A Análise Acústica e Psicoacústica Do Ruído Produzido Pelas Armas de Fogo Força Policial

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    BRAZILIANJOURNALOFOTORHINOLARYNGOLOGY77 (2) MARO/ABRIL2011

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    Acoustic and psychoacoustic analysis of the noise produced by the

    police force firearms

    Abstract

    Os policiais militares esto expostos a rudos de impacto provenientes de armas de fogo, osquais so capazes de causar leses irreversveis ao sistema auditivo. Objetivo:Avaliar a exposioao rudo no estande de tiros durante os exerccios de tiro, analisar acusticamente o rudo de impactoe relacion-lo com os resultados de audiometria tonal. Forma de Estudo:Transversal. Material eMtodo:A medio do rudo foi feita por meio de decibelmetro digital e a anlise acstica foi feitano software Praat, levantando as curvas de oscilograma e cocleograma. Foi selecionada uma amostrade 30 policiais militares (27 masculinos e 3 femininos).Resultados: Os picos mximos medidos noestante de tiros foram de 113,1 dB(C) para pistola .40 e 116,8 dB(C) para revlver .38. Os valoresobtidos por meio da relao entre o oscilograma temporal e cocleograma Praat ficaram entre 17,90,3Barks, correspondendo faixa entre 4120 e 4580 Hz. As medidas da audiometria indicaram maiorperda auditiva na faixa de 4000Hz em 86,7% dos casos. Concluso:A partir da anlise acstica

    dos tiros, foi possvel demonstrar causa e efeito entre as principais reas de excitao de energia nacclea (cocleograma Praat) e as frequncias com diminuio de acuidade auditiva.

    Heraldo Lorena Guida1, Thiago Hernandes Diniz2, Srgio Koodi Kinoshita3

    Anlise acstica e psicoacstica do rudo de armas utilizadas pela Polcia Militar

    1Doutor, Professor Assistente Doutor.

    2Bacharel em Fonoaudiologia, Fonoaudilogo.

    3Doutor, Professor Doutor.

    Faculdade de Filosoa e Cincias, Universidade Estadual Paulista - UNESP Campus de Marlia SP.

    Endereo para correspondncia: Heraldo Lorena Guida - Faculdade de Filosoa e Cincias, UNESP Avenida Hygino Muzzi Filho 737 Campus Universitrio Marlia SP 17525-900.

    E-mail: [email protected]

    Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo - FAPESP (Proc. n 08/50720-1).

    Este argo foi submedo no SGP (Sistema de Gesto de Publicaes) da BJORL em 15 de abril de 2010. cod. 7007

    Argo aceito em 23 de julho de 2010.

    Police officers are exposed to impact noise coming from firearms, which may cause irreversibleinjuries to the hearing system.Aim: To evaluate the noise exposure in shooting stands during gunfireexercises, to analyze the acoustic impact of the noise produced by the firearms and to associate itwith tonal audiometry results. Study design: Cross-sectional. Materials and methods:To measure

    noise intensity we used a digital sound level meter, and the acoustic analysis was carried out bymeans of the oscillations and cochlear response curves provided by the Praat software. 30 policeofficers were selected (27 males and 3 females). Results:The peak level measured was 113.1 dB(C)from a .40 pistol and 116.8 dB(C) for a .38 revolver. The values obtained for oscillation and Praatwas 17.90.3 Barks, corresponding to the rate of 4,120 and 4,580 Hz. Audiometry indicated greaterhearing loss at 4,000Hz in 86.7% of the cases. Conclusion:With the acoustic analysis it was possibleto show cause and effect between the main areas of energy excitation of the cochlea (Praat cochlearresponse curve) and the frequencies of low hearing acuity.

    ORIGINAL ARTICLE

    Braz J Otorhinolaryngol.2011;77(2):163-70

    Para citar este artigo, use o ttulo em ingls BJORL

    Resumo

    Keywords:firearms,police,noise, occupational.

    Palavras-chave:

    armas de fogo,polcia,rudo ocupacional.

    .org

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    INTRODUO

    Rudo uma palavra derivada do latim rugitu,quesignifica estrondo. Acusticamente constitudo por vriasondas sonoras com relao de amplitude e fase distribudasanarquicamente, provocando sensao desagradvel1. O

    rudo pode ser contnuo, quando no h variao do nvelde presso sonora nem do espectro sonoro; flutuante,quando apresenta variaes de nvel de energia acsticaem funo do tempo; ou de impacto, aquele que apre-senta picos de energia acstica de durao inferior a umsegundo, a intervalos superiores a um segundo2.

    Os rudos de impacto so usualmente produzidospor rpidas expanses de gs, como armas de fogo e ex-ploses de bombas. Estes sons podem atingir intensidadesde 140 dB NPS (nvel de presso sonora) em frequnciasao redor de 2 e 3 kHz e, por esta razo, so perigosos audio humana3.

    Quando o ouvido humano exposto a rudo de

    impacto, a uma intensidade sonora da ordem de 120 dBou superior, h o risco do trauma acstico. A carga sono-ra produzir, na cclea, leses intensas como ruptura damembrana basilar, desorganizao dos tecidos e clulasciliadas, de maneira abrupta. Clinicamente, uma das con-sequncias do rudo de impacto apresenta-se por perdaauditiva neurossensorial imediata e permanente, uni oubilateral, com presena de zumbidos. Em alguns casos, aperda auditiva pode apresentar melhora aps alguns dias4,porm, exposies permanentes a fortes rudos lesionamas clulas ciliadas externas, particularmente as da espirabasal da cclea, possivelmente por ser esta a parte do r-

    go mais constantemente estimulada5. A extenso e o graudo dano auditivo tm relao direta com a intensidade dapresso sonora, durao no tempo, frequncia e a maiorou menor susceptibilidade do indivduo, podem causaralterao do limiar auditivo, ou perda auditiva induzidapor rudo (PAIR) que, da mesma forma que o traumaacstico, irreversvel.

    A PAIR uma perda neurossensorial, que acometeinicialmente a faixa de frequncia entre 3 e 6 kHz, na qualo limiar de 8 kHz tem de estar melhor que o pior limiar(3, 4 ou 6 kHz)6,7. Essa perda atinge principalmente asclulas ciliadas da cclea situadas a cerca de 5 a 10 mm

    da janela vestibular, justamente na regio receptora dosestmulos de 4 a 6 kHz. As causas de maior vulnerabilidadedessa regio ainda no foram totalmente explicadas, maspodem estar relacionadas s caractersticas de ressonnciada orelha externa (OE) e da orelha mdia (OM), s carac-tersticas mecnicas e anatmicas da cclea e tambm aoseu suprimento sanguneo8.

    A Norma de Higiene Ocupacional9da Fundacentroapresenta uma frmula para o clculo da quantidade depulsos de impacto a que o trabalhador pode ficar expostoem cada jornada de trabalho, de acordo com a magnitude

    do impulso. A Norma Reguladora 15 (NR-15) estabeleceainda que o trabalhador no deve ficar exposto a nveisde presso sonora superiores a 130 dB(C)2.

    Um dos setores que expe os seus trabalhadoresa nveis elevados de rudo o militar, principalmente notreinamento de tiro com armas de fogo. Os rudos de ex-

    ploso de arma de fogo so uma das primeiras causas deperda auditiva induzida por rudo nos Estados Unidos10.

    Estudos do perfil auditivo em militares feito noBrasil tm demonstrado elevado ndice de perda auditivanesta populao, fato este associado exposio exces-siva a rudos de impacto sem o uso de equipamento deproteo individual11-13.

    Em uma pesquisa sobre o perfil auditivo de militaresdo Exrcito brasileiro, realizada por meio de entrevista,otoscopia e exames audiomtricos, foram observadas alte-raes audiomtricas supostamente induzidas por rudo em38,1% dos exames nos militares avaliados, com predomnio

    de perda auditiva unilateral. Foi verificado tambm que64,5 % dos militares examinados no utilizavam proteoadequada14.

    Outros autores mediram o nvel de rudo no localde trabalho da Polcia Militar do Paran, e constataramintensidades superiores a 100 dB NPS15. Nesta linha deinvestigao, foram pesquisados os limiares auditivos de22 policiais militares de Bauru-SP. Destes, 17 apresenta-ram audiogramas alterados, com entalhe nas frequnciasagudas16.

    Nas Foras Armadas de Cingapura foi desenvolvidoum trabalho para verificar os efeitos do treinamento militarbsico na audio. Os pesquisadores analisaram as audio-

    metrias de 85 militares antes e depois do treinamento, everificaram uma prevalncia de 9,4% de perda auditiva,que se manteve igual aps um ano. O estudo permitiuconcluir que o programa de conservao auditiva existentenas foras armadas de Cingapura eficiente e resguardaa sade auditiva de seus militares17.

    Um recente estudo realizou o levantamento do perfilaudiolgico de cinco instrutores de tiro da Polcia Militarde Montes Claros-MG. Na aferio dos nveis de pressosonora, o nvel mdio encontrado no estande de tiro foi de97,4 dB e dos cinco policiais analisados, dois apresentaramcurva audiomtrica com configurao em entalhe, sendo

    um unilateral e o outro bilateral, e um apresentou perdaauditiva neurossensorial de grau leve nas altas frequncias,com configurao da curva audiomtrica em gota18.

    A literatura internacional sugere a necessidade deum programa de conservao auditiva para militares, devi-do s grandes intensidades sonoras a que esta populaoest exposta em seu ambiente de trabalho19,20.

    Existe a necessidade de implantao de um pro-grama de conservao auditiva (PCA), para a prevenode perda auditiva induzida por rudo, quando rudo doambiente de trabalho ultrapassar 85 dB (A) para 8h diria,

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    para rudo contnuo ou intermitente, ou 120 dB (C), pararudo de impacto. Dentro deste programa, os primeirosfatores a serem considerados so: o reconhecimento doambiente e a quantificao da exposio ao rudo21.

    Todos os trabalhos descritos anteriormente quanti-ficaram os nveis de intensidade ou presso sonora (NIS

    ou NPS) do rudo da arma de fogo, ao qual os militaresficaram expostos durante o treinamento e a relao dessaexposio s alteraes audiomtricas nos militares exa-minados, porm, sem um estudo das caractersticas fsicasdeste tipo de rudo e suas influncias das perdas auditivasexaminadas.

    A literatura apresenta poucas pesquisas relacionadas anlise acstica de sons no verbais. Existem trabalhosque fazem a anlise da representao temporal e espectraldo estmulo sonoro22, ou que agrupam os sons de acordocom os eventos fsicos que os geram, defendendo o pressu-posto que as propriedades acsticas dependem do material

    (slido, lquido ou gasoso) e da interao dos prpriosmateriais (e.g., impacto, pingar ou exploso)23. Mas, atonde vai o nosso conhecimento, a anlise acstica espe-cfica de rudos emitidos por armas de fogo, bem comoa posterior comparao com os achados audiolgicos, rara na literatura.

    Recentemente foi realizado nos Estados Unidos umestudo que avaliou as estimativas do risco auditivo do dis-paro de armas de fogo civis. Foram analisados diferentestipos de armas: rifle, espingarda, revlver 38 e pistola (9mm). Os picos mximos obtidos no estudo foram de 141a 164 dB (NPS). Considerando o revlver e a pistola, naanlise do espectro acstico do rudo, os picos de maior

    energia foram concentrados nas frequncias baixas e m-dias, com decrscimo nas altas frequncias24.

    A influncia do espectro de rudo na prevalnciada PAIR em trabalhadores foi realizada em indstrias comnveis de rudo acima de 85 dB. Os autores no observa-ram associao entre as bandas de frequncia com nveisintensos de rudo e a frequncia da leso auditiva25.

    Em relao aos sons de instrumentos musicais, asmedidas acsticas de durao, intensidade e frequnciadas ressonncias so as mais utilizadas na anlise acsticadestes estmulos22. So considerados trs perodos:

    Transitrio de ataque:corresponde passagem

    do silncio ao som, dura na maior parte dos instrumentosmusicais entre alguns milissegundos a alguns centsimosde segundo; muito importante para o reconhecimentodo timbre, e se for cortado, o instrumento passa a serauditivamente inclassificvel na maior parte dos casos;

    Perodo de estabilidade: tempo entre o anteriore o seguinte, que corresponde normalmente ao perodode alguns dcimos de segundo a alguns segundos; ex-tremamente importante para certas caractersticas sonorascomo a altura e a intensidade;

    Transitrio de extino (queda): perodo em queo som se extingue; muito importante para o reconheci-mento do timbre e se for cortado, o instrumento passa aser auditivamente inclassificvel na maior parte dos casos.

    No estudo de rudo de tiro de arma de fogo, operodo de estabilidade tem importncia maior do que os

    outros parmetros pela durao da intensidade e altura emque o soldado ficar exposto a esse tipo de som.

    Considerando fundamental relacionar a exposiode militares interferncia de rudo de arma de fogo,o objetivo do presente estudo foi realizar avaliao daexposio ao rudo no estande de tiros da polcia militar(PM), analisar o espectro acstico do rudo de impactoproduzido pelas armas de fogo, transformando esses va-lores para a escala Bark a fim de comparar estes dadoscom os resultados audiomtricos.

    MATERIAL E MTODO

    Foram realizadas medidas de nvel de rudo dasarmas de fogo durante o treinamento de tiro em um Ba-talho da Polcia Militar do Estado de So Paulo, anlisedo rudo das armas utilizadas durante o treinamento detiro, e medidas de audiometria tonal de uma amostra dapopulao de militares deste batalho. Escolhemos as duasarmas de fogo de maior frequncia de utilizao duranteos treinos de tiro e na rotina dos policiais: revlver calibre.38 e pistola calibre .40, denominadas usualmente comorevlver 38 e pistola .40, respectivamente.

    O trabalho foi submetido ao Comit de tica emPesquisa, tendo sido devidamente aprovado (parecer CEP

    n2762/2007), sendo que os procedimentos realizadosesto em conformidade com a Resoluo 196/1996, doConselho Nacional de Sade.

    Medio do Nvel de RudoA medio do rudo foi realizada por meio de de-

    cibelmetro digital, da marca MINIPA, modelo MSL - 1350,programado no circuito de resposta rpida (fast), ponde-rao C, de acordo com a NR-15, em seu Anexo n II,e faixa de medida entre 65 e 130 dB. As armas utilizadasforam revlver 38 e pistola .40, ambas da marca Taurus.

    Durante os treinamentos no estande de tiros, o

    nmero de policiais participantes variou entre 12 e 15, ecada indivduo efetuou 50 disparos. Sendo assim, multi-plicando o nmero de tiros pelo nmero de indivduos,calculamos de 600 a 750 pulsos de impacto por perodode treinamento.

    Os policiais so devidamente equipados com Equi-pamentos de Proteo Individual (E.P.I.s.), conforme NR620, da Portaria 3214/782, sendo relevante para o nossoestudo ressaltar a utilizao de protetores auricularesadequados, com certificado de aprovao (C.A.) peloMinistrio do Trabalho e Emprego.

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    Anlise Acstica e PsicoacsticaPara a pesquisa do espectro acstico foi utilizado

    gravador porttil DAT acoplado a um microfone estreo.As gravaes foram digitalizadas numa taxa de amostra-gem de 44.000 Hz com o uso do CSL da Kay Elemetricseanalisadas por meio do aplicativoPraat26. Foram gravadas

    10 amostras de sons de tiro com duas sequncias de dis-paros (5 de revlver 38 e 5 de pistola .40). Para viabilizara anlise do espectro acstico de forma integral, durantea coleta de dados o volume do gravador foi regulado parareduzir a intensidade de gravao em 50% da potncia.

    Como o objetivo do trabalho de pesquisa foi rela-cionar a exposio dos militares com o nvel de rudossubmetidos durante o perodo de treinamento, adotamosos seguintes procedimentos:

    Analisamos primeiramente o grfico das formasde onda dos sons de tiro em relao a sua representaotemporal (Figura 1a). O grfico fornece informao sobre

    a durao do som e a variao de intensidade ao longo dotempo. A partir deste grfico, no aplicativo Praat, plotamoso grfico temporal do nvel de intensidade sonora (dB)(Figura 1b) e determinamos os instantes de pico para cadasequncia de tiro por meio da matriz de dados disponvelno aplicativo Praat.

    Aps a anlise acstica temporal dos tiros decor-rentes das armas de fogo, estudamos o cocleograma deposio (grfico que representa o padro de excitaoda membrana basilar na orelha interna em funo dotempo) de cada sequncia de tiro para determinar emquais regies da membrana basilar da cclea ocorre maiorgrau de deflexo gerada pela intensidade do rudo. Como

    cada regio responde para uma faixa de frequncia deressonncia, conhecida como Banda Crtica, supe-se queestas regies esto sujeitas maior probabilidade de lesonas clulas ciliadas pela forte intensidade do tiro (Figura1c). A Banda Crtica representa uma faixa de frequnciafornecida em escala de 0 a 24 e unidade em Bark. Ococleograma de posio permite visualizar graficamenteas regies de maior excitao pelo som do tiro, pormdificulta a determinao da posio exata em que ocorreo mais alto grau de excitao. Para melhorar a precisodesta medida, levantamos curvas espectrais de excitaode forma iterativa no perodo de tempo entre 0.1 e 1.5

    segundos com intervalos de 0.01 segundos. Este processode iterao semiautomtica permitiu determinar os instan-tes de tempo que ocorre maior grau de excitao (escalafon) nas duas sequncias de tiros (Figura 1d).

    Com isso, foi possvel comparar os instantes depico obtidos nos grficos temporais (forma de onda envel de intensidade sonora) e os instantes de tempo emque ocorre maior excitao da membrana basilar pelosgrficos de cocleograma (cocleograma de posio e curvasespectral de excitao). Se os instantes so estatisticamentesemelhantes, podemos supor que esse instante como o de

    maior excitao da membrana basilar. Esses valores foramdeterminados pela matriz de dados dos grficos disponveisno aplicativo Praat. Aplicamos o teste estatstico t-studentpara avaliar a relao entre os dois grupos de amostrasindependentes com nvel de significncia de 5% (a = 0,05)para a hiptese nula (Ho). Conhecendo esses instantes demaior excitao, podemos levantar a faixa em Barks emque ocorre essa excitao e, com isso, determinamos asua faixa de frequncia.

    Sendo assim, foi possvel identificar tambm a curvade forma espectral do som do tiro dos dois tipos de armasde fogo para analisar e discutir os perodos de transitriode ataque, estabilidade e transitrio de extino. Essa curva importante para determinao da mdia de densidadede energia em funo da frequncia (Figura 2).

    Avaliao dos Limiares AuditivosA medida dos limiares auditivos foi realizada em

    cabina acstica, com o uso do audimetro GSI 61 Gra-son - Stadler27. Foram selecionados para este estudo ospronturios de 30 policiais militares de ambos os sexos (3

    femininos e 27 masculinos), com mdia de idade de 41,9 3,21 anos (34 a 47 anos) e mdia de tempo de serviode 19,4 4,02 anos (9 a 25 anos).

    Avaliamos tambm a assimetria dos valores audiol-gicos entre os de limiares de audiometria tonal das orelhasdireita e esquerda, utilizando o teste McNemara partir daspropores de limiares. O teste no-paramtrico paraduas propores, no qual avalia o grau de discordncia deuma varivel entre duas amostras pareadas. Consideramospares discordantes, a alterao unilateral (orelha esquerdaou direita), portanto, a hiptese nula se refere a no dis-

    Figura 1. Praat pictures da segunda amostra de revlver calibre .38

    (Tabela 1); A - grfico temporal (oscilograma); B - cocleograma de

    posio temporal em Bark; C - grfico temporal do nvel de intensi-

    dade sonora (dB) com valores mximos em 0,33s e 0,75s; D - grfico

    espectral de excitao (escala fon) onde linhas contnuas mais externascorrespondem ao maior grau de excitao para os instantes de tempo

    0,36s e 0,67s para as duas sequncias de tiro da amostra.

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    cordncia nas propores de alteraes nas duas orelhas(alterao simtrica). O nvel de significncia adotado foide 1% (a = 0,01) para hiptese nula (H

    0).

    RESULTADOS

    O rudo de fundo nos dias das medies foi emmdia 75,3 dB (C), e os picos mximos medidos foram de113,1 dB(C) para a pistola calibre .40 e 116,8 dB(C) para o

    revlver calibre 38. Os valores mdios de nveis de rudoforam de 114,8 dB(C) e 111,9 dB(C), respectivamente, parao revlver e pistola.

    Os instantes de tempo em que ocorreu maior nvelintensidade na anlise temporal e maior grau de excitaona anlise espectral por meio do cocleograma para as duas

    sequncias de tiros das amostras esto apresentadas naTabela 1. O teste t-studentaplicado entre os dois gruposde anlises resultou em p=0,29 (p>a=0,05) para o 1 tiroe p=0,17 (p>a=0,05) para o 2 tiro, confirmando a aceita-o da hiptese nula (H

    o), ou seja, no houve diferena

    significativa na comparao do resultado entre os temposdas duas amostras (forma temporal versuscocleograma).

    Desta forma, o teste estatstico garantiu a adoo dosvalores dos tempos de pico de excitao do cocleograma(Tabela 1) como referncia para determinar a escala deBark em que ocorreu maior grau de excitao da membra-na basilar (Tabela 2). Os valores determinados na escala

    de Bark para as 10 amostras com duas sequncias de tiros.Para o revlver 38, a escala de Bark ficou em mdia em18,1 e 18,2 para o 1 e 2 tiro, respectivamente. Para apistola .40, a escala de Bark ficou em mdia 17,8 e 17,6para o 1 e 2 tiro, respectivamente. Portanto, podemosconsiderar que em mdia para os dois tipos de armasficou em torno de 17,90,3 Barks, correspondendo, porinterpolao linear, a uma rea de estimulao na ccleaentre 4120 e 4580 Hz.

    A forma espectral (Figura 2) tem perfil descendente,nos dois tipos de armas, com queda de energia aps afrequncia de 5000 Hz. Consideramos que apesar das se-melhanas entre ambos os espectros acsticos, o perodo

    transitrio de ataque (que ocorre prximo de 200 a 250Hz) e o perodo de estabilidade (faixa entre 300 e 5000Hz), apresentaram uma inclinao levemente acentuada

    Figura 2. Praat pictures - grfico espectral de distribuio de densidade

    de nvel de presso sonora (dB): A - amostra de revlver calibre .38;

    B - amostra de pistola calibre .40.

    Tabela 1. Valores de tempo em segundos correspondentes aos picos das curvas de nvel de intensidade sonora (dB) e s curvascom maior grau de excitao do cocleograma para as duas sequncias de tiros de 10 amostras de armas.

    ArmaAnlise da Forma Temporal Anlise do Cocleograma

    Tempo (s) Tempo (s)

    1 Tiro 2 Tiro 1 Tiro 2 Tiro

    Revlver .38 0,48 1,03 0,45 0,89

    0,33 0,75 0,36 0,67

    0,19 0,60 0,24 0,54

    1,39 1,85 1,24 1,60

    1,50 1,94 1,27 1,60

    Pistola .40 1,52 2,56 1,29 2,11

    1,04 1,92 0,91 1,62

    1,08 1,86 0,93 1,60

    1,76 2,42 1,50 1,99

    1,24 1,98 1,10 1,65

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    na curva de anlise espectral da pistola .40, quando com-parado com o espectro acstico do tiro com revolver 38.

    Os dados obtidos no exame de audiometria tonal daamostra de militares, apresentado na Tabela 3, revelaramdiminuio da acuidade auditiva acima de 30 dB(NA) nafaixa de frequncia entre 3000 a 6000 Hz, com maior perdade acuidade na frequncia de 4000 Hz (86,7%), revelandoperda auditiva de configurao em entalhe. As menoresperdas de acuidade ficaram para frequncias abaixo de

    3000 Hz (30,0%) e 8000 Hz (36,6%). As perdas auditivasbilaterais apresentaram maiores valores para as frequncias3000 Hz e 4000 Hz, no ultrapassando 36,7% do total daamostra; as unilaterais, nestas frequncias, no ultrapassa-ram 16,7% (OD) e 33,3% (OE), e as bilaterais normais em13,7%. O teste estatstico aplicado de McNemar resultou em

    aceitao de nulidade (Ho) com menor valor dep= 0,22(p>a=0,01), confirmando estatisticamente a no assimetriada alterao auditiva nesta amostra.

    DISCUSSO

    Durante o treinamento com as armas de fogo, foramidentificados pelo menos 600 impactos sonoros ocasio-nados pelos disparos das armas. Uma vez que a NormaTcnica Fundacentro3considera que o limite mximo denvel de rudo para este nmero de impactos de 109 dB(C), fica evidente a situao de insalubridade durante estetipo de treinamento.

    Outros autores tambm encontraram elevados n-veis de intensidade sonora no ambiente ocupacional depoliciais militares7, e estudos com avaliao audiolgicaem policiais constaram elevados ndices de perda auditivanesta populao5.

    Os dados apresentados esto em conformidade coma literatura nacional e internacional, no que diz respeito identificao do ambiente ocupacional insalubre, e a ne-cessidade de elaborao de um programa de conservaoauditiva para os policiais militares3,10,15,16,19,20.

    Os achados da anlise temporal (Figura 1a) e espec-

    Tabela 2. Apresentao da faixa de frequncia obtida dopadro de excitao da membrana basilar, dada na escalade Bark, das 10 amostras de sons das armas (em duas se-quncias de tiros) analisadas pelo cocleograma de posio egrfico de excitao.

    Arma Tiro1-Tiro2 Faixa de Frequncia

    (Escala Bark) (Hz)

    Revlver .38 17 - 18 3700 5300

    18 - 18 4400 5300

    18 - 18 4400 5300

    17 - 18 3700 5300

    18 - 18 4400 5300

    Pistola .40 18 - 18 4400 5300

    17 - 18 3700 5300

    18 - 18 4400 5300

    17 - 17 3700 4400

    18 - 18 4400 5300

    Tabela 3. Distribuio de alterao audiomtrica medida numa amostra de 30 soldados da populao de militares unilateral OD,unilateral OE, e bilateral por faixa de tempo de servio dos militares.

    f (kHz)Alterao

    audiomtrica

    Tempo de Servio (anos) Total Total Total

    0 -10 11 - 15 16 - 20 21- 25 N % %

    < 3,0

    OD 0 0 1 1 2 6,7

    30,0OE 0 0 1 3 4 13,3

    Bilateral 1 0 0 2 3 10,0

    3,0

    OD 0 1 1 1 3 10,0

    56,7OE 0 0 3 5 8 26,7

    Bilateral 0 1 3 2 6 20,0

    4,0

    OD 0 1 1 3 5 16,7

    86,7OE 2 0 5 3 10 33,3

    Bilateral 0 2 5 4 11 36,7

    6,0

    OD 0 1 1 1 3 10,0

    66,7OE 1 0 2 3 6 20,0

    Bilateral 0 2 5 4 11 36,7

    8,0

    OD 0 2 1 1 4 13,3

    36,6OE 0 0 3 1 4 13,3

    Bilateral 0 0 2 1 3 10,0

    OD: orelha direita; OE: orelha esquerda; N: nmero de casos com alterao audiomtrica.

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    tral (Figura 2) dos sons das armas de fogo demonstram umaalta densidade de energia numa ampla faixa de frequnciae curta durao de tempo. Observamos que o perodotransitrio de ataque ocorre prximo de 200 a 250 Hz, operodo de estabilidade est compreendido entre a faixa de300 a 5000 Hz e o perodo transitrio de extino ocorre

    a partir de 5000 Hz. A durao dos pulsos de menos de 1segundo e a forte intensidade dos rudos prximo de 120dB(C) nos permitiu presumir preliminarmente alteraesde acuidade auditiva nos policiais militares da corporao.

    As anlises acstica e psicoacstica dos sons dostiros indicaram alguns aspectos de relevncia na relaoentre causa e efeito com as perdas auditivas detectadasna amostra de militares. Determinou a priori as regiesem que ocorre maior grau de excitao da membranabasilar da cclea com esse tipo de rudo, permitindo adeterminao das faixas de frequncia correspondentes.Na anlise do cocleograma Praat,foi possvel observar

    intensa concentrao de energia na rea de 17,90,3 Barks,ou seja, na regio de sensibilidade das frequncias agudasna cclea, 4120 e 4580 Hz.

    Os achados audiomtricos corroboraram com oque foi apresentado no cocleograma Praat, uma vez quea frequncia que apresentou piores limiares auditivosficou em 4000 Hz (Tabela 3). Nesse sentido, os policiaismilitares apresentaram perda auditiva de configurao ementalhe28, do tipo neurossensorial, perfil clssico da perdaauditiva induzida por rudo6,7.

    Os dados apresentados na anlise acstica e audio-mtrica confirmam que as exposies permanentes a rudolesionam as clulas ciliadas externas, particularmente as da

    espira basal da cclea, possivelmente por ser esta a partedo rgo mais constantemente estimulada8.

    Apesar do resultado estatstico sobre a assimetriada perda auditiva entre as orelhas (direita e esquerda)resultar em aceitao da hiptese nula (Ho), verificamosque a proporo de perda auditiva levemente superiorna orelha esquerda em todas as frequncias, excetuando-se em 8000 Hz que a proporo igual (Tabela 3). Estefato est relacionado com a posio da cabea durante aexecuo do tiro e torna-se relevante na execuo de umprograma de preveno com a utilizao de protetoresauditivos adequados para cada orelha29.

    As medies e anlises realizadas possibilitaramo reconhecimento do ambiente e a quantificao daexposio ao rudo21, e de maneira complementar foipossvel tambm estabelecer o audiograma de refernciados policiais militares, por meio das avaliaes audiol-gicas. Considerando a necessidade da continuidade dogerenciamento audiomtrico nesta populao, ser dadaa continuidade do trabalho, com alerta sobre os efeitos dorudo, e acompanhamento peridico da situao auditivade cada policial.

    No que diz respeito anlise acstica, o presenteestudo encontrou resultados semelhantes aos observadosnos Estados Unidos: os picos de maior energia foramconcentrados nas frequncias baixas e mdias, com decrs-cimo nas altas frequncias24. Da a importncia da anlisepsicoacstica, que permite uma correlao mais precisa

    da influncia do rudo na cclea.Outro estudo refere ainda ausncia de relao entre

    o espectro acstico do rudo e a PAIR; entretanto, os auto-res no realizaram anlise psicoacstica para comprovaremseus resultados25. Sendo assim, no corroboramos essesdados, os quais descrevem a intensidade como o principalfator de leso coclear, em detrimento do espectro acstico.

    CONCLUSO

    O presente estudo identificou nveis de pressosonora superiores aos recomendados pela norma Funda-centro NHO 01, na qual estabelece que o limite mximo

    para a populao estudada no deve ultrapassar 109 dB(C).A partir da anlise acstica e psicoacstica dos tiros,

    foi possvel demonstrar que h uma coincidncia entre asprincipais reas de concentrao de energia (cocleogramaPraat) junto s altas frequncias e os achados audiom-tricos, demonstrando a relao causa e efeito dos tiros dearma de fogo com a perda auditiva.

    Sendo assim, conclumos a necessidade da aplicaode um programa de conservao auditiva junto ao batalhoda PM, visando a preveno tanto em relao ao desenca-deamento, quanto piora da perda auditiva nos policiais.

    AGRADECIMENTOS Doutora Larissa Cristina Berti pelo auxlio na

    coleta de dados dos rudos dos tiros.

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