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TECNOLOGIAS SOCIAIS NO RIO GRANDE DO SUL: EXPERIÊNCIAS DE
FORTALECIMENTO LOCAL E INCLUSÃO SOCIAL
Ana Lúcia Suarez Maciel
Erica Monteiro do Bomfim Bordin
RESUMO: Este artigo tem como escopo a reflexão acerca da concepção teórica, apartir de um breve alinhamento conceitual, e da sistematização das experiências deTecnologias Sociais (TS) em desenvolvimento no estado do Rio Grande do Sul.Igualmente, aborda a relação das TS com as políticas públicas no âmbito local. Paratanto, o tema das TS é abordado a partir do resgate do marco analítico das mesmase, também, da apresentação das experiências que vem sendo desenvolvidas nocenário gaúcho. Com base nesses dois elementos, trata-se de estabelecer asrelações e as contribuições dessas tecnologias para o fortalecimento local e, comisso, a sua incidência no desenvolvimento social.Palavras-chaves: Desenvolvimento Social, Inclusão Social, Tecnologias Sociais.
ABSTRACT: This article had as a scope a reflection about the theoretical frameworkfrom a brief conceptual alignment, and the systematization of the experiences ofSocial Technologies (ST) developing in state of Rio Grande do Sul. Also addresses therelationship of ST with public policies at the local level. Thus, the theme of the TS isapproached from the redemption of the analytical framework of same, and also thepresentation of the experiences that have been developed in the scenario gaucho.Based on these two elements, it is about to establish the relationships andcontributions of these technologies to strengthen local and, thereby its incidence onsocial development.Keywords: Social Development, Social Inclusion, Social Technologies
Alinhando conceitos acerca das Tecnologias Sociais
Abordar o tema das Tecnologias Sociais requer precisão conceitual, uma
vez que se trata de um conceito recente e ainda em construção. Para compreensão
desse conceito partimos do significado da palavra tecnologia como sendo um
conjunto de conhecimentos, processos e métodos empregados em diversos ramos.
De forma genérica, tecnologia pode ser definida como uma atividade socialmente
organizada e baseada em planos e de caráter prático (BAUMGARTEN, 2006). Ao
empregarmos o complemento social, entendemos que esse conjunto de
conhecimentos, processos e métodos devam estar ao dispor da sociedade visando
efetivação e expansão de direitos, assim como o desenvolvimento social. A adesão
do termo social à tecnologia traz a dimensão socioambiental e a construção de
processos democráticos e o objetivo de solucionar as necessidades da população,
para a esfera do desenvolvimento tecnológico (ITS, 2007).
A tecnologia, assim como toda produção humana “deve ser pensada no
contexto das relações sociais e dentro de seu desenvolvimento histórico”
(BAUMGARTEN, 2006, p.288). As transformações societárias que culminaram, no
capitalismo, com a hegemonia imposta pela ciência sobre outras formas de
explicação do mundo, o reconhecimento de suas virtualidades e racionalidades e o
desenvolvimento tecnológico que a tornou possível são alguns dos aspectos
sócio-históricos a serem considerados (BAUMGARTEN, 2006).
Quando se trata da hegemonia e da institucionalização da política científica
e tecnológica nos países capitalistas, é possível referir que a mesma decorre das
transformações operadas no modo de produção desta sociedade. Cabe, nessa
perspectiva, problematizar as concepçõs teóricas que vem amparando a produção
de conhecimento sobre Tecnologias Sociais no nosso país, assim como as áreas de
conhecimento que vem contribuindo com a sistematização dessas experiências.
Alguns fundamentos são pertinentes à concepção de Tecnologia Social,
quais sejam: a transformação social, a participação direta da população, o sentido
de inclusão social, a melhoria das condições de vida, a sustentabilidade
socioambiental e econômica, a inovação, a capacidade de atender necessidades
sociais específicas, a organização e sistematização da tecnologia, o diálogo entre
diferentes saberes (acadêmicos e populares), a acessibilidade e a apropriação das
tecnologias, a difusão e ação educativa, a construção da cidadania e de processos
democráticos, entre outros, que são sustentados por valores de justiça social,
democracia e direitos humanos. Com estes tópicos pode-se afirmar que um dos
objetivos da Tecnologia Social é justamente reverter a tendência vigente da
tecnologia capitalista convencional que tem como pressuposto reforçar a dualidade
desse sistema “(...) submetendo os trabalhadores aos detentores dos meios de
produção e países subdesenvolvidos a países desenvolvidos, perpetuando e
ampliando as assimetrias de poder dentro das relações sociais e políticas”
(DAGNINO, 2009, p.18).
Em contraposição a este modelo, a Tecnologia Social reúne características,
tais como: ser adaptada a pequenos produtores e consumidores; não promover o
tipo de controle capitalista: segmentar, hierarquizar e dominar os trabalhadores; ser
orientada para satisfação das necessidades humanas; incentivar o potencial e a
criatividade do produtor direto e dos usuários; ser capaz de viabilizar
economicamente empreendimentos como cooperativas populares, assentamentos
de reforma agrária, a agricultura familiar e pequenas empresas (NOVAES e DIAS,
2009).
Tais características supracitadas demonstram o quanto a Tecnologia Social
está voltada para a “produção coletiva e não mercadológica” e, também, da mesma
forma está “mais imbricada às realidades locais, de modo que possa gerar
respostas mais adequadas aos problemas colocados em um determinado contexto”
(NOVAES e DIAS, 2009, p.19). Também seguindo a linha conceitual sobre
Tecnologia Social é importante frisar que estas sempre consideram as
especificidades das realidades locais e estão, diretamente, relacionadas aos
processos de organização coletiva e democrática e, portanto, acabam
representando soluções possíveis para a superação de diferentes situações
problemáticas, onde se incluem as vulnerabilidades e a exclusão social, incidindo
assim na melhoria das condições de vida daqueles atores envolvidos com a
Tecnologia Social.
O Instituto de Tecnologia Social (ITS) propõe o conceito de Tecnologia Social
a partir do Universo das ONGs, buscando legitimar e dar visibilidade as práticas
desenvolvidas junto ao Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação, conceituando-a
como um “conjunto de técnicas, metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou
aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representem
soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (ITS, 2004, p. 130).
O ITS também contribuiu com o avanço do debate sobre o tema ao agrupar
as ideias a respeito da tecnologia social em três categorias: princípios, parâmetros e
implicações. Os princípios ressaltam a importância da aprendizagem e participação
como processos que caminham juntos e que a transformação social requer a
compreensão da realidade de maneira sistêmica e o respeito às identidades locais.
Os parâmetros de tecnologia social fornecem os critérios para a análise das
ações sociais decorrentes ou propostas, tais como:
- razão de ser da tecnologia social — atender as demandas sociais concretas
vividas e identificadas pela população;
- processo de tomada de decisão — processo democrático e desenvolvido a partir
de estratégias especialmente dirigidas à mobilização e à participação da população;
- papel da população — há participação, apropriação e aprendizado por parte da
população e de outros atores envolvidos;
- sistemática — há planejamento, aplicação ou sistematização de conhecimento de
forma organizada;
- construção do conhecimento — há produção de novos conhecimentos a partir da
prática;
- sustentabilidade — a tecnologia social visa à sustentabilidade econômica, social e
ambiental;
- ampliação de escala — gera aprendizagem que serve de referência para novas
experiências.
E finalmente as implicações do conceito de tecnologia social foram
organizadas em três eixos: a relação entre produção de ciência, tecnologia e
sociedade; a direção da produção de conhecimentos; e o modo de fazer específico
de intervir sobre a realidade e que se relaciona tanto aos parâmetros quanto aos
resultados.
Para a Fundação Banco do Brasil (FBB), a “Tecnologia Social compreende
produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a
comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social”
(Fundação Banco do Brasil, 2012). É um conceito que remete para uma proposta
inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de
organização, desenvolvimento e implementação
Considerando os movimentos e iniciativas dos atores sociais que vem
discutindo e disseminando as Tecnologias Sociais, destacamos a criação no Brasil,
em 2005, da Rede de Tecnologias Sociais (RTS), onde foi gerado o conceito de TS
da seguinte forma: “(...) produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis,
desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções
de transformação social” (RTS, 2009, p. 8). A RTS é uma rede que reúne 786
organizações de todo país e do exterior entre organizações não governamentais,
centros de pesquisa, cooperativas, empresas, escolas de ensino médio, fundações
e institutos, sindicatos, universidades e órgãos de governo nos níveis federal,
estadual e municipal. O objetivo da RTS é ampliar a difusão e a reaplicação das TS
possibilitando a inclusão social, a geração de trabalho e renda e a promoção do
desenvolvimento local sustentável. São experiências que permitem a reaplicação e
já são usadas em diversas localidades do Brasil e em outros países.
Ações como essas, que incentivam a interação das comunidades locais e
promovem soluções na vida das pessoas, são apoiadas pela referida Rede. As
instituições que fazem parte da Rede, até o momento, têm um propósito comum:
entender as Tecnologias Sociais como importantes ferramentas para o
desenvolvimento humano e a formação de uma sociedade mais justa. Também
pactuam desta concepção a FBB, entidade que hoje protagoniza um conjunto de
iniciativas que promovem a disseminação das Tecnologias Sociais em diferentes
regiões do país e o próprio Ministério da Ciência e Tecnologia, através da Secretaria
de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, que reconhece como principal objetivo
da Tecnologia Social a contribuição para a redução do quadro de pobreza,
analfabetismo, fome, exclusão social, entre outras que contribuem com o
desenvolvimento social.
Dentro do debate sobre Tecnologia Social, entendemos ser importante
destacarmos trazermos a teoria da adequação sociotécnica (AST). No III Simpósio
Nacional de Tecnologia e Sociedade – Desafios para a transformação social,
realizado em 2009:os avanços teóricos e na prática social, cultural e institucional dapolítica para a tecnologia social nos levam para o aprofundamentode uma teoria da adequação sociotécnica (AST) para evitar a adoçãoda teoria da inovação empresarial. Estes avanços permitem que hajauma transição paradigmática dos estudos sociais de C&T naAmérica Latina. A AST expressa a relação entre ciência, tecnologia esujeito na práxis social. Propõe desconstruir o senso comum acercado objeto e do fazer tecnológico, e inseri-los como parte do própriosaber de base popular. (OMTS/CDS/UNB, 2009).
A AST pretende apontar ao marco da TS como uma dimensão processual,
uma visão ideológica e um elemento de operacionalidade delas derivadas que não
se encontrava presente no movimento de Tecnologia Apropriada. Umas das origens
do conceito de AST é a necessidade de criar um substrato congnitivo-tecnológico a
partir do qual atividades não inseridas circuito formal da economia poderão ganhar
sustentabilidade e espaço crescente em relação às empresas convencionais
(NEDER, 2009, p. 51).
Os autores defendem que as tecnologias convencionais, são feitas por
empresários, visando beneficiar empresários. Já as tecnologias sociais devem gerar
inclusão social. Dentro dessa lógica, tem-se trabalhado na importância da
elaboração de indicadores que diferenciem Tecnologia Convencional e Tecnologia
Social.Observar, medir e controlar, estas são as razões pelas quais aciência estabelece o uso de indicadores. Os indicadores servem aospropósitos da ciência para traduzir cenários complexos em umsistema que facilite sua leitura e assim auxilie nas interpretações ereflexões sobre a realidade a ser analisada. Obter dadosrepresentativos das ações que estão ocorrendo nos fornececondições de tomar decisões fortaleçam ou que guinem a realidadeque estamos observando, caso esta não esteja apresentando osresultados que se esperava. (OLIVEIRA et al. 2009, p. 6)
Fonte: Oliveira et al, 2009
Porém, como veremos a seguir, nem todas as experiências de Tecnologia
Social no país são mediadas por uma “tecnologia”:“No Brasil a defesa da tecnologia social tem sido marcada pela ação,discurso e movimento concreto em torno de duas vertentes básicas.A primeira trabalha a tecnologia como inovação sociotécnica gerada
pelos sujeitos sociais específicos no seu território comunitário e,portanto, como uma experiência que nasce em geral no circuitosocial e econômico das economias de vizinhança, onde moram aspessoas envolvidas. A segunda vertente atribui à tecnologia social aforma abstrata de metodologia, produto ou processo concreto que foiretirado da comunidade, ou saiu da concepção do pesquisador e daífoi sistematizada e convertida em solução ou modelo para problemaslocais”. (NEDER, 2009, p.9)
A partir destas perspectivas teóricas, nos propomos a apresentar algumas
iniciativas de TS que vem sendo desenvolvidas no Rio Grande do Sul com o intuito
de relacioná-las com as possíveis contribuições para o fortalecimento do espaço
local e da inclusão social do mesmo.
Tecnologias Sociais em desenvolvimento no Rio Grande do Sul
Partindo do conceito da RTS para Tecnologia Social, como sendo “produtos,
técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a
comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social”, para
fins deste artigo, entendemos os conceitos que englobam a sua definição da
seguinte forma:
Produto = Resultado de Qualquer Atividade Humana, materializado em Bens Físicos
ou Serviços. Um produto é qualquer coisa que possa ser oferecida a um mercado,
ou que se destina a entrar na produção de outros bens, que possa satisfazer um
desejo ou uma necessidade. Contudo precisa ser muito mais do que apenas um
objeto físico, um pacote completo de benefícios ou satisfação que a população
percebem que eles obterão se adquirirem o produto. É a soma de todos os atributos
físicos, psicológicos, simbólicos e de serviço.
Técnica e/ou Metodologia = Conjunto de métodos e processos utilizados em
determinada disciplina e sua aplicação. Modo por que se realiza ou executa uma
coisa. É o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm como objetivo
obter um determinado resultado, seja no campo da Ciência, da Tecnologia, das
Artes ou em outra atividade.
A fim de apresentar um panorama das TS que vêm sendo desenvolvidas na
realidade do Rio Grande do Sul, lançamos mão das informações que estão
disponíveis no site da Fundação Banco do Brasil, a partir do Banco de Tecnologias
Sociais (www.fbb.org.br), tendo em vista que a inclusão das mesmas no referido
Banco supõe uma análise e reconhecimento prévio de que as mesmas se
constituem como Tecnologia Social. A pesquisa foi realizada no mês de abril de
2012 e apontou para 37 Tecnologias Sociais que estão listadas no quadro nº2.
Quadro 2: Organizações e tecnologias sociais em desenvolvimento no Rio Grande do SulNome da
OrganizaçãoTipo da
Organização Tecnologia Social Tipo Tema Território
Agência Livrepara Informação,
Cidadania eEducação - ALICE
Associação Boca de Rua (Jornal) Produto –Bens
Educação
PortoAlegreCapital
AssociaçãoBeneficente em
Prol da Infância eJuventude
Associação Acontecendo (Oficinas) Metodologia Educação
CamaquãMetropolit
ana
Associação deLiteratura eBeneficencia
Hospital São José
AssociaçãoKit Auditivo com Materiais
Alternativos para Treino emPacientes com Baixa Visão
Produto –Bens Saúde Giruá
Noroeste
Associação dePais e Amigos
dos Excepcionais- APAE Estrela
AssociaçãoOficina e Grupo Terapêutico
de Capacitação paraInclusão do DM no trabalho
MetodologiaRenda /Educaçã
oEstrela
Associação deVilas: “É PrecisoRepartir o meu
Viver com Todos”
Associação Pão para Todos (Padaria) Produto -Serviço
Alimentação /Renda
FredericoWestphale
n
Associação deVilas: “É PrecisoRepartir o meu
Viver com Todos”
Associação
Pão para Todos:Módulos-piloto de EspaçosFísicos Equipados: Resumo
da Tecnologia (
MetodologiaAlimentação /Renda
FredericoWestphale
n
Associação JuniorAchievement doRio Grande do
Sul
AssociaçãoPrograma “As vantagens de
permanecer na escola”(Jogo de Tabuleiro)
Metodologia Educação
PortoAlegreCapital
AssociaçãoRiograndense deEmpreendimentos de Assistência
Técnica eExtensão Rural
AssociaçãoUso da Silagem de Colostrocomo substituto do leite na
alimentação de animaisMetodologia Aliment
ação Pelotas
AssociaçãoRiograndense deEmpreendimento
Associação Rede dePesquisa-Desenvolvimento
em Pecuária Leiteira de
Metodologia Renda /Aliment
ação
Ijuí
s de AssistênciaTécnica e
Extensão Rural
Base Familiar
Banco deAlimentos do Rio
Grande do Sul
Associação/OSCIP
Banco de Alimentos: Umaação empresarial pela
cidadaniaMetodologia Aliment
ação
PortoAlegreCapital
Banco deAlimentos do Rio
Grande do Sul
Associação/ OSCIP
CLIQUE ALIMENTOS – Deixea solidariedade tocar você(De um lado, o internauta
acessa o sitecliquealimentos.com.br e
concretiza a doação de 1 kgde alimento com apenas
um clique, gratuitamente;de outro, uma empresa
parceira patrocina adoação)
Metodologia Alimentação
PortoAlegreCapital
CooperativaCentral dos
Assentamentosdo Rio Grande do
Sul
Cooperativa
Biofertilizantes paraadubação orgânica em
hortas ecológicasMetodologia
MeioAmbient
e /Aliment
ação
PortoAlegreCapital
CooperativaCentral Justa
Trama
Cooperativa
Tramando ecologia e justiçasocial (Cadeia do Algodão)
Produto –Bens e
Metodologia
MeioAmbient
e /Renda
PortoAlegreCapital
CooperativaMista de
PequenosProdutores
Rurais e Urbanosvinculados ao
ProjetoEsperança Ltda.
Cooperativa
Comércio Justo comConsumo Ético e Solidário
(Economia solidária eagricultura familiar)
Produto –Serviço Renda Santa
Maria
CPM DA ESCOLAESTADUAL DE
EDUCAÇÃOBÁSICA NEUSA
MARI PACHECO -CIEP
Escola
Educar para aSustentabilidade -
Alimentando Corpo eIntelecto dos Educandos
Produto –Serviço
Educação /
Alimentação
Canela
Embrapa/CPACT Governo Quintais Orgânicos deFrutas Metodologia Aliment
ação Pelotas
Escola Estadualde Ensino MédioIrmão José Otão
Escola
Brincar para aprender: Oser humano precisa“humano” ser (jogos ebrincadeiras)
Metodologia Educação
Caxias doSul
Fundação Gaúchados BancosSociais (Banco deResíduos)
FundaçãoBolsas Recicláveis: PortalEletrônico de Compra,Troca e Venda de Resíduos
Produto –Serviço
Renda /Meio
Ambiente
P o r t oAlegre
Capital
FundaçãoPensamento
Digital
Fundação Educação Digital para aVida (método de uso de
Tecnologias Educacionaiscom fundamentação
Metodologia Educação
P o r t oAlegre
Capital
construtivista paraeducação de jovens)
Fundação ProjetoPescar Fundação Projeto Pescar
Produto –Serviço e
Metodologia
Educação /
Renda
P o r t oAlegre
Capital
Guayí Associação Rede Industrial deConfecção Solidária
Produto –Serviço Renda
P o r t oAlegre
Capital
INSTITUTOCONSCIÊNCIAPLANETÁRIA
Associação
Sacola Permanente –Atitude Consciente
(Confecção edisponibilização de sacolaspermanentes para uso no
comércio)
MetodologiaMeio
Ambiente
Constantina
InstitutoEconsciência Associação
Sistema Modular deGestão de Águas
Residuárias: Uma SoluçãoSimples e Eficiente
MetodologiaRecurso
sHídricos
P o r t oAlegre
Capital
Instituto Morroda Cutia de
Agroecologia –IMCA
Associação Óleo Vegetal Usado comoBiocombustível
Produto –Bens e
Metodologia
Energia/ Meio
Ambiente
Montenegro
InstitutoPalavrAções Associação
Ecoliderança - Construindouma visão de futuro
sustentável (formação demultiplicadores)
Metodologia
MeioAmbinet
e /Educaçã
o
Estrela
InstituiçãoSinodal de
Assistência,Educação e
Cultura/Centrode Apoio ao
PequenoAgricultor
(ISAEC/CAPA)
Associação
MeliponáriosDemonstrativos: uma
ajuda mútua (colônias deabelhas sem ferrão)
Metodologia
MeioAmbient
e /Renda
Erechim
ONG ParceirosVoluntários Associação Tribos nas Trilhas da
Cidadania Metodologia Educação
PortoAlegreCapital
ONG ParceirosVoluntários Associação
Qualificação deEducadores emParticipação Solidária eMobilização Juvenil
Metodologia Educação
PortoAlegreCapital
P r e f e i t u r aMunicipal de CruzAlta
Governo
Cozinhas Solidárias: MãesUnidas na Construção daDignidade de Suas Famílias(inclusão social produtivae de segurança alimentar enutricional sustentável)
MetodologiaAlimentação /Renda
Cruz Alta
P r e f e i t u r aMunicipal deEstrela
Governo Corredor Ecológico do RioTaquari – PorçãoEstrela(Recuperação daMata Ciliar e formação de
Metodologia Recursos
Hídricos
Estrela
um corredor ecológicopara o rio)
P r e f e i t u r aMunicipal deFazenda Vilanova
Governo
Programa HabitacionalVivendo Melhor (reformasnas residências dapopulação de baixa renda)
Produto –Serviço
Habitação
F a z e n d aVilanova
P r e f e i t u r aMunicipal deNovo Hamburgo
Governo
Catavida – Cooperaçãopara Inclusão Social(Geração de Trabalho erenda – MateriaisRecicláveis)
Metodologia Renda
NovoHamburgoMetropolit
ana
P r e f e i t u r aMunicipal deJaguari
GovernoClorador Artesanal –Projeto Água Limpa(Método de Tratamento)
MetodologiaRecurso
sHídricos
Jaguari
Projeto ÁguaLimpa – ADES
ProjetoInterinstitu
cional
Projeto Água Limpa –ADES (recuperação dasáreas de preservaçãopermanente da microbacia responsável pelofornecimento de água
para o município)
MetodologiaMeio
Ambiente
Horizontina
Reciclando aCidadania em
RedeInterdisciplinar -
REDECRIAR
AssociaçãoRedecriar - Joias
Sustentáveis na Ilha dasFlores
Produto –Bens
MeioAmbient
e /Renda
PortoAlegreCapital
Themis AssessoriaJurídica e Estudos
de GêneroAssociação Metodologia Themis de
Acesso à Justiça Metodologia Educação
PortoAlegreCapital
Universidade doVale do Rio dos
Sinos - UNISINOSIES
ObservaSinos: Informaçãoe Formação sobre a
Realidade e as PolíticasPúblicas
Produto –Serviço
Educação
Região Valedos Sinos
Metropolitana
Fonte: www.fbb.org.br (Sistematizado pelas autoras).
No que diz respeito às temáticas desenvolvidas pelas TS, salientando-se que
uma mesma experiência pode ter elencada mais de um tema, podemos ensaiar uma
classificação da seguinte forma: Alimentação (10), Educação (13), Meio Ambiente
(9), Renda (13), Recursos Hídricos (3), Energia (1), Habitação (1) e Saúde (1).
Destas experiências, 13 são consideradas produtos – sendo 5 bens e 8 produtos e
27 são metodologias. Três dessas experiências se enquadraram em Produtos e
Metodologias.
No que se refere ao lócus de execução dessas experiências, temos 33
organizações, classificadas da seguinte forma: 17 associações, 3 Fundações, 1
vinculadas a Instituições de Ensino Superior, 2 escolas de educação básica, 6
vinculadas ao Governo, 3 cooperativas, e 1 projeto interinstitucional. Verifica-se,
com isso, que a maioria das organizações que vem desenvolvendo TS no Rio
Grande do Sul se encontra vinculada ao Terceiro Setor (associações e fundações),
seguida da iniciativa do poder público, notadamente no campo da educação (básica
e superior).
Somamos 37 experiências reconhecidas pela Fundação Banco do Brasil,
destas 2 estão localizadas na Região Centro Ocidental; 4 na Região Centro Oriental;
15 na Capital e mais 5 cidades da região Metropolitana, 1 na Região Nordeste; 8 na
região Noroeste; 2 na Região Sudeste, conforme se verifica no quadro nº3.
Quadro Nº3: Mapa localizador das TS por região do Rio Grande do Sul
1 ) Centro Ocidental (2)
2 ) Centro Oriental (4)
3 ) Capital e Metropolitana (20)
4 ) Nordeste (1)
5 ) Noroeste (8)
6 ) Sudeste (2)
7 ) Sudoeste (0)
Fonte: As autoras
Com base na análise prévia do mapa se constata a concentração de TS na
capital e região metropolitana, seguida da região noroeste. De modo geral, essas
organizações vêm atuando com a mediação de novas metodologias de trabalho
para abordar demandas sociais latentes. Neste sentido, é possível afirmar que há
uma relação direta entre o desenvolvimento de TS e as políticas públicas, sendo
que no caso da realidade gaúcha se destacam as iniciativas de TS voltadas para a
educação, alimentação e renda.
Poderíamos citar ainda outras TS que são desenvolvidas e já foram
reaplicadas, mas a intenção aqui é ilustrar com esses exemplos, o quanto é possível
por meio das Tecnologias Sociais promover a inclusão social de trabalhadores, de
zonas rurais ou urbanas, de atores sociais de diferentes ciclos de vida, de famílias
que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco social que de forma
coletiva vivenciam experiências que incidem não somente nas suas condições de
vida, transformando a si mesmos, como transformando o cenário socioeconômico
da comunidade em que vivem e do país.
Considerações Finais
Acreditamos que, com base na sistematização das tecnologias sociais em
desenvolvimento no Rio Grande do Sul, é possível afirmar que estas são
potencialmente uma oportunidade de fortalecimento do espaço local, tendo em vista
o grau de desenvolvimento local em que as mesmas vêm incidindo nos territórios
onde são aplicadas. Igualmente vem impactando na realidade, a partir de inúmeras
experiências que culminam com a inclusão de comunidades e cidadãos em face das
suas demandas.
Desenvolver uma comunidade pobre é aumentar-lhe a rendamonetária, com a qual possa adquirir bens e serviços vendidos foradela. Ora, a única maneira não casual nem ilegal duma comunidadepobre aumentar o dinheiro que seus membros ganham é venderpara fora mercadorias mais caras, em quantidades crescentes, semque o seu preço caia (ao menos no curto prazo). Encontrar taismercadorias é portanto condição essencial mas não suficiente paradar partida ao processo de desenvolvimento. (...) Muitascomunidades pobres (...) conseguem vender ao exterior produtosartesanais, extrativistas, de origem vegetal e animal etc. mas quealcançam preços baixos, porque sua oferta tende sempre a superara demanda por larga margem. São muitos os pobres que vivem davenda de produtos, que em geral são adquiridos por uma elitecultural relativamente pequena. Do desequilíbrio entre oferta edemanda emana uma pressão perene de baixa das remuneraçõesdos que vivem deste tipo de produtos (SINGER, 2004, p. 2)
É diante deste cenário, de desenvolvimento local e inclusão social, que as
Tecnologias Sociais se apresentam como uma estratégia sintonizada com as
demandas da sociedade, a partir de um modelo de desenvolvimento social e
sustentável que tem centralidade no processo e como atores principais a própria
sociedade.
Atualmente, as Tecnologias Sociais apresentam significativo avanço no país,
seja pelas organizações que se instituíram na última década, com vistas à
disseminação dos conceitos e práticas, seja pela capacidade de criação das
mesmas, através das iniciativas populares e da sua reaplicação em todo o território
nacional.
Por esta razão, no estado do Rio Grande do Sul se constata um movimento
semelhante, fortemente ancorado pela sociedade civil oganizada que, a partir de 37
experiências mapeadas, evidencia o seu protagonismo local para o enfrentamento
das demandas dos cidadãos gaúchos.
REFERÊNCIAS
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