A MATEMÁTICA ESCOLAR E A BUSCA PELA ......Colégio Estadual Marquês de Paranaguá – EFMP, em...
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A MATEMÁTICA ESCOLAR E A BUSCA PELA RACIONALIDADE NA
ECONOMIA FAMILIAR: UMA ABORDAGEM INVESTIGATIVA
Autora: Regina Nery Novais Luz Trombetta1
Orientadora: Andréia Büttner Ciani2
Orientadora: Fabiana Magda Garcia Papani3
Resumo
Um dos problemas mais comuns enfrentados nas aulas de Matemática diz respeito à falta de interesse dos educandos em investigar uma situação que necessite de
alguma investigação e estudo para ser resolvida, contrapondo-se à ideia de exercícios, os quais, na sua resolução, obedecem um modelo, previamente resolvido pelo professor. O objetivo deste artigo, é relatar uma experiência de ensino e
aprendizagem a respeito da prática pedagógica, implementada a partir do programa de Desenvolvimento Educacional do PDE/2010 com uma turma do 7º ano do Ensino
Fundamental. Os princípios teóricos que embasaram esta atividade estão pautados na proposta de uma pedagogia histórico-crítica, se utilizando da história da Matemática e das investigações matemáticas em sala de aula. Foram abordados,
como conteúdos específicos, os números do cotidiano. A ideia é que o educando investigue a partir de uma situação aberta de seu cotidiano, portanto, ainda não
totalmente definida, se valendo de fruição e conhecimento científico, se utilize da matemática como uma ferramenta e retorne à sua prática social, com uma nova maneira de agir, adquirida a partir do conteúdo aprendido. Como atividade final
prevista no projeto, os alunos produziram um texto teatral, no qual abordaram questões relativas ao surgimento do dinheiro, sua evolução, o consumo e as
consequências do consumismo no contexto econômico familiar. Esta atividade culminou com a apresentação do teatro para a comunidade escolar. Os resultados obtidos foram favoráveis para a aprendizagem de Matemática, tendo como uma das
inferências também, maior planejamento de gastos, administração do dinheiro e colaboração na organização do orçamento familiar.
1 Especialização em Administração e Planejamento de Sistemas Educacionais – UNIPAR,
Graduação em Ciências Matemática – FECIVEL, atua como docente na disciplina de Matemática no Colégio Estadual Marquês de Paranaguá – EFMP, em Vera Cruz do Oeste – Aluna PDE/2010.
2 Doutorado em Ensino de Ciências e Educação Matemática – UEL, Graduação em
Matemática - UNESP, Mestrado em Educação Matemática – UNESP, atua na UNIOESTE, Departamento de Matemática.
3 Mestrado em Ciências Matemática – UNESP, Graduação em Matemática – UNESP, atua na
UNIOESTE, no Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas.
Palavras-Chave: Números; Economia Familiar; Investigação Matemática em sala de
aula.
Abstract
One of the most common issues faced in mathematics classes is related to students' lack of interest in investigating the situation that requires some research and study to
be resolved, opposing the idea of exercises which, in its resolution, conform a model, previously resolved by the teacher. The aim of this paper, to report an experience of
teaching and learning about the pedagogical practice, implemented in Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE/2010 in a 7th grade classroom of elementary school. The theoretical principles that supported this activity are guided by the
proposal for a historical-critical pedagogy, using the history of mathematics and mathematical investigations in the classroom. Were covered as specific content, the
numbers of daily life. The idea is that the student investigate from an open situation of daily life, therefore, not yet fully defined, taking advantage of enjoyment and scientific knowledge, to use mathematics as a tool and return to their social practice,
with a new way to act, acquired from the content learned. As a final activity under the project, students produced a theatrical text, which addressed issues relating to the
emergence of money, its evolution, consumerism, consumption and economic context within the family. This activity culminated with the presentation the theater for school community. The results were favorable to learning mathematics, having as
one of the inferences also spending more planning, money management and collaboration in the organization the family budget.
Keywords: Numbers, Family Economics; Research.
1 Introdução
Educar é preciso
Não será pequena a diferença, então, se formamos nossos hábitos de uma maneira ou de outra desde a nossa infância; ao contrário, ela será muito grande, ou melhor, ela será decisiva.
Aristóteles
Este artigo relata os resultados obtidos nas atividades desenvolvidas durante
a implementação da Produção Didático-Pedagógica, sendo que este trabalho foi
elaborado durante o primeiro ano de Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE – 2010.
O principal enfoque deste trabalho surgiu da necessidade de buscar
alternativas metodológicas para o ensino de Matemática, por meio do conteúdo
Números, uma vez que, no âmbito escolar, é comum ouvir que os alunos não
gostam de calcular, não sabem interpretar as questões de matemática básica do dia
a dia em sala de aula e, tampouco, compreendem os cálculos utilizados nas mais
diversas situações-problema cotidianas. Provavelmente, isso se deva ao fato de que
os conteúdos desenvolvidos nas aulas, muitas vezes, se encontram desvinculados
da prática diária do educando e “[...] nenhum aluno pode se interessar por qualquer
coisa que não veja algum elemento que lhe satisfaça ou aguce a curiosidade”
(ÁVILA, 1993, p. 3).
Partimos do que o Prof. Elon Lages Lima sempre defendeu, “todo professor
deve saber muito mais do que vai ensinar [...] o ensino elementar da matemática,
deve temperar de maneira equilibrada a conceituação, a manipulação e as
aplicações” (LIMA, 2009, p. 2).
Experiências bem sucedidas do professor com o conhecimento, conteúdo
que ensina, têm um papel importante na sala de aula, e se reflete no dia a dia do
aluno, em sua formação. Sendo assim, um professor que sempre procura
demonstrar uma “certa curiosidade” no que vai ensinar, transmi tir, o desejo de
conhecer, de aprender, de pesquisar, de estar sempre em busca de responder as
questões que surgem na vida escolar como na vida em comunidade, pode contribuir
para a desmistificação de que a “Matemática é a disciplina do horror, e que não é
possível relacionar o que se aprende nela com situações do cotidiano”.
O mundo sofrendo constantes mudanças e uma delas é o grande e rápido
avanço no desenvolvimento das tecnologias: máquinas de calcular, computadores,
internet, dentre outras, contribuem muito para estas mudanças. Todas estas
inovações tecnológicas já fazem parte do nosso cotidiano, e estão relacionadas ao
conhecimento matemático, se sustentam na Matemática.
Por isto, acreditamos que o ensino da Matemática será cada vez mais
necessário. Haverá um aumento na expectativa de que mais pessoas dominem o
corpo teórico da Matemática, e mais pessoas sejam capazes de ensiná -lo. Isso
refletirá em um enfoque maior à capacitação dos professores, na busca de novos
conhecimentos, e de experiências entre os educadores. Já é possível notarmos que
a Educação do nosso país tem tomado novos rumos, com uma grande preocupação
em relação ao ensino da Matemática.
Consideramos uma vez que para muitos, ela ainda é considerada uma
ciência distante da realidade, à parte do cotidiano. Este é o grande paradoxo da
Matemática, apesar de vivermos em um mundo totalmente sustentado por ela, são
muito raras as pessoas que conseguem mostram esta relação, ela é sempre dita que
existe, mas explicada ou mostrada de maneira totalmente superficial.
A Matemática desenvolveu-se ao longo dos anos de tal maneira que hoje
tem seus próprios desafios e problemas. No entanto, muitos deles, difíceis de
perceber uma relação direta e imediata com situações “reais”.
Em pleno século XXI, não podemos deixar de argumentar que essa ciência
está presente na vida de qualquer cidadão, e que ela pode nos ajudar a
compreender as transformações que constantemente e rapidamente acontecem no
mundo atual. Ter conhecimento sobre essa disciplina pode fazer muita diferença na
vida pessoal, familiar, na vida da comunidade e no contexto social em que se está
inserido.
Durante muito tempo, o ensino da Matemática ocorreu de forma
desvinculada da realidade do estudante, e não era considerado primordial um ensino
capaz de estabelecer relações com a vivência do aluno. No entanto, hoje, a
expectativa é de demonstrar para o aluno que há possibilidades de aplicar, muitos
conhecimentos matemáticos, de forma interessante, e espera-se, com esta atitude,
aguçar a vontade de aprender, instigar até um lado investigador, desenvolvendo e
aprofundando certos conteúdos da Matemática.
Percebermos que os números nos cercam, e é muito importante saber
sempre um pouco mais sobre eles, que dependemos deles para ter uma vida
melhor, mais digna. Um exemplo disso é a necessidade de um conhecimento sobre
eles para identificar situações enganosas, como de uma falsa promoção, na qual
está embutida a “falsa ideia de um juro pequeno, que é me lhor sempre comprar à
prazo do que à vista”, iludindo o comprador com uma ideia que fica subentendida
nos anúncios promocionais. Sabendo que isso nunca é veiculado de maneira
esclarecedora para o consumidor.
Um aspecto tratado, foi que devemos nos lembrar que, para o tipo de
compra à prazo, temos que analisar o custo/benefício, se é uma necessidade
urgente ou se é, simplesmente, um desejo, um capricho, o qual poderia esperar um
pouco, até que fosse possível guardar o dinheiro para adquirir o produto em questão
à vista.
Pressupomos ser relevante e imprescindível relacionar a teoria com a
prática, uma vez que esta proporcionará aos alunos uma leitura do mundo que o
cerca, contribuindo na formação de um cidadão conhecedor e crítico, possibilitando
assim uma melhoria da capacidade de “ler” o mundo que o cerca e da habilidade
interpretativa das situações-problema do dia a dia.
Além de fazerem parte dos conteúdos estruturantes contemplados nas
Diretrizes Curriculares, os Números, em suas representações e comparações, têm
um lugar de destaque na matemática escolar, assim como no dia a dia de qualquer
pessoa (PARANÁ, 2008).
A proposta de apresentar aos educandos a importância de um conhecimento
mais aprofundado da Aritmética ramo da Matemática que se preocupa com o
estudo dos “[...] números, suas propriedades e transformações” (TAHAN, 2004, p.
81); surgiu em função de oferecer conhecimentos mais específicos em relação à
Educação Financeira, aliando a teoria à prática presente no cotidiano.
Buscando uma conscientização social e um conhecimento aplicável em
situações diárias, para que o estudante se habilite a viver de forma mais saudável,
equilibrada e responsável em relação às suas finanças.
Lins e Gimenez (1997, p. 25) afirmam que os números são: “[...] objetos
abstratos, que se aplicam aos objetos concretos com os quais se quer lidar”. É,
portanto, necessário compreender que os números não se encontram isolados, mas
que estão incorporados em contextos articulados com os demais conteúdos da
Matemática e das demais ciências.
Sendo assim, acreditamos que o aprendizado se efetiva quando se oferece
estratégias que possibilitam ao educando atribuir sentido e construir significado às
idéias, possibilitando que se faça uma leitura do meio em que está inserido. Nesse
sentido, Gasparin (2009) coloca que “[...] a responsabilidade do professor aumentou,
assim como a do aluno. Ambos são coautores do processo ensino-aprendizagem.
Juntos devem descobrir a que servem os conteúdos científico-culturais propostos
pela escola”.
A Educação é fundamental a qualquer ser humano. Precisamos educar
nossas crianças, nossos jovens, para que possam ser adultos equilibrados,
sensatos, e procurem sempre agir com ética. Nesse sentido, Pitágoras de Samos,
que viveu entre 582 a.C. a 496 a.C., filósofo e matemático grego, comentou: “Educai
as crianças e não será preciso castigar os homens” (D`AQUINO, 2008).
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática do Paraná de
2008 consideram relevantes desenvolver os conteúdos numa prática docente
fundamentada nas tendências metodológicas: modelagem matemática; história da
matemática; etnomatemática; mídias tecnológicas resolução de problemas e
investigações matemáticas, uma vez que estas permitem a abordagem do conteúdo
de maneira articulada (PARANÁ, 2008).
A Educação Matemática oferece possibilidades de envolver a educação
escolar e Educação Financeira. Buscamos nas tendências da Educação Matemática
aquelas que pudessem contribuir para uma aprendizagem mais próxima com a
realidade dos alunos, de forma mais dinâmica e crítica. Buscamos metodologias de
ensino de Matemática visando formar um estudante agente transformador do meio
no qual está inserido.
O ensino de Matemática possibilita oportunidades para o desenvolvimento
do pensamento matemático, para a troca de ideias e descobertas. Partindo da
investigação, do querer e da necessidade, disponibilizamos aos alunos
questionamentos e possíveis respostas aos desafios do dia a dia, aplicando os
conhecimentos adquiridos na vida escolar, na sua vida familiar e na vida em
comunidade.
2 Para uma investigação matemática crítica
Com a popularização do ensino, o processo de ensino e aprendizagem da
Matemática foi se mostrando muito abstrato, cansativo e sem “grandes significados”,
sem sentido para a maioria dos educandos. O ensino desta disciplina, por um longo
tempo, ocorreu de maneira despreocupada com a vinculação ao cotidiano dos
estudantes, o que pode ter corroborado para tornar o processo de ensino e
aprendizagem em algo desinteressante. Experiências bem sucedidas, tanto na
sala de aula, quanto no dia a dia, podem contribuir para a desmistificação de que a
“Matemática é a disciplina do horror”, que não é possível relacionar o que se
aprende com situações do cotidiano.
A Matemática, para muitos, ainda é considerada uma ciência distante da
realidade, à parte do cotidiano, mesmo permeando muitas ou, por que não dizer,
todas as áreas do conhecimento.
Os professores de Matemática vêm buscando, já há algum tempo,
metodologias diferenciadas que os desprenda da abordagem tradicional,
acreditando ser relevante relacionar a teoria com a prática, uma vez que esta
proporcionará uma leitura do mundo que o cerca. A Matemática é uma das
disciplinas que possibilita o desenvolvimento do pensamento lógico, contribuindo na
formação de um cidadão conhecedor e crítico, propiciando assim um conhecimento
numa perspectiva de totalidade.
Fomos buscar os princípios teóricos norteadores deste trabalho nas
Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática do Paraná de 2008 e,
encontramos a sugestão, para a prática docente, das tendências metodológicas da
Educação Matemática. Apesar de refletirmos que, quando aplicadas ao ensino e
aprendizagem, elas podem se misturar, consideramos que neste trabalho, nos
apoiamos na História da Matemática, na pedagogia histórico-crítica, nas
investigações matemáticas em sala de aula e na interdisciplinaridade.
Com vistas a adotar uma perspectiva crítica, tomamos como embasamento
metodologias pedagógicas que condizem com os procedimentos de uma didática
para a pedagogia histórico-crítica, segundo a qual, aprender consiste em oferecer
estratégias que possibilitam ao aluno atribuir sentido e construir significado às ideias.
De acordo com Gasparin (2009), a proposta de trabalho prática-teoria-
prática divide-se em 5 passos, tendo cada um o objetivo de estimular o aluno na
aprendizagem, e com ela, o estudante seja capaz de atribuir significado para
situações de seu dia a dia, coerente com os conteúdos matemáticos estudados.
Assim, o conhecimento que o educando traz do cotidiano é fundamental nesse
processo de ensino e de aprendizagem, pois esse conhecimento prático, quando
integrado ao conhecimento científico, possibilita retornar à sua prática social,
permitindo agir sob uma nova óptica a partir do conteúdo aprendido.
Em função disso, as estratégias de ações foram desenvolvidas tendo
como referencial teórico o método dialético prática-teoria-prática. Sendo este
pautado na pedagogia histórico-crítica, uti lizando-se os cinco passos sugeridos por
Gasparin (2009) que são: prática social inicial; problematização; instrumentalização;
catarse e prática social final.
A viabilização destas etapas ocorreu por meio de questionamentos, de
atividades e de textos, com a intenção de oferecer aos alunos situações
diferenciadas para desenvolverem o conteúdo estruturante Número. Procuramos
seguir os cinco passos que o autor Gasparin (2009) sugere na proposta da
investigação da educação financeira, mas não seguimos-os exatamente em cada
etapa especificamente. Tais fundamentações tiveram como objetivo associar o
conteúdo a uma dimensão teórico-prático, sempre numa perspectiva de
transformação social, por meio do processo de ensino-aprendizagem.
Partindo dessa premissa, foi proposta a prática pedagógica de o aluno
investigue a partir de uma situação aberta, na qual não está totalmente definida,
permitindo aos educandos levantarem hipóteses, conjecturas, dialogarem entre eles
e com o educador, registrando suas idéias, análises e verificando-as de acordo com
os conteúdos propostos. É importante que o aluno tenha uma participação ativa na
formulação das questões propostas, sempre recorrendo aos conceitos já estudados.
A mediação do professor é fundamental nesse processo, segundo a
literatura, a realização de uma investigação matemática envolve quatro momentos: o
reconhecimento da situação, sua exploração preliminar e a formulação de questões;
formulação de conjecturas; realização de testes e o refinamento das conjecturas e
argumentação, demonstração e avaliação do trabalho (PONTE, 2003).
Numa aula de investigação matemática, tal como em qualquer outra, o
desenvolvimento das atividades depende, em boa medida, da forma como o
professor direciona as interrogativas, convidando o aluno a agir como um
matemático, uma vez que permite a ele formular conjecturas a respeito do que se
está investigando (PONTE, 2003).
O professor então deverá ser um articulador no processo de ensino e
aprendizagem, no qual ele possa rever suas práticas pedagógicas, utilizando a visão
de mundo do aluno, suas opções diante da vida, da história e do cotidiano.
Possibilitando sempre aos educandos ampliar seus horizontes, de maneira que
estes exerçam efetivamente a sua cidadania, sabendo que participam de uma
sociedade pensante, ativa e crítica.
A Unidade Didática foi produzida no período do primeiro semestre de 2011,
tendo por objetivo embasar uma intervenção no cotidiano escolar, sendo composta
por um único tema, contendo atividades direcionadas para os educandos.
Os Conteúdos Estruturantes propostos nas DCEs, para a Educação Básica
da Rede Pública Estadual são: - Números e Álgebra; - Grandezas e Medidas; -
Geometrias; - Funções e Tratamento da Informação (PARANÁ, 2008).
Dentre esses conteúdos propostos, para que os objetivos fossem
alcançados, por meio dos números, números fracionários, números decimais,
proporcionalidade, sistema monetário e matemática financeira, desenvolvemos as
seguintes ações:
- realizamos um diagnóstico junto aos alunos com a intenção de investigar o
conhecimento deles quanto aos números presentes no cotidiano, economia
financeira e a importância de utilizá-los como ferramenta na resolução de situações-
problema existentes em sua sociedade, fazendo a relação teoria e prática numa
perspectiva crítica.
- em seguida, efetivamos uma análise das expectativas dos alunos quanto
ao conhecimento da “aritmética-número”, com explanação oral e visual, ressaltando
sobre a importância de conhecer “os números do cotidiano”, de maneira a ser capaz
de aplicar tais conhecimentos na sociedade em que vivem, sendo agentes
transformadores. Nesta etapa, em sala de aula utilizamos recursos áudios-visuais,
foi exibido o filme Nature by numbers, dentre outros. Propiciando ao aluno uma
maior compreensão desse conteúdo, também disponibilizamos várias fontes de
pesquisas (na web e em livros) para eles obterem as informações essenciais para o
seu conhecimento em relação à história do surgimento dos números; a importância
deles na nossa vida; a classificação (ordenação) dos números. Dessa forma, colocar
em prática o conhecimento do seu dia a dia associando economia e matemática de
forma interdisciplinar.
- propomos também, trabalho na forma de uma pesquisa em grupo (na web,
em jornais, em revistas e em livros) sobre as consequências do uso abusivo ou
indiscriminado do dinheiro, como por exemplo: compra a prazo, pagando altos juros,
empréstimos, comprar só por consumismo. Vale ressaltar que os alunos
apresentaram seus trabalhos em sala de aula, em um grande grupo, no qual todos
deram a sua contribuição em relação ao que foi apresentado, por meio de
questionamentos, críticas e análises sobre o conteúdo. Assim, compartilharam com
os seus colegas os conhecimentos já adquiridos.
- Para socialização do projeto em questão com demais membros da
comunidade escolar, os alunos com a colaboração da professora de Arte e
orientação da professora deste projeto produziram uma peça teatral abordando
aspectos relativos ao surgimento do dinheiro, compras cotidianas necessárias e
supérfluas e economia familiar.
3 Implementação
Primeiramente foi elaborado um projeto, o qual foi detalhado em um plano
de trabalho, por meio da elaboração de uma Produção Didático-Pedagógica que,
segundo Zabala (1998, p. 18) significa: “um conjunto ordenado de atividades,
estruturadas e articuladas para a consecução de um objetivo educativo em relação a
um conteúdo especifico”. A sua concretização, desenvolvimento ocorreu durante o
segundo semestre do ano letivo de 2011, com os alunos do 7º ano do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual Marquês de Paranaguá - EFMP.
Na sua viabilização foram uti lizados vários recursos no desenvolvimento do
tema, como: internet, TV pen drive, data show, materiais impressos, livros didáticos
e paradidáticos.
Sabe-se que, de um modo geral, a utilização de práticas metodológicas
diferenciadas em sala de aula, visa atender, atualmente, as exigências
contemporâneas, uma vez que estas permitem a obtenção de muitos resultados
positivos, criando facilidades para atingir os objetivos propostos e oportunizando a
realização de atividades em seu momento devido.
Considerando, que esta proposta necessitava adotar metodologias
diferenciadas, e que, muitas vezes, no dia a dia escolar, não se consegue utilizá-las,
este trabalho foi aplicado em contra turno aos educandos público-alvo da
intervenção.
As atividades propostas na produção didático-pedagógica foram
reproduzidas e utilizadas amplamente por nós, educadores, e pelos educandos,
sendo que estes materiais serviram para instigar os alunos a participarem das
discussões realizadas em sala de aula em torno do conteúdo proposto os números
do dia a dia.
O ponto de partida para a implementação do projeto ocorreu por meio de
uma sondagem diagnóstica, realizada oralmente com os alunos para aferir seus
conhecimentos e instigá-los a utilizarem o senso crítico. Com isso, esperava-se
propiciar oportunidades para que eles repensassem suas ações diárias, o que pode
contribuir com a mudança de atitudes a respeito de uma aplicação da racionalidade
crítica no seu cotidiano.
Em seguida, foi entregue uma ilustração impressa com números do dia a
dia, nos quais os educandos puderam estabelecer relações entre os números e
situações vivenciadas, conforme planejado e exposto na produção didático-
pedagógica.
Quando da apresentação no meu GTR-2011, a professora A participante,
comentou: “Acredito em seu projeto, e que é de extrema importância não só para a
escola pública, mas sim para toda a educação. Gostei da forma como estruturou o
projeto, pois buscou primeiramente analisar o contexto dos educandos, para
diagnosticar a situação dos mesmos. Em seguida vieram às ações para a educação
financeira, com o objetivo de conscientizar os indivíduos sobre a importância de se
conhecer os gastos e mecanismos para minimizá-los e finalmente veio a exposição
dos resultados de seu trabalho. Dentre as ações, achei que todas são de extrema
utilidade e importantes para o projeto, mas gostaria de destacar a primeira que diz
respeito à sondagem diagnóstica, pois a construção de uma base sólida é o que
determinará o sucesso do projeto. Por isso, é importante verificar os conhecimentos
que os alunos possuem as percepções dos mesmos em relação ao conteúdo e a
associação que fazem com situações que defrontam diariamente, seja ao pagar uma
conta, adquirir um bem, observar formas de pagamento, entre as demais que a
professora citou. Ao possuirmos em mãos essa base, poderemos assim, abordar
com maior eficiência e conseguiremos sanar a defasagem de conhecimento de
nossos alunos”.
Esta atividade possibilitou uma gama de questionamentos, cada aluno falou
o que conhecia a respeito do assunto e como agiam diante das situações cotidianas,
e também fizeram comentários de como a família se posicionava em relação aos
números presentes no dia a dia interligados à economia financeira familiar.
Após analisar os questionamentos realizados, fizemos uma explanação
sobre os números, a origem da noção dos números entre os seres humanos, o início
de contagem, os tipos de representação numérica, os sistemas numéricos, sistema
monetário, história do dinheiro e educação financeira geral e familiar.
Utilizamos também, vídeos sobre esses assuntos por meio do multimídia, e
textos relacionados aos mesmos. Comentamos sobre a necessidade de aprender a
poupar, fazer pesquisas de preço, diferenciar necessidade de desejo, aplicar a
matemática financeira na vida. Falamos também sobre juros, o valor e a moeda,
entre outros e como a maioria das pessoas vivem atualmente, nesse mundo
capitalista.
Em seguida, levamos os alunos o laboratório de informática para lerem
alguns textos disponibilizados na pasta do professor sobre os assuntos explanados
e também fazerem pesquisas sobre o conteúdo discutido. Porém, a maioria dos
educandos apresentou dificuldades com relação ao manuseio dos computadores.
O acesso à pasta do professor gerou algumas dificuldades, prejudicando
inicialmente o andamento das atividades propostas. Foi possível perceber que
muitos alunos têm limitações em relação à utilização dos computadores para esse
fim. Apesar desses contratempos, a identificação dos números do dia a dia trouxe
para os alunos muita curiosidade, pelo fato deles não fazerem correlação entre os
números e a sua vida diária.
Propiciamos mais um momento para eles levantarem suas dúvidas com
relação à educação financeira, aos números utilizados na vida cotidiana.
Surpreendemo-nos ao perceber que muitos dos alunos não sabiam o significado de
“tomada de preço”. Como por exemplo, o caso de uma aluna que questionou o
significado de “tomada de preço”. Como assim, professora? O que é isso?
Dessa forma, foi questionada para a aluna se sabia o que significava
“pesquisa de preço”, se ela não a praticava. A aluna, prontamente respondeu:
Porque e para quê eu vou fazer uma pesquisa de preço? Se eu for a uma loja e vejo
uma calça que gosto, eu simplesmente compro! Foi argumentado com ela o fato de
que o mesmo produto poderia ser adquirido em outra loja por valor menor, mas ela
se manteve intransigente. Nesse momento, muitos alunos se indignaram com a
resposta dessa aluna, e começaram a participar da discussão e percebemos que
muitos não possuíam o hábito de questionar e investigar as situações de compra e
venda por eles vivenciadas. Porém, essa discussão permitiu que eles refletissem e
avaliassem suas atitudes com alguns elementos matemáticos.
Eles não estavam habituados a colocar em prática conceitos aprendidos em
sala de aula como descontos, juros, porcentagem e regra de três, dentre outros.
Conforme as dúvidas eram levantadas, ou se deixavam perceber, eram
conceituadas e questionadas. Procuramos fazer com que eles percebessem, na
medida do possível, a importância de se aplicar o conhecimento adquirido na vida
escolar, familiar e em comunidade.
A professora B, participante do meu GTR-2011, destacou a importância
desta atividade do seu ponto de vista: “Das ações propostas eu destaco da 1ª etapa
a atividade 2 que vai fazer com que o aluno reflita um pouco sobre o que acontece
em sua casa, nas compras que são realizadas, o que pode ser mudado ou
melhorado. E possivelmente fazer com que tenha mudança de atitudes e comece
então a observar determinados itens, que até então não eram observados. Já que é
nosso objetivo fazer com que o aluno tenha mudança no seu comportamento e
posteriormente na sua prática, podemos proporcionar atividades desse tipo que
incentivam ele a pensar em: promoções - realizar cálculos para verificar se
realmente é promoção ou apenas enganação ; fazer tomadas de preço - identificar a
diferença de preço de um lugar para outro e escolher a melhor opção; pedir
descontos - procurar fazer compras a vista e com isso pedir descontos; poupar de
que forma costuma economizar o dinheiro que ganha dos pais e outros ainda que
podem ser por eles destacados”.
A troca de experiências, como a que ocorreu com a professora acima,
fortalece e enriquece nosso repertório de atividades.
Assistimos filmes e vídeos sobre a origem dos números, a natureza dos
números, a história do dinheiro, sobre consumo adequado e as consequências do
consumismo inadequado, para realizarmos atividades propostas referentes ao
mesmo.
Também tivemos um momento para debatermos sobre os vídeos assistidos.
Em seguida, os alunos produziram vários cartazes sobre os conteúdos relacionando
os números às situações pertinentes da Educação Financeira e apresentaram esses
cartazes aos demais colegas. Depois fizeram a exposição deles no Colégio.
Percebeu-se grande satisfação e entusiasmo com os trabalhos realizados por eles.
Ao ler um desses cartazes uma professora do Colégio disse: preciso conhecer mais
sobre a Educação Financeira, pois ainda não possuo o hábito de economizar.
Depois da exibição de filmes e vídeos começamos a fazer a leitura de textos
informativos, exercícios de interpretação, atividades escritas individuais e em grupos,
analisamos algumas planilhas domésticas e depois cada aluno organizou uma
planilha familiar, procurando sempre fazer de acordo com a sua realidade, para essa
atividade eles tiveram a colaboração de seus familiares.
Em seguida também foram propostas situações-problema envolvendo os
números racionais e a matemática financeira para colocar em prática o que
aprenderam. Fizemos um bolo e analisamos o seu custo, bem como os números
presentes na receita, contextualizando assim o conteúdo sobre frações, como por
exemplo: proporcionalidade, tipos de frações, equivalência.
Montamos uma peça teatral, sendo que o texto desta foi escrita pelos
educandos de acordo com o conhecimento que os mesmos iam adquirindo no
decorrer da implementação deste projeto.
Nessa atividade tivemos a colaboração da professora de Artes, sendo que
ela também orientou sobre as escolhas do figurino, sobre o cenário e sobre o texto
produzido. Os educandos foram divididos em grupos, sendo formados 3 grupos, e
cada grupo se responsabilizou em produzir um texto referente ao seu tema, o que
originou um roteiro de uma peça teatral, composta por três atos, sendo eles: Troca
de mercadorias; A História do dinheiro e Os tempos Modernos. Eles escreveram a
peça teatral, após realizarem pesquisas relacionadas com a história, surgimento do
dinheiro e investigações sobre a importância de se fazer um planejamento, bem
como de se poupar. Assim inventaram uma história dando origem à peça teatral,
criaram os personagens e definiram os atores para cada ato. Todos os alunos foram
envolvidos nessa atividade.
Essa peça teatral eles apresentaram para a comunidade escolar no colégio,
tendo grande repercussão entre todos que se encontravam presentes, muitos
disseram o quanto foi importante abordar esse assunto relacionado à Educação
Financeira. Alguns ainda disseram que a partir do que ouviram e assistiram
procurariam ter novas atitudes em relação ao orçamento familiar. A professora C,
participante do meu GTR-2011, citou: “Em relação às atividades propostas, achei
todas interessantes, pois uma complementa a outra. Gostaria de destacar a
atividade nº 9, pois foge a rotina das aulas de Matemática e ainda envolve a
disciplina de Artes. Apesar de exigir mais do professor para sua aplicação, nesta
atividade o aluno poderá assimilar ainda mais o conteúdo”.
Para encerrar os encontros fizemos reflexão acerca da viabilidade da
proposta do trabalho. Foi gratificante ouvir que estavam com pena que estivesse
terminando, ou que foram poucas aulas. Além disso, comentaram também sobre
tudo o que aprenderam.
Ao final das discussões organizamos um recreio financeiro, no qual os
alunos venderam salgados, doces, sucos, para colocarem em prática o
conhecimento adquirido sobre: lucro, ganho, prejuízo, receita, saída e capital; dentre
outros aspectos de uma pequena empresa.
Nesse sentido, os alunos puderam vivenciar situações mais relacionadas ao
empreendedorismo, podendo se aprofundar mais do que no teatro, com tópicos
específicos da matemática financeira bem como a educação financeira, presente no
comércio, em situações de compra e venda. Com o lucro obtido nesse recreio
fomos a uma sorveteria e dividimos o lucro entre todos, por meio do consumo de
lanches e sorvetes. Assim, fechamos as atividades, propiciando um momento de
lazer e conhecimento a todos os participantes.
A abordagem investigativa norteou a prática em sala de aula. No início, os
educandos tiveram certa dificuldade para resolver as atividades. Pudemos perceber
que isto ocorreu devido à dificuldade de compreenderem a proposta de trabalho nas
investigações matemáticas, pois muitos estão acostumados a não buscarem suas
próprias descobertas, considerações, preferem esperar que o professor os
direcionem. A professora D, participante do meu GTR-2011, fez um comentário
relacionado às investigações matemáticas: “Gostaria também de destacar a ação
quatro da página 21, (atividades envolvendo investigações numéricas), pois ela dá
encaminhamentos para se trabalhar o conteúdo estruturante Álgebra e os seus
conteúdos específicos que iniciamos na sexta série, permitindo ao aluno, a partir
desse conhecimento, fazer abstrações e generalizações. Gosto muito de trabalhar
com atividades como esta, pois à medida que o aluno, por meio das representações
vai analisando descobrindo a resposta e consequentemente consegue relacionar o
conteúdo com situações práticas, sendo capaz de sistematizar o que aprende ou
ficaram na dúvida”.
Foram utilizados alguns recursos metodológicos elevando o fator
motivacional dos alunos, como por exemplo, a ajuda mútua entre eles e a utilização
das mídias tecnológicas.
Além disso, as atividades desenvolvidas durante a aplicação do projeto de
intervenção envolveram os alunos durante toda a realização do mesmo. Elas
possibilitaram um envolvimento maior dos alunos no processo de construção do seu
conhecimento matemático, contribuindo, dessa forma, para o seu crescimento como
cidadãos.
De acordo com as considerações dos educandos, eles disseram que a
abordagem desse tema contribuiu, de forma significativa, na ampliação do horizonte
de expectativas deles e também de seus familiares. Pois, por meio deste tema,
foram propiciados certos conhecimentos na descoberta de novas maneiras de ler,
interpretar e compreender a realidade em que estão inseridos, consequentemente,
possibilitando uma vida equilibrada, saudável e prazerosa.
Essa prática favoreceu o desejo de aprender dos alunos, uma vez que eles
puderam compreender que a Matemática está presente em nossas vidas, sendo
esta de maneira simples ou complexa, outorgando-lhes responsabilidades e
autonomia no processo ensino e aprendizagem. Observamos que essa ação levou
educandos, normalmente inseguros, tímidos e pouco participativos, a desenvolverem
a comunicação oral: levou-os a opinar sobre os diversos assuntos e participar das
atividades propostas, utilizando-se da matemática escolar para irem à busca da
racionalidade na economia pessoal e familiar. A professora E, participante do meu
GTR-2011, tece considerações de que: “a matemática está presente em todas as
nossas ações, e esse projeto mostra para os educandos a importância em
economizar, despertando o gosto pelo cálculo e aliando a teoria prática e teoria,
para que ele saiba utilizar seus conhecimentos matemáticos em problemas práticos”.
Durante a implementação do projeto em sala de aula, os professores
PDE/2010, concomitantemente foram tutores do GTR - Grupo de Trabalho em Rede,
que ocorreu de forma virtual a partir de outubro de 2011. Aos professores da rede
Estadual de Ensino participantes do GTR, foi sugerido que analisassem e
aplicassem dentro do possível o material pedagógico apresentado em suas
respectivas aulas virtuais.
Foram disponibilizados o projeto e o material didático como fontes de
leituras. Questionamentos foram feitos para o enriquecimento do trabalho que estava
sendo realizado entre o tutor e alunos e entre os alunos. De acordo com os
comentários realizados, muitas opiniões e sugestões de colegas foram
acrescentadas sobre pontos positivos e negativos presentes no trabalho em
discussão.
4 Considerações Finais
O interesse em produzir o material didático, envolvendo Investigações
matemáticas em sala de aula e educação financeira com o tema e o título
relacionado aos números presentes no dia a dia e à busca pela racionalidade na
economia familiar foi motivado em decorrência da necessidade em abordar a teoria e
a prática, uma vez que estas estão em consonância com a proposta do ensino das
escolas públicas.
Os princípios teóricos norteadores deste trabalho foram pautados nas
Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática (DCE) do Paraná (2008)
e, portanto, a prática docente se fundamentou por meio das investigações
matemáticas associando-as à educação financeira, com um apoio da História da
Matemática e na perspectiva da pedagogia histórico-crítica.
Para a concretização das atividades propostas dentro do Programa de
Desenvolvimento Educacional - PDE foram dois anos de estudos, leituras,
pesquisas, discussões e práticas. Ações propostas como estas buscam a
necessidade de um estudo mais aprofundado, possibilitando uma análise mais
crítica para o ensino e aprendizagem, uma vez que oferece subsídios na
compreensão das relações pertinentes entre escola pública, ensino da matemática e
educando.
Neste sentido, a proposta da implementação deste projeto resultou em
apresentarmos aos alunos a importância de um conhecimento mais aprofundado da
aritmética ramo da matemática que se preocupa com o estudo dos “[...] números,
sua propriedades e transformações” (TAHAN, 2004, p. 81); utiliza ndo-se da
educação financeira, presente no cotidiano. Dessa forma buscamos uma
conscientização social, na qual possibilita um conhecimento aplicável em situações
diárias para que o estudante se habilite a viver de forma mais saudável, equilibrada
e responsável em relação às suas finanças; possibilitando aos alunos uma maior
compreensão sobre os números a fim de que saibam utilizá-los de maneira maleável
no seu cotidiano e vejam sob uma nova óptica a aprendizagem da matemática.
Por meio dos resultados obtidos percebemos que este é mais um dos
caminhos viáveis e possíveis que permitem instigar nos alunos o interesse, a
participação, o gosto e a utilização do seu conhecimento escolar no seu dia a dia,
pois possibilita a compreensão de muitos conteúdos propostos, favorecendo um
ensino e aprendizagem significativos.
Desejamos que este trabalho por meio da socialização contribua com todos,
uma vez que foi possibilitado participar desta grata experiência, e dessa forma
estendendo-se aos professores (PDE) e àqueles que acreditam e se interessam
numa prática mais expressiva para o Ensino de Matemática.
Relatamos, a seguir, os pareceres de alguns professores participantes do
GTR 2011 e que orientou e colaborou com nosso trabalho, com suas opiniões e
apreciações, bem como sugestões. As considerações desses estão de acordo com
as disponibilizadas dentro do ambiente virtual, assim como o original:
Tabela 1
Professor GTR – 1 Última edição: domingo, 23 outubro 2011, 20:43
Analisando sua Proposta Didático Pedagógica, percebo que é muito
relevante, pois explora além do conteúdo matemático outras situações da
vivência do aluno, de maneira que o envolve a participar como agente que
aprende, socializa e produz o seu conhecimento.
Gostaria de salientar uma parte que achei muito importante, pois segundo
o pensamento de Pitágoras de Samos (582 A.C. - 496 A.C.), “Educai as crianças
e não será preciso castigar os homens". (D' Aquino, 2008). Vemos que ainda
nosso papel como educadores está em alta, pois grande parte da nossa
sociedade tem encontrado na escola um lugar onde não se prima apenas por
vencer conteúdos, listas de exercícios, trabalhos e mais trabalhos, mas que se
dedica a educação do ser humano na sua totalidade, para que ele seja capaz de
por em prática aquilo que aprendeu na escola.
Sobre as atividades que estão listadas nessa produção, quero comentar
que de maneira geral elas evidenciam a sua preocupação em garantir aos alunos
uma aprendizagem que esteja relacionada à sua realidade, mas que não fique
presa somente a ela, que possa ir além, que propicie a transformação da
realidade social.
Além desses aspectos, é notório que todas as atividades permeiam
momentos de discussão, de debates, da exploração da oralidade, que muitas
vezes nós como professores de matemática acabamos nos esquecendo desses
momentos, ficando atrelados aos cálculos e a resolução de exercícios que sejam
já exatos, deixando de dar a oportunidade de criação e comprovação das
expectativas do aluno.
Pode-se concluir que há a utilização bem ampla de diversas práticas
envolvendo as tecnologias disponíveis nas escolas de forma a diversificar as
atividades para que estas possam realmente contribuir para o sucesso da
aprendizagem do aluno. Selecionei a atividade número dois da página dezesseis,
pois ela contempla aquilo que eu tinha apontado anteriormente, permitindo ao
aluno o uso da oralidade para opinar, discutir, concordar ou discordar, enfim vai
além, pois explora o conteúdo não apenas como meros exercícios ou problemas
onde o que se esperava era que o aluno fosse capaz apenas de resolver os
cálculos, não oportunizando a eles uma forma diferenciada, contextualizada e
significativa como esta, onde o aluno se desenvolve em conhecimento, pois
precisa utilizar de uma série de saberes que ele vem acumulando ao longo de
seus estudos. Pode-se complementar como sendo uma atividade presente em
sua realidade, percebendo assim a relação que o aluno pode fazer entre a teoria
e prática. Devemos clamar para que essa temática faça parte da grade curricular
e que seja trabalhada de maneira interdisciplinar, pois ela transita por outras
disciplinas com outros enfoques.
Nas minhas, atualmente tenho procurado abordar os conteúdos de forma
diferente da que fazia antes, colocando algumas das propostas que sugerem as
novas tendências. Porém todas as mudanças que acontecem exigem de nós
professores um esforço muito grande, pois nem sempre estamos abertos ou
dispostos para aceitá-las e colocá-las em prática.
Isso só acontece quando verificamos que realmente elas são importantes, pois
possibilitam o desenvolvimento do raciocínio dos educando, mostrando as
aplicações práticas, que muitas vezes nem nós mesmos temos conhecimento se
aquilo que ensinamos é ou não realmente necessário, além do mais, permitindo
que eles possam demonstrar as potencialidades, seus interesses, o
amadurecimento social e autonomia, sendo capazes de agir nas situações da
vida real de maneira satisfatória.
Na leitura e análise que fiz de seu projeto de intervenção pedagógica na
escola, notei que o mesmo está muito bom, pois você demonstra sua
preocupação com a apropriação do aprendizado matemático do aluno, podendo
orientá-lo nesse processo, optando por uma prática que faça a diferença na
realidade dos alunos que serão envolvidos.
Tabela 2
Professor GTR – 2 Última edição: quarta, 19 outubro 2011, 15:48
Hoje temos muitas possibilidades de trabalho com nossos alunos, temos as
mídias, os jogos, as investigações, projetos, entre outras. As atuais tendências da
educação matemática como: a Etnomatemática, a Modelagem Matemática,
Literatura e Matemática, Educação matemática crítica, podem nos ajudar. Todas
essas tendências nos possibilitam fazer um trabalho diversificado e voltado para o
interesse dos alunos e da própria comunidade, como foi o PROJETO DE
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA “COQUETEL DE NÚMEROS NO
DIA A DIA” elaborado pela profª Regina onde vemos a concretização do saber, ou
seja, a aplicação do conhecimento adquirido nas situações da vida dos alunos e
ainda buscado a racionalização de custo, o que leva a o aluno a pensar analisar e
criticar , vejo a proposta como um meio excelente de ensinar, levar o aluno a
pensar e tomar decisões.
Tabela 3
Professor GTR – 3 Última edição: terça, 8 novembro 2011, 13:23
Após realizar a leitura do material, posso dizer que é um trabalho muito
interessante em sua totalidade e pode ser sim implantado em nossas escolas,
fazendo as adaptações conforme o nível da(s) turma(s). Seguindo o que diz
ÁVILA(1993, p.3), "[...] nenhum aluno pode se interessar por qualquer coisa que
não veja algum elemento que lhe satisfaça ou aguce a curiosidade", entendo que
as atividades propostas no material são pertinentes pois estão adequadas à
realidade dos nossos alunos. Achei bem interessante quando você coloca no texto
que nossos alunos podem estar participando do orçamento familiar, dando sua
contribuição. Percebemos que o que acontece atualmente é que os filhos apenas
cobram dos pais, isso, aquilo, aquele outro, mas não contribuem para a economia
familiar e até mesmo nem sabem o que faz parte do orçamento mensal de sua
família. É necessário incutir em nossos alunos uma nova mentalidade para que
saibam discernir aquilo que é realmente necessário e o que eles apenas querem
por que seu colega tem ou viram em alguma propaganda, sem medir os custos e a
necessidade. Fazer com que aprendam a ser um SER humano e não TER
humano conforme está destacado no material produzido. Um dos nossos objetivos
enquanto educadores é o de contribuir na formação crítica de nossos alunos, para
que estes tenham condições de melhorar a sua prática e contribuam com seu
conhecimento para a mudança de sua realidade. Quem de nós não quer aprender
a controlar seus gastos e ter uma vida financeira mais tranquila e responsável.
Aprender a fazer isso com situações reais e relacionadas à suas vidas, trazendo-
lhes benefícios será de grande valia. Assim poderão contribuir com suas famílias
diminuindo os gastos descontrolados e também a inadimplência que tanto nos
assombra hoje. Na atualidade onde o consumismo é incentivado e as condições
de compras facilitadas (vendas a prazo - muitas prestações, cartões de crédito,
cheque pré para 100 dias e outras) precisamos contribuir na formação dos nossos
alunos para que consigam planejar seus gastos e ainda esperar o momento certo
para realizar a compra. Assim poderão estar gastando no que realmente precisam
e economizando para o que desejam conforme cita em sua produção.
Tabela 4
Professor GTR – 4 Última edição: terça, 1 novembro 2011, 14:21
Ao ter conhecimento de sua produção Didático-Pedagógica, conferi um
trabalho de elaboração minuciosa que foi abordado com uma categoria ímpar,
onde é perceptível uma orientação atenta e uma determinação impecável de sua
parte para que pudesse ser tão bem “costurada” ao que determina as Diretrizes
Curriculares Estaduais (DCEs). Logo deixa claro que para essa produção “tempo”
foi à questão chave, pois tudo isso com tamanha qualidade requerem
disponibilidade, pois com dois padrões e/ou aula extras, não é possível pesquisar,
adequar e adaptar tudo com tamanha segurança.
Gostei muito das atividades propostas, como por exemplo, a 1 e a 2, uma
ilustração abrangente e que confirma o título da produção, seguida de
questionamentos simples, porem reflexivos que induzem um repensar do
educando como de seus familiares para a questão das finanças em família. Outra
atividade foi a ação1- Palestra sobre educação financeira, que vem fortalecer as
atividades anteriores citadas, onde envolve um comprometimento familiar dentro
daquilo que os filhos (educandos) estão compartilhando em sala.
Como seria bom se a maioria de nossos alunos pudesse contar com uma
organização familiar para dar sustentabilidade aos conteúdos escolares. A ação 2-
com exibição de filmes e vídeos também é ótima tendo em vista que sai da rotina
quadro de giz, caderno... Podendo até mudar o ambiente quando possível tendo
assim uma aula mais atraente que inclusive o aluno poderá revê-los em sua casa
quando repassado a ele o endereço eletrônico ou coisa do gênero.
Em suma sua produção é 100% aproveitável com condições de aplicação e
certamente com resultados alcançáveis e que certamente alunos e pais
integrantes desde o projeto serão cidadãos com nova mentalidade ou mais polida,
ao se deparar com a situação ligada à Educação Financeira.
Tabela 5
Professor GTR – 5 - domingo, 20 novembro 2011, 10:27
Olá Professora Regina!
Com certeza este projeto é importante, pois além de aprender o conteúdo
estruturante o aluno poderá relacionar e aplicar com o seu cotidiano, e nós
professores sabemos que isto é importante, pois é comum ouvir questionamentos
de nossos alunos sobre a utilização dos conceitos matemáticos em suas vidas.
Este projeto proporciona ao aluno não só o conhecimento, mas na formação de
um senso crítico em relação à economia doméstica. Esta sementinha que você
está semeando hoje poderá dar ótimos frutos no futuro, na formação de cidadãos
críticos e conscientes em relação ao planejamento econômico familiar.
Tabela 6
Professor GTR – 6 - sábado, 19 novembro 2011, 20:53
Olá professora Regina e colegas,
A escola pública precisa e, é merecedora de um projeto desse nível. Às ações
todas são possíveis de implementação por abordarem um tema necessário de
orientações, afinal vivemos na era do consumismo e para tanto, cabe a nós
também educadores contribuir com ações como essas desse projeto, e
certamente veremos que o educando terá em mente que só consumir não é ideal,
antes, porém, será importante refletir.
Tabela 7
Professor GTR – 7 - sexta, 18 novembro 2011, 22:42
Cara Professora Regina
Durante o desenvolvimento de algumas das atividades propostas em sua
produção pude perceber claramente a necessidade de se investir na construção
de conceitos matemáticos relacionados ao cotidiano dos nossos alunos, conforme
seu relato. Muitos deles não conseguem perceber a matemática como algo
inseparável das situações de sua vida, que ela está presente em tudo o que fazem
e os acompanha desde o seu nascimento.
O que precisamos fazer, enquanto educadores é desafiar nossos
alunos com situações problemas e outras atividades, despertando assim seus
interesses para que verifiquem que com seus conhecimentos podem colaborar
para a melhoria das condições financeiras de suas famílias e assim estabelecer a
tão sonhada relação teoria-prática - aprender na escola e aplicar na sua vida.
Quero parabenizá-la pela escolha das atividades. São todas bastante
interessantes e possíveis de serem desenvolvidas em nossas escolas. Podemos
verificar que vão de encontro às necessidades dos nossos educandos contribuindo
na formação dos mesmos em todos os sentidos.
Tabela 8
Professor GTR – 8 - sexta, 18 novembro 2011, 08:34
Olá professora Regina
Não há o que discutir quanto a relevância desse seu projeto para nossas
escolas, pois de maneira muito clara e objetiva você conseguiu entrelaçar os
conteúdos matemáticos com vivência do aluno, dessa forma tenho certeza que
durante a implementação pode confirmar isto,porque como você mesmo citou está
conseguindo atingir seus objetivos e as surpresas só podem ser as melhores: a
participação dos alunos, a aprendizagem dos mesmos e o reconhecimento pelo
seu grande esforço.
O seu trabalho está completo com atividades verdadeiramente capazes
de produzir conhecimento e bons resultados. Gostaria de destacar a ação 4 que
envolve as investigações numéricas. De acordo com seu pensamento as
investigações possibilitam aos alunos poder abstrair esses conceitos após sua
compreensão por meio de tentativas, hipóteses e estratégias.
Como sugestão para o encaminhamento dessa atividade poderiam ser
explorados também os jogos e brincadeiras, que geralmente os autores colocam
em suas coleções, como os desafios com palitos de sorvete e outros, onde se
permite ao aluno desenvolver suas estratégias por meio das tentativas construindo
figuras conforme as sugestões, podendo avançar e criar seus próprios desafios.
É possível citar que quando ensinamos nos colocamos também na posição de
aprender, uma vez que estes são atos correlatos.
5 Referências
ÁVILA, G. O ensino da matemática. Revista do Professor de Matemática, São
Paulo, nº 23, 1º semestre de 1993.
D`AQUINO, C. Educação financeira: como educar seus filhos. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008.
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 5. ed. rev.
Campinas, SP: Autores Associados, 2009.
LIMA, Elon Lages. Editorial. Revista do Professor de Matemática, São Paulo, nº 70,
3º quadrimestre de 2009.
LINS, R. C.; GIMENEZ, J. Perspectivas em aritmética e álgebra para o século XXI.
Campinas, SP: Papirus, 1997.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação – SEED - Diretrizes curriculares da
educação básica para a matemática . Curitiba, PR: SEED, 2008.
PONTE, J. P. da; BROCARDO, J.; OLIVEIRA, H. Investigações matemáticas na
sala de aula. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2003.
TAHAN, Malba. O homem que calculava. 65. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre, RS: Artmed, 1998.