A CIDADE DO NATAL/RN (BRASIL) NA II GUERRA...

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A CIDADE DO NATAL/RN (BRASIL) NA II GUERRA MUNDIAL THE CITY OF NATAL/RN (BRAZIL) IN THE WORLD WAR II OLIVEIRA, Giovana Paiva de, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Arquitetura, [email protected].

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ACIDADEDONATAL/RN(BRASIL)NAIIGUERRAMUNDIAL

THECITYOFNATAL/RN(BRAZIL)INTHEWORLDWARII

OLIVEIRA,GiovanaPaivade,UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte,DepartamentodeArquitetura,[email protected].

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DESENVOLVIMENTO,CRISEERESISTÊNCIA:QUAISOSCAMINHOSDOPLANEJAMENTOURBANOEREGIONAL? 2

RESUMO

Durante a II Guerra Mundial em Natal/RN (Brasil), as crônicas publicadas na imprensa localmanifestavam expectativas de progresso e modernidade, festejando as novidades e aprosperidade (abrigos anti-aéreos, treinamentos de defesa e exercícios de black-out). Suaintensidadefoisentidaaorevelaremumsentimentodeincertezapeloqueseestavaconstruindo.Osdiscursoscontinuarambalizando-sepeloprogressoemodernidade,aomesmotempoemqueos escritos sobre a cidade parecem esconder as dificuldades vividas, as mudanças no quadrosocial,oaumentopopulacionaleodescontroledocrescimentourbano.Ofocoteóricoprivilegiaráaquestãodoesquecimento,quemarcouahistoriografiaeamemorialísticadeNatal, tendoemvista a recorrente idéia de que a cidade viveu ummomento glorioso e sem precedente na suahistória, ao qual foi associado um sentimento de perda de alguma coisa que, provavelmente,nuncateve.

PalavrasChave:MemóriadasCidades,SegundaGuerraMundial,CidadedoNatal.

ABSTRACT

DuringWorldWarTwoinNatal/RN(Brazil), thechroniclespublishedbythe localpressexhibitedexpectationsofprogressandmodernity, cherishing thenewfound improvementsandprosperity(anti-airshelters,defensetrainingandblack-outexercises).Itsintensitywasfeltastheyrevealedafeelingofuncertaintyoverwhatwasbeingbuilt.Thediscourseswouldremainguidedbyprogressand modernity, while the writings about the city seemed to hide the hardships endured, thechanges in thesocialconjuncture, thepopulational riseandthe lackofcontrol inurbangrowth.The theoretic focuswill emphasize the issue of forgetfulness, whichmarked the historiographyand memorialistic records in Natal, considering the recurrent idea that the city underwent aglorious and unprecedentedmoment in its history, towhichwas associated a feeling of loss ofsomethingthatit,probably,neverhad.

Keywords:MemoryofCities,WorldWarTwo,CityofNatal.

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INTRODUÇÃO

Este trabalho trata de uma circunstância histórica específica: as transformações da Cidade doNatal durante a II Guerra Mundial, e de como estas transformações foram expressas pelosintelectuaisnatalenses.

Naquelemomento,a cidadeerapequena tantoemsuadimensão territorial comopopulacional.Em1940,ocupavaumaáreaaproximadade90km2(menordoquerepresentamosatuaisbairrosRibeira,CidadeAlta,Rocas,PetrópoliseAlecrim)e50milhabitantes,alémdealgumasresidênciasechácarasespaçadas,foradestelimiteurbanomaisadensado.

É provável que tenha sofrido mais impactos com a II Guerra Mundial do que outras cidadesbrasileiras, tendo em vista que sediou em seu território as instalações da Força Aérea Norte-Americana,alémdediversasUnidadesMilitaresdasForçasArmadasBrasileiras,querepresentou,emdeterminadosmomentos,apresençaaproximada25milsoldadosquecirculavampelacidade.

No seu cotidiano entre os anos de 1943 e 1945, a cidade conviveu com centenas de aviões asobrevoarseuespaçoaéreo,diaenoite,pousandoedecolandodeParnamirimField(distante20Km do centro); um Jornal publicado em Inglês, o Foreign Ferry News, distribuído na BaseAmericanaecomrepercussõesnaCidade;umaEstaçãodeRádioLocalcomprogramasproduzidosnosEstadosUnidos,aWSMS;transmitirpelaBBCdeLondresatravésdosauto-falantesnaspraças,noticiando as últimas notícias da Guerra; uma Base Marítima no rio Potengi, para abrigar osgrandes hidroaviões que bombardearam Tóquio; salas de cinemas lotadas, com as exibições doCinemaHolywoodiano,estimuladapelapropagandaepelapresençadeartistas,quepasseavampelasruasdacidade(HumpreyBogart,MarleneDietricheBruceCabot,porexemplo);milharesdesoldados norte-americanos, que freqüentavam bares e cabarés, namorando e comprando commoeda americana, ou promovendo escambo com os enlatados. Foi dessa época também aconstrução,emNatal,daprimeiraFábricadeCoca-ColadaAméricaLatina.

Não se pretende esgotar essa discussão,mas apenas revelar umpoucoda cidadedoNatal queviveuaIIGuerraMundial,atravésdoolhardeDanilo,cognomedeAderbaldeFrança,consideradocomo pioneiro da Crônica Social no Jornalismo Norte-rio-grandense (Cardoso, 2000), e discutirpreliminarmenteseusregistros,publicadosquasediariamenteempequenasnarrativas1.As

CrônicasdeDanilo são reveladorasepodemajudarapensaraCidadequando,emumprimeiromomento,manifestavamregogizopoisaquelemomentopoderiasignificarcrescimento,progressoemodernidade,festejandoasnovidadeseaprosperidade;e,passadoomomentodaexpectativa,demonstravam surpresa e suspeição pelas mudanças, tornando-se quase alheio às notíciasveiculadas pelomesmo Jornal, as quais se referiamàs inaugurações de abrigos anti-aéreos, aostreinamentosdedefesaeaosexercíciosdeblack-out.

1NasceuemNatal,em05/01/1895efaleceuem25/05/1974.EstudouMedicinanoRiodeJaneiro,quandofoiSecretáriodoSenadorEloydeSouza,masnãoconcluiusuaformação,voltandoparaNatalparasededicaraoJornalismo.FoifundadordaRevista“’Cigarra’,primeiraRevistadedicadaàvidaemsociedade(1928-30),edojornal‘ODiário’(1939)”.Esteúltimofoiadquirido pelos Diários Associados, passando a se chamar “Diário de Natal”, cujo título mantém até os dias de hoje.DuranteaSegundaGuerraMundial, foiCorrespondentedaAgênciaNacional (Cardoso,2000). Foium intelectualque sedestacou junto à atividade jornalística e que ocupou os cargos de Diretor e Editor-Chefe do Jornal “A República”, queescreveu sobre o cotidiano da cidade doNatal durante quarenta e dois anos, em uma coluna diária que era nomeada“Sociais”.

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Alguns autores que escreveram crônicas sobre a Cidade, posteriormente a esse período,pareceram continuar a balizar-se pelosmesmos sentimentos, sem revelar as dificuldades que acidade pode ter vivenciado após a retirada das tropasmilitares norte-americanas, contudo nãoserãoanalisadosporestetrabalho.

Neste,especificamente,asCrônicassãoconsideradascomoumaproduçãosocial,contextualizadasnoperíodoenolugaremqueforamproduzidas,nãoparareconstruiropassadocomoelefoi,mas,paraentenderasquestõesdopresente.

“(...). A cidade não dissocia: ao contrário, faz convergirem, num mesmotempo,osfragmentosdoespaçoeoshábitosvindosdediversosmomentosdopassado. Ela cruza a mudança mais difusa e mais contínua doscomportamentos citadinos com os ritmos mais sincopados da evolução decertas formas produzidas. A complexidade é imensa. A cidade é feita decruzamentos.(...)”(Lepetit,2001,p.141).

Observaroscruzamentos,privilegiadosounãopelosregistrosdaHistoriografiasobreacidadedoNatal,asrepercussõesetransformaçõesurbanassofridas,tendo-seemvistaque,comaIIGuerraMundial,elaviveuummomentogloriosoesemprecedentes.

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Oque significa este enunciado para a cidade doNatal?O que representou a II GuerraMundialparaessacidade?

AcidadedoNatal/RN(Brasil)estálocalizadaemumaregiãoestratégica,oextremodoContinenteSul-Americano quemais se aproximava fisicamente do Continente Africano onde, no início dosanos 40, as tropas do Eixo avançavam suas conquistas. Esta peculiar localização parecia nãointeressaràelitenatalense,quepoucosepreocupoucomosdiversosAcordosestabelecidosentreosEstadosUnidosdaAméricaoBrasil,entreosPresidentesRoosevelteGetúlioVargas,centradosnadefesadaDemocraciaMundial(Clementino,1995).

EmsetratandodoespaçodaCidade,aimportânciadaIIGuerraMundialpodeservistaapenasnoseuinterior,intra-urbano,noseucotidiano,noqualserealizaram(ounão)asexpectativascriadasnaepara aCidade,na sua vida cotidiana, noemaranhadodeacontecimentosquedestroçaramseulentocrescimento.Nãopodemosdeixarderessaltarque,aolongodasprimeirasdécadasdoséculo XX, o “progresso” sempre foi desejado pelos intelectuais e governantes: o que seconsubstanciava nos seus discursos, nos Planos Urbanísticos e nas intervenções realizadas noespaço(Dantas,1998;Ferreira,1996;Lima,2000;Oliveira,2000).

A instalação da Base Aérea Norte-Americana na Cidade pode ter adquirido um significado dereconhecimento do lugar. Porém, aos norte-americanos interessava não apenas a cidade, mastodo o litoral nordestino, de onde se ressaltava o “saliente do Nordeste”, um triângulo quecompreendia as cidades de Natal, do Recife e o arquipélago de Fernando de Noronha, cujadesignaçãonomapeamentodosamericanoseraoTrampolinetoVictory.EmRecife,porexemplo,ficouinstaladocomandodessaaçãonolitoralbrasileiro.

No entanto, as autoridadesmilitares brasileiras sempreprivilegiarama concentraçãodosMeiosMilitaresnaRegiãoSul,nafronteiracomaArgentina,poisacreditavamquequalquertentativadeataqueaoTerritórioNacionalsópoderiadar-senoextremosul,destacando-seacompreensãodequeoNordestepobreepoucourbanizadoapresentavapoucasatrações(Clementino,1995).Eno

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contexto das negociações estabelecidas entre os dois governos, e apesar da visãode estratégiados militares brasileiros, em 1941, o Governo Brasileiro criou o “Teatro de Operações doNordeste”. Nesse momento, a Marinha iniciou a construção das Bases Navais e o Exércitoorganizou seus Regimentos de Infantaria e ocupou e fortificou a Ilha de Fernando deNoronha.ApósarealizaçãodoacordodeutilizaçãodoTerritórioNacional, iniciou-seaconstruçãodaBaseNavaldeNatale,assim,foiiniciadaaprogressivaocupaçãodosespaçosdacidadecomasdiversasinstalaçõesdasForçasArmadasBrasileiraseNorte-Americanaseainfra-estruturanecessáriaparaapoiarosseuscontingentes.

PartedaBaseNavalBrasileirafoidestinadaàacomodaçãodosnorte-americanos,assimcomoàsinstalaçõesdoHidroportolocalizadonorioPotengi,conhecidocomo“Rampa”,depropriedadedaAirFrance.Dessamaneira,odiqueflutuante,abarcaoficina,osaviõesanfíbios,osdirigíveiseosaviõesdebombardeiodepatrulhamentodeterra,usadosparaprotegercomboiosesubmarinosde combate, podiam ser vistos a partir do pacato centro da cidade do Natal. Foram aindaconstruídostrêsQuartéisnaáreaurbanadaCidade:oGrupamentodeArtilhariadeCampanha,o16ºRegimentode InfantariaeoBatalhãodeEngenhariadeCombate,paraabrigaras tropasdoExércitoBrasileiro,comooBatalhãodeCaçadores,o3oRegimentodeArtilhariaAnti-Aérea,o2oBatalhão de Carros de Combate Leve, a Companhia de Transmissão, o GEMAC, o Batalhão deEngenho(faziapartedaInfantaria)ea7ªCompanhiadeEngenharia.

Foramduas as instalaçõesmilitares norte-americanas instaladas emNatal: a BaseMarítima (ou“Rampa”) e a Base Terrestre de Parnamirim Fiel (ou “Campo”) - como eram chamadaspopularmenteessesdoislocaispelapopulaçãodeNatal.

ABaseMarítimaeraumaBaseAeronavalàsmargensdorioPotengi,queserviadeabrigoparaoshidroaviõesanfíbios(transportesdecarga)eosclippers(passageiros),alémdecoordenarasaçõesde caça aos submarinos inimigos no litoral brasileiro. Ao seu redor, no bairro das Rocas, houveuma transformação violenta com a construção de cais, armazéns, casas de diversão noturna ehotéis. No outro lado da cidade, distante 20 Km do centro, já existia o Campo de Parnamirimdesde 1928, quando foi construído pela Air France e Lufthansa (L.A.T.I.) e, desde então, erautilizado para pouso de aviões comerciais dessas duas companhias. Resumia-se a poucasinstalações fisícas, depósitos de combustíveis e uma pista asfaltada. Devido às suas condiçõesfísicas e geográficas, este local foi escolhido pelas Forças Aéreas Brasileira e Americana para ainstalação de suas bases e, com isso, em setembro de 1942, foi dado início à construção deParnamirim Field. O Headquarter da Força Aérea dos Estados Unidos no Atlântico Sul, quefuncionou de agosto de 1943 até julho de 1945. Era uma estrutura grandiosa que incluía duaspistas de pouso com capacidade de operação irrestrita de aeronaves, doze áreas deestacionamento,dezhangarese700edificações (Melo,1993).EraumaBasedetrânsitoeapoioparahomens,armaseequipamentos,queoperavaemconstanteampliação,24horaspordia,comumfluxodiárioestimadoem400a600aeronaves(Costa,1980,p.79),oucomsaídade300aviõesrumoàÁfrica(Cascudo,1980);oucomadescidaininterruptadeaviõesdecincoemcincominutos(AldoFernandesemdepoimento).

SemprehouvemistérioenvolvendoaBasedeParnamirimField.ODepartamentodeEstadoNorte-Americano, por razões de segurança, nunca divulgou o número oficial demilitares que nela seinstalaram (Foreign Ferry News, 23/07/1943, Vol.2, No. 17). Para alguns, em Parnamirim Fieldviveu permanentemente comum contingente de 10mil soldados americanos (Cascudo, 1980 ePinto,1976),oquecorrespondiaa20%dapopulaçãodeNatal.

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EmParnamirim Field ainda foram construídos depósitos subterrâneos para água e combustível,armazénsparagrandesestoquesdesobressalentesedemateriaisqueseriamtransportadosparaoutrosdestinos,umpipelinecommaisde20KmdeextensãodesdeoPortodeNataledaBaseMarítima da Rampa - pois eram consumidos 100mil litros de gasolina por dia e a ParnamirimRoad,conhecidacomo“apista”,quereduziuotrajetode3horaspara20minutosentreocentroda cidade e a BaseAérea récem-instalada. Através do Jornal Foreign FerryNews, verificou-se aexistência de restaurantes e cafeterias com capacidade de servir 500 pessoas de cada vez(06/06/1943, Vol.1, p.4), uma padaria (16/06/1943, Vol.1, p.5), uma fábrica de coca-cola(18/04/1944,Vol.2,p.6),umsupermercado,umhospitalcomdisponibilidadede178 leitos,umabibliotecacom5milvolumes,discoteca,sorveteria,capelapara400pessoas,quadrasdebeiseboledediferentesesportes,escritóriodeseguros,escritóriodecâmbio,teatro,clubesparaoficiaisesubalternos (os USO’s) na Base e na Cidade, e uma emissora de Rádio – USMS, com programadiretopelaColumbiaBroadscastingSystemdeNovaYork(Melo,1993).

Entre 1941 e 1943, a população da Cidade pode ter crescido 50% e mais que duplicado seucomércio. Percebe-se através dos noticiários locais que não existia residência suficiente paraatenderàdemandaqueseinstalava,assimcomoinfra-estruturaquepermitisseoabastecimentodasnovasnecessidadesdacidade.Ostransportes,oscinemas,osbareseasruasestavamsempretomadospelaspessoas.Apopulaçãopodiasentiratransformaçãonoseucotidianoapenascomacirculação dos novos moradores que se instalavam na cidade, vindos do interior ou de outrosestados vizinhos, mas esse impacto tornava-se muito mais expressivo quando o contingenteaquarteladonailhadeFernandodeNoronhatinhaseusdiasdefolgaevinhacircularpelasruasdacidade.Ossoldadosnorte-americanos.

“(...). Entraramemplena confraternização comasmoçasda terra e fizeramcamaradagemcomos filhosdas famíliasdamelhor sociedade, freqüentandoas suas residências e dançando nas festas dos clubes. Nadavam em nossaspiscinasebebiamcervejanos‘cafés’,comoeramchamadososbaresnaquelaépoca. Recebi também vários deles em minha casa e alguns até meprocuravam como advogado, para aconselhamento, no caso de encrencas eenvolvimento amoroso com moças da terra. Conheci também militares deoutrasarmasebati‘longospapos’comosquepassavamparaaÁfrica.Falava-seinglêsnoGrandeHoteletambémnas‘staff-houses’(casasdedescansodosmilitares) (...).Havia duas ‘staff-houses’ e ali fomos tomar cerveja, a convitedosgringos,falaringlêseinformaramelhormaneiradesecomportarememnossapequenaprovíncia. (...).Alugamosatéumpianodenossapropriedadeque,porsinal,ficouarruinadodepoisdabarganha.(...)”(Melo,1993,p.37)

Nesse período, a população da cidade, que sempre fora predominantemente formada porfuncionários públicos, teve sua vocação reforçada com a presença dos militares das ForçasArmadasBrasileiras(oquepermaneceatéosdiasatuais).

A convivência com “os gringos” marcou os hábitos e os costumes da sociedade, introduzindopalavras do inglês no vocabulário, nos gestos e nas bebidas: OK (o polegar da mão direitaestendidopara cima),milkshake, coca-cola, cuba libre,blackout, cigarrettes,my friend, all right,thankyoueHello.AcidadedoNatalviveuoseumomentodeturbilhão:milharesdepessoassedeslocavam para a Capital, vindos de todos os lugares. Um grande contigente chegou à cidademotivadapelasecanosertãodoEstado,flagelados,mendigosqueforamrapidamenteabrigadosemlugaresdistantes,naperiferiapobredacidade.Muitosvieramestimuladospeladivulgaçãodaexistência de empregos, pois era de conhecimento público que os americanos estavamcontratandomão-de-obra para os serviçosmais pesados, como a construção da Base TerrestreParnamirim Field e da pista Parnamirim Road e também pela divulgação dos investimentos e

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comprasquefaziamparasuprirasBasescomgênerosalimentícios.Grandepartedosalimentosdeque necessitavam eram importados, transportados por navios e aviões até a Base, porémcompraram grandes propriedades e destinaram-nas para a criação de gado leiteiro e de corte,assim como para a plantação de cereais e de árvores frutíferas. O parque da cidade, a LagoaManoel Felipe, foi transformado em aviário para produção de galetos em grande escala. Damesma forma, incentivavam e investiam em pequenos e grandes proprietários de terrasagricultáveisoucompastodisponíveisparaqueproduzissemgênerosalimentíciosepastas,poisademandadaBasedeParnamirimFielderamaiordoqueaquantidadequeelesconseguiamtrazerdosEstadosUnidos.

UmoutrofatorqueinfluenciouodeslocamentopopulacionalparaaCapitalfoiapossibilidadedeenriquecimento para pequenos e grandes comerciantes de outras cidades. Foram muitos oscomerciantesdo interiordoRioGrandedoNorte,que, comsuas famílias, seestabeleceramemNatalnesteperíodo.Comerciantesquepoderiamficarricosdodiaparaanoite,especialmentenoramodosserviçosprestados,comotaxisecarrosdealuguel.

Tanto os americanos como o Exército Brasileiro construíram suas Vilas Militares, as casas dosoficiais (StaffHouses) eos clubes (USO’s).Nosbairrosde Tirol e Petrópolis, eixoda “pista”queligava Natal a Parnamirim, instalaram-se os oficiais e militares de alta patente. Os espaços deconvivênciaedelazereramcompartilhadoscomaelitelocal,quesedeslocavaparaParnamirim,quando era convidada para os eventos festivos, assim como disponibilizava suas residências, oAeroClube,oTeatroeosCinemasdacidadeparaeventoscomuns.Grandesfestasforamanimadas pelas Bandas de Jazz do Exército Norte-Americano, em que predominavam o jazz, otwist e o rock. No período mais crítico da falta de habitação para alugar, algumas famíliaschegaram a hospedar, em suas próprias residências os oficiais e os soldados norte-americanos,enquanto aguardavam o término da construção de suas habitações. Para os soldados de baixapatente eram improvisadas barracas comomoradias e o seu lazer se desenvolvia no bairro dasRocas e da Ribeira, onde foi construído um USO para os soldados, instaladas muitas casas dediversãoeondeproliferavamoscafés,oscassinoseoscabarés(Melo,1993).

“A presença dos galegos (designação usada pelo homem do povo paraidentificarqualquerestrangeiro)motivouaaprendizagemdalínguainglesa,aopontodeque,jáaotérminodaguerra,muitosnatalensesfalavameescreviamcorretamente esse idioma. Tornara-se comum o livrinho ‘Safa-onça’(dicionário com as frasesmais comuns para se conversar e traduzir a línguainglesa, com a grafia e a pronúncia figurada), verdadeira tábua de salvaçãopara aqueles que tinham necessidade de conviver com os americanos,principalmente mocinhas que sonhavam casar com oficiais de Tio Sam, ouespertoscomerciantesderua”(Aguiar,1931,p.32).

ASCRÔNICASSOBREOVIVIDO–ASIMPRESSÕESDEDANILO

Apesardagrandiosidadedoacontecimentoparaadimensãoquepossuía,poderíamosarriscaraafirmaçãodequeessemomentonãoficoudevidamentemarcadonahistoriografiadaCidadedoNatal/RN(Brasil),poisoimpactocausadoàvidadaCidadeaindapodeserdifusamentevisualizadonopresente,atravésdegestos,palavras,nomesdelugareseemoutrosaspectosdaculturalocal(Silva,1998).

As crônicas escritas por Danilo entre os anos de 1940 e 1943, quando as Forças Armadaschegavamecomeçavamase instalaremNatal,especialmenteasquetrataramdeaspectosquediziamrespeitoaoseuespaço,falaramdosbairros,observaramoudetalharamastransformações

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percebidas, as mais visíveis ou consideradas importantes pelo autor. Até meados de 1941,demonstrouseufascínioeadmiraçãopelaprosperidadeobservada,comasnovasruasqueeramtraçadas rapidamentenaperiferiada cidade sobre terrenos vaziose sítios arborizados, e comaevidentemultiplicação de casas e vilas. Em “Obairro doAlecrimProspera” (Jornal A República,15/09/1940), este bairro da cidade, que havia sido regulamentado como bairro desde 1911,parecia estar conquistando sua autonomia, ascendendo à infra-estrutura urbana de maneirauniforme,água,energiaelétrica,hospital,mercadopúblico,feira,cinemaecomérciodiversificado.Ouem“Petrópolis”(JornalARepública,26/01/1941),aoressaltarasuperioridadearistocráticadobairro, o autor fala nesta crônica dos investimentos na antiga Avenida Atlântica (hoje AvenidaGetúlioVargas),docalçamento,daslumináriasedobelvederecomvistaparaomar,marcandooiníciodaligaçãodaCidadecomapraiademaneiramaisefetiva.Ou,ainda,naCrônica“MaisumHotel na Cidade” (Jornal A República, 14/06/1941), quando observou o seu despertar para ocrescimento,quandooaumentodademandaporhospedagem“dequalidade”fezcomquevárioscomerciantesadaptassemseusedifíciosparafuncionarcomolocaisdehospedagem.Nestecaso,destacouaadaptaçãodo“EdifícioVarela”,umaedificaçãodedoisandaresnaAv.Sachet,nobairrodaRibeira,comduassalasamplastérreaspararestaurantee60quartos,cominstalaçõesprópriasepróximoaoCaisdoPorto.

Verificamos ainda em várias outras crônicas de Danilo, uma opinião que insinuava revelar suasdúvidasquantoàmaneiracomoeste“progresso”vai-se implantandonacidade,nasquaisrevelapreocupação com os possíveis desdobramentos. Em “Árvore e Sol” (Jornal A República,10/01/1942), Danilo reflete sobre o desaparecimento das áreas sombreadas disponíveis naCidade:

“Em Natal, a área pavimentada a paralelepípedo cresce na razão inversa àdiminuiçãodaárea sombreada, reduzida cada vezmais, auma faixa sempremenor. (...) Hoje... Os tempos mudaram realmente. A cidade acompanhadesnuda,o ritmodoprogressoea árvoreperdeuo valorurbanísticoque seconservaemtodaparte.Nãoéporquestãodeprimitivismocarrancudoeinútilquedefendemosasombradasárvores.(...).Éumconservantismonecessárioao próprio valor humano e as modernas condições da vida e do trabalho!Quanto mais cresce a cidade, mais sofre o pedestre nas suas travessiashabituaisporforçadalutacotidianadeviver.(...).Acidadetornou-seingrata,flagelante.(...)”

Eraumnovouniversoqueestavasendoconstruídonacidadeequeofereciaindíciosimportantesparapensaravidaurbananaquelemomento.AnarrativadeDanilo,queantesnãodemonstravavacilar na sua crença de que o curso empreendido ao crescimento estava na direção correta,começouarevelarsurpresasedúvidas.Ostemposmudaramtambémemoutrascidades,masporque Natal necessitava se desnudar tanto para se adaptar ao ritmo do progresso? O autorexpressounessacrônica,ainda,osargumentosparanãoserconfundidocomqualquercríticodoprogresso desejado. Não queria se distinguir de seus pares, porque não era um “primitivistacarrancudo”, nome dado aos que queriam barrar o desenvolvimento. Dentro deste enfoque,Danilopercebeuqueestavamperdendoocontrolesobreacidadeenacrônica“EstãoEstragandoo Bairro de Petrópolis” (Jornal A República, 11/02/1942), reafirmou seu lugar junto à elite,constatando a imponderabilidade do que as mudanças poderiam representar na lógica deocupaçãodoespaçodacidade.OolhardocronistapossibilitoudescortinaralgumasnovascidadesemNatalatravésdeumrelatoqueserefereàfatosemudançasmisturadasàmanifestaçãodesuavisãodemundoedecidade,porémcompartilhadaporumgrupoqueexerceuopodersobreousodacidadeeasperspectivasdeusoeconstruçãodacidade.

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“Chamaram-me a atenção para o caso: o bairro de Petrópolis estava sendocenário de graves coisas.Ondepor tantos anos, fora um tradicional recantoisolado,umsombrioquarteirãodematoregular,e,depoisumaáreapitorescadevastada e loteada, estavam construindo casas incríveis no gênero e nostamanhos.Nãoporquefossemassim.Porém,porqueestavamtransformandouma zona destinada a outras espécies de construções residenciais em umtrecho impróprio para aquelas habitações. Fui ver. (...). Não me haviammentidoosamigos.Apromessaqueeraolocal,tornouinopinadamenteumarealidade constristadora. (...). Necessitamos, realmente de vilas, de casasbaratasparamuitagentepobrequenãotemondemorar.Masaqueletrechonão podia, (...). São casas “baratas” com a finalidade da ambição emdetrimentodaestéticadacidade.(...).”

Eraumaelitequedefendiaamanutençãodasetorizaçãodoslugaresdemoradiaquepareciaestararraigadanaculturadacidade:Petrópolis,TiroleCidadeAltaparaosricos,eoAlecrimeasRocaspara os pobres. Esta setorização, no entanto, pode ter sido consolidada após o ano de 1945,quando o esforço de Guerra se encerrou na cidade e nada poderia retroceder (e nem haviainteresse)ealteraralógicasegregacionistaqueseimplantara.OargumentodiscursivodeDanilorevelou a visãoque a elite dominante pretendia adotar para o usodo espaçoda cidade, oquepode ser confirmada na crônica denominada “O Inimigo do Tirol...” (Jornal A República,20/03/1943), quando se referiu ao bairro do Tirol, que foi um dos bairros quemais prosperounaquelemomento.

“Nodesertoentredunaseplaníciessurgiramavenidaslargaseascasasmaismodernas da cidade. A distância e as dificuldades dela decorrentes sãocompensadaspeloclimaepelatranqüilidade.Oquetemdificultadoéacrisedocombustívelquenãopossibilitaautilizaçãodosautomóveis.Osmoradoressãoobrigadosautilizarem-sedosbondes,quesãoostransportesdetodos.ObondeéoinimigonúmeroumdoprósperoeelegantebairrodoTirol”.

Nesse contexto, o sistema de abastecimento de água e esgoto da cidade, recém-construído eentregue à cidade pelo Escritório Saturnino de Brito, e o sistema de transportes coletivo debondes,entraramemcolapso.Obonde,apesarde ineficiente,passoua seroprincipalmeiodetransportedacidadeeparatodasasclassessociais.IssoporqueoPaísviviaumacrisedeescassezdecombustível,oqueobrigouaoGovernoFederaladeterminarseuracionamento,sobpenadeparalisarofuncionamentodoParqueIndustrialqueseinstalavanoPaís.

ObairrodoTirolsignificouaexpansãodolimiteurbanonadireçãodaBaseAéreadeParnamirimField,ao longoda“pista” (ParnamirimRoad),muitodistantedocentroepróximodo fluxoedamovimentação dos caminhões, dos soldados, dos quartéis e das vilas militares. Nessedistanciamentoeisolamentodocentro,osmoradoresdeTirolePetrópoliscostumavamparticipardas festas promovidas pelos oficiais americanos nos seus Clubes, assim como convidavam ossoldadosparafazeremrefeiçõesemsuasresidências.

Associada ao padrão de vida empreendido pelos norte-americanos, com a circulação de suamoeda, o comércio local cresceu, tanto em circulação de dinheiro e produtos quanto nadiversidadedasmercadoriasoferecidas.AcidadedoNataltornou-seumacidadeinflacionadapelaSegundaGuerraepelaconvivênciacomosamericanos.Noentanto,desdeoiníciodoséculoXX,aelitelocalcostumavadesdobrar-separaadquirirbensdeconsumosindustrializadoseoconseguiaimportando diretamente da França. Traziam, nesse sentido, adereços de ferro e bronze paraaplicaçãonadecoraçãodosedifícioseespaçospúblicos-gradis,luminárias,postes,relógios,entreoutros-,assimcomoparausoprivadoepessoal-vestuários,tecidos,equipamentosdesportivoseoutros(Oliveira,2000).

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OperíododaSegundaGuerraapenasfacilitouaaquisiçãodestesprodutos.

“A cidade, os transportes, os bares são lotados. O comércio ampliou-se.Abriram-se novas casas de negócio, especialmente lojas de jóias e relógios,queosmilitares e civis compravamemprofusão. Caríssimas se tornavamasresidências. Todos queriam alugar seus imóveis aos filhos do Tio Sam, quepagavamsempreemdólar”.(Melo,1982,p.15).

Oenriquecimentodealguns,quesouberamtirarproveitodessanovasituação,eadiversificaçãodos costumes foram marcas deixadas por esse período. A vida na cidade mudou com muitaintensidade em um período de tempo muito curto. Surgiram novos tipos de lojas, como asConfeitariasque,paraDanilo(JornalARepública,25/03/1943),erauma“especialidadecomercialque tem o luxo como característica” e se tornaram “necessárias para uma cidade que ascendeparaocomplexodacivilização”.Apopulação,porsuavez,mantinha-sesempreatualizadapelasinformaçõesdaZYB-5que, coma colaboraçãodeoficiaisdoExércitoNorte-Americanonos seusestúdios,faziadesuaprogramaçãouminstrumentodeaculturaçãodacidade(Tota,2000).

PoderíamosselecionaroutrosfragmentosdetantasoutrasCrônicasdeDaniloeoutrosintelectuaisda cidade para refletir sobre o momento da II Guerra Mundial em Natal e tentar relevar oesquecidoeaconstruçãodacidadedoNatal.Em“Cidadedeontemedehoje”(JornalARepública,15/03/1942), Danilo falou do passado, das suas lembranças de uma cidade que convivia com afaltadeinfra-estruturaecomaimplantaçãodosprimeirosmelhoramentos.Acidadequeviveuaintroduçãodatécnicaedatecnologianosserviçosurbanos.

“Tantosanossepassarameasmemóriasdaminhameninicedevezquandomemostramosocasosdotempoeoesplendordasalvoradas.Vejoosvelhosambientesportrásdenovospanoramas.Admiroaevoluçãodetudo,observoa mudança dos costumes, medito sobre as novas formas do trabalho, asexigências da produção, amultiplicidade dos deveres da vida. (...). A cidadeinundada e quieta, expôs-se a uma eclosão de luz e a um turbilhão demovimento. Vieram as asas de aço aproximando os negócios e as antenasligandoasdistânciasnumsegundo.Nataldeontemedehoje,continuasendoamaisadoráveldascidades.”

O desenrolar das mudanças expressou-se em repercussões inesperadas e a Crônica de Danilo,especificamente,pareceutornar-semelancólicaporumpassadoqueaCidadedeixouparatrás,noocasodotempoquesepassou.Mesmodiantedarealidadeevidenteeadmirando-sedela,aindaqueria enxergar o que se encontrava por trás daquela aparência. O movimento, a luz, as asaspoderiamdemonstrarapossibilidadedequeoautoraindaapostavaqueovôoempreendidoforaumsucesso,apesardeincerto.

REFERÊNCIAS

ReferenciaisDocumentais

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Jornal A República. Natal/RN, 15/09/1940, 26/01/1941, 14/06/1941, 10/01/1942, 11/02/1942,15/03/1942,20/03/1943,25/03/1943

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