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A PERCEPÇÃO DE SUCESSORES EM PROCESSO DE
SUCESSÃO DE EMPRESAS FAMILIARES
Rafaelly Santos Silva1
Denise Carvalho Takenaka2
RESUMO
O empreendedorismo pode ser compreendido como um processo que envolve a criação de
valores por pessoas e organizações trabalhando juntas para implementar uma ideia e
transformar dificuldades em oportunidades. No contexto empreendedor têm papel
fundamental as empresas familiares, que trazem em sua constituição peculiaridades que as
deixam mais vulneráveis em seu processo evolutivo, destacando-se aí o processo de sucessão,
que representa importante e difícil etapa e um momento importante para que se prolongue a
continuidade destas empresas. Aqui é essencial realizar as escolhas estratégicas eficientes e
necessárias, a efetividade da empresa familiar pode estar bastante comprometida. De outro
lado, atualmente, os possíveis sucessores destas empresas têm tido um maior acesso a cursos
universitários o que pode influenciar seu posicionamento diante de um provável processo de
sucessão. Considerando estas questões, este trabalho buscou compreender como o
desenvolvimento de características empreendedoras pode afetar o processo de sucessão em
empresas familiares. E verificar, ainda, a percepção de alunos e ex-alunos do curso de
administração da UFRRJ, quanto ao processo sucessório em empresas familiares. Foram
realizadas entrevistas semiestruturadas com estudantes do Curso de Administração do
Campus de Nova Iguaçu da UFRRJ, para identificar a visão dos envolvidos, empreendedor e
sucessor, ao processo de sucessão, os conflitos e as estratégias utilizadas para solucioná-las. A
análise de dados da pesquisa foi realizada através da Análise de Conteúdo. Os resultados
foram organizados para apresentar a caracterização dos entrevistados, sua atividade
profissional e características empreendedoras. Numa segunda etapa tratou-se dos pontos
referentes às empresas familiares e seus processos sucessórios. Através dos resultados
alcançados foi possível verificar quais foram as estratégias das empresas pesquisadas, os
pontos positivos e negativos que mais influenciaram a opinião dos possíveis sucessores,
destacando os critérios que acham importante neste processo, assim como a
profissionalização. Os dados levantados endossaram o papel da universidade como uma fonte
geradora de conhecimento e do interesse e satisfação em dar continuidade à empresa familiar.
Esta pesquisa foi localizada, o que limita a generalização dos resultados. Compartilhar os
resultados desta pesquisa, das experiências e perspectivas dos entrevistados pode ser útil a
várias empresas deste segmento, assim como para os fundadores de pequenas empresas
familiares, no sentido de orientá-los a organizar um processo de sucessão para suas empresas.
De outro lado, para os cursos de formação universitária, importantes espaços de capacitação
gerencial e profissional, podem fornecer indicadores das necessidades de desenvolvimento
das competências necessárias à garantia da sustentabilidade e perpetuidade das pequenas
empresas. A originalidade se dá através do estudo localizado junto a possíveis sucessores de
pequenas empresas familiares que passam pelo processo de formação universitária, cursando
1 Administradora, UFRRJ/Gesso Rafaelly; Rua Dona Joaquina, 61 – Caioaba – Nova Iguaçu – RJ;
Fone: (21) 99678-4574; E-mail: [email protected] 2 Administradora, UFRRJ; Rua Mario Antônio Godinho, 303 - Engenho – Itaguaí – RJ;
Fone: (21) 98890-1108; E-mail: [email protected]
o curso de Administração da UFRRJ e, assim, passa a ter uma capacitação diferenciada diante
do processo de gestão das empresas a que poderão vir a conduzir num momento futuro.
Palavras chaves: Empreendedorismo; Empresa Familiar; Processo Sucessão.
THE PERCEPTION OF THE SUCCESSION PROCESS IN FAMILY BUSINESS
BY THEIR SUCCESSORS, UFRRJ STUDENTS.
ABSTRACT
Entrepreneurship can be understood as a process that encompasses values creation by
people and organizations working together to implement an idea and transform difficulties in
opportunities. Family business have fundamental role for the entrepreneur context, bringing in
its foundations peculiarities that makes them more vulnerable in its evolutionary process,
standing out the succession process that represents a important and tough stage and a
important moment to prolong the business’ life. Here it is crucial to make the needed
decisions in a strategic and efficient way, once the family business effectiveness could be
much compromised. On the other hand, now a day’s these businesses’ possible successors
have had a broader access to university courses which can influence its positioning in the case
of a possible succession process. Considering these matters, this project aimed to comprehend
how the entrepreneur characteristics development can affect the succession process in family
business. And still verify the perception of students and alumni of the UFRRJ Business
School regarding to the succession process in family business. The data research used semi
structured interviews with the UFRRJ Business School at Nova Iguaçu students to identify the
entrepreneur and successor points of view about the succession process, the conflicts and
strategies used to solve them. The research data analysis was realized through the content
analysis. The results were organized to present a characterization of the respondents, their
professional activities and entrepreneur characteristics. In a second stage we dealt with the
topics regarding to the family business and its succession processes. From the achievements
we could verify what are the studied businesses’ strategies, the pros and cons that influenced
the most the probable successors’ opinion, highlighting the criteria they consider important in
this process, and the professionalization. The data collected endorsed the role of the university
as a source of knowledge and interest and satisfaction in continuing the family business. This
research present limits to the results generalization. Share the results of this research, the
experiences and perspectives of the interviewees can be useful to several companies in this
segment, as well as the founders of family businesses, in order to guide them to organize a
succession for their companies. In addition, for university training courses, important areas of
managerial and professional skills, may provide indicators of development needs with the
skills needed to ensure the sustainability and perpetuity of small businesses. The originality is
through the study located along the possible successors of small family businesses that go
through the process of university education, attending the Business course at UFRRJ and thus
starts to have a special training on the management process of businesses that they might lead
in the future.
Keywords: Entrepreneurship; Family Business; Succession Process.
INTRODUÇÃO
O empreendedorismo é um processo que envolve a criação de valores por pessoas e
organizações trabalhando juntas em prol de uma ideia, através da aplicação de criatividade, da
capacidade de transformar e o desejo de tomar aquilo que comumente se chamaria de risco e
tem como características básicas, a transformação de determinadas dificuldades em
oportunidades, como também o uso da criatividade e do planejamento, atuando com
eficiência e eficácia, entre outros.
Segundo o SEBRAE, em 2009, inúmeras foram as causas para o avanço de micro
empreendedores no mercado brasileiro e, ainda, encerram suas atividades antes mesmo de
completar o terceiro ano de existência. Neste contexto destacam-se as empresas familiares
que trazem em sua constituição peculiaridades que as deixam mais vulneráveis em seu
processo evolutivo. Além de exigir a efetiva estruturação de processo de gestão, estas
empresas enfrentam as dificuldades constantes dos processos de sucessão, um dos momentos
importantes para a sua continuidade e, aí, são necessárias escolhas estratégicas eficientes e
pontuais.
Tendo como objetivo verificar junto à prática de empresas familiares, quais estratégias
são adotadas em seu processo sucessório, focando a perspectiva dos sucessores quanto ao
processo nas empresas que fazem parte. Para atingir este objetivo buscou-se identificar as
principais causas para o surgimento de uma empresa familiar e verificar o conceito e visão
dos sucessores, quanto ao processo de gestão.
A apresentação deste trabalho está estruturada em quatro partes. Na primeira são
apresentados os conceitos teóricos que nortearam as pesquisas; na segunda é apresentada a
metodologia que orientou a pesquisa de campo; na terceira são organizados e apresentados os
dados coletados e a análise dos mesmos. Finalmente, são tecidas as considerações finais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Empreendedorismo
Empreendedorismo é um processo dinâmico que está diretamente ligada à
prosperidade das nações, pelo qual pode-se gerar riquezas e provocar profundas
transformações sociais, políticas, culturais e econômicas (FARAH, 2008). É considerado um
assunto em crescente discussão no mercado, logo, há diversas definições sobre o tema que
destacam pontos em comum: inovação, criatividade, determinação, e a busca de resultados.
Para Barreto (1998), empreendedorismo é a habilidade de se conceber e estabelecer
algo partindo de muito pouco ou quase nada, enfatizando a grande importância do trabalho e a
capacidade de maximizar recursos. Já Dornelas (2008), entende empreendedorismo como o
envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam a transformação de ideias em
oportunidades, de forma mais objetiva, o empreendedorismo, gera oportunidades.
Independente do autor, a maioria das conceituações de empreendedorismo considera fator
essencial desse processo a pessoa do empreendedor.
Dornelas (2005) define empreendedores como pessoas diferenciadas, que possuem
motivação singular, apaixonadas pelo que fazem não se contentam em ser mais um na
multidão, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um
legado. Drucker (1986) relaciona a capacidade de ser inovador com o empreendedorismo,
sendo a inovação o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles
exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço
diferente. A inovação é o ato que contempla os recursos com a nova capacidade de criar
riqueza e a essência da característica empreendedora está em saber lidar com as incertezas,
tendo conceitos e teorias dando suporte aos seus atos.
Na perspectiva comportamental tem destaque David McClelland (1972), para o qual,
sob pressão, as pessoas desenvolviam uma necessidade de realizar, eram incentivadas a agir
sobre a situação, estabelecendo uma correspondência à necessidade de agir, associando, ainda,
o empreendedor a aspectos relativos às características criativas e intuitivas.
McClelland (1972) sintetizou em dez as características comportamentais
empreendedoras (CCE´s) que são: Estabelecimento de Metas; Busca de Oportunidade e
Iniciativa; Comprometimento; Exigência de Qualidade e Eficiência; Busca de Informações;
Persistência; Correr Riscos Calculados; Planejamento e Monitoramento Sistemático;
Persuasão e Formação de Rede de Contatos e Independência e Autoconfiança.
2.2 A Empresa Familiar
A empresa familiar se caracteriza por ter na sua estrutura de controle uma ou mais
pessoas que tenham um vínculo familiar (GARCIA, 2001), mas não somente. A diferença
entre uma empresa profissional e familiar está no estilo como a organização é administrada, e
não no fato de o seu capital pertencer a uma ou mais famílias. Para Bernhoeft (1989, p.35) a
empresa familiar é “aquela que tem sua origem e sua história vinculada a uma família ou
ainda, aquela que mantém membros da família na administração dos negócios”.
Vidigal (1996) destaca que todas as empresas foram criadas por um fundador ou um
grupo pequeno de fundadores, ou tiveram seu início como empresas familiares. Já Lodi
(1993) destaca o fato de que a sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e na qual
os valores institucionais da firma identificam-se com um sobrenome de família ou com a
figura do fundador, para o autor:
“Não é a família em si que atrapalha a empresa, ou vice-versa. É a ignorância dos
problemas desse relacionamento e a falta de um código definido de relações que
pode colocar em risco o sucesso dessas organizações (LODI, 1993, p.15).”
Para Donatti (1999) empresa e família podem encontrar o sucesso juntas, mas falta um
código de relacionamento entre ambas. A gerência tem que manter uma visão diferenciada,
preocupando-se com o desenvolvimento global e tecnológico e manter uma gestão
profissionalizada. Sendo bem administradas as vantagens competitivas aumentarão e a
possibilidade de um fracasso diminuirá.
Observa-se, portanto, que a sucessão em empresas familiares é um tema de extrema
importância, muito mais no momento político-econômico atual, já que as mudanças são
rápidas e significativas, e qualquer falha ou resistência da empresa à adaptação coloca em
risco, a sua sobrevivência.
2.3 Ciclo de Vida Organizacional
Grande parte do PIB mundial é movimentado pelas organizações de cunho familiares
(HSM Management, 2003), e, uma empresa familiar gera uma série de enfoques e interações,
por estar vinculada a uma estrutura familiar, que provoca certas características de ação na
empresa. Relacionamentos deste tipo passam por diversas etapas diferentes e, com o passar do
tempo, vão evoluindo e se transformando.
A taxa de mortalidade das empresas familiares é alta, segundo Cohn (1991) elas tem
expectativa de vida em torno de 24 anos, sendo que 70% não alcançam a segunda geração e,
para cada duas que atingem esse estágio, apenas uma sobrevive. Essa mortalidade relaciona-
se à compreensão do ciclo de vida da empresa ao longo do tempo e de seu impacto nas
decisões empresariais.
Para Lezana (1996) o processo evolutivo de uma empresa compreende uma série de
estágios que devem ser superados, desde sua criação até a sua transformação em uma
instituição efetivamente consolidada, o que é configurado no ciclo de vida das organizações.
Tomei (2008) destaca que a função da cultura em uma organização muda conforme o
estágio da evolução em que se encontra, porém a mudança cultural não depende apenas do
estágio de desenvolvimento da organização, e sim da predisposição que a empresa terá para a
mudança. A autora destaca quatro estágios onde ilustra as diferentes funções da cultura ao
longo do ciclo de vida da organização, tais são eles:
Quadro 1 – Estágios do Ciclo de Vida das Organizações
1º Estágio Nascimento e
Crescimento Inicial
A liderança da organização está nas mãos do fundador ou da família
que iniciou a empresa.
2º Estágio Fase de Sucessão
Começa a criar sua cultura de acordo com as ações de seus
fundadores e têm de enfrentar um novo tipo de dificuldade: a
convivência com subculturas e a necessidade de gerenciamento
cultural.
3º Estágio Meia-vida
Organizacional
A cultura é aprendida e transmitida aos demais membros da
organização.
4º Estágio Maturidade
A organização possui valores centrais claros que definem sua
identidade, o seu posicionamento no mercado, a sua alternativa
estratégica e o desenho de sua estrutura organizacional com seus
processos, normas, regras e procedimentos.
Fonte: Tomei, 2008.
Na fase da maturidade, para que não haja o declínio da empresa, é preciso romper
pressuposto, facilitar a inovação e a criatividade e fugir do pensamento grupal. Com o
desenvolvimento organizacional, valores como inovação, flexibilidade, espírito empreendedor
são marcantes nas fases iniciais e com o tempo vão sendo substituídos gradualmente pelas
necessidades administrativas e burocráticas, tornando a empresa menos flexível.
2.4. A Sucessão na Empresa Familiar.
Lank (2001) e Donatti (1999) destacam as características conflituosas da sucessão e a
predominância de fatores relacionados com o gerenciamento do processo de sucessão como a
principal razão para a fragilidade dos negócios de família. O momento da sucessão é
usualmente marcado pela explosão de conflitos que vêm à tona e complexificam toda a
relação, principalmente pela falta de normas e regras já estabelecidas entre os sócios. Devido
a isso não pode ser tratado apenas sob os aspectos puramente lógicos da administração, pois
envolve pontos afetivos e emocionais, relacionados com a estrutura familiar.
A sucessão é determinada, a médio e longo prazo, pela maneira como os pais
(fundadores) constituíram e educaram a família, preparando-a para o poder e a riqueza.
Donatti (1999), afirma que sucessão é a substituição do criador do empreendedor para dar
prosseguimento à obra projetada, criada e conduzida pelo pioneiro, porém com enfoques e
estilos de liderança diferenciados, formação teórica e pratica renovada, uma vez que os
tempos são outros. Kignel (1993) reforça cabe ao sucedido definir as regras de sua sucessão,
planejando-a antes que esta se faça obrigatória por força de lei.
Lodi (1998), destaca que a sucessão não se resume em indicar um executivo, mas
também considerar a sucessão inteligente e duradoura, a qual possa atingir a todos,
conciliando os interesses pessoais. A formulação do processo de sucessão deve iniciar o
quanto antes. O autor destaca, ainda que o processo sucessório pode ter como consequências:
um herdeiro ser escolhido de forma incorreta; a venda para um grupo externo, ou até mesmo a
fusão com outra empresa do ramo; a abertura do capital com venda de ações em bolsa de
valores.
Oliveira (1999) identificou dois tipos de processos de sucessão nas empresas
familiares: a familiar e a profissional. A sucessão familiar tem recebido maior ênfase, já a
sucessão profissional, em significativa evolução, se torna uma opção caso a incompetência do
sucessor natural não seja identificada. Para evitar disputas e rivalidades dentro da família,
regras claras precisam ser estabelecidas, definindo quem e como os membros da família
podem fazer parte da gestão da empresa, preferencialmente em número cada vez menor.
Segundo Donatti (1999) dentro de todo o processo sucessório, os gestores e
sucessores, devem preocupar-se principalmente com as características e resultados de sucesso
da empresa. Caso o processo sucessório seja feito pela escolha de um herdeiro natural, é
necessário que haja uma avaliação para saber se este tem condições de assumir o cargo, a fim
de evitar que o sucessor a faça uma escolha errada, atingindo a realização pessoal e
profissional e trazendo resultados positivos para a empresa.
Para Oliveira (1999), tanto a sucessão familiar como a profissional apresentam
vantagens e desvantagens como ter maior facilidade de recrutamento e seleção de um
executivo com perfil desejado, além de ter uma maior flexibilidade para a alteração de
executivos. O sucessor de uma empresa familiar pode receber, de maneira mais rápida e
efetiva, as experiências e os conhecimentos de um executivo profissional e ainda a empresa
recebe novos estilos e filosofias de administração. Como desvantagem destaca que a empresa
pode receber e incorporar estilos e filosofias de administração que foge da maneira de ser da
empresa familiar, além da maior possibilidade de perder o executivo.
Este cenário ressalta a importância do aprendizado profissional dos herdeiros naturais,
assim como da percepção se estes têm características ou não para dar continuidade à empresa,
sem pressão emocional e nenhum tipo de chantagem. Um grave problema encontrado é a
promoção de parentes que não tem capacidade para assumir cargos de responsabilidade, e são
promovidos apenas por laços afetivos (DONATTI, 1999).
3. METODOLOGIA
A fim de investigar a percepção dos sucessores no processo sucessório em empresas
familiares foi organizada uma pesquisa de campo, descritiva e explicativa. Onde se
estabelecem as características e o perfil de empresários de microempresas familiares e seus
previstos sucessores, não possuindo o compromisso de explicar os fenômenos que descreve
(VERGARA, 2005).
O universo da pesquisa é composto pelos futuros sucessores de empresários das
microempresas familiares que são ou já foram alunos do curso de Administração, da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no Campus de Nova Iguaçu. A amostra foi
selecionada por acessibilidade e por tipicidade, em função da facilidade de acesso ao público
específico da pesquisa.
A coleta dos dados foi realizada através da aplicação direta de questionário com
perguntas abertas e fechadas, a um total de 14 pessoas com idades entre 21 e 28 anos, no
período de 27 de janeiro a 11 de fevereiro de 2014. Todos os participantes foram devidamente
esclarecidos quanto ao objetivo do trabalho e ao sigilo das informações.
O questionário foi dividido em duas partes, na primeira constavam perguntas fechadas,
buscando a identificação e caracterização dos respondentes e, na segunda, foram apresentadas
questões abertas, tratando as perspectivas e a visão quanto à gestão e o planejamento do
processo sucessório, assim como a maturação da empresa no mercado.
Para a apresentação e análise dos dados foi considerada ainda a seguinte estruturação
de temas: identificação e atividade profissional do aluno sucessor; atividade empreendedora;
processo de sucessão.
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Foram entrevistadas 14 pessoas, entre homens e mulheres, com idade entre 21 e 28
anos, que tiveram sua identidade preservada, sendo atribuídos nomes fictícios aos
respondentes quando necessário.
Tratando da identificação dos entrevistados 38% (06) são do sexo feminino e 62%
(08) do masculino. A maioria deles (71%) ainda não concluiu seu curso de graduação e
apenas 04 (29%) já estavam graduados. Nenhum deles ainda iniciou algum processo de pós-
graduação. Quanto às atividades profissionais, todos estão vinculados a empresas privadas,
sendo que a maioria atua no comércio dos mais diversos ramos. Esses dados estão descritos
na tabela 1:
Tabela 1: Identificação e Atividade Profissional
NOME IDADE ATIVIDADE PROFISSIONAL
Rodrigo Pinheiro 26 anos. Comércio
Igor Clark 25 anos. Prestação de Serviços
Ana Vasconcellos 27 anos. Comércio
Alice Costa 25 anos. Indústria
Helena França 22 anos. Comércio
Alan Bersange 28 anos. Comércio
Eduardo Perillo 23 anos. Prestação de Serviços
Victor Martins 23 anos. Comércio
Nathalia Louise 23 anos. Comércio
Maria Tarzia 21 anos. Indústria e Comércio
Davi Ferreira 27 anos. Comércio
Paulo Mello 22 anos. Indústria, Comércio e Serviços
Lucas Regis 25 anos. Comércio
Clara Mourão 24 anos. Indústria
Fonte: Elaborado pela própria autora, 2014.
Todos os entrevistados declararam ter algum parente empreendedor (Gráfico 1), sendo
que a maior parte deles são herdeiros naturais, ou seja, filhos do próprio empreendedor (57%).
Fonte: Elaborada pela própria autora, 2014.
O relato a seguir demonstra algumas características da constituição e de vínculos
característicos de uma empresa familiar:
“Temos uma distribuidora de remédios, atuamos no ramo farmacêutico. Quem
montou a empresa foi meu avô e na época meu pai era professor de biologia, com o
passar do tempo meu avô foi ficando muito doente e veio a falecer. Por questão de
necessidade teve que assumir os negócios da família. Era o único filho que poderia
dar sequência, porque era o mais velho, pois meus tios ainda eram muito pequenos.”
(Victor Martins)
Quanto à relação com as empresas familiares, de todos os entrevistados, alguns nunca
haviam trabalhado na empresa familiar, outros já trabalharam e conhecem todas as funções,
porém atualmente não trabalham. A maior parte está na empresa por média de uns 2 a 6 anos.
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral
VOCÊ PAI MÃE AVÓS TIOS PRIMOS
Grau de Parentesco
Por seu vinculo universitário, todos possuem conhecimento teórico sobre gestão de
empresas. Dentre aqueles que atuaram ou atuam na empresa familiar, nenhum deles soube
dizer exatamente qual era a sua função dentro da organização, pois já atuaram em todos os
setores da empresa sem um cargo específico tendo uma noção de todo o cotidiano
empresarial, conforme demonstrado no depoimento abaixo:
“Conheço todas as rotinas desde os meus 08 anos de idade, quando aprendi a fazer o
meu primeiro pãozinho. Mas em alguns momentos tenho que assumir a
administração quando minha mãe não está presente, atendo os clientes, verifico
estoque, mas nunca ocupei um cargo específico.”
(Davi Ferreira).
Ter muitas funções pode ser característica notória de um sucessor dentro de uma
empresa familiar, foi demonstrado que os pesquisados atuam no marketing, produção, vendas,
planejamento de processos entre todas as outras tarefas administrativas.
Essas características endossam na prática o exposto por McClelland (1972), quando
afirmou que, as pessoas desenvolviam uma necessidade de realizar, e eram incentivadas a agir
sobre a situação, estabelecendo uma correspondência à necessidade de agir ao
empreendedorismo.
Quando os entrevistados foram questionados se possuíam ou não características
empreendedoras apenas 04 (quatro) pessoas responderam negativamente ao fato de possuir
características empreendedoras. Quando estas respostas foram confrontadas à pergunta acerca
de das percepções acerca das aptidões vinculadas às características empreendedoras (CCE´s),
constatou-se uma contradição, pois todos os respondentes consideraram possuir tais aptidões.
Primeira característica observada foi o Estabelecimento de Metas, onde a maioria dos
entrevistados (39%) dos entrevistados considerou ter aptidão acrescida, e apenas 15%
considerou ter aptidão insuficiente.
Em relação a Busca de Oportunidade e Iniciativa, verificando as respostas, uma grande
parcela dos entrevistados considerou dominar essa aptidão (acrescida e normal).
No que se refere à característica de Comprometimento, um pouco mais da metade dos
respondentes demonstrou ter muita aptidão, endossando que o empreendedor deve estar
altamente envolvido com a empresa, mantendo a satisfação dos clientes.
Quanto a Exigência de Qualidade e Eficiência - a melhor maneira de realizar as
atividades organizacionais, atendendo os padrões de qualidade previamente estabelecidos, a
maioria apresenta muita aptidão ou aptidão acrescida e normal.
Tratando a característica de Busca de Informação, a maioria dos entrevistados
considerou estar aptos a muito aptos.
A Persistência é uma das principais caractrísticas de um empreendedor, geralmente ele
é conhecido por não desistir de seus propósitos. Neste quesito a maioria se colocou como
bastante persistente.
Quando questionados sobre Correr Riscos Calculados, observou-se uma significativa
divisão das opiniões, os entrevistados apresentaram um pouco de receio quanto ao riscos
calculados.
Já tratando da habilidade de Planejamento e Monitoramento Sistemático, a maioria dos
entrevistados demonstrou ter uma aptidão acrescida ou normal. Estas respostas chamaram um
pouco mais a atenção, pois considerando que todos os entrevistados têm, ou já tiveram um
vínculo com o Curso de Administração, poderia estar um pouco mais desenvolvida.
Quanto à Persuasão e Formação de Rede de Contatos, habilidade onde o
empreendedor utiliza estratégias para influenciar os clientes e age para desenvolver e manter
relações comerciais, as respostas indicaram que a maioria dos entrevistados demonstrou
aptidão acrescida e normal.
A última característica avaliada foi Indepêndencia e Autoconfiança, que demonstra a
confiança do empreendedor em suas atividades e na busca de autonomia em relação a outras
pessoas da organização. Neste item a maioria dos entrevistados apresentam aptidão acrescida.
A percepção dos entrevistados em relação ãs aptidões relacionadas às características
empreendedoras está sitetizada na tabela abaixo:
Tabela 2: Percepção acerca das Características Empreendedoras
CARACTERÍSTICAS
EMPREENDEDORAS
NÍVEL DE APTIDÃO
1.
Pouca
2.
Insuficiente
3.
Normal
4.
Acrescida
5.
Muita
Estabelecimento de Metas 23 % 15 % 23 % 39 % 0 %
Busca de Oportunidade e Iniciativa 0 % 12 % 38 % 38 % 12 %
Comprometimento 54 % 31 % 15 % 0 % 0 %
Exigência de Qualidade e
Eficiência 31 % 54 % 15 % 0 % 0 %
Busca de Informações 53 % 31 % 15 % 1 % 0 %
Persistência 30 % 54 % 15 % 1 % 0 %
Correr Riscos Calculados 15 % 23,3 % 23,4 % 23,3 % 15 %
Planejamento e Monitoramento
Sistemático 0 % 46 % 23 % 31 % 0 %
Persuasão e Formação de Rede de
Contatos 15 % 39 % 31 % 15 % 0 %
Independência e Autoconfiança 23 % 47 % 15 % 15 % 0 %
Fonte: Elaborado pela própria autora, 2014.
Na segunda etapa do levantamento dos dados buscou-se compreender acerca do tema
empresa familiar. Inicialmente, ao questionar sobre o entendimento do tema, os entrevistados
afirmou que considera uma empresa familiar quando esta é administrada por pessoas de uma
mesma família. Como demonstrado nos depoimentos:
“Uma empresa onde familiares trabalham juntos para crescerem juntos”
(Ana Vasconcellos).
“Empresa que possui no seu quadro pessoas de uma mesma família.”
(Lucas Regis).
Tais afirmações reforçam o posicionamento de Lodi (1993), que destaca questões
como propriedade, controle vinculado à afetividade, sucessão ligada ao fator hereditário e
valores institucionais identificados com um sobrenome de família ou com a figura do
fundador.
Também foram identificadas nas respostas relações com os parâmetros de Donelley
(in BERNHOEF, 1989) quanto ao vínculo do processo de sucessão a no mínimo na segunda
geração e aos conceitos de Grzyboviski e Tedesco (1998) quanto ao potencial não aproveitado
das empresas familiares, e de Garcia (2001) que trata de conselhos de gestão.
Dos 14 (quatorze) entrevistados apenas três fazem parte de uma empresa em que já
tenha passado por um processo de sucessão, e todos são considerados possíveis sucessores.
Porém, de todos os possíveis sucessores, cinco não querem dar continuidade a empresa e em
compensação os outros nove participantes da pesquisa atuam na empresa e dizem, que apesar
de alguns pontos negativos estão satisfeitos com a função que exercem dentro da empresa.
Quantos aos pontos positivos e negativos de atuar numa empresa familiar, os
entrevistados relatam muitos pontos em comum, destacam como pontos positivos:
flexibilidade, controle, vínculo afetivo com a empresa, entre outros. Como pontos negativos,
destacaram: falta de profissionalização na gestão, falta de alguns benefícios, não ter hora pra
acabar o expediente, indefinição de cargo e problemas familiares.
Estas escolhas ficam claras nos relatos de Igor Clark e Clara Mourão:
(...) Positivo é ter o controle das saídas financeiras do empreendimento, como poder
projetar melhores resultados com a busca de novos clientes. E negativo, é estar
limitado em alguns momentos nas tomadas de decisão aos outros setores.(...)
(Igor Clark)
(...) Positivo: faço o que gosto e acredito ter competência para realizar as atividades
que exerço hoje. E negativo: pois preciso fazer com os funcionários me vejam como
líder, e não como a “filha do patrão”. Devido a minha idade talvez (sabendo que
toda a equipe é mais velha do que eu), isso acaba sendo um desafio ainda pra mim
(...).
(Clara Mourão)
Considerando que a sucessão é um dos grandes conflitos que as em presas familiares
passam, pois vai sendo determinada ao longo dos anos, e é importante dar continuidade ao
trabalho iniciado pelo fundador. Na questão do Processo Sucessório de uma Empresa
Familiar, todos responderam com um pouco de receio, alertando sempre há algum problema,
como demonstrado no relato a seguir:
(...) Vejo como difícil e bem complicada. A empresa fundada pelo meu pai, hoje é
gerida pela irmã dele e têm como funcionários dois tios além de outros que não
fazem parte da família. A expectativa de todos é que eu assuma o controle da
empresa, porém tenho grande receio. Tenho uma experiência sólida na área
comercial de uma grande multinacional e durante os 7 anos de atuação nesta área
aprendi muitas técnicas para se alcançar bons resultados. Devido a não formação
dos meus tios, acredito que seria muito complicado executar estas técnicas na
empresa familiar. Na minha opinião, a gestão da empresa é feita hoje de maneira
intuitiva. Para a minha entrada, seria necessário fazer uma nova estruturação e
definição de papeis. Além disso, não tenho dúvidas que a minha exigência
profissional pode gerar conflitos familiares(...).
(Alan Bersange).
Dentro dos tipos de estratégias que auxiliam na perenidade de um negócio, como:
manter restrita as participações dos membros da família, ser capaz de renovar as estratégias do
negócio e de criar novas lideranças e saber enfrentar o contexto de mudanças na qual a
empresa está inserida. Uma das entrevistadas destaca a importância do tipo de liderança
deixado pelo fundador da empresa e da necessidade da profissionalização e da inovação, ela
responde assim:
“Acredito que tudo parte do tipo de liderança, grandes organizações familiares
deram certo devido, primeiramente ao esforço dos que iniciaram o trabalho, os
patriarcas e matriarcas, que empreenderam inicialmente. Os sucessores precisam
estar atualizados, mas não podem esquecer dos princípios da liderança, da
verdadeira função do líder e gestor do negócio (o que normalmente começou lá na
época em que seu familiar fundou a empresa). A inovação, o conhecimento, a
técnica, são fundamentais, mas a “expertise” do negócio, da liderança em geral,
parte da experiência, e disso os fundadores do negócio entendem.”
(Clara Mourão)
Foi ressaltada a relevância do processo sucessório, como um assunto extremamente
delicado, que não deve ser tratado apenas sob os aspectos puramente lógicos da
administração, pois envolve pontos afetivos e emocionais, relacionados com a estrutura
familiar. E é importante que tanto a empresa e o sucessor venham a ser preparado para esse
momento, conforme no depoimento a seguir:
“A menos de 1 ano, estamos passando por uma consultoria, e com a vinda desses
profissionais, eu e a empresa, estamos passando por um processo de preparo para a
possível sucessão, que no caso que no caso vai ser uma direção compartilhada, pois
meu pai não irá se afastar da empresa. Com temos duas empresas no grupo, já sou
responsável por coordenar uma, a Chaca Serra (empresa de pallets e embalagens de
madeiras).”
(Paulo Mello).
Nos critérios importantes do processo de sucessão, foi destacada a profissionalização,
a impessoalidade e o amor à empresa como:
“O sucessor deve amar e acreditar na empresa. Seus objetivos devem estar
envolvidos com os objetivos da empresa.”
(Nathalia Louise)
“Existem três fatores importantes: Profissionalismo, para não transformar discussões
profissionais em problema familiar; Impessoalidade, apesar do grau de parentesco é
necessário manter a formalidade estabelecida pela hierarquia; e, Humildade, esta
deve ocorrer de forma recíproca. O sucessor precisa ter a humildade de que necessita
aprender assim como os líderes da empresa precisam estar abertos às ideias
inovadoras do novo integrante da empresa.”
(Alan Bersange)
Referente à relação de conflitos e as medidas necessárias para solucioná-las, os
entrevistados foram bem diretos, demonstrando ser um desafio dentro do processo de
sucessão. Os pontos fortes tratados foram: conflitos familiares; resistência a mudanças,
dificuldades de comunicação e a falta de autonomia, lembrando que foi possível observar
esses fatores nos diversos tipos e segmentos e empresa, conforme relato a seguir:
(...) No meu caso, a minha família nunca passou muito tempo os quatros (eu, meu
pai, minha mãe e meu irmão) juntos, e quando começou a passar as quatro pessoas
juntas, cada um tinha um pensamento, um segmento. Eu no caso tinha conhecimento
teórico em gestão de empresa, meu irmão não tinha tanto interesse na empresa.
Logo, ao invés da gente criar forças nós enfraquecemos. Porque eu brigava com o
meu irmão por ele não ter interesse pelas atividades da empresa, brigava com o meu
pai porque ele não brigava com o meu irmão e o meu pai brigava com a minha mãe
por ver eu e meu irmão brigando. E esses conflitos começaram a ir pra dentro de
casa, onde já não conversávamos mais. E como resolvemos?! Vendemos a empresa
e fomos felizes para sempre!!(...)
(Nathalia Louise)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na análise dos resultados, foi possível averiguar que todos os possíveis
sucessores possuem um entendimento semelhante do que seria uma empresa familiar. Pode
ser observado, ainda, que todos os entrevistados possuem relações afetivas com os fundadores
das empresas familiares, o que facilita o processo de sucessão por herdeiros naturais. Em
questão a fundação da empresa familiar, constou-se respostas parecidas como insatisfação
com o emprego anterior, características empreendedoras, conflitos com antigos sócios, entre
outros.
Alguns entrevistados atualmente fazem parte do corpo da empresa; uns atuaram, mas
hoje em dia, preferiram buscar novos rumos atingindo novos objetivos em outras
organizações. E outros nunca atuaram na empresa da própria família. Foi possível analisar
que a maioria afirmou ter características empreendedoras, apenas quatro responderam nunca
terem pensado em abrir o próprio negócio. Porém, quando questionados acerca das
características e aptidões empreendedoras, todos responderam ter muitas aptidões.
Quanto ao processo de sucessão, apenas duas empresas já passaram por um processo
de sucessão, pois, estão na segunda para terceira geração de gestores, as outras ainda não
passaram por nenhum processo de sucessão, pois este ainda está em andamento. A maioria
das empresas ainda está na primeira para segunda geração.
Foi percebido que os filhos exercem diversas funções nas empresas dos pais, muitas
vezes se sentindo “peões de luxo”, pois trabalham bastante, têm responsabilidades de cargos e
possuem pouca remuneração financeira.
Quando questionados sobre os pontos positivos de atuar numa empresa familiar,
destacaram o fato de trabalhar em algo que já é seu, flexibilidade de horários e facilidade de
expor ideias; porém, há discordâncias, pois, quando responderam os pontos negativos
alegaram falta de horário para almoçar, entrar e sair da empresa, e, ausência de autonomia.
Ademais, baixa remuneração; inexistência de cargo, sobrecarga de funções; alguns conflitos
familiares, como levar problemas da empresa pra dentro de casa, ou não ter nenhum outro tipo
de assunto a não ser sobre a empresa, viver a organização 24 horas por dia. Um dos
entrevistados relatou que nunca tinha pensado em abrir uma empresa, porque futuramente
gostaria de dar atenção aos seus filhos, queria ter o prazer de viajar aos finais de semana com
a futura família.
Pode ser observado que independente do ramo da empresa, os empreendedores tendem
sempre a ser resistentes a mudanças, embora estejam satisfeitos com os sucessores e valorize
o fator da profissionalização, eles costumam não demonstrar credibilidade às novas ideias
sugeridas pelos futuros sucessores.
Todos entendem o processo sucessório como uma etapa difícil, senão a mais
complicada, pois gera muitos conflitos, principalmente familiares. Quanto aos critérios que
achavam importantes no processo de sucessão, todos destacaram a profissionalização, a
dedicação e o amor à empresa. É necessário que o sucessor esteja de fato totalmente
envolvido com a empresa.
Em suma, a presente pesquisa teve como principal objetivo compreender a visão dos
possíveis sucessores, quanto ao processo de sucessão nas empresas familiares que possuem
vínculos. Logo, não pretendendo obter conclusões definitivas e nem esgotar o assunto
abordado, de modo que se recomenda a continuidade dos estudos acerca do tema em questão.
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