2010-08-23 Protozoários Heteroxenos - Malária
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Malária - 1/3
Vítor Angelo Ferreira – medufes84
PROTOZOÁRIOS HETEROXENOS – GRANDES ENDEMIAS
23/08/2010
MALÁRIA
Generalidades
Agentes etiológicos: Plasmodium vivax (maior número de casos no Brasil), P. falciparum (mais grave de
todos eles), P. malariae (pouco comum no Brasil).
Hospedeiros
. intermediário: ser humano (no caso desses 3 plasmódios, são específicos para o homem)
. definitivos: insetos / diptera (fêmea, hábitos noturnos, mesmas características já vistas). Anopheles
darlingi / A. aquasalis / A. cruzi / A. bellator .
Formas evolutivas: uma é um bastonete com um núcleo central (esporozoíto).
Esquizogonia: dentro do ser humano
Trofozoíto jovem: forma de anel (citoplasma fino, grande vacúolo e um único núcleo). Trofozoíto
maduro: o citoplasma cresce de forma desordenada (também conhecido como amebóide), com apenas
um núcleo. Esquizonte: é um amebóide mais crescido, com mais citoplasma, cujo núcleo já se dividiu
dentro da massa citoplasmática. Para cada espécie, o número de núcleos que o esquizonte apresenta
será diferente. Essas formas são encontradas no hepatócito no primeiro momento da infecção. Rosácea
ou Merócito: os citoplasmas vão se individualizar e ficar numa forma parecida com a roseta. Por fim,
tem-se a forma merozoíto, cada um dos elementos individuais que formam a rosácea. Após o ciclo
hepático, tem-se as formas dentro das hemácias que, quando se rompem, liberam os merozoítos.
Macrogametócito e microgametócito:
Esporogonia: dentro do inseto
O inseto vai ingerir macro e microgametócito. No intestino, tem-se macro e microgametas, estes serão
convertidos em ovo ou zigoto, formando oocineto. Penetra na parede do intestino do inseto e se
transforma em oocisto, que se transformará em milhares de esporozoítos.
Biologia / Ciclos
O inseto gênero Anopheles fêmea vai fazer o repasse sanguíneo, inoculando esporozoítos presentes em
suas glândulas salivares. Uma vez infectado, permanece para sempre infectado. Cada vez mais, o inseto
encurta o espaço entre uma hematofagia e outra. Pela oclusão de suas glândulas salivares, ele suga cada
vez menos sangue, tendo que aumentar a frequencia do repasse sanguíneo. O esporozoíto é inoculado
pela probóscida dentro do capilar. Os esporozoítos que conseguirem sobreviver as defesas inatas e
alcancarem os hepatócitos, vão produzir o ciclo: esporozoíto, dentro do hepatócito – trofozoíto jovem,
trofozoíto maduro (aumentando o citoplasma, com alguns vacúolos e um núcleo), esquizonte
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(multiplicação dos núcleos), merócito (ou rosácea), merozoíto (formando a rosácea), que vão romper o
hepatózito, sendo liberados na corrente circulatória. Este é o ciclo pré-eritrocitário, hepático, ou extra-
eritrocitário. Estes terão 3 destinos: eliminação pelas defesas orgânicas, invasão às hemácias e o outro
destino (2 teses: 1ª.: P. vivax – invasão de um novo hepatócito, “escondendo-se” lá: criptozoíto ou
hipnozoíto – explicação para a recaída tardia da malária; 2ª.: somente o esporozoíto pode invadir o
hepatócito).
Ciclo eritrocitário ou sanguíneo
Merozoíto, trofozoíto jovem, trofozoíto maduro, esquizonte, merócito, hemólise, liberação dos
merozoítos, invasão de uma nova hemácia. Em determinado momento, eles atacam eritroblastos, na
medula óssea, formando o macro ou microgametócito, que no caso do P. falciparum tem a forma de
uma banana.
O ciclo no inseto se inicia quando ele suga ao menos um macrogametócito e um microgametócito. No
intestino, transformam-se em macro e microgameta. O macrogametócito vira um microgameta, os
microgametócitos formam vários microgametas.
Patogenia / Patologia / Sintomatologia
Não existe malária sem febre! Febre, acesso malárico e anemia (tríade patognomônica que caracteriza a
malária). P. vivax – febre terçã benigna; P. falciparum – febre terçã maligna; P. malariae – febre quartã
benigna. O acesso tem dia e hora marcados. O paciente sabe exatamente a hora em que a febre virá. O
acesso malárico se dá quando ocorre a hemólise das hemácias e a liberação dos merozoítos, o que libera
hemozoína (toxina que desencadeia febre), e também a hemossiderina, além da digestão de outros
elementos.
Terçã – intervalo de 48 horas (a cada terceiro dia). O P. falciparum pode apresentar cepas com
frequencia de 36h. Assim, caso se adquiram cepas de 36h e 48h o indivíduo pode vir a ter febre todos os
dias.
Quartã – intervalo de 72 horas (1º. dia e 4º. dia).
A patogenia é a quebra de hemácias com a liberação dos merozoítos. A partir do primeiro rompimento e
toda vez que houver rompimento de hemácias, tem-se o acesso malárico. O indivíduo começa com uma
ligeira cefaléia, mas principalmente com febre e, curiosamente, calafrio, devido à inversão do sódio e
potássio. A febre atinge até 41 graus celsius. No segundo momento o indivíduo sente calor, que dura
cerca de 2 horas. Num terceiro momento, o indivíduo tem sudorese (15 a 30min), suficiente para molhar
o colchão. Resumo: calor, suor, calafrio. Passado isso, o indivíduo fica prostrado até o próximo episódio.
Entretanto, o indivíduo caminha rapidamente para a anemia, devido a 3 fatores: rompimento e
destruição de hemácias; destruição de hemácias parasitadas, pelo baço, na tentativa de contribuir com a
redução do número de parasitas circulantes; hemácias não-parasitadas que passam a ser destruídas por
problemas de imunocomplexos.
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Desvio da medula na produção de células de defesa para o combate à infecção. Com o passar do tempo,
a medula passa a liberar hemácias jovens no sangue e reduz a produção de hemácias por conta da
produção de células de defesa, o que também contribui para a anemia. Daí, qualquer consequencia de
uma anemia o indivíduo pode vir a ter: hipóxia, anóxia e suas consequencias.
Alta eosinofilia por conta dos parasitas (a leucopenia é principalmente pelo aumento do número de
eosinófilos). Ocorre imunossupressão para outras infecções.
Recaída precoce ou recrudescência (principalmente para o P. falciparum), até 2 ou 3 meses. Recaída
tardia (principalmente pelo P. vivax, pode ocorrer até 40 anos depois).
O acúmulo de imunocomplexos (antígeno:anticorpo) nas paredes dos vasos, especialmente dos vasos
menores, podem ocasionar a marginação, com redução da velocidade do sangue que passa e agregação
das hemácias que vão passando, reduzindo a luz do vaso capilar, que pode ocasionar hipóxia e necrose.
Diagnóstico: a clínica da doença é inconfundível. Anemia, acesso malárico, com hepatoesplenomegalia,
além dos fatores epidemiológicos (se o indivíduo é ou não de área endêmica), sugere o diagnóstico de
malária. Na fase aguda da doença, exame de sangue, gota espessa (não permite a identificação da forma
do parasita), esfregaço sanguíneo corado pelo giemsa, para a identificação de hemácias parasitadas e
formas evolutivas do parasita no sangue. No momento do acesso malárico, é quando o indivíduo exibe
maior número de parasitas no sangue, mas não é preciso aguardar por esse momento. Injetar 1ml de
adrenalina e colher o sangue 30 minutos depois. RIFI e imunoaglutinação.
Tratamento: deve-se levar em conta a espécie do parasita, a possibilidade de resistência ao
medicamento, a gravidade do quadro clínico do paciente, a idade, mulheres (em estado gestacional ou
não – algumas doses são teratogênicas), se o paciente já foi tratado para alguma malária recentemente.
Profilaxia / Epidemiologia
Indivíduos de área não-endêmica que se dirigem a essas áreas devem evitar a picada do inseto (telas,
cortinado, repelentes, etc). Medicamento profilático, remédio para malária 1 a 2 meses antes de ir para
a área e 1 mês após retornar da área. Outro grupo não recomenda fazer isso, pois isso tem aprofundado
a resistência do parasita aos medicamentos, além destes serem profundamente agressivos.