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A HORA DA ESTRELA: História e Literatura, uma questão de gênero? Durval Muniz de Albuquerque Júnior

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“Transgredir, porém, os meus próprios limites me fascinou de repente. E foi quando pensei em escrever sobre a realidade, já que esta me ultrapassa. Qualquer que seja o que quer dizer ‘realidade’.” (A hora da estrela, Clarice Lispector, p. 17)

A relação entre História e Literatura e suas muito dimensões

Por que os historiadores temem tanto a literatura? Por que esta obsessão por defender o nosso ofício da invasão literária? Por que precisamos fazer da Literatura este outro, este invasor que nos ameaça?

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O que separaria a História da Literatura seria a fronteira com a chamada realidade. Mas, afinal, o que é o real?

Para o psicanalista Jacques Lacan, o real é o que não é passível de simbolização, é o que escapa da rede protetora que os sujeitos tecem com os símbolos em sua relação com o mundo.

Em que medida podemos encontrar, na relação entre História e Literatura, aquilo que Homi Bhabha chamaria de entre-lugar, de uma identidade intervalar? Qual o lugar que existe entre elas?

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A História, como discurso, tem tido receio de encarar a realidade como ela é: caótica, turbilhionante, proliferante. Nesse sentido, a História teria medo de ocupar um lugar que apenas a Literatura se dá ao direito: o ainda não objetivado, o ainda não subjetivado, o ainda não-humano.

A emergência do discurso histórico na Antiguidade: a história não seria uma ciência, mas sim um gênero textual, que se diferenciava da literatura apenas em sua busca pela realidade.

Hayden White: a história não é literatura, mas o enredo histórico se constrói de forma semelhante ao enredo literário, a partir de tropos discursivos.

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A História seria esta narrativa de fazer-se homem, do nosso processo de civilização, e, portanto, da nossa saída da barbárie. A história seria uma narrativa solar que desconfia das sombras, que busca esclarecer e aclarar, que busca tornar visíveis os seres que ontem não passavam de sombras na caverna.

A História, em sua concepção tradicional, buscaria fugir dos abismos e dos escuros que também fazem parte da realidade, e que a Literatura busca, constantemente e sem medo, figurar.

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“Talvez a diferença entre a História e a Literatura seja mesmo uma questão de gênero. Não apenas de gênero discursivo, pois pertencem a ordens diversas do discurso, seguem regras e normas diferenciadas; mas de gênero no sentido de que o discurso historiográfico pertenceria ao que na cultura ocidental moderna se define como sendo o masculino, enquanto a Literatura estaria colocada ao lado do que se define como sendo o feminino. [...]” (p. 49)

A História seria como os homens dos romances de Clarice Lispector, que, possuindo uma ideia e tendo dificuldade de pensá-la, expunha-a de forma grosseira, enquanto a Literatura seria como as mulheres de Clarice, espirituosas, fazendo as ideias se reproduzirem em profusão.