A psicodinâmica do trabalho
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A Psicodinâmica do Trabalho
Prof. Ms. Felipe Saraiva Nunes de Pinho
Frases de Dejours
• “Bem-estar psíquico, em nosso entender, é, simplesmente, a liberdade que é deixada ao desejo de cada um na organização de sua vida”.
• “O sofrimento psíquico, longe de ser um epifenômeno, é o próprio instrumento para obtenção do trabalho”.
Christophe Dejours
• Psiquiatra e psicanalista francês nascido em 1949.
• Para Dejours o mais importante é compreender como, apesar dos constrangimentos no trabalho, os sujeitos ainda conseguem preservar o equilíbrio psíquico e a saúde mental.
A organização: lugar de sofrimento psíquico
• A organização do trabalho (tarefa) constrange os desejos e as necessidades dos indivíduos, gerando frustrações e conflitos;
• A padronização, ao mesmo tempo em que facilita o controle sobre os indivíduos, prejudica o seu desenvolvimento psicológico e sua consciência crítica;
• Os conflitos entre indivíduo e trabalho (empresa) podem gerar uma falsa consciência do real.
A organização: lugar de sofrimento psíquico• Precisamos compreender as estratégias defensivas utilizadas pelos
trabalhadores para preservar o equilíbrio;• Essas estratégias defensivas refletem a luta do sujeito para manter
sua sanidade;• O sofrimento no trabalho pode ser compreendido a partir de duas
dimensões: a sincrônica e a diacrônica;• É o conflito entre um projeto de vida e uma organização que os
ignora. O trabalhador não pode realizar nenhuma mudança em sua tarefa a fim de torná-la mais agradável fisicamente e psicologicamente.
• As organizações muitas vezes aproveitam o sofrimento mental no trabalho como instrumento de exploração e rendimento (desempenho) no trabalho.
O Sofrimento no Trabalho• O sofrimento criativo manifesta
as soluções saudáveis elaboradas pelo sujeito;
• O sofrimento patogênico é conseqüência de estratégias desfavoráveis, e afeta toda a vida do sujeito (trabalho, família, social);
• As pressões que afetam o equilíbrio psíquico derivam da organização do trabalho (tarefa) e afetam tanto a saúde psíquica quanto a somática.
As estratégias defensivas
• Mascaram o sofrimento;• Defesas coletivas e ideologias
defensivas – comportamentos estereotipados e/ou alienados;
• Defesas individuais – as pressões geram doenças psíquicas e também são descarregadas no corpo, gerando as doenças psicossomáticas ou o estresse.
Os Efeitos do EstresseEfeitos indiretos do
estresse sobre o comportamento
Efeitos indiretos mediados pelo
comportamento
Efeitos fisiológicos diretos
• menor adesão ao tratamento;
• atraso na busca de atendimento;
• menor probabilidade de buscar atendimento;• Sintomas ocultos.
• aumento do hábito de fumar, beber e usar
drogas;• nutrição pior;• sono deficiente
• elevação da pressão arterial;
• elevação do colesterol;• redução da imunidade;
• maior atividade hormonal:
Sofrimento no trabalho
• A organização do trabalho, em seu modelo repetitivo, simples e rotineiro, gera insatisfação e sofrimento no trabalhador, afetando a sua saúde física e psíquica;
• O trabalhador vivencia com angustia a discrepância que existe entre o trabalho prescrito (concepção) e o trabalho real (execução), impedindo que este conquiste e desenvolva a sua identidade no trabalho.
Sofrimento patológico e organização científica do trabalho
• A aceleração do ritmo do trabalho procura ocupar todo o espaço da consciência do trabalhador, levando-o à fatiga e paralisando seu funcionamento psíquico.
• Isso gera alexitimia que está associada a doenças somáticas crônicas.
• Afeta as relações sociais e familiares.
Saúde no trabalho
• A relação entre o trabalhador e a organização do trabalho também pode ser favorável, contribuindo para a saúde psíquica e física do trabalhador;
• Isso ocorre quando as exigências intelectuais, motoras e psicossensoriais da tarefa estão de acordo com as necessidades do trabalhador;
• Nesse caso o trabalho é fonte de satisfação sublimatória, gerando prazer na execução da tarefa. O trabalhador pode usar a sua criatividade e a sua espontaneidade, desenvolvendo sua personalidade.
Alienação como fator de sofrimento• A alienação pode ser compreendida, do ponto de vista
psicológico, como a substituição da vontade do sujeito pela vontade do objeto (autoritarismo);
• A alienação gera fatiga, esgotamento, desmotivação;• A alienação é habitar o corpo do outro;• O trabalhador não se reconhece em seu trabalho, não há
identidade;• A organização é o lugar privilegiado do drama onde se atualiza
o conflito entre o trabalho e o poder;• É a partir do discurso, do estudo das falas dos trabalhadores
que o conflito pode ser revelado;• A organização do trabalho e os sistemas de qualidade destroem
as estratégias defensivas dos trabalhadores.
A sublimação e as saúde mental• A sublimação é uma condição necessária para o equilíbrio
psíquico.• É o desvio da libido de seu objetivo sexual para objetivos
culturais.• O trabalho é uma das principais fontes de sublimação na
modernidade.• Se não houver condições de transformar o sofrimento em
criatividade, na organização, os indivíduos vivenciarão o sofrimento patológico.
• O reconhecimento do outro (feedback) é importante para a sublimação e para a identidade.
A ressonância simbólica
• É o encontro ou a identificação entre o sofrimento psíquico e o teatro do trabalho, ou seja, a história afetiva do sujeito e seu passado são transferidos para as relações e para o ambiente de trabalho.
• “É a reconciliação entre o inconsciente e os objetivos da produção”.
• É quando o indivíduo encontra no trabalho as possibilidades de vivenciar as suas necessidades psíquicas inconscientes.
O espaço da palavra e o espaço Público
• Trabalho ideal x trabalho real• O espaço público possibilita o ver e o ser visto,
diminuindo as ocultações e os segredos, fontes de sofrimento.
• Restabelece a confiança e a solidariedade.• O espaço de encontro e de palavra
restabelece a criatividade, substituindo o sofrimento patológico.
• A saúde mental é uma responsabilidade organizacional.
O Papel da Administração e o Sofrimento Humano
• “A Administração tem a responsabilidade social de manter o espaço público para que funcionários, operários, gerentes e executivos possam se confrontar e, assim, garantir a própria saúde mental e física, bem como a segurança da organização e o equilíbrio da sociedade como um todo”.
Bibliografia
AGUIAR, Maria A. F. Psicologia Aplicada à Administração. São Paulo: Saraiva, 2005.