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O MODO COMO O MUNDO

Nelson Goodman

1. IntroduoFilsofos algumas vezes confundem as caractersticas do discurso com as

caractersticas do contedo do discurso. Ns dificilmente concluiramos que o mundoconsiste de palavras apenas porque com elas fazemos as descries verdadeiras, mas, svezes, supomos que a estrutura do mundo igual estrutura da descri!o. "sta tend#nciapode c$egar ao ponto do lnguomorfismo, quando conce%emos o mundo como compostode o%&etos at'micos correspondendo a nomes prprios determinados e fatos at'micoscorrespondendo sentenas at'micas. (ma reductio ad absurdum emerge quando umfilsofo ocasional mantm que uma descri!o simples pode ser adequada somente se omundo simples) ou afirma *e eu ten$o ouvido isto ser dito com toda seriedade+ que umadescri!o coerente seria uma distor!o a menos que o mundo fosse coerente. e acordo

com essa lin$a de pensamento, supon$o que antes de descrever o mundo em ingl#sdeveramos decidir se ele est- escrito em ingl#s, e deveramos eaminar muitocuidadosamente como ele soletrado.

/%viamente, o idioma, a pronncia, a tipografia e a ver%osidade de uma descri!on!o refletem nen$uma caracterstica paralela no mundo. 0oer#ncia uma caracterstica dasdescries, n!o do mundo1 a quest!o importante n!o se o mundo coerente, mas se anossa eplica!o dele o . " o que c$amamos de simplicidade do mundo apenas asimplicidade que somos capazes de alcanar ao descrev#2lo.

3as confus!o do tipo que estou falando relativamente transparente no nvel desentenas isoladas, e portanto relativamente menos perigosa que o erro de supor que aestrutura de uma descri!o sistem-tica verdica espel$a rigorosamente a estrutura do

mundo. (ma vez que um sistema ten$a termos ou elementos %-sicos ou primitivos e uma$ierarquia gradual construda a partir deles, facilmente c$egamos a supor que o mundodeve consistir de elementos at'micos correspondentes colocados &untos de modo similar.Nen$uma teoria defendida em anos recentes por filsofos de primeiro time parece maiso%viamente errada do que a teoria pictrica da linguagem. 4pesar disso, ainda encontramosfilsofos perspicazes recorrendo so% press!o uma no!o de qualidades ou partculasa%solutamente simples. " muitos daqueles que evitam pensar o mundo como divisvel demodo nico em elementos a%solutos ainda supem comumente quesignificados resolvemisto de modo nico, e assim aceitam o a%solutismo escondido envolvido na manuten!o dadistin!o entre proposies analticas e sintticas.

0ontudo, neste artigo, n!o estou preocupado com nen$um destes pro%lemas maisespecficos que somente mencionei acima, mas com uma quest!o mais geral. 5en$o

enfatizado os perigos de confundir certas caractersticas do discurso com as caractersticasdo mundo. "ste um tema recorrente para mim, mas n!o mesmo meu principal interesseaqui. / que eu quero discutir um sentimento desconfort-vel que me aparece sempre queadvirto contra a confus!o em quest!o. 6osso ouvir o anti2intelectualista, o mstico 7 meu

85raduzido por 0elso 9. :raida e Noeli 9amme a partir do original ;The way the world is ?or@, 5$e :o%%s23errill 0ompanA, BCDE.

B

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arquiinimigo 7 dizendo algo como isto1 im, isso eatamente o que eu ven$o l$edizendo sempre. 5odas as nossas descries s!o po%res pardias. 0i#ncia, linguagem,filosofia, percep!o 7 nen$uma dessas &amais pode revelar fielmente o mundo como ele .5odas fazem a%straes ou convencionalizaes de um tipo ou de outro, todas filtram omundo atravs da mente, atravs dos conceitos, atravs dos sentidos, atravs da linguagem)e todos estes meios de filtragem de algum modo distorcem o mundo. N!o apenas quecada um fornece uma verdade parcial, mas que cada um introduz uma distor!o prpria.Nunca alcanamos mesmo em parte um retrato realmente fiel do modo como o mundo .