a deficiência e o esporte paraolímpico
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VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 2400-2422
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A DEFICIÊNCIA E O ESPORTE PARAOLÍMPICO
Rosangela Marques Busto1
Apresentação
A questão da deficiência tem merecido destaque nas discussões da mídia nos
últimos anos. Após a Constituição de 19881, veio à tona a discussão sobre a questão do
deficiente quando foi estabelecido que o atendimento a pessoa com deficiência deveria
ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino.
Com os Parâmetros Curriculares em 1996, definitivamente incrementou-se a
discussão da questão da inclusão, porém, essas discussões acabaram ficando focadas apenas
na inclusão da pessoa com deficiente, pois esta era a parcela da sociedade que ainda se
encontrava excluída do contexto escolar e social.
Outro fato que trouxe a superfície às discussões sobre o deficiente em nossa
sociedade foi pelos programas e novelas veiculadas pela TV ter dado uma maior ênfase
apresentando deficientes em várias situações corriqueiras do dia a dia, inclusive abordando
problemas relacionados à escola e a aceitação do deficiente por parte da sociedade.
Não podemos nos esquecer de outros fatos extremamente interessantes,
principalmente para nossa área de atuação profissional que tem sido a participação gloriosa
do Brasil nas Paraolimpíadas e recentemente no Parapan-americanos sagrando-se campeão
geral no quadro de medalhas.
Essas discussões propiciaram a preparação desse material com o objetivo de
ajudar os profissionais da Educação Física e do Esporte no entendimento das questões da
deficiência em nosso campo de atuação.
Introdução
Para nos localizar melhor quando falamos de deficientes, é interessante
iniciarmos mostrando um pouco da visão do deficiente ao longo da história da humanidade.
A atenção ao deficiente tem se caracterizado pela segregação, acompanhada
pela conseqüente e gradativa exclusão, sob diferentes argumentos, dependendo do
momento histórico focalizado.
O quadro abaixo elaborado a partir das informações contidas no material
distribuído pelo Ministério da educação, nos mostra como a pessoa com deficiência era
vista ao longo da nossa história.
Antiguidade
Pessoa diferente Com limitações funcionais e necessidades
diferenciadas, era praticamente exterminada por meio do abandono, o que
não representava um problema de natureza ética ou moral. A Bíblia traz
1 Docente do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.
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referências ao cego, ao manco e ao leproso - a maioria dos quais sendo
pedintes ou rejeitados pela comunidade, seja pelo medo de doença, seja
porque se pensava que eram amaldiçoados pelos deuses.
Idade Média
Pessoas doentes, defeituosas e/ou mentalmente afetadas
(provavelmente deficientes físicos, sensoriais e mentais), em função da
assunção das idéias cristãs, não mais podiam ser exterminadas, já que
também eram criaturas de Deus. Assim, eram aparentemente ignoradas à
própria sorte, dependendo, para sua sobrevivência, da boa vontade e
caridade humanas. Da mesma forma que na Antigüidade, alguns
continuavam a ser “aproveitados” como fonte de diversão, como bobos
da corte, como material de exposição, etc.
Período
Medieval
A concepção de deficiência passou a ser metafísica, de natureza
religiosa, sendo a pessoa com deficiência considerada ora demoníaca, ora
possuída pelo demônio;
Século XVI
aos Dias de
Hoje
Começaram a surgir novas idéias, referentes à sua natureza orgânica,
produto de causas naturais. Assim concebida, passou também a ser
tratada por meio da alquimia, da magia e da astrologia, métodos da
então iniciante medicina, processo importante do século XVI.
O século XVII foi palco de novos avanços no conhecimento produzido
na área da Medicina, o que fortaleceu a tese da organicidade, e ampliou
a compreensão da deficiência como processo natural.
Enquanto que a tese da organicidade favoreceu o surgimento de ações
de tratamento médico das pessoas com deficiência, a tese do
desenvolvimento por meio da estimulação encaminhou-se, embora
muito lentamente, para ações de ensino, o que vai se desenvolver
definitivamente somente a partir do século XVIII. Quadro elaborado por Busto baseado em Projeto Escola Viva
2 - Garantindo o acesso e permanência de todos
os alunos na escola - Alunos com necessidades educacionais especiais, Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Especial, 2000.
No Século passado, as discussões sobre deficiência tomaram corpo, podendo
ser apresentada da seguinte forma:
Paradigma da
Institucionalização
SEGREGAÇÃO
“um lugar de
residência e de
trabalho, onde um
grande número de
pessoas, excluído da
sociedade mais
ampla, por um longo
Foram criados conventos, hospitais psiquiátricos que serviam para o
confinamento, constituindo-se algumas vezes pouco mais que
prisões onde eram enviados os deficientes.
Com a evolução da medicina, a etiologia, o funcionamento e o
tratamento de deficientes foram sendo sistematizados, o que
proporcionou a mudança de um paradigma que durou mais de 500
anos.
Este paradigma começou a ser mudado apenas no século XX por
volta dos anos 60.
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período de tempo,
leva juntos uma vida
enclausurada e
formalmente
administrada”
(Goffman, 1962)
Paradigma de
Serviço
INTEGRAÇÃO
“localizar no sujeito
o alvo da mudança”
Necessidade de modificar a pessoa com necessidades educacionais
especiais, de forma que esta pudesse vir a se assemelhar, o mais
possível aos demais cidadãos, para então poder ser inserida,
integrada, ao convívio em sociedade.
A comunidade deveria oferecer às pessoas com necessidades
educacionais especiais, os serviços e os recursos de que
necessitassem para viabilizar as modificações que as tornassem o
mais “normais” possíveis.
Diferente do paradigma anterior, este rapidamente sofre críticas.
Ampliou-se a discussão do deficiente ser um cidadão como outro
qualquer, detentor dos mesmos direitos de determinação e de uso
das oportunidades disponíveis na sociedade, independente do tipo de
deficiência e do grau de comprometimento que apresentem.
Paradigma de
Suporte
INCLUSÃO
A pessoa com
deficiência tem
direito à convivência
não segregada e ao
acesso imediato e
contínuo aos recursos
disponíveis aos
demais cidadãos.
Estão sendo desenvolvidos suportes, instrumentos que garantam à
pessoas com necessidades educacionais especiais o acesso imediato
a todo e qualquer recurso da comunidade.
Os suportes podem ser de diferentes tipos (social, econômico, físico,
instrumental) e tem como função construir um processo que passou
a ser denominada de Inclusão Social.
A Inclusão social é um processo que engloba ações junto a pessoas
com necessidades educacionais especiais e ações junto a
comunidade, num processo bilateral.
Projeto Escola Viva – Garantindo o acesso e Permanência de todos os alunos na escola – Alunos com
necessidades Especiais. Visão Histórica 1. Brasília: MEC. SEE. 2000.
O DEFICIENTE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Tendo passado rapidamente pela história do deficiente, vamos ver como a
legislação brasileira trata o deficiente.
Em 1999 foi publicada a Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência3, que compreende o conjunto de orientações normativas que
objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com
deficiência.
No artigo 2, encontramos que cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público
assegurar à pessoa com deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos
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direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência
social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao
amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis,
propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
Para facilitar o entendimento, encontramos as seguintes definições;
DEFICIÊNCIA
Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho
de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser
humano;
DEFICIÊNCIA
PERMANENTE
Aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo
suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que
se altere, apesar de novos tratamentos;
INCAPACIDADE
Uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social,
com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos
especiais para que a pessoa com deficiência possa receber ou
transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao
desempenho de função ou atividade a ser exercida.
Buscando regulamentar o atendimento prioritário às pessoas com deficiência
ou com mobilidade reduzida, em 2004, foi publicado o Decreto nº. 5.296 de 2 de dezembro
de 20044.
§ 1o Considera-se, para os efeitos deste Decreto:
I - pessoa com
deficiência a que possui
limitação ou
incapacidade para o
desempenho de
atividade e se enquadra
nas seguintes
categorias:
a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou
mais segmentos do corpo humano, acarretando o
comprometimento da função física, apresentando-se sob a
forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia,
tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro,
paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade
congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as
que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;
b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma
nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;
c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é
igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor
correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual
entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica;
os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em
ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência
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simultânea de quaisquer das condições anteriores;
d) deficiência mental: funcionamento intelectual
significativamente inferior à média, com manifestação antes
dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas
de habilidades adaptativas, tais como:
1. comunicação;
2. cuidado pessoal;
3. habilidades sociais;
4. utilização dos recursos da comunidade;
5. saúde e segurança;
6. habilidades acadêmicas;
7. lazer; e
8. trabalho;
e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais
deficiências;
II - pessoa com
mobilidade
reduzida
Aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa com
deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de
movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando
redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação
motora e percepção.
Termos tais como “deficiência”, “deficiente”, “portador de deficiência” e
“portador de necessidades especiais” surgiram bem recentemente, já no século XX.
Fechando o ciclo de esclarecimentos, encontramos os Parâmetros Curriculares
Nacionais5 quando fala das adaptações curriculares e as estratégias para a educação de
alunos com necessidades especiais.
A expressão necessidades educacionais especiais pode ser utilizada para referir-
se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas
dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não
necessariamente vinculada a deficiência(s).
Necessidades educacionais podem ser identificadas em diversas situações
representativas de dificuldades de aprendizagem, como decorrência de condições
individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos:
PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS – PCN
“aquele que por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos
no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos
pedagógicos e metodologias educacionais específicas.”
QUEM SÃO?
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• as com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e sensoriais
diferenciadas;
• as com deficiência e bem dotadas;
• as de populações distantes ou nômades;
• as de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais;
• as de grupos desfavorecidos ou marginalizados.
• os com dificuldades temporárias ou permanentes nas escolas
• os repetentes
• os desnutridos e pobres,
• as vítimas de guerra e conflitos armados,
• os meninos e as meninas de rua,
• as populações das periferias urbanas e zonas rurais,
• os povos indígenas,
• as minorias étnicas, raciais, linguísticas,
• com altas habilidades,
• as crianças de abrigos,
• os que sofreram emocionalmente com a vida...
Todos os que precisam de maior atenção para que possam conseguir um
aproveitamento escolar bom e evolutivo6
SUPERDOTAÇÃO
Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes
aspectos isolados ou combinados:
• capacidade intelectual geral;
• aptidão acadêmica específica;
• pensamento criativo ou produtivo;
• capacidade de liderança;
• talento especial para artes;
• capacidade psicomotora.
CONDUTAS TÍPICAS
Manifestações de comportamento típicas de portadores de síndromes e quadros
psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e
prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional
especializado.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA
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Perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a
fala por intermédio do ouvido. Manifesta-se como:
• surdez leve / moderada: perda auditiva de até 70 decibéis, que dificulta, mas
não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a
voz humana, com ou sem a utilização de um aparelho auditivo;
• surdez severa / profunda: perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o
indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem
como de adquirir, naturalmente, o código da língua oral.
DEFICIÊNCIA FÍSICA
Variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de
mobilidade de coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões
neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou ainda de malformações congênitas ou
adquiridas.
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral
significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante
com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do
indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos:
• comunicação;
• cuidados pessoais;
• habilidades sociais;
• desempenho na família e comunidade;
• independência na locomoção;
• saúde e segurança;
• desempenho escolar;
• lazer e trabalho.
DEFICIÊNCIA VISUAL
É a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a
melhor correção ótica. Manifesta-se como:
Cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor olho após
correção, ou um campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do melhor
olho, mesmo com o uso de lentes de correção. Sob o enfoque educacional, a cegueira
representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão que leva o indivíduo a necessitar do
método braille como meio de leitura e escrita, além de outros recursos didáticos e
equipamentos especiais para a sua educação;
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Visão Reduzida: acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no melhor olho, após correção
máxima. Sob o enfoque educacional, trata-se de resíduo visual que permite ao educando ler
impressos a tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos especiais.
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
É a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias
(mental/visual/auditiva/física), com comprometimentos que acarretam atrasos no
desenvolvimento global e na capacidade adaptativa.
Na Educação Inclusiva, os sistemas educacionais devem assumir que as
diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve se adaptar às necessidades das
crianças ao invés de se adaptar a criança a assunções preconcebidas a respeito do ritmo e da
natureza do processo de aprendizagem.
Para que você possa elaborar um programa inclusivo, é importante conhecer os
diferentes tipos de deficiência, bem como preveni-las e, nos casos em que a deficiência já
está instalada, promover a reabilitação e o resgate da auto-estima, potencializando as
possibilidades de inclusão social/escolar
Concluindo esta parte da apresentação, vale ressaltar que de acordo com a
Declaração de Salamanca, na Educação Inclusiva, os sistemas educacionais devem assumir
que as diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve se adaptar às
necessidades das crianças ao invés de se adaptar a criança a assunções preconcebidas a
respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem7.
ESPORTE ADAPTADO, EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA OU ESPORTE
PARAOLÍMPICO?
ESPORTE PARAOLÍMPICO, FATOS HISTÓRICOS, DADOS RELEVANTES,
PAÍSES E MODALIDADES.
Inicialmente devemos estabelecer do que é que estamos falando. Ao falarmos
de adaptado, encontramos no dicionário Michaeles8 “adj (part de adaptar) Que se adaptou;
tornado apto; acomodado, ajustado”. Se falarmos a palavra adaptar encontramos “(lat
adaptare) ... Combinar, encaixar, justapor, ajustar (uma coisa a outra).
A Educação Física Adaptada, Educação Física para Pessoas com Deficiência ou
ainda Educação Especial, terminologia utilizada para a disciplina que abarca
informações sobre educação física para pessoas com deficiência, caracteriza-se
por adequar metodologicamente um conjunto de atividades ou tarefas que
envolvam diferentes estímulos, adaptando as capacidades e limitações do aluno
com deficiência. Sua proposta não difere dos objetivos da educação física
regular, ela visa a ampliar as possibilidades de aplicação da educação física
escolar por meio de metodologias que respeitem a diversidade do grupo, as
características e as necessidades do aluno com deficiência9.
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Quando elaborou o Dicionário de Educação Física e Esporte, Barbanti10
definiu
a Educação Física Adaptada como:
Educação que envolve modificações ou ajustamentos das atividades tradicionais da Educação
Física para permitir a participação de crianças deficientes com segurança e de acordo com suas
capacidades funcionais.
Quando buscamos a palavra paraolímpica ou paraolimpíada, encontramos
definições sobre jogos, evento esportivo que ocorre paralelo às olimpíadas.
Período de quatro anos decorrido entre a realização de dois Jogos Olímpicos (ou Olimpíadas)
consecutivos, no sistema grego de divisão do tempo. Este método de contar o tempo tornou-se
comum por volta de 300 a.C. Todos os eventos eram datados a partir de 776 a.C., o início da
primeira olimpíada conhecida11
Comumente encontramos o termo Educação Física utilizado em várias
situações, para que não incorramos no mesmo erro, iniciaremos esclarecendo o sentido que
utilizaremos durante a apresentação deste texto.
Educação Física Ciência
Educação Física
Especial/adaptada
Destinada a pessoas com deficiência, pessoas com
necessidades especiais.
Esporte Adaptado Modalidades esportivas que foram adaptadas para atender a
pessoas com necessidades específicas.
Esporte Paraolímpico Modalidades que fazem parte dos Jogos Paraolímpicos. Definição de termos por Busto, 2011
1.
Vamos esclarecer então o quadro acima, os exercícios terapêuticos, precursores
da educação física adaptada, já eram utilizados pelos Chineses (com o Cong Fu) e Hindus
(com a ioga) antes de 1115 a.C. na busca e proteção da saúde e os Gregos (480 a.C.)
utilizavam sistemas de exercícios para corrigir várias fraquezas dos corpos dos
estudantes12.
Os Romanos (130 d.C.) no tratamento de doenças crônicas utilizavam polias e
halteres para melhorar a força e o tônus muscular, associavam ainda alimentação
balanceada para manter a saúde.
Na Idade Média por influência da Igreja cristã, acreditava-se que a
“mortificação da carne” trazia a santificação e os jogos e esportes eram considerados
frívolos e indesejáveis. Com a renascença o interesse pelas culturas antigas reaparece,
através dos esportes e da medicina. A preocupação com atividades direcionadas a
populações especiais já aparece no primeiro livro moderno de exercícios terapêuticos,
quando prescreve que ”exercícios especiais devem ser prescritos para pacientes
convalescentes, em bases individuais” 5, (p. 35)
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Na idade moderna, surgiram várias formas de tratamentos, Hauffman propôs a
terapia cinética ocupacional (cortar e costurar, atividades diárias gerais), poderia ser
utilizada na obtenção de força e saúde, André propôs exercícios para corrigir deformidades
posturais, já Tissot, o conhecimento de anatomia para a prescrição de exercícios, utilizou
ainda esporte e terapia recreativa.
Já no século XIX, Ling classificou os exercícios em 4 categorias: pedagógicos,
estéticos, militares e médicos. Os médicos foram subdivididos em exercícios ativos,
exercícios passivos e exercícios contra-resistidos.
Nos anos 1920, Klapp propôs o uso de exercícios para o tratamento da
escoliose. Após a Segunda Guerra Mundial, aumentou o uso dos exercícios terapêuticos em
hospitais para a reabilitação, popularizando assim os jogos e esportes adaptados.
Os Jogos Paraolímpicos surgiram para coroar um trabalho de atendimento a
pessoas com deficiência que começou no século 18 e 19. As primeiras notícias nos
remetem a atividades realizadas por clubes esportivos para pessoas com deficiência
auditiva.
As grandes guerras mundiais levaram as autoridades a se a preocuparem com a
recuperação dos soldados mutilados. O auge desta preocupação ocorreu durante a II Guerra
Mundial, quando a Inglaterra contrata entre outros, o neurocirurgião alemão Ludwig
Guttmann que propôs a utilização de atividades esportivas como meio para a reabilitação e
recuperação dos veteranos de guerra.
Neste texto falaremos sobre o Esporte Paraolímpico, fatos históricos, dados
relevantes sobre participantes, países, modalidades entre outros.
Quadro fatos históricos dos Esportes Adaptados até o início das Paraolimpíadas.
Data Acontecimento
Séculos 18 e 19 Contribuição no sentido da reeducação e da reabilitação
Berlim, Alemanha 1888 Primeiras notícias da existência de clubes esportivos para pessoas surdas.
I Grande Guerra 1914/1918 A fisioterapia e a medicina esportiva surgiram como recursos importantes
na recuperação das cirurgias internas e ortopédicas.
Paris - 1924 Jogos do Silêncio, com a participação de 145 atletas de nove países
europeus.
1932 Na Inglaterra, fundou-se a Associação de Jogadores de Golfe de um só
Braço.
1944, durante a segunda
grande guerra.
Governo britânico contratou, entre outros, o, Dr. Ludwig Guttmann, -
neurocirurgião alemão, para começar um trabalho de reabilitação para
lesionados medulares dando origem ao Centro Nacional de Lesionados
Medulares de Stoke Mandeville na Inglaterra.
Marcou seu trabalho de reabilitação médica e social direcionados aos
veteranos de guerra, pelo uso da prática esportiva como parte do
tratamento médico.
29 de julho de 1948 Data da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres aconteceu
a competição denominada Stoke Mandeville Games. A participação é
modesta: 14 homens e duas mulheres das Forças Armadas Britânicas
competem em arco e flecha
1952 Exsoldados holandeses se uniram para participar dos jogos de Stoke
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Mandeville, e juntamente com os ingleses, fundaram a ISMGF –
International Stoke Mandeville Games Federation – Federação
Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville,
Quadro fatos históricos das Paraolimpíadas.
1960 Realizado os jogos em Roma logo após a realização dos Jogos Olímpicos.
Usando os mesmos espaços esportivos e o mesmo formato das olimpíadas,
240 atletas de 23 países participaram da primeira Paraolimpíada.
Até os jogos de 1972 em
Heildelberg, Alemanha
Apenas atletas em cadeiras de rodas participavam oficialmente dos jogos.
1976, nas Paraolimpíadas de
Toronto, Canadá
Inclusão dos atletas cegos e amputados e
1976 na cidade de
Ornskoldsvik, Suécia
Foi realizada a primeira Paraolimpíada de Inverno.
1980, em Arnhem, na
Holanda
Inclusão dos paralisados cerebrais
Até 1992 Os jogos de inverno aconteceram no mesmo ano dos jogos de verão
1994 O ciclo foi ajustado passando a ser realizado no mesmo ano dos Jogos
Olímpicos de Inverno.
1996 - Jogos Paraolímpicos
de Atlanta, USA,
A primeira participação de deficientes intelectuais ocorreu em algumas
provas de atletismo em caráter de demonstração.
2000 Jogos Paraolímpicos
de Sydney, Austrália
Os deficientes intelectuais foram oficialmente incluídos nas modalidades
de atletismo, basquetebol, natação e tênis de mesa.
2000, nos Jogos
Paraolímpicos de Sydney,
Austrália
Houve a comprovação de fraudes na equipe de basquetebol da Espanha
que havia conquistado a medalha de ouro. Alguns atletas da equipe não
eram deficientes mentais e, simplesmente, haviam fraudado laudos e
exames para participarem do evento.
2004 - Jogos de Atenas Em razão de problemas sérios de irregularidades e fraudes encontradas
quanto à elegibilidade de alguns atletas presentes em Sydney, houve a
suspensão dos atletas com deficiência intelectual das atividades
promovidas pelo IPC até que se encontre um meio eficaz e seguro de
definir sua elegibilidade e por isso eles não participaram dos jogos até as
Paraolimpíadas de Pequim em 2008.
A partir de 2009 O sistema de elegibilidade passará a ser de responsabilidade de cada
modalidade esportiva, cabendo a ela definir, se for o caso, as normas de
participação dos atletas deficientes mentais.
Quadro da história das Paraolimpíadas, elaborado por Busto baseado em Conde, Souza Sobrinho e Senatore
(2006, pg. 11 e 12)13
A participação do Brasil nas Paraolimpíadas começou muito antes de sua ida
para a Alemanha em 1972, devemos ressaltar a iniciativa em 1958 de dois brasileiros que
foram para os Estados Unidos fazer tratamento e tiveram os primeiros contatos com o
basquete em cadeira de rodas, Sérgio Del Grande e Robson Sampaio. Ao retornarem ao
Brasil, fundaram em São Paulo o Clube dos Paraplégicos e no Rio de Janeiro o Clube do
Otimismo14
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O Brasil nos Jogos Paraolímpicos
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Ano Local Acontecimento
1972 Heidelberg -
Alemanha
O Brasil participou pela primeira vez dos Jogos Paraolímpicos
1976 Canadá Veio a conquista das primeiras medalhas: Robson Sampaio de Almeida e Luís Carlos
“Curtinho” conquistaram a prata no lawn bowls, uma espécie de bocha, jogada sobre a
grama
1980 Holanda O time de basquete masculino em cadeira de rodas e um nadador marcam a presença
do Brasil
1984 Inglaterra Com a participação apenas de atletas em cadeira de rodas, o Brasil conquistou 21
medalhas
1988 Seoul O Brasil conquistou 27 medalhas nos Jogos Paraolímpicos de Seul: quatro de ouro,
dez de prata e 13 de bronze. Na classificação geral, voltou como 25º colocado entre 65
países concorrentes. Em Seul, o atleta Luís Cláudio Pereira ganhou três medalhas de
ouro no atletismo - no lançamento de disco, dardo e peso - estabelecendo três
recordes, dois mundiais - dardo e peso – e um paraolímpico – no disco. A outra
medalha de ouro foi da nadadora Graciana Alves
1992 Barcelona -
Espanha
Foram conquistadas apenas sete medalhas: três de ouro e quatro de bronze. Os
brasileiros, porém, atingiram mais dois recordes mundiais. Um deles, com Suely
Guimarães, no disco; o outro, com Luís Cláudio Pereira, no peso. A terceira medalha
de ouro foi conquistada por Ádria Santos, no atletismo. Em Barcelona, diante de 92
países, o Brasil terminou na 30ª colocação.
1996 Atlanta -
EUA
a equipe com 58 atletas conquistou 21 medalhas - duas de ouro, seis de prata e 13 de
bronze. Antonio Tenório, no judô e José Afonso Medeiros, na natação, conquistaram
o ouro. Na classificação geral ficou em 37º lugar entre 114 países
2000 Sidney -
Australia
o Brasil subiu para 24º lugar (entre 126 países), com 22 medalhas – seis ouros, dez
pratas e seis bronzes
2004 Atenas -
Grécia
na melhor campanha das Paraolimpíadas, o País terminou em 14º lugar (entre 146
países). Na bagagem, 33 medalhas – 14 ouros, 12 pratas e sete medalhas de bronze.
2008 Beijing -
China
a seleção paraolímpica conquistou 47 medalhas: 16 de ouro,14 de prata e 17 de bronze
Quadro da participação brasileira nas paraolimpíadas 15
.
As paraolimpíadas ocorrem de quatro em quatro anos, desde sua criação foram
13 edições. A seguir apresentamos a edição dos jogos, o ano que ocorreu, a cidade e o
local.
Paraolimpíadas de Verão - Jogos Paraolímpicos de Verão
Jogos Ano Cidade Acolhedora País
I 1960 Roma Itália
II 1964 Tóquio Japão
III 1968 Tel Aviv Israel
IV 1972 Heidelberg Alemanha Ocidental
V 1976 Toronto Canadá
VI 1980 Arnhem Holanda
VII 1984 Stoke Mandeville e Nova York Reino Unido e EUA
VIII 1988 Seoul Coreia do Sul
IX 1992 Barcelona Espanha
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2412
X 1996 Atlanta Estados Unidos
XI 2000 Sydney Austrália
XII 2004 Atenas Grécia
XIII 2008 Pequim China
XIV 2012 Londres Reino Unido
XV 2016 Rio de Janeiro Brasil
Quadro dos Jogos Paraolímpicos de Verão. 16
Tanto as Olimpíadas como as Paraolimpíadas de Inverno ocorrem de quatro em
quatro anos. Até 1992 os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Inverno eram realizados no
mesmo ano que os Jogos de Verão. Em 1994, a tradição de realizar os jogos de quatro em
quatro anos foi quebrada para que, a partir de então, os Jogos de Inverno fossem realizados
em anos diferentes dos Jogos de Verão. A seguir apresentamos a edição dos jogos, o ano
que ocorreu, a cidade e o local.
Paraolimpíadas de Inverno - Jogos Paraolímpicos de Inverno
Jogos Ano Cidade País
I 1976 Örnsköldsvik Suécia
II 1980 Geilo Noruega
III 1984 Innsbruck Áustria
IV 1988 Innsbruck Áustria
V 1992 Albertville França
VI 1994 Lillehammer Noruega
VII 1998 Nagano Japão
VIII 2002 Salt Lake City Estados Unidos
IX 2006 Turim Itália
X 2010 Vancouver Canadá
XI 2014 Sóchi Rússia
Quadro dos Jogos Paraolímpicos de Inverno. IV
Quando em 1960 foi proposta a primeira edição das Paraolimpíadas,
participaram apenas atletas com lesão medular. Esta situação perdurou por 4 edições,
quando em 1976, foram incluídas pessoas com amputações, comprometimento visual e lês
autres, palavra francesa que significa os outros (atletas com uma série de condições que
resultam em distúrbios locomotivos - como nanismo - que não se encaixam nos sistemas
tradicionais de classificação dos grupos de deficiência estabelecido). O quadro a seguir
apresenta o ano e quais tipos de deficiência foram incluídos.
Ano Tipos de deficiência inclusas
1960 Lesão
medular
1964 Lesão
medular
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2413
1968 Lesão
medular
1972 Lesão
medular
1976
Lesão
medular Amputação Comprometimento
Visual
Les
Autres
1980
Lesão
medular Amputação Compromentimento
Visual
Les
Autres
Paralisia
Cerebral
1984
Lesão
medular Amputação Compromentimento
Visual
Les
Autres
Paralisia
Cerebral
1988
Lesão
medular Amputação Compromentimento
Visual
Les
Autres
Paralisia
Cerebral
1992
Lesão
medular Amputação Compromentimento
Visual
Les
Autres
Paralisia
Cerebral
1996
Lesão
medular Amputação Compromentimento
Visual
Les
Autres
Paralisia
Cerebral
Deficiência
Mental
2000
Lesão
medular Amputação Compromentimento
Visual
Les
Autres
Paralisia
Cerebral
Deficiência
Mental
2004
Lesão
medular Amputação Compromentimento
Visual
Les
Autres
Paralisia
Cerebral
2008
Lesão
medular Amputação Compromentimento
Visual
Les
Autres
Paralisia
Cerebral
No ano de 1996 foi incluído pessoas com deficiência intelectual, porém, em
2000, um incidente com uma delegação que inscreveu atletas sem deficiência, levou a
suspensão da participação demonstrando a fragilidade na classificação da pessoa como
deficiente intelectual. Existe a expectativa do retorno assim que houver uma forma mais
objetiva de classificação.
As modalidades paraolímpicas da mesma forma que os tipos de deficiências
foram incluídas gradativamente. Podemos observar no quadro abaixo que até as
Paraolimpíadas de 2008, apenas em duas ocasiões não foram incluídas novas modalidades,
em 1972 e em 1996. A primeira Paraolimpíada contou com seis modalidades e atualmente
contamos com 20 modalidades.
Outro fato interessante de ser realçado é que algumas modalidades contaram
com a participação inicialmente apenas masculina como é o caso do basquete em cadeira de
rodas, halterofilismo, tiro esportivo e judô. Temos ainda o Futebol de 7 que é destinado
apenas a equipe masculina.
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Jogos Ano Modalidades Atletas Competição
I 1960
Tiro com Arco
(Arco e flexa)
Cadeirantes, paralisados
cerebrais, amputados e Les
Autres.
As competições são individuais ou por
equipe.
O objetivo é atirar flechas em um alvo
de 122 cm localizado a 70 metros de
distância.
Atletismo Atletas com todos os tipos de
deficiência.
As provas são divididas em: corridas,
saltos, lançamentos e pentatlo.
Basquete em
Cadeira de Rodas
Deficiência física motora,
em cadeira de rodas.
Mesmas regras do basquete
convencional
Esgrima Deficiência física motora,
em cadeira de rodas.
A partida tem três períodos de três
minutos – ou até um dos adversários
completar 15 pontos e pode ser
disputada nas categorias: florete, espada
(masculina e feminina) e sabre
(masculina).
As pistas de competição têm 4m de
comprimento por 1,5m de largura.
A diferença para a esgrima olímpica é
que os atletas têm suas cadeiras fixadas
no solo.
Natação Atletas com diversos tipos de
deficiência (física e visual).
Provas como dos 50m aos 400m no
estilo livre, dos 50m aos 100m nos
estilos peito, costas e borboleta. O
medley é disputado em provas de 150m
e 200m.
Tênis de Mesa
Atletas com paralisia
cerebral, amputados e
cadeirantes.
Equipe, individual ou open.
Pode ser praticado em pé ou de cadeira
de rodas.
II 1964 Halterofilismo Lesão da coluna vertebral.
III 1968 Basquete em
Cadeira de Rodas
Início da Participação
feminina
IV 1972 Heidelberg Alemanha Ocidental Não houve inclusão de modalidade
V 1976
Goalball Atletas com deficiência
visual.
Cada equipe fica do seu lado da quadra,
com três jogadores cada uma e com, no
máximo, três substitutos. O jogo
consiste em lançar a bola com a mão na
direção do gol adversário.
Tiro Esportivo
Pessoas amputadas,
paraplégicas, tetraplégicas e
com outras deficiências
locomotoras.
Durante a competição, que podem ser
disputadas em pé ou sentado. O atirador
tem direito a fazer 60 tiros em 1h45mim,
em distâncias variadas de dez a 50
metros. O alvo possui dez círculos
concêntricos, cada um com 0,7mm. O
círculo mais externo vale um ponto e
assim por diante até o miolo, que vale
dez.
VI 1980
Tiro Esportivo
Início
participação
feminina
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Vôlei Sentado
Atletas amputados,
principalmente de membros
inferiores (muitos são
vítimas de acidentes de
trânsito) e pessoas com
outros tipos de deficiência
locomotora (sequelas de
poliomielite, por exemplo).
Quadra de 10mx6m, com uma rede de
1m15cm de altura. Cada equipe pode ter
12 jogadores inscritos. Basicamente
mesmas regras do vôlei convencional.
VII 1984
Bocha
Paralisia cerebral ou
dificuldade motora e
usuários de cadeira de rodas,
A competição individual ou por equipe,
consiste em lançar bolas (vermelhas ou
azuis) o mais próximo possível da bola
branca. Assim vence o jogador ou a
equipe que aproximar mais a bola, que
podem ser impulsionadas pela mão, o pé
ou com a ajuda de um dispositivo
auxiliar
Ciclismo
Atletas paralisados cerebrais,
deficientes visuais e
amputados.
Individual ou por equipe usando
bicicletas e triciclos (paralisados
cerebrais, segundo o grau de lesão).
Atletas cegos competem em bicicletas
duplas, com um guia. As regras são as
mesmas do ciclismo convencional, mas
com pequenas alterações, relativas à
segurança. As provas se dividem em:
estrada, velódromo e contra-relógio.
Futebol de 7
Atletas do sexo masculino,
com paralisia cerebral,
decorrente de seqüelas de
traumatismo crânio-
encefálico ou acidentes
vasculares cerebrais.
Joga-se dois tempos de 30 minutos, com
um intervalo de 15 minutos, não
existindo impedimento e o arremesso
lateral podendo ser feito com as duas
mãos ou com uma só. Cada equipe tem
sete jogadores em campo, inclusive o
goleiro.
Hipismo após 1ª
participação –
suspensa retorna
em 2000
Atletas com deficiência
física e visual.
A competição de Hipismo é mista, ou
seja, cavaleiros e amazonas competem
juntos nas mesmas provas
VIII 1988 Judô Deficiência visual.
o Judô obedece as regras da Federação
Internacional de Judô. As competições
se dividem em sete categorias de peso.
IX 1992 Tênis em cadeira
de rodas
Cadeirantes (diagnosticada
uma deficiência relacionada
com a locomoção).
Individual ou em dupla.
X 1996 Atlanta Estados Unidos Não houve inclusão de modalidade
XI 2000
Halterofilismo
Entrada da categoria
feminina.
Atletas cadeirantes,
amputados, paralisados
cerebrais e Les Autres,
Divididas em dez categorias de acordo
com o peso corporal.
Judô (feminino) Atletas com deficiência
visual.
As competições se dividem em sete
categorias de peso, no masculino e no
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2416
feminino.
Rugby
Homens e mulheres
tetraplégicos competem
juntos, em times de cadeira
de rodas mistos.
Os times, formados por quatro atletas,
não podem somar em quadra mais do
que oito pontos.
Vela
Amputados, cadeirantes,
deficientes visuais, paralisia
cerebral e "les autres".
Apenas duas classes fazem parte do
programa da vela na Paraolimpíadas: a
classe Sonar que é composta por três
atletas, que recebem pontos que variam
de um a sete, de acordo com o grau de
deficiência, sendo que cada equipe não
pode ultrapassar a marca de 12 pontos e
a 2,4mR, disputada por apenas um
velejador em cada barco.
XII 2004 Futebol de 5
Atletas cegos e com a visão
comprometida. Os jogadores
usam um tampão nos olhos
para evitar que aqueles que
enxergam alguma coisa
tenham vantagem.
A bola possui quizos e os jogadores se
orientam pelo som que eles produzem.
As partidas, com cinco jogadores em
cada equipe, têm dois tempos de 25
minutos e são disputadas em quadras de
futebol de salão.
Judô – Feminino Deficiência visual.
XIII 2008
Remo
Pessoas com deficiência
física (lesão medular, pólio e
paralisia cerebral).
As corridas são realizadas num percurso
de 1000 metros para todas as quatro
classes.
XIV 2012 Londres Reino Unido
XV 2016 Rio de Janeiro Brasil
Quadro elaborado por Busto, baseado em vários sites. 17
,18
.
As modalidades paraolímpicas coletivas apresentam características próprias
quanto a sua duração, número de jogadores e tipo de deficiência que pode participar. A
seguir temos o resumo dessas características.
Modalidade Nº
Jogadores
Tempo
Total de
Jogo
Nº de
Parciais
Tempo
de cada
Parcial
Atletas
Futebol 5 5 50 2 25 Deficiência Visual
Futebol 7 7 60 2 25
Atletas do sexo masculino, com
paralisia cerebral, decorrente de
seqüelas de traumatismo crânio-
encefálico ou acidentes vasculares
cerebrais.
Voleibol
Sentado 6 5 sets 5 sets
25 pontos
15 tie
break
Amputados, principalmente de membros
inferiores (muitos são vítimas de
acidentes de trânsito) e pessoas com
outros tipos de deficiência locomotora
(sequelas de poliomielite, por exemplo).
Basquete em
cadeira de
rodas
5 40 4 10
Deficiência física motora, em cadeira de
rodas.
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Rugby 4 32 4 8 Homens e mulheres tetraplégicos
competem juntos.
Goalball 3 20 2 10 DV
Quadro elaborado por Busto, Rosangela Marques.
Da mesma forma que as modalidades paraolímpicas coletivas apresentam
características próprias, as modalidades individuais também têm suas peculiaridades que
são apresentadas a seguir quanto a seus participantes e as provas. A seguir veremos o
resumo dessas características.
MODALIDADE PROVAS CLASSIFICAÇÃO
ATLETISMO DV.
CLASSES * Cegos.
* Baixa Visão.
ATLETISMO – DF
Lesionado Medular (a classificação
leva em consideração a altura da lesão).
Amputados (nível da amputação).
Paralisado Cerebral – PC. Com Limitação Cognitiva.
Les autres que, traduzindo
literalmente, significa “os outros” (inclui todos os outros que não se
enquadrem nos grupos já citados).
Provas individuais:
100m rasos;
200m rasos;
400m rasos;
800m rasos;
1.500m rasos;
5.000m rasos;
10.000m rasos;
salto em distância;
salto triplo;
salto em altura;
arremesso de peso;
arremesso de disco;
lançamento de dardo
pentatlo.
Provas de Revezamento:
4 x 100m masculino e feminino,
4 x 400m masculino e feminino.
maratona. Apenas para
Deficientes físicos.
Para provas de campo - arremesso, lançamentos e saltos
F – Field (campo)
F11 a F13 – deficientes visuais
F20 – deficientes mentais
F31 a F38 – paralisados cerebrais (31 a 34 -cadeirantes e 35 a 38 - ambulantes)
F40 - anões
F41 a F46 – amputados e Les autres
F51 a F58 – Competem em cadeiras (sequelas
de Poliomielite, lesões medulares e amputações)
Para provas de pista - corridas de velocidade e
fundo
T – track (pista)
T11 a T13 – deficientes visuais
T20 – deficientes mentais
T31 a T38 – paralisados cerebrais (31 a 34 -
cadeirantes e 35 a 38 - ambulantes)
T41 a T46 – amputados e les autres T51 a T54 – Competem em cadeiras (sequelas de
Poliomielite, lesões medulares e amputações)
2. CICLISMO
Paralisados cerebrais, deficientes visuais,
amputados e lesionados
medulares (cadeirantes), de ambos os sexos, competem
no ciclismo.
Individual ou em
equipe
Classificação
LC - Locomotor Cycling (Pessoas com dificuldade de locomoção)
LC1 - Atletas com pequeno prejuízo em função da deficiência, normalmente nos membros superiores.
LC2 - Atletas com prejuízo físico em uma das pernas, permitindo o uso de prótese para competição.
LC3 - Atletas que pedalam com apenas uma perna e não podem utilizar próteses.
LC4 - Atletas com maior grau de deficiência, normalmente amputação em um membro superior e um inferior.
Tandem - Para ciclistas com deficiência visual (B1, B2 e B3). A bicicleta tem dois assentos e ambos ocupantes pedalam em sintonia. Na frente, vai
um ciclista não-deficiente visual e no banco de trás o atleta com deficiência
visual. Handbike - Para atletas paraplégicos que utilizam bicicleta especial
impulsionada com as mãos.
3. BOCHA
Individual BC1
Individual BC2
Individual BC3
Individual BC4 Pares BC3 –
Somente jogadores
pertencentes à classe
As parciais possuem um
tempo limite para serem
terminadas. Será aplicado de
forma decrescente, como a seguir:
Individual BC1, BC2 e
BC4: 5 minutos,
BC1 – O atleta tem paralisia cerebral com
disfunção motora que afeta todo o corpo.
BC2 – O atleta tem paralisia cerebral com
disfunção motora que afeta todo o corpo BC3 – O atleta tem paralisia cerebral ou
não cerebral, ou de origem degenerativa.
BC4 – O atleta tem grave disfunção
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BC3
Pares BC4 –
Somente jogadores pertencentes à classe
BC4
Equipe – Somente jogadores
pertencentes às classes BC1 e BC2
Individual BC3: 6 minutos,
Pares BC3: 8 minutos,
Pares BC4: 6 minutos,
Equipes: 6 minutos.
locomotora nos quatro membros, de
origem degenerativa ou não cerebral.
Em jogo individual e de pares, cada partida será
composta por quatro parciais.
Quando houver empate de pontos, será disputada uma quinta parcial chamada de tiebreak.
Em jogo de equipe, cada partida será composta de
seis parciais, caso não seja necessário à disputa de tiebreak.
No jogo individual, cada jogador estará de posse de
seis bolas azuis ou seis vermelhas, conforme sorteio. No jogo de duplas, cada jogador estará de posse de
três bolas azuis ou três bolas vermelhas, conforme
sorteio. No jogo de equipe, cada jogador estará de posse de
duas bolas azuis ou duas bolas vermelhas, conforme
sorteio.
Atletas BC4
Ataxia de Friedrich.
Distrofia Muscular (força mais próxima menor que 60%).
Esclerose múltipla.
AVC. Lesão medular de C5 e acima.
Espinha bífida com envolvimento da
extremidade superior. Outras condições semelhantes que
resultem em problemas de força e
coordenação.
4. ESGRIMA
As competições se
dividem em
categorias de acordo com a arma:
florete,
espada e sabre.
Classe 1A - Atletas sem equilíbrio
sentado, que têm limitações no braço
armado, não possuem extensão eficiente do cotovelo em relação à gravidade e não
possuem função residual da mão,
fazendo com que seja necessário fixar a arma com uma atadura. É comparável à
antiga ISMGF 1A, ou tetraplégicos com
lesões espinhais no nível da C5/C6. Classe 1B - Atletas sem equilíbio
sentado e com limitações no braço
armado. Há extensão funcional do cotovelo mas não há flexão dos dedos. A
arma precisa ser fixada com uma
bandagem. É comparável ao nível completo de tetraplegia no nível da
C7/C8 ou lesão incompleta superior.
Classe 2 - Atletas com total equilíbrio
sentado e braço armado normal, com
paraplegia do tipo T1/T9 ou tetraplegia
incompleta com sequelas mínimas no braço armado e bom equilíbrio sentado.
Classe 3 - Atletas com bom equilíbrio
sentado, sem suporte de pernas e braço armado normal, como paraplégicos da
T10 à L2. Atletas tanto com pequenos
resquícios de amputação abaixo do joelho ou lesões incompletas abaixo da
D10 ou deficiências comparáveis podem
ser incluídos nesta classe, desde que as pernas ajudem na manutenção do
equilíbrio sentado.
Classe 4 - Atletas com um bom equilíbrio sentado e com suporte das
extremidades superiores e braço armado
normal, como lesões abaixo da C4 ou deficiências comparáveis.
Limitações mínimas - Deficiência dos membros inferiores comparável a
amputações abaixo do joelho.
As pistas de competição têm
4m de comprimento por 1,5m
de largura. A diferença para a esgrima olímpica é que os
atletas têm suas cadeiras
fixadas no solo. Nos combates de florete, os
pontos só podem ser
computados se a ponta da arma tocar o tronco do
oponente. Também na espada,
o que vale é tocar o adversário com a ponta da
arma em qualquer parte acima
dos quadris, mesma área de pontuação adotada nos duelos
de sabre.
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5. HALTEROFILISMO
os atletas
permanecem
deitados em um banco, e executam
um movimento
conhecido como supino.
atletas amputados,
les autres
com limitações mínimas, atletas das classes de paralisia
cerebral e
atletas das classes de lesões na medula espinhal.
Feminino
Até 40Kg
Até 44Kg Até 48Kg
Até 52Kg
Até 56Kg Até 60Kg
Até 67,5Kg
Até 75Kg
Até 82,5Kg
Acima
82,5Kg
Masculino
Até 48Kg
Até 52Kg Até 56Kg
Até 60Kg
Até 67,5Kg Até 75Kg
Até 82,5Kg Até 90Kg
Até 100Kg
Acima de 100Kg
6. HIPISMO
A única disciplina do Hipismo do
Programa
Paraolímpico é o Adestramento.
A competição de Hipismo é mistas, ou
seja, cavaleiros e
amazonas competem juntos nas mesmas
provas.
Existem quatro classificações para os cavaleiros: Classe I: Predominantemente cadeirantes com
pouco equilíbrio do tronco e/ou debilitação de
funções em todos os quatro membros ou nenhum equilíbrio do tronco e bom funcionamento dos
membros superiores.
Classe II: Predominantemente cadeirantes ou aqueles com severa debilitação envolvendo o
tronco e de leve a bom equilíbrio do tronco ou
severa debilitação unilateral. Classe III: Predominantemente capaz de
caminhar sem suporte, com moderada
debilitação unilateral. Podem requerer o uso de cadeira de rodas para longas distâncias ou devido
à pouca força. Atletas que têm total perda de
vista em ambos olhos. Classe IV: Debilitação de um ou mais membros
ou algum grau de deficiência visual.
7. JUDÔ
1. Cada país pode inscrever um participante por categoria de peso;
2. Os grupos visuais B1, B2 e B3
competirão juntos; 3. A duração de cada luta é de:
Masculina – 5 minutos – tempo efetivo
de luta; Feminina – 5 minutos – tempo efetivo
de luta.
3. Cada participante tem direito a um
intervalo de 10 minutos entre cada luta.
COMPETIÇÕES FEMININAS POR
EQUIPE
Até 52kg; Até 57kg;
Até 63kg.
COMPETIÇÕES MASCULINAS POR
EQUIPE
até 66kg; até 90kg;
até 73kg;
até 81kg; acima de 90kg;
8. NATAÇÃO
Dos 50m aos 400m no estilo
livre,
Dos 50m aos 100m nos
estilos peito, costas e borboleta.
O medley é disputado em provas de 150m e 200m.
As classes sempre começam
com a letra S (swimming) e o atleta pode ter classificações
diferentes para o nado peito
(SB) e o medley (SM).
S1 a S10 / SB1 a SB9 /
SM1 a SM10 – nadadores com limitações físico-
motoras.
S11, SB11, SM11 S12, SB12, SM12 S13, SB13, SM13 – nadadores com
deficiência visual (a
classificação neste caso é a mesma do judô e futebol de
cinco).
S14, SB14, SM14 – nadadores com deficiência
mental.
As adaptações são feitas nas
largadas, viradas e chegadas. Os nadadores
cegos recebem um aviso do
tapper, por meio de um bastão com ponta de
espuma quando estão se
aproximando das bordas. A largada também pode ser
feita na água, no caso de
atletas de classes mais baixas, que não conseguem
sair do bloco. As baterias
são separadas de acordo com o grau e o tipo de
deficiência.
9. REMO São quatro Classificação As corridas são realizadas
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2420
categorias de
competição:
Single Skiff Masculino,
Single Skiff
Feminino, Doublé Skiff Misto
Quatro Com Misto.
A – Grupamento funcional utilizado:
braço.
TA – Grupamento funcional utilizado: tronco e braço.
LTA - Grupamento funcional utilizado:
perna, tronco e braço.
num percurso de 1000 metros
para todas as quatro classes.
10. TÊNIS
Game – O primeiro ponto vale 15, o segundo 30, o terceiro 40, e o quarto encerra o game. Se os dois tenistas empatarem o game em 40 a 40, vence o game quem fizer dois pontos seguidos.
Set – O primeiro tenista que vencer seis games, com diferença de dois, ganha o set. Caso o jogo
empate em 5/5, o set fecha em sete games. Se os dois empatarem em 6, a decisão vai para o tiebreaker.
Tiebreaker – Cada jogada vale um ponto. O primeiro tenista saca uma vez e depois os jogadores
vão alternando dois saques para cada um. Quem chegar a sete pontos primeiro, com diferença de dois, ganha o desempate. Caso fique 6/6, ganha quem fizer dois pontos de diferença primeiro.
Observação: no tênis em cadeira de rodas, os jogos são sempre em melhor de três sets, ou seja,
quem fizer dois sets primeiro ganha o jogo.
11. TÊNIS DE MESA
individuais,
em duplas ou
por equipe. As partidas
consistem em uma
melhor de cinco sets, sendo que cada
um deles é
disputado até que um dos jogadores
atinja 11 pontos. Em
caso de empate em 10 a 10, vence quem
primeiro abrir dois
pontos de vantagem.
Classes para cadeirantes
Classe I (Tetraplégico): atleta com
grave redução da atividade no braço que joga, afetando a ação de
agarrar, a flexão do pulso e a
extensão do cotovelo. O músculo tríceps não é funcional.
Classe II (Tetraplégico): atleta com
redução da atividade no braço que joga, afetando a ação de agarrar e a
função da mão (músculos do
pulso). O músculo tríceps é funcional.
Classe III (Paraplégico): atleta com
insuficiente equilíbrio quando sentado ereto numa cadeira de
rodas sem suporte de um encosto;
músculos abdominais e das costas não são funcionais para controlar a
parte superior do tronco e fixar a
posição lombar. Classe IV (Paraplégico): atleta com
suficiente equilíbrio quando
sentado ereto; sem movimento
deliberado no tronco nos planos
sagital e frontal devido à falta dos
músculos funcionais do quadril e da coxa.
Classe V (Paraplégico): atleta com
bom equilíbrio quando sentado ereto e com a musculatura do
tronco e abdome funcionais;
amputação em uma das pernas com capacidade funcional de caminhar.
Classes para andantes
Classe VI: atleta com a combinação
de deficiências no braço que joga e nos membros inferiores
Classe VII: atleta com amputação
simples (braço que joga) ou dupla, acima ou abaixo do cotovelo, ou a
combinação de ambos; atleta com
ambos os membros inferiores afetados.
Classe VIII: atleta com amputação
simples acima ou dupla abaixo do joelho; atleta com grave deficiência
em um ou dois membros inferiores.
Classe IX: atleta com amputação simples abaixo do joelho, mas bom
equilíbrio dinâmico e deficiência
mínima em uma perna. Classe X: atleta com amputação de
1/3 do antebraço do braço livre,
com função normal do braço que joga; deficiência muscular mínima
em uma das pernas
Classe XI: atleta com deficiência
mental
12. TIRO
Rifles e pistolas de ar, com
cartuchos de 4.5mm, são utilizados nas provas de 10
metros de distância.
Já nos 25 metros, uma pistola de perfuração é
utilizada com projéteis de
5.6mm. Rifles de perfuração e
pistolas são as armas das
provas de 50m, também com as balas de 5.6mm de
Pessoas amputadas, paraplégicas,
tetraplégicas e com outras deficiências locomotoras podem
competir tanto no masculino como
no feminino.
As pontuações de ambas as
fases são somadas e vence quem fizer mais pontos. O
alvo é dividido em dez
circunferências que valem de um a dez pontos e são
subdivididas, cada uma, entre
0.1 e 0.9 pontos. A menor e mais central circunferência é
a que vale mais, dez pontos.
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diâmetro.
13. TIRO COM ARCO
O formato de disputa do
tiro com arco durante os Jogos Paraolímpicos é
chamado de “Round
Olímpico”. Na primeira fase do Round
Olímpico, as seleções
atuam simultaneamente. As tentativas consistem em
três seqüências de nove
flechas, com cada uma durando três minutos no
máximo. Vão à final as
quatro melhores parcerias. Na decisão, as seleções
têm direito às mesmas três
seqüências de nove setas da etapa preliminar.
Tetraplégicos, paraplégicos e
pessoas com mobilidade limitada nos membros inferiores competem.
Estes últimos podem escolher atuar
em pé ou sentados num banco.
Uma distância de 70m separa
os atletas do alvo, que mede 1,22m de diâmetro, sendo
formado por dez círculos
concêntricos. O mais externo vale um
ponto. A partir daí, quanto
mais próxima do círculo central estiver a flecha, maior
a pontuação obtida. Dez
pontos são dados para quem acerta o centro do alvo,
14. VELA
Três tipos de barco são
utilizados nas competições paraolímpicas:
o barco da classe 2.4mR
tripulado por um único atleta;
o barco da classe Sonar,
com 3 atletas; e o barco SKUD-18 para 2
tripulantes paraplégicos,
sendo obrigatoriamente 1 tripulante feminino.
Pessoas com deficiência
locomotora ou visual podem competir na modalidade
As competições, denominadas
de “regatas”, são percursos sinalizados com bóias, feitas
de acordo com as condições
climáticas, de forma que o atleta teste todo seu
conhecimento de velejador.
O esporte, considerando-se a definição de deficiência aprovada pela Resolução n
o. 48 de 1996
da Organização das Nações Unidas – ONU, cumpre os nobres objetivos de detectar e
desenvolver os potenciais das pessoas com deficiência e proporcionar a elas oportunidades para
que sejam reconhecidas como capazes de participar da vida comunitária em condições de
igualdade com as demais pessoas. O esporte vem cumprindo eficazmente este papel nas suas
mais diversas formas de manifestação, seja inicialmente, exercendo uma função terapêutica,
com base nas diversas formas de atuação da esporteterapia, ou seja, promovendo a inclusão
social, tanto com base no esporte de reabilitação quanto no esporte competitivo, nas suas mais
diversas formas de manifestação, tanto do esporte adaptado quanto do esporte paraolímpico ou
mesmo do esporte olímpico19
Com este texto esperamos ter apresentado o esporte paraolímpico de forma
simples proporcionando um contato inicial esclarecedor aos profissionais e demais
interessados no tema.
Porém, este tema não se encerra apenas com esta introdução, necessário é
estudarmos com mais profundidade cada uma das modalidades, as características das
deficiências envolvidas, tipos de treinamento e quais avaliações físico motoras e esportivas
estão sendo realizados , seus resultados bem como os estudos das demais áreas de interesse
para o desenvolvimento do esporte paraolímpico.
1 Brasil. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Gráfica do Senado Federal. 1988.
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2 Projeto Escola Viva – Garantindo o acesso e Permanência de todos os alunos na escola – Alunos com
necessidades Especiais. Visão Histórica 1. Brasília: MEC. SEE. 2000. 3 BRASIL. Decreto 3.298 de 20/12/1999, Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência. Brasília. 1999. 4 BRASIL. Decreto nº. 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Atendimento prioritário às pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida. Brasília. 2004. 5 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais A adaptações curriculares e as estratégias para a
educação de alunos com necessidades especiais. Brasília: Ministério da Educação. 1998 6 LEI No 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000. Normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. 7 SILVA, Adilson Florentino da, CASTRO, Ana de Lourdes Barbosa de, BRANCO, Maria Cristina Mello
Castelo. A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência física.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. 8 Dicionário on line Michaeles. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/, acesso em 17/06/2011.
9 Teixeira, Ana Maria Fonseca e Ribeiro, Sonia Maria. Basquetebol em cadeira de rodas: manual de
orientação para professores de educação física. Brasília : Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006. 10
Barbanti, Valdir J. Dicionário de Educação Física e Esporte. Barueri, SP. Manole, 2003. 11
Dicionário on line de Portugues. Disponível em http://www.dicio.com.br/olimpiada/, acesso em
17/06/2001.
12 Adams, Ronald C.; Daniel, Andred N.; Cubbin, Jeffrey A. Mc.; Rullman, Lee. Jogos, Esporte e
Exercícios para o deficiente físico. Editora Manole Ltda. 1985. 13
Conde, Antonio João Manescal; Souza Sobrinho, Pedro Américo de e Senatore, Vanilton. Introdução ao
Movimento Paraolímpico: Manual de Orientação para Professores de Educação Física. Brasília :
Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006.
14 Teixeira, Ana Maria Fonseca e Ribeiro, Sonia Maria. Manual de Orientação para Professores de
Educação Física. Basquete em Cadeira de Rodas..Brasília : Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006. 15
O Brasil nos Jogos Paraolímpicos. Disponível em
http://www.paraolimpiadas.com.br/paraolimpiadas.html Acesso 16/06/2011. 16
Quadro de Medalhas. O que são as Paraolimpíadas. Disponível em
http://www.quadrodemedalhas.com/olimpiadas/paraolimpiadas-jogos-paraolimpicos.htm. Acesso em
16/06/2011. 17
Modalidades. Disponível em http://www.paraolimpiadas2004.kit.net/modalidades.htm 18
Modalidades. Disponível em http://www.cpb.org.br/esportes/modalidades 19
Conde, Antonio João Menescal. Introdução ao movimento paraolímpico: manual de orientação para
professores de educação física / Antonio João Menescal Conde, Pedro Américo de Souza Sobrinho, Vanilton
Senatore. – Brasília : Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006.