1203275926 Conceito e Objecto Psic Desenv Apresentacao[1]
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Técnico/a de Acção Educativa
Apresentação
. Quem sou?
. De onde venho?
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. O que sonho?
. O que penso?
1. Acompanhamento de Crianças (baby-sitting)
1.1 Psicologia do desenvolvimento da criança
Identificar os factores condicionantes do desenvolvimento infantil e as várias etapas do desenvolvimento infantil.
Desenvolvimento infantil - modelos e etapas
. Conceito e objecto da psicologia do desenvolvimento
. Modelos psicológicos do desenvolvimento:
- Teoria Psicanalítica (Freud)
- Teoria da Maturação (Gesell)
- Teoria do Ciclo de Vida
- Teoria Cognitiva (Piaget, Brunner)
- Teoria Cognitiva-Social (Vigotsky)
. Gravidez/ nascimento / suas condicionantes
. Desenvolvimento intra-uterino
. Desenvolvimento pós-natal
. Desenvolvimento, crescimento e maturação
. Fases do desenvolvimento infantil - Fases, idades e perfis do desenvolvimento dos
0 aos 6 anos
Nesta aula abordaremos o conceito e objecto da psicologia do desenvolvimento e no final vou fazer uma proposta de trabalho sobre o tema debatendo as conclusões a que chegamos.
O que é a Psicologia do Desenvolvimento?
Conceito e Objecto da Psicologia do
Desenvolvimento
“Em cada ano que avança no crescimento (…) há perdas, há lutos a fazer, mas há novos investimentos que são igualmente fonte de prazer e reforço de identidade.
Não sejamos nostálgicos… para não favorecer regressões, mas não sejamos demasiado apressados para que não fiquem lacunas por preencher.”
A psicologia do desenvolvimento automatizou-se nos finais do século XIX, marcada por grandes avanços ao longo do século. Acompanhou a evolução da ciência e das transformações socioeconómicas, bem como das representações sociais do que é ser criança.
Até Rousseau, no século XVIII, a infância não era perspectivada como um período de desenvolvimento diferenciado, com especificidade própria. As crianças eram encaradas como adultos em miniatura, o que se reflecte na literatura e na pintura de várias culturas e épocas.
O historiador Ariès, nos anos 60, afirma que na sociedade medieval não existia um “sentimento de infância”. Considera que não se distinguiam tipos de actividades, divertimentos e até de trabalho entre os mais novos e os adultos.
Foi Charles Darwin que, no século XIX, ao estudar as semelhanças e as diferenças entre o animal e o ser humano, evidenciou o papel da evolução e chamou a atenção para estudos sobre a infância. Não nos podemos esquecer que, comparando o período de crescimento entre o animal e o ser humano, o deste é consideravelmente mais longo, exigindo, por isso, uma reflexão e investigação próprias.
A noção de infância também não é clara, sendo difícil estipular se decorre do nascimento à puberdade, se deve incluir a vida intra-uterina, se a adolescência deve ser abrangida. À medida que se foi valorizando o papel da infância no comportamento adulto, foi crescendo o interesse sobre a evolução e desenvolvimento do ser humano nos primeiros tempos de vida.
A ambiguidade da palavra infância relaciona-se com representações sociais. Associam-se à palavra infância termos como: indefesa, que necessita de protecção, dependente, brincalhona, ingénua, espontânea, verdadeira, carente….
Outro aspecto relevante na história da psicologia do desenvolvimento é o facto de o século XX ser por muitos considerado o século dos direitos humanos, onde são expressos os direitos da criança. Também não será alheia, ao processo de automatização da psicologia do desenvolvimento, a evolução da medicina e da pedagogia.
As transformações na nossa forma de pensar interagem com as transformações na organização social e familiar. Estas mudanças acarretam práticas educativas diferentes, um novo papel e estatuto da criança no interior da família, assim como aumentaram as responsabilidades sociais relativas à infância.
As instituições sociais, como as creches, os jardins de infância, as escolas de diferentes graus de ensino, bem como a ocupação organizada dos tempos livres, têm tido grande influência na divisão e separação etária, bem como nas actividades consideradas adaptadas às diferentes etapas.
Hoje muito se investe e se joga com a criança. É contudo, de relevar as grandes diferenças existentes entre as crianças, relacionadas com factores pessoais, socioculturais, económicos e geográficos. Há muito de comum e de divergente nas crianças de uma sociedade rica e avançada e, por exemplo, de um país em guerra.
O Objecto da psicologia do desenvolvimento é o estudo das várias etapas da vida, do desenvolvimento dos processo psicológicos e biológicos nas relações interactivas da pessoa e do meio.
A psicologia do desenvolvimento tem a sua história. Os métodos e técnicas de investigação aperfeiçoaram-se e o objecto de estudo clarificou-se.
Os psicólogos do desenvolvimento, como Jean Piaget, Henri Wallon e Arnold Gesell, foram estudiosos da infância e da adolescência. Erik Erikson será o primeiro a apresentar uma evolução segundo estádios ao longo de toda a vida; hoje, a noção de desenvolvimento biopsicológico abrange os sujeitos do nascimento até à morte.
Conceito de Desenvolvimento
Percorrendo vários dicionários de psicologia, encontramos, num deles esta definição:
“Desenvolvimento:
1. A progressiva e contínua mudança no organismo desde o nascimento até à morte.
2. Crescimento.
3. Modificações na forma e integração de partes do corpo em órgãos funcionais.
4. Maturação ou aparecimento de padrões fundamentais, não aprendidos, do comportamento.”
Existem várias concepções de desenvolvimento que decorrem de diferentes teorias e correntes: maturacionista, behavioristas, construtivista, psicossocial… entre outras.
Ao longo deste módulo vamos perceber as diferenças entre as várias propostas, mais concretamente analisar as concepções contínuas e descontinuas de desenvolvimento.
Nesta introdução, vamos contrapor uma visão maturacionista a uma visão que dá grande importância aos factores do meio e da aprendizagem, para podermos concluir como é importante a interacção entre factores internos e externos, entre biológico e o social.
A abordagem maturacionista é desenvolvida por Gesell (1880-1961) e a sua equipa da Universidade de Yale, nos EUA, a partir da década de 20. Para estes investigadores, os comportamentos sucedem-se numa ordem sequencial, inalterável, que reflecte um programação interna idêntica ao crescimento.
O desenvolvimento e a maturação são predeterminados geneticamente pois são hereditários. As diferenças entre os indivíduos relacionam-se com as diferenças inatas. O meio e as experiências vivenciadas têm pouca importância.
A esta concepção podemos opor a corrente behaviorista, segundo a qual os factores do meio e da aprendizagem são os que determinam o comportamento.
A corrente construtivista e interaccionista de Piaget e a corrente psicossocial de Erikson valorizam factores maturativos e socioculturais.
Quanto à psicanálise, embora privilegie o potencial inato e maturativo, considera relevante a forma como o sujeito vivência os aspectos relacionais, sobretudo os desenvolvidos na infância.
Outro interaccionista, Henri Wallon (1879-1962), considera que o ser humano é “um ser total e primitivamente orientado para a sociedade”, é um ser biologicamente social. Da sua inata prematuridade ao nascer decorre a absoluta necessidade do “outro” e de um meio propício para sobreviver.
Hoje considera-se infrutífera a defesa da oposição estanque entre o biológico e o social, entre o inato e o adquirido. A dinâmica entre o organismo e o meio é uma realidade – o indivíduo é uma unidade biopsicossocial.
As capacidades internas necessitam de um meio externo estruturante que lhes permita a sua realização. Além disso, é difícil ou impossível adquirir aprendizagens precocemente sem que haja uma capacidade interna para essa aquisição. Assim, serão inúteis os esforços para ensinar um bebe de seis meses a andar ou a falar.
Outra questão que se pode levantar é o problema da existência ou não de períodos críticos, isto é, etapas limitadas de tempo durante as quais o organismo é sensível à estimulação do meio.
Se, como já foi dito, algumas aprendizagens não são possíveis antes de certos estados de maturação, certas aprendizagens também não são possíveis (ou são-no deficientemente) se se ultrapassarem esses períodos. É comum dar-se o exemplo das crianças selvagens que, não tendo sido familiarizadas com a linguagem, já não conseguiram adquirir essa capacidade por terem ultrapassado determinada idade.
O desenvolvimento tem sido perspectivado pelos diferentes autores sublinhado um aspecto privilegiado de evolução. Assim, Piaget estudou o desenvolvimento da criança e do adolescente a partir dos aspectos cognitivos (memória, linguagem, pensamento lógico); Freud privilegiou o desenvolvimento da psicossexualidade; Erikson deu ênfase aos aspectos psicossociais, estudando a construção da identidade.
Uma visão desenvolvimentalista dinâmica e abrangente permite representar o ser humano como sistema aberto em que interagem os seus diferentes aspectos – biológico, fisiológico, cognitivo, motor, emocional, linguístico e sociomoral. O ser humano interage com o seu meio envolvente: o meio natural a família, os amigos, o grupo, de vizinhança, a escola, a comunidade. Esta abordagem integrada opõe-se a uma concepção estática e simplificada do comportamento.
A própria noção de desenvolvimento traz em si a noção de mudança, de transformação, de globalidade.
De notar que só recentemente se estuda o desenvolvimento ao longo da idade adulta e da velhice. Esta nova concepção implicou rejeitar a ideia de que o estado adulto era um patamar estável de maturação.
Na década de 70, surge também a corrente americana de ciclo vital que relaciona o biológico e o social reconhecendo o desenvolvimento como um processo que se desenrola até á morte. Abordam os processos psicológicos de adaptação e de realização que ocorrem em toda a nossa existência: o ser humano muda de forma global e estrutural.
Existem contextos, situações, acontecimentos, acaso que influenciam activamente os percursos da nossa vida: a mudança de terra e de casa, a doença, a morte de uma pessoa, o nascimento de um filho, o divórcio, entre outros. Estas transições – acontecimentos e mudanças – implicam a pessoa globalmente nas respostas que irá dar, nas mudanças internas vivenciadas, quer seja criança, adolescente, adulto ou velho.
Leitura atenta do texto e comentários pertinentes
Abordagem Interdisciplinar
A investigação em psicologia do desenvolvimento enriqueceu-se com os conhecimentos, quer de outros ramos da psicologia, quer de outras áreas científicas.
Assim, a biologia genética, ao estudar como se transmite o património hereditário de pais para filhos, traz conhecimentos de elevado valor para a psicologia do desenvolvimento.
Os estudos etológicos sobre os comportamentos animais contribuíram para a compreensão da infância humana.
Os estudos históricos permitiram conhecer e compreender, por exemplo, que o conceito de infância, que nos parece ter sempre existido, tem apenas trezentos anos.
A antropologia permitiu confrontar características de desenvolvimento entre diferentes culturas, como por exemplo, as da adolescência.
Proposta de trabalho
Compara estas duas representações de crianças e relaciona-as com os diferentes conceitos que reflectem.
fotografia 1:
• Aspecto lúdico,• indefesa, • que necessita de protecção, • dependente, • brincalhona, • ingénua, • espontânea, • verdadeira, • Carente.
fotografia 2:
• Responsabilidade,
• Criança encarada com um adulto em “miniatura”, (a arma)
• Como são vestidos, á imagem do adulto,
• Não é apresentado o aspecto lúdico,
• Defesa e protecção da própria,
• Independente.
Bibliografia
- Paiva Campos, B. (1990). Psicologia do Desenvolvimento e Educação de Jovens. Lisboa: Universidade Aberta.
- Rappaport, C. et al (1982). Psicologia do Desenvolvimento. 4 Vols. S. Paulo: E.P.U.