A ESCRITA COMO FATOR DETERMINANTE PARA O … · trajetória foi marcada por momentos...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
A ESCRITA COMO FATOR DETERMINANTE PARA O DESENVOLVIMENTO DA HUMANIDADE
Ana Anita Neta
NATAL2003
ANA ANITA NETA
A ESCRITA COMO FATOR DETERMINANTE PARA O DESENVOLVIMENTO DA HUMANIDADE
Trabalho apresentado à disciplina Monografia, ministrada pela Professora Maria do Socorro de Azevedo Borba, e orientado pela professora Antônia de Freitas Neta, valendo como avaliação para disciplina e como requisito para conclusão do Curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas.
NATAL2003
A532e Anita Neta, Ana.
A escrita como fator determinante para o desenvolvimento da humanidade / Ana Anita Neta. —Natal, 2003.
34p.
Orientadora: Antonia de Freitas Neta
Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2003.
Bibliografia
1. Evolução da escrita - Alfabeto
CDD 417.7
ANA ANITA NETA
A ESCRITA COMO FATOR DETERMINANTE PARA O DESENVOLVIMENTO DA HUMANIDADE
Monografia aprovada em____/___ /2003
BANCA EXAMINADORA
Orientadora: Professora Antônia de Freitas Neta
Membro Professora: Maria do Fátima
Professora da Disciplina: Maria do Socorro de Azevedo Borba
Dedico este trabalho,
A DEUS pela sua misericórdia para comigo
em todos os momentos, bons ou maus, que passei.
Ao meu pai, João Bento de Morais (em memória),
por acreditar na minha capacidade para superar obstáculos.
A minha mãe que, no âmago do seu coração,
também torceu para que eu chegasse até aqui.
A ELES, todo o meu amor e dedicação.
AGRADECIMENTOS
A Ivaneide e ao Tácio que depositaram sua confiança em meu futuro.
Aos meus irmãos, em especial a TODOS, por me acompanharem nessa caminhada.
Ao meu filho Gabriel, pelo e amor e paciência em todos os momentos da vida.
Ao Gilson, que me incentivou e orientou para nunca desistir.
A professora Antônia de Freitas Neta, pela paciência e dedicação demonstrada durante este
trabalho.
A professora Maria do Socorro Borba pelo apoio dedicado
A professora Fátima Maria Dantas pelo carinho e atenção dedicados.
As professoras do Departamento de Biblioteconomia, pela paciência demonstrada nessa difícil etapa
As minhas amigas e companheiras, Jackeline Pinheiro e Ana Elizabeth por dividirem comigo
as tristezas e alegrias dessa caminhada.
Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, me incentivaram,
o meu muito obrigada.
"A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta, implica a continuidade daquela."
(Paulo Freire)
ANITA NETA, Ana. A escrita como fator determinante para o desenvolvimento da humanidade. Natal: UFRN, 2003. (Monografia apresentada à disciplina Monografia, ministrada pela professora Maria do Socorro de Azevedo Borba e orientada pela professora Antônia de Freitas Neta, para fins de avaliação da disciplina e como requisito parcial para conclusão do curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
RESUMO
Apresenta a evolução da Escrita identificando as fases e os fatores que contribuíram para essa evolução, procurando detectar sua importância para o desenvolvimento da humanidade. Conclui que o alfabeto foi a mola propulsora para o aceleramento desse processo de evolução da escrita.
Palavras-Chave: evolução da escrita; alfabeto.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 8
2 A EVOLUÇÃO DA ESCRITA .............................................................. 10
2.1 Fase Autônoma.................................................................................. 12
2.2 Fase Sintética .................................................................................... 13
2.3 Fase Analítica .................................................................................... 14
2.4 Fase Fonética .................................................................................... 20
3 ALFABETO......................................................................................... 22
3.1 Alfabeto fenício .................................................................................. 22
3.2 Alfabeto Grego ................................................................................... 24
3.3 Alfabeto Latino ................................................................................... 26
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 30REFERÊNCIAS ................................................................................. 32
1
1. INTRODUÇÃO
A característica essencial do homem tem sido. e é, a criação de
instrumentos ou ferramentas que lhe têm permitido ampliar suas aptidões naturais
até convertê-lo em criatura poderosa.
Contudo, o mais fecundo invento do homem, a ferramenta mais
maravilhosa por ele criada, foi o LIVRO. Desde o seu aparecimento, os passos
titubeantes no lento progresso humano, ao longo de milhares de anos, se
converteu em cadenciado caminhar, o qual, cada vez mais acelerado, desemboca
na corrida vertiginosa dos nossos dias.
Assim, até atingir essa forma maravilhosa como é conhecido, sua
trajetória foi marcada por momentos significativos, onde o desejo do homem de se
comunicar o levou a deixar sua marca em pedra, metal, osso ou materiais
perecíveis como folhas ou cascas de árvores.
Ainda na evolução do processo de comunicação, o homem, já
conhecedor de alguma forma de escrita, passa a registrar suas idéias em tábuas
de argila, rolos de papiro ou pergaminho, até chegar ao papel, considerado, junto
a escrita, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento humano.
Assim, este estudo teve como objetivo, resgatar a evolução da
escrita, contemplando o alfabeto como fator determinante para acelerar o referido
processo.
O primeiro capítulo trata da evolução da escrita, mostrando as fases
pela qual esta passou durante o seu desenvolvimento.
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O segundo capítulo mostra a importância do Alfabeto no processo de
evolução da escrita, enfatizando a origem, desde a sua criação pelos Fenícios até
o alfabeto hoje utilizado.
O terceiro capítulo faz referência as considerações finais da
pesquisa e apresenta sugestões para a disseminação do processo de evolução
da escrita no momento atual.
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2. A EVOLUÇÃO DA ESCRITA
Falar sobre a escrita é falar sobre o processo de comunicação, e por
conseguinte, os meios utilizados para facilitar o referido processo.
Por séculos o homem viveu sem qualquer forma de escrita, por esse
motivo é que, até o momento, não é possível determinar onde e quando o homem
começou a fazer uso da linguagem falada para se comunicar com seus
semelhantes. Sabe-se, porém, que antes eles faziam uso da linguagem articulada,
forma pela qual os povos conseguiam se comunicar, visto que foi com o uso das
mãos que os homens primitivos desenvolveram suas idéias propiciando, a partir
daí, o surgimento da chamada linguagem conceituai.
De acordo com Aciolli (1994, p. 17), a linguagem conceituai está
determinada por duas formas: a primeira denominada linguagem natural, é a dos
animais que só emitem sons, que não demonstra sinais de desenvolvimento, de
evolução.
A Segunda forma, denominada linguagem artificial ou
convencional, é a linguagem humana, pela qual os homens conseguem se
comunicar de forma clara, através de sinais convencionais. Esta linguagem, que
ocorre desde a percepção dos sentidos até a ligação das idéias, pode ser dividida
em: auditiva; sensorial e visual.
A auditiva, é onde as idéias são percebidas por meio dos sons
emitidos pelos indivíduos.
A visual, é aquela onde as idéias são percebidas de acordo com o que se vê, ou
seja, é a leitura ótica dos sinais emitidos, tanto na forma gestual, como na forma
de símbolos ou sinais. É a maneira pela qual se consegue fixar a linguagem
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verbal. Muitas dessas formas eram involuntárias, mas permitiram o resgate, até
hoje, de informações. A terceira forma de linguagem, denominada sensorial, é
aquela onde as informações são adquiridas por meio da sensibilidade, ou seja,
através do tato. Um exemplo desta é o sistema Braile utilizado atualmente, entre
os deficientes visuais.
Freire (citado por MARTINS, 1982, p. 40) enfatiza "que essa leitura
sensorial começa, pois, muito cedo e nos acompanha por toda a vida. Não importa
se mais ou menos minuciosa e simultânea à leitura emocional e racional."
A história nasce com a escrita ao fornecer um registro secundário e
perene do ato lingüístico primário e transitório, permitindo a reflexão sobre o
conteúdo da comunicação, sobre as coisas do mundo e o que sabemos dele. Teve
sua origem num passado relativamente recente, diante do acelerado processo de
comunicação, visto que, durante séculos, esteve confiada a uma casta seleta, a
sacerdotal.
Assim, a escrita passou por um processo de aprimoramento,
representado por fases e etapas, e mesmo que não tenham caráter sucessivo,
visto que cada uma apresenta características próprias, é possível detectar um elo
de continuidade.
Desta forma, para que seja possível a compreensão da importância
da escrita para o desenvolvimento da humanidade, é interessante que a mesma
seja vista inserida na história através das referidas fases e etapas, as quais
tiveram o seu surgimento por meio da escrita embrionária, que segundo Diringer
(1985, p. 29), não eram formas de expressão, comunicação ou "decoração", no
sentido atual destes termos, mas, provavelmente, ligavam-se de perto à magia e a
práticas rituais.
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2.1 Fase Autônoma
Encontradas nas paredes de cavernas denominadas pelos cientistas
de Sítios Rupestres, as tentativas de comunicação dos povos primitivos, não são
consideradas por determinados teóricos como escrita consciente, visto que não
apresentam simetria nem tamanho definitivo, como também uma definição de
idéias ou pensamentos.
Utilizaram três maneiras para deixarem as marcas que eram
gravadas, pintadas ou esculpidas. Os desenhos encontrados lembram formas
geométricas, figuras humanas ou de animais. Nas rochas, principal suporte
utilizado para essa prática, hoje considerado como o primeiro livro da história da
humanidade, provavelmente utilizaram facas de pedra, pontas de lança ou de
flecha, ossos e chifres. A tintura utilizada para demarcação nas paredes, era
subtraída dos vegetais e minerais que, misturados a água, formavam as cores
maravilhosas que são encontradas até hoje.
Contudo, mesmo que não sejam consideradas uma escrita, as
inscrições rupestres representam uma riqueza incomensurável para a
compreensão da evolução da humanidade, visto que é ponto de partida para o
desenvolvimento de pesquisas arqueológicas que possibilitam o estudo do homem
que vivia no período paleolítico superior.
Martins (1998, p. 37) afirma que, "a escrita píctográfica parece
responder a necessidades ideológicas completamente diferentes das que iriam
provocar a nascimento do sistema fonético".
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2.2 Fase Sintética
A prática de associar o desenho aidéia faz surgir a segunda etapa
daescrita, denominada de Mnemônica, que significa memória, que apresenta
umavanço na comunicação ao conseguir representar o pensamento de forma
maiscompleta, significando este, a expressão, do pensamento dos povos
primitivos, quese valiam dos sinais para desenvolver o já referido processo.
Frévier (citado por ACIOLI, 1994, p. 18), afirma que esta forma
tambémnão era considerada uma escrita, por apresentar apenas sinais que
representam opensamento completo de forma visual, sendo, portanto, bastante
difícil suareprodução pelo fato das mesmas não haverem sido gravadas.
Ao que de Martins (1998, p. 39 ) acrescenta que a escrita
mnemônica,tal qual a escrita pictográfica, era passível dos mesmos inconvenientes
e dasmesmas criticas, ou seja, também não representavam uma idéia, mas
apenas asíntese do pensamento.
A escrita Mnemônica ou sistemas Mnemônicos, abundantes e
variados,tinham como principais tipos de suporte, os Quipos e Wampuns. Os
Quipos são oscordões formados por fios ou lã de cores diversas, nos quais se
colocavam nós,mais ou menos complicados, que eram utilizados no processo de
comunicação dosIncas, e os Wampuns que pertenciam aos Iroqueses, eram
colares ou largo cinto decouro no qual eram colocadas contas coloridas formando
uma figura querepresentava algum acontecimento importante. O princípio de
significação dosWampuns e dos Quipos, repousa nas cores das conchas e nas
figuras formadas.
Mesmo não sendo considerada como uma forma de escrita,
agrandeza dessa forma de comunicação permanece viva até hoje, entre
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diversospovos. Vários exemplos são encontrados, como é o caso do rosário de
contas, querepresenta uma oração, ou ainda, os diversos tipos de adereços
encontrados em várias regiões do mundo, nos quais são registradas mensagens
que marcam uma história, um sentimento, uma memória.
2.3 Fase Analítica
A terceira forma de escrita, a Ideográfica, propiciou um grande
avanço para a origem do alfabeto, ao proporcionar a facilidade para a
decomposição das frases em unidades, ou seja, em palavras. A partir dessa fase,
o homem passou a representar as suas as idéias determinando o valor de cada
símbolo, ou seja, o desenho ou sinal já não era utilizado para representar o
pensamento completo, mas tão-somente, uma palavra.
Foi nessa etapa da evolução da escrita que surgiram os três tipos
que viriam revolucionar esse período de desenvolvimento, as escritas cuneiforme,
egípcia e chinesa. A primeira delas, a cuneiforme, foi a que mais se utilizou na
Mesopotâmia e é considerada como uma herança deixada pelos Sumerianos e
Acades, que desapareceram alguns milênios antes de Cristo. Seus sinais
permaneceram trazendo benefícios àqueles que os sucederam, propiciando
melhorias de suas condições de vida. Entre estes povos, encontravam-se os
cananeus, os assírios, os hititas, os cipriotas, os armênios e os persas.
Donato (1996, p. 30) afirma que os sumerianos deixaram algumas
descrições que contribuíram para o resgate da história, entre elas destaca a do rei
Sargão 1o que, num documento de pedra, resume a história de sua vida:
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Eu sou Sharrkhin, o rei poderoso, o rei de Akkad. Minha mãe era uma princesa, meu pai não o conheci; o irmão de meu pai morava numa montanha... Minha mãe... numcêsto de vime que calafetou com betume e me abandonou ao rio que não me tragou. O rio me levou aAkki, o cavador de poços; Akki me recolheu com bondade e me fêz seu jardineiro. Jardineiro, fui amado pela deusa Ishtar e reinei por quarenta e quatro anos."
O uso corrente dos sinais cuneiformes foi alterando sua forma
original até que passaram por três fases distintas: a fase dos antigos sinais
ideográficos, a fase dos sinais aperfeiçoados pelos assírios e a fase dos sinais
neobabilônicos. Os assírios-babilônicos não conseguiram criar o seu próprio
alfabeto, mas conseguiram chegar ao silabismo, mesmo com certa dificuldade em
representar determinada sílaba com sinais diferentes.
Pelo que foi apresentado, constata-se que o processo de
desenvolvimento da escrita ocorreu de acordo com as necessidades
informacionais dos povos, que criam mecanismos e instrumentos necessários para
facilitar e aprimorar o processo de comunicação, de forma especializada. O fato,
além de facilitar o referido processo, concede um status aos detentores das letras,
visto que, em todas as épocas, observa-se o cuidado com o saber, com o
conhecimento.
Sobre o assunto, Lucas (2000, p. 37) ratifica nossas considerações
ao afirmar que: "Na idade-média, a leitura era concebida como possibilidade de
acesso de um sujeito a um tesouro (de conhecimento, de pensamento), era uma
via para o alcance da sabedoria, prescrita e recomendada como exercício."
Os Fenícios, povos de origem semita, aproveitaram-se das
características de sua região para explorar o comércio por todo o Mediterrâneo e
precisavam de uma escrita mais simples para esta prática, já que era
indispensável que se fizessem anotações de suas transações comerciais.
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A partir de então, várias ciências foram surgindo fazendo com que
chegasse até o presente muitos documentos históricos. Dentre estas ciências
pode- se citar o Silabário, que é considerado como o primeiro conjunto de regras
escritas, ou a primeira gramática existente.
A cartografia - sistema utilizado para marcar caminhos de caravanas,
portos e canais, feitas em tabuletas onde se viam ao lado dos nomes de cidades,
os acidentes geográficos, rios, montanhas, vale, entre outros.
De acordo com Donato (1996, p.37) a escrita cuneiforme , já
totalmente fonética, atingiu a média de 400 a 500 sinais, os quais representavam,
cada um uma sílaba. Foi com estes sinais que os Persa criaram um alfabeto
contendo 36 letras. Além deste último, a escrita cuneiforme favoreceu a
aparecimento de mais de quinze línguas e dialetos.
Outro tipo de escrita utilizado na época era a egípcia. O Egito, com
toda a imponência de terra promissora, surpreendente e inovadora, criou sua
própria forma de expressão que eram sinais diferentes dos anteriormente
utilizados pelos povos da Mesopotâmia, denominados de hieróglifos, que
inicialmente representavam apenas o objeto inspirador (período figurativo) passou
a representar também um som (período fonético), seu grande defeito foi o de
somente representar as formas simbólica e fonética.
Ainda segundo o autor (1996) as novas adaptações ocorridas fizeram
com que a escrita avançasse, passando para a fase da imitação do som. Não mais
representando os contornos, mas sim, os sons que eram emitidos. Surgiu, com
isso, a escrita denominada de onomatopaica, que é aquela onde um burrico passa
a ser reconhecido pelo som por ele emitido, ou seja a imitação do seu zurro.
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Durante o seu desenvolvimento, os hieróglifos passaram por quatro
períodos. No primeiro deles, o período ideográfico, os sinais representavam os
objetos de forma direta, ou seja, imitavam-nos como eram vistos.
Num segundo período, esses sinais passam a representar os
símbolos, por exemplo, o desenho do sol podia representar, além do astro
luminoso, o sentido de que era dia. Igualmente acontecia com o período lunar, que
além de representar a noite, também podia representar o mês em questão. Ainda
neste mesmo período surgiu a representação para a ciência dos números e
operações aritméticas, a qual era sinalizada pela figura do girino (larvas de sapo).
O motivo dessa comparação é que os girinos eram sempre vistos em grande
quantidade. Várias outras formas de comunicação foram utilizadas nessa fase tais
como o homem, animais, etc.
No terceiro período, o sinal passa a representar o som, como
aconteceu anteriormente com outras escritas, nesse período o sinal que
representava o objeto passa a demonstrar o seu significado, por exemplo, o sinal
que representava boca, passa a ser a sílaba rá, que é a expressão sonora de
boca.
Tais alterações trouxeram bastantes dificuldades para a escrita
egípcia, uma vez que eles podiam denotar vários sentidos, o que ocasionava erros
na
decifração da mesma. Os escribas, responsáveis pela leitura e escrita de
documentos antigos, sentindo a necessidade de transformar os sinais já
existentes, optaram por acrescentar aos símbolos, alguns riscos que iam mudando
o seu significado.
Sabe-se que o papiro foi um tipo de suporte de grande importância
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para a preservação da cultura egípcia, e os fatores que mais contribuíram para
aconservação destes foram, além do clima favorável do Nilo, o fato de os mesmos
terem permanecido aos cuidados de sacerdotes, que preservavam tudo o que
estivesse ligado a história, costumes, leis, crenças e outros conhecimentos.
O papiro deriva de uma planta nativa da região que tem o seu tronco
formado por várias camadas de películas. Estas películas eram separadas e
coladas, perpendicularmente, uma as outras para que ficassem resistentes e
compactas, depois de embebidas em óleo, eram postas ao sol para secar. Com o
passar do tempo, esse material apresentou uma classificação com fins
diferenciados, entre os quais destacam-se o hierático, destinado a documentos
religiosos; oemporético, destinado ao comércio comum; e também oliviano, que
era de uso mais comum entre a sociedade.
Outro tipo de suporte que muito contribuiu para o processo de
evolução da escrita foi o pergaminho, material utilizado pelos povos do Ocidente.
Tal suporte era oriundo da pele de animais, preferencialmente os caprinos, que
depois de passar por um processo de limpeza, era recoberta por uma camada de
cal, em seguida utilizava-se a pedra-pomes em toda a superfície para que ficasse
completamente lisa, momento em que estaria pronta para receber as informações.
Quando de sua escassez, esse material era reservado para que fossem utilizados
somente para registros de decretos papais e reais.
Com o advento do papel e da imprensa os suportes anteriormente
utilizados, foram sendo substituídos gradativamente. Lucas (1995) afirma que
"papel, fina lâmina utilizada hoje, como suporte para a escrita manual, teve sua
origem, ao norte da China, em meados do ano 105 d. C." Suas fibras derivaram
inicialmente, do cânhamo e do algodão, passando posteriormente, a ser originados
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de outras matérias primas, tais quais o bambu, a amoreira, a juta, o linho, o rami e
talos de trigo e arroz.
Ainda segundo o autor (1996) em virtude "da expansão da forma de
escrita de documentos e troca de informações ocorridas em meados do século XIX,
houve a necessidade de uma demanda crescente de papel[...], sendo hoje a celulose,
matéria prima originária das fibras de vegetais, carboidratos, amido e lignina, a
principal substância empregada na fabricação deste.
Durante séculos toda a riqueza documental deixada pelos egípcios
ficou fechada no Egito. Até que, com a fundação do Instituto do Egito, cientistas .
encarregados dos estudos sobre o país, coordenados pelo Francês Jean-François
Chapollion, descobriram a Pedra de Roseta, onde encontrava-se escrito um decreto
deixado pelo faraó Ptolomeu V Epífano, que sendo de origem grega e conhecedor
das escritas cópta e hieroglífica, exigiu que o mesmo fosse escrito de três maneiras:
emcópta, em grego e em hieróglifos. Champollion, exímio conhecedor do grego e do
cópta, pôde então, decifrar os hieróglifos através da comparação feita entre este e as
duas outras línguas ali contidas.
Foi, partindo desse período, que todas essas fabulosas descobertas
fizeram surgir a Egiptologia, ciência que revelou ao mundo a antiga civilização daquele
país, mostrando que "em todos os tempos e lugares, o progresso material e a
satisfação espiritual de viver, só foi possível, quando através de pequenos sinais, o
homem pôde conhecer e fazer conhecido, o seu mundo e a si mesmo. (DONATO,
1996, p. 53).
O terceiro tipo de escrita Ideográfíca, a chinesa, apresenta um
processo de evolução em sua forma. Seus desenhos eram pintados ou gravados por
canivetes de bronze ou estiletes de bambu, com os quais se podiam fazer as linhas
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curvas ou retas, uniformemente. O aparecimento do pi, pincel feito de cabelo de
elástico, teve bastante influência no desenvolvimento da escrita chinesa, ao fazer
com as formas antes perfeitas, fossem perdendo as características dos ideogramas,
do qual havia nascido.
Diringer (1985, p. 71) atribui que "sua origem data dos meados do
segundo milênio a. C.: oráculos inscritos em ossos de animais e carapaças de
tartaruga (os chamados ossos de Honão) e pequenas inscrições em vasos de bronze,
armas, olaria e jade. Com o advento do papel a escrita chinesa passa a apresentar
formas que permanecem até hoje.
Analisados esses suportes, encontraram-se indícios de que a escrita
chinesa havia passado por um período de transição, que comprova que a mesma
passou pelas fases pictográficas e ideográficas.
Ao que Diringer (1985, p. 72) enfatiza "que a ausência de exemplares
relativos a qualquer dessas fases anteriores pode ser explicada por uma das três
hipóteses a seguir: ou esses escritos foram feitos em material de pouca longevidade,
como a madeira ou o bambu[..]; ou a escrita chinesa foi artificialmente criada,
influenciada por um antigo cuneiforme através da "difusão de idéias"[...]; ou uma mais
antiga forma de escrita continua ainda à espera de ser descoberta. Portanto, nada
existe que possa afirmar, se essa escrita foi originada ou não dentro da própria China."
2.4 Fase Fonética
Um passo incalculável foi dado no processo de comunicação, quando o
homem percebeu que lhe era possível substituir a imagem virtual pela sonora.
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Dessa forma, o sinal se libertaria completamente do objeto, e a linguagem
readquiriria a sua verdadeira natureza, que é oral. Decompondo o som das
palavras, o homem percebeu que ele reduzia a unidade justaposta, mais ou menos
independentes uma das outras (enquanto som) e nitidamente diferenciáveis.
Assim, surgem dois tipos de escrita que marcam a revolução decisiva do
mencionado processo: a escrita silábica se funda em grupos de sons,
representados por um sinal, e a escrita alfabética, em que cada sinal corresponde
a uma letra.
A escrita alfabética representa, com relação a escrita silábica, uma
complexidade de ordem ideológica, mas com uma importante simplificação técnica.
De posse da letra, todos os caminhos da linguagem estavam abertos, visto que a
letra é indispensável para a existência da sílaba que daria unidade a linguagem.
Aparentemente sem significação, a letra permitiu à escrita, o mais
perfeito e mais simples dos sistemas, que é o fonético. Dessa forma, o homem
pôde criar a sílaba, inventá-la instantaneamente a medida das suas necessidades,
e dar ao próprio pensamento, uma agilidade até então insuspeitada.
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3. ALFABETO
Ao avaliarmos a evolução da escrita, em que considera-se como
sistemas básicos odiográfico e o fonético, evidencia-se a importância do Alfabeto
como mola impulsora para o acelerado processo da escrita.
Etmologicamente, a palavra é representada por Alpha, primeira letra
do alfabeto grego e siríaco, e Beta, segunda letra do alfabeto grego.
3.1 Alfabeto Fenício
De volta à Mesopotâmia, encontram-se novamente os povos
Fenícios que, herdando os sinais que eram usados pelos hebreus, farão uso dos
mesmos para a expansão do comércio naquela região.
Os povos Fenícios de origem semita, encontram a sua frente uma
terra que ladeada pelo mar e cercada de montanhas e florestas era propícia para a
exploração do comércio. Foi com essa atividade que os Fenícios conseguiram
chegar aos lugares mais distantes e construíram colônias e cidades na Espanha,
na França, na Itália e no Norte da África.
Segundo Donato (1996, p. 56) tendo como atividade econômica o
comércio, os fenícios precisavam contar com uma escrituração ordenada: leis,
códigos, relatórios, ordens, cartas e tudo o mais que fosse preciso para administrar
cidades e realizar negócios, por esse motivo passaram a dar importância aos
sinais da escrita.
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No entanto, apesar de freqüentemente utilizados, esses sinais
gráficos não mais correspondiam as suas necessidades. Os Fenícios, precisando
fazer-se entendidos e lembrados, modificaram e simplificaram os sinais hebraicos,
criando, dessa forma, o seu próprio alfabeto, que era composto de vinte e dois
sinais, escritos e lidos horizontalmente, da direita para a esquerda.
De acordo com Man (2002, p.157) muitas das culturas que não eram
submissas aos impérios que utilizavam a escrita cuneiforme ou hieroglífica podiam
ver as suas vantagens. Donato (1996, p.57) enfoca que: "[...] foi desses sinais que
nos veio, através de longo caminho, o nosso abecedário".
Como viajantes e comerciantes, os fenícios levavam consigo as
letras que foram criadas por eles, não para guardar sua memória cultural, mas
apenas, para fins comerciais. Com o desinteresse demonstrado na preservação de
sua história, os fenícios não tiveram a preocupação de criar qualquer monumento
de pedra ou papiro, ou sequer alguma grande obra literária.
Os Fenícios não tiveram a preocupação de proteger da cobiça de
outros povos o que haviam conquistado, que atraídos pela boa qualidade da terra e
das riquezas ali existentes, atacaram-na e tomaram-lhe o poder. Primeiro os
egípcios, depois os israelitas, seguidos por povos assírios, caldeus, persas e
macedônios. Desaparecido o país, desapareceu também, o uso do alfabeto fenício
com todo o seu prestígio.
Man (2002, p. 157) relata, que astutos comerciantes gregos que
passavam pelo seu próprio renascimento, vislumbraram também as vantagens do
sistema fenício, e o alfabeto deu o seu próximo salto.
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3.2 Alfabeto Grego
Os povos da Ásia que migraram para as ilhas do Mar Egeu, a Trácia,
a Macedônia e a Península Helênica, misturando-se aos nativos ali existentes,
fundiram-se e criaram um país e um povo de surpreendente capacidade. Estes
povos, os dórios, os jônios e os eólios, divididos em grupos detinham uma
rivalidade entre si. Porém, com o passar do tempo, reuniram-se e formaram um
povo comum, com o nome de helenos.
Os gregos aprenderam com os fenícios, as atividades comerciais, a
arte de fundir de metais, como também, a manejar o uso dos sinais gráficos,
processo que ocorreu quando os fenícios ainda detinham o poder.
Sendo povos orgulhosos de sua força, os gregos negavam a sua
origem afirmando ser originários da Península Itálica, como não gostavam de
depender de outros, criaram a lenda de Cadmo ao qual atribuíam a criação de seu
alfabeto.
A lenda conta a história de Cadmo, que depois de muito tempo
procurando por sua irmã Europa, cansado da viagem e desejoso de ilustrar o povo
da Beócia, constrói a cidade que, posteriormente, viria a ser chamada de Tebas,
ensinando aos povos vizinhos a arte de fundir e empregar metais, como também
as artes de ler e escrever. Daí, o alfabeto se teria difundido por todas as terras
gregas.(DONATO, 1996, p. 67).
Frévier citado por Martins (1998, p. 50) afirma que a adoção do alfabeto fenício
pelos gregos não seria possível sem que se fizessem consideráveis adaptações, e
destaca duas razões para isso: a primeira é que o sistema consonântico dos
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gregos era completamente diferente do sistema fenício, e a segunda é que o grego
não podia dispensar o uso das vogais.
O alfabeto grego passou por várias adaptações, entre elas podemos
citar como mais importantes, a transformação das cinco letras laringuais em
vogais, como também a invenção de sons especiais da língua grega, como por
exemplo a letra X.
Posteriormente, a língua grega foi grafada pela escrita Linear B, ou
seja, a escrita silábica. Com o advento do alfabeto Jônico, que foi instituído
oficialmente em Atenas, substituindo todos os outros alfabetos locais, foram
acrescentados ao alfabeto Grego vinte e dois sinais fenícios. Estes foram
adaptados de acordo com as circunstâncias locais, tais como a situação
geográfica, os meios de difusão e comunicação, como também pelo fato de a
escrita não se restringir a apenas uma classe social.
A pontuação foi inventada pelos gregos. Segundo Donato (1996,
p.71) o gramático Aristófanes, de Bizâncio, introduziu a este alfabeto, os três
acentos: agudo, grave e circunflexo, regularizando o seu uso e auxiliando na
pronúncia correta das palavras. Os documentos eram gravados em pedra, por
meio da escrita lapidária. A partir do surgimento de outros suportes (pergaminho e
papiro) as letras diminuíram de tamanho, passando a existir, assim as letras
minúsculas.
Do benefício originado dessa evolução, resultou a criação de outros
alfabetos, tais como os itálicos (etrusco, messápio, osco e úmbrio) como também
do alfabeto latino.
Dentre os alfabetos originários do alfabeto Grego, destacamos o
Etrusco que era formado por vinte e seis letras. A adaptação da escrita etrusca à
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escrita latina se deu por volta do século seis antes de Cristo e esta trazia como
característica sua forma de escrita começando da esquerda para a direita, conforme
se encontra na inscrição lida na Fíbula de Prenestes, a qual data de mais ou menos
seiscentos anos antes de Cristo. (DONATO, 1996, p. 57)
Sá (1977, p. 19) afirma que "por volta do ano 1000 a. C., os gregos
adotaram o alfabeto consonântico e realizaram uma transformação importante, criando
um sistema complexo de vogais e consoantes, que são hoje, a base de nossa escrita
atual."
3.3 Alfabeto Latino
O Alfabeto Latino teve sua origem a partir do alfabeto grego, que é o
alfabeto fenício aperfeiçoado. O início dessa criação se deu na Península Itálica,
quando povos arianos, ali se estabeleceram. Traziam consigo traços da literatura
oral utilizados até hoje.
Os arianos encontraram na Península Itálica, um ambiente propício
para a agricultura, o que deu aos mesmos, condições favoráveis à sobrevivência.
No entanto, no plano cultural não tiveram a mesma sorte, uma vez que não
receberam influência de outros povos mais cultos, como havia ocorrido com os
gregos e fenícios, e também, em virtude das várias guerras travadas entre os
povos da península, onde os vencedores eram sempre guerreiros. Estes povos,
apesar de tudo, souberam apreciar o belo, e este fato fez com que conseguissem
traduzir seus sentimentos nas obras intelectuais.
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Após o período de lutas, quando Roma já havia dominado a península, tiveram
oportunidade para produzir suas obras artísticas, usando como base as escritas
deixada por povos cultos, entre eles, os oscos e etruscos, os quais haviam criado,
antes das derrotas sofridas, o seu próprio alfabeto.
O alfabeto grego foi introduzido inicialmente na Ilha de Cumas, onde
utilizado por colonos não demonstrou grande evolução. Somente na Magna
Grécia, quando da criação, ao Sul da Itália, da cidade colônia de Tarento, é que os
gregos influenciaram, demasiadamente, na cultura romana.
Os romanos não desconheciam totalmente a escrita, por isso, após
ocuparem o território láscio, cuidaram de acomodar e harmonizar o sistema de
escrita ali existentes. Dessa forma puderam escrever e perpetuar sua história.
Por muitos anos, os romanos não conseguiram desenvolver escrita e
literatura própria e correta. Escreviam com extravagância nos símbolos, sem
pontuação e separação das palavras, seguidas por abreviações e siglas, o que as
tornaram de difícil interpretação.
Seu primeiro alfabeto era composto por dezesseis letras. Após a
conquista da Grécia pelos Romanos, os símbolos gregos Y e Z foram adotados
como y e z, colocados no fim do alfabeto latino, que já tinha sua forma mais ou
menos definitiva, sendo a seguinte: A, B, C (som de K), D, E, F, G, H, K, L, M, O,
P, Q, P (forma original de R, derivada da letra grega ró), S, T, V, X, Y, Z. A adição
das letras U, W e J representou apenas uma atualização para as outras V e I, já
existentes. Depois destas modificações, o alfabeto latino permanece,
fundamentalmente, imutável. A velocidade de sua difusão e sua rápida evolução,
fizeram surgir as letras que viriam completá-lo. Foram elas: G, H, J, K, V, X, Y e Z.
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Por meio desse alfabeto, mesmo ainda em fase de evolução, os
povos passaram a expressar-se e criar seus monumentos culturais de acordo com
o que aprenderam através dos ensinamentos vindos de Roma.
De acordo com Donato (1996, p. 85-86), nenhuma outra língua
falada e escrita, possuíra tantas qualidades [...] flexibilidade, vocabulário simples,
harmonioso, correto e reduzido, clareza, síntese e vigor [...] apta para as
proclamações, códigos, sentenças, inscrições monumentais e leis.
A língua falada pela aristocracia e pelos intelectuais era o latim
literário erudito, diferente do latim vulgar falado pelo povo, por pessoas incultas,
pelas tropas do exército. Ao ser divulgado em todas as regiões ocupadas pelos
romanos, o latim vulgar acabou dominando as línguas locais e sofrendo influências
destas, surgindo com isso, novos idiomas denominados de neolatinos.
O Cristianismo difundiu o alfabeto latino no ocidente fixando, através
constante uso da Bíblia, o latim, o qual permaneceu, por muitos anos, como a
língua literária universal, originando o Romeno, o Catalão, o Rético, o Provençal, o
Sardo e o Dalmático. Os principais idiomas neolatinos são o Português, o Francês,
o Espanhol e o Italiano.
Como conseqüência, vê-se que as escritas nacionais da maior parte
dos povos europeus de hoje, são adaptações do alfabeto latino as línguas
teotônica, eslava e ungro-finlandesa, em alguns casos com mais ou menos
alterações, adições ou eliminações e modificações, mas sem afetar a estrutura
essencial do alfabeto, que permaneceu intacta desde sua origem. Mesmo assim o
alfabeto não perdeu, em todas as suas variedades, o dinamismo que o levou tão
longe.
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O aperfeiçoamento da escrita depende do desenvolvimento de cada povo.
Ainda existem povos que preservam formas diferentes ou próprias de escrita, as quais
diferem do alfabeto hoje utilizado, mas que atendem às suas necessidades de
comunicação.
A escrita tem a função de reordenar as frases, tornando possível
retificar, através de um reexame, até mesmo palavras isoladas. Quando passada
da forma oral a forma escrita, torna-se cada vez mais fácil a memorização das
palavras, dos textos, ou até mesmo das idéias nestes contidas. Dessa forma fica
cada vez mais provada a teoria de que "nomear é conhecer" (LUCAS, 2000, p. 32).
Não importa a qual período se reporte, a leitura é o fator mais
importante para o desenvolvimento de uma classe, de um povo ou mesmo de uma
Nação. E esse ato, o saber ler, não seria possível se não existisse, essa que é a
maior riqueza que nos foi deixada pelos povos do passado, o Alfabeto.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por muito tempo o homem utilizou meios rudimentares para se
comunicar com seus semelhantes, entre estes encontravam-se os sinais acústicos,
os sinais visuais e sensoriais. Todos esses meios foram desenvolvidos por códigos
convencionais uma vez que eram úteis dentro de campos restritos. Foi a partir
destas formas que o homem começou a registrar o seu pensamentos.
O processo de evolução foi composto por quatro fases denominadas
Autônoma; Sintética; Analítica e Fonética. As três primeiras delas, compunham o
sistema deográfico, e eram representadas pelas escritas Pictográfica, Mnemônica
e Ideográfica, que por sua vez, se dividia em Cuneiforme, Egípcia e Chinesa.
Estas fases apresentaram um desenvolvimento relativamente lento, uma vez que
seus sinais representavam apenas o objeto ou pensamento. No entanto, suas
idéias serviram de base para o aprimoramento ocorrido na quarta fase da escrita.
Nesta, a humanidade também em processo de evolução, passa a
sentir a necessidade de aprimorar sua forma de comunicação, e o que antes
representava o objeto ou pensamento, passa a representar o som. Esse processo
de aperfeiçoamento faz surgir duas formas de escrita que viriam contribuir para
esse avanço: as escritas silábica e alfabética.
Os Fenícios, Gregos e Romanos foram os responsáveis pela criação,
aperfeiçoamento e difusão do alfabeto, e este, por sua vez, foi a ferramenta
essencial para o desenvolvimento do processo de comunicação entre os povos,
servindo inclusive, de base para o advento da informática.
Sendo assim, diante da importância da escrita para o
desenvolvimento da humanidade, recomenda-se que cada um tenha a
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preocupação de disseminá-la dentro do seu contexto, destacando que, sem a
escrita, seria inconcebível a comunicação e interação existente entre as
civilizações.
Sugere-se que mais pesquisas sejam desenvolvidas sobre o tema,
objetivando a interelação do mesmo com a biblioteconomia, visto que, apesar da
importância dada à explosão informacional, esse assunto é tratado de forma
restrita em virtude do pouco tempo a ele destinado.