Post on 18-Apr-2015
Uso da Oxigenoterapia Hiperbárica na Síndrome de Fournier
Dra. Vânia Lúcia Cabral RebouçasDra. Vânia Lúcia Cabral Rebouças
Síndrome de FournierSíndrome de Fournier Descrita inicialmente em 1883 por Fournier por fascite necrotizante idiopática Descrita inicialmente em 1883 por Fournier por fascite necrotizante idiopática
do escroto e pênis rapidamente progressiva em homem jovem e saudável.do escroto e pênis rapidamente progressiva em homem jovem e saudável.Definição atual:Definição atual:
Fascite necrotizante por flora poli-microbiana que atua sinergicamente, Fascite necrotizante por flora poli-microbiana que atua sinergicamente, comprometendo o períneo, escroto e pênis, usualmente desencadeada por comprometendo o períneo, escroto e pênis, usualmente desencadeada por manipulação ou infecção geniturinária ou coloretal, ou mesmo de causa não manipulação ou infecção geniturinária ou coloretal, ou mesmo de causa não determinada, em geral em pacientes imunosuprimidos.determinada, em geral em pacientes imunosuprimidos.
Etiologia Etiologia
Origem coloretal 13 a 50%Origem coloretal 13 a 50% Urogenital 17 a 87%Urogenital 17 a 87% Infecção cutâneaInfecção cutânea Trauma localTrauma local
FOURNIER'S DISEASE
Urologic Clinics of North AmericaVolume 26 o Number 4 o November 1999
Department of Urology, University of North Carolina, School of Medicine, Chapel Hill, North Carolina.
Apresentação clínica Edema escrotal Mal cheiro Lesão de pele inicialmente desproporcional a quadro clínico
Dor no períneo desproporcional aos achados locais
Crepitação em caso de infecção por anaeróbio Febre Necrose de pele nas fases mais tardias Choque séptico
Patologias Associadas Diabetes 60% Alcoolismo 60% Imunossupressão Pobre higiene Paciente hospitalizado Doença maligna Dependente de drogas Má nutrição
Exames Complementares Rx simples: evidencia a presença de gás US: evidencia edema , coleções e gás. Pode estar
normal em muitos casos. RM e TC: estudo de planos mais profundo e
identificação da disseminação da infecção para planos de fáscias retro-peritoneais. Poderá auxiliar na identificação origem da infecção.
Colonoscopia e uretrocistoscopia: identificação de fistulas e comprometimento anal, retal e uretral
Fisiopatologia Porta de entrada > bactéria penetra na
fáscia profunda > endarterite obliterante > edema > trombose de pequenos vasos > necrose do plano facial e tardiamente do subcutâneo e pele (isquemia local + sinergismo bacteriano) > ambiente hipóxico > aumento proliferação bacteriana > extensão da infecção.
Prognóstico Mortalidade: 14 a 45% podendo chegar 75% Fatores prognósticos: idade avançada, Hto
baixo, escorias nitrogenadas elevadas, cancer, albumina baixa, fosfatase alcalina elevada.
Tempo entre diagnóstico e cirurgia elevado.
Tratamento Equilíbrio metabólico e hidro-eletrolítico Estabilidade hemodinâmica Antibioticoterapia de amplo espectro Cirurgia :
Desbridamento amplo do plano facial preservando pele integra
Derivação urinária no comprometimento ureteral Derivação intestinal se extensa lesão perineal e
contaminação da ferida pelas fezes..
Oxigenoterapia hiperbárica precoce
Referência Bibliográfica Hyperbarica oxygen in the treatment of
Fournier`s gangrene. Eur J Surg. 01-Apr-1998; 164(4):251-5
Descreve 33 pacientes tratados com abordagem cir, antibioticoterapia e OHB sob 2,5 ATA com 9% de mortalidade, sendo descrito redução precoce da toxemia, limitação rápida das lesões e melhora rápida do estado geral.
Referência Bibliográfica Fournier gangrene: therapeutic impact of
hyperbaric oxygen. Plast Reconstr Surg – 01-Jan-1998; 101(1):
94-100
Trabalho retrospectivo com análise de 26 caso, sendo que 14 foram tratados com OHB.
A mortalidade no grupo de OHB foi de 7% contra 42% no grupo sem OHB.
Uma abordagem complexa para o tratamento da Sindrome de Fournier .Adv Clin Exp Med. 2013 Jan-Feb; 22 (1) :131-5.Sroczyński M , Sebastian M , Rudnicki J , Sebastian A , Agrawal AK .FonteDepartamento de Cirurgia Minimamente Invasiva e Proctologia, Wroclaw University Medical, Wrocław, Polônia.AbstratoFournier é gangrena necrotizante, fasceite perineal, genital e região perianal, que pode se espalhar para a parede abdominal, causando necrose dos tecidos moles e sepses com elevado risco de perda de vida. Normalmente, é uma infecção polimicrobiana. A prevalência da doença é baixa, mas a taxa de mortalidade permanece alta. Várias doenças urogenitais e anorretais, bem como diabetes mellitus e patologias associadas e uso de drogas com a reação imunossupressora, podem predispor um indivíduo para o desenvolvimento de Síndrome de Fournier. Um diagnóstico é clínico, mas os exames radiológicos pode ser útil na determinação da extensão do processo necrótico. O tratamento consiste principalmente de desbridamento cirúrgico agressivo, combinações de antibióticos de amplo espectro e Oxigenoterapia hiperbárica. Devido à sua heterogeneidade e agressividade, a Síndrome de Fournier é uma condição médica muito séria e complexa e que deve estar sob os cuidados de uma equipe interdisciplinar, com acesso não só para o melhor atendimento cirúrgico e clínico, mas também acesso a uma câmara hiperbárica .
Oxigenoterapia Hiperbárica
Método terapêutico onde o paciente respira oxigênio a 100% em uma pressão superior a pressão atmosférica
Papel da Oxigenoterapia Hiperbárica • Aumenta a solubilidade do O2 elevando a pO2
tecidual • Melhora a resposta imunológica por otimização da
ação bactericida dos neutrófilos pela via aeróbica• Cria um micro ambiente tecidual inadequado a
proliferação bacteriana e inibe algumas toxinas bacterianas.
• Corrige a hipóxia tecidual e celular melhorando a resposta a agressão local por manutenção do metabolismo aeróbico, produção adequada de ATP e integridade celular.
Papel da Oxigenoterapia Hiperbárica• Melhora da resposta inflamatória sistêmica
por diminuir a síntese e liberação de cininas vasoativas e fator de necrose tumoral.
• Aumenta a síntese de óxido nítrico diminuindo adesão leucocitária no endotélio pós capilar.
• Aumenta o turnover dos radicais livres de O2
Papel da Oxigenoterapia Hiperbárica
• Melhora da perfusão local por suas ações hemodinâmicas:• Vasoconstricção periférica, com fechamento dos shunts
pré-capilares o que redireciona o fluxo para a área central das lesão.
• Diminuição da permeabilidade capilar com diminuição do edema.
• Acelera a cicatrização dos tecidos por melhorar a função do macrófago e fibroblasto, intensificação da angiogenese
• Aumenta a produção de colágeno e diminui a fibrose.
Efeitos gerais da OHB• A OHB é terapia coadjuvante levando a:• Diminuição do tempo da antibioticoterapia• Recuperação mais rápidas dos tecidos comprometidos;• Diminuição da reação inflamatória sistêmica;• Diminuição do número de intervenções cirúrgicas.• Diminuição da mutilação;• Diminuição do tempo de cicatrização;• Melhora da qualidade do tecido cicatricial;• Diminuição tempo de internação em cerca • 30 % e custo total em 40%.
Oxigenoterapia Hiperbárica• O tratamento é feito em sessões diárias
de 90 a 120 minutos;• Podem ser utilizadas câmaras
monopaciente ou multipacientes;• É reconhecida pelo CFM desde 1995;
CÂMARA MULTI-PACIENTECÂMARA MULTI-PACIENTECÂMARA MONO-CÂMARA MONO-
PACIENTEPACIENTE
Casos clínicos
Caso 01 Diabético, 36 a HRU, diarréia com retenção urinária, submetido a
cateterismo 5 dias antes. Evoluiu com abscesso perineal. Em 06/03/2002 drenagem e extenso debridamento. Evoluiu com piora progressiva apesar de extensa
cobertura antibiótica e 3 cirurgia de debridamento. Encaminhado para OHB com 15 dias de evolução
com sinais sistêmicos de toxemia
11/03/2002 18/03/2002 após 3 sessões de OHB
03/04/200216 sessões OHB
13/04/2002
23/04/200223/04/2002
Caso 2 Diabético, 76 a, Frotinha Bezerra Infecção extensa de períneo e parede abdominal no
7* dia pós op de cir. Hérnia inguinal Submetido a 3 debridamentos. Iniciado OHB com cerca de 10 dias do início do
quadro. Sinais sistêmico de sépsis, sem uso de vasopressor. Melhora rápida do estado geral após início da OHB.
Sessão 16
Sessão 24
Resultado final com 26 sessões de OHB
Caso 3 72 a, coronariopata.
Abscesso perianal inicio 7 dias antes. Entrada no HGE em sépsis, submetido a debridamento e orquiectomia dir.
Três dias após novo debridamento. Toxemia sistêmica em uso de vasopressor e
antibioticoterapia de ampla espectro. Iniciado OHB no 5* dia internação, ainda
dependente de dobutamina
Início de Tratamento
OHB sessão 04, já sem droga vaso-ativa. Rápida regressão edema e diminuição da área da
lesão.
Fechamento com 13 sessões de
OHB
CONCLUSÃO Na Síndrome de Fournier o tratamento clínico-cirúrgico deve
ser agressivo e imediato. É necessário uma equipe multidisciplinar: cirurgiões, clínicos,
terapia intensiva, hiperbaricista, enfermagem, fisioterapeutas e cirurgiões plásticos
O principal meio de se reduzir a alta morbi-mortalidade é o diagnóstico precoce a intervenção cirúrgica o mais rápido possível.
A OHB é um método terapêutico coadjuvante que reduz mortalidade, acelera o controle da infecção, limita mais rápido as lesões e propicia fechamento precoce das mesmas, principalmente quando utilizado precocemente.