A experiência do mel da Serra do Mel
-
Upload
articulacaosemiarido -
Category
Documents
-
view
227 -
download
0
description
Transcript of A experiência do mel da Serra do Mel
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 8 • nº1372
Janeiro/2014
Serra do Mel-RN
A Experiência do Mel da Serra do MelO município de Serra do Mel, localizado na região oeste do Estado do Rio Grande do Norte, consolidou sua
economia com base em atividades da agricultura familiar. Com uma população predominantemente rural, havia a
necessidade de se desenvolver uma atividade que pudesse ser combinada à produção do caju e a apicultura tornou-
se uma vocação natural devido à existência de uma imensa população de abelhas africanizadas na área.
De braços abertos, com um sorriso tímido e um olhar sincero José Hélio da Costa Morais, mais conhecido
como Cabo Hélio, nos conta como iniciou a experiência do mel da Serra do Mel para o Rio Grande do Norte. Cabo
Hélio nasceu em Mossoró, e aos 16 anos começou a trabalhar como mecânico, para ajudar na renda da família.
Casou-se cedo com dona Vilma Félix da Costa e juntos são os pais de Helton Vail Félix da Costa, Helson Valério
Félix da Costa e Vangeliamara Félix da Costa.
Sua esposa dona Vilma é engenheira agrônoma formada pela antiga ESAM-Escola Superior de Agricultura
de Mossoró, atual UFERSA- Universidade Federal Rural do Semiárido, não conseguiu emprego pós-formada e
então ela e mais 32 engenheiros agrônomos desempregados se uniram compuseram uma associação dos agrônomos
desempregados conseguiramlotes de terra para trabalhar e morar na Serra do Mel - Vila Amazônica que estava
desabitada.
Quando chegou a Serra do Mel no ano de 1983 com dois filhos pequenos, para viver da agricultura junto com
sua família, à vila não tinha nenhuma estrutura de água,energia, estrada e/ou associação, “graças a Deus eu recebi o
dom de fazer boas amizades na comunidade e em 1986 me tornei líder da comunidade da vila Amazônica me
tornando o primeiro presidente da associação da vila” conta Cabo Hélio. Na época uma equipe através do centro de
capacitação do estado visitou a vila procurando alguém na comunidade para fazer parte de um treinamento sobre
apicultura em Pernambuco e na volta repassar o conhecimento para a comunidade. “Aqui na vila ninguém tinha
conhecimento sobre apicultura às pessoas tinham medo, elas falavam que eram abelhas assassinas, assim que eu
cheguei me apelidaram de papangú, por causa da roupa de apicultor”, conta ele.
Mel Produzido pela APISMEL Fruto do trabalho da APISMEL
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte
Realização Patrocínio
COOPERVIDACOOPERVIDA
Em dois anos multiplicando o conhecimento adquirido no curso conseguiu formar 33 papangús como ele.
Com o apoio da Visão Mundial e a ONU cabo Hélio teve a oportunidade trocar experiência no âmbito internacional,
11 apicultores de diferentes países da América Latina vieram visitar a Serra do Mel para conhecer a experiência.
Em 30 anos envolvidos com o trabalho socialcontabiliza que percorreu 105 cidades, 365 comunidades, de
2006 a 2013 capacitou 3.775 famílias de agricultores e agricultorasem áreas de assentamento que hoje estão
trabalhando com apicultura.
As conquistas só continuaram em 23 de março de 2002 foi criado a Associação dos Apicultores da Serra do
Mel-APISMEL com o objetivo de utilizar o potencial que os pequenos produtores de mel tinham para buscar
alternativas de emprego e de melhoria de renda.O desafio era desenvolver a atividade apícola de forma organizada e
contínua, padronizando processos produtivos e melhorando a qualidade do produto de forma sustentável e
ambientalmente correta. Nas palavras de Cabo Hélio,“Essa é uma alternativa de trabalho e geração de rendapara
a comunidade local”. Junto à associação conseguem produzir 200 toneladas de mel, o que alavancou a produção de
mel no Estado e com isso por dois anos seguidos o Rio Grande do Norte alcançou o 7º lugar em exportação de mel no
Brasil.
Nesses dois últimos anos de seca perdeu muitas colmeias e com isso se deu conta que deveria expandir sua
produção, foi quando chegou a COOPERVIDA junto com a ASA e o P1MC trazendo a primeira água, água para
beber e cozinhar, dando a oportunidade de vencer um grande obstáculo que é a falta d'água “o nosso desafio como
agricultor é de conviver com a seca no Nordeste e nós somos nordestinos então, temos que saber isso” segundo cabo
Hélio. E a partir daí iniciou uma pequena horta com coentro, cebolinha, pimentão e introduziu no quintal algumas
frutíferas como maracujá, mamão, pinha, caju, sem esquecer, a criação animal com galinhas, gansos e abelhas sem
ferrão.
Novamente com a COOPERVIDA e a ASA chegou o P1+2 e em 2013 com a segunda águaa sua família foi
beneficiada com uma cisterna calçadão o que aumentou a qualidade de vida, sendo exemplo para outras famílias
mostrando que o controle racional da água da cisterna pode gerar diversidade de frutas, hortaliças e animais no
quintal, “o bom é agente ter para poder ajudar ao próximo,”concluiu cabo Hélio.
Maracujá Produzido no Quintal Pinha Produzida no Quintal