticamente os fatores de QVT na empresa, contribuindo para o

fornecimento de dados bem representativos.

Page 95: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

95

6.2 ANÁLISE GERAL DE CADA BLOCO

Apresenta-se a seguir, a análise do nível de satisfação dos funcionários em

cada bloco dos fatores determinantes da QVT segundo a literatura.

6.2.1 Bloco 1 – Posicionamento Pessoal sobre QVT na empresa

Neste bloco, objetivou-se detectar a percepção do funcionário sobre a

qualidade de vida global na empresa. Como pode ser verificado no gráfico 6, o

nível de satisfação dos funcionários da Agromídia quanto à QVT é alto, com 57%

deles satisfeitos além de 43% bastante satisfeitos. Esse nível de satisfação mostra

que até mesmo pequenas empresas podem fornecer a seus funcionários

qualidade de vida no trabalho.

Gráfico 6 - Qualidade de Vida Global na Empresa

BLOCO 1 - QUALIDADE DE VIDA GLOBAL NA EMPRESA

0%

0%

0%

57%

43%

Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

6.2.2 Bloco 2 – Condições de Trabalho

Quanto às condições físicas em que os trabalhadores executam suas

funções, tem-se, na Agromídia, alto nível de satisfação, com 60% deles

declarando-se satisfeitos a respeito.

Page 96: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

96

Gráfico 7 - Condições de Trabalho

BLOCO 2 - CONDIÇÕES DE TRABALHO0%

3%

11%

60%

26% Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando-se as variáveis determinantes deste bloco, a partir do gráfico 29

(em anexo) e da tabela 5, percebe-se que o nível de satisfação em cada uma

delas é, em geral, alto, com maioria satisfeita ou bastante satisfeita.

Tabela 5 – Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Condições de Trabalho

BLOCO 2 – CONDIÇÕES DE TRABALHO

Variável Média do Nível de Satisfação

Limpeza 4,29

Arrumação 3,86

Segurança 4,29

Insalubridade 4,29

Ergonomia 4,14

Cores do Ambiente 3,43

Iluminação 4

Poluição Sonora 4,57

Aeração e Temperatura Ambiental 4,14

Odores 4,57

Decoração 3,29

Layout e Espaço 4

Umidade 4,14

Material e Equipamentos 4,14

MÉDIA DO BLOCO 4,08

Fonte: Dados da pesquisa

Page 97: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

97

Destaca-se que para arrumação (média: 3,86), cores do ambiente (média:

3,43) e decoração (média: 3,29), uma pequena parte dos funcionários declarou-se

indiferente ou insatisfeita, apresentando as médias de satisfação inferiores. Essas

variáveis são julgadas pelas empresas como detalhes não notados pelos

funcionários, sendo menos trabalhadas pela administração. Constata-se então,

que realmente essas são variáveis percebidas pelo funcionário e que influenciam

a QVT na empresa. Além disso, são deficientes em pequenas empresas, como a

Agromídia, pois requerem mais recursos financeiros.

Outras variáveis, como ergonomia, iluminação, aeração e temperatura

ambiental, layout e espaço, umidade e material e equipamentos, tiveram índices

pouco reduzidos devido à opinião indiferente de alguns funcionários. A empresa

deve atuar sobre elas para que se eleve a satisfação dos funcionários a respeito.

Destaca-se também algumas variáveis com alto índice de satisfação, como

limpeza, segurança, insalubridade, poluição sonora, odores. Essas variáveis são

menos caras para a organização.

Considera-se a média global do bloco (4,08) alta, de acordo com a tabela 5,

visto que a variação ocorre entre 1 (nível de satisfação inferior) e 5 (nível de

satisfação superior).

6.2.3 Bloco 3 – Saúde

Em relação à saúde, de acordo com o gráfico 8, também há um alto nível

de satisfação, com 44% dos funcionários satisfeitos, além de 20% bastante

satisfeitos. Sendo assim, os funcionários agradam das ações da empresa no que

ser refere à saúde, em termos preventivos e curativos.

Entretanto, apesar da satisfação da maioria, destaca-se que 10% dos

funcionários estão insatisfeitos com a saúde na empresa, além de 26%

declararem-se indiferentes a respeito. Tratando-se de saúde, os custos para a

empresa são elevados para pequenas empresas, pois assistência média,

prevenção de acidentes no trabalho, alimentação no trabalho e outras variáveis

são relativamente caras. Sendo assim, é possível que a insatisfação em relação à

saúde ocorra na Agromídia pelo custo que este fator da QVT representa.

Page 98: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

98

Gráfico 8 - Saúde

BLOCO 3 - SAÚDE

0% 10%

26%

44%

20% Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando todas as variáveis do bloco Saúde, confirma-se que um fator

determinante neste bloco é custo. A partir do gráfico 9 e da tabela 6, verifica-se

que as variáveis de maior custo para a organização são as mesmas que obtiveram

índices mais baixos de satisfação na opinião dos funcionários, como assistência

familiar (média: 3,43), saúde ocupacional (média: 3,29), alimentação no trabalho

(média: 3,57), e aquisição de medicamentos (média: 3,6).

Gráfico 9 - Variáveis de Saúde

Fonte: Dados da pesquisa

Page 99: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

99

Tabela 6 – Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Saúde BLOCO 3 - SAÚDE

Variável Média do Nível de Satisfação

Assistência aos Funcionários 3,86

Assistência Familiar 3,43

Educação/ Conscientização 3,86

Saúde Ocupacional 3,29

Estresse 3,71

Prevenção de Acidentes no Trabalho 3,86

Alimentação no Trabalho 3,57

Saneamento Básico 4,43

Aquisição de Medicamentos 3,6

MÉDIA DO BLOCO 3,74

Fonte: Dados da pesquisa

A média do bloco, como mostrado na tabela 6, apresenta-se relativamente

baixa, já que 3,74 está entre o índice 3 (indiferente) e 4 (satisfeito). Assim, os

funcionários não estão suficientemente satisfeitos quanto à Saúde na Agromídia.

6.2.4 Bloco 4 – Moral

Quanto à moral na empresa, de acordo com o gráfico 10, há um alto nível

de satisfação na opinião dos funcionários, com apenas 3% deles indiferentes a

respeito. Isto significa que há efetividade das ações gerenciais referentes a

aspectos psicossociais que se refletem na motivação e moral dos profissionais.

Além disso, trabalhar a moral do funcionário na empresa é um fator de QVT

importante que não custa caro à organização.

Page 100: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

100

Gráfico 10 - Moral

BLOCO 4 - MORAL

0%

3%

0%

50%

47%

Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando as variáveis do bloco moral no gráfico 11, confirma-se o alto

nível de satisfação deste bloco, com média geral de 4,41, conforme tabela 7.

Destaca-se apenas para um pequeno índice de insatisfação na variável

reconhecimento (média: 4, de acordo com a tabela 7), que se reflete na

insatisfação de 3% mostrada no gráfico 10.

Gráfico 11 – Variáveis de Moral

Fonte: Dados da pesquisa

Page 101: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

101

Tabela 7 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Moral

BLOCO 4 - MORAL

Variável Média do Nível de Satisfação

Relações Interpessoais 4,71

Reconhecimento 4

Feedback/ Retorno 4,33

Orientação para as pessoas 4,57

Motivação e Liderança 4,43

MÉDIA DO BLOCO 4,41

Fonte: Dados da pesquisa

6.2.5 Bloco 5 – Compensação

De acordo com o gráfico 12, a grande maioria dos funcionários da

Agromídia está satisfeita (57%) ou bastante satisfeita (8%) com as práticas de

política de remuneração e benefícios da empresa. Entretanto, o bloco

compensação apresenta um percentual significativo (total acima de 30%) de

funcionários que estão indiferentes (19%), insatisfeitos (12%) ou bastante

insatisfeitos (4%) a respeito. Isto significa que para parte dos funcionários a

empresa não fornece remuneração necessária para possa viver dignamente

dentro das necessidades pessoais e dos padrões culturais, sociais e econômicos

da sociedade em que vive. É certo que, numa sociedade capitalista onde tudo

pode ser comprado, há sempre aqueles para os quais a remuneração é sempre

insuficiente. De qualquer forma, a compensação do funcionário, que engloba não

somente o salário, mas também outros benefícios e meios de compensá-lo, é fator

determinante na qualidade de vida no trabalho de qualquer empresa. Havendo

funcionários insatisfeitos quanto à sua remuneração, a empresa deve procurar

outros meios para compensá-lo, elevando sua motivação para o trabalho.

Page 102: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

102

Gráfico 12 - Compensação

BLOCO 5 - COMPENSAÇÃO

4% 12%

19%

57%

8%Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando as variáveis de compensação mostradas no gráfico 13 e seu

nível de satisfação na tabela 8, percebe-se que os funcionários estão, em sua

maioria, satisfeitos com a eqüidade salarial interna e externa da empresa e com o

salário variável (bônus, participação nos resultados, etc.). A maior insatisfação em

relação à compensação na Agromídia ocorre quanto à falta de benefícios

proporcionados pela empresa (média: 2,71). Este fato também é característico de

pequenas empresas, que não tem recursos financeiros suficientes para gerenciar

uma eficiente política de benefícios aos funcionários, que os deixe mais satisfeitos

e motivados com o trabalho.

Page 103: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

103

Gráfico 13 - Variáveis de Compensação

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 8 - Nível de Satisfação das Variáveis de Compensação BLOCO 5 - COMPENSAÇÃO

Variável Média do Nível de Satisfação

Eqüidade salarial interna 4

Eqüidade salarial externa 4

Salário variável 3,57

Benefícios 2,71

MÉDIA DO BLOCO 3,57

Fonte: Dados da pesquisa

A partir da tabela 8, constata-se que o nível de satisfação do bloco

Compensação varia entre indiferente (3) e satisfeito (4), já que a média é de 3,57.

A empresa deve adotar medidas para melhorar suas práticas de compensação, e

assim, aumentar a satisfação do funcionário e a qualidade de vida no trabalho.

6.2.6 Bloco 6 – Participação

Quanto às atividades promovidas pela Agromídia em relação à participação,

os funcionários mostraram-se altamente satisfeitos, com 61% deles bastante

satisfeitos, além de 29% satisfeitos, de acordo com o gráfico 14. Assim, 90% dos

funcionários, isto é, a maioria absoluta, tem ótima percepção e aceitação quanto

Page 104: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

104

ao engajamento das ações da empresa no sentido de gerar condições

indispensáveis à participação efetiva do pessoal, incentivadas pela criatividade,

expressão pessoal, repercussão das idéias dadas, programas de participação e

capacitação, entre outros, que são as variáveis do bloco Participação.

Gráfico 14 - Participação

BLOCO 6 - PARTICIPAÇÃO

4%

0%

6%

29%

61%

Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

No gráfico 15 e na tabela 9, analisando as variáveis do bloco, nota-se que

há maior insatisfação do funcionário em apenas duas delas: programas de

participação (média: 3,86) e capacitação (média: 3,81). De fato, são essas as

variáveis que necessitam não somente de boa liderança para integrar o

funcionário à empresa, mas também de recursos financeiros, que são mais

escassos em pequenas empresas como a Agromídia.

Têm-se, como mostra a tabela 9, um alto nível de satisfação em relação à

participação na empresa, com média do bloco de 4,43, que se situa entre

satisfação (4) e bastante satisfação (5).

Page 105: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

105

Gráfico 15 - Variáveis da Participação

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 9 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Participação BLOCO 6 - PARTICIPAÇÃO

Variável Média do Nível de Satisfação

Prática de Criatividade 4,57

Liberdade de Expressão 4,86

Repercussão das idéias 4,43

Programas de participação 3,86

Capacitação 3,71

Autonomia fornecida 4,71

Responsabilidade fornecida 4,86

MÉDIA DO BLOCO 4,43

Fonte: Dados da pesquisa

6.2.7 Bloco 7 – Comunicação

O gráfico 16 ilustra a satisfação do funcionário quanto à eficácia das

comunicações internas em todos os níveis na empresa. A partir da análise do

gráfico, constata-se que a grande maioria dos funcionários está satisfeita ou

bastante satisfeita com a comunicação na Agromídia.

Page 106: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

106

Gráfico 16 - Comunicação

BLOCO 7 - COMUNICAÇÃO

0%

0%

3%

40%

57%

Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

O gráfico 17 mostra a satisfação dos funcionários quanto aos aspectos da

comunicação na empresa. Como pode ser verificado, os itens de menor nível de

satisfação são: fluxo de informações de cima para baixo e comunicação formal,

ambos com média de 4,43, segundo tabela 10. Isto mostra que os funcionários

não estão tão satisfeitos quanto à forma com que a administração lhes passa as

informações. Entretanto, conforme tabela 10, o bloco comunicação obteve média

alta: 4,54, que representa a alta satisfação dos funcionários quanto à efetividade

da comunicação na empresa.

Gráfico 17 - Variáveis da Comunicação

Fonte: Dados da pesquisa

Page 107: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

107

Tabela 10 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis de Comunicação BLOCO 7 - COMUNICAÇÃO

Variável Média do Nível de

Satisfação

Conhecimento das metas 4,71

Fluxo de informações de cima para baixo 4,43

Fluxo de informações no mesmo nível

hierárquico 4,57

Comunicação Informal 4,57

Comunicação formal 4,43

MÉDIA DO BLOCO 4,54

Fonte: Dados da pesquisa

6.2.8 Bloco 8 – Imagem da Empresa

Quanto à imagem da empresa, conforme o gráfico 18, verifica-se alta

satisfação dos funcionários, que se declaram, em maioria absoluta, satisfeitos

(55%) e bastante satisfeitos (37%). Ressalta-se que, apesar da dificuldade de

pequenas empresas trabalharem sua imagem, os funcionários da Agromídia tem

ótima percepção da imagem da empresa, o que tem reflexos na QVT pelo orgulho

que proporciona ao empregado por trabalhar na empresa.

Page 108: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

108

Gráfico 18 - Imagem da Empresa

BLOCO 8 - IMAGEM DA EMPRESA

0%

0%

8%

55%

37%Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando as variáveis relacionadas à imagem da empresa, apresentadas

pelo gráfico 19, e suas médias na tabela 11, percebe-se que os menores níveis de

satisfação ocorrem, na mesma proporção, em responsabilidade social,

responsabilidade social pelos produtos/serviços, e responsabilidade social pelos

empregados (ambos com média 4), seguido da imagem externa da empresa

(média: 4,14). De fato, pequenas empresas têm dificuldade em trabalhar a

responsabilidade social, seja pelos produtos/serviços ou pelos empregados, pois

apesar de proporcionar grandes benefícios à organização, tem custo elevado,

além de não ser prioridade nos objetivos destas empresas devido às suas

características.

Ressalta-se que a variável Enfoque no cliente obteve alto média do nível de

satisfação – 4,71, que aproxima-se muito da satisfação máxima – conforme tabela

11. Essa média mostra que os funcionários estão bastante satisfeitos com a forma

com que a empresa enfoca seus clientes.

Page 109: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

109

Gráfico 19 - Variáveis da Imagem da Empresa

Fonte: Dados da pesquisa

A média geral do bloco, 4,28, conforme tabela abaixo, reflete o alto nível de

satisfação dos funcionários quanto à imagem da Agromídia.

Tabela 11 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis da Imagem da Empresa

BLOCO 8 – IMAGEM DA EMPRESA

Variável Média do Nível de Satisfação

Identificação com a empresa 4,57

Imagem interna 4,57

Imagem externa 4,14

Responsabilidade social 4

Resp. Social pelos produtos/serviços 4

Enforque no cliente 4,71

Resp. Social pelos empregados 4

MÉDIA DO BLOCO 4,28

Fonte: Dados da pesquisa

Page 110: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

110

6.2.9 Bloco 9 – Relação Chefia-Subordinado

De acordo com o gráfico 20, os funcionários da Agromídia apresentam-se

satisfeitos quanto à relação chefia-subordinado mantida pela empresa, pois a

maioria declarou-se satisfeita ou bastante satisfeita.

Gráfico 20 - Relação Chefia-Subordinado

BLOCO 9 - RELAÇÃO CHEFIA-SUBORDINADO

0%

0%

3%

42%

55%

Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

As variáveis da relação chefia-subordinado que apresentam menor índice

de satisfação na Agromídia são: orientação técnica (média: 4,14) e apoio sócio

emocional (média: 4,33), de acordo com o gráfico 21 e a tabela 12. Por outro lado,

o nível de satisfação mais significativo ocorre na liberdade de expressão que a

empresa fornece ao funcionário (média: 4,86), que é uma variável importante na

análise da QVT. Além disso, a média do nível de satisfação do bloco apresenta-se

alta – 4,51.

Page 111: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

111

Gráfico 21 - Variáveis da Relação Chefia-Subordinado

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 12 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis da Relação Chefia-Subordinado

BLOCO 9 – RELAÇÃO CHEFIA-SUBORDINADO

Variável Média do Nível de Satisfação

Apoio Sócio-Emocional 4,33

Orientação Técnica 4,14

Igualdade de Tratamento 4,57

Gerenciamento pelo exemplo 4,43

Relacionamento com a chefia 4,57

Liberdade de Expressão 4,86

Autonomia e Responsabilidade 4,71

Delegação de atividades 4,57

Incentivo, liderança e motivação ao pessoal 4,43

MÉDIA DO BLOCO 4,51

Fonte: Dados da pesquisa

6.2.10 Bloco 10 – Organização do trabalho

O gráfico 22 ilustra o alto nível de satisfação dos funcionários entrevistados

em relação à organização do trabalho na Agromídia, com maioria satisfeita ou

bastante satisfeita e um pequeno percentual indiferente.

Page 112: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

112

Gráfico 22 - Organização do Trabalho

BLOCO 10 - ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

0%

0%

2%

44%

54%

Bastante Insatisfeito

Insatisfeito

Indiferente

Satisfeito

Bastante Satisfeito

Fonte: Dados da pesquisa

Como verifica-se no gráfico 30 (em anexo), os índices de satisfação das

variáveis da organização do trabalho são altos, com todas as médias acima de 4

(satisfeito) conforme tabela 13. A variável com maior índice de satisfação dos

funcionários é o nível de desafio proporcionado pelo trabalho (média: 4,86), que,

sem dúvida, contribui para aumentar a satisfação do pessoal, aumentando

também a Qualidade de Vida na empresa.

Os índices com menor satisfação, embora ainda altos, ocorrem nas

variáveis: garantia de emprego (média: 4,14) – que é reduzida em geral no caso

de pequenas empresas; organização dos métodos e processos e divisão do

trabalho (ambas com média: 4,29). Os índices levemente reduzidos nestas duas

últimas variáveis são explicados pela recente reorganização do trabalho ocorrida

na Agromídia em 2006, já que está buscando certificações de qualidade na área

em que atua. Assim, os funcionários ainda estão se adequando às novas

mudanças.

Page 113: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

113

Tabela 13 - Média do Nível de Satisfação das Variáveis da Organização do Trabalho

BLOCO 10 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Variável Média do Nível de Satisfação

Possibilidade de Inovações no trabalho 4,57

Organização dos Métodos e Processos 4,29

Grupos de Trabalho, Divisão do Trabalho 4,29

Variedade de Tarefas e Habilidades

requeridas no Trabalho 4,43

Ritmo de trabalho 4,43

Jornada de trabalho e horários de entrada e

saída 4,57

Significado e importância da tarefa 4,57

Valorização do cargo 4,71

Nível de desafio no trabalho 4,86

Identificação com a tarefa 4,71

Possibilidade de Carreira no trabalho 4,43

Crescimento pessoal 4,71

Garantia de emprego 4,14

Conhecimento e Responsabilidade pelos

resultados do trabalho 4,57

MÉDIA DO BLOCO 4,52

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando-se a tabela 13, constata-se a alta satisfação dos funcionários

em relação à organização do trabalho, que é, segundo FERNANDES (1996), fator

chave da QVT. Todas as variáveis foram avaliadas com índice superior a 4

Page 114: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

114

(satisfeito), estando a média entre 4 (satisfeito) e 5 (bastante satisfeito). Assim,

avalia-se a organização do trabalho na empresa como efetiva e satisfatória para

os funcionários, contribuindo para a elevação da Qualidade de Vida no Trabalho

na Agromídia.

6.3 ANÁLISE GLOBAL DOS FATORES DE QVT

Para um melhor direcionamento das ações gerenciais, os resultados

obtidos pelos diversos fatores são apresentados de uma forma global na tabela

14.

Tabela 14 - Avaliação Global dos Fatores de QVT BLOCO MEDIA

1 - QVT GLOBAL 4,43

2 - CONDIÇÕES DE TRABALHO 4,08

3 - SAÚDE 3,74

4 - MORAL 4,41

5 - COMPENSAÇÃO 3,57

6 - PARTICIPAÇÃO 4,43

7 - COMUNICAÇÃO 4,54

8 - IMAGEM DA EMPRESA 4,28

9 - RELAÇÃO CHEFIA-SUBORDINADO 4,51

10 - ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 4,52

MEDIA GERAL 4,25

Fonte: Dados da Pesquisa

Como se pode constatar, os itens relativos à Saúde (média: 3,74) e

Compensação (3,57) são os que apresentam menor índice de satisfação na

opinião dos funcionários da Agromídia, merecendo cuidados mais efetivos por

parte da administração. Relaciona-se o nível de satisfação inferior nesses dois

itens às características de pequenas empresas citadas na revisão literária, pois

Page 115: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

115

estas empresas não têm recursos suficientes para oferecer a seus funcionários

altos salários e boa assistência médica.

Merecem destaque os itens Comunicação (média: 4,54), Relação Chefia-

Subordinado (média: 4,51) e Organização do Trabalho (média: 4,52), que

obtiveram os mais altos índices de satisfação. Esses itens constituem-se os

fatores mais motivadores para os funcionários na empresa.

A partir da pesquisa, constata-se, ainda, que o nível de satisfação geral em

relação à Qualidade de Vida no Trabalho na empresa em questão apresenta-se

significativamente alto (4,25), situando-se entre satisfação e satisfação máxima.

Sendo assim, considera-se que a Agromídia trabalha com eficiência os fatores da

Qualidade de Vida no Trabalho, contribuindo para a motivação e satisfação de

seus funcionários.

Percebe-se, também, que a percepção da QVT pelos funcionários, medida

pelo bloco 1, com média de 4,43, é levemente superior à QVT geral que os

mesmos funcionários avaliaram, com média geral de 4,25.

6.4 ANÁLISE DOS FATORES DA QVT EM RELAÇÃO AOS DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Avaliou-se, nesta pesquisa, como os fatores de QVT são percebidos pelos

funcionários entrevistados dependendo do setor em que trabalham, ou função,

idade, sexo, nível de instrução e tempo de empresa. Os resultados obtidos destes

cruzamentos são expressos na tabela 16 (em anexo).

Nota-se, pelos dados contidos na tabela 16, que há algumas variações

quando se compara a média do índice de satisfação algumas categorias (do setor,

função, idade, sexo, nível de instrução, tempo de empresa) com a média geral

(4,25), inferiores ou superiores a esta. Isto significa que algumas categorias

específicas, quando analisadas isoladamente, avaliam a QVT na empresa de

forma diferente da avaliação global de todo o quadro de funcionários.

Conforme mostra o gráfico 23, analisando os fatores de QVT em cada setor

da empresa, nota-se que o setor D&D (média: 4,66) apresenta-se mais

Page 116: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

116

efetivamente satisfeito do que o conjunto total de funcionários da empresa (média:

4,25). Em contrapartida, o setor de Pós-Vendas (média: 3,9), apresenta-se inferior

à média global. O setor de Pesquisa & Desenvolvimento não sofre grandes

variações se comparado à média global.

Gráfico 23 - Qualidade de Vida no Trabalho por Setor/Departamento

4,213,9

4,66

4,03

1

2

3

4

5

Média Geral do Nível de Satisfação

P&D Pós-vendas D&D Administrativo

QVT por Setor

Fonte: Dados da Pesquisa

Analisando-se os fatores de QVT em cada função da empresa, como

mostra o gráfico 24, nota-se uma pequena variação inferior em relação à média

global na categoria dos auxiliares, com média 3,81.

Gráfico 24 - Qualidade de Vida no Trabalho por Função

4,28 4,213,81

1

2

3

4

5

Média Geral do Nível de Satisfação

Gerente Nutricionista Auxiliar

QVT por Função

Fonte: Dados da Pesquisa

Page 117: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

117

Quando analisa-se a Qualidade de Vida no trabalho por Idade ou por Sexo,

não há variações significativas se comparado à média global, conforme pode-se

notar a partir dos gráficos 25 e 26.

Gráfico 25 - Qualidade de Vida no Trabalho por Idade

4,34 4,25 4,13

1

2

3

4

5

Média Geral do Nível de Satisfação

Entre 20 e 25 anos Entre 25 e 30 anos Mais de 30 anos

QVT por Idade

Fonte: Dados da Pesquisa

Gráfico 26 - Qualidade de Vida no Trabalho por Sexo

4,25 4,33

1

2

3

4

5

Média Geral do Nível de Satisfação

Feminino Masculino

QVT por Sexo

Fonte: Dados da Pesquisa

Em termos de nível de instrução, apresentam-se variações os funcionários

com nível de instrução superior (mestrado) e inferior (ensino médio/técnico), com

médias respectivamente de 3,95 e 3,81. Explica-se essas variações nestas

Page 118: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

118

categorias por duas razões: ambas categorias são menos representativas em

relação às outras (superior, especialização), isto é, com menos representantes,

como se pode notar no gráfico 3, o que limita a análise estatística; além disso,

estas categorias apresentam-se mais criteriosas em sua avaliação, seja por maior

nível de instrução (mestrado) ou menor (ensino médio/técnico).

Gráfico 27 - Qualidade de Vida no Trabalho por Nível de Instrução

3,814,33

4,03 3,95

1

2

3

4

5

Média Geral do Nível de Satisfação

EnsinoMédio/Técnico

Superior Especialização Mestrado

QVT por Nível de Instrução

Fonte: Dados da Pesquisa

Considerando-se a Qualidade de Vida no Trabalho por categorias

relacionadas ao tempo de empresa, tem-se pouca variação significante, conforme

gráfico 28.

Gráfico 28 - Qualidade de Vida no Trabalho por Tempo de Empresa

4,33 4,27 4,19

1

2

3

4

5

Média Geral do Nível de Satisfação

Menos de 1 ano Entre 1 e 5 anos Mais de 5 anos

QVT por Tempo de Empresa

Fonte: Dados da Pesquisa

Page 119: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

119

Após a análise dos resultados das médias obtidas em relação a todos os

fatores investigados, podem ser estabelecidas as prioridades e medidas que

mostrarão as ações estratégicas em cada categoria específica visando melhorar a

qualidade de vida no trabalho na empresa estudada.

6.5 ANÁLISE DOS FATORES DE QVT COM MAIOR DEFICIÊNCIA

A partir da tabela 17 (em anexo), destaca-se as variáveis que obtiveram

baixos índices de satisfação segundo a opinião dos funcionários.

Considerando a escala de satisfação utilizada nesta pesquisa (ilustração 1),

que varia entre 1 (satisfação mínima) e 5 (satisfação máxima), estabeleceu-se

como padrão-limite o nível 3 (indiferença). Sendo assim, as variáveis que

obtiveram média inferior ou igual a 3 merecem destaque pela administração da

empresa, no sentido de reunir esforços para adoção de ações objetivando a

melhoria da satisfação do funcionário a respeito.

Sendo assim, a única variável que obteve média inferior a 3 é Benefícios,

de ordem 33 do bloco 5, compensação. A média alcançada (2,71) representa que

a posição dos funcionários com a política de benefícios adotada na empresa situa-

se entre pouco satisfeitos e indiferentes, o que deve ser avaliado pela

administração.

Outras variáveis obtiveram índices bem próximos a 3, apesar de superiores,

como decoração (3,29), assistência familiar (3,43), cores do ambiente (3,43),

saúde ocupacional (3,29), aquisição de medicamentos (3,6), salário variável

(3,57). Esses índices significam que os funcionários ainda não estão nem mesmo

simplesmente satisfeitos em relação a essas variáveis, mas se posicionam

indiferentes a elas. Embora pouco superiores ao limite estabelecido, essas

variáveis merecem atenção da administração, especialmente numa empresa que

visa à qualidade.

Outras variáveis obtiveram médias próximas a 4, que reflete a proximidade

à satisfação do funcionário, embora ainda haja indiferença. São elas: arrumação

Page 120: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

120

(3,86), assistência aos funcionários (3,86), educação/ conscientização da saúde

(3,86), estresse no trabalho (3,71), prevenção de acidentes no trabalho (3,86),

programas de participação (3,86), capacitação (3,71).

Como resultado final desta pesquisa, a tabela 15 mostra, em ordem

crescente, as variáveis que obtiveram os menores índices, que requerem atenção

prioritária por parte da administração da empresa.

Tabela 15 - Menores índices de satisfação

Ordem Variável MÉDIA

1 Benefícios 2,71

2 Decoração 3,29

3 Saúde Ocupacional 3,29

4 Cores do Ambiente 3,43

5 Assistência Familiar 3,43

6 Alimentação no Trabalho 3,57

7 Salário variável 3,57

8 Aquisição de Medicamentos 3,6

9 Estresse 3,71

10 Capacitação 3,71

11 Arrumação 3,86

12 Assistência aos Funcionários 3,86

13 Educação/ Conscientização 3,86

14 Prevenção de Acidentes no Trabalho 3,86

15 Programas de participação 3,86

Fonte: Dados da Pesquisa

Page 121: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

121

7 CONCLUSÕES

Neste estudo fez-se uma análise geral da qualidade de vida no trabalho, a

partir da mensuração dos níveis de satisfação dos empregados da pequena

empresa Agromídia Software Ltda., em Viçosa-MG. A metodologia adotou dois

escopos centrais: o primeiro é o fato de que são os próprios trabalhadores o foco

de investigação mais importante, por serem os mais adequados para identificar

quais as suas próprias necessidades para desenvolver um trabalho melhor e

elevar sua Qualidade de Vida no Trabalho; e o segundo é a idéia de que é

necessário medir para melhorar – especialmente em pequenas empresas, que

têm escassez de informação, pois conhecer a percepção dos empregados sobre

aspectos organizacionais, ambientais e comportamentais relativos à sua situação

de trabalho permite o monitoramento de melhorias contínuas.

Desta forma, a partir da mensuração dos fatores determinantes da QVT na

Agromídia, pôde-se verificar que a empresa mantém alto nível de satisfação dos

funcionários quanto à qualidade de vida no trabalho, apesar das dificuldades

encontradas por pequenas empresas em fazê-lo. Assim, o primeiro ponto a ser

Page 122: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

122

considerado é que, embora um programa de QVT exija grandes investimentos,

sempre existe algo que se possa fazer e que está ao alcance de qualquer

empregador, grande ou pequeno, para que a todo trabalhador,

independentemente da atividade desempenhada ou do salário recebido, seja

dedicada uma atitude de respeito e humanidade, o que refletirá não somente em

sua qualidade de vida no trabalho, como também na produtividade da

organização.

Verificou-se também, neste estudo, o nível de satisfação específico em

cada fator determinante da qualidade de vida no trabalho, levantados na revisão

da literatura. Desta forma, o segundo ponto a ser considerado é que questões

relacionadas à moral, participação, comunicação, imagem da empresa, relação

chefia-subordinado, compensação, saúde e organização do trabalho, não podem

deixar de ser consideradas quando se pretende avaliar a QVT. Os resultados da

pesquisa mostram que estas questões influenciam a qualidade de vida da

empresa tanto quanto variáveis salariais ou de condições ambientais de trabalho.

Conclui-se, portanto, que a qualidade de vida no trabalho não está

relacionada apenas às melhorias nas condições físicas e de instalações,

atendimento a reivindicações salariais, redução da jornada de trabalho e outras

medidas do gênero que estão diretamente associados a custos para as empresas.

É importante considerar também outros elementos que podem ser trabalhados e

que não significam expressamente desembolso de recursos, e contribuem para a

melhoria das relações entre o indivíduo, seu posto de trabalho e a própria

empresa onde atua. Na verdade, são as reformulações a nível do trabalho em si

que constituem o objetivo principal das ações implicadas na Qualidade de Vida no

Trabalho, visando garantir maior eficácia e produtividade e, ao mesmo tempo, o

atendimento das necessidades básicas dos trabalhadores. No caso de pequenas

empresas, onde há escassez de recursos, sugere-se a melhoria da QVT a

começar por mudanças nestes fatores que significam menos desembolso de

recursos.

Após a análise dos resultados em relação a cada variável investigada em

cada fator determinante da QVT, pôde-se identificar também os itens com maior

Page 123: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

123

deficiência, que reduzem o nível de satisfação geral na empresa. Os aspectos

levantados mostram que muito pode ser feito para elevar ainda mais a qualidade

de vida no trabalho na Agromídia, como: sua política de benefícios, com a qual os

funcionários estão pouco satisfeitos; as práticas da empresa em relação à saúde

ocupacional e sua conscientização; assistência médica ao funcionário e a sua

família, bem como aquisição de medicamentos para o local de trabalho; a

alimentação no trabalho, através de lanches fornecidos pela empresa para as

pausas; a arrumação, decoração e cores do ambiente, que influenciam no bem-

estar do funcionário; os programas de capacitação e participação dos funcionários;

e a prevenção do estresse e de acidentes no trabalho. A partir da listagem destes

itens feita nesta pesquisa, sugere-se que a empresa estabeleça as prioridades e

medidas de ações estratégicas visando melhorar a QVT de seus funcionários para

obter qualidade, produtividade e competitividade, buscadas a todo custo pelas

empresas num contexto de economia globalizada.

Constatou-se também o interesse dos funcionários e da administração em

participar de uma pesquisa sobre sua situação de trabalho, não só procurando

responder às perguntas formuladas com disposição, mas tecendo comentários a

respeito das variáveis avaliadas e fornecendo em tempo hábil as informações

necessárias à pesquisa. Neste sentido, ressalta-se a importância da temática para

os próprios trabalhadores, que são os mais interessados na elevação da

Qualidade de Vida no Trabalho, o que tem implicações em sua própria qualidade

de vida além de contribuir diretamente para atingir os objetivos da empresa.

Assim, esta pesquisa atingiu seus objetivos propostos, já que pôde analisar

com sucesso a QVT na Agromídia, levantando as variáveis deficientes para

orientar as ações corretivas da empresa e gerar diretrizes que vão subsidiar a

gestão estratégica de RH. Por outro lado, é importante ressaltar que esta pesquisa

teve como limitação o pequeno tamanho da amostra. Embora a amostra da

pesquisa utilizada se constituísse de todo o quadro de funcionários efetivos da

empresa – já que trata-se de pequena empresa, foi, ao mesmo tempo,

insuficiente para adequada análise estatística. Recomenda-se, também a título de

conclusão deste trabalho, que a análise da QVT em pequenas empresas – visto

Page 124: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

124

que se tem amostra reduzida – seja feita adotando metodologia de pesquisa

qualitativa, pois a análise quantitativa tende a mascarar a realidade analisada.

É importante, também, ressaltar que a pesquisa sobre QVT seja realizada

periódica e sistematicamente, buscando determinar os benefícios resultantes das

medidas adotadas, monitorando os resultados obtidos, detectando outros

aspectos que carecem de solução, decorrentes em muitos casos do crescimento

da expectativa dos trabalhadores. Para tanto, o instrumento de coleta de

informações deve ser simples, facilitando não só sua aplicação, mas também a

posterior ponderação, análise, avaliação e definição das medidas necessárias

para corrigir pontos desfavoráveis.

Conclui-se, ainda, que a qualidade de vida no trabalho busca humanizar as

condições de trabalho que as pessoas vivenciam no seu dia-a-dia, no sentido de

conciliar os objetivos dos trabalhadores e da organização. Priorizar o viver com

qualidade e ter consciência da rapidez com que a vida passa, são atitudes que

nos estimulam a buscar, a cada dia, mecanismos para a melhor convivência no

trabalho.

Page 125: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

125

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Qualitymark/Dunya, 1997. CAMPOS, F.V. TQC: Controle da Qualidade Total. Belo Horizonte: Bloch, Fundação Cristiano Ottoni e Escola de Engenharia da UFMG, 1992. CARVALHO, A. C. V. de; SERAFIM, O. C. G. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Pioneira, 1995. CEZARINO, L. O.; CAMPOMAR, M.C. Micro e Pequenas empresas: características estruturais e gerenciais. São Paulo: Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade da Universidade de São Paulo, 2004. 5 p. Disponível em: http://www.fafibe.br/revistaonline/arquivos/lucianacezarino_microepequenasempresas.pdf . Acesso em: 15/06/07. CHIAVENATO, I. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8. ed. 3. reimpr. São Paulo: Atlas, 2006. COLENGUI, V. M. O & M e qualidade total: uma interpretação perfeita. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. DEEPROSE, D. Como Valorizar e Recompensar Seus Funcionários. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo da psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez/Oboré, 1992. FERNANDES, E. Qualidade de Vida no Trabalho: como medir para melhorar. Salvador: Casa da Qualidade, 1996. GONÇALVES, E. L. A empresa e a saúde do trabalhador. São Paulo: Pioneira: Editora da Universidade de São Paulo, 1998. KAPLAN, R.; NORTON, D. A Estratégia em Ação: Balanced Scorecard, Rio de Janeiro: Campus, 1997. LIMONGI-FRANÇA, A. C. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. MORAES, L. F. R.; KILIMNIK, Z. M. Comprometimento organizacional, qualidade de vida e stress no trabalho: uma abordagem de diagnóstico comparativo (relatório de pesquisa). Belo Horizonte: UFMG-CEPEAD, 1994.

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PALADINI, E. P. Qualidade Total na Prática. Implantação e avaliação de sistemas de qualidade total. São Paulo: Atlas, 1994. RODRIGUES, M. V. C. Qualidade de Vida no Trabalho: evolução e análise no nível gerencial. Petrópolis: Vozes, 1994. TAVARES, B.; LIMA, A. A. T. F. C.; SILVEIRA, S. F. R. Pequenas empresas: definição, importância sócio-econômica, taxa de mortalidade, características e outras considerações introdutórias. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2004. 14 p. (Apostila). ABQV – Associação Brasileira de Qualidade de Vida. Disponível em: http://www.abqv.com.br/artigos026.php . Acesso em: 02/04/07 Bem estar no trabalho – isso existe? Disponível em: http://corensp.org.br/072005/noticias/cuidese/bem_estar_no_trabalho_isso_existe.pdf . Acesso em: 02/04/07 Implicações de um Programa de Qualidade Total sobre a Qualidade de Vida no Trabalho: O Caso da Gerência de Administração da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Disponível em: http://www.anpad.org.br/rac/vol_04/dwn/rac-v4-n3-ffm.pdf. Acesso em: 02/04/07 Qualidade de vida ganha destaque nas organizações. Disponível em: http://www.gestaoerh.com.br/site/visitante/artigos/saud_005.php . Acesso em: 02/04/07 Qualidade de vida no trabalho – Funcionários com qualidade de vida no trabalho são mais criativos e produzem mais. Disponível em: http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n7/rev_fae_business_07_2003_gestao_10.pdf . Acesso em: 02/04/07 Qualidade de Vida no Trabalho na construção de edificações: avaliação do nível de satisfação dos operários de empresas de pequeno porte. Disponível em: http://www.eps.ufsc.br/teses/ire/indice/index.html. Acesso em: 02/04/07. Qualidade de vida no trabalho: estudo de caso em uma prefeitura de médio porte. Disponível em: http://216.239.51.104/search?q=cache:2cOOtTV_tWwJ:rnti.fesppr.br/include/getdoc.php%3Fid%3D195%26article%3D45%26mode%3Dpdf+qualdiade+de+vida+no+trabalho&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=9&gl=br . Acesso em: 02/04/07. Qualidade de vida no trabalho: origem, evolução e perspectivas. Disponível em: http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/v08-1art03.pdf. Acesso em: 02/04/07 Qualidade de Vida, Stress e Situação de Trabalho de Profissionais Docentes:

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Page 128: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

128

9 ANEXOS

9.1 QUESTIONÁRIO

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM PEQUENAS EMPRESAS: A MENSURAÇÃO RUMO À MELHORIA – O CASO AGROMÍDIA SOFTWARE LTDA

Questionário para Pesquisa

IDENTIFICAÇÂO

Setor/Departamento: _______________________________________________________________

Função: _________________________________________________________________________

Idade: _________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Nível de Instrução: _________________________________________________________________

Tempo de Empresa: _______________________________________________________________

INSTRUÇÕES: Indicar seu nível de satisfação quanto às variáveis solicitadas em cada bloco, conforme escala abaixo:

Bastante SatisfeitoSatisfeitoIndiferenteInsatisfeitoBastante

Insatisfeito1 2 3 5

Isto vai bem. Estou muito contente.

Está bem. Estou contente.

Há coisas boas e más. Não sei dizer.

Isto vai mal. Estou muito descontente.

Está ruim.

4

BLOCO 1 POSICIONAMENTO PESSOAL SOBRE QVT NA EMPRESA

Qual sua opinião sobre a Qualidade de Vida no Trabalho de forma global na Agromídia?

Variável Nível Observações

1 Qualidade de Vida Global na

Empresa (1) (2) (3) (4) (5)

BLOCO 2 CONDIÇÕES DE TRABALHO

Qual seu nível de satisfação com as seguintes variáveis do ambiente de trabalho em que suas funções são executadas na Agromídia?

Variável Nível Observações

2 Limpeza (1) (2) (3) (4) (5)

3 Arrumação (1) (2) (3) (4) (5)

4 Segurança (1) (2) (3) (4) (5)

5 Insalubridade (1) (2) (3) (4) (5)

6 Ergonomia (1) (2) (3) (4) (5)

7 Cores do Ambiente (1) (2) (3) (4) (5)

Page 129: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

129

8 Iluminação (1) (2) (3) (4) (5)

9 Poluição Sonora (1) (2) (3) (4) (5)

10 Aeração e Temperatura Ambiental

(1) (2) (3) (4) (5)

11 Odores (1) (2) (3) (4) (5)

12 Decoração (1) (2) (3) (4) (5)

13 Layout e Espaço (1) (2) (3) (4) (5)

14 Umidade (1) (2) (3) (4) (5)

15 Material e Equipamentos (1) (2) (3) (4) (5)

BLOCO 3 SAÚDE

Qual seu nível de satisfação em relação às variáveis listadas abaixo sobre as ações da empresa quanto à saúde dos funcionários (preventiva e curativa)?

Variável Nível Observações

16 Assistência aos Funcionários (1) (2) (3) (4) (5)

17 Assistência Familiar (1) (2) (3) (4) (5)

18 Educação/ Conscientização (1) (2) (3) (4) (5)

19 Saúde Ocupacional (1) (2) (3) (4) (5)

20 Estresse (1) (2) (3) (4) (5)

21 Prevenção de Acidentes no Trabalho

(1) (2) (3) (4) (5)

22 Alimentação no Trabalho (1) (2) (3) (4) (5)

23 Saneamento Básico da Empresa

(1) (2) (3) (4) (5)

24 Aquisição de Medicamentos (1) (2) (3) (4) (5)

BLOCO 4 MORAL

Qual seu nível de satisfação em relação às seguintes ações e condições psicossociais empreendidas pela Agromídia que se refletem na motivação e moral do pessoal?

Variável Nível Observações

25 Relações Interpessoais (1) (2) (3) (4) (5)

26 Reconhecimento (1) (2) (3) (4) (5)

27 Feedback/ Retorno (1) (2) (3) (4) (5)

28 Orientação para as pessoas (1) (2) (3) (4) (5)

29 Motivação e Liderança (1) (2) (3) (4) (5)

BLOCO 5 COMPENSAÇÃO Qual o seu nível de satisfação em relação às práticas e políticas de remuneração da empresa nas variáveis a seguir?

Variável Nível Observações

30 Eqüidade salarial interna (1) (2) (3) (4) (5)

31 Eqüidade salarial externa (1) (2) (3) (4) (5)

32 Salário variável (participação nos resultados, bônus, prêmios)

(1) (2) (3) (4) (5)

33 Benefícios (1) (2) (3) (4) (5)

Page 130: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

130

BLOCO 6 PARTICIPAÇÃO

Qual o seu nível de satisfação em relação à aceitação e engajamento das ações empreendidas pela empresa citadas abaixo:

Variável Nível Observações

34 Possibilidade de prática de Criatividade no trabalho

(1) (2) (3) (4) (5)

35 Liberdade de Expressão Pessoal, expressão de idéias

(1) (2) (3) (4) (5)

36 Repercussão das idéias dadas (1) (2) (3) (4) (5)

37 Programas de participação (1) (2) (3) (4) (5)

38 Capacitação (1) (2) (3) (4) (5)

39 Grau de Autonomia fornecido (1) (2) (3) (4) (5)

40 Grau de responsabilidade fornecido

(1) (2) (3) (4) (5)

BLOCO 7 COMUNICAÇÃO

Qual seu nível de satisfação em relação à eficácia do processo de comunicação na empresa nas seguintes atividades relacionadas à comunicação?

Variável Nível Observações

41 Conhecimento das metas da empresa

(1) (2) (3) (4) (5)

42 Fluxo de informações de cima para baixo

(1) (2) (3) (4) (5)

43 Fluxo de informações no mesmo nível hierárquico

(1) (2) (3) (4) (5)

44 Comunicação Informal (1) (2) (3) (4) (5)

45 Comunicação formal (1) (2) (3) (4) (5)

BLOCO 8 IMAGEM DA EMPRESA

Indique seu nível de satisfação quanto à:

Variável Nível Observações

46 Sua identificação com a empresa (1) (2) (3) (4) (5)

47 Imagem interna da empresa (1) (2) (3) (4) (5)

48 Imagem externa da empresa (1) (2) (3) (4) (5)

49 Responsabilidade social da

empresa (1) (2) (3) (4) (5)

50 Responsabilidade Social pelos

produtos e serviços (1) (2) (3) (4) (5)

51 Enforque no cliente (1) (2) (3) (4) (5)

52 Responsabilidade Social pelos

empregados (1) (2) (3) (4) (5)

BLOCO 9 RELAÇÃO CHEFIA-SUBORDINADO

Qual seu nível de satisfação em relação às seguintes variáveis relacionadas à relação chefia-subordinado?

Page 131: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

131

Variável Nível Observações

53 Apoio Sócio-Emocional pela

empresa (1) (2) (3) (4) (5)

54 Orientação Técnica (1) (2) (3) (4) (5)

55 Igualdade de Tratamento (1) (2) (3) (4) (5)

56 Gerenciamento pelo exemplo (1) (2) (3) (4) (5)

57 Relacionamento com a chefia (1) (2) (3) (4) (5)

58 Liberdade de Expressão (1) (2) (3) (4) (5)

59 Autonomia e Responsabilidade (1) (2) (3) (4) (5)

60 Delegação de atividades (1) (2) (3) (4) (5)

61 Incentivo, liderança e motivação

ao pessoal (1) (2) (3) (4) (5)

BLOCO 10 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Indique sua satisfação quanto às seguintes variáveis relacionadas às formas de trabalho e sua organização:

Variável Nível Observações

62 Possibilidade de Inovações no

trabalho

(1) (2) (3) (4) (5)

63 Organização dos Métodos e

Processos (1) (2) (3) (4) (5)

64 Grupos de Trabalho, Divisão do

Trabalho (1) (2) (3) (4) (5)

65

Variedade de Tarefas e Habilidades requeridas no

Trabalho (1) (2) (3) (4) (5)

66 Ritmo de trabalho (1) (2) (3) (4) (5)

67 Jornada de trabalho e horários

de entrada e saída

(1) (2) (3) (4) (5)

68 Significado e importância da

tarefa (1) (2) (3) (4) (5)

69 Valorização do cargo (1) (2) (3) (4) (5)

70 Nível de desafio no trabalho (1) (2) (3) (4) (5)

71 Identificação com a tarefa (1) (2) (3) (4) (5)

72 Possibilidade de Carreira no

trabalho (1) (2) (3) (4) (5)

73 Crescimento pessoal (1) (2) (3) (4) (5)

74 Garantia de emprego (1) (2) (3) (4) (5)

75

Conhecimento e Responsabilidade pelos resultados do trabalho

(1) (2) (3) (4) (5)

Fonte:

FERNANDES, Eda. Qualidade de Vida no Trabalho. Salvador: Casa da Qualidade, 1996.

Page 132: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

132

9.2 GRÁFICOS

Gráfico 29 - Variáveis de Condições de Trabalho

Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 30 - Variáveis da Organização do Trabalho

Fonte: Dados da pesquisa

Page 133: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

133

9.3 ILUSTRAÇÕES

Ilustração 17 - Modelo da Pesquisa de QVT por FERNANDES (1996)

Fonte: FERNANDES (1996:110)

Page 134: a qualidade de vida no trabalho em pequenas empresas

134

9.4 TABELAS

Tabela 16 - Fatores de QVT X Dados de Identificação

BLOCOS 1

Pos. QVT

2 Cond. Trab.

3 Saúde

4 Moral

5 Comp.

6 Part.

7 Comunic.

8 Imag. Emp.

9 Rel. C-Sub

10 Org. Trab.

MEDIA

P&D 4,4 4,03 3,72 4,33 3,44 4,34 4,4 4,34 4,61 4,47 4,21 Pós-vendas 4 3,64 3,41 4,11 3,25 4,14 4 4,14 4,29 4 3,9

D&D 5 4,43 4,56 5 4 5 4,8 4,43 4,67 4,71 4,66 Setor

Administrativo 4 4 3 4,2 3,5 4,29 5 3,86 3,89 4,57 4,03 Gerente 4,5 4,04 3,7 4,38 3,71 4,52 4,63 4,29 4,53 4,54 4,28

Nutricionista 4,4 4,03 3,72 4,33 3,44 4,34 4,4 4,34 4,61 4,47 4,21 Função Auxiliar 4 3,86 3,88 4 3 3,71 3,8 4 4 3,86 3,81

Entre 20 e 25 anos 4,5 4,21 3,78 4,6 3,75 4,64 4,9 4,14 4,28 4,64 4,34 Entre 25 e 30 anos 4,5 3,95 3,66 4,26 3,69 4,46 4,5 4,36 4,66 4,48 4,25 Idade Mais de 30 anos 4,33 3,88 3,35 4,33 3,2 4,33 4,4 4,24 4,67 4,52 4,13

Feminino 4,43 4,08 3,74 4,41 3,54 4,43 4,54 4,29 4,52 4,52 4,25 Sexo

Masculino 4,6 4,04 3,84 4,42 3,75 4,57 4,56 4,37 4,66 4,53 4,33 Ensino Médio/Técnico 4 3,86 3,88 4 3 3,71 3,8 4 4 3,86 3,81

Superior 4,6 4,04 3,84 4,42 3,75 4,57 4,56 4,37 4,66 4,53 4,33 Especialização 4 4 3 4,2 3,5 4,29 5 3,86 3,89 4,57 4,03

Nível de instrução

Mestrado 4 4,36 4 4,6 1,5 3,86 4 4,29 4,44 4,43 3,95 Menos de 1 ano 4,5 4,25 4,29 4,33 3,75 4,36 4,4 4,5 4,53 4,39 4,33 Entre 1 e 5 anos 4,4 4,07 3,82 4,42 3,7 4,51 4,56 4,31 4,43 4,44 4,27

Tempo de empresa

Mais de 5 anos 4,5 4,11 3,53 4,4 3 4,21 4,5 4,21 4,72 4,71 4,19

MÉDIA GERAL DO BLOCO 4,43 4,08 3,73 4,41 3,57 4,43 4,54 4,28 4,51 4,52 4,25

Fonte: Dados da Pesquisa

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Tabela 17 - Nível de Satisfação de cada variável Bloco Ordem Variável MÈDIA

Bloco 1 – QVT Global

1 QVT Global 4,43

2 Limpeza 4,29 3 Arrumação 3,86 4 Segurança 4,29 5 Insalubridade 4,29 6 Ergonomia 4,14 7 Cores do Ambiente 3,43 8 Iluminação 4 9 Poluição Sonora 4,57 10 Aeração e Temperatura Ambiental 4,14 11 Odores 4,57 12 Decoração 3,29 13 Layout e Espaço 4 14 Umidade 4,14

Bloco 2 – Condições de Trabalho

15 Material e Equipamentos 4,14 16 Assistência aos Funcionários 3,86 17 Assistência Familiar 3,43 18 Educação/ Conscientização 3,86 19 Saúde Ocupacional 3,29 20 Estresse 3,71 21 Prevenção de Acidentes no Trabalho 3,86 22 Alimentação no Trabalho 3,57 23 Saneamento Básico 4,43

Bloco 3 - Saúde

24 Aquisição de Medicamentos 3,6 25 Relações Interpessoais 4,71 26 Reconhecimento 4 27 Feedback/ Retorno 4,33 28 Orientação para as pessoas 4,57

Bloco 4 – Moral

29 Motivação e Liderança 4,43 30 Eqüidade salarial interna 4 31 Eqüidade salarial externa 4 32 Salário variável 3,57

Bloco 5 – Compensação

33 Benefícios 2,71 34 Prática de Criatividade 4,57 35 Liberdade de Expressão 4,86 36 Repercussão das idéias 4,43 37 Programas de participação 3,86 38 Capacitação 3,71 39 Autonomia fornecida 4,71

Bloco 6 – Participação

40 Responsabilidade fornecida 4,86 41 Conhecimento das metas 4,71 Bloco 7 –

Comunicação 42 Fluxo de informações de cima para baixo 4,43

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43 Fluxo de informações no mesmo nível

hierárquico 4,57

44 Comunicação Informal 4,57 45 Comunicação formal 4,43 46 Identificação com a empresa 4,57 47 Imagem interna 4,57 48 Imagem externa 4,14 49 Responsabilidade social 4 50 Resp. Social pelos produtos/serviços 4 51 Enforque no cliente 4,71

Bloco 8 – Imagem da Empresa

52 Resp. Social pelos empregados 4 53 Apoio Sócio-Emocional 4,33 54 Orientação Técnica 4,14 55 Igualdade de Tratamento 4,57 56 Gerenciamento pelo exemplo 4,43 57 Relacionamento com a chefia 4,57 58 Liberdade de Expressão 4,86 59 Autonomia e Responsabilidade 4,71 60 Delegação de atividades 4,57

Bloco 9 – Relação Chefia-

Subordinado

61 Incentivo, liderança e motivação ao pessoal 4,43 62 Possibilidade de Inovações no trabalho 4,57 63 Organização dos Métodos e Processos 4,29 64 Grupos de Trabalho, Divisão do Trabalho 4,29

65 Variedade de Tarefas e Habilidades

requeridas no Trabalho 4,43

66 Ritmo de trabalho 4,43

67 Jornada de trabalho e horários de entrada e

saída 4,57

68 Significado e importância da tarefa 4,57 69 Valorização do cargo 4,71 70 Nível de desafio no trabalho 4,86 71 Identificação com a tarefa 4,71 72 Possibilidade de Carreira no trabalho 4,43 73 Crescimento pessoal 4,71 74 Garantia de emprego 4,14

Bloco 10 – Organização do Trabalho

75 Conhecimento e Responsabilidade pelos

resultados do trabalho 4,57

Fonte: Dados da Pesquisa