A INCLUSÃO DO ALUNO COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE … · 2017-08-15 ·...
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ISSN 2176-1396
A INCLUSÃO DO ALUNO COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE NOS ANOS FINAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
Silva, Giselli Cristiane da – SEED - PR1
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Eixo: Psicopedagogia, Educação Especial e Inclusão
Resumo
Este trabalho tem como objetivo analisar a proposta pedagógica realizada do Atendimento
Educacional Especializado na Sala de Recursos Multifuncional com os alunos regularmente
matriculados nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, em uma escola pública
do Estado do Paraná. Bem como analisar a demanda de atendimento nos anos de 2015 e 2016
no Colégio Estadual Visconde de Guarapuava – EFMN e a importância do atendimento no
desenvolvimento acadêmico dos alunos. A pesquisa ocorreu também a partir de levantamentos
bibliográficos, Benczick (2013), Rohde & Benczik (1999) e Cypel (2010) são os principais
autores que fundamentam esta pesquisa. A presente pesquisa qualitativa levantou informações
sobre o trabalho pedagógico desenvolvido na Sala de Recursos Multifuncional, e suas
contribuições no processo de inclusão dos alunos com Transtornos Funcionais Específicos, no
caso desta pesquisa, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. O trabalho também
possibilitou apontar as normas para o atendimento especializado, profissionais capacitados,
recursos pedagógicos adequados, levando em consideração às crianças e/ou adolescentes que
serão atendidos. As atividades pedagógicas desenvolvidas durante os atendimentos, devem
propiciar aos alunos estímulos a atenção, a memória, ao raciocínio lógico, planejamento,
estratégia, organização das idéias, o convívio social, entre outros aspectos. O atendimento
especializado na Sala de Recursos Multifuncional visa romper com a visão conservadora de
educação, como somente um espaço para o tratamento às doenças ou passatempo, mas como
um local descontraído de aprendizagens e trocas de experiências e vivências um espaço onde
possa oportunizar ao aluno estimular as suas potencialidades, bem como garantir o processo
inclusivo.
Palavras-chave: TDAH. Inclusão. Práticas Educativas.
Introdução 1Mestra em Educação pela PUC/PR, Especialista em Educação Especial Inclusiva, Pedagoga, professora
colaboradora no Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro Oeste- Unicentro e professora
QPM no Colégio Estadual Visconde de Guarapuava Ensino Médio e Normal.
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As crianças que apresentam o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade podem
exibir características as quais muitas vezes comprometem o processo de aprendizagem escolar,
na maioria das vezes os alunos demonstram dificuldade em manter a atenção em tarefas e até
mesmo em atividades lúdicas, as quais necessitam de concentração para a sua realização,
podendo levar a dificuldade na aprendizagem.
Outro fator a ser considerado, é que o aluno que apresenta o transtorno facilmente se
dispersa, não conseguindo dedicar-se em qualquer tipo de tarefa por muito tempo, apresentam
muitas vezes dificuldades em seguir ordens e dificilmente conseguem terminar uma atividade
por completo.
Muitas crianças têm dificuldade em brincar em silêncio, falam excessivamente e perdem
itens com facilidade. As crianças que apresentam o Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade muitas vezes são confundidas com aqueles alunos com problemas de
indisciplina na escola por apresentarem tais comportamentos.
Rohde & Benczik (1999), relatam que o Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade é tido como mais comum em meninos, pois neles desenvolve-se mais os
sintomas de hiperatividade, enquanto nas meninas o que predomina são os sintomas de
desatenção.
Conforme diz Rohde & Benczik (1999, p. 45):
Autores indicam uma maior incidência na população masculina. Segundo pesquisas
recentes, a proporção meninos/meninas é no máximo de dois meninos para cada
menina com TDAH. A razão da diferença na proporção de meninos/meninas entre
os estudos antigos e recentes é simples: as meninas tendem a apresentar mais TDAH
com predomínio de sintomas de desatenção; portanto, incomodam menos na escola
e em casa do que os meninos, sendo então menos levadas à avaliação em serviços de
saúde mental.
Barkley (2010) relata que os profissionais da área da educação devem procurar
compreender que o TDAH é uma adversidade que na maioria dos casos provém de um
transtorno neurológico, geralmente como fator genético, em muitos dos casos acompanha a
pessoa na vida adulta.
O comportamento da criança com o Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade
poderá ficar fora do seu controle ou vontade, portanto, ações como gritar, chamar a atenção
constantemente ou privá-la de algo que a criança goste para puni-la, não são atitudes positivas,
ou que irão melhorar seu comportamento, pelo contrário, estas ações punitivas tendem a agravar
o comportamento da criança que apresenta o Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.
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A característica apresentada pela criança com o Transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade podem ser baixo auto estima, agressividade, necessidade de aprovação e de
atenção dos adultos, além de marcá-las perante as outras crianças e adultos, como sendo um
indivíduo de capacidades menores, de má índole ou mau comportamento.
Para Benczik (2013, p. 22) caracteriza o Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade como:
... uma condição neurobiológica que se caracteriza por um padrão persistente de
desatenção, impulsividade e hiperatividade, de acordo com critérios propostos pelo
DSM-IV-TR(American Psichiatric Association, 2003) que classificam os indivíduos
com TDAH em três subtipos, dependendo das combinações de sintomas que
experimentam: a) TDAH do tipo Predominante Desatento; TDAH do tipo
Predominante Hiperativo – Impulsivo e c) TDAH do tipo Combinado.
A pessoa com o transtorno muitas vezes poderá apresentar baixo rendimento escolar,
não conseguirá acompanhar o restante da turma; terá falta ou excesso de agitação; não
conseguirá fixar a memória e comparando com o restante da classe sempre estará atrasado nas
atividades.
A inclusão educacional dos alunos que apresentam o Transtorno do Déficit de Atenção
e Hiperatividade, tem sido um desafio e questionamentos por parte dos professores, pais e
profissionais envolvidos, pois muitas vezes há o desconhecimento dos professores quanto as
suas características e necessidades específicas de aprendizagem. Muitas vezes é um desafio
para o professor, atender a toda a diversidade em turmas numerosas, falta de recursos dentre
outros aspectos que o professor enfrenta no cotidiano escolar.
Para Rotta (2006, p. 368): “... o elevado risco de insucesso acadêmico, associado ou
não aos problemas de comportamento, sugere que muitos estudantes com TDAH necessitem de
uma série de intervenções que sejam dirigidas...”.
Diante do exposto, torna-se relevante destacar, que o professor ao atender alunos com
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade deverá adequar as atividades propostas,
precisará deixar claro quais são as suas expectativas, bem como realizar adaptações curriculares
pertinentes a sua necessidade educativa específica.
Novos desafios educacionais quanto as inclusões estão sendo encontrados na escola
hoje, os quais exigem de todos nós educadores, a ressignificação de nossos conceitos e de
nossas práticas pedagógicas, as quais precisam ser adaptadas, levando em consideração a
diversidade de alunos e suas necessidades específicas de aprendizagem.
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Aspectos Do Atendimento Educacional Especializado – AEE
A organização do atendimento especializado na educação básica, deve levar em
consideração as diretrizes e políticas educacionais nacionais e estaduais de educação as quais
/0asseguram o acesso de todos no sistema educacional inclusivo.
A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) em seu artigo 205, estabelece
que a educação como um direito de todos e, no art.208, III, o atendimento educacional
especializado às pessoas com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino.
O conselho Nacional de Educação apoiado na Resolução CNE/CEB nº 4/2009,
estabelece as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na
Educação Básica, apresentando que:
Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente, nas salas de recursos multifuncionais da
própria escola ou em outra de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não
sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, em centro de
atendimento educacional especializado de instituição especializada da rede pública ou
de instituição especializada comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
lucrativos, conveniadas com a secretaria de educação ou órgão equivalente dos
estados, do Distrito Federal ou dos municípios.
A escola cabe cumprir com a sua função social e subsidiar meios para que todos os
alunos tenham acesso à aprendizagem, levando em consideração as suas especificidades,
valorizando as diferenças.
Conforme dispõe a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, o Projeto Político Pedagógico - PPP
da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do AEE, prevendo na sua
organização. Conforme o Art. 10º, em seu parágrafo I: “Sala de recursos multifuncionais:
espaço físico, mobiliários, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e
equipamentos específicos”. (PARANÁ, 2009 p.2).
O Ministério da Educação e a Secretaria de Educação Especial sobre a orientação para
implementação da Sala de Recursos Multifuncionais (2010), estabelece que deverá haver
condições específicas como a entrega, instalação e garantia de recursos como mobiliários,
materiais didáticos/pedagógicos, softwares de comunicação alternativa, equipamentos de
informática, cabendo a escola manter os espaços com proteção adequada.
A Instrução 16/2011 SEED – SUED, a qual estabelece critérios para o atendimento
educacional especializado, define a Sala de Recursos Multifuncional como um atendimento
educacional especializado, pedagógico o qual visa complementar a escolarização dos alunos
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que apresentam deficiência intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais do
desenvolvimento e transtornos funcionais específicos regularmente matriculados na Rede
Pública de Ensino.
O referido documento apresenta ainda, que o alunado a ser atendido, serão aqueles que
apresentam os Transtornos Funcionais Específicos o qual:
...diz respeito a um grupo heterogêneo de alterações manifestadas por dificuldades
significativas na aquisição da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades
em matemática, na atenção e na concentração. (PARANÁ, 2011 p. 2).
Haverá um cronograma de atendimento especifico ao aluno na Sala de Recursos
Multifuncional, o qual deverá ser flexível e levar em consideração a necessidade específica de
aprendizagem de cada aluno.
Quanto aos critérios de organização pedagógica, como apresentado na Instrução
16/2011 SEED – SUED, o plano de atendimento:
É uma proposta de intervenção pedagógica a ser desenvolvida de acordo com a
especificidade de cada aluno. Será elaborado a partir das informações da avaliação
psicoeducacional no contexto escolar, contendo objetivos, ações/atividades, período
de duração, resultados esperados, de acordo com as orientações pedagógicas da
SEED/DEEIN. (PARANÁ, 2011 p. 5).
O diagnóstico e avaliação de ingresso dos alunos que apresentam o Transtorno do déficit
de Atenção e Hiperatividade, deverá conforme a Instrução 16/2011 SEED – SUED, ainda:
... enfocar aspectos relativos à aquisição da língua oral e escrita, interpretação,
produção de textos, sistemas de numeração, cálculos, medidas, entre outros, bem
como as áreas do desenvolvimento, acrescido de parecer neurológico e/ou psiquiátrico
e complementada quando necessário, por psicólogo. (PARANÁ, 2011 p. 12).
Mais recentemente, a Minuta 27/07/16, apresenta critérios para o atendimento
especializado nas Salas de Recursos Multifuncionais, agora denominadas de SRM – na
Educação Básica ou EJA – deficiência intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos
globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos.
Nesse sentido, a Sala de Recursos Multifuncional, tem como objetivo complementar a
escolarização de estudantes que apresentam deficiência intelectual, física neuromotora,
transtornos globais de desenvolvimento e transtornos funcionais específicos, matriculados na
Rede Pública de Ensino.
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A Deliberação 02/2016 – SEED – PR, a qual dispõe sobre as Normas para a Modalidade
Educação Especial no Sistema Estadual de Ensino do Paraná, no Capítulo III, Das deficiências,
transtornos globais do desenvolvimento, transtornos funcionais específicos e altas habilidades
ou superdotação, em seu Artigo 11, inciso III, aponta que: “III – transtornos funcionais
específicos: aqueles que apresentam transtorno de aprendizagem, como disgrafia, disortografia,
dislexia, discalculia ou transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, entre outros”.
(PARANÁ, 2016, p. 8).
Sendo assim, garante-se no Estado do Paraná a oferta de atendimento especializado em
contra turno aos alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade regularmente
matriculados nos Anos Finais do Ensino Fundamental e também Ensino Médio.
Quanto ao atendimento pedagógico oferecido aos alunos que apresentam o Transtorno
do Déficit de Atenção e Hiperatividade, vale destacar que deve-se propor atividades relativas a
aquisição da linguagem oral e escrita, interpretação, produção de textos, enfim, atividades que
envolvam raciocínio lógico, resolução de problemas bem como atenção, concentração e
memória, atividades que estimulem a organização e o planejamento.
Como já é sabido, a Sala de Recursos Multifuncional deve ser organizada com materiais
didáticos de acessibilidade, recursos pedagógicos específicos adaptados, equipamentos
tecnológicos e mobiliários.
Vale destacar, que o uso de diferentes recursos pedagógicos e tecnológicos durante os
atendimentos pedagógicos, podem ser grandes aliados na busca pela efetivação da
aprendizagem dos alunos, ao inserir as tecnologias na escola deve-se entender as tecnologias
como meio pedagógico ao qual poderá ensinar e aprender criticamente.
O trabalho pedagógico desenvolvido na Sala de Recursos Multifuncional, deve levar em
consideração as especificidades dos alunos a partir de estratégias que atendam melhor às
necessidades educativas do aluno, além da mediação entre professores das diferentes disciplinas
a qual deve ser realizada pela equipe pedagógica. Para Moran (1999, p.2): “Aprender é passar
da incerteza a uma certeza provisória que dá lugar a novas descobertas e a novas sínteses”.
Quanto ao trabalho pedagógico aos alunos que apresentam o Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade, devem-se organizar estratégias que visem o estímulo às linguagens,
raciocínio e ainda o desenvolvimento da autonomia, a independência e a valorização do aluno,
as tecnologias podem contribuir nesses aspectos.
Como nos apresenta Moran (1999, p. 2):
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As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de termos educadores
maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que
saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato,
porque dele saímos enriquecidos.
As mudanças na escola ocorrem, quando temos educadores abertos, flexíveis, que
saibam valorizar as diferenças humanas, capazes de estabelecer práticas democráticas e
reflexivas.
Utilizar diferentes recursos pedagógicos na escola hoje, mais especificamente nos
atendimentos nas Salas de Recursos Multifuncionais, significa estarmos abertos à
ressignificarmos nossos conhecimentos a aprender a aprender, a sermos interlocutores e
aprendizes ao mesmo tempo.
A Deliberação 02/2016 – SEED- PR, aponta ainda que o objetivo do atendimento
especializado na Sala de Recursos Multifuncional – Educação Especial ou EJA tem como
objetivo: “Complementar a escolarização de estudantes com deficiência Intelectual, deficiência
física neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais
específicos, matriculados na Rede Pública de Ensino”. (PARANÁ, 2016 p. 1).
O documento assevera que serão atendidos os alunos que se enquadram nas seguintes
áreas: Deficiência Intelectual, Deficiência Física Neuromotora, Transtornos Globais do
Desenvolvimento e Transtornos Funcionais Específicos.
Os Transtornos Funcionais Específicos são dificuldades significativas de aprendizagem,
como Ana aquisição e uso da linguagem, na leitura, na escrita, no raciocínio, nas habilidades
matemáticas, e ainda na atenção e na concentração. A Minuta 27/07/16 apresenta ainda duas
categorias de TFE, o distúrbio de aprendizagem que seria a dislexia, disortografia, a disgrafia e
a discalculia, e ainda o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, que é o foco do
nosso estudo.
Ao analisarmos a demanda de atendimento na Sala de Recursos Multifuncional no
Colégio Estadual Visconde de Guarapuava – EFMN no Município de Guarapuava, nos anos de
2015, 2016 e de fevereiro a maio de 2017, observou-se que a maioria dos alunos apresentam
diagnóstico de Transtorno Funcional Específico. Conforme representado no gráfico abaixo:
GRÁFICO 1 – DEMANDA DE ATENDIMENTO – 2015:
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Fonte: Planilha de Acompanhamento Trimestral - 2015
Conforme demonstrado acima, no ano de 2015, a demanda de atendimento na Sala de
Recursos Multifuncional do Colégio Estadual Visconde de Guarapuava – EFMN, do período
da manhã atendeu alunos regularmente matriculados nos 6º, 7º, 8º, e 1º anos dos Anos Finais
do Ensino Fundamental e Ensino Médio apontou nos relatórios fornecidos pelos professores
que foram atendidos durante o referido anos 8 (oito) alunos com diagnóstico de Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade, 2 (dois) alunos com diagnóstico de Distúrbio de
Aprendizagem e 1 aluno com laudo clínico de Deficiência Intelectual, sendo atendido um total
de 11 alunos no ano. Sendo 3 (três) alunos matriculados no 6º ano, 6 (seis) alunos regularmente
matriculados no 7º ano, 1 (um) aluno do 8º ano dos anos Finais do ensino Fundamental e 1 (um)
aluno matriculado na 1ª série do Ensino Médio.
Assevera a Deliberação 02/2016 – SEED – PR, a qual dispõe sobre as Normas para a
Modalidade Educação Especial no Sistema Estadual de Ensino do Paraná, em seu Capítulo II –
Da Educação Especial que:
Art. 9º Fica assegurada ao estudante com deficiência e à sua família ou responsáveis,
a opção por instituição de ensino da rede regular ou instituição de Educação Especial,
observada a identificação das necessidades educacionais realizada em conformidade
com Art. 7º desta Deliberação.
Parágrafo único O direito ao Atendimento Educacional Especializado em instituição
de ensino da rede regular deverá levar em consideração as necessidades de adaptações,
modificações e ajustes necessários e adequados, quando requeridos em cada caso, a
fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade
TDAH
DISTÚRBIO
DEFICIENCIA INTELECTUAL
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de condições e oportunidades com os demais estudantes, todos os direitos e liberdades
fundamentais. (PARANÁ, 2016 p. 6).
Nesse sentido, observa-se que no referido colégio a demanda de atendimento atende às
especificidades dos documentos norteadores do atendimento especializado no Estado do
Paraná.
Ao analisar nos relatórios dos professores a demanda de atendimento especializado na
Sala de Recursos Multifuncional no ano de 2016, pode-se perceber que foram atendidos durante
o ano 12 alunos em contra turno todos com diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade. Frequentaram aos atendimentos especializados na Sala de Recursos
Multifuncional durante o referido ano, 4 (quatro) alunos matriculados no 6º ano, 5 (cinco)
alunos matriculados no 7º ano, 2 (dois) alunos do 8º ano e 1 (um) aluno do 9º ano dos Anos
Finais do Ensino Fundamental.
No recorrente ano de 2017, entre os meses de fevereiro a maio, estão sendo atendidos
21 alunos, conforme apresentado no gráfico a seguir:
GRÁFICO 2 – DEMANDA DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO – 2017:
Fonte: Planilha de Acompanhamento Trimestral - 2017
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Ao observar a demanda de atendimento na Sala de Recursos Multifuncional no referido
colégio, pode-se observar um crescimento, devido ao aumento de número de turmas no colégio,
no ano de 2016, eram ofertadas no período vespertino 7 (sete) turmas e no ano de 2017 passou
a ofertar um número de 14 turmas contendo um número entre 32, 35 alunos por turma, o fato
ocorreu devido a mudança do funcionamento da escola municipal a qual eram mantida no
mesmo prédio e no ano de 2017 passou para estrutura própria, viabilizando assim a abertura de
mais 7 (sete) turmas no colégio.
Verificou-se durante a análise dos dados, que no ano de 2017 estão sendo atendidos na
Sala de Recursos multifuncional no período da manhã, um número de 21 (vinte e um alunos),
sendo que 15 (quinze) alunos apresentam diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade, 2 (dois alunos) com diagnóstico de Déficit de Atenção, 1 (um) aluno com
dificuldade no processamento auditivo cerebral o qual ocasiona dificuldades de aprendizagem,
1 (dois) alunos com Déficit de Atenção e Dislexia e 2 (dois) alunos estão em avaliação
psicoeducacional e psicológica.
Observou-se durante a pesquisa que no ano de 2015, dos 11 alunos atendidos, que 6
(seis) alunos foram aprovados, 3 (três) alunos foram aprovados por conselho de classe e 1 (um)
aluno foi reprovado.
No ano de 2016, dos 12 alunos que frequentaram regularmente aos atendimentos
especializados na Sala de Recursos Multifuncional, 7 (sete) alunos foram aprovados, 3 (três)
alunos foram aprovados no conselho de classe e 2 (dois) alunos foram reprovados.
Diante do exposto, percebe-se que nos anos de 2015 e 2016 forma atendidos uma média
de 15 alunos durante o ano letivo e que a maioria dos alunos foram aprovados, percebe-se que
o atendimento educacional especializado na Rede Regular de Ensino vêm sendo de suma
importância na inclusão dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem e/ou
deficiência pois o trabalho em conjunto com o professor das disciplinas específicas tem sido
primordial para que todos os alunos tenham acesso a aprendizagem e ao conhecimento levando
em consideração as suas necessidades específicas de aprendizagem.
Como aponta Cypel (2010, p. 97): “O professor experiente tentará encontrar estratégias
para motivar tal aluno, o que, algumas vezes, pode ficar descuidado. Um pequeno detalhe na
apresentação do material, um acréscimo particular na didática, e terá ganho a atenção e interesse
do aluno”. São estratégias e orientações observadas no colégio que participou da pesquisa, pois
o mesmo oferece a 11 anos o atendimento especializado e busca juntamente com os professores
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especialistas na área da Educação Especial orientar os professores da Educação Básica no que
for necessário para atender em sala de aula os alunos que frequentam aos atendimentos.
No recorrente ano, estão sendo atendidos na Sala de Recursos Multifuncional no
Colégio Estadual visconde de Guarapuava – EFMN, um número de 19 (dezenove) alunos com
diagnóstico, regularmente matriculados e 2 (dois) alunos em processo avaliativo, percebe-se até
o momento que todos os professores que estão atuando no colégio compreendem as
especificidades do atendimento e dos alunos e na medida do possível realizam atividades
diversificadas em sala de aula para observar a aprendizagem desses alunos.
Considerações Finais
Diante do estudo realizado, constata-se que a instituição escolar junto ao educador é
indispensável para contribuir no processo de ensino e aprendizagem dos alunos que apresentam
o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, uma vez que esse transtorno fica ainda
mais visível na fase escolar, sendo que nesse período é preciso ter ainda mais concentração para
aprender. Dessa forma, torna-se fundamental que o professor esteja bem orientado para
diferenciar um aluno indisciplinado de uma criança que apresenta o transtorno.
O ambiente escolar, deve estar preparado para receber os alunos que apresentam o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, deve oferecer acompanhamento
diferenciado, materiais adaptados, recursos pedagógicos variados, os alunos muitas vezes não
conseguem conter os seus impulsos, tornando a vivência com os colegas, professores e a sala
de aula tumultuada. Pode-se adequar uma prática didática-pedagógica voltada a esses alunos
que apresentam o transtorno, estimulando a seu autoestima e intencionando despertar o
interesse pelos estudos, tendo em vista sua falta de concentração.
O educador é fundamental entre a junção da família e do especialista no decorrer do
processo de ensino e aprendizagem da pessoa que apresenta o Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade, pois a função do educador não é dar a descrição do diagnóstico, mas,
esclarecer as possíveis consequências que este transtorno pode acarretar se não for tratada
adequadamente, gerando várias complicações: no convívio social, conduzindo as drogas, a
depressão, ao descontentamento e a infelicidade.
Devido ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, O
indivíduo poderá entrar em conflito com si mesmo, pois não conseguirá completar as atividades
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mais simples do cotidiano, além do descaso por parte dos colegas da escola, não é quesito de
indisciplina apenas, é genético, podendo ocasionar consequências bem mais sérias.
A escola e a família devem estar unidas, para que juntas consigam muitos benefícios
para a criança que apresenta o Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, contribuindo
para o seu tratamento, na sua socialização, sem esquecer de impor limites, pois vivemos em
uma sociedade cheia de regras.
A partir dos estudos realizados, foi possível conhecer um pouco mais sobre o Transtorno
de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, possibilitando a nós educadores, não apenas
ter capacidade para saber proceder com as crianças que apresentam o transtorno, bem como
analisar a crescente demanda de atendimento nos anos de 2015, 2016 e início de 2017.
Nesse sentido, proceder com o processo de ensino e aprendizagem no ambiente escolar
de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é considerar para que
diferentes mecanismos contribuam na identificação do transtorno, para que esta seja plena e
concisa, para tanto demanda-se da cooperação efetiva tanto dos pais quanto dos professores,
sem deixar de lado todos os que vivenciam o dia-a-dia da criança, pois é trabalho efetivo em
conjunto que trará melhores resultados.
Dentre as dificuldades apresentadas pelos alunos que apresentam o Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, para realizarem as atividades escolares, a
maneira de atuar pedagogicamente com essas crianças é uma das maiores dificuldades
vivenciadas pelos professores, além de necessitar um currículo que favoreça as especificidades
de cada aluno. Não pode-se deixar de lado, que a acomodação do professor diante aos novos
desafios, também interferem no desenvolvimento tanto da aprendizagem como da compreensão
ao seu aluno, porém, na realidade pesquisada, a maioria dos professores busca compreender as
especificidades dos Transtornos Funcionais Específicos e contribuir na aprendizagem de seus
alunos.
O conhecimento do educador em relação as crianças que apresentam o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, poderá auxiliá-los em sala de aula,
conseguindo reconhecer e identificá-los, sabendo que nem todos os alunos que apresentam um
comportamento indisciplinado. Devemos ter cuidado, pois não é dever do educador
diagnosticar o transtorno, mas repassar tal informação aos profissionais capacitados e alertar a
família dessa possibilidade.
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Esta pesquisa poderá contribuir para que os educadores possam compreender sobre as
especificidades do atendimento educacional especializado na Sala de Recursos Multifuncional
ofertado no Estado do Paraná, e as possíveis adequações pedagógicas encontradas para mediar
a aprendizagem desses alunos na escola, possibilitando a interação entre professor e aluno no
processo inclusivo na escola.
REFERÊNCIAS
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para pais, professores e profissionais da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2010.
- BRASIL, Resolução CNE/CEB nº 4, de 2 de outubro de 2009
Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação
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AD): versão adolescente e adultos, 1ª Ed. São Paulo: Vetor, 2013.
- CYPEL, S. Déficit de Atenção e Hiperatividade e as Funções Executivas: Atualização
para pais, professores e profissionais da saúde. 4ª Ed. São Paulo: Leitura médica, 2010.
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- PARANÁ, DELIBERAÇÃO N.º 02/16 APROVADA EM 15/09/16. Disponível em
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