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ESQUI E TUTUGA EM:
O BAÚ DO L.E.S.M.A. E A INVASÃO PIRATA
Por Evandro SRocha
(Rio de Janeiro)
(2015)
PERSONAGENS:
ESQUI – Esquilinha melhor amiga de Tutuga
TUTUGA – Tartaruguinha melhor amiga de Esqui
TUTUGO – Irmão de Tutuga
RAPINHA – Raposinha amigo de Tutuga e Esqui
SRº PREGUI – Preguiça Guardião da Aldeia
SRº LUME – Vagalume Iluminador da Floresta
CACACO – Macaco Pirata
RATATO – Rato Pirata de Cacaco
GATATO – Gato Pirata de Cacaco
SRº MACO – Macaco Irmão de Cacaco
ESOPO – Mestre Criador das Aldeias
ÉPOCA: QUALQUER; LOCAL DA AVENTURA: ALDEIA DE ESOPO
As cortinas se abrem e um cenário imitando uma pequena floresta se apresenta. Diante de um
baú. O baú que antes guardava o grande L.E.S.M.A., duas criaturas discutem. São Esqui e
Tutuga. Começa mais uma aventura desastrosa dessas duas fofas.
Entra Palhaço Figurinha.
Olá queridos pequenos, pequenas, grandes e grandões. Eu sou o Palhaço Figurinha e estou
aqui para apresentar mais uma história de nossas queridas, Esqui e Tutuga. As mais fofinhas
criaturas que já vi.
Depois de quase fazer a aldeia inteira onde vivem, perder o benefício que o Mestre Esopo
proporcionou, de falar, andar, comer e agir como se humanos fossem. E ainda, passar para o
mundo paralelo das criaturas perdidas e encontrarem o irmão perdido de Tutuga, elas agora
vão entrar em novas encrencas e vão embarcar numa nova aventura na Aldeia do Mestre
Esopo e no mundo do baú do L.E.S.M.A. arg!
Calma, calma, não precisam ter nojo. O L.E.S.M.A. nada mais é que o grande livro que o
Mestre Esopo criou para que nossas amiguinhas e muitos outros animais da floresta vivam em
uma comunidade quase humana. O L.E.S.M.A. – Livro Encantado Sagrado Mágico e Antigo,
desta vez está a salvo, mas nossas amiguinhas...
Ah, mas eu já falei demais, vamos à história.
Sejam bem vindos a ESQUI E TUTUGA EM: O BAÚ DO L.E.S.M.A. E A INVASÃO
PIRATA.
Sai o Palhaço Figurinha. A luz apaga e, quando acende, nossas amiguinhas estão diante do
baú do L.E.S.M.A.
TUTUGA – (de costas para Esqui) Nem adianta tentar. Eu não caio mais nas suas, Esqui. Nas
duas vezes que você me enganou e fez eu abri esse Baú, nós nos metemos em encrenca.
ESQUI – (cínica) Ei, eu não falei nada. Só estou sentada. E você quer virar pra mim, por
favor.
TUTUGA – Não. Se eu virar você vai vir com mais uma ideia mirabolante. E eu não estou a
fim de ficar de castigo outra vez por sua causa.
ESQUI – Ôpa lá amiga! Por minha causa não. Nunca te obriguei.
TUTUGA – Tudo bem, desculpas. Mas você sempre me enrola. E eu, bobinha, entro.
ESQUI – É porque a gente se adora, né amiga?
TUTUGA – Viu, já está com suas malandragens. Pode parar.
ESQUI – Ih, sua chata. Falei nada. Sempre desconfiada. Você me trata muito mal tá.
TUTUGA – Trato nada. Você é que é uma maluca.
ESQUI – Ah, mas a gente se diverte.
TUTUGA – É, isso eu não posso negar. Que Bauzinho lindo danado pra aprontar com a gente.
As duas caem na gargalhada e começam a lembrar das aventuras que passaram com o Baú e o
L.E.S.M.A. Chegam Tutugo e Rapinha. Eles mudam de assunto e chamam os dois para sentar
juntos.
ESQUI – Ei meninos, aqui. Venham cá. Sentem com a gente.
TUTUGA – Vem maninho. Senta do meu lado.
ESQUI – Ih, que grude!
TUTUGA – (abraça Tutugo) Quer deixar. Nós passamos muito tempo separados. Agora
estamos recuperando o tempo perdido. Né, maninho?
TUTUGO – (Beija Tutuga) Isso mesmo maninha.
ESQUI – (Com asco) Ah, que nojo!
Tutuga e Tutugo se abraçam e se beijam mais ainda para implicar com Esqui. Esqui pula em
cima deles para separa-los, enquanto Rapinha cai na gargalhada.
RAPINHA – Vocês são tudo louco mesmo.
ESQUI – (para Rapinha) E você vai ficar parado ai, seu imprestável. Ajuda-me a separar essas
grudes.
RAPINHA – (debochando) Eu, não. Sou imprestável.
ESQUI – Ah, ficou magoadinho! Deixa de ser besta. Ajuda-me.
Rapinha cai também em cima dos dois para ajudar Esqui a separá-los. A algazarra só
aumenta. De repente, um som sai do Baú do L.E.S.M.A. e chama a atenção de todos. A tampa
se abre e a luz linda se apresenta. Sai o Mestre Esopo com cara de poucos amigos. Olha para
todos e muda a fisionomia. Sorrindo, se dirige às criaturinhas.
MESTRE ESOPO – O que é que vocês estão fazendo aqui, hein?
TODOS – (espantados) Mestre Esopo!
MESTRE ESOPO – (Pilhéria) Não, Princesa Leia. Lery go!
ESQUI – (baixinho) Ôpa, pensei que fosse a Pepa Pig!
TUTUGA – (dando uma cotovelada em Esqui) Esqui!
ESQUI – Ai, tá louca?
MESTRE ESOPO – (fingindo bravo) O que é que você disse pequena Esqui?
ESQUI – (cínica) Eu?
MESTRE ESOPO – Tem outra Esqui aqui?
ESQUI – Aonde? Aqui?
SRº ESOPO – Não se faça de inocente. Eu ouvi muito bem.
ESQUI – Falei nada não, foi a Tutuga.
TUTUGA – (chateada) Ei, assume suas malcriações!
ESQUI – (no ouvido de Tutuga) Me ajuda amiga, senão esse velho vai me castigar com a
perda da ...
Mestre Esopo, de pura pilhéria, tira a voz de Esqui que fica brava, senta no chão de braços
cruzados, olhando sôfrega par ao Mestre Esopo, como que pedindo desculpas. Todos caem na
gargalhada zoando Esqui, inclusive o Mestre Esopo que devolve a voz a Esqui.
ESQUI – Satisfeito? Pronto já se divertiu?
MESTRE ESOPO – (rindo) Não acho que vou tirar só mais um pouquinho.
(Tira a voz de Esqui outra vez, mas devolve logo em seguida)
ESQUI – hahaha, muito engraçado.
(Esqui parte para cima dos amigos, que correm em volta do Mestre Esopo numa tremenda
algazarra. Até que Mestre Esopo interrompe).
MESTRE ESOPO – Parem, parem. Está bom. Agora preciso falar sério com vocês. Sentem-se
todos.
(Todos sentam e fixam o olhar curioso no Mestre).
ESQUI – Ih, quer falar sério? Aviso logo que se for alguma coisa ruim, não fui eu. Deve ter
sido a Tutuga ou os meninos.
TUTUGA – A sempre Esqui que põe a culpa em todo mundo, né Esqui?
ESQUI – Eu sou uma anjinha tá amiga!
TUTUGA – (debochando) Sei, sei... Claro que é!
(Mestre Esopo olha com tédio para as duas que discutem. Com um estalar de dedos tira a voz
de Esqui e Tutuga, causando risadas em Tutugo e Rapinha, que também têm a voz retirada).
MESTRE ESOSPO – Bom, parece que só assim consigo falar e vocês me ouvirem seus
traquinas. O caso é o seguinte. Quando todos retornaram do mundo obscuro, deixaram a porta
do baú aberta.
(Esqui aponta para os três como se os culpando por terem deixado a porta do baú aberta. Os
três pulam em cima de Esqui. Fazendo o Mestre Esopo ser mais enérgico).
MESTRE ESOPO – (com voz firme) Eu já disse para vocês pararem e prestar atenção no que
tenho pra dizer. Eu estou com o L.E.S.M.A. e caso não consiga a atenção de vocês, vou
arrancar suas devidas páginas e entregar vocês ao mundo animal novamente. Agora, vou
devolver a voz de vocês e quero que fiquem quietos. Entendeu senhora Esqui!
(Todos se assustam e tremem de medo. Esqui baixa a cabeça aceitando a bronca e os demais
ficam com carinhas de arrependidos. O Mestre Esopo continua sua explanação).
MESTRE ESOPO – Muito bem. Como eu ia dizendo, antes de ser interrompido, Quando
todos voltaram deixaram a porta do baú averta. Não interessa, neste momento, quem deixou
aberto, mas o que importa é o que ocorreu depois.
TUTUGA – É muito grave Mestre?
ESQUI – Fica quieta Tutuga, deixa o Mestre falar. Ele parece muito preocupado.
RAPINHA – Continue Mestre Esopo.
TUTUGO – Isso, Mestre. Continue.
MESTRE ESOSPO – Sim. Mas não me interrompam mais. Eu estou velho e esqueço
facilmente meu raciocínio.
(Esqui dá uma risadinha, mas logo se desculpa e baixa a cabeça).
ESQUI – Desculpa Mestre. Foi mais forte que eu. Não vai acontecer de novo.
MESTRE ESOPO – (Impaciente) E como ia dizendo, mais uma vez. Eu estava passando para
vistoriar o Baú do L.E.S.M.A. quando percebi a porta aberta. Ao me aproximar, vi espalhado
pelo chão, vário pedaços de madeira. E algumas lascas no fundo do baú. Resolvi verificar do
que se tratava e fui ao mundo obscuro. Daí o meu susto e o motivo de minha preocupação. O
pirata Cacaco e seus capangas passaram para este mundo e trouxeram seu navio, em partes.
Então, peço a vocês que não fiquem pela floresta dando sopa. Não sabemos qual o intuito dos
piratas e o que eles podem fazer a vocês. Voltem para a aldeia e fiquem lá, ouviram? Ouviu
bem dona Esqui? Agora vão e me deixem pensar no que vou fazer para impedir os piratas de
cometerem sandices. Agora vão!
ESQUI – Mas, Mestre. Posso perguntar uma coisa?
MESTRE ESOPO – Já perguntou.
ESQUI – Oi?
MESTRE ESOPO – Você me perguntou se podia perguntar uma coisa. Então já fez uma
pergunta.
Os três caem na gargalhada com a graça do Mestre para Esqui.
MESTRE ESOPO – (achando graça) Desculpa menina Esqui, foi mais forte que eu.
ESQUI – (chateada) Muito engraçado mesmo!
MESTRE ESOPO – Tudo bem pode falar. Qual sua dúvida?
ESQUI – Se o L.E.S.M.A. com o senhor, o Mestre não pode simplesmente arrancar as folhas
e transformá-los em animais comuns?
MESTRE ESOPO – Não é tão simples assim, menina Esqui.
ESQUI – Como não?
MESTRE ESOPO – É o seguinte. Quando os malfeitores ou qualquer um comete alguma
falha grave que ponha em risco a aldeia, são mandados para o mundo obscuro para se
redimirem e que possam voltar à aldeia. Com essa “expulsão” as páginas são retiradas e um
encanto é feito para que eles continuem com os benefícios sem precisar estar no L.E.S.M.A.
Assim, podemos dar lugar a outras páginas e outros animais.
RAPINHA – E quando eles passam para cá, continuam com o encanto?
MESTRE ESOPO – Exatamente! Isso é algo que tenho mudar.
TUTUGO – E o que eles fizeram para serem banidos, Mestre Esopo?
MESTRE ESOPO – Quase dizimaram a aldeia.
TUTUGA – Cruzes! Mas como?
MESTRE ESOPO - Inundando. Com a loucura de que eram piratas, construíram um barco e
queriam porque queriam navegar. No L.E.S.M.A. há um mapa que leva ao grande oceano,
mas eu não posso entregar, pois se um de vocês navegarem corre o risco de ser vistos por
humanos, e isso seria muito perigoso para a aldeia e para o L.E.S.M.A. Mesmo com a
proibição, eles desviaram uma fonte de água das montanhas sagradas e essa água toda tomou
o rumo da aldeia. Foi nesta feita que ficou decidido o banimento para o mundo obscuro.
RAPINHA – Mas esse mundo obscuro também não funcionou muito né Mestre?
MESTRE ESOPO – Isso mesmo, pequeno Rapinha. Eu achei que banindo e deixando-os
isolados, seria melhor para eles refletirem no que fizeram e chegariam ao consenso de que
precisavam melhorar para voltar a Aldeia. Mas isso tudo, na verdade, só fazia com que eles
ficassem mais chateados e quisessem vingança. Outra coisa que preciso rever.
ESQUI – Ué, gente grande também erra? Eu achava que só os pequenos faziam bobagens.
MESTRE ESOPO – Não, pequena Esqui. Todos nós, grandes ou pequenos somos passíveis de
cometer erros. Precisamos evitar ao máximo de cometê-los, mas se acontecer, precisamos
corrigir e aprender com esses erros. Assim a humanidade evolui. É através dos erros que
buscamos as melhorias dos acertos. O mais importante isso vale para todos, mas
principalmente par a “anjinha” Esqui, é assumirmos os erros e concertá-los. Mas, agora
voltem para a Aldeia e peçam para o Senhor Maco e o Senhor Pregui virem ao meu encontro.
TODOS – Sim senhor!
(Todos saem e deixam o Mestre Esopo próximo ao Baú do L.E.S.M.A. Em uma moita, sem
que ninguém percebesse, estava escondido o Ratato, que ouviu toda a conversa, inclusive
sobre o mapa que leva ao grande Oceano. Ele sai correndo para avisar ao pirata Cacaco).
RATATO – (esbaforido) Mestre, mestre!
GATATO – (pilhéria) Tá correndo igual a um doido, parece até que viu um gatinho!
CACACO – (rindo da graça de Gatato) Gostei dessa! Parece que viu um Gatinho!
RATATO – Se eu tivesse visto um gatinho não estaria correndo. Não tenho medo de
gatinhos!
(Gatato dá um pulo em direção a Ratato, que recua com medo)
GATATO – (rindo) Deu medinho, foi?
RATATO – Muito, mas muito engraçado mesmo. Gato idiota.
GATATO – Mas respeito seu ratinho de esgoto.
RATATO – Olha a ofensa hein. Futuro churrasquinho de esquina.
(Os dois se engalfinham, rolando no chão, até que o pirata joga um balde de água gelada nos
dois)
CACACO – Parem com isso seus imbecis! Vamos lá seu ratinho de esgoto (rindo), o que é
que foi que deu em você pra chegar assim todo esbaforido?
RATATO – É que eu estava atrás da moita perto do baú, fazendo minhas necessidades
ratológicas. É que eu comi um queijo meio azedo e deu uma diarreia. Daí fui pra moita. Um
troço fedido mestre...
CACACO – (interrompendo) Me poupe desses detalhes e vá direto ao assunto.
GATATO – É, vai direto ao assunto cagão!
(Gatato e Cacaco caem na gargalhada enquanto Ratato olha para eles com cara de poucos
amigos)
RATATO – Já pararam? Estão se divertindo? Tá bom, então não conto mais.
GATATO – Ah, fique chateado não. Vem dar um abraço no seu gatinho amiguinho.
RATATO – Sai pra lá seu gato enxerido.
GATATO – Viu. Depois reclama que não tem carinho.
RATATO – Carinho de gato em rato é mordida. Sai daí!
CACACO – Tá bom. Já chega vocês dois. Vamos Ratato, conte logo o que você quer.
RATATO – Tenho uma notícia muito boa. Eu ouvi uma conversa do Mestre Corcunda e
aquelas pestinhas.
GATATO – Ouviu o quê? Diga!
RATATO – Não estou falando com você idiota! Estou falando com o Capitão.
CACACO – Pois bem, fale logo!
RATATO – Então, como eu ia dizendo. Eu estava fazendo aquilo que vocês já sabem. E ouvi
quando o Mestre Esopo disse que descobriu que nós passamos pelo portal do Baú do
L.E.S.M.A.
CACACO – É mesmo? O que há de incrível nisso? Mas cedo ou mais tarde ele ia descobrir.
GATATO – É seu ridículo, mas cedo ou mais tarde ele ia descobrir.
RATATO – (ignorando Gatato) Mas não é só isso Capitão. Tem outra coisa muito mais
maneira. É uma coisa importante pra caramba pra chuchu à beça!
CACACO – Então diga logo, que estou ficando todo me coçando de curiosidade.
GATATO – Ué mudou o nome capitão?
CACACO – Mudou o nome de quê? Idiota!
GATATO – O que faz coçar é pulga ou piolho não curiosidade. Acho que o senhor tá cheio de
pulgas.
RATATO – Acho que é piolho mesmo Capitão. Chega perto não!
CACACO – Eu não sei onde estava com a cabeça quando aceitei vocês. Mas vou ignorar.
(gritando) Me diz logo o que você ouviu seu rato de esgoto.
RATATO – Oh, olha a ofensa! Magoei. Agora só vou dizer se o senhor me pedir desculpas e
falar que me ama.
CACACO – (furioso) O quê?
RATATO – (pirraça) Isso mesmo. Estou muito magoado para contar o que eu ouvi.
CACACO – Chega! Perdi a paciência. Gatato está autorizado a comer esse animal.
GATATO – Sério chefe!? É pra já!
(Gatato vai pra cima de Ratato que recua e muda de ideia)
RATATO – (trêmulo) – Tá bom, tá bom eu conto. Sabe nem brincar.
CACACO – Autorização suspensa Gatato.
GATATO – Ah, Capitão. Brinca assim não. Fico deprimido. Doido pra devorar esse rato.
RATATO – (dá uma banana pra Gatato) Vai morrer de fome, churrasquinho de esquina.
CACACO – (para Ratato) Não abusa da minha paciência.
RATATO – Oba, que isso chefe. Nem pensar. É o seguinte. O Mestre Esopo disse... Disse...
Adivinha! (Cacaco olha com muita raiva para Ratato, que entende que corre perigo) Calma,
Capitão! Estava só aquecendo. Ele disse que no L.E.S.M.A. existe um mapa que leva ao
grande oceano.
(Neste momento, o Capitão Cacaco fique paralisado por alguns segundos e logo cai
desmaiado. Gatato e Ratato correm para socorrê-lo e o abanam com folhas. Aos poucos ele
vai acordando e fique meio desorientado. Recobra a consciência totalmente e começa a pular
com um louco).
CACACO – Uhu! Eu sabia! Eu Sabia! Existe um grande oceano e eu vou finalmente viajar
pelas águas com meu Rei Caco. Finalmente! Finalmente!
(Os dois começam a pular junto a Cacaco e vão abraçando o Capitão, que quando percebe os
empurra).
CACACO – O que é isso? Que confianças são essas? Não dei autorização para me abraçarem!
RATATO – Desculpe Capitão. Só estávamos comemorando também. Finalmente vamos ser
piratas de verdade.
GATATO – Finalmente vamos navegar pelo infinito!
CACACO – Vamos? Que conversa é essa de vamos. Eu vou! Eu sou o único pirata de
verdade aqui. Eu vou navegar pelo infinito. Vou hastear a bandeira do Rei Caco e vou ao meu
destino. Ser o maior pirata de toda a história. Agora vão. Descubram onde está o L.E.S.M.A. e
tragam para mim. Vão, vão logo!
(Os dois, com os braços cruzados e cara de maus amigos, não dão um passo para obedecer às
ordens do Capitão. Viram as costas e batem pezinho).
OS DOIS – Vá você!
CACACO – Como é? Ficaram loucos? Esqueceram que eu sou o grande pirata Capitão
Cacaco?
RATATO – Não, não é mais.
GATATO – Isso mesmo. Você não é mais nosso Capitão.
RATATO – Depois de tudo que passamos juntos. De termos lavado, muito mal, mas lavamos.
De ter cuidado do navio. Ter trazido peça por peça do mundo obscuro e ter montado o Rei
Caco, recebemos essa ingratidão.
GATATO – É mesmo, tenho que concordar com o Ratato. É muita ingratidão.
RATATO – É mesmo? Concordando comigo Gatato?
GATATO – Mas não empolga não que é só desta vez.
RATATO – Grosso! Vai sozinho!
(O Capitão, depois de perceber que fizera besteira, pois não ia conseguir sozinho, volta atrás e
tenta conquistar novamente seus piratas)
CACACO – Que isso! Que isso! Eu estava brincado com vocês. Eu nunca ia conseguir sem a
ajuda de vocês. Fortes, destemidos e os mais competentes piratas de todo o grande oceano.
Pois vamos juntos desbravar o grande oceano. Vamos. Perdoem esse velho pirata que sonha
há muito por esse momento. Eu amo vocês!
OS DOIS – Oi?
CACACO – Eu amo vocês!
RATATO – Sério Capitão?
GATATO – Oh, estou com as pernas bambinhas.
RATATO – E eu também. Dá-me uma abraço Capitão!
GATATO – Eu também quero um abraço Capitão.
CACACO – Ai já é abuso. Nem tentem.
OS DOIS – (dando as costas) Então vá sozinho.
CACACO – Vocês não têm nem senso de humor. Vem cá, dá um abraço no seu capitãozinho!
(Os dois correm e derrubam o capitão no chão. Apertam até sufocarem. O Capitão consegue
se soltar e respirando com dificuldade afasta os dois)
CACACO – Chega! Chega! Já deu. Agora vão atrás do L.E.S.M.A. Vão!
(Os dois saem felizes da vida cantando e dançado. O Capitão Cacaco fica como se estivesse
hipnotizado olhando para o horizonte).
SOMOS AMADOS
Somos amados, somos amados
Somos amados pelo capitão
Mesmo não sendo os melhores piratas
Somos amados pelo Capitão
Vamos atrás do grande L.E.S.M.A.
Para entregar para o Capitão
Para pegar o mapa encantado
Que vai mostrar qual a direção
Somos amados, somos amados
Somos amados pelo capitão
Mesmo não sendo os melhores piratas
Somos amados pelo Capitão
E como chegar ao grande oceano
Aonde o Capitão vai nos levar
Seremos então piratas valentes
O grande oceano vamos navegar
Somos amados, somos amados
Somos amados pelo capitão
Mesmo não sendo os melhores piratas
Somos amados pelo Capitão
Vamos procurar o Mestre Esopo
E tirar dele o Livro Encantado
Vamos revirar esta floresta
Vamos procurar por todos os lados
Somos amados, somos amados
Somos amados pelo capitão
Mesmo não sendo os melhores piratas
Somos amados pelo Capitão
Seremos piratas muito respeitados
Vamos ter nossa própria ilha
Viveremos felizes em nosso barco
Seremos enfim uma família
Somos amados, somos amados
Somos amados pelo capitão
Mesmo não sendo os melhores piratas
Somos amados pelo Capitão
(Saem todos de cena. Entram Srº Maco e o Srº Pregui que encontram o Mestre Esopo ao lado
do Baú do L.E.S.M.A. com cara de preocupado. Os dois cumprimentam o mestre que os
recebe com um abraço fraternal).
MESTRE ESOPO – (sério) Obrigado por terem vindo.
SRº MACO – (curioso) Mas o que houve Mestre Esopo? Seu semblante é de grande
preocupação.
SRº PREGUI – É que o caso é muito sério meu amigo Maco.
SRº MACO – É sério assim Mestre?
MESTRE ESOPO – Sim meu amigo, muito sério. Na última passagem que fizemos do mundo
obscuro para a aldeia, alguém deixou a tampa do baú aberta. E seu irmão voltou para cá.
SRº MACO – Tem certeza Mestre? Não pode haver um engano?
MESTRE ESOPO – Não meu amigo. Eu encontrei pedaços de madeira encantada e fui até o
mundo obscuro. Ele não estava lá e trouxe o navio e seus capangas também.
SRº PREGUI – E o senhor acha que ele pode tentar alguma coisa contra a aldeia?
SRº MACO – Não querendo defender meu irmão, mas ele pode ter se regenerado o tempo que
passou no mundo obscuro. Talvez nossa preocupação seja em vão.
MESTRE ESOPO – Sim, meu caro amigo. Mas só saberemos disso quando ele se manifestar.
Enquanto isso não acontece devemos nos preparar para possíveis problemas. Ainda mais que
ele está acompanhado dos problemáticos Ratato e Gatato. Aqueles dois, de tão tapados,
podem criar alguma confusão.
(Neste momento ouve-se um ronco. Seu Pregui está cochilando e Mestre Esopo prega uma
peça nele)
MESTRE ESOPO – Cuidado como navio!
SRº PREGUI – (assustado) Onde? Escondam-se! Corram! Se joguem no chão! Subam nas
árvores! Hein? O quê? Cadê? Onde?
(Srº Pregui olha para o Mestre Esopo e o Srº Maco que com as mãos fazem um esforço
danado para não rirem alto. O Srº Pregui entende que era uma brincadeira e fica chateado).
MESTRE ESOPO – Desculpe meu querido Pregui. Foi só para descontrair um pouco, Sei que
o assunto é sério, mas o Senhor estava cochilando enquanto falávamos do assunto.
SRº MACO – Mereceu amigo, mereceu!
SRº PREGUI – (mudando o semblante começa a rir também) Tudo bem. Tudo bem. Tá certo,
eu mereci. É que hoje acordei com uma preguiça esquisita.
(Todos riem)
MESTRE ESOPO – Bem, então vamos nos preparar para quaisquer eventualidades. Vou
tentar encontra-los e conversar. Talvez consiga descobrir o que estão tramando e resolvemos
da maneira mais tranquila possível. Logo agora que o L.E.S.M.A. vai entrar na fase de
transformação.
SRº PREGUI – Transformação?
SRº MACO – É, que transformação Mestre?
MESTRE ESOPO – O nosso grande L.E.S.M.A. além de ser o Livro que dá vida humana a
todos vocês, é o Livro dos Livros. O Livro que deu início a todas as histórias do mundo. E o
ciclo se faz novamente.
SRº PREGUI – Que ciclo Mestre?
MESTRE ESOPO – Toda vez que uma aldeia chega a seu ápice de evolução, o Livro se funde
ao grande Baú e se multiplica. Ou melhor, transforma-se em vários livros de histórias. O ciclo
estava quase completo. Com o retorno da SRª Leta e de todos do mundo obscuro, só restava à
recuperação dos piratas. Assim, a aldeia completaria a evolução e o L.E.S.M.A. completaria
sua missão. Como não sabemos a intenção dos piratas, não temos como completar o ciclo. E o
L.E.S.M.A. perde sua função de vida na aldeia.
SRº MACO – Quer dizer que podemos voltar a ser simples animais?
SRº PREGUI – Pelas barbas de Esopo!
MESTRE ESOPO – Isso mesmo meus amigos. E eu não terei nada o que fazer. Agora vão.
Vão para aldeia e eu vou e busca do navio.
(Todos saem. Esqui, Tutuga, Tutugo e Rapinha estavam escondidos ouvindo toda conversa
dos anciãos. Quando os anciãos vão embora eles saem do esconderijo e ficam se olhando por
um tempo. Até que Tutuga rompe o silêncio).
TUTUGA – (entusiasmada) Então turma, vamos atrás desses piratas e salvar a aldeia. Quem
tá comigo?
(todos olham espantado para Tutuga)
TUTUGA – O que foi? Por que estão me olhando assim?
(hipnotizados, todos continuam em silêncio e olhando para Tutuga espantados)
TUTUGA – Ah, vai gente. Vocês estão me assustando. O que foi?
(todos caem na gargalhada deixando Tutuga furiosa)
TUTUGA – Ah, tá bom! Parou! Parou! Quero saber qual é a graça?
ESQUI – Desculpa amiga, mas é que você é a medrosa da história. Sempre com seus sermões
sobre perigo. Aí vem dando uma de corajosa. Não dá né. Conta outra.
(a gargalhada continua. Tutuga furiosa vira as costas e faz menção de deixa-los ali. Esqui e os
meninos correm e abraçam a amiga)
TUTUGO – Ah, que isso maninha. Confessa vai, a Esqui tem razão.
RAPINHA – É mesmo Tutuga. Sempre quem toma a iniciativa é a doida da Esqui.
ESQUI – Ei, qual é “Little Fox”? Mas respeito. Doida é seu passado.
RAPINHA – “Little” o quê?
TUTUGO – Que burro. Não sabe o que é “little”?
RAPINHA – Não. Não sei. E você sabe o que é oh, sabichão?
TUTUGO – Claro que eu sei. Não sei Esqui? Não é aquilo que eu estou pensando e que você
também sabe?
ESQUI – E eu sei lá o que você tá pensando! Você tá é enrolando. Isso sim.
TUTUGO – Estou enrolando nada. Eu sei sim tá.
RAPINHA – Então diz ora.
TUTUGO – Vou dizer não. Só para vocês ficarem curiosos. Só eu e Esqui sabemos. Né
Esqui? Diz pra eles.
ESQUI – Tá bom. Vou falar. Significa Raposa valente.
TUTUGO – Viu. Eu não disse. É isso aí mesmo. Raposa Valente.
TUTUGA – É isso mesmo Esqui?
RAPINHA – Né não. A Esqui tá sacaneando ele. Que burrinho.
ESQUI – (debochando) Raposa Valente. Sabe nada doido. Significa Pequena raposa ou
raposinha. Que doido.
(todos caem na gargalhada e brincam com Rapinha que tenta se explicar)
RAPINHA – Não é isso nada. A Esqui tá enrolando vocês seus bobos.
(a pilhéria continua até que Esqui interrompe)
ESQUI – Vamos lá pessoal. Qual é o plano Tutuga?
TUTUGA – O quê? Que plano?
ESQUI – O seu plano. Não foi você que se manifestou. Deve ter um plano né?
TUTUGA – Tenho plano nenhum não gente. Só queria ser a corajosa uma vez na vida. E acho
que deu certo. (risos)
ESQUI – Ah, louca! Tá bom, então o bastão da coragem voltou pra mim. A quem é de direito.
TUTUGO – Falou a super hiper mega plus Esqui.
RAFINHA – (pilhéria) Vai Mestra Esqui. Quais são as suas ordens?
ESQUI – (com ar superior) Vocês. Meninos nunca crescem mesmo. Tá bom. Sou demais
mesmo. Vamos entrar na floresta e procurar o barco. Daí a gente descobre o plano primeiro
que os anciãos e o Mestre Esopo e salvamos a aldeia. Seremos heróis “aldeiais”.
RAPINHA – Heróis o quê?
ESQUI – “Aldeiais” seu tonto. Heróis da aldeia. Quem está comigo, levantem suas espadas e
avante.
(todos ficam parados olhando Esqui deslumbrando)
ESQUI – O que foi? Ficaram com medo?
TUTUGA – Não amiga. Mas que papo é esse de espadas? Não temos espadas. Nem tampouco
somos guerreiros. Somos simples crianças, ou seja, animaizinhos da aldeia.
ESQUI – É somente um grito de guerra. Um chamamento para a batalha. Um levante para
irmos à busca do nosso objetivo.
TUTUGA – Ah, tá bom. Mas não pode ser mais simples? Com você sempre tem que ter essas
firulas.
ESQUI – Claro, querida. Senão não seria eu. A magnifica Esqui.
RAPINHA – Ih, desce daí. Vai cair da nuvem.
TUTUGO – Como viaja essa louca.
ESQUI – Bando de recalcados. É isso que vocês são. Agora deixem de conversa e vamos à
luta.
(todos continuam parados)
ESQUI – O que é que foi agora?
TUTUGA – Mas, Esqui. Tá anoitecendo. Acho melhor a gente deixar pra amanhã de manhã.
ESQUI – Pronto. A super corajosa foi embora. Ficou a Tutuga covardona.
TUTUGA – Você tem que ofender né? Ah, eu só estou preocupada. Afinal, a floresta é muito
perigosa à noite. Os anciãos sempre dizem...
ESQUI – Ah, lá vem você com o discurso dos anciãos.
TUTUGA – Mas, toda vez caímos em enrascadas por não ouvir os sermões dos anciãos.
ESQUI – Tá bom. Não quer pode ir embora. Vamos meninos!
TUTUGO – Ih, eu não. Tenho medo do escuro e foi assim que eu acabei indo parar no mundo
obscuro. Estou com minha irmã. Prefiro deixar para amanhã.
ESQUI – Tal irmã, tal irmão. Tá no sangue. Medrosos. Então vamos nós dois Rapinha.
RAPINHA – (coçando a cabeça e virando os pés) É que eu...
ESQUI – Até você Rapinha! Ah, quer saber vou sozinha.
(Mais uma vez todos ficam paralisados, mas por outro motivo. Uma luz verde, piscando, se
aproxima deles. Sem saber do que se trata, todos começam a gritar para Esqui, que está de
costas para a luz. Quando se vira a luz está mais próxima. Eles estão começam a jogar tudo
que têm ao redor na direção da luz. Esqui a acerta em cheio, que volta para a floresta
desgovernada)
ESQUI – Eu acertei. Eu acertei. Vamos ver o que era aquilo. Deve ter caído na floresta.
TUTUGA – (Segurando o braço de Esqui) Esqui, pare com isso. Vamos embora avisar ao
povo da aldeia. A gente não sabe o que era aquilo.
RAPINHA – É, vamos embora Esqui.
TUTUGA – Eu já estou indo.
ESQUI – (Soltando-se) Ora, vão vocês. Eu vou saber agora o que era aquilo.
(Neste momento, uma rede sai de dentro da coxia e pega Esqui, puxando-a para dentro da
floresta e desaparecendo na escuridão. Só ouve-se a voz de Esqui pedindo ajuda)
VOZ DE ESQUI – Vão para aldeia. Peçam ajuda. São os piratas! São os piratas!
(Todos correm para o outro lado em direção a Aldeia. A luz se apaga e entra o navio dos
piratas. Esqui e o Capitão Cacaco estão jogando xadrez. Entram Ratato e Gatato).
RATATO – Capitão dá atenção pra gente. Desde que essa esquila chegou que o senhor
esqueceu-se da gente.
GATATO – É mesmo. Estou muito deprimido.
CACACO – Mas foram vocês que a trouxeram. E por que querem se livrar dela. Agora que
tenho alguém inteligente para jogar comigo.
RATATO – Mas capitão. A gente também é inteligente.
ESQUI – (risos) Capitão, o senhor é um herói. Aturar essas toupeiras esse tempo todo.
Merece um prêmio.
CACACO – E se mereço menina Esqui. Eu mereço!
RATATO – Aí, vai deixar Gatato. Ela te chamou de toupeira.
GATATO – Chamou a nós dois seu imbecil. Reage!
RATATO – É isso mesmo. Vou reagir. Ei sua, sua...
ESQUI – (desafiadora) Sua o quê?
RATATO – (para Gatato) Sua o quê Gatato?
GATATO – Ora, sei lá. Você que começou, termina.
RATATO – (para Gatato) Imprestável. (vira-se para Esqui) Então lá vai. Sua... Sua... Esquila!
GATATO – Mas ela é uma esquila seu idiota. Sabe nem xingar.
RATATO – Então xinga você, vai.
ESQUI – (para Gatato) É, xinga você Ratato.
GATATO – Ratato não. Eu sou o Gatato. O animal mais lindo...
ESQUI – (interrompendo) Tem certeza?
GATATO – Tenho sim. (vira-se para Ratato) Não é Gatato? Ih!
ESQUI – Viu. Não tem certeza né?
RATATO – Agora você me confundiu. Seu Gato idiota. Já não sei se eu sou você ou se você
sou eu.
CACACO – (rindo) Mas são uns tapados mesmo.
(Enquanto o Capitão Cacaco e esqui se divertiam com a confusão dos dois marujos. Ouve-se
uma movimentação na floresta. Chegam próximo ao navio o SRº Pregui, SRº Maco e as
crianças. Além de Mestre Esopo, que carrega em suas mãos o poderoso L.E.S.M.A.)
CACACO – (sussurrando) Quietos! Acho que tem alguém vindo.
Ratato e Gatato vão até a ponta do navio e se deparam com a chegada de todos.
GATATO – (gritando) terra à vista!
RATATO – Que terra à vista o quê seu imbecil. Diz-se “homem ao mar”!
CACACO – Do que é que vocês estão falando seus idiotas? (aproxima-se dos sois) Droga,
como eles nos acharam aqui?
MESTRE ESOPO – Cacaco, estamos aqui para regatar a menina Esqui que você sequestrou.
Liberte-a!
TUTUGA – Isso mesmo. Liberte nossa amiga seu macaco chato.
TUTUGO – Não machuque a Esqui. Ela é uma chata, mas é nossa amiga.
CACACO – Mas...
SRº PREGUI – (interrompendo) Mas nada, seu pirata sem água, solte a nossa querida
maluquinha.
CACACO – Mas...
SRº MACO – (interrompendo) Meu irmão. Em nome de nossa família, liberte a menina
Esqui. Não faça nada de mal com ela.
CACACO – Mas...
RAPINHA – (interrompendo) Isso aí! Solta ela senão vamos subir aí e pegar ela.
CACACO – Mas eu...
MESTRE ESOPO – Diga logo o que você quer. Que vamos fazer de tudo para libertar a
menina.
(Nesse momento, Gatato percebe o L.E.S.M.A. nas mãos de Mestre Esopo. Cutuca Cacaco e
aponta para baixo).
CACACO – O que foi?
GATATO – Capitão, olha o que está mão do Mestre Esopo. É o L.E.S.M.A.! E o mapa está
nele, lembra?
RATATO – Isso mesmo Capitão. Podemos trocar a nojentinha ali pelo Livro, pegar o Mapa e
realizar nosso sonho de chegar ao mar. Vamos navegar Capitão.
GATATO – Isso mesmo Capitão. É a nossa chance de navegar!
CACACO – Mas essa não era a intenção. Não quero ser mais assim. Quero me redimir.
ESQUI – Isso aí Capitão. Não ouve esses dois não. Conversa com o Mestre Esopo que ele vai
entender e perdoar vocês.
CACACO – Você acha?
ESQUI – Mas é claro. O Mestre Esopo é bonzinho. Eu implico com Ele, mas Ele é legal.
CACACO – Vamos ver, então. (dirige-se ao Mestre Esopo) Mestre Esopo. Tudo que
queremos é poder navegar. Eu quero...
MESTRE ESOPO – (interrompendo) Já sei. É o Livro que você que. Todo bem. Faço apenas
para salvar a vida da pobre Esqui. Tome.
(O Mestre Esopo lança o L.E.S.M.A as mãos de Cacaco, que segura o Livro com cara de
assustado)
CACACO – Mas...
MESTRE ESOPO – (interrompendo) Mas entenda que esta atitude vai definir o futuro da
Aldeia.
SRº MACO – Meu irmão pense bem nas atitudes e consequências.
SRº PREGUI – Macaco burro!
TODAS AS “CRIANÇAS” – (dando língua ao Cacaco) Feio, chato, bobo.
CACACO – (irritado) Mas...
TODOS – Macaco idiota!
CACACO – (gritando) – Chega! Vamos parar de me ofender, hein? Vamos?
MESTRE ESOPO – Como vamos parar de ofender a criatura que recebeu o benefício que
todos almejam e vai ser o responsável por acabar com tudo isso. Estamos no momento crítico
do L.E.S.M.A. O memento em que ele vai chegar a sua plenitude e fundir-se ao Baú para
libertar a literatura para o mundo. Mas isso está fadado a acontecer devido a sua maldade Srº
CACACO!
CACACO – Mas vocês não estão entendendo nada. (vira-se para o navio) Ratato e Gatato,
tragam a menina Esqui até aqui.
GATATO – Vai. Leva a chatinha.
RATATO – Eu não. Leva você.
GATATO – Mas o Capitão pediu a você. Você ouviu? Ele disse: “- Ratato, traz a menina
chatinha aqui”.
RATATO – Negativo. Ele disse:”Gatato...
CACACO – (impaciente) Eu disse:”Ratato e Gatato, tragam a menina chatinha...
Ou...Desculpe menina Esqui. Tragam-na aqui A-G-O-R-A!
ESQUI – Precisam me levar não, suas amebas.
(Esqui dá uma pisada no pé de cada um. Os dois caem rolando no chão. Esqui se aproxima do
Capitão Cacaco que a abraça. Todos se assustam, achando que Cacaco ia machuca-la e
correm em direção a eles. Mas Esqui dá um grito e todos param).
ESQUI – (olha para Ratato e Gatato) Isso foi pelo “chatinha”. Chatinha é a vovozinha tá!
(para os outros) Parem! Vocês estão loucos?
TODOS – Mas pensamos que ele ia te machucar...
ESQUI – Pensando, pensando. Desde quando vocês pensam. Ops! Desculpas barbudinho, ou
seja, Mestre Esopo. O senhor pensa. Não tira minha voz não que eu tenho que contar algumas
coisas tá bom.
MESTRE ESOPO – Então conte, vai.
ESQUI – Eu não. Quem vai contar é o Capitão. Não é Capitão?
CACACO – Eu? Ah, é. Eu vou contar. Se ninguém me interromper. Então, como eu ia
tentando dizer. Eu ia pedir resgate da menina Esqui mesmo, mas...
SRº PREGUI – (interrompendo) Mas você não mudou nada mesmo.
ESQUI – (enfurecida) Ah, deixa ele falar pessoas!
TODOS – Tá bom, fala Capitão!
CACACO – (fazendo birrinha) Também não falo mais...
MESTRE ESOPO – (impaciente) O quê?
CACACO – (assustado) Eu estava só brincando. Eu hein! Não sabe brincar desce pro mundo
obscuro.
TODOS – Fala logo!
CACACO – Como eu ia dizendo. Então, a menina Esqui me contou tudo que poderia
acontecer se eu fizesse dessa maneira. No início eu não acreditei, mas com o tempo ela foi me
convencendo. Eu quero muito navegar. Quero muito esse mapa. Mas... (espera para ver se
alguém interrompe) Mas... (nova pausa) Ufa! Mas eu não quero ficar marcada como “aquele
que destruiu a Aldeia”. Mais uma vez não. Da primeira vez foi sem querer. Fui castigado e
entendi a gravidade do problema. Se for para salvar a Aldeia e continuar navegando no seco,
que assim seja. (Estica a mão ao Mestre Esopo) Toma Mestre Esopo. O L.E.S.M.A. é todo
seu. Faça-o seguir a sua sina e pode me mandar novamente para o mundo obscuro. Só peço
uma coisa.
MESTRE ESOPO – O que é Srº Cacaco?
CACACO – Deixe Ratato e Gatato aqui e cuide deles. Eles são assim meio maluquinhos, mas
são boas criaturas. Só faziam o que faziam para me agradar. Mestre, só mais uma perguntinha.
MESTRE ESOPO – Pode fazer.
CACACO – Como vocês descobriram meu esconderijo?
(Neste momento uma luz vem em direção a todos. Esqui sai correndo e pega coisas para jogar
na luz).
ESQUI – Saiam todos. É a luz voadora não identificada.
(Quando Esqui ia jogar um objeto na luz, o Mestre Esopo impede. A luz se aproxima e uma
nova criatura aparece).
MESTRE ESOPO – Não, menina Esqui! É o Srº Lume.
ESQUI – Senhor quem?
MESTRE ESOPO – O Srº Lume é o guardião da noite na floresta. Foi ele que encontrou o
navio.
SRº LUME – Na verdade eu já havia encontrado há um tempo, mas quando vinha para a
Aldeia pra contar ao Srº Maco e ao Srº Pregui, me acertaram com pedras e fiquei todo
quebrado. Mas você saberia quem me acertou menina Esqui?
ESQUI – Eu não sei não, mas acho que foi a Tutuga, o Tutugo e o Rapinha.
OS TRÊS – (partem para Esqui) Esqui! Sua...
ESQUI – Tá bom, tá bom. Foi eu sim Srº Lume, mas é que eu estava com medo e pensei que
fosso outra coisa. Não sei que coisa, mas outra coisa. (sussurrando aos ouvido do Srº Lume)
Mas foram eles que mandaram eu jogar...
MESTRE ESOPO – Esqui!
ESQUI – Tá bom! Fui só eu mesmo. Ah, não se pode nem tentar se defender.
MESTRE ESOPO – Muito bem. Senhor Cacaco. Não o mandarei mais para o Mundo
Obscuro, pois eu fechei o portal para sempre.
CACACO – (chorando) Já sei. Vai me tirar o benefício. Eu mereço!
RATATO – Se vai ser assim, eu também que perder o benefício. Eu e o Gatato.
GATATO – Eu? Eu não. Perde você sozinho.
RATATO – Seu ingrato. O Capitão nos protegeu esse tempo todo. Temos que ser solitário
como ele.
GATATO – É solidário idiota.
RATATO – Que seja. Você tá com a gente ou não esta?
GATATO – Estou. Pode nos castigar também.
(Os três se abraçam e o Mestre Esopo se aproxima. Todos estão tremendo de medo. Mestre
Esopo passa a mão na cabeça deles).
MESTRE ESOPO – (rindo) Parem de tremer. Não vou castigar ninguém.
OS TRÊS – Não!
MESTRE ESOPO – Não. Com as atitudes de vocês a última etapa fui completada. A
purificação ocorreu quando o Capitão Cacaco entregou o L.E.S.M.A. de própria vontade,
libertando a menina Esqui e ainda abdicou de ser um beneficiado e libertou seus piratas.
Assim, todo o ciclo se completou. (Tirando uma página) Tome Capitão. O mapa para o mar.
A partir de hoje o senhor será o guardião dos mares que circundam a floresta. Eu o nomeio
oficialmente CAPITÃO CACACO.
(Cacaco cai de joelhos diante do Mestre Esopo que encosta o Livro Sagrado em seu ombro.
Ao lado, o Gatato começa a se sentir estranho e solta um miado. Olha para o Ratato que
assustado vai se afastando).
RATATO – Que isso amigo, sou eu. Seu ratinho preferido, magricela e fedorento.
GATATO – Miau.
RATATO – Que mané miau o que. Para com essa brincadeira. Mestre Esopo! Socorro!
MESTRE ESOPO – Deixe-me ver o mapa. (pegando a folha das mãos de Cacaco) Desculpa
pequeno Ratato. Eu tirei a página no Gatato junto com o mapa. (põe a página de Gatato no
lugar. Gatato volta a si).
GATATO – (Já com as garras em Ratato) Ei, o que está acontecendo?
RATATO – Sai pra lá seu mequetrefe! Vai comer rato no esgoto vai.
GATATO – Eu? Tá doido. Parei de comer carne de porco.
RATATO – Ei mais respeito.
GATATO – Ah, sim. Devo pedir desculpas o porco.
(Os dois começam a correr quando o L.E.S.M.A. começa a brilhar nas mãos do Mestre
Esopo)
TUTUGA – Olha Mestre, o Livro está luminoso.
MESTRE ESOPO – Chegou o momento. Vamos ao Baú.
(Todos vão para o ponto na floresta onde o Baú está. O Baú também está brilhando e Mestre
Esopo põe o Livro dentro. As laterais, frente e fundo do baú se abrem e vários livros se
espalham aos olhos de todos, espantados).
RAPINHA – Mestre, o que aconteceu com o Livro Sagrado?
TUTUGA E TUTUGO – É Mestre, onde está o L.E.S.M.A.?
ESQUI – Então barbudinho lindo, que livros são esses?
MESTRE ESOPO – Esses livros, minhas doces criaturinhas, são os livros dos livros. O
L.E.S.M.A. era o Grande Livro Sagrado de onde se originou todos os outros. E todos estes
livros são os primeiros livros de fábulas escritos no mundo humano. Todas as histórias
contadas foram inspiradas neles. Mas eles foram esquecidos por muito tempo. E esse é o meu
pedido a todos vocês. Leiam histórias novas, mas leiam também os clássicos. Façam com que
as crianças tenham contato com todas as leituras, sejam de novos autores como daqueles que
já se foram e deixaram esse maravilhoso legado. Peguem (todos pegam livros). Se deleitem,
pois um livro é muito mais que capa, folhas e letras. Um livro é o passaporte para outro
mundo. Para o mundo que vocês quiserem.
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER!
(REPETE 2X)
VOU LER MONTEIRO LOBATO
VOU LER O MESTRE ESOPO
VOU LER O GATO DE BOTAS
VOU LER A HISTÓRIA DO LOBO
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER!
(REPETE 2X)
VOU LER PRA RELAXAR
VOU LER PRA ENTENDER
VOU LER PRA VIAJAR
VOU LER PARA VIVER
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER!
(REPETE 2X)
E QUANDO LER TODO LIVRO
VOU COMEÇAR A LER OUTRO
LENDO FICO MUITO MAIS VIVO
COM AS FÁBULAS DE ESOPO
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER
VOU LER, VOU LER!
(REPETE 2X)
FIM