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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC
CNPq e PIBIC UFPA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Período : Agosto / 2015 a Janeiro / 2016(x) PARCIAL( ) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Redes
Sociais e Formação Docente em Ciências Sociais.
Nome do Orientador (a): DENISE MACHADO CARDOSO
Titulação do Orientador (a): Doutora
Departamento: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Unidade: Faculdade de Ciências Sociais
Laboratório: Laboratório de Antropologia
Título do Plano de Trabalho: Usos das Tecnologias de Informação e Comunicação e
Dinâmicas do Trabalho Docente em Ciências Sociais.
Nome do Bolsista: TÁSSIO DE SOUZA DAMASCENO
Tipo de Bolsa : ( ) PIBIC/ CNPq
( ) PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador
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(X) PIBIC/UFPA
( ) PIBIC/ INTERIOR
( ) PIBIC/PARD
INTRODUÇÃO
As transformações tecnológicas vividas pelos sujeitos na
contemporaneidade representam não só a inserção de equipamentos e técnicas,
mas, fundamentalmente, têm provocado mudanças de ordens sociais, culturais,
econômicas, educacionais e, principalmente, no mundo do trabalho, uma vez que,
no atual momento, torna-se indispensável que o trabalhador possua competência ao
lidar com as novas tecnologias. Considerando que o processo educativo se
relaciona intimamente com o contexto social, surge a necessidade da formação de
um novo sujeito a ser constituído diante a essa realidade, forçando assim, uma
reflexão acerca da atuação do (a) professor (a) e de sua formação de cientista
social.
O projeto Redes Sociais e Formação Docente em Ciências Sociais tem
como objetivo contribuir nesta problemática. Buscando identificar e fomentar as
relações e a influência das tecnologias da comunicação e informação (TIC) no
cotidiano dos docentes e discentes do curso de ciências sociais e sua importância
na sua formação como profissional. E observar quais são as medidas que “o novo
Projeto, Político e Pedagógico” do curso de Ciências Sociais da Universidade
Federal do Pará (UFPA) possibilita na inserção tanto do docente quanto do discente
(que será o futuro profissional,) no sentido de virem a apresentar competências para
lidar com as TIC, que são cada vez mais imprescindíveis na contemporaneidade.
JUSTIFICATIVA
Essa proposta de pesquisa é um subprojeto desenvolvido no seio do
Projeto “Redes Sociais e Formação Docente em Ciências Sociais” da Universidade
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Federal do Pará e suas aprendizagens por meio das ferramentas de Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC).
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são basicamente
todas as tecnologias que interferem e mediam as relações de informação e
comunicação entre os seres humanos. Com o avanço da tecnologia, as TIC
tornaram-se indispensáveis e fundamentais em diversos setores da nossa
sociedade. Deste conjunto de descrição, se destaca com grande evidencia os
estudos realizados por Manuel Castells (1999), apresentando em “A sociedade em
rede” uma importante contribuição para o debate sobre a morfologia social das
sociedades de tecnologia avançada neste início de novo século.
Neste trabalho, Castells, “estuda o surgimento de uma nova estrutura
social, manifestada sobre várias formas conforme a diversidade de culturas e
instituições em todo o planeta. Essa nova estrutura social está associada ao
surgimento de um novo modo de desenvolvimento, o informacionalismo,
históricamente moldado pela reestruturação do modo capitalista de produção, no
final do século XX.” (CASTELLS, 1999, p. 51)
Uma das características desse informacionalismo foi a popularização da
internet e o ritmo acelerado do surgimento de inovações tecnológicas, ocasionando
dessa forma, um crescimento vertiginoso do uso de TIC. Devido a esse crescimento,
as tecnologias de informação e comunicação invadiram todas as esferas da vida
social, incluindo o ambiente educacional revolucionando a relação de ensino-
aprendizagem. É uma nova relação que está se consolidando entre as tecnologias e
a sociabilidade, que consequentemente vem moldando a cultura contemporânea.
Para compreender melhor todo esse processo tecnológico e social,
Isabela Simões (2009), em seu artigo intitulado “A sociedade em Rede e a
Cibercultura: dialogando com os pensamentos de Manuel Castells e Pierre Lévy na
era das novas tecnologias de comunicação” propõem fazer exatamente isso: um
diálogo, um confronto de ideias e conceitos entre esses dois autores e suas obras,
incluindo as duas principais de cada um; a “Sociedade em Rede” e “Cibercultura”,
essas, extremamente conhecidas por todos que estudam os avanços tecnologicos
que a sociedade vem vivendo nas últimas décadas.
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Essas transformações tecnológicas vividas pelos sujeitos na
contemporaneidade representam não só a inserção de equipamentos e técnicas;
mas, fundamentalmente, têm provocado mudanças de ordens sociais, culturais,
econômicas, educacionais e, principalmente, no mundo do trabalho, uma vez que,
no atual momento, torna-se imperativo que o trabalhador possua competência ao
lidar com essas tecnologias.
Os bolsistas do Projeto “Redes Sociais e Formação Docente em Ciências
Sociais" vem ao longo do tempo, produzindo artigos aceitos em revistas,
participando de eventos ligados a área da Educação, Cibercultura, Mundo do
Trabalho e Tecnologias de Informação e Comunicação. E para coroar tudo isso,
recentemente dois trabalhos de conclusão de curso foram produzidos no seio do
projeto, entre eles um intitulado “Professor sem feice é uma desgraça: a relação
entre docente e discente e suas extensões nas redes sociais online”, que
resumidamente aborda sobre o uso de mídias sociais por professores e alunos do
Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará, mais especificamente
como o uso dessas mídias influenciou na relação entre esses dois grupos e quais as
consequências desse processo para o ensino-aprendizagem e para a formação de
estudantes e futuros professores.
A Universidade vem ao longo dos anos tentando de forma sistemática
qualificar a comunidade acadêmica para que ela esteja apta para se adequar ao
processo informacional da sociedade. Dessa forma vem oferencendo cursos de
qualificação para servidores e filhos de servidores da instituição, entre outros. Uma
das funções de uma instituição de Ensino Superior é prestar serviços de qualidade
para a comunidade. Nesse sentido foi criado um projeto de extensão denominado
“Inclusão Digital de Moradores do Entorno da Universidade Federal do Pará”. O
objetivo dessa iniciativa é qualificar os moradores que moram no entorno da
Universidade. Para quem não sabe, o campus principal da UFPA fica localizado
entre dois grandes bairros da cidade de Belém tidos como de zona vermelha, devido
aos altos níveis de criminalidade nesses locais.
A visita a esses cursos de informática disponibilizados pela instituição me
despertou o olhar para o grande problema da exclusão digital, pois ao contrário do
que normalmente se pensa, a exclusão digital está intimamente ligada a exclusão
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social. Fala-se muito hoje em dia sobre a exclusão digital e suas consequências
maléficas para a vida das pessoas, mas fala-se pouco sobre suas consequências
para o desenvolvimento do país. Essa exclusão digital prejudica a economia, pois as
empresas estão cada vez mais se adequando ao atual paradigma tecnológico, essas
empresas investem pesado em tecnológias e necessitam de mão de obra qualificada
para lidar com esses novos sistemas e programas tecnológicos e de que forma elas
vão suprir essa demanda de mão de obra qualificada se grande parte da população
do país encontra-se a margem da sociedade informacional?
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL:
Desenvolver estudo sobre saberes e práticas docentes no curso de Ciências
Sociais por meio das NTIC.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Identificar as principais ferramentas de TIC utilizadas pelos docentes na sua
atuação profissional.
Analisar ações formais e não formais realizadas por docentes e estudantes de
graduação referentes aos usos de TIC.
Analisar, sob a perspectiva da sociologia do trabalho, as dinâmicas inerentes
à incorporação das ferramentas de mídias sociais na docência.
MATERIAIS E MÉTODOS
Em relação à metodologia utilizada nessa pesquisa, ela é constituída em
três etapas principais: A primeira é o levantamento bibliográfico; a segunda é a
análise de conteúdos de dados já produzidos em etapas anteriores do Projeto Redes
Sociais e Formação Docente; e por último, a pesquisa de campo (na qual será
utilizada roteiros de entrevista semiestruturada, a observação direta/ participante e o
registro em diário de campo).
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Sobre o levantamento bibliográfico,
Em linhas gerais [...] é um apanhado sobre os principais trabalhos científicos já realizados sobre o tema escolhido e que são revestidos de importância por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes. Ela abrange: publicações avulsas, livros, jornais, revistas, vídeos, internet, etc. (BONI e QUARESMA, 2005, p. 71).
Já as entrevistas semi-estruturadas:
[...] combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. O pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal [...]. Esse tipo de entrevista é muito utilizado quando se deseja delimitar o volume das informações, obtendo assim um direcionamento maior para o tema, intervindo a fim de que os objetivos sejam alcançados. (BONI e QUARESMA, 2005, p. 75).
A observação, para Boni e Quaresma (2005), é considerada uma coleta
de dados para conseguir informações sobre determinados aspectos da realidade.
Ela obriga o pesquisador a ter um contato mais direto com a realidade. No caso
dessa pesquisa, será utilizada a observação participante.
A observação participante [...] ocorre na medida em que pressupõe a integração do investigador ao grupo investigado, ou seja, o pesquisador deixa de ser um observador externo dos acontecimentos e passa a fazer parte ativa deles. Esse tipo de coleta de dados muitas vezes leva o pesquisador a adotar temporariamente um estilo de vida que é próprio do grupo que está sendo pesquisado. Esse método é muito utilizado quando se pretende pesquisar, por exemplo, alguma seita religiosa e seus rituais. (BONI e QUARESMA, 2005, p. 71).
RESULTADOS
Nos últimos relatórios, foi possível observar uma série de fatores que
destacam o empenho da Universidade Federal do Pará para se adequar ao
paradigma informacional adaptando suas estruturas, uma vez que não se limita em
apenas fornecer salas equipadas com computadores, como também, o
funcionamento da rede Wireless (sem fio) com livre acesso gratuito à internet em
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locais abertos da Universidade, com foco principal para as salas de aula, que para
utilizar o serviço basta acessar de qualquer lugar de abrangência de cobertura da
rede com Notebooks, tablets ou celulares e utilizar os e-mails @ufpa individuais,
para ter acesso à internet, otimizando usos das TIC. E no que se refere ao PPP dos
cursos em Licenciatura e Bacharel em Ciências Sociais, a própria natureza do curso
possui objetos e métodos específicos que dão conta de analisar, no seu contexto,
essa passagem para a dita sociedade informacional.
Dialogando com os pensamentos de Manuel Castells e Pierre Lévy.
Isabela Simões (2009), em seu artigo intitulado “A sociedade em Rede e a
Cibercultura: dialogando com os pensamentos de Manuel Castells e Pierre Lévy na
era das novas tecnologias de comunicação”, propõem fazer exatamente isso: um
diálogo, um confronto de ideias e conceitos entre esses dois autores e suas obras,
incluindo as duas principais de cada um; a “Sociedade em Rede” e “Cibercultura”,
essas, extremamente conhecidas por todos que estudam os avanços tecnológicos
que a sociedade vem vivendo nas últimas décadas.
Muito embora a linha de análise dos autores abordados siga caminhos díspares, sendo Castells com uma abordagem marxista da sociedade capitalista e Lévy com um pensamento antropológico, há um aspecto que não pode ser recusado na intersecção dos autores acerca dos estudos das tecnologias de comunicação, que nos leva a uma conclusão primordial: não é possível mais ignorar o impacto dessas tecnologias à vida humana, muito menos à vida em sociedade. (SIMÕES, 2009, pp. 1 – 2)
O artigo é dividido em três partes: A primeira parte seria “uma
abordagem das tecnologias de comunicação e da rede, com uma alusão específica
ao surgimento computador e da cultura informática”. (SIMÕES, 2009, p. 2). Já na
segunda parte, a autora desmonstra “a abordagem utilitarista exposta por Castells
(1999) e a dimensão subjetiva explorada por Lévy (1998) na formação de uma
inteligência coletiva” (SIMÕES, 2009, p. 2). E por fim, explica através da ótica dos
autores como ocorreram as mudanças ocorridas devido ao avanço da tecnologia nas
sociedades e suas consequências. “[...] indicamos as mudanças trazidas pelas
tecnologias de comunicação, dentro das concepções dos autores sobre o novo
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processo comunicativo que se desvela na sociedade em rede ou na cibercultura”
(SIMÕES, 2009, p. 2).
Após trilhar todo esse processo indicado acima, Simões (2009) finaliza
seu trabalho dizendo que:
Toda a proposta de análise indicada neste artigo teve como objetivos situar o momento histórico no qual a informação ocupa uma posição de destaque no sentido de processamento e geração de conhecimentos. Buscamos apontar alguns dos principais pontos das relações e dos conceitos que envolvem todo o processo de composição da sociedade em rede ou da cibercultura. (SIMÕES, 2009, p. 11)
“Professor sem feice é uma desgraça!”
O projeto “Redes Sociais e Formação docente em Ciências Sociais”
obteve várias conquistas ao longo dos anos, desde artigos publicados e aceitos em
eventos sobre tecnologias e educação, a Trabalhos de Conclusão de Curso. Um
destes trabalhos foi o trabalho de conclusão de curso de Lorena Costa intitulado:
“Professor sem feice é uma desgraça!”: a relação entre docente e discente e suas
extensões nas redes sociais online.
Ela investigou sobre o uso de mídias sociais por professores e alunos do
Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará. Mais especificamente
como o uso dessas mídias influenciou na relação entre esses dois grupos e quais as
consequências desse processo para o ensino-aprendizagem e para a formação de
estudantes e futuros professores.
[...] investigar mais especificamente a utilização da rede social online Facebook pelos docentes e discentes e analisar suas influências no processo de ensino e aprendizagem, além de observar o que muda na relação estabelecida entre eles e como estes administram seus “papéis” na sala de aula e nos ambientes virtuais de sociabilidade, levando em consideração que estes são extensões da vida offline. (COSTA, 2015, p. 8).
Em resumo, a conclusão a que este trabalho chega é a de que as novas
tecnologias de informação e comunicação estão cada vez mais preentes na relação
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entre professores e alunos. A utilização de mídias sociais por parte dos docentes,
em especial o Facebook, é vista pelos alunos como uma forma de aproximação
entre esses dois grupos, e o que de certa forma, acaba alterando o modo como a
figura do docente é vista pelos alunos. No entanto, a utilização dessas mídias, não
necessariamente modifica a forma como os professores lecionam em sala de aula.
O trabalho aponta para uma espécie de auto-revelação dos dois grupos
(docentes e discentes) para a relação estabelecida entre eles.
Percebemos que há a construção de perfis sociais no Facebook e conforme essas pessoas compartilham informações pessoais sobre si em seus perfis, modificam a imagem que transmitem se si através de seus perfis. Com isso, foi possível perceber que existe uma preocupação com a imagem passada pelo perfil de Facebook e os conteúdos lá compartilhados. Para isso, são elaborados filtros, pelos docentes e discentes, que determinam o que deve e o que não deve ser postado, a fim de diminuir possíveis “desgastes” dessa imagem, seja de aluno, ou de professor. (COSTA, 2015, p. 32).
A partir do compartilhamento dessas informações pessoais, mesmo com a administração dessa imagem, a partir do momento que se adiciona um discente ou docente como “amigo”, cria-se um vínculo pessoal, o que reflete diretamente na dinâmica em sala de aula, pois o ensino torna-se pessoalizado, o que na maioria dos casos, motiva os discentes e aumenta a credibilidade dos docentes. (COSTA, 2015, p. 32).
As questões levantadas nesse trabalho são extremamente relevantes,
pois tratam-se de um processo em desenvolvimento: os docentes, em sua maioria,
com uma média de mais de uma década de carreira, tendo de se atualizarem para
uma nova dinâmica de trabalho, tanto dentro quanto fora da sala de aula, enquanto
que os discentes (futuros professores), que viverão uma realidade bem mais
avançada no que diz respeito às novas tecnologias de informação e comunicação.
Por fim, o trabalho aponta para a necessidade da UFPA se adaptar as
novas demandas da atualidade. Qualificar seus profissionais e dar mais apoio e
suporte para que eles possam estar preparados para se integrar na era digital.
[...] é necessário que a universidade propicie ferramentas que otimizem o uso dessas novas tecnologias no espaço acadêmico, por exemplo: melhor infraestrutura de internet sem fio no campus, equipamentos (computadores, tablets, etc); cursos de capacitação mais acessíveis à comunidade acadêmica, entre outras ações que levem em conta a demanda constante e cada vez mais veloz por atualização da comunidade acadêmica no que diz
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respeito às Novas Tecnologias da Informação e Comunicação, e claro, suas possíveis aplicações no campo da educação. (COSTA, 2015, p. 32).
Inclusão Digital de Moradores do Entorno da Universidade
Uma das funções de uma instituição de Ensino Superior é prestar
serviços de qualidade para a comunidade. Nesse sentido foi criado um projeto de
extensão denominado “Inclusão Digital de Moradores do Entorno da Universidade
Federal do Pará”. Este curso tem como eixo temático: a introdução à Informática e
Internet, Word, Excel e PowerPoint.
O objetivo dessa iniciativa é qualificar os moradores que moram no
entorno da Universidade. Para quem não sabe, o campus principal da UFPA fica
localizado entre dois grandes bairros da cidade de Belém tidos como de zona
vermelha, devido aos altos níveis de criminalidade nesses locais. Nesse contexto,
essa iniciativa mostra-se de grande importância, pois pode ajudar uma grande gama
de jovens que moram nessa situação de perigo, tirando-os da ociosidade e
qualificando-os para o mercado de trabalho, pois hoje em dia, como sabemos ter
conhecimentos básicos das ferramentas digitais é essencial para conseguir um lugar
no mercado de trabalho. O curso foi ofertado durante o período de 9 a 17 de
Dezembro no Laboratório do INFOCENTRO – Espaço do Vadião, no campus básico
da UFPA.
A iniciativa da Universidade é boa, mas ainda está muito longe do ideal. É
preciso criar mais projetos de extensão, mais cursos e atividades, para tentar atrair
os jovens desses bairros que moram no entorno da Universidade.
Sociedade em rede
Neste livro, Manuel Castells faz uma análise do atual momento que a
nossa sociedade vive: a era da informação. E o que seria essa “Era da Informação”?
Para Castells (1999) estamos vivenciando uma revolução na nossa sociedade. Essa
revolução antigiu todas as esferas da vida humana, desde o mundo do trabalho, da
educação, até o mundo social do indivíduo. Essa série de mudanças vem sendo
ocasionado pela disseminação da tecnologia.
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Ele apresenta seu livro da seguinte forma:
Este livro estuda o surgimento de uma nova estrutura social, manifestada sobre várias formas conforme a diversidade de culturas e instituições em todo o planeta. Essa nova estrutura social está associada ao surgimento de um novo modo de desenvolvimento, o informacionalismo, históricamente moldado pela reestruturação do modo capitalista de produção, no final do século XX. (CASTELLS, 1999, p. 51)
Para o autor, a Era da informação, é um momento tão importante para a
história quanto a Revolução Industrial. Assim como a Revolução Indústrial se deu
em um determinado país, em um determinado momento específico e em um
determinado contexto sócio-econômico, a era da informação teve início nos EUA,
nas últimas décadas do século XX. Essa revolução tem como matéria-prima a
informação. É essa matéria-prima que no atual estágio da nossa sociedade
movimenta todo o modo de produção capitalista.
O procesamento da informação é focalizado na melhoria da tecnologia do processamento da informação como fonte de produtividade, em um círculo virtuoso de relação entre as fontes de conhecimentos tecnológicos e a aplicação da tecnologia para melhorar a geração de conhecimentos e o processo da informação: é por isso que, voltando à moda popular, chamo esse novo modo de desenvolvimento de informacional, constituído pelo surgimento de um novo paradigma tecnológico baseado na tecnologia da informação. (CASTELLS, 1999, p. 54)
Nesse novo mundo, os países que não estiverem adequados socialmente
e tecnologicamente às exigências da era da informação, são marginalizados em
relação ao resto do mundo.
Sem dúvida, a habilidade ou inabilidade de as sociedades dominarem a tecnologia e, em especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente desicivas em cada período histórico, traça seu destino a ponto de dizermos que, embora não determine a evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de transformação das sociedades [...]. (CASTELLS, 1999, p. 44)
O mesmo acontece com os trabalhadores pelo mundo todo. É necessário
que os trabalhadores dessa nova era estejam preparados para lidar com as novas
tecnologias advindas desse novo processo de desenvolvimento que vem atigindo
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todos os setores do atual sistema capitalista pois “[...] há pouco espaço para os não-
iniciados em computadores, para os grupos que consomem menos e para os
territórios não atualizados com a comunicação” (CASTELLS, 1999, p. 60).
Segundo Castells (1999), “A pesquisa acadêmica avançada e um bom
sistema educacional são condições necessárias, porém não suficientes, para que os
países, as empresas e os indivíduos ingressem no paradigma informacional”
(CASTELLS, 1999, p. 167). Ele é muito direto em relação a sua mensagem de que
a condição primordial para que um país seja inserido no informacionalismo, é que
ele faça pesados investimentos em Educação, Ciência e Cultura. Somente com esse
“tripé” os países alcançaram o desenvolvimento não só econômico, como também o
desenvolvimento social.
As nações ditas desenvolvidas, todas elas investiram nessas três
diretrizes ao longo de sua história, ao contrário do Brasil, que sempre negligenciou
os investimentos nesses três setores, e agora tenta de forma tardia e precárizada
adentrar na dita era da informação.
Então como podemos perceber, “As redes de computadores estão
crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais de comunicação,
moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldadas por ela” (CASTELLS, 1999,
p.40). E essas mudanças que vem ocorrendo, principalmente as mudanças sociais,
são tão intensas e revolucionárias quanto os processos de desenvolvimento
tecnológico e econômico.
O retrato da exclusão digital na sociedade brasileira.
No atual estágio em que vivemos, estamos cercados por todos os tipos de
tecnologias. Elas encontram-se presentes em todos os lugares. Dessa forma, torna-
se indispensável que as pessoas conheçam as atuais ferramentas da informática,
mesmo que de forma básica. A necessidade de possuir conhecimentos de
informática básica mostra-se presente, por exemplo, desde o momento em que um
aluno precisa digitar um trabalho no computador até o momento de procurar um
emprego, porque a maioria dos cargos no mercado de trabalho, hoje em dia, exige
conhecimentos em informática.
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Sendo assim, quem não possui esses conhecimentos na referida área,
não conhece ou não está totalmente familiarizado com as ferramentas tecnológicas,
muitas vezes encontra grandes dificuldades para conseguir emprego ou realizar
diversas tarefas do dia-a-dia.Na sociedade em que vivemos atualmente, uma pessoa sem conhecimentos em informática, muitas vezes é tida como desqualificada para trabalhar, visto que mesmo nas pequenas empresas ou escritórios os sistemas de informação estão presentes. Em conseqüência, gera-se baixa renda e desemprego. (ALMEIDA e PAULA, 2005, p. 59).
Vivemos em uma era digital, aonde o que ainda não é digital, em breve
será. Sendo assim, devemos nos adaptar a esse processo ou seremos esmagados
por ele. Mas como fazer isso em um país aonde ás desigualdades sociais são
fortemente presentes na sociedade?
Atualmente, fala-se muito em Exclusão Digital, mas o que esse termo
significa de verdade? “De modo geral, o termo exclusão digital é usado para
sintetizar todo um contexto que impede a maior parte das pessoas de participar dos
benefícios das novas tecnologias” (ALMEIDA e PAULA, 2005, pp. 58 – 59).
Ao contrário do que comumente se pensa, a exclusão digital está
intimamente ligada á exclusão social. Fala-se muito hoje em dia sobre a exclusão
digital e suas consequências maléficas para a vida das pessoas, mas fala-se pouco
sobre suas consequências para o desenvolvimento do país. Essa exclusão digital
prejudica a economia, pois as empresas estão cada vez mais se adequando ao atual
paradigma tecnológio, essas empresas investem pesado em tecnologias e
necessitam de mão de obra qualificada para lidar com esses novos sistemas e
programas tecnológicos e de que forma elas vão suprir essa demanda de mão de
obra qualificada se grande parte da população do país encontra-se a margem da
sociedade informacional?
Primeiramente é preciso ter em mente que o problema da exclusão digital
no Brasil, não é o mesmo problema da exclusão digital em outros países. Os
projetos para solucionar esse problema, não podem simplesmente serem copiados
de outros lugares aonde eles deram certo. É necessário primeiramente respeitar as
necessidades de cada lugar, de cada região, pois um projeto que deu certo em um
lugar, pode não dar certo em outro. Cada caso é um caso.
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Almeida e Paula (2005) em seu artigo intitulado “O retrato da exclusão
digital na sociedade brasileira”, analisam o problema da exclusão digital no Brasil
mostrando como ela é fruto da exclusão social e como as duas andam fortemente
ligadas. Pois segundo elas, “A exclusão sócio-econômica desencadeia a exclusão
digital, ao mesmo tempo que a exclusão digital aprofunda a exclusão sócio-
econômica” (ALMEIDA e PAULA, 2005, p. 59).
Para elas, no caso do Brasil, devido ao problema da exclusão digital ser
intimamente interligado ao contexto socioeconômico, ele deve ser combatido em
conjunto. As estratégias para combater um devem está alinhadas para combater
também o outro. A exclusão digital, não pode ser tratada de forma separada da
exclusão social.
Muitas vezes tenta-se combater esses problemas de forma separada,
copiando modelos que deram certo em outros países. É preciso estar atento a esse
erro, pois cada caso é um caso. Devemos adequar ás estratégias de combate, os
projetos e programas de inclusão de digital, de acordo com as nossas
particularidades. A criação de telecentros e outras medidas para combater a
exclusão digital não valem de nada se não for aliada a criação de emprego e renda
para inserir a população mais carente não só no mundo digital, mas
consequentemente no mercado de trabalho.
Aplicando um olhar mais crítico, verifica-se que a solução para o problema da exclusão digital vai além das implementações de telecentros e disponibilização de terminais de acesso público. Os dois problemas, exclusão digital e social, têm que ser tratados juntos, analisando-se as características sociais que impactam no processo de inclusão digital e estando ciente de que a não participação dos indivíduos no processo tecnológico afeta o país sócio-economicamente. Para tanto, é necessário que o governo se mobilize e, além de disponibilizar as tecnologias, eduque, incentivando assim os cidadãos a utilizarem-nas para benefícios próprios e de sua nação. (ALMEIDA e PAULA, 2005, pp. 59 – 60).
É necessário fazer com que a população que está a margem da
sociedade da informação, conheça as tecnologias da informação, aprenda a utilizá-
as da melhor forma possível, mas além de tudo isso, é preciso fazer com que essas
pessoas vejam utilidade no que elas estão aprendendo. O indíviduo precisa ser
conscientizado de que aquele conhecimento será útil na sua vida, para o seu dia-a-
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dia, no seu processo de aprendizado e, futuramente para o seu ingresso no mercado
de trabalho e consequentemente o desempenho de suas atividades no mesmo.
É necessário ainda mostrar às pessoas como a tecnologia da informação pode ser relevante no seu meio de vida. Não adianta dizer a um pescador que o Word serve para ele escrever um memorando, pois ele não verá aplicação prática na vida dele. Deveria então se falar que o Word serve para que ele possa escrever uma carta a um mercado oferecendo seu pescado. Desta forma ele veria a informática sendo utilizada a seu favor. (ALMEIDA e PAULA, 2005, p. 65).
Os projetos de inclusão digital no Brasil são extremamente importantes,
mas normalmente eles só têm como objetivo ensinar os processada os básicos da
informática. É preciso ir mais além. É necessário fornecer a formação continuada
para os indivíduos que já foram inseridos nesse universo digital. Qualificar essas
pessoas ao máximo, pois quanto mais elas aprenderem, mais teram vontade de
aprender coisas novas relacionadas a esse assunto, e a consequência disso, é que
teremos cada vez mais indivíduos qualificados e aptos para ingressarem no
mercado de trabalho.
[...] deve-se permitir a continuidade das atividades de inclusão digital, permitindo que o indivíduo aprofunde-se cada vez mais nos conhecimentos. Levantados os aspectos que os telecentros devem ter em mente para que cumpram seu papel, seria interessante ainda mencionar que a correta utilização da tecnologia da informação é um fator gerador de renda e que pode garantir outras melhorias na qualidade de vida da população que as políticas de distribuição de renda, visto que ensina às pessoas como pescar, e não apenas “dá o peixe a elas”. (ALMEIDA e PAULA, 2005, pp. 65 – 66).
ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NOS PRÓXIMOS MESES
Nos meses seguintes será dada continuidade a pesquisa de acordo com
o foi demonstrado nesse relatório, através da pesquisa de campo utilizando
materiais e métodos como roteiros de entrevistas semiestruturadas e anotações em
diários de campo. Além disso, está programada para os próximos meses a
participação em eventos e publicação de trabalhos relacionados com o projeto de
pesquisa. Contudo, essas atividades serão realizadas no âmbito da Pós-Graduação,
pois fui aprovado na seleção de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em
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Sociologia e Antropologia (PPGSA) da UFPA. A partir do primeiro semestre de 2016
realizarei pesquisas nesta mesma temática com vistas à produção de trabalho para
formação em nível de mestrado.
CONCLUSÕES
Como é possível constatar neste relatório, o projeto “Redes Sociais e
Formação Docente em Ciências Sociais”, vem gerando bons frutos ao longo do
tempo. Participações de bolsistas em eventos, aceitação e publicação de artigos
científicos em revistas, além de recentemente dois trabalhos de conclusão de curso
oriundos do referido projeto. Essas conquistas só vêm confirmar que o projeto está
no caminho certo e que ainda há muito chão para ser trilhado.
Os estudos sobre Redes Sociais, formação docente e questões sobre a
comunicação não são recentes nas Ciências Sociais. Estudos clássicos da
Antropologia e Sociologia já davam conta da importância das análises sobre saberes
e práticas relacionados à reciprocidade em termos de comunicação e educação,
dentre outras. Ainda verificam-se que o processo das atuais relações sociais envolve
uma série de variáveis que englobam a cultura, a organização e estrutura social
(bem como as contradições a elas inerentes), os impactos das mudanças
socioantropológicas contemporâneas no mundo do trabalho e vários outros aspectos
das realidades do mundo globalizado.
DIFICULDADES
Não houve dificuldades significativas nesta etapa da pesquisa.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Lília Bilati de; PAULA, Luiza Gonçalves de. O retrato da exclusão digital na sociedade brasileira. Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de
Informação, Vol. 2, No. 1, 2005, pp. 55-67
AMARAL, Adriana; NATAL, Geórgia; VIANA, Lucina. Netnografia como aporte metodológico da pesquisa em comunicação digital. In: Sessões do imaginário,
Cinema, Cibercultura, Tecnologias da Imagem. Porto Alegre, número 20, dezembro
de 2008, Famecos – PUCRS.
BONI, Valdete; QUARESMA, Sílvia Jurema. Aprendendo a entrevistar: como fazer
entrevistas em Ciências Sociais. Revista Tese, Vol. 2 nº 1 (3), janeiro-julho/2005, p.
68-80.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em Rede: a era da informação: economia,
sociedade e cultura - Volume 1. São Paulo: Paz & Terra, 1999.
SIMÕES, Isabella de Araújo Garcia. A Sociedade em Rede e a Cibercultura:
dialogando com o pensamento de Manuel Castells e de Pierre Lévy na era das
novas tecnologias de comunicação. Revista Eletrônica Temática. Ano V, n. 05 –
Maio/2009.
TRINDADE, Lorena. “Professor sem feice é desgraça!”: a relação entre docente e
discente e suas extensões nas redes sociais online. 2015. 35f. Monografia (Trabalho
de conclusão de curso em Ciências Sociais)-Curso de graduação em Ciênciais
Sociais. UFPA. 2015.
DIFICULDADESNão houve dificuldades significativas nesta etapa da pesquisa.
PARECER DA ORIENTADORA:A pesquisa foi realizada conforme o proposto no projeto e plano de trabalho. O
desenvolvimento das tarefas contribuiu para a formação do graduando em termos da
prática de pesquisa nas Ciências Sociais. Como evidência deste avanço conceitual e
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empírico tem-se a aprovação de Tássio Damasceno na seleção de Mestrado do
Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA/UFPA).
Certamente, continuará sua formação com a mesma dedicação com que sempre
realizou as atividades de pesquisa neste projeto.
DATA: 22 de fevereiro de 2016
Denise Machado Cardoso_________________________________________ASSINATURA DA ORIENTADORA
Tássio de Souza Damasceno
___________________________________________ASSINATURA DO ALUNO
INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do
mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para
pós-graduação, o nome do curso e da instituição.
O aluno ingressou na turma 2016 do Programa de Pós-Graduação em
Sociologia e Antropologia - PPGSA - UFPA
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FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES ASPECTOS DO RELATÓRIO :
1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se
ocorreram mudanças significativas, elas foram justificadas?
1. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho ?
1. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com
os objetivos propostos?
1. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista?
Comentar sobre a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido
gerada nenhuma, os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em
que tipo de veículo?
1. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório
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1. Parecer Final:
Aprovado ( )
Aprovado com restrições ( ) (especificar se são mandatórias ou recomendações)
Reprovado ( )
1. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) _____________
Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o
desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório.
Data : _____/____/_____.
________________________________________________
Assinatura do(a) Avaliador(a)