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Capítulo 1
Talvez seja só um arranhão.
Willow Randall observa atentamente a garota sentada
do seu lado oposto. Alguns devem notá-la por sua beleza.
Outros pelos seus cabelos intensamente vermelhos. Se os
meninos da classe estivessem olhando, veriam claramente
o contorno do seu sutiã embaixo da sua blusa. Mas os
olhos de Willow estão fixos em outra coisa: um vergão ver-
melho e inflamado com cerca de três centímetros de com-
primento, do seu cotovelo até o pulso. Se Willow desse uma
olhadela com mais atenção, notaria até algumas manchas
de sangue seco.
Como ela fez isso? Ela não parece ser desse tipo.
Talvez ela tenha um gato. Um monte de gatinhos.
Sim, é isso. Brincando com seu gatinho. Provavelmente foi
como aconteceu.
Willow afunda-se na sua cadeira. Seu olhar inquisidor,
porém, não passou despercebido e a garota vira-se para um
de seus amigos e começa a cochichar.
Bzzzz...
O que eles estão dizendo?
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Willow olha de modo incerto para as outras garotas. Ela tem o mau pressentimento de que as meninas falavam dela e tem certeza também que sabe o que elas diziam.
Ela é aquela garota que não tem pais.
Não. Ela é aquela que matou os pais.
O cochicho delas lembra o ruído de folhas secas. Willow sempre odiou esse som. Ela luta contra a vontade de tapar os ouvidos com as mãos, relutante em chamar ainda mais aten-ção para si mesma. No entanto, ela não consegue parar o barulho que flui para fora da boca delas. Bzzzzz...
Os sons a devoram. Ameaçam esmagá-la.Somente uma coisa pode fazer isso parar.Willow levanta-se bruscamente, mas seu cadarço se en-
gancha na perna da cadeira e ela é arremessada para a frente. Seus livros caem no chão com um estrondo. Ela agarra a mesa com as duas mãos, mal conseguindo ficar em pé.
Silêncio mortal. Todos a olham fixamente.Ela pode sentir seu rosto queimando e encara as duas
garotas que estavam cochichando. – Willow? – a sra. Benson parece alarmada. Ela está cla-
ramente preocupada, não é só fingimento. Ela é uma boa professora.
Ela é gentil com as crianças gordas, com as cheias de espi-nhas, então por que não com as órfãs? Por que não com as crianças assassinas?
– Eu só… – Willow levanta-se vagarosamente. – Só… ao banheiro.
Seu rubor intensifica-se dolorosamente. Ela envergonha-se do seu jeito desastrado. Envergonha-se do jeito que olhou para aquelas garotas... e ela não poderia ter arrumado uma des-culpa diferente?
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A sra. Benson faz um sinal com a cabeça concordando,
mas parece em dúvida, como se suspeitasse.
Willow pouco se importa. Tudo que ela quer é fugir ra-
pidamente e deixar aqueles sorrisinhos maliciosos para
trás. Ela pega seus livros, agarra a bolsa e, assim que está
do lado de fora da porta, começa a correr pelo corredor. Um
momento. Nada de correr pelos corredores. Ela desacelera
para uma caminhada. Isso é tudo que ela não precisa no
momento, encrencar-se por causa de uma estúpida corrida
pelo corredor.
O banheiro cheira a cigarro. Não há ninguém ali. Ótimo. A
porta de uma das cabines balança, indicando que está deso-
cupada. Willow a chuta, fechando-a atrás de si e abaixa a
tampa do vaso antes de se sentar.
Ela revira sua bolsa. Fica fora de si porque não consegue
encontrar aquilo que precisa tão desesperadamente. Será que
ela esqueceu de pegar mais suprimentos? Finalmente, quan-
do perdia as esperanças, quando estava prestes a uivar como
um animal, sua mão se fecha em um metal liso. Seus dedos
testam quão afiada é a borda. Perfeito. É uma lâmina nova.
As vozes das garotas ressoam em sua cabeça. O clamor
delas a faz abandonar todo e qualquer pensamento racional.
Ela arregaça as mangas.
A ferida feita pela lâmina mata o ruído. Apaga da memó-
ria aqueles rostos encarando-a. Willow olha para seu braço,
para a vida brotando de si. Pequenas alfinetadas vermelhas
que florescem em gigantes peônias.
Peônias como aquelas que minha mãe costumava plantar.
Willow fecha seus olhos, absorvendo o silêncio. Sua res-
piração fica mais profunda com cada imersão da navalha.
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O silêncio reina, não como aquele quando ela tropeçou, mas
um perfeito e puro.
Não se pode dizer que alguma coisa tão dolorida faça com
que se sinta bem, exatamente. É como se fizesse tudo pare-
cer certo. E algo que parece tão certo não pode ser ruim. Tem
que ser bom.
É bom. Melhor que bom.
Melhor que qualquer coisa com algum cara.
Melhor que leite materno.
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Capítulo 2
– Não, está fora até o dia vinte e seis – diz a srta. Hamilton com um rápido sorriso profissional. Willow está ao seu lado, atrás do balcão, abafando um bocejo. Ela está cansada. Graças a Deus que seu turno na biblioteca está quase no fim. Ela dá uma olhada em seu relógio. Bem, não exatamente no fim; ainda faltam quarenta e cinco minutos.
Willow sabe que deveria ser grata por esse emprego. Afinal de contas, seu irmão teve que mexer uns pauzinhos para con-segui-lo para ela. Três tardes por semana ela ajuda na biblioteca da universidade. Isso traz algum dinheiro. Não o suficiente, porém mais do que ela ganharia em sua cidade natal na loja local da Häagen-Dazs, fazendo bolas de sorvete.
Claro que em sua antiga casa qualquer dinheiro que ga-nhasse iria direto para o seu próprio bolso. As coisas aqui são um pouco diferentes. Agora ela trabalha para ajudar o irmão com as despesas. Agora ela tem que se preocupar com coisas como a conta de luz. Mas isso não é assim tão ruim, pelo menos não em comparação com o restante de sua vida.
– Acredito que podemos conseguir para você no emprés-timo entre bibliotecas – continua a srta. Hamilton. – Willow, você resolve isso?
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A srta. Hamilton olha para ela categoricamente, pronta
para atacar se ela cometer um erro. Ela não é uma má pessoa,
não de verdade. É boa o suficiente com todo mundo, só não
gosta da Willow invadindo sua biblioteca. A maioria das pes-
soas que trabalham lá são estudantes de graduação e aqueles
que não são escolheram a biblioteca como carreira. Basta dizer
que Willow é a única aluna do ensino médio por ali.
É como tudo o mais ultimamente. Ela simplesmente não
pertence ao lugar.
Willow pega o cartão que o homem preencheu com sua
letra trêmula e emaranhada. Ele está a procura de algum tra-
balho obscuro de filósofos do século XII. Ela dá uma olhada
nele. Um homem velho. Bem velho. Provavelmente nos seus
setenta anos. É sempre interessante ver os diferentes tipos
que perambulam por ali.
– Deve chegar em alguns dias – ela diz enquanto tecla o
número de localização no computador. – Você escreveu seu
telefone? – ela olha novamente para o cartão. – Perfeito, nós
lhe avisaremos quando chegar.
– Maravilha! – ele diz com um verdadeiro entusiasmo.
Willow nota seu sorriso amigável. Ela aposta que ele é um
professor aposentado que ainda gosta de ler. Seus olhos posi-
tivamente cintilavam com a possibilidade de pôr as mãos no
livro. O pai dela teria sido assim em vinte anos ou mais.
Apenas a ideia de alguma monografia sobre uma tribo pouco
conhecida na Nova Guiné teria sido suficiente para deixá-lo
entusiasmado.
Teria sido.
Ela é surpreendida por uma onda de desespero, é até di-
fícil se manter em pé. Segura a borda do balcão com tanta
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força que as articulações de seus dedos ficam brancas. Não
pode se dar ao luxo de perder o controle ali. Será que há al-
guma maneira, alguma forma, de ela arranjar uma desculpa e
ir fazer o que precisa sem que a srta. Hamilton fique brava?
Willow pode ver sua bolsa com todos os seus suprimentos
embaixo de uma das cadeiras. Apenas vê-la ali já a acalma
um pouco. Ela afasta suas mãos da mesa e esfrega os braços,
apreciando o modo como o algodão irrita suas feridas. Isso
terá que bastar por agora.
– Willow! – a voz da srta. Hamilton é aguda; certamente
esta não é a primeira vez que chama seu nome.
– Desculpe – Willow está tão assustada que praticamente
dá um pulo. Ela se força a desviar o olhar da bolsa e focar no
rosto carrancudo da srta. Hamilton.
– Eu preciso que você vá até as estantes de livros.
– Certo – ela concorda com a cabeça, apesar de odiar as
estantes. Elas são sujas, nitidamente cobertas de poeira. São
também assustadoras. Willow ouviu rumores sobre fantas-
mas. Não que acredite em fantasmas, mas ainda assim...
– Este jovem esqueceu a identidade, você precisa subir
com ele.
Willow muda a atenção para o sujeito encostado no balcão
atrás da srta. Hamilton. Bom, esse cara não tem setenta anos
de idade. Ele é provavelmente só alguns anos mais velho que
ela. Ele tira o cabelo dos olhos e lança um sorriso indolente
para ela. Willow sabe que devia sorrir de volta, mas não con-
segue, ela perdeu o jeito para isso.
– Vou levá-lo em um segundo – ela vira-se para a srta.
Hamilton. – Só tenho que terminar… – Willow faz um gesto
vago em direção ao computador.
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A srta. Hamilton inclina a cabeça concordando e se afasta,
porém o rapaz não. Ele continua olhando. Pode sentir que os
olhos dele a seguem enquanto ela cuida do empréstimo entre
as bibliotecas.
Willow tem certeza que está sendo paranoica, contudo o
olhar fixo dele é aterrorizante. Isso a faz lembrar das garotas
na escola. Ela absolutamente não gosta da ideia de subir até
as estantes de livros com ele. Só para atrasar as coisas, leva
muito mais tempo que o necessário para preencher todos os
campos de informação.
– Então, e aí? – ele diz após um ou dois minutos.
Ele está começando a ficar impaciente. Seus dedos batem
sobre o balcão e sua voz tem uma rispidez distinta. Ele não
parece mais tão interessado nela assim.
Willow suspira de alívio. Com isso ela pode lidar.
– Sim, tudo bem. Só um minuto – sua voz se equipara à
dele.
– Por que você não me deixa fazer isso para você? – diz
Carlos, pegando dela a ficha do autor do século XII. Carlos é
um dos estudantes de graduação e ele tem a mesma idade que
o irmão dela. Willow gosta dele – bem, tanto quanto ela pode
gostar de alguém esses dias. Ele é legal com ela, já a cobriu
mais de uma vez.
– Obrigada – ela diz baixinho. Ela queria, em vez disso,
que ele a deixasse terminar as coisas no computador e levasse
o garoto até as estantes.
– Bem, vamos lá – Willow marcha à frente dele em dire-
ção ao elevador.
– Você sabe onde está? – ela pergunta, olhando para o
cartão que ele preencheu. – Não importa, já sei.
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Ela entra no elevador e aperta o botão para as estantes do
décimo primeiro andar. As portas se fecham e eles ficam
sozinhos. Willow olha direto para a frente, para os números
iluminados.
– Eu sou Guy – ele diz após um momento. – Como você
se chama?
– Willow.
– Willow… – ele diminui a voz, obviamente esperando
ela completar. – Willow? – ele a instiga após um segundo. –
Qual o seu sobrenome?
Willow não consegue pensar em uma forma de evitar a
resposta sem ser absolutamente rude.
– Randall – diz ela.
– Você é parente do David Randall? – ele a olha com
curiosidade. – Achei que você parecia um pouco familiar. Eu
tive antropologia com ele no ano passado. Ele é ótimo.
– É, ele é meu irmão – Willow responde em um tom des-
tinado a desencorajar a continuação do diálogo. Essa conversa
fiada está começando a deixá-la nervosa.
– Você não é estudante aqui, é? – ele franze a testa. – Você me
parece um pouco nova. Como conseguiu esse emprego?
Willow não responde de imediato. As perguntas dele estão
deixando-a desconfortável. Ela começa a contar os andares
em voz baixa. Mal pode esperar até que o passeio termine.
– Eles geralmente só contratam estudantes universitários
– ele continua. – Caso contrário eu tentaria o emprego. Ado-
raria trabalhar na biblioteca.
Sua expressão é agradável e sua voz amável. Se perce-
beu que ela está sendo um pouco distante, não pareceu se
incomodar.
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– Se você não é um estudante universitário, o que está fazendo aqui? – Willow fica confusa.
– Minha escola tem esse programa em que podemos fre-quentar cursos na universidade em troca de créditos – ele diz. – Então, e você, como você conseguiu esse emprego?
– Estou morando com meu irmão no momento – Willow diz depois de um tempo. – Ele deu um jeito.
O elevador para e eles saem.As estantes estão escuras; as luzes são ligadas por um
temporizador, que Willow aperta apressadamente. Ela pisca rápido enquanto seus olhos se adaptam à pouca iluminação. Seus olhares se encontram e por um momento ela se sente reagindo como qualquer garota normal faria se estivesse em pé ao lado de um jovem atraente. Ela fica corada, um pouco envergonhada e um pouco atraída também.
Willow se afasta dele, o máximo que pode. Ela não pode lidar com nada desse tipo agora.
– Ei, cuidado! – Guy estica a mão para segurá-la conforme ela bate contra as prateleiras de metal.
Willow puxa seu braço para longe, espantada por como o toque dele a afeta. De certo modo, a mão dele é tão aflitiva e dolorosa como a lâmina... só o efeito é ligeiramente diferente. A navalha a entorpece, a faz esquecer, mas isso... bem... ela treme e esfrega os braços convulsivamente.
– Está com frio? – ele levanta uma sobrancelha.– Estou bem, obrigada. Eu... vamos lá, vamos pegar seu
livro, OK?Willow verifica o número de localização novamente, então
vira-se e segue pelas estantes. Ela acha o volume com facilidade e está prestes a entregar
para ele quando olha de relance o título e para, transtornada.
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– Está tudo bem? – Guy franze a testa enquanto a observa.
– Sim, claro, eu só… – a voz de Willow morre. Ela não
consegue parar de encarar o livro. Bem, ela não deveria ficar
tão surpresa. Ele mencionou alguma coisa sobre antropo-
logia e este trata-se de um clássico.
– Você conhece este livro? Quer dizer, você já leu Tristes
Trópicos? – ele pergunta enquanto tira o livro das mãos dela.
– Sim, algumas vezes, na verdade – Willow diz após alguns
segundos. Ela fecha os olhos por um momento e imagina o
quarto de estudos de seus pais com suas paredes de livros.
Tristes Trópicos, de Claude Levi-Strauss, terceira prateleira, o
segundo da esquerda.
– Eu nunca encontrei ninguém que já tivesse lido este li-
vro! – Guy parece impressionado. – É incrível, não é? – ele diz
enquanto folheia as páginas. – Imagino que seu irmão deve
ter lhe falado sobre o livro, certo? Se não fosse por este livro
eu sequer frequentaria as aulas dele.
– O que você quer dizer?
– Bem, no ano passado, logo antes de eu começar as au-
las aqui, estava perambulando pelo centro da cidade tentan-
do decidir qual curso frequentar. Pensei que acabaria fazendo
algo como química ou matemática, já que seria bom para o
meu boletim e talvez isso me ajudasse a entrar em uma uni-
versidade de renome. De qualquer modo, começou a chover e
eu me enfiei num sebo. O livro literalmente caiu da prateleira
enquanto eu procurava por outra coisa. Eu o abri e quatro
horas depois ainda estava lá lendo-o. Foi quando decidi que
começaria a estudar antropologia.
– Mesmo? – apesar de tudo, Willow não pôde deixar de
se interessar. Ela também nunca tinha encontrado ninguém
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– ninguém da sua idade pelo menos – que tivesse lido esse
livro e muito menos que tivesse sido tão cativado por ele.
– Mesmo – Guy balançou a cabeça em tom afirmativo. –
É como uma história de aventura, não é mesmo?
– Exatamente! – o rosto de Willow se ilumina. Por um
segundo ela esquece que Tristes Trópicos era o livro favorito
do seu pai. Ela esquece de que costumava se sentar no sofá
da janela da sala de estar nas tardes chuvosas de sábado,
estudando todos os livros favoritos do pai. Ela esquece que
não tem mais um pai e até se esquece de ser infeliz.
– É como uma história de aventura – ela diz. – Mas você
sabe o que é engraçado? Lembra que na primeira página
ele conta e reconta como quem nem gosta de histórias de
aventura?
– Isso mesmo – Guy ri. – E então ele praticamente vai em
frente e escreve uma.
A luz se apaga repentinamente e eles ficam no escuro por
um momento até que Guy alcança o interruptor. Então ele se
senta no chão como se isso fosse a coisa mais natural do
mundo, como se a única coisa que ele possivelmente poderia
fazer com seu tempo fosse estar ali, falando com ela.
Willow fica um pouco incerta sobre o que fazer. Ela se
sente bem conversando com ele, porém o jeito que se sentiu
quando ele a tocou, aquilo não foi confortável de modo algum.
Ela olha atentamente o rosto dele. Não parece que há outra
coisa em sua mente além de livros.
Após alguns segundos, Willow se senta no chão ao lado
dele.
– Por que você precisa disto? – ela aponta para Tristes
Trópicos. – O que aconteceu com a cópia que você comprou
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no sebo? – claro que ela realmente não se importa com o que aconteceu com a cópia dele, e esta trata-se de uma pergunta estúpida, estúpida e chata, mas ela não sabia mais o que dizer e não se sente relaxada o suficiente para se sentar ali com ele em silêncio.
– Perdi no metrô – Guy encolhe os ombros. – Eu deveria comprar outro, mas estou um pouco sem grana no momento. Você conhece o lugar de que estou falando? – ele coloca o livro de lado e vira-se para olhá-la. – Acho que seu irmão já deve ter te arrastado lá pra baixo umas mil vezes. Está lotado de professores sempre que eu vou.
Willow pensa por um minuto. – É no sentido do centro da cidade? – ela pergunta. – E
apesar de ser enorme é realmente apertado, certo?– Isso mesmo – Guy afirma com a cabeça. – Não há quase
espaço para se movimentar. É como se os livros assumissem o comando. Eles despencam das estantes e há tantos empi-lhados pelo chão que mal dá para andar.
– E meio que fede – Willow diz. – Não é o tipo de cheiro bom de livros antigos, mas meio que... – ela faz uma pausa por um segundo.
– Meio que um cheiro de sujeira – Guy termina.– Isso mesmo – Willow ri. – E os vendedores são real-
mente rudes.– Se você pergunta alguma coisa, eles agem como se você
estivesse perturbando-os.– E é praticamente impossível achar alguma coisa sozi-
nho porque eles não organizam as coisas de forma lógica.– E para começo de conversa, o lugar é tão fora de mão
que você pensa por que alguém ainda se preocupa em ir lá. Só que ainda assim, é realmente muito...
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