2003 Novembr PCH Santa Gabriela RIMAlicenciamento.ibama.gov.br/Processo PNMA/EIA's...
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RELATÓRIO DE IMPACTOAMBIENTAL - RIMA
PCH Santa Gabriela
Novembro / 2003
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Novem
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/2003
SUMÁRIO
1PCH SANTA GABRIELA � RIMA / nov.2003
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................. 3
O EMPREENDIMENTO .................................................... 5IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR ........................................................ 5
IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA QUE REALIZOU OS ESTUDOS....................... 5
LOCALIZAÇÃO ........................................................................................... 5
O QUE É .................................................................................................... 7
POR QUÊ SE QUER CONSTRUIR A PCH SANTA GABRIELA ........................... 7
AS CARACTERÍSTICAS DA PCH SANTA GABRIELA ...................................... 9
COMO SERÁ CONSTRUÍDA A PCH SANTA GABRIELA ................................ 12
COMO SERÁ OPERADA A PCH SANTA GABRIELA ...................................... 12
CANTEIROS DE OBRA .............................................................................. 14
MÃO-DE-OBRA ....................................................................................... 15
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO ................................ 17ÁREAS DE INFLUÊNCIA ........................................................................... 17
AS ORIGENS............................................................................................ 20
A NATUREZA ........................................................................................... 22
A VIDA SOCIAL E ECONÔMICA ................................................................ 36
ATIVIDADES ECONÔMICAS ...................................................................... 42
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS ..... 47QUAIS AS AÇÕES RELACIONADAS À PCH SANTA GABRIELA QUE PODEM
CAUSAR IMPACTOS AMBIENTAIS ......................................................... 47
IMPACTOS AMBIENTAIS DO EMPREENDIMENTO ...................................... 51
PROGRAMAS AMBIENTAIS ........................................... 68PLANO DE GESTÃO E SUPERVISÃO AMBIENTAL ....................................... 69
PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL .................................................. 69
PLANO AMBIENTAL PARA CONSTRUÇÃO � PAC ....................................... 70
PROGRAMA DE AVALIAÇÃO, NEGOCIAÇÃO E AQUISIÇÃO DE TERRAS ....... 70
SUMÁRIO
2PCH SANTA GABRIELA � RIMA / nov.2003
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DAS ÁREAS DEGRADADAS....................... 71
PROGRAMA DE PROTEÇÃO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO .................. 71
PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA .................... 72
PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA E DA FLORA ........................... 73
PROGRAMA DE ESTUDOS E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO
ARQUEOLÓGICO ................................................................................... 73
PROGRAMA DE LIMPEZA DAS ÁREAS DO RESERVATÓRIO E CANAL DE
ADUÇÃO .............................................................................................. 74
PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO E MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA ...... 75
PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO
RESERVATÓRIO ARTIFICIAL.................................................................. 76
PROGRAMA DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL ........................................... 76
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL .................................................. 77
SÍNTESE DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ........................... 78
CONCLUSÃO ................................................................ 81
EQUIPE TÉCNICA ......................................................... 83
INTRODUÇÃO
3PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
INTRODUÇÃO
A disponibilidade de energia elétrica é um dos grandes
impulsionadores do desenvolvimento econômico, permitindo o
crescimento da indústria, fortalecendo a modernização da
agricultura e criando novas condições para o comércio e os serviços.
Indiretamente, constitui-se, portanto, em um dos principais fatores
de geração de riqueza e de empregos. É, também, componente
primordial na qualidade de vida da população, que através dela
pode desfrutar de melhores condições de iluminação e ter acesso
aos mais variados equipamentos públicos e domésticos, cada vez
mais dependentes da eletricidade.
O Brasil vivencia uma situação de riscos de déficit de energia elétrica
em algumas das suas regiões, em face do aumento da demanda e
da atual dificuldade de atendimento ao consumo, o que tem gerado
uma crescente necessidade de implantação de novas fontes de
geração.
A PCH Santa Gabriela tem o objetivo de contribuir para o
atendimento às metas estabelecidas pela ELETROBRÁS visando à
superação da pespectiva atual de déficit energético para o Sistema
Interligado Nacional.
A BSB ENERGËTICA, como empreendedor, contratou a empresa
BIODINÂMICA Engenharia e Meio Ambiente Ltda, do Rio de Janeiro,
para a elaboração dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e deste
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Estes estudos destinam-
se a subsidiar o processo de licenciamento ambiental para as futuras
atividades da PCH Santa Gabriela.
A leitura deste documento permitirá a verificação de que esta PCH,
que formará um reservatório com 0,7 km2 (71,1 ha), abrangendo
terras de grandes propriedades dedicadas à agricultura mecanizada
e à criação extensiva de gado, dos municípios de Itiquira, no Estado
do Mato Grosso, e Sonora, no Estado do Mato Grosso do Sul, não
provocará impactos significativas que possam levar a que se
INTRODUÇÃO
4PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
recomende sua não-implantação. Seus impactos ambientais serão
sanados, ao se aplicar as medidas previstas nestes estudos e se
implantar os programas ambientais propostos.
Neste RIMA são apresentados, de forma resumida e simplificada –
conforme previsto na legislação em vigor – os resultados dos
Estudos de Impacto Ambiental (EIA). A versão completa e
detalhada do EIA poderá ser consultada, por todos que desejarem
mais informações técnicas sobre o projeto e sua relação com o
meio ambiente, nas cópias existentes nas prefeituras envolvidas e
nos órgãos ambientais licenciadores.
O EMPREENDIMENTO
5PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
O EMPREENDIMENTO
IDENTIFICAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR
Nome: BSB ENERGÉTICA S.A.
CNPJ: 03.820.456/0001-96
Endereço: SCN – Qd. 1 - Bl-C (Ed. Brasilia Trade Center), nº
85, Sala 1001 – Brasília/DF CEP: 70711-902
Telefone: (61) 328-5517
Fax: (61) 327-0242
E-mail: [email protected]
IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA QUEREALIZOU OS ESTUDOS
BIODINÂMICA Engenharia e Meio Ambiente Ltda.
Endereço: Av. Marechal Câmara, 186, 4º andar, Centro
Rio de Janeiro/RJ CEP: 20020-080
Telefone: (21) 2524-5699
E-mail: [email protected]
O QUE É E O POR QUÊ DO EMPREENDIMENTO
LOCALIZAÇÃO
A Pequena Central Hidrelétrica - PCH Santa Gabriela localizar-
se-á no rio Correntes, sub-bacia do rio Paraguai, macrobacia
hidrográfica do rio Paraná, abrangendo terras dos municípios de
Itiquira, no Estado do Mato Grosso, e Sonora, no Estado do Mato
Grosso do Sul.
O EMPREENDIMENTO
7PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
O QUE É
A PCH Santa Gabriela caracterizar-se-á pela construção de uma
barragem de pequena altura (5m) a montante da série de
corredeiras do rio Correntes, formando um reservatório com cerca
de 71ha de área. As águas serão derivadas para um canal, escavado
parte em solo, parte em rocha, com cerca de 1.170m de extensão.
Após o canal, dois condutos metálicos conduzem o fluxo para as
turbinas instaladas na casa de força.
A PCH será interligada ao sistema elétrico da respectiva
concessionária de distribuição local e, dentro do que estabelece a
legislação atual, a BSB ENERGÉTICA poderá comercializar sua
produção para uma concessionária de serviços públicos de energia
elétrica ou diretamente para consumidores com carga igual ou
superior a 500kW.
Para a implantação da PCH Santa Gabriela, será necessário um
período de 24 (vinte e quatro) meses e demandará recursos
financeiros da ordem de R$ 36.100.000,00 (trinta e seis milhões e
cem mil reais).
POR QUÊ SE QUER CONSTRUIR A PCHSANTA GABRIELA
O Brasil vivencia uma situação de riscos de déficit de energia elétrica
em algumas das suas regiões, em face do aumento da demanda e
da atual dificuldade de atendimento ao consumo, o que tem gerado
uma crescente necessidade de implantação de novas fontes de
geração.
Atualmente, o Sistema Brasileiro Interligado Sul/Sudeste/Centro-
Oeste atende à Região Centro-Oeste, operando de maneira
integrada com o Sistema Norte/Nordeste. O Plano Decenal de
Expansão 1998/2007, elaborado pela ELETROBRÁS prevê riscos
de déficit para a região. No início de 2001, em decorrência de uma
forte estiagem, que provocou a drástica redução nos volumes dos
reservatórios das usinas hidrelétricas em todo o Brasil, o Governo
Federal teve que decretar o racionamento de energia elétrica.
Visando evitar a reprodução desta situação, foram priorizadas ações,
como a implantação de empreendimentos hidrelétricos e de usinas
termelétricas, que possam ajudar na diminuição dos riscos de déficit,
O EMPREENDIMENTO
8PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
trazendo-os a níveis aceitáveis, além de estabelecer o equilíbrio
entre os custos de expansão e de operação na geração de energia
elétrica.
Uma das providências mais importantes para atender a tais aspectos
seria, portanto, seguir as diretrizes gerais estabelecidas pelo Plano
Decenal, que prevê a “... expansão da oferta de energia elétrica
com a participação da iniciativa privada, utilizando o potencial
hidrelétrico concomitantemente com a construção de novas usinas
térmicas”.
Nesse sentido, a PCH Santa Gabriela enquadra-se nestes requisitos,
tendo em vista que:
• permite aproveitar o potencial hidroenergético existente na
região para fins de geração de energia elétrica;
• auxilia no atendimento à demanda existente no mercado suprido
pelo Sistema Interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste, ajudando
assim a diminuir os riscos de déficit previstos;
• tem como objetivo maior a geração de energia elétrica, a partir
de um aproveitamento hidrelétrico com potência máxima
econômica de 24MW;
• é considerada fonte alternativa de produção de energia, produção
esta incentivada pelo Governo Federal;
• é uma iniciativa privada de produção de energia elétrica, o que
significa o aporte de recursos novos, fora do setor público, na
solução dos problemas nacionais.
Tecnicamente, essa recomendação se justifica pelos seguintes fatos:
• estudos desenvolvidos pelo Setor Elétrico identificaram que,
para o Sistema Brasileiro Interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste,
existe um potencial da ordem de 39GW, já inventariados, a ser
utilizado, no qual a PCH Santa Gabriela poderia se inserir;
• grandes empreendimentos hidrelétricos são bem mais
problemáticos, em especial quanto à resolução dos impactos
sociais e ambientais conseqüentes, já que, em sua maioria,
necessitam inundar amplas áreas de terras, além do que, para
virem a gerar, requerem um grande prazo de maturação (no
mínimo, oito anos);
• a implantação da PCH Santa Gabriela se enquadra nos prazos
mínimos necessários, previstos pelo Setor Elétrico, tendo em
vista que a realização de estudos e projetos, bem como a
O EMPREENDIMENTO
9PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
execução de suas obras, demanda prazos relativamente
pequenos;
• houve uma redução nos custos dos aproveitamentos hidrelétricos
em virtude da estabilidade econômica atual existente no País e
da evolução e otimização da tecnologia nacional.
Sob a visão ambiental, pode-se afirmar que a experiência na
implantação de hidrelétricas no País é bastante notória, o que vem
permitindo uma reavaliação constante não só dos aspectos
ambientais, em especial os sociais, como também dos aspectos
técnicos e econômicos associados. Nesse sentido, para o
empreendimento em questão, pode-se destacar que as
características técnicas de implantação da referida usina demandam
custos ambientais compatíveis com seu porte, tendo em vista que:
• o reservatório a ser criado é de pequenas dimensões, com
aproximadamente 71ha de área inundada, ou seja, 0,71km², e
de uma usina de baixo impacto, em zona tipicamente rural;
• o empreendimento aumentará, de imediato, as possibilidades
de desenvolvimento regional e, a partir de medidas adequadas
associadas, a melhoria da qualidade de vida;
• o aproveitamento em questão, com cerca de 24MW de potência
instalada, permite o fornecimento de energia com índice custo/
benefício dentro dos parâmetros do Setor Elétrico, sendo,
portanto, um empreendimento bastante competitivo com outras
fontes de energia.
AS CARACTERÍSTICAS DA PCH SANTAGABRIELA
A PCH Santa Gabriela, com potência total instalada de 24MW, foi
concebida para atender ao fornecimento de energia durante um
período de, pelo menos, 30 anos. A PCH será interligada à UHE
Ponte de Pedra, em fase final de construção, através de uma linha
de transmissão de 138kV com 55km de extensão e distribuirá a
energia aos potenciais consumidores que fazem parte do Sistema
Interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste.
A PCH Santa Gabriela compreende a barragem, no leito do rio, e o
Circuito Hidráulico de Geração na margem esquerda do rio
Correntes.
O EMPREENDIMENTO
10PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
A barragem é constituída pelo Vertedouro, por Barragem de Terra
Homogênea, na margem direita, e por Muro de Gravidade, na
margem esquerda. Ela intercepta o fluxo do rio Correntes, formando
um reservatório de 0,71km².
O Vertedouro, do tipo soleira livre, está posicionado no leito do rio.
Foi dimensionado com 85,00m de extensão, de modo a escoar
uma vazão de 838,00m³/s, correspondente ao pico da cheia
decamilenar.
As estruturas do Circuito Hidráulico de Geração compreendem a
Tomada d´Água, o Canal de Adução, os Condutos Forçados, a Casa
de Força e o Canal de Fuga.
A Casa de Força, dimensionada para abrigar duas turbinas do tipo
Francis Vertical, com 12MW cada uma, tem 19,75m de largura,
33,80m de comprimento e altura média de 14,00m.
A Subestação de Interligação, localizada em área próxima à casa
de força, será do tipo convencional, com um pátio ocupando uma
área de aproximadamente 27x26m.
Vista geral do ponto do barramento à jusante.
O EMPREENDIMENTO
12PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
COMO SERÁ CONTRUÍDA A PCH SANTAGABRIELA
Para a construção da barragem, será necessário o desvio do curso
d’água de sua calha natural, por uma curta extensão (cerca de
80m), o que será feito através de uma estrutura de desvio composta
de três adufas na margem esquerda.
Prevê-se sua construção em duas etapas distintas. Na primeira
etapa, o rio é mantido na sua calha natural, enquanto se iniciam
as escavações em solo do Canal de Desvio. Com o lançamento da
ensecadeira de montante, serão executadas as obras na Estrutura
de Desvio, o primeiro bloco do Vertedouro, a Tomada d’Água e a
escavação do Canal de Adução. Nesse período também serão
construídos os canteiros principal e de apoio.
Na segunda etapa, o septo do Canal de Desvio e parte da
ensecadeira (1a Fase) serão removidos, obrigando as águas do rio
Correntes a passar pelas adufas. A ensecadeira da 2a Fase será
lançada. Nesta etapa, será construída a Barragem de Terra
Homogênea, serão concretados o Muro Ala e dois outros blocos do
Vertedouro e realizados os acabamentos no Canal de Adução. Após
a remoção da ensecadeira (2a Fase), a Estrutura de Desvio terá
duas adufas tamponadas dando início ao enchimento do
reservatório. A terceira adufa será usada como estrutura de
Descarregador de Fundo.
COMO SERÁ OPERADA A PCH SANTAGABRIELA
A operação da usina hidrelétrica pode ser representada pelo desenho
esquemático a seguir, onde são indicadas as vazões desde a sua
afluência ao reservatório da usina até a sua restituição a jusante
da casa de força.
O EMPREENDIMENTO
13PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
ESQUEMA OPERATIVO
Legenda: Q aflu = vazão afluente; Q turb = vazão turbinada; Q res = vazão residual; Q cont = vazão decontribuição da drenagem; Q vert = vazão vertida; Q res tot = vazão residual total; Q rest jus = vazãorestituída a jusante; Va fp = volume acumulado fora de ponta; Vu p = volume utilizado na ponta
O regime de operação da PCH Santa Gabriela é conhecido como
“a fio d’água”, ou seja, não haverá retenção de água para geração
posterior. Toda a vazão afluente ao barramento é imediatamente
retornada ao rio Correntes, seja ela através das turbinas, seja ela
através dos dispositivos extravasores do barramento (vertedouro
e descarga de fundo).
Entre a barragem e a casa de força, haverá um desvio parcial da
vazão pelo canal de adução, sendo, então criado um trecho no rio
Correntes, com vazão reduzida, com cerca de 1,4 km de extensão
pela calha do rio. Neste trecho será mantido uma vazão mínima de
1,0 m³/s, valor este definido nos estudos como aquele suficiente
para garantir:
• os usos da água identificados;
• os ecossistemas aquáticos;
• e a qualidade da água no trecho.
Esta vazão é correspondente à vazão mínima do rio, suficiente
para garantir os ecossistemas no período de estiagem e a qualidade
da água, já que o reservatório é de pequena dimensão, com reduzido
tempo de residência. Além disto, não foram identificados usos da
água no trecho. Sendo assim ficam garantidos todos os requisitos
para a vazão remanescente.
A jusante da casa de força, o regime fluvial não sofrerá qualquer
alteração uma vez que a usina irá operar a fio d’água. Dessa forma
O EMPREENDIMENTO
14PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
toda a vazão afluente será turbinada e/ou vertida, garantindo,
assim, a manutenção da disponibilidade hídrica a jusante da casa
de força.
O reservatório que será formado terá cerca de 71ha, incluindo a
calha do rio, que equivale a 29,6ha, de modo que apenas 40,4ha
representam áreas efetivamente suprimidas em função da formação
do lago.
CANTEIROS DE OBRA
A concepção do canteiro de obras partiu das seguintes premissas:
• localização do canteiro nas proximidades da obra, centralizando,
sempre que possível, os serviços de beneficiamento, fabricação,
apoio logístico, etc., para melhor administração do processo, o
que trará, como conseqüência, melhor qualidade dos produtos
e economia;
• dimensionar as instalações de modo a atender às necessidades
mensais de produção dos serviços;
• projetar edificações e instalações dentro de critérios de economia
e flexibilidade, utilizando, sempre que possível, alvenaria,
madeira e elementos pré-fabricados, de tal forma que
possibilitem sua implantação a curto prazo, com base no
emprego de processos semi-industrializados e que permitam
seu remanejamento com grande aproveitamento de material
em outras obras;
• promover meios adequados para atendimento aos Recursos
Humanos alocados
às obras, tais como:
Medicina, Segu-
rança e Higiene do
Trabalho.
Considerando a distância
entre os diversos locais
onde se desenvolverão as
obras do empreen-
dimento, foi planejada a
implantação de 2 (dois)
canteiros de obras,
contando com asÁrea do futura canteiro de obras
O EMPREENDIMENTO
15PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
instalações administrativas e industriais adequadas à realização
dos trabalhos neles previstos, assim localizados: principal, entre o
barramento e a casa de força, na margem esquerda, e secundário,
próximo ao barramento, na margem direita. Ambos os canteiros
foram posicionados próximos ao local das obras, em áreas já
impactadas por atividades agrícolas, não ocorrendo supressão de
vegetação nativa para implantação dessas estruturas. A área total
prevista para os dois canteiros é de 17.000m².
Pelo efetivo de pessoal a ser alojado e pelo prazo dos serviços,
inicialmente, foi adotada a solução de acomodar as equipes
operacionais em instalações montadas próximo à área da obra, ou
construções tipo pré-moldadas. Essa solução objetiva maior conforto
aos funcionários e otimização para o início dos serviços.
A área de alojamentos foi prevista na margem esquerda do rio
Correntes, próximo ao canteiro principal, em terreno já degradado
por atividades agropecuárias.
Os acessos de serviços necessários à execução das obras foram
estudados considerando o cuidado de minimizar os transtornos à
comunidade local e redução de distância de transporte.
MÃO-DE-OBRA
Para cumprir o planejamento previsto, prevê-se a mobilização de
um efetivo de aproximadamente 210 pessoas nos meses de picos
de produção, entre mão-de-obra direta e indireta.
A empreiteira responsável pela obra deverá dar ao homem da região
oportunidade de desenvolvimento dentro de suas próprias raízes,
enfatizando o aproveitamento de toda a mão-de-obra disponível
na região com adequados programas de treinamento, para melhor
adaptá-lo ao trabalho na construção civil.
O recrutamento e seleção fazem parte do plano de serviços de
Recursos Humanos, voltado para garantir e assegurar um fluxo
normal de suprimento de mão-de-obra na qualidade e quantidade
necessárias ao empreendimento.
No caso específico das obras da PCH Santa Gabriela, a macrorregião
dispõe de mão-de-obra de qualidade que atende às necessidades
O EMPREENDIMENTO
16PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
dos serviços, no tocante a serviços gerais (serventes, ajudantes,
etc.).
O transporte de pessoal durante a mobilização e período de
construção será basicamente por via rodoviária.
A mão-de-obra a ser empregada na implantação da PCH Santa
Gabriela será constituída, principalmente, por indivíduos residentes
nas localidades próximas. A esses se somarão técnicos e
especialistas das diversas áreas comuns a empreendimentos dessa
natureza, que deverão ser recrutados por empresas de construção
civil e de montagem.
Na fase de operação da PCH Santa Gabriela, considerando que
essa central será do tipo semi-automática, haverá necessidade de
manter um operador e um auxiliar trabalhando em regime de turno
por 24 horas. Serão necessários, ainda, um auxiliar de
eletromecânica e dois serventes para serviços gerais e limpeza,
ambos em horário normal. Assim, a operação da central demandará
a contratação de, no mínimo, 11 pessoas permanentes.
Em regime de trabalho não
exclusivo para a PCH Santa
Gabriela, o empreendedor
necessitará de pessoal
qualificado para desenvolver as
atividades de manutenção
preventiva e corretiva, que
poderão ser terceirizadas.
Vista geral da área do barramento (a montante)e cachoeira do Trator.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
17PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
A REGIÃO DOEMPREENDIMENTO
ÁREAS DE INFLUÊNCIA
Considera-se Área de Influência o território que sofrerá os efeitos
negativos ou positivos do empreendimento, de forma direta ou
indireta, e que foi alvo dos estudos para a elaboração do Diagnóstico
Ambiental.
A região que sofre efeitos ou impactos diretos da PCH Santa
Gabriela, denominada Área de Influência Direta, é constituída pelos
espaços que sofrerão intervenções que induzirão a processos de
desequilíbrio da dinâmica ambiental local:
• as propriedades cujas terras e benfeitorias serão indenizadas
pelo empreendedor, para implantação da PCH Santa Gabriela;
• as áreas que sofrerão descaracterização dos seus aspectos
físicos e bióticos (canteiro de obras, vias de acesso, áreas de
empréstimos, pedreiras, bota-foras e reservatório);
• a sede municipal do município de Sonora, por estar a cerca de
60km do barramento e servir como o principal ponto de apoio
à obra, fornecimento de mão-de-obra não especializada e de
pequenos insumos para consumo da população atraída.
O reservatório da PCH Santa Gabriela ocupa uma área que
corresponde a aproximadamente 71ha. As outras áreas, como
canteiro de obras, vias de acesso, áreas de empréstimo, pedreira
e bota-fora somam aproximadamente 87ha. No global, excluindo-
se o leito natural do rio Correntes, o empreendimento atinge cerca
de 127ha.
Como Área de Influência Indireta (AII) foi considerado, do ponto
de vista socioeconômico, o território dos municípios de Itiquira e
Sonora, pois parte das terras de ambos será inundada, sendo que
Sonora tem um grau maior de importância em decorrência de sua
sede municipal encontrar-se mais próxima ao empreendimento,
local onde possivelmente ocorrerão os maiores impactos indiretos
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
18PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
decorrentes da implantação, principalmente as ligadas aos aspectos
da dinamização da economia local, constituindo, dessa forma, a
área onde se estabelece o cenário potencial de ocorrência de eventos
positivos e negativos do processo construtivo da PCH.
Do ponto de vista natural (físico-biótico), esta área (AII) é
constituída pela bacia hidrográfica do rio Correntes, que nasce a
partir do encontro dos córregos Arame e Cangalha, limite do Estado
de Mato Grosso do Sul com Mato Grosso, até 7,5km a jusante do
eixo da Barragem. A área da bacia assim considerada é de
aproximadamente 3200km2, abrangendo um trecho do rio Correntes
com uma extensão de cerca de 90km.
A seguir, é apresentado o mapa das Áreas de Influência aqui
descritas.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
20PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
AS ORIGENS
A Área de Influência Indireta da PCH Santa Gabriela, cerca de 10
mil anos atrás, contou com a presença de grupos de caçadores-
coletores que ocuparam o Planalto Central. Seguiram-se a eles os
grupos ceramistas, destacando-se os da Tradição Una, em período
de cerca de 2 mil anos atrás. Há 1.200 anos atrás, lá se encontravam
povos formadores da Tradição Uru, que provavelmente teriam
alcançado o período cabralino e convivido com os povos Tupi-
Guarani, ocupantes da área 400 anos mais tarde. Estes últimos
provinham do ambiente amazônico e se instalaram na região
mantendo seus traços culturais. Na última fase de ocupação pré-
histórica, pouco antes do início da colonização européia, aí se
encontravam grupos Bororo, que travaram contato com o
colonizador, sendo até hoje encontrados na região.
A presença indígena na região sofreu interferências profundas com
a ocupação européia, tanto de maneira indireta, através da pressão
cultural, como de forma incisiva, na vinda de incursões exploradoras
destinadas ao apresamento dos índios e busca de riquezas minerais.
Foram empreendidas diversas excursões para apaziguamento e
mesmo extermínio dos índios, as quais resultaram numa drástica
diminuição de sua população e em seu confinamento em aldeias.
A descoberta de ouro próximo aos rios Coxipó-Mirim e Cuiabá
intensificou o fluxo de exploradores na região, mas as características
geográficas e a hostilidade dos grupos indígenas impediram a
ocupação. Para contornar o problema, novas rotas foram sendo
criadas ou foram sendo modificadas as existentes, propiciando o
surgimento de fazendas que garantiam as provisões necessárias
às excursões. À medida que iam se tornando mais organizadas,
essas localidades também forneciam o suporte para as áreas de
mineração, onde o solo era de má qualidade para o plantio.
A introdução de cultivos foi feita lentamente, com destaque para o
milho, o feijão, a abóbora e, mais tarde, a cana-de-açúcar. A caça
era muito valorizada, garantindo a manutenção dos primeiros
habitantes.
Durante o século XIX, a atividade mineradora já entrava em declínio,
e novas transformações estavam se processando e afetando as
relações entre brancos e índios. Com a expansão do povoamento,
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
21PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
os choques entre ambos eram constantes. A ocupação do território
foi-se processando de forma contínua, associada ao povoamento
crescente da região do antigo Estado de Mato Grosso. A existência
de grandes áreas despovoadas levou ao aparecimento de diversos
exploradores. A partir de 1894, promoveram-se algumas incursões
em busca de riquezas na região do município de Itiquira. A qualidade
das terras de Itiquira, assim como as de Sonora, sobretudo para a
formação de pastos, foi o principal atrativo para os deslocamentos
iniciais de população para a área. Particularmente em relação a
Itiquira, no início da década de 1930, a descoberta de importantes
jazidas de diamante atraiu novos fluxos migratórios, provenientes,
principalmente, da Região Nordeste, mas também das cidades
próximas, tendo-se, também, registro da chegada de imigrantes
estrangeiros.
O povoado Itiquira seria formado por garimpeiros, a partir do ano
de 1932, quando então fazia parte do território do município de
Coxim (hoje, em Mato Grosso do Sul), tendo sido integrado ao
município de Santa Rita do Araguaia em 1937 e, em seguida (1938),
ao município de Alto Araguaia, do qual só iria desligar-se,
conquistando sua autonomia, em 1953.
Sonora, originalmente, integrava o município de Pedro Gomes, cujos
primeiros registros da chegada de colonizadores datam de 1838,
quando foram formadas fazendas de gado. Só em 1950 surgiu um
povoado reunindo as residências dos fazendeiros, chamado de
Amarra Cabelo, o qual, em 1963 foi constituído como município,
com a denominação de Pedro Gomes. Nele se instalou, em 1978, a
Usina Aquárius, voltada para a produção de álcool a partir da cana-
de-açúcar, que deu origem a um povoado para abrigar seus
funcionários e trabalhadores. Em 1983, a usina foi adquirida por
uma subsidiária da Fiat Italiana, mudando seu nome para
Companhia Agrícola Sonora Estância.
Na mesma década em que foi emancipado o município de Pedro
Gomes, os incentivos fiscais do governo para atrair capitais e
tecnologias para o desenvolvimento da região, mais precisamente
em fins dos anos 60, favoreceram uma nova ocupação, trazendo
proprietários paulistas, mineiros, gaúchos e paranaenses. A
construção de rodovias como a Cuiabá–Campo Grande, em 1947,
a Belém–Brasília, nos anos 60, além da BR-364 e da BR-070, foram
fatores determinantes para que esse fluxo populacional alcançasse
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
22PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
o território mato-grossense, incluindo a área estudada. Já nos anos
70, a ocupação por grandes proprietários seria predominante,
destacando-se a criação de gado e o cultivo de cereais.
A NATUREZA
O CLIMA
O clima da região, segundo a classificação climática de Köppen, é
Clima Temperado Tropical (CWW). O período chuvoso se estende
de outubro a maio, sendo dezembro/janeiro/fevereiro o trimestre
de maior precipitação, e junho/julho/agosto, o de menor
precipitação. O índice pluviométrico é caracterizado por diferenças,
pois, geralmente, o inverno é bastante seco e o verão, muito
chuvoso. A média na região pode ultrapassar os 1.500mm/ano. A
precipitação mensal máxima total registrada foi de 263,2mm, em
Cáceres, e a mínima, de 9,6mm, em Cuiabá.
Uma massa de ar, chamada de Bloqueio Atmosférico, origina-se
no interior do continente, tendo grande atuação na parte central
do País, atingindo o Centro-Oeste, que, por vezes, permanece por
mais de 15 dias consecutivos. Durante o fim de maio e começo de
junho, é comum ocorrerem fortes episódios desse fenômeno. A
ocorrência maior é durante os meses de primavera, começo do
outono e fim do inverno. A massa de ar se caracteriza por ser seca
e quente. É conhecida como Bloqueio Atmosférico em função de
bloquear a entrada de frentes frias e nuvens de instabilidades,
responsáveis por chuvas quando sua intensidade é forte.
Quanto às temperaturas médias as oscilações anuais variam nas
quatro estações meteorológicas da região utilizadas neste estudo,
vão de 19,1, observada em Campo Grande; a 27,4°C, observada
em Cuiabá. Junho e julho aparecem como os meses mais frios, e
o período de outubro a fevereiro, o mais quente. O bimestre mais
frio coincide com o menos chuvoso e o mais quente, com o mais
chuvoso, sendo Cuiabá o mais seco e Cáceres, o mais chuvoso.
A umidade relativa na região se encontra na faixa de 75%. As
maiores umidades relativas ocorrem no período de janeiro a
fevereiro, sendo mais representadas por Cáceres, e as menores,
entre agosto e setembro, representadas por Campo Grande.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
23PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
CONDIÇÕES FÍSICAS DA ÁREA DEINFLUÊNCIA
A Área de Influência da PCH Santa Gabriela está inserida na
macrobacia do Alto Rio Paraguai, integrante da Bacia Platina. Esse
rio comanda toda a rede de drenagem da região, e seus principais
afluentes encontram-se nas áreas planaltinas a norte e a leste,
destacando-se os rios Cuiabá, São Lourenço, Itiquira, Taquari,
Negro, Piquiri e Correntes.
Possuindo uma altitude média em torno de 500m, esta área é
parte do Planalto Taquari-Itiquira, apresentando um relevo plano
ou suave ondulado e vales muito amplos, recobertos por sedimentos
arenosos.
RECURSOS MINERAIS
Os principais recursos minerais encontrados nos municípios de
Itiquirá (MT) e Sonora (MS) são: calcário, diamante, chumbo,
arenito industrial e substâncias minerais para construção civil (areia,
cascalho e conglomerado). Há um total de 28 áreas de interesse
mineral requeridas nesses municípios, não sendo identificado
nenhum tipo de interferência (sobreposição) entre essas áreas e a
Área de Influência Direta, ou seja, não existe ocorrência de
atividades de extração mineral, licenciadas ou não, na Área de
Influência Direta da PCH Santa Gabriela.
SISMICIDADE
A Área de Influência Indireta da PCH Santa Gabriela situa-se na
Região Centro-Oeste do Brasil, onde foi assinalada uma quantidade
de sismos relatados ou registrados no passado. A atividade sísmica
dessa região é notável não pela intensidade dos tremores
registrados, mas pelo considerável número de registros.
No local de implantação da PCH Santa Gabriela, no entanto, não
há registro de sismicidade natural ou induzida. Os epicentros mais
próximos registrados foram localizados a distâncias superiores a
100km.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
24PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS
A área estudada se caracteriza pela presença de dois importantes
sistemas de aqüíferos (águas subterrâneas). Os aqüíferos são livres
e apresentam grande potencial para armazenamento de água
subterrânea, geralmente, de excelente qualidade para consumo
humano.
SOLOS
Na área de influência Indireta da PCH Santa Gabriela são
encontradas as 5 unidades de solos apresentadas a seguir, com
aptidões agrícolas diferenciadas.
Latossolo Vermelho Escuro, ocupando cerca de 25% da área.
São solos profundos, muito resistentes à erosão e que apresentam
limitações a seu uso devido a sua baixa fertilidade natural, tornando
necessário o uso de fertilizantes e calagem para obtenção de
resultados satisfatórios na exploração agrícola. Estes solos
apresentam boas propriedades físicas e encontram-se em relevo
plano, com boas perspectivas para a agricultura, desde que
corrigidas suas limitações básicas relativas à fertilidade e toxicidade
de alumínio.
Neossolo Quartzarênico, que recobre cerca de 50% da área.
São solos arenosos, muito profundos e excessivamente drenados.
Estes solos são pouco aproveitados com a agricultura, sendo mais
utilizados com a pecuária em regime extensivo, em meio à
vegetação natural. A baixa fertilidade natural, a acidez forte e o
elevado teor de areia constituem as principais limitações para a
utilização destes solos para a agricultura.
Neossolo Quartzarênico Hidromórfico (cerca de 15% da área),
que representam uma variação da classe anterior, só que localizados
nas várzeas e terraços dos rios, sujeitando-se a alagamentos
periódicos, o que condiciona uma aptidão restrita para pastagem
cultivada, tendo como principais limitações a baixa fertilidade natural
e o freqüente excesso de umidade presente em parte do ano.
Apresentam ligeira a moderada suscetibilidade à erosão,
proporcionalmente à maior movimentação do relevo.
Neossolo Litólico (cerca de 7% da área), que são solos pouco
desenvolvidos e rasos. São solos fortemente ácidos, normalmente
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
25PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
utilizados para o pastoreio em meio à vegetação natural. A limitação
ao uso agrícola destes solos é devida à sua pouca profundidade, à
baixa fertilidade natural, ao relevo, que varia de suave até forte
ondulado, e à presença de rochosidade.
Gleissolo Háplico (cerca de 3% da área), com pouca profundidade
e alto teor de umidade, permanecendo em condições de
encharcamento na maior parte do ano. Apresentam baixa fertilidade
natural e encontram-se cobertos pela vegetação natural de campos
brejosos, sem utilização agropecuária. Por apresentarem severos
impedimentos relacionados ao excesso de umidade, foram
consideradas terras inaptas ao aproveitamento agrossilvopastoril,
indicadas para a preservação da fauna e da flora.
Na Área de Influência Direta são encontrados Neossolos
Quartzarêncos Hidromórficos, principalmente nos locais próximos
ao barramento da PCH Santa Gabriela, e à jusante, encontram-se
os Neossolos Litólicos. Também são encontrados nas áreas mais
planas do remanso do reservatório solos do tipo Gleissolo Háplico.
RECURSOS HÍDRICOS
A bacia do rio Correntes, até o local do eixo da PCH Santa Gabriela,
drena uma área de cerca de 3.132km² e serve de linha divisória
entre os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo que
a maior parte de sua bacia hidrográfica pertence a este último.
O rio Correntes tem como bacias vizinhas, ao norte, a do rio Itiquira
e, ao sul, a do rio Piquiri, onde deságua, já em planície pantaneira.
Suas nascentes localizam-se na serra do Torto, a cerca de 35km a
oeste das cidades gêmeas de Alto Araguaia (MT) e Santa Rita do
Araguaia (GO). É a região das extensas chapadas do Planalto
Central Brasileiro, onde os cursos d’água encontram-se em terrenos
arenosos, de alta permeabilidade, com vertentes em forma de
amplas colinas côncavas com declividade suave em direção ao leito
dos rios. É uma região de excelentes aqüíferos, onde a acumulação
no subsolo garante alta regularização natural, conduzindo a
descargas elevadas no período de estiagem.
O regime hidrológico do rio Correntes é bem característico dessa
região, onde a acumulação no subsolo garante alta regularização
natural das águas superficiais, conduzindo a vazões elevadas,
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
26PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
mesmo no período de estiagem. O período mais seco se inicia em
maio e finda em outubro, e o período mais chuvoso vai de novembro
a abril.
QUALIDADE DA ÁGUA
Os resultados obtidos nas análises realizadas a montante e a jusante
do empreendimento de Santa Gabriela demonstram que o rio
apresenta alta turbulência, o que promove, além da
homogeneização de toda a coluna d´água, uma eficiente injeção
física de oxigênio no ambiente, assegurando boas condições de
oxigenação da água.
Observou-se que o rio Correntes se encontra dentro dos padrões
determinados pela Resolução CONAMA 20/86 para águas de classe
2. Ou seja, no geral, apresentou valores baixos de nutrientes,
caracterizando a água
como oligotrófica, e
nenhuma contaminação
por pesticidas na água.
As plantações de soja
que existem na região
são possíveis fontes
poluidoras para o futuro
reservatório de Santa
Gabriela; no entanto,
não foram encontrados
pesticidas na água do
rio Correntes.
VEGETAÇÃO E FAUNA NA ÁREA DEINFLUÊNCIA
A bacia do rio Correntes é uma área de tensão ecológica, entre os
biomas Cerrado (Cerradão) e Floresta Estacional, Mata Ciliar ou
Riparia, Campos Hidromórficos ou Campo Brejoso. Na Área de
Influência Indireta da PCH Santa Gabriela são encontradas as
unidades (biótopos) apresentadas a seguir.
Vista parcial leito encaixado do rio correntes
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
27PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Cerradão Degradado
Esta unidade, que ocupava a maior parte da Área de Influência,
hoje se encontra bastante devastada. Sua forma primitiva está
totalmente descaracterizada e substituída por pastagens ou pelo
cultivo da soja. Os pequenos fragmentos existentes são
representados por pequenos capões de matas secundárias, em
diversos estádios de sucessão ecológica.
Há uma presença marcante de espécies pioneiras, formando matas
de regeneração, com domínio do carvoeiro, que é uma espécie
pioneira, típica do Planalto Central Brasileiro, colonizadora de
ambientes abertos ou profundamente perturbados. As formações
florestais que aí se encontram não mais exibem a fisionomia, a
estrutura e, muito menos, a composição florística original.
As espécies arbóreas mais freqüentes são representantes típicas
de floresta de transição Cerradão/Floresta Estacional, podendo ser
citadas a sucupira-branca, o jatobá, a copaíba, o pau-terra, a
cagaita, o canzil e a mamica, com outras menos freqüentes:
sucupira, caroba, faveiro e angico.
As espécies da mastofauna são comuns aos demais tipos de mata
da Área de Influência Indireta. Cerradões e Matas Ciliares são o
hábitat da grande maioria das espécies de mamíferos. As espécies
mais associadas ao Cerradão são aquelas mais dependentes do
estrato arbóreo, como os bugios e macacos, iraras, ou da cobertura
que este estrato propicia, como o tatu-veado, a paca e a cotia.
Uma espécie considerada como possivelmente ameaçada,
encontrada na região, é o papagaio-galego. Essa espécie é endêmica
dos Cerrados brasileiros e foi observada ao alimentar-se em fruteiras
na Fazenda Taquari. Sua presença, juntamente com a de araras,
periquitos e papagaios, demonstra a ainda boa capacidade de
suporte, não só do Cerrado, como das demais formações vegetais
locais.
Nos Cerradões aparecem espécies que somente são capazes de
habitar áreas de vegetação mais densa. Os jacupembas, por
exemplo, somente foram observados nessas áreas. O mesmo
acontece com os mutuns, que embora estejam já escasseando
localmente, ocupam alguns remanescentes de Cerradão na região.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
28PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Uma das espécies maiscaracterísticas dos
Cerradões do local é o
chororozinho, endêmico
do Brasil, que é
comumente observado em
bandos mistos de sub-
bosque junto ao pula-pula
e à choquinha que
“varrem” as folhas e
ramagens à procura de
pequenos insetos que
possam servir-lhes de
alimento. Outra espécie característica dos ambientes ciliares do
Brasil Central é a guaracava-grande, que, junto ao bem-te-vi-
pequeno e ao soldadinho, formam algumas das vozes mais comuns
deste Biótopo.
Cerrado Sentido Restrito Degradado
Na Área de Influência Direta do empreendimento, o Cerrado Sentido
Restrito encontra-se quase ausente, encontrado em pequenas
manchas ralas em meio às áreas de pastagens abandonadas. Ao
longo da margem direita do rio Correntes, sua regeneração é
dificultada por apresentar solos mais arenosos, sendo observadas
espécies espaçadas em meio a uma área muito antropizada. Já na
margem esquerda, há uma formação mais intensa representada
por arvoretas isoladas, resultado de rebrotas de tocos ou de
regeneração natural em estádio inicial de sucessão ecológica,
ocorrendo, sobretudo, nas áreas onde existe maior presença de
umidade ou facilitadas pela presença de solos mais argilosos.
Assim como em toda a bacia, nessas áreas ainda é comum a prática
de queimadas com a finalidade de limpeza de pastagens. Não é
difícil encontrar espécimens do cerrado, arbustivas ou arbóreas,
chamuscadas pela passagem do fogo, nessas áreas, as espécies
invasoras tomam conta da regeneração deixando pouco espaço
para as plântulas das espécies arbóreas.
Em relação à fauna, três espécies de mamíferos foram registradas
apenas nas áreas de Cerrado: o tatu-peba, o tatu-bola e o tatu-
Mata de cerradão
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
29PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
canastra, embora
eventualmente possam
ser encontrados em Matas
Ciliares e Semideciduais.
A codorna-mineira e o
inhambu-carapé são
espécies endêmicas e, em
toda a sua distribuição,
dependem dos Campos-
Cerrados bem
conservados. São muito
comuns nos Campos
Cerrados a perdiz e a
codorna. As emas, espécies caracteristicamente ocupantes de
Cerrados, foram observadas ao se alimentarem nas plantações da
região. Outra espécie endêmica observada foi a gralha-do-cerrado.
O bico-de-pimenta é também característico dos Cerrados
degradados da Área de Influência Direta.
Também caracterizam os cerrados locais, espécies como a seriema,
a curicaca, o gavião-caboclo, a coruja-boraqueira, o bacurauzinho,
o periquito-real, o periquito, o joão-bobo, o tucanuçu, o pica-pau-
do-campo, o cochicho, o sabiá-do-campo e o bico-de-pimenta.
Mata Ciliar ou Ripária (Floresta Estacional Aluvial)
Nos estudos realizados na área da PCH Santa Gabriela, observou-
se que as Matas Ciliares estão, praticamente, ausentes na margem
direita do rio Correntes, ou estão limitadas a pequenas ilhotas
formadas por este, ou se apresentam sob forma de pequenas faixas
de vegetação secundária, não raro descaracterizadas, localizadas
junto aos talvegues dos rios e córregos da área estudada. Nos
remanescentes, quase sempre de difícil acesso, localizados a jusante
da cachoeira do rio Correntes, foram encontradas espécies arbóreas
representadas por indivíduos de até 20m de altura, como a figueira,
a copaíba e a canela, associadas a espécies de menor porte, como
camboatá, fruta-de-veado, pau-pombo, tapiá, açoita-cavalo,
guamirim, carvalho e almescla, dentre outras. Em alguns locais, o
sub-bosque é formado por elementos arbustivo-herbáceos diversos,
como o caeté, o capim-de-sombra e uma espécie de bambu.
Campo e cerrado
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
30PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Também se observaram algumas espécies de orquídeas epífitas e
representantes da Família Bromelieaceae, dentre outras.
As Matas Ciliares da Área de Influência Direta constituem o biótopo
mais relevante do ponto de vista da conservação e o biótopo nativo
mais impactado pelo empreendimento. Entretanto, mais a jusante
na bacia, podem ser observados trechos mais bem preservados,
onde as matas ciliares confundem-se com a vegetação higrófila
das áreas de brejo.
Essas matas podem ser caracterizadas por uma grande diversidade
de “micro-hábitats” e pela grande especialização dos diferentes
grupos de fauna que por esses se distribuem, não sendo
característicos somente da Área de Influência Direta, mas
espacializados a fora por toda a bacia do rio Correntes, até a planície
pantaneira.
Esses hábitats abrigam
praticamente todas as
espécies de mamíferos
identificadas neste
estudo, como aquelas
mencionadas para o
Cerradão, sendo a
presença do rio
determinante para a
presença de espécies
relacionadas à água,
como a lontra. O
mesmo pode ser dito
em relação aos demais
grupos de vertebrados, o que pode ser mais facilmente constatado
nas aves, como é o caso das saracuras. Martins-pescadores-
pequenos permanecem pousados às margens do rio, enquanto
espécies como a garça-vaqueira, utilizam esse biótopo para local
de repouso durante a noite. A garça-branca e o maguari andam
silenciosamente pelas margens dos rios locais, realizando suas
pescarias.
Apesar de já estarem muito deterioradas pela atividade antrópica,
as florestas locais apresentaram bioindicadores de elevada
qualidade ambiental, sugerindo que o fato de haver ainda alguma
Vista geral do ponto de barramento, mata ciliar do rio Correntes.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
31PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
conexão entre as Florestas e Cerradões locais permitem o suporte
faunístico das mesmas em relação a bacia do rio Correntes.
A Mata Ciliar oferece diversos ambientes que favorecem a ocupação
por anfíbios e répteis. As serpentes são freqüentemente
encontradas forrageando em ambientes aquáticos durante a noite
e em arbustos durante o dia.
Campo Brejoso
Os Campos Brejosos que aparecem a montante, onde boa parte
será inundada pela barragem, são ocupados por um tapete
gramíneo-herbáceo. Neles se encontram espécies arbustivas e
representantes arbóreos, como capororocas, camboatá, embaúba
e sangra d‘água.
Ocorrem alguns indivíduos isolados de buriti, até em estado juvenil,
sobretudo nas áreas brejosas formada pelo rio Correntes e o ribeirão
Comprido.
Das espécies de mamífero de hábito semi-aquático, a capivara e a
lontra podem ser observadas nos alagados da Área de Influência
Direta. A lontra exibe uma grande associação com as matas locais,
enquanto a capivara ocupa vários tipos de ambiente associados a
corpos d’água, muito comuns na bacia.
Grande parte das
aves encontradas
nos alagados tem
grande distribuição e
raramente é
endêmica. Além
disso, as espécies
paludícolas são, em
geral, caracterizadas
pela grande
capacidade de vôo,
e x e c u t a n d o ,
também, muitas
vezes, movimentos
migratórios locais e
regionais. Essa característica faz com que as espécies sejam menos
sensíveis à degradação do ambiente, como, por exemplo, a
Meandros à montante da área debarramento.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
32PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
fragmentação de hábitats. A avifauna dos brejos locais pode ser
representada por: jaçanãs, garças e socós, biguás, mergulhões e
outros.
O carão e o gavião-caramujeiro são freqüentadores das lagoas da
região e têm hábitos alimentares semelhantes; ambas as espécies
são comedoras de caramujo. O falcão-de-coleira é observado nesse
ambiente. Essa espécie pode predar também insetos, pequenos
vertebrados terrestres e morcegos.
O campo brejoso apresentou o maior número de espécies de anfíbios
anuros dentre os ambientes amostrados. Apesar de sua aparência
degradada, comportou tanto espécies de chão como de hábitos
trepadores, abrangendo gramíneas e grandes arbustos. Espécies
de pequeno porte freqüentemente ocupam vegetações frágeis,
como gramíneas e pequenos arbustos, enquanto as de médio a
grande porte, vegetações mais robustas como grandes arbustos e
árvores.
Pastagens
Esta fitofisionomia é a predominante na região do empreendimento.
Compõe-se de vegetação de porte herbáceo, apresentando
gramíneas como o rabo-de-burro, o capim-gordura e a espécie
cultivada braquiária, sendo esta última a gramínea mais difundida
na região, dominante nas grandes áreas de pastagens do Cerrado.
Em alguns locais, devido à ausência de manejo, nota-se a
regeneração natural de muitos arbustos e subarbustos, como assa-
peixe, guaxuma e mata-pasto, dentre outras, que tendem a invadir
esses ambientes após ação do fogo. Isoladamente, podem ocorrer
alguns indivíduos de porte arbóreo, como a leiteira, o biriba e a
pimenta-de-macaco, que se apresentam, geralmente, rebrotadas
de tocos, após sofrerem a ação de queimadas.
Muitas espécies típicas de Cerrado adaptam-se também, facilmente,
a práticas agropecuárias, como é o caso das emas, codornas,
inhambus-chororós, seriemas, corujas-buraqueiras e urubus-
caçadores. A garça-vaqueira pode ser observada em toda a região
e possui caráter exótico. Essa espécie parece ter colonizado a região
em anos recentes, tendo suas populações sido provenientes do
continente africano.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
33PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
É também comum a presença de sanhaços e beija-flores em quintais
de residências e sítios locais. É comum, quando há a permanência
de árvores entremeando áreas já exploradas, a visita de espécies
florestais, como o pica-pau-de-banda-branca.
Vale notar que a presença de cerrados bem conservados
entremeando pastagens e campos pode resultar na presença de
espécies mais exigentes ecologicamente nesses ambientes. Essas
espécies, apesar de utilizarem essas áreas para a alimentação,
continuariam necessitando de remanescentes bem conservados
de cerrado para reprodução.
ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
Todos os rios, ribeirões, córregos e demais corpos d’água incluídos
no município de Sonora pertencem à bacia do rio Piquiri, sendo os
principais rios o Correntes, o Piquiri e o Água Bonita. Alguns
ribeirões e córregos dignos de nota são os que se seguem: Água
Branca, Arame, Benjamim (ou Gaúcho), Cabeceira Alta, Confusão,
Lageadão e Piracema. Ainda, uma série de nascentes sem
denominações próprias são observadas na área de Sonora.
Na área determinada para implantação da PCH Santa Gabriela,
bem como em seu entorno, são observados alguns afluentes
importantes do rio Correntes, tais como os denominados rio
Comprido e ribeirão Ponta do Resolvido, além do córrego do Burro.
Logo a jusante do ponto escolhido para a construção da barragem,
observa-se corredeiras e uma queda d’água com aproximadamente
5m de altura. Um pouco a jusante da ponte que cruza o rio, há
uma outra queda d’água (mais de 15m de altura), denominada
por alguns moradores das redondezas de “cachoeira do Trator”.
Entre a referida cachoeira e a foz do córrego do Burro, há um
pequeno afluente sem nome, de águas claras e sombreadas. Áreas
alagadas são comuns junto às margens do rio Correntes, do rio
Comprido e do ribeirão Ponta do Resolvido.
Coletas de peixes realizadas para o presente estudo revelaram
exemplares de lambari, canivete (piquira) e piau, bagres (incluindo
mandi) e cascudos, além de peixes elétricos (sarapós ou tuviras,
exemplares de um peixe-ornamental (“Rivulus”, desconhecido de
moradores da região e sem nome vulgar), cará e mussum.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
34PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
A montante na bacia do rio Comprido, foram observados moradores
locais pescando com o auxílio de vara e anzol. Neste ponto
encontram-se piaus, pequenos carás, lambaris e bagres, entretanto
em função da pouca diversidade e da ausência de peixes comerciais,
é fato raro a pesca no local, a não ser por motivos recreativos.
O ribeirão Ponta do Resolvido, um tributário de águas límpidas nas
proximidades na fazenda Santa Paula (município de Itiquira) revelou
abundância de alguns grupos de peixes, notadamente tuviras e
lambaris, além de piquiras, piaus, bagres, cascudos, barrigudinhos,
e carás.
No córrego de Baixo, encontrou-se grande quantidade de peixes
elétricos (tuviras) abrigadas por entre a vegetação em suas águas
claras, além de muitos canivetes, lambaris e barrigudinhos, bagres,
carás e lambaris. O córrego de Cima, outro afluente de águas limpas
na margem esquerda do rio Correntes, mostrou considerável
abundância de peixes elétricos (tuviras), além de canivetes e
lambaris, piaus, bagres, cascudos, barrigudinhos, peixe-ornamental
e curimbatazinho.
Já no córrego do Burro, a jusante da cachoeira do Burro e próximo
à fazenda Santa Luzia, a despeito de esforços intensivos, não foram
coletados ou observados quaisquer exemplares de peixes. É possível
que as condições gerais desse córrego na área amostrada
expliquem, em parte, essa situação: suas águas apresentavam
aspecto barrento e carreavam sedimento fino em grande
quantidade, na maior parte, aparentemente proveniente de áreas
agrícolas a montante da cachoeira. Da mesma maneira, em um
pequeno afluente de águas límpidas (sem nome) do rio Correntes
e que contribui em sua margem direita, não foram observados ou
coletados quaisquer exemplares de peixes, muito embora este
riacho tenha sido percorrido a pé por várias dezenas de metros,
tanto em direção a jusante como a montante.
Há um local no rio Correntes denominado pela população local de
“Sumidouro do rio Correntes” e próximo as obras da UHE Ponte de
Pedra. Naquele ponto, o rio “desaparece” por completo em direção
ao subsolo através de um sistema natural de cavernas e fendas, e
“reaparece” algumas centenas de metros adiante, surgindo por
sob um paredão rochoso. É notório entre moradores da região que
os peixes não são capazes de subir o rio Correntes e ultrapassar a
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
35PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
área do “Sumidouro” rumo a porções mais altas na bacia, e que a
ictiofauna observada a jusante deste ponto é notadamente mais
diversa e abundante do que aquela notada a montante.
Espécies de interesse local notadas apenas abaixo do “Sumidouro”
incluem, segundo relatos, o dourado. as piranhas, o pacu-caranha,
o surubim-pintado e o surubim-cachara, além de outros. Torna-se
claro que o “Sumidouro do rio Correntes” constitui um obstáculo
natural à movimentação de populações inteiras de peixes naquela
área (incluindo membros de espécies que realizam a piracema) e,
dessa forma, segrega a ictiofauna a montante e a jusante.
A ictiofauna registrada na bacia do rio Correntes, no trecho a
montante do “Sumidouro”, pode ser considerada relativamente
pobre, se comparada a outras áreas na sub-bacia do rio Correntes
a jusante deste
obstáculo.
A cachoeira do Trator
(um pouco a jusante
da futura barragem da
PCH Santa Gabriela),
tendo cerca de 15m de
altura e também
devido ao seu volume,
certamente constitui
um outro obstáculo
natural que impede a
movimentação de
peixes entre trechos
mais abaixo e mais acima no rio Correntes. No entanto, é preciso
notar, basicamente as mesmas espécies de peixes foram notadas
a montante e a jusante da cachoeira durante o presente estudo,
indicando que, apesar da presença deste obstáculo natural, não
há uma diferença marcante entre a ictiofauna a montante e a
jusante do mesmo.
Em conclusão, com base nas observações adquiridas ao longo do
presente estudo, pode-se inferir que o estabelecimento da barragem
da PCH Santa Gabriela não constituiu um entrave à dinâmica de
peixes eventualmente presentes no rio Correntes. A cachoeira do
Trator, presente junto à área de futura implantação deste
Cachoeira do Trator
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
36PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
empreendimento, por si só, já representa um obstáculo natural
efetivo a qualquer movimento de populações de peixes, a despeito
dos demais impeditivos naturais, em direção a montante ou jusante
no trecho em questão.
A VIDA SOCIAL E ECONÔMICA
DINÂMICA POPULACIONAL
Os municípios de Itiquira e Sonora têm baixa ocupação demográfica;
em 2000, não atingiram 10 mil habitantes. Itiquira concentra apenas
0,4% da população de Mato Grosso e Sonora, 0,5% dos habitantes
de Mato Grosso do Sul. A população de Itiquira é
predominantemente rural, concentrando 67,1% de sua população
no campo, ao passo que a de Sonora, em sua maioria, é urbana,
com 84,6% de seus habitantes residindo na cidade.
Ambos os municípios vêm apresentando crescimento demográfico
constante, tanto em termos de sua população total quanto urbana
e rural, indicando uma imigração sistemática. Itiquira cresceu, na
última década, 15%, sendo que sua população urbana cresceu 2%
e a rural, 23%. Sonora apresentou um notável crescimento entre
1991 e 2000, equivalente a 62,3%, sendo que a cidade e o campo
cresceram a uma mesma taxa de 62%
Os movimentos migratórios registrados nesses municípios
contribuíram significativamente para o aumento da população. No
município de Itiquira, por exemplo, cerca de 28% da população
residente em 1996 era de imigrantes. Já em Sonora, a parcela da
população residente vinda de outros estados e até mesmo de outros
municípios pertencentes ao
Estado de Mato Grosso do
Sul correspondia a 29% da
população no mesmo período
analisado.
Confirmando suas
características rurais,
fundadas na grande
propriedade, a Área de
Influência Indireta apresentaSonora
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uma densidade de
ocupação extremamente
rarefeita: Itiquira com 1,1
hab./km2 e Sonora com
2,3 hab./km2.
DENSIDADE
DEMOGRÁFICA,
2000
Na região em estudo, há
uma marcante
predominância do sexo
masculino. Itiquira apresenta uma taxa de população masculina
de 53,2% e Sonora, de 52,2%. Tal situação é característica de
populações compostas majoritariamente por imigrantes.
A população infantil (0 a 14 anos) corresponde a 32,8% dos
habitantes de Itiquira e a 34,6% dos de Sonora. Os jovens (15 a
19 anos) respondem por 9,6% em Itiquira e 10,4% em Sonora. A
população em idade produtiva (20 a 59 anos) corresponde,
respectivamente, a 53,5% e 51,2%. A população de mais de 60
anos responde por 4,2% em Itiquira e 3,7% em Sonora. Configura-
se, dessa forma, em ambos os municípios, uma população jovem,
com expressivo componente em idade produtiva.
HABITAÇÃO
Em Sonora, os domicílios permanentes representam 99,7% das
moradias do município, dando a Sonora uma situação habitacional
bem superior à média do Estado de Mato Grosso do Sul. Já em
Itiquira, a situação habitacional apresenta 5,8% de domicílios
coletivos e 3,1% de domicílios improvisados. Essa situação é mais
expressiva no meio rural, onde se concentra a maioria dos domicílios
do município. A taxa média de ocupação dos domicílios é de 3,4
moradores por domicílio em Itiquira e de 3,6 moradores/domicílio,
em Sonora, que podem ser consideradas taxas adequadas.
EDUCAÇÃO
O município de Itiquira conta com 11 unidades escolares, sendo 3
da Pré-Escola, 6 do Ensino Fundamental e 1 do Ensino Médio. A
Itiquira
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Pré-Escola, de responsabilidade da Prefeitura Municipal, totaliza
225 matrículas, número bem baixo, considerando que a população
do município entre 4 e 6 anos de idade é de 6.542 crianças.
No Ensino Fundamental, o estado divide com a municipalidade a
absorção de 2.377 matrículas em Itiquira, sendo que as escolas
estaduais localizam-se na cidade, e a municipalidade possui 4
escolas na zona rural e 1 na cidade. Observa-se que o número de
matrículas no Ensino Fundamental é bem superior ao número de
crianças na faixa de 7 a 14 anos do município (1.504), indicando
um alto índice de permanência na escola após o número de anos
previsto para este ciclo, em decorrência da repetência escolar.
O Ensino Médio em Itiquira é da esfera estadual, contando com
uma escola e 357 matrículas, o que representa um pequeno
percentual de jovens que freqüentam o Ensino Médio no município.
Em Itiquira não há escolas particulares.
De acordo com informações obtidas na Secretaria de Educação de
Itiquira, o município oferece condução gratuita para os estudantes
da zona rural que estudam na área urbana, além de disponibilizar
acomodações na Casa do Estudante para alunos que cursam o
Ensino Médio, procurando, assim, incentivá-los a prosseguir seus
estudos e reverter o quadro atual, que é de alto índice de evasão
escolar no município.
Em Sonora existem 12 unidades escolares, sendo a metade
representada por Pré-Escolas, 5 escolas do Ensino Fundamental e
1 do Ensino Médio. Nas Pré-Escolas, dentre as quais 2 são
particulares e 4 são de responsabilidade do município, encontram-
se 377 crianças. Esse número é mais significativo do que o
encontrado em Itiquira, na medida em que o público potencial da
Pré-Escola em Sonora (crianças de 4 a 6 anos) totaliza 729 crianças,
ou seja, são atendidas cerca de 52% do universo.
Também em Sonora, o Ensino Fundamental é dividido entre as
esferas estadual e municipal, sendo que aí a escola estadual absorve
um contingente superior ao municipal. Reproduzindo o mesmo
fenômeno observado em Itiquira, o Ensino Fundamental, com 2.341
matriculados, abrange uma faixa de idade superior aos 14 anos,
uma vez que a população entre 7 e 14 anos é de 1.682 crianças.
Encontra-se ainda, em Sonora, uma escola particular do Ensino
Fundamental, que absorve 40 alunos. Com relação ao Ensino Médio,
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a única escola de Sonora é estadual, com 272 jovens matriculados,
um pouco menos de 1/3 da população municipal de jovens na
idade que corresponde a essa etapa. O município fornece material
escolar e uniforme aos alunos carentes. Na zona rural, o transporte
é gratuito para todos os estudantes e, na área urbana, é fornecido
passe escolar a todos que residem a mais de 1,5km da escola.
Tanto em Itiquira quanto em Sonora, é extremamente baixa a taxa
de pessoas com mais de 15 anos de estudo, ou seja, que
seguramente concluíram o Ensino Fundamental.
SAÚDE
Os municípios de Itiquira e Sonora possuem infra-estrutura de saúde
precária, principalmente no que diz respeito ao atendimento das
zonas rurais. A rede que integra o sistema de saúde dos municípios
em estudo é composta por 1 hospital público e 6 unidades
ambulatoriais em Itiquira e 1 hospital privado e 4 unidades
ambulatoriais, em Sonora. Em ambos os municípios, segundo
informações da Prefeitura Municipal, os casos graves são
encaminhados prioritariamente para a cidade de Rondonópolis.
Itiquira oferece 13 leitos hospitalares à sua população e Sonora,
32, o que representa taxas de 1,4 leito por mil habitantes, no
primeiro caso, e 3,4 leitos por mil habitantes, no segundo, ambas
extremamente baixas.
SANEAMENTO BÁSICO
Itiquira é um município cuja maioria da população e, por
conseguinte, de seus domicílios, encontra-se na área rural. O nível
de atendimento em abastecimento de água por rede geral atende
a 66,6% de seus domicílios. Dentre seus domicílios localizados na
área urbana, 97% são servidos por rede geral de água, mas na
zona rural apenas 50,4% dispõem desse recurso, enquanto 48,6%
fazem uso de poço ou nascente.
Em Sonora, município onde a população se localiza
predominantemente na área urbana, 86,9% de seus domicílios
permanentes são servidos por rede geral de água, sendo que 99%
de seus domicílios urbanos estão ligados à rede geral. Por outro
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lado, na zona rural, apenas 19,3% de seus domicílios são servidos
por rede geral, enquanto 68,3% fazem uso de poço ou nascente.
Com relação ao esgotamento sanitário, apenas 0,9% dos domicílios
de Itiquira e 0,4% dos de Sonora estão servidos por rede geral de
esgoto. O recurso à fossa séptica também é bastante restrito,
estando presente em 12,3% dos domicílios de Itiquira e em 0,2%
dos de Sonora. A fossa rudimentar é o sistema predominante na
Área de Influência, sendo utilizada em 81,7% dos domicílios de
Itiquira e 92,9% dos de Sonora. Nenhum dos dois municípios
possui rede coletora de esgoto ou qualquer tipo de tratamento.
Em Itiquira, 67,1% dos domicílios se beneficiam da coleta de lixo,
enquanto 19,8% utilizam-se da queima, 7% enterram seu lixo na
propriedade e 5,6% jogam-no diretamente em terrenos baldios.
A situação urbana apresenta um quadro favorável: 94,6% do lixo
de seus domicílios são coletados. Na zona rural, 52,4% dos
domicílios possuem coleta domiciliar de lixo, sendo o restante,
queimado, enterrado ou jogado em terrenos baldios.
Em Sonora, 98,4% dos domicílios urbanos são servidos por coleta
domiciliar, mas inexiste coleta na zona rural, onde o destino do lixo
é ser queimado ou enterrado nas propriedades.
Não existem aterros sanitários nem sistemas de tratamento de
lixo nos municípios pertencentes à Área de Influência Indireta do
empreendimento. A destinação final do lixo produzido são os lixões
existentes em cada municipalidade. Sua disposição é feita em locais
preestabelecidos pela administração local, os quais não interferem
no cotidiano da população, de acordo com as informações obtidas
nas prefeituras.
LAZER, TURISMO E CULTURA
Em Itiquira, encontram-se diversos bens naturais e culturais que
oferecem boas condições para atividades de lazer e atraem turistas.
Em 1999, Itiquira recebeu da Embratur o Selo de Município
Prioritário para o Desenvolvimento do Turismo, tendo sido incluído
no Plano Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT.
Em Sonora são encontradas diversas atrações naturais, utilizadas
para o lazer da população. De maneira geral, seus atrativos
encontram-se localizados relativamente próximos às cidades, o que
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proporciona à população local um maior aproveitamento desses
bens naturais.
TRANSPORTE
As principais vias que servem aos municípios de Itiquira e Sonora
são a BR-163 – Cuiabá–Santarém (PA), que interliga Cuiabá e
Campo Grande, fornecendo acesso a São Paulo e à Região Sul; a
BR-364, que liga Cuiabá a Goiânia, e a BR-359, dando acesso a
Corumbá. Uma série de estradas estaduais, afora as vicinais de
âmbito municipal, complementa o sistema de transporte regional.
Em Sonora, a população costuma se locomover em bicicletas, à
pé, ou de táxi e moto-táxi, pois inexistem serviços coletivos de
circulação interna no município. A Usina Sonora e outros
empreendimentos situados na região utilizam transportes próprios
para a locomoção de seus empregados. Em Itiquira, a Viação São
Luiz faz uma viagem por dia para a cidade de Rondonópolis, e a
bicicleta é igualmente um meio de transporte bastante usado.
ENERGIA ELÉTRICA
A energia que chega atualmente aos municípios de Itiquira e Sonora
é gerada em Goiás e transportada para Rondonópolis, de onde é
distribuída. Contudo, estudos estão sendo realizados para
implantação de usinas hidrelétricas na região, o que favorecerá o
abastecimento de energia nesses municípios.
O consumo anual de energia elétrica em Sonora gira em torno de
9.000.000kWh, sendo mais significativo no setor residencial. Itiquira
tem consumo bem inferior, com cerca de 1.200kWh de consumo
anual.
SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO
Os municípios de Itiquira e Sonora são servidos pelas operadoras
Embratel, Intelig e Brasil Telecom.
Ambos os municípios possuem agências dos Correios (da ECT).
A Rede Globo, a Rede Bandeirantes e a SBT são captadas nos dois
municípios.
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
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Além do recebimento de ondas de diversas rádios dos Estados de
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, encontra-se na Área de
Influência Indireta a Rádio Gaspar, de Itiquira.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
O associativismo brasileiro apresenta, como uma de suas
características a tendência —há muito observada — à formação de
organizações em defesa de causas que, muitas vezes, dizem
respeito a demandas particulares, sejam elas em proveito de um
restrito grupo, sejam em proveito de interesses mais gerais. Na
área em estudo, existem organizações sociais ligadas à sua principal
atividade produtiva: as associações de produtores rurais. Dentre
elas, destacam-se:
• Associação de Produtores do Mineirinho;
• Associação dos Produtores e Amigos do Pantanal do Itiquira
(APAPI);
• Associação de Pequenos Produtores do Vale do São João
(APROVAS);
• Associação de Produtores do Sapé.
ATIVIDADES ECONÔMICAS
SETOR PRIMÁRIO (AGROPECUÁRIA)
Itiquira e Sonora são municípios rurais onde a atividade
agropecuária é amplamente predominante e determinante do
conjunto de atividades produtivas que neles se desenvolvem. Em
Itiquira, 78,3% do território municipal é ocupado por
estabelecimentos rurais e em Sonora, 98,5%. Em ambos, a pecuária
foi fundamental no processo histórico de sua ocupação, e continua
a exercer esse papel na vida dos seus habitantes. As atividades
agrícolas, porém, são distintas: em Sonora desenvolve-se a cana-
de-açúcar e, em Itiquira, a soja.
As terras e os estabelecimentos dedicados à pecuária são
predominantes nos dois municípios. Neles, as pastagens são
responsáveis por cerca de 60% da área rural, sendo que as
plantadas dominam amplamente. Apesar de os dois municípios
possuírem a maior parte de suas terras dedicadas à pecuária, a
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
43PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
atividade econômica mais expressiva, tanto em Sonora quanto em
Itiquira, é a agricultura. Em Sonora, o cultivo da cana-de-açúcar e
da soja representa a maior fonte de arrecadação de ICMS do
município. Em Itiquira, o cultivo da soja é a principal atividade
econômica, seguida pela pecuária (gado bovino).
A estrutura fundiária da Área de Influência Indireta se caracterizada
pela absoluta predominância dos macroestabelecimentos, que
ocupam mais de 95% da área rural da Área de Influência e mais
de 50% de seus estabelecimentos. A tradição pecuarista da região
está fundada na grande propriedade e nas culturas da cana-de-
açúcar em Sonora e da soja em Itiquira, com níveis elevados de
mecanização, que também se desenvolvem basicamente em
macroestabelecimentos. Em Sonora não existem
miniestabelecimentos, e em Itiquira são praticamente inexistentes.
SETORES SECUNDÁRIO E TERCIÁRIO
As atividades agrárias constituem a base da economia dos
municípios da Área de Influência; por isso, seus setores Secundário
e Terciário são pouco desenvolvidos. As duas principais indústrias
desses municípios são a usina de açúcar e álcool Estância Sonora e
a Eduard Michellin, em Itiquira, produzindo látex. Pequenos e micros
estabelecimentos industriais, de diferentes ramos, compõem o
restante do setor industrial da Área de Influência, principalmente
na indústria de transformação.
O Setor Terciário também é pouco expressivo, sobressaindo o
comércio, que conta com 68 estabelecimentos em Itiquira e 202
em Sonora. A mão-de-obra ocupada no Setor Terciário é bastante
reduzida (608 pessoas em toda a Área de Influência).
PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL EARQUEOLÓGICO
Embora a área do rio Correntes onde será implantada a PCH Santa
Gabriela careça de informações arqueológicas específicas, ela está
inserida em uma região na qual estudos mais sistemáticos vêm
sendo realizados na última década, com ênfase na região
pantaneira. Os resultados das pesquisas indicam uma diversidade
e quantidade de sítios altamente significativos da importância da
Região Centro-Oeste para o estudo das culturas passadas. A riqueza
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
44PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
hidrográfica da região foi um fator altamente favorável à ocupação
e à utilização dos rios como meio de deslocamento para as
populações, tanto na Pré-História quanto na colonização européia
ali registrada.
Em Cuiabá, Rondonópolis e no nordeste de Mato Grosso do Sul, no
alto Sucuriú, foram encontrados sítios com datações de mais de
10 mil anos.
Na Área de Influência Direta da PCH Santa Gabriela não existe
nenhum sítio identificado, nem foram encontrados vestígios nas
análises preliminares realizadas na área onde se pretende implantar
o empreendimento. Entretanto, os sítios cadastrados na região
refletem mostram a presença da Tradição Uru e Tupi-Guarani, assim
como vestígios de arte rupestre, especialmente gravuras, que
aparecem associados a ocorrência de cerâmica. Essas informações,
portanto, demonstram a importância da região e sua potencialidade
em relação ao Patrimônio Cultural.
PLANOS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS
O principal programa de âmbito federal envolvendo a Área de
Influência do empreendimento é o Programa de Gestão da Bacia
do Alto Paraguai, no qual Itiquira está integrado através da sub-
bacia do rio São Lourenço, e Sonora, da sub-bacia do rio Correntes.
O programa, voltado
essencialmente para a
proteção do Pantanal
Mato-Grossense, tem por
objetivo “a promoção da
melhoria da qualidade e
disponibilidade de águas
subterrâneas e de
superfície a partir da
implementação de uma
política de gestão de
recursos hídricos na Bacia
do Alto Paraguai. Entre
outras ações, as prioridades deste projeto incluem o
desenvolvimento de modelos de gestão dos recursos hídricos com
Prefeitura Sonora
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
45PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
a finalidade de implementar a outorga, o monitoramento, o sistema
estadual de informação, o ordenamento da gestão e a fiscalização”.
As Prefeituras Municipais de Itiquira e Sonora, em parceria com os
Governos Federal e Estaduais e entidades privadas, desenvolvem
uma série de programas,
principalmente voltados
para o atendimento às
populações mais carentes,
à infância e à terceira idade
e à educação.
A Prefeitura de Itiquira está,
ainda, implantando o
Projeto Complexo de
Turismo Beira-Rio, às
margens do rio Itiquira.
CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DAÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA
O local de implantação da PCH Santa Gabriela é constituído por
grandes fazendas que desenvolvem atividades agropecuárias,
principalmente criação de gado. Nestas fazendas também é
encontrada a cultura da soja, mas esta é praticada em áreas mais
altas, estando distante da área de implantação do empreendimento.
A maioria das propriedades rurais que serão afetadas pelo
empreendimento possui grandes extensões de terras com uso
diversificado. Além da cultura de soja, desenvolvida nas partes
mais elevadas, são cultivadas ainda pequenas culturas de milho,
sorgo e milheto, cujos produtos são utilizados na propriedade como
ração na complementação alimentar das criações e também como
adubo verde. Quanto à pecuária desenvolvida na região, predomina
o rebanho bovino da raça Nelore criado no sistema de cria e recria.
Dado o pequeno volume do reservatório a ser formado, as terras
atingidas pelo empreendimento representam parcelas ínfimas das
propriedades afetadas, ocupadas basicamente com pastagens,
Prefeitura Itiquira
A REGIÃO DO EMPREENDIMENTO
46PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
sendo que as principais áreas que serão atingidas pelo reservatório
já foram adquiridas pelo empreendedor.
O quadro a seguir apresenta a relação das propriedades cujas
terras serão afetadas com a implantação do empreendimento.
Depreende-se que, do ponto de vista socioeconômico, a Área de
Influência Direta não apresenta maior relevância e não sofrerá
impacto significativo.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
47PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
IMPACTOS AMBIENTAISE MEDIDASMITIGADORASA análise dos impactos ambientais que possam ser gerados pelo
empreendimento foi efetuada por meio da formulação de
prognósticos para os Cenários Tendencial (considerando a hipótese
de não implantação do empreendimento) e de Sucessão
(considerando a implantação e operação da PCH Santa Gabriela).
QUAIS AS AÇÕES RELACIONADAS À PCHSANTA GABRIELA QUE PODEM CAUSARIMPACTOS AMBIENTAIS
NA HIPÓTESE DE NÃO-REALIZAÇÃO DOEMPREENDIMENTO
Desperdício do Potencial Hidroenergético
Estudos desenvolvidos pelo Setor Elétrico identificaram que, para
o Sistema Brasileiro Interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste, existe
um potencial da ordem de 39GW, já inventariados a ser utilizado,
no qual a PCH Santa Gabriela se insere. Deste modo, este processo
indutor está vinculado ao não aproveitamento deste potencial.
Demanda por Energia Elétrica
Os estudos elaborados pelo Grupo Coordenador do Planejamento
dos Sistemas Elétricos, para definição das diretrizes do Setor Elétrico
Brasileiro, expostas nos Planos Decenais de Expansão, indicam
que, de 1998 a 2008, o consumo de energia elétrica deverá
aumentar de 305.500 gigawatts por hora (GWh) para 499.300GWh,
sendo necessário aumentar o parque gerador nacional de 61.300
megawatts (MW) para 104.600MW de capacidade instalada, o que
significa uma ampliação de 70,6%.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
48PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Uso do Solo para Agricultura e Pecuária
A demanda de novas áreas e o aumento da produtividade agrícola
de soja na região, muitas vezes sem a implementação de manejo
de solo adequado, está contribuindo para o assoreamento dos
cursos d’água na bacia do rio Correntes. Soma-se a essas
demandas, as queimadas que ocorrem para a limpeza de pastos,
deixando o solo exposto. O pisoteio do gado nas pastagens com
solo arenoso contribui com a exposição do solo e facilita a formação
de processos erosivos.
Supressão de Cobertura Vegetal
Esse processo está vinculado à expansão das fronteiras agrícolas
na região Centro-Oeste que comprometeu, quase totalmente, as
diversas formações do Cerrado, em função da implantação de novos
pastos e culturas, deixando apenas remanescentes em forma de
pequenas manchas, e fragmentos formados por vegetação em
diferentes estádios de regeneração ecológica.
COM O PLANEJAMENTO, IMPLANTAÇÃO EOPERAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
Planejamento da Obra
Na etapa de planejamento do empreendimento, a divulgação do
projeto e os trabalhos de campo realizados pelas equipes geram
muitas expectativas na população residente na área de influência.
Nesta fase, as expectativas podem ser favoráveis ou contrárias ao
empreendimento. Os fatores que influenciam nas expectativas da
população são, em princípio, o grau de conhecimento do
empreendimento e a percepção de interferência no espaço privado
e coletivo local.
Mobilização de Equipamentos e Mão-de-Obra
Essa Intervenção envolve o deslocamento para as frentes de obras
dos equipamentos necessários aos serviços (tratores,
motoniveladoras, caminhões, etc.), bem como o recrutamento de
pessoal especializado e não-especializado necessário para a
implantação do empreendimento.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
49PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Instalação de Canteiro de Obras
Consiste na instalação de toda a infra-estrutura vinculada aos
canteiros de obra, para apoio à implantação do empreendimento,
a ser executada de acordo com os padrões usuais da empreiteira
contratada para os serviços, atendendo, porém, às exigências
constantes das especificações técnicas do empreendedor, no que
diz respeito a instalações e interferências com as áreas e
comunidades adjacentes.
Pressão sobre os Serviços Básicos
Com a implantação do canteiro de obras e início das mesmas,poderá ocorrer uma pressão sobre os serviços básicosoferecidos por Sonora e Itiquira, quer seja na área de saúde,educação ou segurança
Melhoria e Abertura de Acessos
Essa Intervenção relaciona-se às atividades de melhoria e abertura
de acessos que são necessárias para viabilizar o ingresso à área
de intervenção, envolvendo a supressão de vegetação e a alteração
da rede natural de drenagem das áreas atravessadas.
Desvio do Rio
Para a construção da barragem, será necessário o desvio do rio de
sua calha natural, com cerca de 200m, o que será feito através de
uma estrutura de desvio composta de três adufas na margem
esquerda.
Construção da Barragem
Essa intervenção refere-se à construção, propriamente dita, da
barragem no rio Correntes.
Construção do Canal
As estruturas do Circuito Hidráulico de Geração compreendem
Tomada d’Água do Canal de Adução, Canal de Adução, Tomada
d’Água dos Condutos Forçados/Câmara de Carga, Condutos
Forçados, Casa de Força e Canal de Fuga.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
50PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Limpeza da Área do Reservatório
Em uma etapa anterior ao enchimento do reservatório, será
procedida a limpeza da área (remoção da vegetação) de modo a
que decomposição da vegetação submersa, por ocasião do
enchimento não venha comprometer a qualidade da água.
Fechamento / Enchimento do Reservatório
O reservatório da PCH Santa Gabriela possui volume reduzido;
sendo assim, seu enchimento será rápido.
Durante o enchimento do reservatório, será liberada para jusante,
através do Descarregador de Fundo, uma vazão de 24,7m³/s.
Operação da Central Hidrelétrica
Essa Intervenção está relacionada à operação, propriamente dita,
da PCH Santa Gabriela, com a geração de 24MW a partir do
aproveitamento da queda do rio Correntes, envolvendo:
• a geração de postos de serviço, na medida em que a operação
da central demandará a contratação de no mínimo 11 pessoas
permanentes.
• a alteração da vazão a jusante do reservatório, prevendo-se a
manutenção de uma vazão remanescente suficiente para
garantir os usos da água identificados, atuais e futuros; os
ecossistemas aquáticos; e a qualidade da água no trecho.
• a redução da seção do rio, conseqüência da redução da vazão
do corpo hídrico, durante a operação da PCH Santa Gabriela.
• a possibilidade de formação de pequenas poças d’água, entre a
barragem e a Casa de Força.
• a formação de alguns poucos locais com maior tempo de
residência (intervalo de tempo em que uma determinada massa
de água permanece no reservatório desde a sua entrada até a
sua saída), período pouco maior que 3hs. Além da
transformação de um trecho do rio Correntes em reservatório,
a PCH Santa Gabriela poderá provocar alguma redução das
velocidades no trecho de remanso (chegada do rio ao
reservatório).
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
51PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
IMPACTOS AMBIENTAIS DOEMPREENDIMENTO
IMP 01 – DÉFICIT NO SISTEMAINTERLIGADO
Este impacto foi considerado levando em conta a hipótese de não
implantação do empreendimento, tendo em vista que há uma
previsão de déficit feita para o Sistema Interligado Nacional a partir
de 2007.
IMP 02 – REDUÇÃO DA ABUNDÂNCIA EDIVERSIDADE DA FAUNA
Apesar da pequena diversidade faunística presente nas estreitas
faixas de fragmentos e/ou remanescentes florestais marginais ao
rio Correntes, deve-se salientar a sua importância como corredores
de ligação entre si e entre outros isolados e como fornecedores de
recursos alimentares.
Com a não implantação do empreendimento deve-se esperar a
continuidade do processo de desmatamento realizado
desordenadamente para a utilização do solo para a agricultura e
para a pecuária, com reflexos imediatos na sobrevivência da fauna.
Considerando a implantação da PCH, na fase de construção, os
ruídos causados pela operação das máquinas e equipamentos
poderão provocar estresse temporário para a fauna localizada
especificamente na vegetação ciliar localizada logo a jusante da
cachoeira.
Além disso, haverá supressão da cobertura vegetal (10,72ha) no
local destinado ao futuro reservatório, embora de forma muito pouco
significativa, uma vez que a área total de inundação é reduzida
(41,4ha) e já bastante degradada.
Esses processos acabam por promover, mesmo que de forma
reduzida, a diminuição da abundância e da diversidade da fauna
local.
Por outro lado, não é esperada uma redução da abundância e da
diversidade da ictiofauna significante, uma vez que as barreiras já
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
52PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
existentes a jusante do local de inserção da PCH Santa Gabriela
(cachoeira Grande e “Sumidouro” do rio Correntes) e futura (UHE
Ponte de Pedra em andamento) exercem um efeito direto no
processo de diminuição da diversidade e riqueza da comunidade
na porção média e superior da bacia do rio Correntes.
Medidas Ambientais Propostas• Desenvolver estudos que resultem em melhor e mais detalhado
conhecimento da ictiofauna da bacia do rio Correntes e das
áreas afetadas pelo estabelecimento do empreendimento;
• Implantar ações visando a conservação do rio Correntes e de
áreas marginais a montante e a jusante da barragem, incluindo
seus principais tributários. Conforme estabelecido nos
Programas de Conservação e Monitoramento da Ictiofauna e
de Compensação Ambiental;
• Controlar as atividades construtivas, visando uma mobilização
mínima de equipamentos e serviços na área do canteiro de
obras;
• Desenvolver um programa de educação ambiental para o pessoal
envolvido nas obras;
• Tratar os efluentes gerados, seguindo as normas determinadas
no Plano Ambiental para Construção (PAC);
• Recuperar áreas eventualmente degradadas ou alteradas durante
o processo de implantação do empreendimento, de modo a
recompor um cenário com características o mais próximo
daquelas originais;
• Utilizar processos construtivos que reduzam a necessidade de
supressão de vegetação florestal;
• Procurar manter os corredores naturais de vegetação com o
intuito de diminuir os efeitos da fragmentação sobre esses
ambientes;
• Acompanhar a supressão da cobertura vegetal, utilizando um
especialista na área de fauna, para efetuar o controle de
eventuais acidentes envolvendo espécies ameaçadas ou de
relevância para a conservação;
• Relocar ninhos, antes da derrubada das árvores.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
53PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
IMP 03 – REDUÇÃO DA ABUNDÂNCIA EDIVERSIDADE DA FLORA
Os constantes desmatamentos para estabelecimento de novas áreas
agrícolas e o uso constante da prática de queimadas, para a limpeza
de pastagens, comprometem as poucas manchas de vegetação de
cerrado existentes na região. Concentrado, sobretudo, nas áreas
em que as condições do terreno permitem boa circulação e
favorecem o uso de mecanização, esse avanço coloca em risco,
também, as áreas de pastagens onde a ausência de manejo deu
início à regeneração natural de algumas espécies que, após ação
do fogo, rebrotam e tendem a invadir esses ambientes.
Apesar de reduzidas e com baixa diversidade florística, devido ao
uso agopecuário, as áreas de vegetação existentes possuem
importância como corredores de ligação com outros fragmentos
isolados e como fornecedoras de recursos alimentares à fauna,
podendo, muitas vezes, ser consideradas como os únicos locais de
abrigo para certas espécies locais.
Haverá supressão, de cerca de 10,7 ha de área florestada, em
pequenas porções isoladass nas margens dos cursos d’água – rio
Correntes e tributários, bem como em alguns trechos de cerradão
para abertura de acessos e estruturas.
Medidas Ambientais Propostas• Nas áreas do empreendimento, que não serão atingidas pelo
reservatório, realizar o desmatamento somente onde for
estritamente necessário;
• Coleta de sementes e mudas anteriormente e posteriormente à
retirada das árvores, assegurando o patrimônio genético de
espécies de potencial valor ecológico e econômico;
• Realizar co-gestão com órgãos de pesquisa para aproveitamento
e armazenagem de germoplasma;
• Identificar as áreas prioritárias para proteção e/ou
reflorestamento. A princípio, propõe-se reflorestamento das
margens do reservatório e as áreas sujeitas a deslizamentos,
bem como aquelas em que processos erosivos intensos estejam
instalados, impedindo a recuperação natural da vegetação;
• Elaborar um plano de implantação e manutenção do
reflorestamento nas áreas escolhidas, utilizando um Programa
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
54PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
de Conservação da Flora, que contemple a revegetação da
faixa marginal do reservatório, a recuperação de áreas degradas
e o enriquecimento de áreas prioritárias, com a utilização de
espécies originárias da região;
• Estabelecer estratégias que estimulem proprietários lindeiros a
participar de um esforço conjunto para recuperação das áreas
degradadas no entorno do lago.
IMP 04 – INDUÇÃO A PROCESSOSEROSIVOS
A supressão da cobertura vegetal pode induzir, entre outros
impactos, a processos erosivos durante a fase de implantação. A
falta de manejo adequado dos recursos naturais, sobretudo em
relação aos solos, favorece o escoamento superficial das águas
durante as épocas de chuvas intensas, produzindo erosão laminar.
Secundariamente, ocorre o escoamento superficial concentrado,
conduzindo à formação de sulcos que podem evoluir para a
formação de ravinas e até mesmo voçorocas.
A supressão da vegetação para melhoria e abertura de acessos,
bem como a construção do canal de adução no período da
construção do aproveitamento, deixará temporariamente o solo
exposto e, sem a proteção dessa cobertura.
Esse impacto tem uma natureza pontual, não provocando alterações
significativas, que possam comprometer de forma marcante a
qualidade ambiental, desde que se implementem medidas corretivas
adequadas.
Medidas Ambientais Propostas• Identificar e definir as áreas críticas que possam sofrer alterações
nas condições naturais dos solos, definindo-se, então, medidas
preventivas e/ou corretivas.
• Evitar a execução de cortes com inclinação acentuada.
• Implantação de um sistema de drenagem superficial e profunda,
incluindo a construção de canaletas, caixas de dissipação e
bacias de retenção.
• Regularização dos taludes criados, com implementação de
proteção vegetal.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
55PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
• Recuperação das áreas utilizadas como canteiros de obras,
empréstimos, bota –fora, propiciando a recomposição da
paisagem.
• Implantação de sistema de drenagem nos canteiros e alojamento
e demais estruturas da obra.
• Elaborar um Programa de Recuperação de Áreas Degradadas,
incluindo o acompanhamento das novas situações de equilíbrio
das encostas e verificação da eficácia das medidas adotadas.
IMP 05 – RISCO DE ATRITO COM ACOMUNIDADE
A divulgação do empreendimento poderá criar expectativas positivas
e negativas nos agentes sociais e econômicos direta ou
indiretamente afetados. Essas expectativas contrárias, que podem
acarretar atritos com os proprietários e a comunidade, estão
relacionadas aos receios quanto à perda de área, benfeitorias e a
chegada de pessoas estranhas a região.
Na fase de planejamento, a falta de informações técnicas a respeito
do empreendimento figura como o principal fator de risco de atrito
com a comunidade, devido ao grau de expectativa da população
quanto às adversidades ou benefícios que a PCH poderá trazer.
Na fase de implantação, os riscos de atrito com a comunidade
estarão relacionados principalmente ao tratamento que será dado
aos proprietários por parte do empreendedor, no que se refere aos
valores das indenizações para as perdas de área e benfeitorias.
A chegada de pessoas estranhas a região poderá também gerar
algum desconforto à população, principalmente se os trabalhadores
vindos de outras regiões tiverem hábitos sociais distintos da
população residente. Estes trabalhadores, por certo, se deslocarão
para as áreas urbanas em seus períodos de folga.
Durante a etapa de operação, este impacto estará vinculado às
modificações do uso do corpo hídrico a jusante da barragem, isto
é, no trecho com redução da vazão do rio, entre a barragem e a
casa de força.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
56PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Medidas Ambientais Propostas• Implementar o Programa de Comunicação Social, objetivando
a criação de canais de comunicação entre o empreendedor e a
população, entidades representativas e mesmo com setores
do Poder Público local, de modo que todas as ações previstas
nas diferentes etapas de implantação do empreendimento sejam
transparentes e de pleno conhecimento da população;
• Desenvolver um Programa de Avaliação, Negociação e Aquisição,
baseado em critérios justos e transparentes e que contemple
as especificidades das propriedades atingidas, sempre que
possível.
IMP 06 – AUMENTO DO VALOR DA TERRA
Esse impacto também está vinculado à possibilidade de o
empreendimento vir a valorizar a região através da ampliação da
oferta de energia elétrica, atraindo novos investimentos. Em
conseqüência, haverá um aumento do valor da terra na área
indiretamente afetada.
IMP 07 – AQUECIMENTO DOSINVESTIMENTOS E ATIVIDADESECONÔMICAS
A expectativa é que o empreendimento possa provocar um
aquecimento dos investimentos e das atividades econômicas nas
propriedades e em pequenos estabelecimentos comerciais nas
redondezas, principalmente na etapa de implantação.
O aumento da massa salarial poderá ser absorvido pelo comércio
das cidades próximas, principalmente Sonora, podendo provocar
uma dinamização temporária da economia regional, durante a fase
de implantação do empreendimento.
Medidas Ambientais Propostas• Manter os empresários, comerciantes e a população informada
sobre as possibilidades de negócios, necessidades das obras e
prazos, através do Programa de Comunicação Social.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
57PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
IMP 08 – AUMENTO DA MASSA SALARIAL
A construção do empreendimento poderá contribuir para aumentar,
mesmo que por um curto período (24 meses), a massa salarial na
região, proporcionando uma melhora no poder de compra dos
trabalhadores da região.
Para a execução das obras, serão alocados cerca de 210
trabalhadores, entre mão-de-obra direta e indireta, durante os
meses de pico da obra. Os empregos diretos representados pelos
cargos de maior qualificação serão preenchidos por funcionários
pertencentes ao quadro permanente da empreiteira tais como
engenheiros, técnico de segurança do trabalho, técnico de
edificações, topógrafos, mestres de obra, encarregados e pessoal
da administração. Os demais trabalhadores tais como pedreiros,
carpinteiros, serventes e trabalhadores braçais, dentre outros,
poderão ser recrutados na região.
Medidas Ambientais Propostas• Solicitar apoio das prefeituras dos municípios que integram a
Área de Influência Indireta do empreendimento, para cadastrar
a mão-de-obra local disponível;
• Priorizar a contratação da mão-de-obra local;
• Promover esclarecimentos quanto ao perfil e à qualificação da
mão-de-obra que será contratada, assim como também a
quantidade necessária de profissionais necessários para o
desempenho das atividades.
IMP 09 – INCREMENTO DA ARRECADAÇÃOTRIBUTÁRIA
Com o aumento da massa salarial e o surgimento de novas
oportunidades de negócios, aumentarão, conseqüentemente, a
circulação de mercadorias e a prestação de serviços, principalmente
nos municípios que servirão de apoio às obras. Esse crescimento
significará a elevação das arrecadações municipais, basicamente,
através do recolhimento de ISS e ICMS, na medida em que as
administrações locais sejam capazes de manter um sistema de
fiscalização de arrecadação adequado e eficiente.
A partir do aumento da oferta de energia elétrica, bem como uma
maior confiabilidade no sistema, espera-se, que sejam afastadas
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
58PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
as hipóteses de interrupções no fornecimento de energia e com
isso criar condições de atração de setores agroindustriais para a
região.
Desta forma, propriedades que dependem de energia elétrica para
suas produções e outros empreendimentos produtivos que poderiam
se instalar na região, terão condições para investir no crescimento
de suas atividades.
Medidas Ambientais Propostas• Priorizar a contratação da mão-de-obra local;
• A empreiteira deverá privilegiar, sempre que possível, a aquisição
de materiais e equipamentos necessários a construção do
empreendimento nos municípios afetados;
• A empreiteira deverá privilegiar, sempre que possível, a
contratação de empresas sediadas nos municípios afetados pelo
empreendimento e, resguardadas as condições técnico-
econômicas, contratar empresas sediadas nos estados do Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul.
• Manter os empresários, comerciantes e a população local
informados sobre os benefícios que o empreendimento poderá
contribuir para a região através do Programa de Comunicação
Social.
IMP 10 – AUMENTO DO RISCO DEACIDENTES RODOVIÁRIOS
O aumento do tráfego nas rodovias e vias internas dos municípios,
utilizadas para o transporte de equipamentos, materiais e mão-
de-obra para construção da PCH Santa Gabriela, poderá contribuir
para o aumento dos riscos de acidentes.
Medidas Ambientais Propostas• Planejar antecipadamente o transporte e trajeto nas vias de
acesso às obras, em função do porte dos materiais e
equipamentos pesados e do fluxo de tráfego, de forma a
possibilitar as manobras com o máximo de segurança possível;
• Tomar cuidados para evitar que o tráfego rodoviário que será
acrescido, não afete os usuários normais das vias internas dos
municípios e potencialize os riscos de acidentes. Para tal,
deverão ser implantadas sinalizações adequadas e redutores
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
59PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
de velocidade. Para isso deverão ser estabelecidos contatos
com os órgãos responsáveis pelas vias e com a participação
das comunidades, visando esclarece-las sobre as possíveis
alterações temporárias no tráfego;
• Promover campanhas de esclarecimento, através do Programa
de Comunicação Social, sobre as ações de mobilização da mão-
de-obra e de equipamentos, de forma a minimizar as
perturbações no cotidiano das populações residentes próximas
aos acessos que serão utilizados;
• Promover treinamento específico e rigoroso destinado aos
motoristas que trabalharão na construção do empreendimento.
IMP 11 – COMPROMETIMENTO DAQUALIDADE DA ÁGUA DO CORPO HÍDRICO
Com a construção da PCH Santa Gabriela, acréscimos de sedimentos
nas águas do rio Correntes serão evidenciados durante a fase de
obras. Sobretudo pela movimentação de terra no local, seja pela
construção da barragem, abertura de novos acessos ou áreas de
empréstimos e bota-foras.
Medidas Ambientais Propostas• Implementar Programa de Monitoramento e Qualidade das
Águas.
IMP 12 – INDUÇÃO AO ASSOREAMENTO DECORPOS HÍDRICOS
Na hipótese de não construção do empreendimento, o escoamento
superficial das águas, principalmente durante as épocas de chuvas
intensas, e a conseqüente erosão laminar, podem induzir ao
assoreamento de corpos hídricos. O carreamento de sedimentos,
por vezes de modo concentrado, pode comprometer cursos d’água
como o rio Correntes e seus afluentes.
Com o início das obras, a movimentação de terra carreará parte
dos solos trabalhados para o rio Correntes, podendo induzir a
assoreamentos no próprio rio Correntes e nos cursos d’água a
jusante, além de possibilitar a criação de pequenas ilhas que irão
somar-se as já existentes.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
60PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
A implantação da PCH Santa Gabriela poderá afetar o
comportamento do rio Correntes, devido à redução das velocidades
de escoamento e à conseqüente deposição de sedimentos a
montante do barramento. Além disso, as águas restituídas para
jusante poderiam apresentar um aumento de capacidade de
carreamento de material, provocando erosão no estirão
imediatamente a jusante da barragem.
Medidas Ambientais Propostas• Implementar Programa de Controle e Monitoramento de
Processos Erosivos durante e após o final das obras, com o
objetivo principal de prevenir o assoreamento de corpos hídricos
e abertura de novos pontos de erosão na área do
empreendimento, bem como nos acessos criados para sua
implantação;
IMP 13 – ALTERAÇÃO DA BIOTA AQUÁTICA
A formação de um reservatório no rio Correntes, ainda que com
área reduzida, significará uma alteração das condições originais
do rio, provocando uma mudança ambiental considerável – de um
regime originalmente lótico (ou correntoso) para semi-lêntico, na
área do futuro reservatório.
Uma vez que a dinâmica do sistema será modificada, espera-se
que, naquele ponto, torne-se mais comum à presença de peixes
pertencentes a espécies de hábitos sedentários e, próprias de
ambientes com energia reduzida (litoral).
Medidas Ambientais Propostas• Implementar estudos que resultem em melhor e mais detalhado
conhecimento da ictiofauna da bacia do rio Correntes e no local
onde será estabelecido o empreendimento (realização de
levantamentos ictiofaunísticos e monitoramento). Realização
de ações visando à conservação do rio Correntes naquelas áreas
impactadas, áreas marginais a montante e a jusante da
barragem, e principais tributários;
• Recuperar as áreas eventualmente degradadas ou alteradas
durante o processo de implantação do empreendimento, de
modo a recompor um cenário com características o mais
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
61PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
proximamente associadas àquelas originais. Conforme as
diretrizes do Programa de Recuperação de Áreas Degradas.
IMP 14 – COMPROMETIMENTO DOS USOSDO CORPO HÍDRICO A JUSANTE
Durante o enchimento do reservatório, haverá alguma diminuição
do volume de água a jusante do barramento, podendo restringir
os poucos usos dado ao rio Correntes a jusante deste ponto, por
um curto período de tempo necessário à formação do lago.
Durante a operação da PCH Santa Gabriela haverá uma diminuição
do volume de água, apenas no trecho de vazão reduzida, com
1,4km após o barramento.
Vale ressaltar que os usos do rio Correntes, nesse trecho, são
bastante restritos, praticamente inexistentes em função da sua
conformação em caniôn, não sendo esperadas condições
expressivas de comprometimento dos mesmos.
IMP 15 – PERDA DE INDIVÍDUOS DA FAUNAAQUÁTICA
A realização de atividades de maior porte, tais como a construção
da barragem da PCH Santa Gabriela, ações visando o desvio do rio
Correntes, bem como o estabelecimento do desvio, propriamente
dito (com conseqüente alteração do leito em um trecho de 200m)
poderão resultar na perda de algumas espécies de indivíduos da
ictiofauna.
Medidas Ambientais Propostas• Implementar estudos que resultem em melhor e mais detalhado
conhecimento da ictiofauna local e da bacia do rio Correntes
como um todo.
• Implementar ações visando a conservação do rio Correntes nas
áreas impactadas, áreas marginais a montante e a jusante da
barragem, bem como tributários de maior relevância.
• Monitoramento constante da qualidade da água no reservatório.
Instalação de mecanismos e equipamentos (“barreiras”, tais
como grades) que evitem a entrada de peixes em tubulações.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
62PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
• Implementar Programas de Conservação e Monitoramento da
Ictiofauna e Monitoramento da qualidade de Água.
IMP 16 – PROLIFERAÇÃO DE VETORES
Por ocasião do enchimento do reservatório e posterior entrada em
operação da PCH Santa Gabriela, poderão ser formadas áreas
propícias (remansos) à proliferação de vetores, principalmente,
insetos.
Medidas Ambientais Propostas• Limpar o reservatório até a sua cota de operação, minimizando
dessa forma as possibilidades de eutrofização.
• Controlar a proliferação de macrófitas.
• Evitar a formação de poças no trecho de vazão reduzida, através
e medidas específicas na fase de obras.
• Monitorar a qualidade das águas.
• Divulgar para a população medidas profiláticas das doenças
transmitidas por vetores como, por exemplo, o mosquito
transmissor da dengue.
IMP 17 – CRESCIMENTO DACONFIABILIDADE DO SISTEMA ELÉTRICO
A geração de energia elétrica é, reconhecidamente, um dos grandes
impulsionadores do desenvolvimento econômico, na medida em
que possibilita a dinamização dos processos industriais e comerciais,
proporcionando um aquecimento dos serviços públicos e privados,
contribuindo, assim, para o aumento da oferta de empregos e a
melhoria da qualidade de vida de uma determinada região.
Além desses aspectos, deve-se considerar que, com ou sem o
reaquecimento econômico pelo qual o Brasil possa passar, já se
vivencia uma situação de déficit de energia elétrica em algumas
regiões do País, em face do aumento da demanda e da atual
dificuldade de atendimento ao consumo, o que tem gerado uma
crescente necessidade de implantação de novas fontes de geração.
Neste contexto, a implantação de centrais de energia elétrica
constituem-se em indutores da confiabilidade do sistema interligado,
por proporcionar um aumento de energia disponível, permitindo
que o sistema esteja mais seguro contra falhas e quedas de energia.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
63PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
IMP 18 – AUMENTO DA OFERTA DEENERGIA ELÉTRICA
A PCH Santa Gabriela auxiliará no atendimento à demanda existente
no mercado da Região Centro-Oeste, colaborando assim para
diminuir esse déficit e aumentando, de imediato, as possibilidades
de desenvolvimento regional. A geração de 24MW, a partir do
aproveitamento de parte da queda do rio Correntes, irá reforçar
ainda mais o Sistema Interligado Nacional.
IMP 19 – CRESCIMENTO DE MACRÓFITASAQUÁTICAS
A modificação do regime hídrico para o estabelecimento do regime
semi-lêntico, pode oferecer condições ao desenvolvimento de
macrófitas aquáticas, principalmente em áreas de remanso.
Essas plantas, principalmente as enraizadas emergentes, podem
ser úteis no controle da erosão das margens, como filtradoras de
cargas poluidoras de origem orgânica e no processo reprodutivo
de algumas espécies de peixes. O manejo correto dessa vegetação,
com retiradas contínuas, pode inclusive contribuir para a diminuição
das cargas de nutrientes no reservatório, uma vez que na fase de
crescimento, certas macrófitas aquáticas são capazes de incorporar
grandes taxas de fósforo e nitrogênio.
Medidas Ambientais Propostas• Controlar a proliferação de macrófitas através de retiradas
constantes;
• Realizar um Programa de Monitoramento da Qualidade da Água
e da Biota no rio Correntes e no reservatório, visando identificar
e mitigar possíveis alterações negativas e que inviabilizem os
usos múltiplos da água.
IMP 20 – RISCO DE ALTERAÇÃO /DESTRUIÇÃO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICOE ARQUEOLÓGICO
Na área onde se pretende implantar o empreendimento, as análises
preliminares não identificaram vestígios arqueológicos. No entanto,
os sítios cadastrados nos municípios de Itiquira (6 sítios) e Sonora
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
64PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
(1 sítio), de Tradição Uru e Tupi-Guarani, assim como vestígios de
arte rupestre, especialmente gravuras, que aparecem associados
à ocorrência de cerâmica, demonstram a importância da região e
sua potencialidade em relação ao Patrimônio Histórico e
Arqueológico.
Medidas Ambientais Propostas• Implementar o Programa de Preservação do Patrimônio
Arqueológico, de acordo com as atividades de engenharia, e
que busque evitar a destruição de sítios arqueológicos, caso
existentes, através de soluções alternativas para determinadas
intervenções.
• Realizar prospecção em toda a Área de Influência Direta do
empreendimento, para que os eventuais sítios sejam localizados,
registrados e se planeje o salvamento, dentro de um período
viável, tanto para o estudo arqueológico como para o início das
obras.
• Resgate prévio dos sítios arqueológicos, eventualmente
encontradas pela prospecção e que estejam em áreas de risco,
mediante autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – IPHAN.
IMP 21– PRESSÃO SOBRE OS SERVIÇOSBÁSICOS
Esse impacto está vinculado à presença de cerca de 200
trabalhadores vinculados às obras de construção da PCH Santa
Gabriela. Ainda que as obras estejam localizadas em uma área
distante das cidades de Sonora e Itiquira (cerca de 60km), pode
ser esperado o aumento da pressão sobre os serviços básicos
disponíveis nos referidos núcleos urbanos, em função da presença
desse contingente.
Em relação ao sistema de educação não é esperada pressão
adicional, uma vez que o contingente de trabalhadores que deverá
se deslocar para a área com suas famílias deverá se restringir aos
funcionários de nível superior, que constituem uma pequena parcela
do total de trabalhadores.
No que ser refere à segurança, as conseqüências estarão vinculadas
ao deslocamento dos trabalhadores para os centros urbanos de
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
65PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Sonora ou Itiquira, durante seus períodos de folga. A presença de
pessoas estranhas à comunidade pode levar ao surgimento de
sentimentos de insegurança, implicando em incômodos e
preocupação da população local, além de aumentar as possibilidades
de ocorrência de eventos vinculados à segurança pública.
Medida mitigadora proposta• Implementar todos os requisitos legais normativos de saúde e
segurança no trabalho: Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional – NR-07, do Ministério do Trabalho; Plano de
Atuação em Segurança e Medicina do Trabalho (Serviço
Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMET,
atendendo à NR-4); Programa de Condições e Meio Ambiente
de Trabalho na Indústria de Construção – PCMAT, segundo a
NR-18, e a estruturação de uma Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes – CIPA, segundo a NR-5.
• Manutenção de estruturas de primeiros socorros nos canteiros
de obras e de veículos para remoção e transporte de
acidentados. Deverá ser feita a remoção dos pacientes, em
casos graves, para os centros com maiores recursos
hospitalares, sem que haja sobrecarga na infra-estrutura local.
É necessário, no entanto, que seja realizado um estudo de
alternativas desses centros, para garantir atendimento aos
trabalhadores.
• Dar preferência a contratação de mão-de-obra
local, minimizando o contingente a ser deslocado para a região
do empreendimento.
• Deverão ser realizados exames admissionais e periódicos na
mão-de-obra empregada. Deverão ser realizadas campanhas
de vacinação dos trabalhadores e de esclarecimento acerca de
doenças endêmicas e sexualmente transmissíveis.
• Aplicação do código de conduta com ações de educação em
saúde junto à mão-de-obra e à população local.
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
67PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Mapa de Ambientes Naturais Bio.PCH StaGab 8
PROGRAMAS AMBIENTAIS
68PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
PROGRAMASAMBIENTAIS
A avaliação dos impactos ambientais decorrentes da construção e
da operação da PCH Santa Gabriela indicou a necessidade de
implantação de programas ambientais que, uma vez executados,
deverão possibilitar correções ou melhoria da situação ambiental
de sua Área de Influência.
Tais Programas, delineados como um conjunto de ações de manejo
ambiental, deverão ter a participação do Empreendedor, seja na
função de executor, na de financiador ou de indutor das ações
preconizadas.
Para o acompanhamento da implantação dos programas propostos,
foi estabelecida uma estrutura de Gestão Ambiental que, dentre
suas atribuições, apoiará o Programa de Comunicação Social a ser
desenvolvido em todas as fases da obra, estabelecendo um fluxo
de informações sobre o Empreendimento e a implantação dos outros
programas. A estrutura organizacional proposta para a Gestão
Ambiental é apresentada a seguir.
PROGRAMAS AMBIENTAIS
69PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
PLANO DE GESTÃO E SUPERVISÃO AMBIENTAL
A implantação da PCH Santa Gabriela requer uma estrutura
gerencial que permita garantir que a execução dos planos e
programas ambientais ocorra de forma satisfatória.
O Plano de Gestão Ambiental e Supervisão visa dotar o
empreendimento de mecanismos eficientes que assegurem a
execução e o controle das ações planejadas nos programas
ambientais e a adequada condução das obras, adotando
procedimentos que privilegiem o cuidado com o meio ambiente e
com a população.
O Plano de Gestão e Supervisão Ambiental deverá contar com uma
equipe de profissionais de nível superior capacitados a coordenar
e supervisionar o desenvolvimento dos planos e programas
propostos, propiciando uma adequada integração entre as ações e
os agentes sociais envolvidos em seu processo de implementação.
O Plano de Gestão Ambiental deverá:
• promover a implantação dos programas ambientais;
• estabelecer integração e sinergia entre os programas propostos;
• evitar e/ou minimizar as interferências geradas pelas obras;
• atender aos requisitos legais e às exigências técnicas formuladas
pelo órgão ambiental;
• funcionar como ouvidoria para a população da Área de Influência.
PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
O Programa de Comunicação Social tem como objetivo principal
transmitir informações sobre as mais importantes etapas e ações
do Empreendimento, em todas suas fases, estabelecendo uma
ligação permanente entre o empreendedor e as comunidades
afetadas dos municípios de Itiquira e Sonora, visando reduzir ao
máximo os conflitos e problemas relacionados à implantação da
PCH Santa Gabriela.
Este programa visa:
• construir uma imagem positiva do empreendimento;
• buscar a integração entre empreendedor e sociedade local;
PROGRAMAS AMBIENTAIS
70PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
• informar sobre o contingente de mão-de-obra a ser utilizado,
de modo a reduzir as expectativas que, freqüentemente,
ocorrem quando da instalação de empreendimentos deste tipo;
• criar canais de comunicação direta entre a sociedade e o
empreendedor, com o objetivo de esclarecer a população da
região sobre a ocorrência de possíveis transtornos durante a
instalação do empreendimento;
• implementar um processo de convivência adequada entre a
populalção e o empreendimento.
PLANO AMBIENTAL PARA CONSTRUÇÃO – PAC
O PAC é um instrumento gerencial da maior importância para o
monitoramento de todas as atividades das obras, contendo as
diretrizes e as técnicas básicas recomendadas para serem
empregadas durante a construção da PCH Santa Gabriela, a partir
de uma ótica de proteção ao meio ambiente. O PAC fará,
obrigatoriamente, parte do contrato com as empreiteiras. Dessa
forma, nas atividades construtivas já deverão ser incorporadas as
medidas que possam evitar que ocorram impactos ambientais ou
minimizar seus efeitos.
Além de determinar os aspectos ambientais da construção, o PAC
fornecerá as diretrizes relacionadas à saúde e segurança nas obras,
ao gerenciamento e disposição de resíduos, ao disciplinamento do
afluxo de trabalhadores e aos planos de gerenciamento de riscos e
de ações de emergência
PROGRAMA DE AVALIAÇÃO, NEGOCIAÇÃO EAQUISIÇÃO DE TERRAS
O objetivo geral deste Programa é garantir às famílias proprietárias
afetadas a recomposição patrimonial e socioeconômica em
condições, no mínimo, similares às atuais, especificamente:
• garantir preços justos nas avaliações e indenizações, em
atendimento às leis e normas vigentes no país.
• privilegiar, no processo indenizatório, alternativas compatíveis
com as aspirações e expectativas das famílias dos proprietários
afetados.
PROGRAMAS AMBIENTAIS
71PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
• identificar possíveis impactos que possam decorrer do processo
e estabelecer medidas pertinentes para sua mitigação.
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DAS ÁREASDEGRADADAS
Ao se construírem usinas hidrelétricas, a retirada de material de
empréstimo para as obras de barramento e a criação de áreas de
“bota-fora” acarretam a eliminação da cobertura vegetal, bem como
a descaracterização das camadas dos solos que sustentam a
vegetação, restando, ao término das obras, modificações cênicas
e possibilidade de desequilíbrios na dinâmica hídrica dos ambientes
atingidos.
A utilização de materiais de empréstimos e o uso de áreas de
descarte — tão importantes quanto antagônicos na natureza de
sua exploração — devem ser realizados de forma racional, a fim de
criar condições para recuperar essas áreas, por meio de soluções
que proporcionem contribuições ecológicas e socioculturais às
populações, integrando o Empreendedor à região onde esteja
atuando.
Os principais objetivos deste Programa são:
• controlar os processos erosivos;
• revegetar as áreas degradadas;
• recuperar o aspecto cênico das áreas degradadas;
• colaborar para a conservação, proteção e sustento da fauna.
PROGRAMA DE PROTEÇÃO DO ENTORNO DORESERVATÓRIO
Com o enchimento do reservatório, as condições de equilíbrio natural
das margens sofrerão alterações. Com isso, poderão ocorrer
escorregamentos e deslizamentos de massa nas margens do
reservatório e à jusante, face à redução de vazão.
Essa possibilidade de movimentos de massa e instalação de
processos erosivos, a partir da fase de enchimento e operação do
reservatório, demonstra a necessidade de adotar-se um programa
PROGRAMAS AMBIENTAIS
72PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
que busque soluções ou alternativas para evitar ou minimizar tais
impactos através de ações preventivas ou mesmo corretivas.
Constituem-se como principais objetivos deste Programa:
• realizar estudos detalhados das áreas críticas potenciais no
entorno do reservatório e do trecho do rio Correntes cuja vazão
será reduzida, onde há risco de escorregamento e incrementos
dos processos erosivos a partir do enchimento e operação, com
vistas a incorporá-las à faixa de proteção do reservatório;
• definir medidas e ações específicas para minimização dos riscos
nas áreas identificadas;
• estabelecer um plano de monitoramento com o intuito de realizar
um acompanhamento sistemático da evolução dos processos
erosivos e de escorregamentos das áreas críticas;
• estabilizar as encostas e controlar a erosão.
PROGRAMA DE MONITORAMENTO DAQUALIDADE DA ÁGUA
O Programa de Monitoramento da Qualidade da Água da PCH Santa
Gabriela visa:
• manter a qualidade de água na Área de Influência da PCH Santa
Gabriela — no rio Correntes a montante do futuro reservatório
e a jusante da casa de força, na área do futuro reservatório,
em tributários a montante do reservatório e a jusante da casa
de força, e no trecho de vazão reduzida.
• acompanhar a evolução da qualidade da água durante a fase
anterior às obras, no período das obras e durante a operação
do reservatório.
• auxiliar a controlar e manter em equilíbrio as comunidades
faunísticas e florísticas da Área de Influência da PCH Santa
Gabriela.
• gerar informação técnico-científica sobre a bacia do rio Correntes,
de caráter compensatório.
• fornecer subsídios para avaliação de locais com potencial para
se tornarem uma Unidade de Conservação dentro da região
afetada pela PCH Santa Gabriela, e adjacências.
PROGRAMAS AMBIENTAIS
73PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA E DAFLORA
Este Programa tem por objetivos:
• verificar a ocorrência de fauna nas proximidades das áreas de
instalação do Empreendimento.
• avaliar eventuais interferências do Empreendimento sobre a
fauna, com relação aos seus impactos positivos e negativos,
principalmente relacionadas as espécies ameaçados de extinção.
• contribuir para o conhecimento da ocorrência, distribuição e
comportamento da mastofauna e da avifauna da região, visando,
assim, a um melhor planejamento das atividades de implantação
de empreendimentos semelhantes.
• registrar a ocorrência de exemplares da mastofauna e aspectos
comportamentais, nas proximidades das áreas de instalação
do Empreendimento, incluindo-se as possíveis alterações
comportamentais e eventuais riscos aos indivíduos em período
reprodutivo.
• registrar a ocorrência e aspectos comportamentais de
exemplares da avifauna, com ênfase nas espécies
representativas dos diversos ambientes, espécies vulneráveis
e espécies invasoras.
• desenvolver ações de recuperação de ambientes florestados
com Mata Semidecídua e Mata Ciliar.
O Programa divide-se em dois Subprogramas: a Recuperação
Florestal e o Monitoramento da Fauna.
PROGRAMA DE ESTUDOS E PRESERVAÇÃO DOPATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO
Na área a ser implantada a PCH Santa Gabriela não foi identificada
a presença de patrimônio arqueológico, porém, torna-se necessário
um aprofundamento dos estudos sobre a ocupação histórica e pré-
histórica dessa área, para que se tenha plena certeza.
Este Programa deverá aprofundar os estudos sobre o patrimônio
arqueológico da área destinada à implantação da PCH Santa
PROGRAMAS AMBIENTAIS
74PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Gabriela, incluindo o reservatório e os locais destinados ao canteiro
de obras, às diversas instalações, às áreas de empréstimo, às vias
de acesso e a quaisquer outros espaços utilizados para a construção
do Empreendimento.
Os objetivos específicos deste Programa são:
• levantamento de possíveis sítios arqueológicos na Área de
Influência Direta do Empreendimento e registro sistemático de
sua localização e estado de conservação;
• registro dos locais e costumes de relevância histórica e
paisagística;
• salvamento de possíveis sítios arqueológicos registrados e com
riscos de destruição, seja pelo enchimento do reservatório ou
seja pela execução das obras;
• monitoramento das atividades de engenharia, onde estas
impliquem intervenções no terreno, diante da possibilidade de
achados arqueológicos.
• processamento e ordenação de possíveis dados obtidos sobre a
pré-história e história da área de estudo, com vistas à
transmissão da importância do conhecimento e da preservação
dos bens culturais para o patrimônio cultural e,
conseqüentemente, para a sociedade brasileira.
Este Programa deverá ser desenvolvido, tendo o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN como órgão
fiscalizador.
PROGRAMA DE LIMPEZA DAS ÁREAS DORESERVATÓRIO E CANAL DE ADUÇÃO
Este Programa trata da remoção de possíveis benfeitorias, bem
como da vegetação excedente (troncos, galhos e massa verde),
existentes na área do reservatório, para minimizar o
comprometimento da qualidade das águas, pela presença de
materiais em decomposição.
Os principais objetivos deste Programa são:
• liberar as áreas com vegetação arbórea para as obras relativas
de construção do empreendimento;
PROGRAMAS AMBIENTAIS
75PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
• evitar o excesso de nutrientes decorrentes da decomposição da
vegetação submersa;
• evitar o aparecimento de odores desagradáveis provocados pelo
gás sulfídrico decorrente da decomposição da vegetação
submersa;
• eliminar possíveis focos de contaminação de organismos
patogênicos à saúde humana nos recursos hídricos superficiais;
• colaborar com a beleza cênica do futuro reservatório, evitando
que apareçam galhos de árvores e troncos na superfície do
mesmo.
PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO EMONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA
O objetivo geral deste Projeto é caracterizar a estrutura da
comunidade de peixes do rio Correntes e seus principais afluentes,
na Área de Influência da PCH Santa Gabriela. Essa atividade inclui
a obtenção de informações relevantes sobre a ecologia das espécies
mais freqüentes, em condições normais de vazão do rio, ao longo
do período de construção da barragem e logo após a sua instalação.
Os objetivos específicos são os seguintes:
• acompanhar a comunidade ictiológica da calha central do rio
Correntes, observando a evolução da sua adaptação às
diferentes e novas condições de regime fluvial;
• resgatar os peixes condenados à morte em poças criadas durante
o processo de construção da barragem;
• implementar medidas mitigadoras a partir da identificação de
fatores com potencial impacto negativo sobre a dinâmica da
ictiofauna na região da bacia do baixo rio Correntes, com a
eventual seleção de pontos visando à proposição de Áreas de
Proteção Ambiental;
• fornecer subsídios para gestão de programas em futuros
empreendimentos com características semelhantes às da PCH
Santa Gabriela.
PROGRAMAS AMBIENTAIS
76PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USODO ENTORNO DO RESERVATÓRIO ARTIFICIAL
O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório
Artificial da PCH Santa Gabriela é um instrumento de planejamento
e gestão dos usos da água e das áreas de entorno do reservatório.
Os principais objetivos gerais que regem a elaboração deste plano
são:
• proposição dos usos e ocupação do solo para uma utilização
racional das áreas do entorno do reservatório da PCH Santa
Gabriela, visando à melhoria da qualidade ambiental;
• elaboração de propostas de utilização do reservatório e de suas
áreas de entorno;
• desenvolvimento de uma gestão integrada e participativa dos
recursos hídricos e dos solos da região de entorno do
reservatório da PCH Santa Gabriela.
PROGRAMA DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
Este Programa abrange atividades que visam, basicamente, o
levantamento de áreas potenciais a serem preservadas, levando
em consideração os aspectos relacionados à biodiversidade local e
regional.
Os objetivos principais deste Programa são:
• preservar áreas remanescentes dos ecossistemas regionais de
valor ecológico;
• proteger espécies da fauna e da flora ameaçadas ou em vias de
extinção;
• contribuir para a manutenção da diversidade genética;
• proporcionar novas áreas para o desenvolvimento de atividades
de educação ambiental e pesquisas pela comunidade científica.
Este Programa justifica-se pela importância de se assegurar a
continuidade da diversidade genética, através da preservação dos
remanescentes vegetais e, ainda, atender à exigência expressa na
Resolução CONAMA 02/96 de que sejam investidos recursos
equivalentes a, no mínimo, 0,5% do custo do empreendimento
em áreas de preservação ambiental.
PROGRAMAS AMBIENTAIS
77PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Entre os objetivos deste Programa, estão os seguintes:
• desenvolver ações educativas, estimulando a participação da
população local, principalmente os moradores das áreas
escolhidas para reflorestamento e os proprietários lindeiros,
no processo de recuperação florestal e monitoramento da fauna;
• divulgar informações sobre o ecossistema regional;
• difundir hábitos sustentáveis quanto ao aspecto ambiental, no
que se refere às atividades produtivas;
• realizar parcerias com diferentes entidades ambientalistas e
instituições de ensino que possam estar interessadas.
SÍNTESE DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
78PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
SÍNTESE DA AVALIAÇÃOAMBIENTAL
Observou-se que o rio Correntes se encontra dentro dos padrões
determinados pela Resolução CONAMA 20/86 para águas de classe
2. Ou seja, no geral apresentou valores baixos de nutrientes,
caracterizando a água como oligotrófica, e nenhuma contaminação
por pesticidas na água. As plantações de soja que existem na
região são possíveis fontes poluidoras para o futuro reservatório
de Santa Gabriela. No entanto, não foram encontrados pesticidas
na água do rio Correntes.
O aumento de nutrientes na época de cheia caracteriza essa como
sendo a mais crítica em relação a possíveis “blooms” de algas
tóxicas.
O rio Correntes possui impeditivos naturais, que o seccionam em
diversos ambientes (por exemplo Queda do Trator, Sumidouro e
Grande). Esta característica pode ser comprovada através do
comportamento da ictiofauna ocorrente, por exemplo, onde as
características das comunidades de peixes são diferenciadas a
montante e jusante do Sumidouro.
Além destes impeditivos naturais, a bacia do rio Correntes é
composta por diversos tipos de ambientes como áreas de meandros
alagados, áreas próximas a cultivos/pastagens e cânions, que se
repetem ao longo seu curso.
Acima de suas margens a vegetação existente de cerrado, original
de toda a região, foi quase que totalmente substituída por uma
paisagem artificial, com ênfase na agropecuária extensiva e no
cultivo da soja, restando, ainda, alguns remanescente nativos. Em
suas margens ainda são vistos faixas quase que continuas de
vegetação ciliar, inclusive de porte arbóreo.
Deste modo, tomando por base a bacia do rio Correntes e as
características do empreendimento (operação a fio-d’água), não
SÍNTESE DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
79PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
são esperados impactos que extrapolem o âmbito do futuro
reservatório da PCH Santa Gabriela.
As características do rio Correntes e seus usos deverão determinar
impactos localizados, sem influência expressiva sobre a bacia
hidrográfica, no caso do presente empreendimento.
Atualmente, encontra-se em fase de implantação, cerca de 70km
a jusante do local previsto para implantação da PCH Santa Gabriela,
a UHE Ponte de Pedra sobre a qual o empreendimento em tela não
exercerá alterações.
Ainda que esteja prevista a possibilidade dos impactos se
estenderem por até 7,5km a jusante do barramento, a influência
da PCH Santa Gabriela sobre a usina hidrelétrica de Ponte de Pedra,
bem como eventuais efeitos sinérgicos, pode ser considerada nula,
devido a distância entre os dois empreendimentos. Além disso,
não haverá superposição temporal, uma vez que a UHE Ponte de
Pedra tem o início de sua operação comercial previsto para 01 de
dezembro de 2004, ou seja, antes do início de construção da PCH
Santa Gabriela.
A montante da PCH Santa Gabriela os impactos se encerrarão com
o final do reservatório.
Para efeito dos estudos ambientais, considerou-se, em uma outra
análise, a implantação dos diversos empreendimentos hidrelétricos
previsto para a região, de forma a se obter uma visão sobre a
possibilidade de sinergia e cumulatividade dos impactos advindos
da construção da PCH Santa Gabriela com os demais
empreendimentos.
As análises indicaram a pouca relevância dos impactos cumulativos
e sinérgicos no cenário da bacia. As questões mais relevantes estão
relacionadas com a implantação e operação conjunta dos
empreendimentos, tais como conflitos com outros usos do recurso
hídrico, interferências em corredores de fauna e em rotas
migratórias de ictiofauna. Estas questões se mostraram de baixa
significância para o caso em questão, conforme exposto
anteriormente.
Concluindo, os estudos ambientais realizados mostraram que os
efeitos de sinergia, deste empreendimento com outros existentes
CONCLUSÃO
80PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
ou previstos, são nulos, podendo-se inferir que a implantação da
PCH Santa Gabriela não determina impedimentos à implementação
de outros projetos hidrelétricos na bacia do rio Correntes, sendo,
desta forma, um projeto que apresenta sustentabilidade ambiental
e social, além de ser economicamente viável como demonstrado
no presente estudo.
CONCLUSÃO
81PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
CONCLUSÃO
Os estudos ambientais realizados para a PCH Santa Gabriela
identificaram 21 possíveis impactos ambientais, sendo 6 de caráter
positivo e 15 de caráter negativo. A grande maioria dos impactos
negativos ocorrerá na fase de construção, podendo ser evitados
ou minimizados com a adoção das medidas preconizadas no Plano
Ambiental para a Construção (PAC).
Durante a implementação da PCH Santa Gabriela, esses impactos
estarão presentes, segundo as etapas previstas a seguir:
Planejamento – 1 impacto negativo e 2 impactos positivos;
Implantação – 12 impactos negativos e 2 impactos positivos;
Operação – 6 impactos negativos e 4 impactos positivos.
Tendo em vista as pequenas dimensões do empreendimento e o
elevado grau de degradação observado na área onde será
implantado, em decorrência das atividades pecuaristas e agrícolas,
os impactos potenciais identificados são de pequena significância.
Com a adoção das medidas mitigadoras propostas e a implantação
dos Programas Ambientais indicados nestes estudos, pode-se
concluir que os benefícios do empreendimento serão superiores a
seus impactos negativos, podendo-se inclusive prever que a
situação da área ficará em melhores condições ambientais do que
as previsíveis sem a implantação do empreendimento, ou seja,
com a continuação do processo de abertura de novas áreas para a
produção agropecuária.
De forma conclusiva, as analises discorridas até o momento,
indicaram a pouca relevância dos impactos cumulativos e sinérgicos
no cenário da bacia. As questões mais relevantes estão relacionadas
com a implantação e operação conjunta dos empreendimentos,
tais como conflitos com outros usos do recurso hídrico, interferências
em corredores de fauna e em rotas migratórias de ictiofauna. Estas
questões se mostraram de baixa significância para o caso em
questão, conforme exposto anteriormente.
CONCLUSÃO
82PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
Concluindo, os estudos ambientais realizados mostraram que os
efeitos de sinergia, deste empreendimento com outros existentes
ou previstos, são nulos, podendo-se inferir que a implantação da
PCH Santa Gabriela não determina impedimentos à implementação
de outros projetos hidrelétricos na bacia do rio Correntes.
EQUIPE TÉCNICA
83PCH SANTA GABRIELA • RIMA / nov.2003
EQUIPE TÉCNICA
Nome Profissão Função no EIA
IVAN S. TELLES DE SOUSA Engo Agrônomo Coord. Geral - Meio Físico
PAULO MÁRIO C. DE ARAÚJO Biólogo Coord. Geral - Meio Biótico
MARCO AURÉLIO BRANCATO Engo Florestal Coord. Meio Biótico – Vegetação / Meio Antrópico
FABRÍCIA G. C. MASSONI Bióloga Coord. Adjunta Meio Biótico - Fauna
ANA CRISTINA MARROQUIM Bióloga Coord. Qualidade da Água/Limnologia
LIGIA ZARONI Arqueóloga Estudos Arqueologia
Mª CLARA R. XAVIER Engª de Rec. Hídricos Recursos Hídricos
MARCELO V. C. BRAGA Geólogo Meio Físico/ Recursos Minerais/Sismologia
DARLIN GRATIVOL Engº Agrônomo Meio Físico/Estudos Geológicos eGeomorfologia, Pedologia eAptidão Agrícola das Terras
MARCOS ANDRÉ RAPOSO Biólogo Meio biótico/ Fauna
RICARDO CAMPOS DA PAZ Biólogo Meio biótico / Ictiologia
ANTÔNIO TORRES SILVA Engo Florestal Meio Biótico/Vegetação
SÉRGIO DE M. LIMA TOLIPAN Sociólogo Meio Antrópico (AID)
ADALTON C. DE ARGOLO Economista Meio Antrópico (AII)
EMÍLIO SAIEG FILHO Biólogo Impactos
ANA LÚCIA M. DA SILVA Técnica Digitação
FERNANDO LUIZ REGALLO Técnico Desenho
JORGE BARBOSA DE ARAÚJO Técnico Projetista
MARCOS ANDRÉ DE SOUZA Técnico Desenho
RACHEL PLATENIK Designer Diagramação