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40ft z hoyle editora RADIOHEAD Como uma das maiores bandas do mundo alterou a lógica da indústria fonográfica # 1 R$ 8.90 Santogold + Belle e Sebastian

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Trabalho final da Disciplina de Planejamento Gráfico. Escolhido como um dos cinco melhores.

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RADIOHEAD Como uma das maiores bandas do mundo

alterou a lógica da indústria fonográfica

# 1R$

8.9

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Santogold + Belle e Sebastian

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Como as coisas vão rápido: ainda era 2001 quando Santi White, única negra em uma es-cola na Philadelphia, estudante de percussão, decidiu deixar seu emprego de A&R da Epic Records para produzir How I Do, disco de es-tréia da amiga e cantora Res, que já naqueles longinquos começo de anos 00 propunha uma saudável mistura de reggae, rock e hip hop. Sal-to para abril de 2008 e White, após ser vocalis-ta da banda de ska-punk Stiffed, chama aten-ção ao agraciar o cover de “Pretty Green” do The Jam no álbum Versions do super-produtor Mark Ronson (2007) e ter lançado dois singles (“Creator” em 2007 e “L.E.S. Artistes” em 2008), agora atende por Santogold. E mais: é “artist to watch” da Rolling Stone norte-americana, tem um MySpace bombado onde colocou quase todas as faixas do seu recém-lançado álbum homônimo, tem datas para shows até o fim do ano em todo o hemisfério-norte e acabou de fazer uma das mais elogiadas apresentações do Coachella. O álbum, que vazou para as re-des em abril último, é fácil um dos lançamen-tos mais excitantes do bombado ano de 2008, e só perde quando comparado a explosiva apresentação da cantora ao vivo - um mix de pop com inspiração 80, dub, rock e ska, can-tado a plenos pulmões e surpreendente voz.Por quê? Bom, o mais fácil é pedir para você es-cutar o streaming das faixas. Mas eu vou ajudar. Quando “Creator” bombou na rede em mea-dos do ano passado, as comparações com a singalesa-hype M.I.A. foram imediatas - colabo-ra aqui a amizade das duas, timbre metálico de voz e a estética meio ragga/meio terceiro-mun-dista, aquela coisa de bandleader-negra-com-roupas-muito-coloridas. Fato é que as duas be-bem em fontes similares e dividem produtores, mas enquanto M.I.A. tem a seu favor o fator guerrilheira e abre-alas de uma postura femini-na politizada, Santi White canta. E como canta. w

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por Ben Gibbard

A artista divide os vocais com JulIan Casablan-cas e N.E.R.D na nova cam-panha da All Star

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radioheadpor Beth Ditto

O Radiohead foi uma daque-las bandas que precisou de apenas um disco para estourar no mundo inteiro. Mas ao con-trário do que acontece com a maioria das bandas que pas-sam por isso, eles continuaram nas paradas em todos os ou-tros lançamentos, conquistan-do um público cada vez maior.

Tudo começou com o gui-tarrista e vocalista Thomas Yorke. Após formar as primei-ras bandas, logicamente sem sucesso, juntou-se, em 1987, a Jonny Greenwood (guitarra, teclados, xilofone), Ed O’Brien (guitarra), Colin Greenwood (baixo) and Phil Selway (bate-ria), formando o On a Friday.

Após algumas apresenta-ções, resolvem dar um tem-

po e só voltaram em 1991. Conseguem um contrato com a EMI e já com o nome de Radiohead, lançam o EP com a faixa “Creep”, que en-louqueceu os americanos.

“Pablo Honey”, o álbum de estréia, chegou em 1993, e o hit “Creep”, obviamente inse-rido no track list, alavancou as vendas que chegaram a mais de 700 mil cópias. O segun-do trabalho, intitulado “The Bends”, de 1995, colocou em evidência as características e a personalidade do Radiohe-ad: letras e climas depressivos, tristes e melódicos. O grande destaque desta vez foi a po-derosa balada “Fake Plastic Trees”, que entrou nas rádios de todo o mundo e foi tema de um comercial aqui no Brasil.

Os vídeos do grupo também sempre foram muito criativos

e mesmo quem não era fã ou não os conhecia, parava para assisti-los. Com apenas esses dois discos, a banda já era a mais comentada entre os “descolados” e gostar de Ra-diohead significava ser “cool”.Mas foi com “OK Computer”, dois anos depois, que chega-ram ao ponto máximo que um grupo pode chegar. O álbum foi eleito por revistas especiali-zadas como o “melhor de to-dos os tempos” (!). Flertando com elementos eletrônicos, mas igualmente depressivo e sombrio, vendeu 4 milhões de cópias e faturou um Grammy. Os vídeos continuavam sur-preendendo e podemos destacar os de “Paranoid Android” e “Karma Police”.

A banda a essa altura já era aclamada pelos críticos mais exigentes e Thom Yorke tido como gênio. Porém, uma dú-

O quinteto inglês que subverteu a indústria da música

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7ftvida surgiu: como superariam a obra-prima “OK Compu-ter”? Estava claro que não se-ria uma tarefa fácil. Os fãs fi-caram apreensivos e ansiosos sobre o próximo lançamento e ele só veio no ano de 2000.

“Kid A”, dividiu opiniões e cau-sou certa polêmica. As pesso-as que não gostaram, não ad-mitiam e diziam apenas que era um disco “difícil de enten-der”. Mas a verdade é que o Radiohead já não era mais unanimidade. Enquanto uns continuavam achando genial, outros classificavam-no como muito eletrônico, muito esqui-sito ou, simplesmente, muito chato. Outro fato que contri-buiu para a não aceitação geral do álbum, foi a ausência dos tão queridos video-clipes.Considerado como uma conti-nuação de “Kid A”, lançaram no ano seguinte “Amnesiac”, que causou tanta discussão quanto o próprio. O Radiohead continuou a explorar cada vez mais sonoridades e melodias nada convencionais e o mais incrível é que, mesmo agindo de forma tão anti-comercial, continuaram vendendo muito bem e ganhando novos fãs.

“Hail To The Thief”, lançado em 2003, foi bem mais aceito pelo público e mídia e mar-cou a estréia da Radiohead TV, uma emissora de TV online que serviu como um canal de divulgação desse trabalho. Esse trabalho marcou o fim do contrato do grupo com a gra-vadora EMI e, sem o compro-misso de entregar álbuns no prazo, o grupo decidiu tirar fé-rias por tempo indeterminado.

“In Rainbows” já chegou ao mercado causando celeu-ma. A banda disponibilizou o álbum em seu site, para do-wnload. O preço era definido pelo comprador, que aliás po-dia escolher não pagar nada. Sem intermediação de uma gravadora nem propagan-da de uma agência profissio-nal, o Radiohead se valeu de sua estabelecida e conside-ravelmente grande base de fãs para espalhar a notícia. E espalhou mesmo. Em pou-cos dias foram baixadas mais de 1 milhão de cópias de “In Rainbows”, segundo a banda.

As gravadoras não gostaram muito e as opiniões se dividi-ram. A banda garante que a maioria das pessoas pagou pelo álbum. Depois de gerar toda uma discussão sobre os formatos musicais, o papel das gravadoras, sobre a estratégia ser inovadora ou apenas opor-tunista, o Radiohead resolveu lançar “In Rainbows” também no formato físico: um box com faixas bônus, vinil duplo e en-carte especial. Para isso fe-chou um contrato com a gra-vadora XL Recordings, que já havia lançado o álbum solo de Tom Yorke, “The Eraser”.

Deixado de lado o controverso lançamento, vamos ao conte-údo. “In Rainbows” é um álbum que traz os elementos típicos do Radiohead. Sem muitas es-quisitices ou experimentalis-mos, mas também sem perder a aura ‘moderna’ e especial que sustenta desde o lança-mento de “OK Computer”

(1997), a banda mostra um re-pertório coeso, rico e maduro. Mas é claro que há muito do que se ouviu em “Kid A” e no “Amnesiac” nesse novo álbum.

Se as faixas “15 Step” e “All I Nedd” têm um quê mais som-brio que remete àquele lado existencialista da banda, as canções “Faust Arp” e “Jig-saw Falling Into Place” tra-zem um lado mais suave - não necessariamente em sua sonoridade, mas com certeza em seu clima e sua temática - mantendo um equi-líbrio interessante ain-da que delicado.

“House of Cards” é um exemplar dos momentos que misturam am-biência, efeitos sonoros e melo-dias marcadas exclusivamente pelas linhas vo-cais de Yorke. Uma linda can-ção. “Videotape” e “Nude” tam-bém segue essa linha. As músicas mais alegres de “In Rainbows”, como “Bodysnatchers” e “Weird Fishes/Arpe-ggi” não chegam a ser realmente alegres ou previsivelmente co-merciais, o que não per-mite rotular “In Rainbows”, nem tampouco o Radiohe-ad, como música pop. E não há mal nenhum nisso, é claro.

/in rainbows resenha

Andrew Vanwyngarden

Thom Yorke, o vocalista e maior letrista da banda

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Belle e sebastian

Tudo teve início quando Stu-art Murdoch e Stuart David se encontraram assim, meio sem querer, e começaram a tirar um som juntos. Murdoch es-crevia canções sem qualquer pretensão. Porém, precisaria de um trabalho para finalizar o curso na faculdade. Recru-taram uns amigos num café 24 horas, um por um. Estava formado o Belle & Sebastian (nome de dois personagens de uma série de livros infantis fran-ceses): Murdoch, David, Isobel Campbell, Chris Geddes, Stu-

art Jackson e Richard Colburn. A banda gravou um single para o trabalho de Murdoch, principal vocalista da banda. Contentes e até surpreendidos com o bom resultado, resolve-ram gravar um disco inteiro. Em abril de 1996, lançaram o debut “Tigermilk”, para pou-cas pessoas. Mil cópias, todas em vinil, o que torna essa edi-ção uma raridade imperdível. Vendiam o disco em shows e distribuiam aos amigos. Tinham planos de gravar dois discos e se separarem. Porém, algo co-meçou a acontecer. A crítica inglesa passou a endeusá-los, mas ninguém conseguia ima-gens ou entrevistas da ban-da, o que aumentou ainda

mais o culto. Os escoceses receberam inúmeras propos-tas de gravadoras grandes, mas, com medo de perder a liberdade criativa, assinaram com a pequena Jeepster.

No começo de 1997, lançaram a obra-prima “If You’re Feeling Sinister”, ainda melhor que a estréia - e olha que era uma tarefa complicada. Além da Inglaterra, o culto começou a atingir proporções estratosféri-cas. Lançaram alguns singles e EPs e em 1998 veio o terceiro disco, “The Boy With The Arab Strap”. Com tanta adoração e pressão da crítica, começa-ram a fazer mais shows e dar (algumas) entrevistas. Fizeram

até vídeo-clipe. Algumas pes-soas (mais radicais, por sinal) passaram a deixar de gostar da banda, simplesmente pela abertura de fronteiras. Ainda em 1998 saiu mais um EP, o “This Is Just A Modern Rock Song”.

Já em 2000 lançam o EP “Legal Man”, um pouco diferente dos anteriores. Ele foi uma provinha do que seria o lançamento se-guinte: “Fold Your Hands Child, You Walk Like A Peasant”, quarto álbum, lançado em ju-nho. A reação da crítica e do público é que foi um disco um pouco mais comercial, mas ainda ótimo. Logo após, lança-ram mais um clipe, agora para a música “The Wrong Girl”.

por Mallu Magalhães

Os escoseses se inspiraram em um desenho francês na hora de batizar a banda foto: Davi Protti