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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UFSC - Maio de 2000
ouxas caem
todos os
golpes
Fiasco e violÂ
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZERO ANO XVI - N° 1 : MAIO DE 2000 : CURSO DE JORNALISMO: CCE : UFSC
Jornal Laboratório do
Curso de Jornalismo daUniversidade Federal de
SantaCatarina Nosso editorialo laboratório com um computador e sem espaço físico.Arte
Marcos Daniel Barros
ColaboraçãoAna Paula LacerdaClóvis GeyerFelipe PereiraKelen Vanzin da SilvaMicheliCristianaRibas
CoordenaçãoProfessor Henrique FincoCopy-WriteElissa BonatoHumberto Maia JuniorLúcia Passafaro PeresMário Ignácio Coelho JuniorMarthaHuffMartins
Rhodrigo DedaEdiçãoElissa BonatoHumberto Maia JuniorMário Ignácio Coelho JuniorRhodrigoDedaEditoraçãoEletrônicaElissa BonatoMário Ignácio Coelho JuniorSinuê Giacomini
FotografiaHumbertoMaia JuniorLeonardoMirandaMário Ignácio Coelho JuniorMicheli Cristiana RibasSinuê Giacomini
Projeto GráficoPedroValente
RhodrigoDedaTextosAna Paula de SousaAndi..éa FischerCamille Cristina dos ReisHumberto Maia JuniorLeonardoMirandaLúcia Passafaro PeresMárcia BizzottoMário Ignácio Coelho JuniorMartha HuffMartins
Raquel Sabrina da Silva
ImpressãoO Estado
RedaçãoCurso de Jornalismo (UFSCCCE)Trindade, CEP 88040-900
Florianópolis/SeTelefones: (48) 331-9490
(48) 331-9215Fax: (48) 381-9898Home Page:www.jornalismo.ufsc.brEndereço eletrônico:zero@cce.ufsc.br
Depois de mais de 70 dias de espera, o Zero
finalmente está pronto, o que pode parecermuitotempo para quem não faz parte do dia-a-dia do
nosso Jornal Laboratório.
Mas, nas condições ern que trabalhamos, o re
sultado pode ser considerado satisfatório: na mu
dança do prédio, o Zero ficou alocado em uma
sala de aula, em que a porta não tinha chave. O
resultado foi que os dois únicos equipamentos (umcomputador e uma impressora) foram queimados.O computador, conseguimos recuperar; a impressora foi completamente perdida. Além disso, quando havia aulas de outras disciplinas, não podíamostrabalhar no Zero, o que também acabou por dis
persar boa parte dos alunos interessados.
Isto tudo é ainda mais desanimador quando se
constata que todos os outros laboratórios de nos
so Departamento foram alocados em condiçõesrazoáveis de funcionamento - alguns em condi
ções ótimas, incluindo laboratórios voltados exclu-
sivamente para atividades de extensão.
Mas deixamos o desânimo de lado e fomos à luta:
criamos e ocupamos um espaço de 3 por 4 metros,feito de divisórias e sem janelas. Com a ajuda da
Diretoria do CCE, conseguimos um scanner em
prestado e recauchutamos um computador. O edi
tal para a impressão de nosso jornal também não
havia sido providenciado. De novo o prof. FelícioMargotti, Diretor do CCE, socorreu-nos, resolvendo esse problema com criatividade.
O Zero é um jornal muito importante, e não só
por ser um laboratório de jornalismo, mas também
por ser o único jornal realmente independente de
Santa Catarina: em várias ocasiões, fomos os úni
cos a abordar pautas recusadas por toda a imprensa de nosso estado, como o caso de superfaturamento nos aluguéis de prédios públicos, entre ou
tras.
O fato é que continuamos de pé e nossa próximaedição estará ainda melhor. Até lá.
Greve na UFSCraquel sabrina
O Sindicato dos Trabalhadores da Ufsc (Sintufsc) decidiu parar as atividades na última sexta
feira, dia 15 de maio. A Associaçãodos Professores da Ufsc (Apufsc)resolveram na assembléia realizada no dia 16, apoiar a greve dosservidores e podem parar as aulasa partir da próxima quarta feira,dia 25, quando também o DiretórioCentral dos Estudantes (DCE) deveapresentar sua pauta própria de
greve. Fazem parte das reivindicações a reposição salarial, que não
acontece há 5 anos, a defesa do ser
viço público e o aumento de recursos para a Universidade.
Os funcionários da UFSC jáestão oficialmente em greve. A co
ordenadora elo comando de greve da
Sintufsc, Jussara da Costa Godoy,afirma que o número de funcionários parados chega a 700/0, sendoque 8 dos 11 centros da universidade estão fechados. entre eles o
Restaurants Universitário p a Biblioteca. As reinvinelicaçães dosservidores federais são a reposiçãosalarial de 63,68%, fixação da data-
base em maio para reajustes salariais, além do pagamento de vale
alimentação. Os servidores queremtambém a garantia damanutençãodo serviço público e das ações salariais obtidas na Justiça.
Os professores aprovaram o
indicativo de greve para a próximaquarta-feira, dia 25, quando estão
programadas reuniões nos setores,pela manhã e uma assembléia, àtarde, decidirá se os professores dauniversidade paralisam ou não. APresidente da Apufsc, professoraCorália Piacentini, afirma que o
número de professores que comparecem às assembléias vem aumen
tando num processo crescente de
mobilização. Para as aulas serem
suspensas, os professores dependemde uma decisão nacional que deveacontecer na Reunião do Setores das
Instituições Federais de Ensino Su
perior, dia 22 em Brasília.Os estudantes têm se reunido
nos Centros Acadêmicos de cadacurso e no DeE. Até o dia 19, elespretendem decidir se apóiam ou não
o indicativo de greve dos professo-
res e servidores da Ufsc. Em Flori
anópolis, parte dos estudantes daUDESC (Universidade do Estado deSanta Catarina) já decretaram greve. Em alguns cursos da Ufsc há
mobilização para manifestações e
paralisação. Os alunos apontamcomo causas para a greve o corte deverbas e de bolsas e a cobrança detaxas. Segundo Maíra Souto, coordenadora do movimento de greve
pelo DCE, além da UDESC, as universidades estaduais paulistasUnicamp, USP, Unesp e a Universidade Federal de Santa Maria (RS) jápararam.
Em vários setores da Universidade são apontadas também como
causas de greve a insatisfação com
a política do governo Fernando Hen
rique Cardoso. A repressão violentaàs manifestações durante a come
moração dos 500 anos do Brasil, aameaça de colocar o exército na rua
para combater o Movimento SemTerra e as manobras políticas parafixação do salário mínimo em R$151são os principaismotivos do descontentamento com o presidente.
-
FLorianópoLis - 5/2000Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZERO
FotojornalismoEstas fotos foram tiradas no
dia 19 de abril, às 15h, numa praça perto do Beira Mar Shopping,no centro de Florianópolis. Lá,crianças de 10 a 15 anos do mor
ro Nova Trento brincavam no
parquinho e jogavam bola. Per
guntei se poderia tirar umas fo
tos. Consentiram. Enquanto fotografava, percebi que algumasbrincavam de polícia e ladrão,usando armas de brinquedo.
Depois de algumas fotos da
garotada jogando futebol, eu fuifotografar quatro crianças quebrincavam no "trepa-trepa". Chegou então um senhor de terno e
gravata, uma pasta na mão, aparentando uns 40 anos. Perguntou o que eu fazia. Expliquei queera estudante de Jornalismo e es
tava fotografando para o meu
portfólio. A reação dele foi violenta: "jornalista é tudo safado, põea arma na mão de uma criançapara depois colocar no jornal e
chamá-la de bandida!". Procuran
do manter a calma, expliquei quenão estava usando as crianças,que a arma de brinquedo não
havia sido dada por mim e que
não pretendia expor ninguém.As agressões continuaram.
Mandei minha razão para o in
ferno e comecei a xingá-lo tam
bém. Para mim, aquele senhor representava um tipo de elite con
tra a qual vou lutar durante o
resto da minha vida. A praça pa
rou' viramos dois leões nomeio de
um picadeiro. A platéia, formada
pelas crianças e pessoas que passavam pelo local, ficou surpreendida com o ridículo espetáculo.
Lá pelas tantas, o homem da
pasta foi embora, ainda gritando.Sentei na praça, chamei as crian
ças e tentei explicar o que tinha
acontecido. Disse que minhas fo
tos não eram para expô-las, maspara mostrar o abandono e a hi
pocrisia de uma sociedade falida
e faminta por dignidade e respeito. Logo, a gurizada voltou a brin
car como se nada tivesse aconte
cido. Aí, voltei ao trabalho.
o fotojornalismo transita entre dois pontos da linguagemvisual: o estético e o histórico.
O trabalho do fotojornalista é juntar a estética com a notí
cia. A fotografia precisa ficar equilibrada num ponto mediano
entre a arte e o jornalismo.O bom fotojornalista é aquele que consegue juntar a magia
da arte com o seu trabalho de contar um fato. A discussão se
[otojornalismo é arte ou não já e ultrapassada. Fotojornalismo ti
mais do que arte, é mais do que historia. É uma incansável bus
ca no equilibrio entre o sentimento e a razão.
por Leonardo Miranda
Florianópolis - 5/2000
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
110 desvio é melhor que o
viaduto", diz vereadorônibus de turismo não passa por baixo do viaduto
ZERO
textQmárcia bizzotto
fQtQSmicheli nbas
seram aproveitá-lo", contaPassos. O chefe da divisão
de obras da prefeitura,Dalton da Silva, garanteque a Prosul foi contratada através de licitação,mas não sabe dizer quaisas outras empresas con
correntes. "Eu só cuido da
obra", afirmou.A pessoa que poderia
esclarecer todas essas dú
vidas, o secretário de obrasda prefeitura, FranciscodeAssis, não foi encontrado para falar a respeito.Durante duas semanas
nossa reportagem tentou
localizá-lo, mas ele estavasempre "para chegar dentro duas horinhas", segundo seus assessores. Na
única vez em que encon
tramos o secretário em seu
escritório, fomos informados que ele estava "muito
ocupado para dar entre:vista por telefone".
O elevado do CIC
deve ser concluído dentro
de três meses." Agora es
tamos fazendo as finaliza
ções' a drenagem e o as
faltamento", conta DaltonSilva. Mas o vereador
Mauro Passosjá tem uma
conclusão: "Esta é a únicaobra em que o desvio é me
lhor que o viaduto em si".
Muitosmoradores da capital concordam.
As suspeitas deineficiência do
elevado do CIC,levantadas por engenheiros e arquitetos de Floria
nópolis desde meados do
último ano, finalmente
chegam à Câmara de Ve
readores. No final da última semana de abril, o órgão entrou com pedido de
investigação sobre a obra,iniciada pela empreiteiraSESBE emjunho de 1998
e agora em fase final.O erro mais visível,
de acordo com o professordo Curso de Arquiteturada UFSC, Paulo Rizzo, dizrespeito à altura do viadu
to. "Ele deveria ter sido
construído para que um
ônibus de dois andares
pudesse passar em baixo,mas isso não foi feito",afirma. O projeto, desenvolvido pelo consórcio Prosul, não previu esse deta
lhe e o único jeito de corri
gir a falha agora, segundo Rizzo, seria escavar a
pista embaixo da ponte,algo inviável em um ter
reno de mangue como o daAvenidaBeiraMar. "Aprimeira chuva alagariatudo", completa o professor.
A arquiteta Lisiane
Schineider, moradora dobairro Trindade apontaoutra falha no elevado: "
Quem quer pegar a Beira
Mar a partir do CIC é obri
gado a ir até a rótula doSanta Mônica para, só
então, fazer o retorno
para o centro ou para as
praias", reclama. Os motoristas que vêm do norte dailha em direção à Trinda
de ou à UFSC também so
frem: têm que fazer o re
torno depois do supermercado Angeloni.
Segundo o vereador
Mauro Passos, a planta da
Prosul, orçada em poucomais de R$ 9.678.000, jamais foi apresentada àCâmara para aprovação."A obra toda foi conduzi-
da de uma forma muito
fechada. A lei prevê quedois vereadores a acompanhem, mas isso nunca foipermitido. O porquê a
gente não sabe", Passosdenuncia.
O vereador também
questiona o processo ado
tado na escolha do projeto. "Um aluno da Arquitetura (da UFSC) apresentou, como conclusão
de curso, uma alternativa
para o elevado do CIC. Otrabalho ganhou um con
curso nacional e seria
mais barato, mas não qui-
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
o que fizeram com a
Praça XV1artesaos se recusam a 7r para a rua Victor Meirelles
A Praça XV foi reaberta no dia 17, numa ce
rimônia que contou com a
participação da prefeitaAngela Amin (PPB) e da
Orquestra da Câmara
MunicipalAmor à Cidade.A reforma custou R$109mil.
A reabertura seria
em março, mas segundoEdelberto Adam, diretorde operações da Floram
(Fundação Municipal doMeio Ambiente), os trabalhos de restauração da
praça demorarammais do
que o previsto porque foram artesanais.
A etapa da obra que
exigiu mais tempo foi a
restauração do piso, que éobra do artista plásticoHassis. Além disso, foramfeitos trabalhos de jardinamento, reforma no coreto e limpeza nos monu
mentos. No final da refor
ma, a Praça XV recebeunova iluminação, 80 novosbancos de madeira e grades nos canteiros.
A Prefeitura esperava que a reforma estives-
se pronta até dezembro doano passado, antes da chegada dos turistas, mas alguns problemas impediram o início das obras.
Em julho do ano passado, membros da Secre
tariaMunicipal de Transporte e Obras e da Floramse reuniram com os arte
sãos para negociar a saí
da da praça e as obras pudessem ser iniciadas. Nenhum acordo, no entanto,foi firmado. Com o apoio dealguns vereadores, os artesãos conseguiram permanecer na praça até que
9:9'Ul'O" "f} .100tesãos estão hoje
gun"do e
taocal o
al é difetentüenta a P1-àça . iiO públi:... .
00 da Praça XV ia lá para com-
..prar artesanato. Já aqui é um lo�cal de passagem onde as pessoas não param para comprar. Se�remos obrigados a vender outro
e
pata elesa: ni�'O c ãó �{) lado
do Terminal Urbano de Floria
nópolis foi o local escolhidomaioria dos artesãos. Mas nem
todos qué'rempermanecet nocal.
ZERO
textohumberto mala e marthamartinsfotoshumberto maia
fosse cedido outro local.
Outromotivo do atraso foia demora daPrefeitura emarrecadar a verba neces
sária para o começo dasobras.
Havia suspeitas de
que a praça fosse tomba
da, o que impediria mu
danças, pois patrimôniostombados não podem ser
alterados. Mas Edelberto
negou que a reforma na
Praça XV seja ilegal. O diretor afirmou que apenasa figueira e os prédios ao
redor da praça são tombados.
rmou que suas vendas';aumentaram desde a mudançapara o novo lugar. "Não adianta'ficarmos brigando pela PraçaXV. O jeito é nos adaptarmos ao
local que nos cederem".
Florianópolis - 5/2000
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
No meio do deserto, sem� .
agua e com penqo
ZERO
texto e fotosmárcia bizzptto
Vale daMorte:"Omais solitário, o
mais quente, o mais
mortal e perigoso ponto nos Estados Uni
dos". -NewYorkWorld,1899.
Setembro, começo dooutono americano. O ter
mômetro do carro marca
110° Farenheit - mais de
43° Celsius. Do lado de
fora, pequenos arbustos e
flores selvagens fazem es
quecer que estamos na re
gião mais quente da América, o deserto do Vale da
Morte, no sudeste da Califórnia. Na vastidão da
paisagem vê-se apenas
morros e uma estrada sem
fim, mas o cenário muda
de cor e. relevo a todo ins
tante.
Trocando a estrada
principal por uma trilhade quase 5 Km - a Wildro
se Road - chegamos ao
Telescope Peak: o pontomais alto do Vale da Mar
te, que oferece uma vista
fabulosa de todo o parque.
A 3.355 metros, as árvo
res são altas e pode-se ouvir os pássaros cantando,mas água é inexistente
nessa época do ano. A ve-
Florianópolis - 5/��OO
getação se adaptou ao
meio e sobrevive das re
servas do inverno, quando o pico fica coberto deneve. Há mais de 900 ti
pas de plantas no Vale.O Telescope Peak é o
único lugar do parque
onde o camping é gratuito. O banheiro se restrin
ge a um vaso sanitário
colocado sobre um buraco
sem fim. Do lado de fora,um placa alerta para o
perigo de queimadas: "Sevocê ouvir um barulho se
melhante ao de um trem
se aproximando, deixesua barraca imediata-
mente e dirija-se a umas
das trilhas de fuga paraincêndio indicadas no
mapa".Indústria primitiva
Na estrada de Wil
drose vê-se os primeirossinais da tentativa de vida
no vale: pequenas estufas
de pedra, construídas no
final do século XIX para a
produção de carvão. O pro
duto era usado por duas
indústrias de fundição de
prata, situadas a mais de
40 Km a oeste. As estufas
de Wildrose empregavam
quarenta homens e a re
gião se tornou o lar de cer
ca de cem pessoas. Em
1878, as indústrias de prata faliram e a fábrica de
carvão foi abandonada,apenas um ano após en
trar em funcionamento.
Anos mais tarde, em1884, um outro tipo de in
dústria começou no Vale
da Morte. A mina de bo
rax de Harmony chegou a
produzir três toneladas dominério por dia, mas du
rante o verão as ativida
des tinham que ser para
lisadas. O calor era tão in-
tenso que não permitiaque a água processada esfriasse o suficiente paracristalizar o borax extraí
do.Outra dificuldade
enfrentada pelos traba
lhadores de Harmony erafazer sua produção chegaraté o mercado. Para resol
ver o problema, a companhia passou a usar um
time de vinte mulas, quepuxava duas carroças car
regadas com ominério por
quase 265 km até a estra
da de ferro do Mojave. Ocomboio tornou-se o símbolo da indústria de boraxnos Estados Unidos.
A mina de Harmonyfoi desativada em 1888,mas suas ruínas fazem
parte da paisagem doValedaMorte até hoje. No oes
te do parque, encostado às
montanhas, ainda pode-sever máquinas, tanques e
restos da construção. Os
resquícios de borax tam
bém estão expostos em Sto
vepipe Wells Village, cerca de uma hora ao sul damina.
O banho da semana
--------::s- IAcervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZERO
110 cenário muda de core relevo a todo instante"
res de aventureiros que,em 1849, iniciaram amar
cha para o oeste, em busca do ouro recém descoberto na Califórnia. Viajandoem carroças puxadas porcavalos, muitos não suportaram a dura travessia da
região desértica e morre
ram.
Naquela época, havia um pequeno lago, queum viajante passou a chamar de Badwater - águaruim - depois que seu ca
valo se recusou a beber lá.Badwater é o que restoudo Lago Manly, um dosmuitos que preenchiam o
vale há cerca de 10 milanos.
Hoje o lago de 183metros de profundidade se
resume a uma grande bacia de sal e uma poça de
água suja, habitat de
plantas microscópicas. Aágua só persistiu por tanto tempo devido ao relevodo lugar. A 86 metrosabaixo do nível do mar,Badwater é a região maisbaixa do hemisfério oeste.
O relevo também é arazão do surgimento dodeserto. Localizado ao leste da cadeia de monta
nhas de Sierra Nevada, o
Vale da Morte não recebea umidade vinda do Oceano Pacífico e, devido àalta temperatura - durante o verão, a temperaturamédia é de 50° Celsius - a
pouca chuva que cai eva
pora rapidamente. Aomesmo tempo que repele apresença humana, o valese torna o paraíso para as
mais de 900 espécies deplantas e animais queaprenderam a VIver no
vale.
COMOCHEGAR
Linhas aéreas, rodoviárias e ferroviárias vão até Las
Vegas,Nevada.Barstow, naCalifórnia.é servida portrens ¢. ônibus. f}partir dç uma dess� cidades Vocêprecisa de um carro, de preferência alugado.
Para quem vem daCalifórnia, a rodoviaUS 395passa; ª oeste do Vale da l'4orte e conecta com ásestaduais 178 e 190, que levam ao parque.
Vindo de Nevada, aUS 95 passa a leste e fazconexão com as.estaduais 267, 374 e373, para o vale.
PARADORMIR
Mahogany Flat: no topo de Telescope Peak, éfresco e com sobra, mas só veículos pequenos podemir até lá. Apesar do banheiro precário e da ausênciatotal<le água,tem uma ótima vista para o parque e é oúnico camping gratuito.Mesquite Springs: espaços para Motorhomes e
banlleiros comágua, a3� de Scotty's Castle. $10,00.FUrnace Creek: com espaço para Motorhomes e
mesas, esse camping possui chuveiros, lavanderia e
piscjJla. $16,00.Fone: (760)786-2331.Stovepipe WeBs Village: uma pequena pousada
com piscina aquecida, é o melhor lugar do deserto. Temtambém um restaurante e Um bar; com salão de jogos.
FUrnace Creek Inn Resort: construído em pedra, olugar parece um oásis no meio do deserto. Comrestaurante, piscina, bar e 4 quadras de tênis. Fone:
Furnace Creek Ranch; ao lado do centro de
informações turísticas, oferece restaurante, bar, coffeeshop, piscina, passeios a cavalo e um campo de golfe.
Quem quer conhecero Vale da Morte deve ir
preparado para passaruns três dias sem tomarbanho. Como em todo deserto que se preze, água éartigo de luxo só encontrado nos dois minúsculos vilarejos do parque - Stovepipe Wells Village e Furnace Creek Ranch.
O único banheirocom água fora das vilasfica há cerca de duas horas ao norte de TelescopePeak. Em frente ao case
bre, uma placa com explicações sobre o local e umamangueira para a salvação dos corpos empoeirados.
Stovepipe Wells Vi
llage é parada obrigatóriapara esticar as pernas,comprar artesanato e co-
nhecer um pouco mais dahistória do parque.
Além de objetos da
antiga mina de Harmony,um antigo caminhão do
corpo de bombeiros também está à mostra lá.
Em Stovepipe é possível abastecer o carro e
renovar o estoque de co
mida para o dia. O próximo ponto de civilização ficahá quatro horas.
Em Furnace Creekfunciona o centro de informações turísticas. O lugarabriga uma livraria e um
museu, onde há exibiçõesdiárias de vídeos sobre a
história natural doVale daMorte.
Agrande husca.neloouro
O Vale daMorte herdou esse nome dos milha-
NÃODElXEDEVER
Scotty's Castle é umamansão de US$2,5 milhões noestilo mouro, que começou a ser construída em1924 e nunca foi concluída. A casa funcionoucomo hotel por alguns anos, hospedando artistascomo Bette Davis e Norman Rockwell.Artists Palette é uma pequena trilha de mão única ao
norte de Badwater, onde se pode ver O multicoloridodas rochas, causado por depósitos vulcânicos e
minérios sedimentados.Zabriskie Point tem uma das melhores vistas do
Vale daMorte. A beleza do lugar foi tema de um filmeque levou seu próprio nome, feito pelo italiano
Michelangelo Antonioni.Dante's View fica a mais de 1525 metros no alto de
BlackMountains. ao sui de Zabriskie Point. De Ia
pode-se ver quase todo O Vale da Morte
F�rianópo�s- 5/2000
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZERO
textoana paula de sousa e
andréa fischerfotosmáno coelho Júmor e
micheli ribas
Florianópolis - 5/2000
Golpes para todos os gostos e tipos de trouxas!!!
André Manoel deOliveira, delegado do 10
DP da Capital, conta queas pessoas caem em golpes porque acreditam que
possam ter lucros na situ
ação criada pelos golpistas. O delegado adverteque é no fim do mês,quando se recebe o salá
rio, que os golpes são maisfreqüentes. Também ocor
rem muito em dezembro,
Ele pede a senha e o número da agência da vítimae finge que está tentandoresolver o problema. Nãoconsegue, então ofereceum celular à vítima, fornecendo o número de umfalso serviço de atendimento. A vítima telefonae quem atende é outro ladrão. Ele orienta para
que a pessoa deixe o car
tão na máquina, vá embora e volte no outro dia, antes do banco abrir. A vítima acredita. O golpistafica no banco com o número da agência e a senha dapessoa e retira o dinheiro.
em função do décimo terceiro salário. Amaior parte das vítimas são mulheres, com idade acima de 60anos. O mais comum é os
golpistas agirem em con
junto (geralmente em du
pla). Os golpes mais aplicados são os seguintes:Cola e cartão
O golpe do cartão decrédito preso é dado geralmente à noite. A vítimaestá sacando o dinheirono caixa eletrônico e seu
cartão fica preso. Isso podeacontecer por um problema da máquma ou pelaação dos golpistas. Nestemomento, aparece o ladrão e lhe oferece ajuda.
Para se prevenir dessetipo de golpe, o conselho éque as pessoas não aceitem
ajuda estranha na horaem que estão efetuandooperações no caixa eletrônico. Só se deve pedir ajuda a funcionários do banco, devidamente identificados.
Além deste, existemmais dois outros golpescom cartão de crédito. Omais comum é o do cartãoclonado. Uma das vítimasfoi um professor da Universidade Federal de Santa Catarina que não quisse identificar. Ele foi avisado no did 20 de marçoque seu cartão havia sido
•
clonado. As compras, no
valor de R$ 1.600, foramfeitas em três estabelecimentos do Rio de Janeiro,três dias antes. A operadora, sabendo que o clientemora em Florianópolis e
não esteve no Rio de Ja
neiro, concluiu que se tratava de um caso de clonede cartão. Mesmo assim,não soube informar comoisso ocorreu. Até que a operadora mande um novo
cartão, ele não poderá re
tirar dinheiro ou talão decheques no caixa eletrônico ou fazer compras com
cartão de crédito.
Segundo o delegadoOliveira Filho, nas com
pras com cartão de créditoduas faturas são emitidas:uma fica para o cliente e
outra para o estabelecimento comercial. O golpeacontece quando a faturado comerciante, que con
tém os dados necessários
para fazer uma cópia docartão, é entregue a um
falsificador. Após a clonagem, o cartão é usado paracompras, geralmente dealto valor.Achei um cheque!
O golpe do achadinho acontece com pessoasque se deixam convencer
pela possibilidade de obterdinheiro de maneira fácil.Este golpe é aplicado em
dupla: na saída de um
banco, o golpista deixa cairum cheque de alto valor.A vítima que vem logoatrás, acha o cheque e ten
ta devolver. O ladrãonega que seja seu. Logo depois aparece outro ladrãodizendo ser ele o dono do
cheque e oferece um prêmio aos ctui� por elos te
rem-no devolvic!o () 11.drão faz uni cheque de mt'nor valor e leva a vítun,
até a entrada de um edifício pedindo para que elavá até um certo andar e o
desconte. Mas o outro golpista diz ter direito a me
tade do prêmio. Ele exigeque a pessoa deixe sua
bolsa como garantia quevai descer com o dinheiro.Os dois ladrões fogem e a
vítima quando volta, semdinheiro, não encontramais nada.
Outro golpe aplicadocom cheque é o da conta
fantasma. O golpista vaiao banco e abre uma con
ta com documentos falsos.Ele retira o talão de che
ques e faz compras só com
chequespré-datados.Quando o comercian
te vai descontar o cheque,ele não tem fundo.Loteria
Neste golpe, a vítimaé abordada na rua poruma pessoa que pede in
formações sobre um ende-
reço que não existe. Dizendo estar perdido, conta que recebeu um bilhete
premiado da Loteria Federal como pagamento porum serviço feito. Nessemomento chega o outro
golpista, convidando parair até uma casa lotérica receber o dinheiro do prêmio. Ao chêgar na lotéri
ca, os números conferem.Mas são do sorteio anteri
or, invalidando o bilhete,o que passa despercebidopela vítima. O segundo ladrão propõe à vítima que
comprem o bilhete do su
posto ganhador e dividameles dois o prêmio. Os ladrões então fogem com o
dinheiro da compra do bilhete.O golpe do chute
O golpe do chute é
praticado há mais de 20anos em Santa Catarina.Em Balneário Camboriú,foram 100 casos só no ano
passado e em Itajaí é registrado um caso por dia. Em
Florianópolis o número decasos ainda é pequeno:
quatro denúncias em 1999.O golpe consiste em
vender mercadorias que
supostamente seriam leiloadas pela Receita Federal,mas amercadoria não existe. O chutador recebe o pa
gamento e a vítima ficasem dinheiro e sem a mer
cadoria. No ano passado, ogolpe movimentou US$200 milhões nas cidades de
Itajaí e Balneário Camboriú.
Segundo o delegadoOliveira Filho, 99% das pessoas que caem nesse tipo de
golpe são empresários. Aprimeira coisa que o estelionatário faz é procurar nalista telefônica o nome de
empresários que tenhamuma boa situação financeira e que possam estar in
teressados em comprarmercadorias. Os contatos
com as vítimas são feitos
por meio de ligações telefônicas feitas em celulares
comprados com documentos frios.
O estelionatário pro
põe vender as mercadoriasa um preço bem inferior ao
que elas valem. São oferecidos aparelhos eletrônicos,máquinas para agropecu
ária, computadores, ouro,café, tecidos,celulares, televisão, pneus, óleo, ova detainha.
Os golpistas inventam nomes para si e paraos seus supostos superiores(chefes) naReceita Federal- Dr. Palhares, Dr. Rodolfo - e paramostrar aos em
presários que o negócio é
seguro, alguns pedem documentos da empresa,como por exemplo o Cadas-
tro Geral do Contribuinte
(CGC). A negociação durade uma semana a dez diase durante todo esse tempoé mantida apenas por te
lefone.
Depois de tudo acer
tado a vítima sai da sua cidade em direção ao localonde está a mercadoria.Em Santa Catarina, as cidades onde existem os maiores índices de golpe dochute registrados são
aquelas que têm portos:São Francisco do Sul, Ita-
aproxima do chutador
cumprimentando-o pelonome falso e entra no prédio da Receita. Pouco de
pois, sob a alegação de quevai entregar o dinheiro a
seu superior, o estelionatário pega o dinheiro do
empresário e entra sozinho no prédio. Prometevoltar paramostrar a mer
cadoria, mas sai pelos fundos levando todo o dinheiro. Para a vítima, quandopercebe que tudo não passou de um golpe, já é tar-
jaí, Balneário Camboriú.Existem três tipos degolpe do chute
Segundo o delegadoOliveira, em 90% dos ca
sos o estelionatário ageusando a mesma tática:recebe o dinheiro diretamente das mãos do empresário, sem confrontos e
sem precisar usar armas
ou força física. Os "chutadores", pessoas que aplicam o golpe, vão até o ae
roporto receber o empre
sário, levam-no até um
hotel e marcam um local
para fazer a negociação.Namaioria das vezes é emfrente do prédio da Receita Federal.
Para dar mais credibilidade à negociação,uma segunda pessoa se
de demais.No segundo tipo de
golpe, o estelionatário pedepara o empresário trans
ferir a quantia combinadado banco da cidade ondemora para a cidade ondeestá a mercadoria. A vítima faz a transferência e o
golpista retira o dinheirousando uma carteira deidentidade falsa. Segundoo delegado Oliveira, embora ainda existam casos
sendo registrados, essa
maneira de agir tem diminuído nos últimos temposporque os bancos passaram a exigir prazo de 24
horas para a retirada de
grandes quantias de dinheiro.
O terceiro e último
tipo de golDE' do chute é o
ZERO
Só caem nos golpes os quetambém querem tirar vantagem
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Outro golpe é o dobilhete premiado
mais violento e o que às vezes acaba resultando na morte dos em
presários. Os estelionatários levam as vítimas a um local ondedizem estar a mercadoria, apontam uma arma para a vítima e
forçam-na a entregar o dinheiro.Alguns reagem e são mortos. Essetipo do golpe do chute é como umassalto, com a diferença de que a
vítima já conhece os assaltantes.Quem são os
golpistasOs chutadores geralmente
são pessoas de classe baixa quejá cumpriram pena e, em 90% dos
ZERO
A comerciante E.S.R. teve 1.Un pre[uízn em agosto desse ano: R$ 20 milem jóias e mais R$ 1,1 mil em dinheiIro. A vítima conta que quando entraIVa no Centro Comercial Santa Môniea foi abordada por um homem que�oht6u ser do interior e analfabeto,perguntando onde ficava um certo en
dereço. O golpista disse que tinha com
prado roupas com a pessoa residentenesse endereço e precisava pagá-las.Também queria a ajuda para retirara quantia de R$ 30 mil- valor inven-ado pelo golpista para o prêmio dobilhete de loteria que carregava.
Um segundo homem apareceu•entando ajudar. A vítima e o homem
O agropecuarista E.D.A.R.,de São Borja, Rio Grande do SuI,caiu no golpe do chute em mar
ço deste ano. A vítima ficou sa
bendo por meio de seu vizinhoque uma colheitadeira apreendida na Receita Federal de Flori
anópolis estava à venda. Entrouem contato com o chutador - quese passava por Dr. Rodolfo, delegado da Receita - que confirmou estar apreendida uma co-
Florianópolis - 5/2000
casos, semi-analfabetos.O delegado Oliveira conta que as três primeiras coisas que os estelionatários fazem, assim que têm o dinheiro em mãos, são comprar umcarro novo, encher a geladeira decomida e ir para as boates "festar" com os amigos.
As maneiras mais usadas
pela Polícia para identificar os
chutadores são: a descrição (retrato-falado), o reconhecimento
por meio de banco de dados e o
reconhecimento com a ajuda de
informantes, que é o método queoferece melhores resultados. Na
foram até a lotérica conferir os núm�;ros e verificaram que o valor doprêmio era bem maior: R$ 124 mil.O segundo homem propôs queE.s.R. deveria receber a recompensa de R$ 15 mil por ter ajudado. Oest�lionatário que estava com o bilhete disse que tinha medo de ser
enganado e pediu que os dois (a vítima e o segundo golpista) deixassem com ele algum bem de valor enquanto estivessem retirando o prêmio. O golpista mostrou dólares quetrazia na maleta. A vítima foi atéem casa e trouxe jóias e dinheiro,num total de R$ 21,1 mil.
Os dois foram buscar o prêmio .
lheitadeira. A mercadoria serialeiloada até o dia 30 daquelemês, mas O golpista ofereceu-aao empresário pelo valor de R$78 mil.
Depois de vários contatos
telefônicos, o agropecuaristasaiu da cidade de São Borja com
destino a Florianópolis. No diaseguinte, o Dr. Rodolfo apresentou a vítima a seu chefe, o DI'.Palhares, também nome falso, e
maioria dos casos, os chutadoressão identificados com a ajuda deinformantes.
Os informantes são empresários, donos de casas de jogos,policiais, presidiários, namoradasdos chutadores, os próprios golpistas e ex-chutadores que se arre
penderam do que faziam.Dos quatro golpes do chute
aplicados este ano em Florianópolis, dois já estão resolvidos. Oschutadores já foram identificadose os outros, segundo o delegado Oliveira, têm 90% de chance de seremencontrados.
As jóias, o dinheiro e os dólares falsosficaram com o dono do bilhete, que con
forme o combinado, iria devolvê-los juntocom a recompensa, assim que tivesse o
dinheiro do prêmio.Um pouco depois, o bandido pediu
para descer do éarro porque. precisavaavisar sua filha do que iria fazer. A vítima retornou ao local onde tinha deixado os bens com o estelionatário, masao chegar lá não o encontrou, Retornouem busca do segundo homem, que também tinha desaparecido. E.S.R. ficouapenas com o canhoto de loteria, quenada valia. O dinheiro e as jóias nãoforam recuperados, nem os e$telionatários identificados.
os três se deslocaram até o prédio da Receita Federal, onde o
empresário entregou aos golpistas a quantia combinada. Depoisde uma hora de espera em frente ao prédio, a vítima percebeuo que estava acontecendo: o golpe do chute. A ocorrência foi registrada na I" Delegacia de Polícia de Florianópolis e os golpistas ainda não foram identificados.
II Caí no golpe do bilhete e perdi 21 mil reais"
Veio' do Rio Grande e levou golpe
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Lembranças do passadoA partir desta edição, o Zero vai resgatar a memória de alguns dos craques do futebol catarinense.
Oberdan, Mengálvio, Zenon, Toninho... Nesta edição, vamos contar um pouco da história de Jurandir,
ex-goleiro do Grêmio, e Balduíno, ídolo tanto no Avaí quanto no Figueirense.
ZERO
textomário coelho juniorfotossinuê giacomini
Jurandir, de goleiro a contador judicial
Balduíno, o pequeno grande craque
"Quando o jogador ainda temdinheiro, bebe uísque; quando párae não possui mais dinheiro, vai nacachaça mesmo", diz JurandirAscndia da Cunha, o popular Jurandir,ex-goleiro com passagens pelo Grêmio e Criciúma, falando sobre como
é difícil parar a carreira.
"Quando eu parei de jogar foium baque paramim". Jurandir acredita que a falta de exposição namídia para quem pára de jogar é fatordecisivo para ter problemas com a
bebida. ''Você sai de casa e ninguémmais te cumprimenta. No jornal nenhuma notícia sare você é dada. Édifícil", conclui.
Jurandir começou a carreira
de jogador de futebol no Grêmio em1971, nas categorias de base do clu
be, levado pelo também jogador tricolor Beta Fuscão. Naquela época,quem jogasse e não fosse boêmio, era
João Carlos da Silva, o popular Balduíno: polêmico, falador, craque de bola. Com a mesma habili
dade que tratava a bola dentro de
campo, fala de política, da crônica
esportiva catarinense, e como não
poderia deixar de ser, de tudo relacionado ao futebol.
Badu, como é chamado pelosamigos, começou a jogar na várzea,na equipe da Friamberia Dona Cla
ra. "Naquele tempo a gente jogavacom os pés descalços. Apenas o adulto na várzea podia jogar de chuteiras." Começou como profissional noAvaí, sendo campeão estadual em1973 e 1975. Em 1978, foi para o
Joinville, onde foi campeão do catarinense de 1978. Em 1981, dividiuseu tempo entre a cadeira de professor de futebol da Udesc e o Figueirense. No período em que esteve no
time do estreito, foi tri-vice-campeãodo estado.
Balduíno afirma que jogar nasequipes da Capital foi seu maior orgulho e frustação no futebol. "JogarnoAvaí e no Figueirense é amelhor
coisa do mundo. "Minha única frus-
considerado um "dedo duro". "Tinha
se a concepção na época de que paraser jogador de futebol não podia es
tudar, tinha que beber, sair a noite,etc.", afirma.
Por que um atleta de Floria
nópolis começa a carreira em Porto
Alegre? Jurandir diz que falta paraos clubes daqui estrutura para apoiar as categorias de base. "Eles não
gostam de investir em garotos". Oex-goleiro destaca o Avaí como um
clube que consegue revelar poucos
jogadores.Os cinco anos passados no Grê
mio foram de luta constante, já quea equipe passava por uma fase ruim."O time era perdedor, e a cada ano
precisava de uma reformulação",diz. A torcida exercia uma pressãomuito grande, pois além de fazermás campanhas, omaior rival, o Internacional, havia sido pentacam-
tação é não ter sido campeão quando passei pelo Figueirense".
A arbitragem catarinense me
receu o destaque de Balduíno: "a
maioria dos árbitros não tem condi
ções de apitar aqui. É falta de crité
rio, preparo físico, entre outros fatores". Na opinião de Badu, o melhor
juiz de futebol no estado é Renildo
Nunes. "É uma pena que ele tenha
se licenciado por um ano para fazer
mestrado. Ele é o melhor de todos",afirma.
"O problema do Brasil é a dis
tribuição de renda", conclui, quando começa a falar de política. Masdiz que não vota no candidato eter
no do PT à presidência da RepúblicaLuís Ináci.o Lula da Silva. "Como
posso votar em alguém que critica
quem mora no Morumbi e tem fi
lhos estudando no exterior mas faz
o mesmo?", pergunta. Depois diz quenão concorda com a radicalidade queo partido mostra
Após o breve comentário sobre
a política nacional, Balduínu dispara sua metralhadora giratória con
tra a crônica esportiva da Capital,
peão estadual. Foi aí que Jurandirtrocou de equipe, indo para o Ipiranga de Erechim. Jogou lá por três
temporadas, até ser convidado pelaprimeira vez para jogar em SantaCatarina pelo Joaçaba.
Após a passagem pelo timedo meio-oeste, Jurandir foi contratado pelo Criciúma. "Foi neste momento da minha carreira
que eu me senti profissional denovo. Cheguei na cidade juntocom o presidente do clube num
jatinho". Como em Joaçaba, foiconsiderado o melhor goleiro doestado.
A maior emoção para Jurandir foijogar contra Avaí e Figueirense. "Jogar contra os
grandes da capital é amaior emoção possível. Você dá o sangue nestas partidas esperando reconhecimento."
da qual chegou a fazer parte até1991. "Aqui todos têm a mesma ma
nia de só falar do negativo que acon
tece durante as partidas".Várias nomes de jornalistas esportivos são citados, como Roberto Alves, MiguelLivramento e Claudionir Miranda.
"Um velho defeito do pessoaldaqui é manter uma opinião até o
fim. Só que no futebol nenhuma verdade dura mais de 24 horas", diz.
Florianópolis - 5/2000
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZERO
tuitos, no final de janeiro, os dois maiores provedores pagos do país
·-texto--Na briga de gigantes, osmário coelho júniorfotomicheli ribas provedores gratuitos viram moda no pars e Lutam por in ternautos
Nósnão vamos
pagar nada, étudo free.
Com a música de Raul
Seixas, a iG mostra na
sua campanha publicitária o fenômeno queestá acontecendo no
país nos últimos meses:
acesso gratuito à Internet. Neste período, a
comunidade de internautas aumentou 15%,segundo pesquisa di
vulgada pelo International Data Corporation(IDC), um dos maioresinstitutos de pesquisado ramo. Os pioneirosdesse serviço não foramos provedores, mas simdois dos maiores bancos
privados do país: Bradesco e Unibanco.
A primeira empre-
"Nõo existe internet de
graça. Quem paga a conta éo consumidor"
Florianópolis - 5/2000
sa nacional a entrar no
mercado foi o provedormineiro BRFree, que. .
Inaugurou seus serviçosno dia 7 de Janeiro, emBelo Horizonte, estendendo-se para São Paulo e Rio de Janeiro. Doisdias depois, a iG, quetem por trás da sua es
trutura o Grupo Garantia e o Banco Opportunity, lançou seu portalna rede. Apenas no primeiro dia de funciona
mento, a iG conseguiu35 mil cadastros.
Em doze dias, o
país já contava com mais
quatro provedores gratuitos: BRFree, iG,C@tolico e o Superll. OC@tolico recebeu 70 mil. . - ..
inscrrçoes no prrmerrodia apenas na GrandePorto Alegre e o Super11 começou a disponibilizar acesso para maisde 50 cidades brasilei
ras, favorecendo os usu
ários que não residemnas grandes capitais.
---
----.5
Em mais da metade de
las, o provedor ofereceum número de telefone0800 para o acesso, ou
seja: o internauta não
precrs a pagar nem os
impulsos telefônicos.Em represália, a
Associação Brasileirados Provedores de Acesso à Internet (Abranet)entrou com pedido deconsulta no ConselhoAdministrativo de Defesa Econômica (Cade) e
na Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) sobre a possibilidade de suspender o.s acessos gratuitos à redemundial de computadores. Mas o superintendente de Serviços Públicos da Anatel, EdmundoMatarazzo, afirmou queos bancos e empresas
que estão oferecendoacesso gratuito não es
tão infringindo a legislação. "Nada está acon
tecendo fora da regulamentação", disse.
Para não perder assinantes, os provedorespagos estão melhorandoo conteúdo dos seus portais. Segundo RicardoJosé Giani, gerente geral da Matrix Florianó
polis, a forma para man
ter clientes é investirem vantagens exclusivas. "Estamos melhorando o nosso conteúdo, aumentando os benefíciosdos clientes Dial-up e
criando diferenciais
para o cliente ser fiel abanda estreita".
Mesmo com a Abranet pedindo para sus
pender os acessos gra-
. .
erraram seus serviços
gratuitos: o UOL, como NetGratuita, e o Zaz- que mudou seu nome
para Terra após ter
sido comprado pela em
presa espanhola Telefônica - lançando o Terra Livre.
Ao mesmo tempo,o grupo Starmedia, umdos maiores portais voltados para a América
Latina, associou-se a
fundos de investimento para criar um mega
portal latino-americano, o Grátis 1. O último a entrar no merca
do nacional foi o Tuto
pia, lançado pela em
presa americana IFX,que adquiriu pequenos
provedores, como a
Brasilnet.
Apenas na primeira semana de funcionamento dos portais gratuitos, haviam chegadoao Cade, pela Internet,41 denúncias de provedores contra o acesso
gratuito. A Anatel diz
que não há impedimento para que os bancos
ofereçam o serviço.Para Caio Túlio Costa,diretor-geral do Universo Online (empresados grupos Folha e
Abril), não existe Internet de graça. "Alguémvai estar sempre pa
gando a conta. E quem
paga a conta é o consu
midor."
Yantagens?A maior vantagem
para os usuários seria
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Internautas podem ganharsaiba quais são os melhores e as vantagens de cada um
a possibilidade de pou
par entre R$ 20 e R$ 30
por mês da assinaturade um provedor. Entretanto, boa parte dos internautas estão desconfiados do serviço. CarlosAndré Laner, editor darevista digital Atitude.
Em mais demetade delas, o
intemauta não
precisa nem pagarpelos impulsos tele
fônicos
net, diz que "não há garantia alguma do servi
ço prestado, são muitos
usuários, logo o acesso
sempre tende a decair".Para chamar a
atenção dos internau
tas, cada provedor procura dar o maior número de vantagens possível ao assinante. O ser
viço gratuito Terra Livre é, por enquanto, o
que oferece as melhores
condições para seus as
sinantes - além do aces
so ilimitado, forneceuma caixa de e-mail, 10megabytes (MB) para
páginas pessoais e 10
MB para armazenar ar
quivos fora do computador pessoal. O suportetécnico não será cobrado no primeiro mês e,
depois, o internauta poderá contratar um segu
ro-ajuda por R$ 7,90mensais. A NetC mi uitalfe.'Pd=' apenas li -lld con
ta do e-mail, (011 1 �I B
dc· e ...paço 1" J 1'" 'Lias corn a p , h
do usuário abrir outra,só que no BOL (BrasilOn Line).
Ricardo José Gia
ni' gerente geral da Matrix Florianópolis, afirma que "alguns clientesjá estão retornando
após o cancelamento
para utilizar a Internet
Gratuita, devido a dificuldade de acesso e a
lentidão da navegaçãonos provedores gratuitos". A Matrix, 6° maiorprovedor do país, presente em mais de 50 ci
dades, deve ainda con
firmar se também optará pela internet gratuita
Precursores
O Banco do Brasil
começou em julho doano passado a ofereceracesso gratuito de 5 ho
ras mensais à Internet,por meio de convênios
com pequenos e médios
provedores. "Temosconvênio com 370 pe
quenos e médios provedores em todo o país e
queremos ampliar esse
número", afirmou América Mendes Júnior,consultor da área de Internet do BB. Já a Bra
desco, maior banco privado do país, lançou o
acesso gratuito à Inter
net para os seus ciientes em dezembro passado. O banco oferece 20
horas de navegação por
mês, mais bonificaçõesacrescidas pela utiliza
ção de produtos do ban
co.
O L'ni'ianco. 3° maior bar. J pviva do do
P8.1�. r 11' I r ilhões de
correntistas, passou a
oferecer aos clientes
acesso gratuito à Internet na segunda quinzena de janeiro. A grandenovidade em relação ao
Bradesco é que o Uni
banco não impõe limitede horas. Hoje, um pacote desse tipo com provedor de acesso pagocusta cerca de R$ 35
fora das promoções. Maso cliente do Unibanconão recebe um e-mail.
A expectativa dobanco é que 600 mil clientes estejam utilizandoo serviço até o fim doano. Nesse número es
tão incluídos os 280 milclientes que já recorrem
ao Micro 30 horas e ao
Internet banking, os queainda não usam serviçoseletrônicos e novos cli
entes atraídos pela oferta. Inicialmente o ser
viço será oferecido na
cidade de São Paulo,com investimentos de
R$ 3,5 milhões. A previsão era de que até a se
gunda quinzena de mar
ço, todo o Estado de SãoPaulo estivesse sendoatendido. Por outro
lado, o projeto nacional
deve estar concluído atémaio. Em São Paulo, o
Unibanco fez uma parceria com a Telefônica
para utilização da rede
IP, como o Bradesco.
://www.tutopia.com.br
http://www.matrix.com.br
ZERO
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZERO
textocamÜe reis
fotoshumberto maia
Ufsc faz tratamento delixo 30% mais baratouso de bolsistas é fundamental para a coleta seletiva
Terreno onde é
tratado o lixo na
UFSC, perto da
prefeiturauniversitária
Florianópolis - 5/2000
Depois de percorrertodos os bares da UFSCrecolhendo restos de comida e cascas de frutas, Giancarlo Verre despeja o
lixo em várias pilhas e co
meça a misturar. Debaixode um sol forte, vestindobermuda e galochas, os
longos cabelos do garotoficam encharcados desuor. O trabalho no lixo édiário. Oito rapazes se re
vezam para tratar de maisde oito toneladas por se
mana. Assim como Gian
carlo, todos são alunos doCurso de Agronomia da
UFSC. "No começo foi estranho trabalhar no lixo,tem muito preconceito,mas quando a gente percebe a importância do projeto, de não poluir a Ilha,vê que vale a pena", conta o estudante da T" fase.
O professor que coordena o trabalho - Rick
Miller, do departamentode Engenharia Rural doCentro de Ciências Agrárias - também põe a mãona massa, ou melhor, nolixo. A diferença desse lixoé que nele não se vêemmoscas e urubus, não exis-
te mau-cheiro e todo ele étransformado em adubo.Além disso, o tratamentosai 30% mais barato que o
convencional (despejo em
aterro sanitário) e chega a
ser quase dez vezes maiseconômico que a coleta se
letiva feita pela Comcap.(Ver quadros 1 e 2).
O processo que os es
tudantes desenvolvem na
UFSC é a compostagemtermofílica, criada na Índia. O lixo orgânico (restos vegetais, de frutas, sobras de refeições), juntocom restos de grama e a
cama de cobaias (serragem com fezes e urina de
rato) é arrumado em pilhas para que sofra a açãodecompositora de micróbios (a uma temperatura de
65°C) e se transforme em
adubo rico em nutrientes.Durante o processo, as pilhas são misturadas paragarantir a entrada de oxi
gênio e impedir a fermentação de outros microorga-
tampas, não fica exposto e
não atrai animais.O professor RickMil
ler, doutor em Ecologia,defende a adoção dessetratamento na cidade. "Estamos batalhando para
que a coleta seletiva sejafeita com o lixo orgânico,não com o seco". Segundoele, além de ser bem mais
barato, o tratamento da
parte orgânica (que representa 48% de todo o lixo)diminuiria o impacto am
biental causado pelo des
pejo desórdenado do lixonos aterros ..
Em Florianópolis,todo o lixo recolhido pelaComcap é despejado no
único aterro aprovadopela Fatma, localizado emBiguaçu e de propriedadeda empresa Formacco. Sãomais de 100 toneladas pordia só de matéria orgânica. Somando-se o lixo seco
(papel, vidro, alumínio,etc),o total chega a 240toneladas. Com o peso, o
lixo vai sendo compactadoe, junto com as águas da
chuva, produz um líquidomal-cheiroso e altamente
......,---,._--�------------------------------ ..QUADRO 'I dc,.�gw.o tôiO �.íirrc.
IE:" ffamWf"renl.I:1 ae:f"nati'IIi'OteC¥.:Jtai!l<��· de 7e!i,�d iW:'.:G ,�,::::,fi
. .
msmos, o que provocariamau-cheiro. Como todo o
lixo é transportado em
bombonas plásticas com
"\,
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:;-: __ j.;;,;., ·;.;._:i:: i'. «. �" "�O
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J. ,"'i'!� t .s,
L ;:.::=:�::: :�1W��::.!� !.<3'::�.�;��.::.:�=::::. .::.M�?.:.�..:��-:\:. .I
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Universidade não gastamais dinheiro com adubopoluente, chamado chorume. Esse líquido, contaminado por metano, álcool emetais pesados, acaba se
infiltrando na terra e poluindo o lençol freático,causando danos irreversíveis. "Apesar de ter sidodesativado, o lixão do Itacorubi, ou ltacorubu como
era chamado, continuasoltando chorume que polui o mangue", diz Rick.
o Modelo da UFSCO tratamento de
compostagem na UFSC érealizado numa área próxima à prefeitura universitária. Nesse local, existem sete pilhas enfileiradas com dimensões de
aproximadamente 1,5mde altura, 2m de largurae 7m de comprimento. Alié tratado 40% dos resíduos gerados no campus, ouseja, todo o lixo orgânicoseparado pelos bares dauniversidade, obrigaçãooficial da UFSC. Com microtrator e carreta da prefeitura universitária, todos os dias, às nove da manhã, o professor Rick Miller e quatro bolsistas doproj eto percorrem uma
rota de recolhimento. Opátio de compostagem re
cebe ainda a cama de co
baias do biotério central eos restos de grama do serviço de manutenção dosjardins da Universidade.
A montagem das leiras é feita manualmentepelos bolsistas. Depois dese fazer o contorno da pilha com capim, a primeiracamada depositada é de
serragem (cama animal)ou folhas secas - materiais que garantem a entra-
da de ar na leira. Em se
guida, é despejado todo o
lixo orgânico separado nacoleta, coberto por uma última camada de grama e
serragem.A serragem atua
como isolante térmico paramanter a alta temperatura. Também é adicionadauma quantidade do adubo já pronto que acelera o
processo, otimizando as
condições de umidade e
estimulando o crescimento microbiano. Depois de48 horas, pode se colocarmais lixo e misturar o material. O "rodízio de despejo" é um procedimento decontrole adotado para evitar o desenvolvimento delarvas.
Depois de seis meses,o material é reduzido à 1110 de sua massa e se
transforma num aduborico em nutrientes, quepode ser vendido a R$ 0,40o quilo. "Vale mais que o
quilo da fruta", lembra o
professor Rick Miller. Ohúmus resultante do processo mantém todos os jardins da universidade."Agora, além de economizar com a coleta do lixo, seeconomiza com a comprado adubo. Antes a UFSCtinha que comprar cercade 15 toneladas de adubotodo mês", diz GuilhermeBressan, aluno da 8a fasede Agronomia, que há trêsanos trabalha no projeto."Sem contar que não temmais moscas, rato, baratae cachorro por causa dolixo", lembra. O estudante da T" fase Igor Diter,que há um mês largou a
bolsa na biblioteca paratrabalhar com o lixo, não
ZERO
se arrepende: "Pelo poucoque aprendi até agora, jáestá valendo a pena".
Os alunos do curso
de Agronomia da UFSCmantém ainda o projetono Ceasa, em São José.Através de um convêniocom o Centro de CiênciasAgrárias, desde março de1997 são tratadas de 5 a 8toneladas diárias de resí-
duos varridos do pátio.A coleta é feita por
caminhão basculante e re
troescavadeira; as leirassão confeccionadas e mo
nitoradas pelos alunos. Nofinal do mês, além da eco
nomia pela utilização deum processo 36% mais barato, 10 toneladas de com
posto orgânico podem ser
vendidas.
Estudantes de
Agronomia ganhamexperiência trabalhandocom lixo
QUADRO 2
Comparação econômica entre as diferentes coletasrealizadas na capital
1- Coleta seletiva de material reciclável: R$ 241,OO/toneiada (Seforem considerados os gastos com estação de triagem + a vendados recicláveis após a coleta: R$ 820,OO/tonelada )
e·
2- Coleta convencional: R$ 71 ,OO/tonelada (Se forem somados os
gastos como transporte para o aterro Biguaçu: R$108,OO/tonelada)3- Coleta seletiva de resíduos orgânicos + implantação dacompostagem: R$ 34,79/tonelada
FLorianópolis - 5/2000
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Festa dos 500 anos émarcada por protestosmanifestantes jogam balões com tinta no relógio da RBS
textolúcia peres
fotos"zé brasil"
Cerca de 150 pessoas, em sua maioria
estudantes, protesta:ram contra a comemoraçãodos 500 anos do Brasil no dia22 de abril. Durante a mani
festação, cinco pessoas forampresas e outras feridas porbalas de borracha e cacetetesusados pela polícia militar.Policiais infiltrados no movimento detiveram os estudantes. Cerca de 30 militares foram enviados para conter a
manifestação.O conflito entre mani
festantes e policiais começouem frente ao relógio comemorativo dos 500 anos, instalado pela RBS naAvenida BeiraMar. Os estudantes carregavam balões de tinta paraatirar nomonumento. Os policiais tentaram contê-los com
granadas de efeito moral e
tiros de bala de borracha. Jorge Silva, presidente do CECCA (Centro de Estudos deCultura e Cidadania), levouum tiro na mandíbula e tevede ser levado ao hospital. Elepassou por uma cirurgia de
reconstituição facial e está
temporiariamente incapacitado de falar.
O comandante de policiamento da capital, coronelValmir Cabral, supõe que os
policiais queriam atirar emoutra pessoa e que Jorgedeve ter passado na frentedeles nomomento do tiro. "Se
quisessem atirar na cabeça,teriammirado na testa ou nosolhos e não na bochecha".Valmir disse que o caso será
investigado e os culpados punidos.
Amanifestante JulianeMoreira, 23 anos, explicouque os estudantes queriamdestruir o relógio porque ele
"é um ícone da história tradicional". "Nós queremosmostrar os outros 500", disse. A estudante Daniela Colossi, 19 anos, participou do
protesto e não concorda coma justificativa da polícia de
que o relógio é um patrimônio público. Outro motivo da
repressão policial, segundo o
coronel Valmir, foi o fato deos manifestantes terem "im
pedido o trânsito, violando o
direito das pessoas de ir e
vir;"Daniela afirmou que os
estudantes pretendiam fazeruma manifestação pacífica,mas a polícia foi "muito grossa" desde o começo. "Nós temos o direito de nosmanifestar, de expor nossa opinião".Valmir classificou os estu
dantes de baderneiros, poisalguns estavam com o rostocoberto e carregavam bolasde sinuca. "Os policiais foramatingidos com as bolas número quatro e número oito."
O protesto continuou na
praça xv, onde algumas pessoas derrubaram e botaramfogo nos tapumes. Algunsdeles caíram em cima dos carros de táxi. Os taxistas não
gostaram e entraram em con
flito com os manifestantes.Policiais à paisana bateramem estudantes e os entregaram à polícia fardada. Daniela, detida por um policialnão identificado, contou quefoi levada a duas delegacias,mas não foi fichada por causa da desorganização. Renato Trivella, 18 anos, disse
que foi detido por criticar aviolência com que os policiaispegaram uma menina. Levou cacetadas nas costas e
nos joelhos e foi imobilizadopelo pescoço com um cacete
te, mas nem chegou à dele
gacia porque não havia maislugar no carro da polícia.
Quatro manifestantesforam presos por policiais semidentificação (conhecidoscomo P2) depois de desceremem urn ponto de ônibus pró-
ximo ao Shopping Itaguaçu.Levados a uma guarnição nacabeceira da Ponte ColomboSales, foram filmados e entre
gues a policiais fardados. Nadelegacia, os rapazes ficarampresos das 16h às 23h, até a
fiança ser paga.O coronel Valmir disse
que o ônibus dos manifestantes foi seguido porque seus
rostos foram reconhecidos nasfilmagens do protesto feitaspela polícia.
Vidal Vanhoni Filho, advogado que vai defender os
quatro, afirma que a prisãofoi ilegal porque os policiaisnão tinham identificação.Além disso, acredita que a filmagem foi um abuso e ofende os direitos do cidadão."Esta filmagem é feita porP2", disse. Vidal criticou a atuação da polícia de Santa Catarina e a presença de P2 na
manifestação. "É um serviçoreservado da polícia militar,uma polícia política e secreta
que estão construindo".
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina