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RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015
SOCIOAMBIENTAL PROJETOS LTDA.
Relatório de Prospecção Arqueológica e
Educação Patrimonial
Loteamento Estância do Lago
Empresa Paraopeba Participações Ltda.
Município de Contagem – MG
Relatório final apresentado à 13ª Superintendência IPHAN,
Minas Gerais, solicitando anuência para fase de Licença de Instalação (LI).
Portaria IPHAN N° 63 de 27 de novembro de 2014.
Belo Horizonte, Abril de 2015.
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FICHA TÉCNICA
Empreendimento
Loteamento Estância do Lago
Empreendedor (Endosso financeiro)
Razão social: Paraopeba Participações Ltda.
Nome fantasia: Paraopeba Participações
Endereço: Rua Carlos Eduardo Lott, 436 – Jardim Filadélfia, Contagem-MG
CEP: 30865-230
Fone: (31) 3394-6347 Contato: Marcel Isnard Pierazoli - Diretor
E-mail: marcel@grupoparaopeba.com.br
Responsáveis pelos Estudos Arqueológicos
Coordenação Geral Juliana de Souza Cardoso – Arqueóloga
Endereço: Rua Litargírio, 40/501 – Bairro Grajaú, Belo Horizonte/MG.
CEP: 30.431-232
Fones: (31) 9184-1622 E-mail: tracoseoficios@gmail.com
Arqueólogo de campo Paulo Eduardo de Oliveira Enéas – Arqueólogo
Endereço: Avenida Contorno, 5491 / 504 e 505 – Bairro Funcionários, Belo Horizonte/MG.
CEP: 30.110-035
Fones: (31) 3282 0983 (31) 9992 0579 E-mail: pauloeneas.socioambiental@gmail.com
Educação Patrimonial Inês de Oliveira Noronha – Doutora em Educação e Especialização em Arqueologia e
Patrimônio
Endereço: Avenida Contorno, 5491 / 504 e 505 – Bairro Funcionários, Belo Horizonte/MG. CEP: 30.110-035
Fones: (31) 3282 0983 (31) 9410-1030
E-mail: socioambientalprojetos@uol.com.br
Endosso Institucional
Museu de Ciências Naturais – PUC Minas
Endereço: Rua Dom José Gaspar, 290 – Coração Eucarístico, Belo Horizonte – MG
CEP: 30535-901
Fone: (31) 3319-4152 E-mail: museu@pucminas.br
Equipe Técnica
Dra. Juliana de Souza Cardoso – Coordenação geral
Paulo Eduardo de Oliveira Enéas – Arqueólogo de campo
Dra. Inês de Oliveira Noronha – Arqueóloga de campo e Educação patrimonial
Virginia Barbosa Pereira – Arqueóloga de campo
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Processo de Licenciamento Ambiental
FASE DE LICENCIAMENTO: Licença de Instalação (LI).
PROCESSO COPAM: 02582/2008
PROCESSO IPHAN N°: 01514.002291/2013-76.
PORTARIA IPHAN: N° 63 de 27 de novembro de 2014.
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SÍNTESE DO PROCESSO
Projeto Prospecção arqueológica do Empreendimento Loteamento
Estância do Lago, município de Contagem/MG.
IPHAN: Portaria e
Processo
Portaria n°. 63, de 27 de novembro de 2014
Processo Iphan nº 01514.002291/2013-76 (em anexo).
Apoio Institucional Museu de Ciências Naturais – PUC MG
Fase de
Licenciamento Licença de Instalação (LI) – SUPRAM N° 086/2014
Objetivo do
Relatório
Apresentar os resultados obtidos com a realização da prospecção
arqueológica, com vistas à proposição de medidas de salvaguarda
do patrimônio arqueológico, neste caso, o Programa de Resgate e
Monitoramento Arqueológico e o Programa de Educação
Patrimonial.
Resultados
Os trabalhos prospectivos em campo permitiram a identificação
de 01 sítio arqueológico pré-colonial e a continuidade das
pesquisas em duas estruturas históricas identificados durante as
atividades de Diagnóstico Arqueológico, a saber: Valo dos
Camargos (ADA) e Ruína da Fazenda Vista Alegre (AID).
Recomendação
Recomenda-se a realização de um Programa de Resgate e
Monitoramento Arqueológicos, bem como de Educação
Patrimonial em etapa anterior às atividades de
instalação/implantação do empreendimento. Os programas
recomendados destinam-se à salvaguarda do patrimônio
arqueológico e deverão seguir as determinações da legislação
vigente, utilizando como parâmetros os dados contidos neste
Relatório de Prospecção Arqueológica.
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Sumário FICHA TÉCNICA ................................................................................................................................ 2
Empreendimento ......................................................................................................................... 2
Empreendedor (Endosso financeiro) ........................................................................................... 2
Responsáveis pelos Estudos Arqueológicos ................................................................................. 2
Endosso Institucional .................................................................................................................. 2
Equipe Técnica ........................................................................................................................... 2
Processo de Licenciamento Ambiental ........................................................................................ 3
SÍNTESE DO PROCESSO ................................................................................................................... 4
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 9
2. OBJETIVOS ........................................................................................................................................ 12
3. CONCEITUAÇÃO ................................................................................................................................ 13
3.1. Áreas de Influência ............................................................................................................ 13
3.2. Aspectos teóricos................................................................................................................ 14
3.3. Definições básicas .............................................................................................................. 16
4. METODOLOGIA .............................................................................................................................. 17
4.1. Levantamento bibliográfico ................................................................................................ 17
4.2. Trabalhos de campo ........................................................................................................... 17
4.2.1 Entrevistas ............................................................................................................................. 17
4.2.2 Prospecção arqueológica sistemática ..................................................................................... 18
4.3. Processamento de dados e elaboração de Relatório Final .................................................. 18
5. QUADRO GERAL DO MEIO FÍSICO ..................................................................................................... 19
5.1 Geologia ............................................................................................................................. 19
5.2 Geomorfologia .................................................................................................................... 20
5.3 Pedologia ............................................................................................................................ 20
5.4 Climatologia ....................................................................................................................... 21
5.5 - Vegetação ......................................................................................................................... 22
5.6 - Hidrografia ....................................................................................................................... 23
6. CONTEXTO HISTÓRICO E ETNO-HISTÓRICO DE CONTAGEM ............................................................. 25
6.1 Quadro histórico ................................................................................................................. 25
6.2 - Quadro de ocupação indígena na Região Metropolitana de Belo Horizonte ...................... 33
7. ARQUEOLOGIA REGIONAL E PATRIMÔNIO CULTURAL ..................................................................... 35
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7.1 Histórico dos estudos na Região Metropolitana de Belo Horizonte ..................................... 35
7.1.1 Tradições Arqueológicas........................................................................................................ 38
7.2 O patrimônio cultural de Contagem .................................................................................... 43
8. HISTÓRIA ORAL................................................................................................................................. 47
9. PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA ......................................................................................................... 50
9.1 Área Diretamente Afetada ................................................................................................... 55
9.2 Áreas de interesse arqueológico .......................................................................................... 57
9.2.1 Valo dos Camargos .............................................................................................................. 57
9.2.2 Sítio Arqueológico Lago dos Camargos .............................................................................. 61
9.2.3 Fazenda Vista Alegre ........................................................................................................... 84
9.3 Registro e vistoria realizada nas Áreas de Influência do empreendimento ........................... 90
9.4 Considerações Finais ........................................................................................................ 110
10. PROGRAMAS ARQUEOLÓGICOS MITIGADORES E COMPENSATÓRIOS ......................................... 110
10.1 - Programa de Resgate e Monitoramento Arqueológico e Educação Patrimonial ......... 110
10.1.1 Programa de Resgate Arqueológico ................................................................................... 111
10.1.2 Programa de Monitoramento Arqueológico ........................................................................ 112
10.1.3 Programa de Educação Patrimonial .................................................................................... 113
11. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL ............................................................................................................ 115
11.1 Histórico da Educação Patrimonial no Brasil ................................................................. 116
11.2 Ações de Educação Patrimonial em Contagem ................................................................ 118
12. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 128
13. REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 129
ANEXOS .............................................................................................................................................. 134
ANEXO 1: PORTARIA N°. 63, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2014 ...................................... 135
ANEXO 2: MAPAS ................................................................................................................ 137
ANEXO 3: FICHAS DE CADASTRO DE SÍTIO ARQUEOLÓGICO .................................. 141
ANEXO 4: FICHA DE ANÁLISE ATRAVÉS DO MÉTODO DELPHI ............................... 142
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Lista de Figuras
Figura 1: Localização regional do município de Contagem/MG. .......................................... 11
Figura 2: Localização do empreendimento. .......................................................................... 14
Figura 3: Esboço Geológico da Região do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais .................. 20
Figura 4: Normais Climatológicas – Estação Climática Belo Horizonte. ............................... 21
Figura 5: Imagem da Área do Empreendimento: destaque aos compartimentos vegetais ....... 22
Figura 6: Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba. ........................................... 23
Figura 7: Contagem - Rede Hidrográfica. ............................................................................. 24
Figura 8: Mapa histórico com rota de entradas e bandeiras que percorreram Minas Gerais ... 26
Figura 9: Igreja Matriz de São Gonçalo, em 1954. ................................................................ 29
Figura 10: Imagem aérea da Cidade Industrial em 1970. ...................................................... 31
Figura 11: Contagem ............................................................................................................ 32
Figura 12: Imagem alusiva aos estudos de Peter Lund, datada de 1840. ................................ 36
Figura 13: Trabalhos desenvolvidos no MHNJB/UFMG ...................................................... 37
Figura 14: Principais formas das tradições Aratu-Sapucaí e Una. ......................................... 40
Figura 15: Exemplo de cerâmica Tupiguarani. ..................................................................... 43
Figura 16: Bens culturais na AID do empreendimento. ......................................................... 45
Figura 17: Pátio do DETRAN a frente da Chaminé da Olaria do Sr. Diniz. .......................... 46
Figura 18: Educação Patrimonial com moradores da AID .................................................... 49
Figura 19: Entrevista não com o Sr. Mário Braz da Luz ....................................................... 50
Figura 20: Reconhecimento dos bens identificados no Diagnóstico Arqueológico. ............... 51
Figura 21: Tradagens realizadas. .......................................................................................... 53
Figura 22: Tradagens deslocadas e não realizadas. ............................................................... 54
Figura 23: Unidades estratigráficas. ..................................................................................... 57
Figura 24: Estruturas de pedra identificadas no Valo dos Camargos. .................................... 59
Figura 25: Estrutura 3 .......................................................................................................... 60
Figura 26: Procedimentos em campo: elaboração de croqui. ................................................. 61
Figura 27: Delimitação do Sítio Arqueológico Lago dos Camargos. ..................................... 62
Figura 28: Destaque ao Sítio Arqueológico Lago dos Camargos........................................... 63
Figura 29: Sítio Arqueológico Lago dos Camargos. ............................................................. 66
Figura 30: Sítio Lago dos Camargos. ................................................................................... 67
Figura 31: Delimitação do Sítio Arqueológico Lago Camargos. ........................................... 68
Figura 33: Tipologia do material. ......................................................................................... 76
Figura 34: Fragmentos cerâmicos coletados em campo. ....................................................... 81
Figura 35: Limpeza da Fazenda Vista Alegre. ...................................................................... 86
Figura 36: Elaboração de croqui. .......................................................................................... 87
Figura 37: Croqui parcial da sede da Fazenda Vista Alegre. ................................................. 88
Figura 39: Entrevistas informais sobre a Fazenda Vista Alegre. ........................................... 89
Figura 40: Pontos de vistoria e intervenções em subsuperfície. ........................................... 109
Figura 41: Educação Patrimonial com moradores da ADA e AID. ..................................... 121
Figura 42: Educação Patrimonial nas ruínas da Fazenda Vista Alegre (AID). ..................... 125
Figura 43: Educação Patrimonial nas ruínas da Fazenda Vista Alegre. ............................... 126
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Figura 44: Educação patrimonial com os trabalhadores da fazenda. .................................... 127
Lista de Tabelas:
Tabela 1: Coordenadas delimitação do sítio. ......................................................................... 65
Tabela 2: Pontos de vistoria e registros realizados nas áreas de influência do empreendimento
............................................................................................................................................ 90
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1. INTRODUÇÃO
Este estudo vem apresentar os resultados obtidos com a realização do projeto de
Prospecção Arqueológica nas áreas de influência do empreendimento “Loteamento Estância
do Lago”, a fim de atender à legislação atinente ao licenciamento ambiental e à disciplina
arqueológica. Localizado no município de Contagem, mais especificamente nas coordenadas
23K 596200/77975381 (Figura 1), o empreendimento ocupa uma área de 115,41 ha e será
desenvolvido pela empresa Paraopeba Participações Ltda., inscrita no CNPJ n°
07.161.629/0001-62, situada na Rua Carlos Eduardo Lott, n°436, no Bairro Jardim Filadélfia,
em Contagem, Minas Gerais.
O empreendimento se justifica pela criação de um espaço adequado para a habitação
humana atendendo às necessidades do mercado; compactuar a expansão urbana com temas
como sustentabilidade ambiental, proteção de áreas verdes e de mananciais hídricos;
desenvolvimento de um padrão de uso e ocupação do solo que garanta a aplicação de práticas
construtivas benéficas do ponto de vista ambiental; elaboração de projeto capaz de oferecer
qualidade de vida à população e, ao mesmo tempo, atender às expectativas dos futuros
clientes, levando em consideração suas possibilidades econômicas; e por fim, perseguir maior
rentabilidade do investimento realizado, com maior taxa de aproveitamento do terreno e
retorno de capital empregado no menor espaço e rápido início das vendas (IMPACTO
POSITIVO, 2012).
As atividades de arqueologia desenvolvidas para a adequada condução do processo de
licenciamento ambiental do empreendimento em pauta ocorreram mediante a autorização da
Portaria IPHAN n° 63 publicada no DOU em 27 de novembro de 2014. Os procedimentos
adotados seguiram as premissas estabelecidas pela Lei Federal n° 3924/64; pelo Art. 20 da
Constituição Federal do Brasil de 1988; e Portarias SPHAN n° 07/1988; IPHAN n° 230/2002
e IPHAN n° 28/2003, que tornaram obrigatória a realização de estudos arqueológicos em
empreendimentos que apresentassem potencial de impacto sobre os bens culturais e
arqueológicos. A prospecção arqueológica se encontra também regulamentada pela Resolução
CONAMA n° 001, de 1986, juntamente com o Decreto Lei n° 25/1937 e o Decreto Lei n°
3551/2000, que enfoca o patrimônio histórico e artístico nacional, além de instituir o registro
1 Todas as coordenadas contidas nesse relatório são referenciadas com o Datum SIRGAS 2000.
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de bens imateriais; e também a Lei n° 9605 de 30/03/1998, Seção IV, que versa sobre os
crimes atinentes ao patrimônio cultural.
A Portaria IPHAN n° 230/2002 compatibiliza as etapas da pesquisa arqueológica com
as fases do licenciamento ambiental do empreendimento. Para o caso específico do
empreendimento a que estes estudos de Prospecção se aplicam, sua realização se vincula à
obtenção da Licença de Instalação – LI. Para o seu desenvolvimento, foi realizado um
levantamento sistemático interventivo visando identificar e mapear os possíveis sítios
arqueológicos ocorrentes nas áreas de influência do empreendimento, oferecendo os subsídios
necessários para a proposição de medidas de salvaguarda do patrimônio.
O documento ora apresentado contém os resultados obtidos por meio da execução do
Projeto de Prospecção Arqueológica proposto e consta de uma contextualização realizada por
meio de levantamento bibliográfico sistemático, com ênfase na conformação histórica, etno-
histórica da região enfocada e no contexto da Arqueologia Regional. Aborda a caracterização
geral das condições fisiográficas e ambientais, que podem ter desempenhado papel relevante
no tocante às áreas escolhidas para serem povoadas no passado. Na sequência, é apresentado
o quadro teórico metodológico que orientou o desenvolvimento dos estudos, a descrição da
pesquisa realizada e os resultados obtidos. Finalmente, é feita uma discussão dos resultados e
recomendadas as ações adequadas à proteção e salvaguarda do patrimônio identificado.
Por fim, nessa empreitada, partimos da premissa de que o patrimônio arqueológico
constitui herança cultural da nação, pois se trata do registro físico das atividades
desenvolvidas pelos diferentes atores que participaram da formação da nossa sociedade. O seu
gerenciamento e proteção perpassa pela realização de estudos capazes de gerar novos dados e
oferecer à comunidade elementos para identificação de suas raízes culturais e sociais
(MORAIS, 2006).
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Figura 1: Localização regional do município de Contagem/MG.
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2. OBJETIVOS
Geral
Assegurar a proteção do patrimônio arqueológico, histórico e cultural por meio de
ações de campo e laboratório, atendendo assim a legislação vigente.
Específicos
1. Efetuar a contextualização histórica, etnohistórica e arqueológica das Áreas de
Influência do empreendimento;
2. Realizar levantamentos de campo extensivo na AID e intensivo na ADA;
3. Levantar informações orais referentes aos saberes e fazeres da comunidade local, bem
como dados referentes à conformação histórica, etno-histórica e arqueológica ausentes
dos registros oficiais;
4. Identificar, registrar, delimitar, avaliar e analisar os bens arqueológicos situados nas
áreas de influência do empreendimento;
5. Estimar a quantidade de sítios arqueológicos existentes nas áreas investigadas;
6. Determinar a filiação cultural dos bens arqueológicos identificados;
7. Elaborar um quadro geral com o contexto de ocupação local;
8. Propor programas e medidas de salvaguarda bens arqueológicos identificados;
9. Registar os sítios arqueológicos identificados no Cadastro Nacional dos Sítios
Arqueológicos – CNSA/IPHAN;
10. Propor atividades de Educação Patrimonial a serem desenvolvidas no local onde se
pretende implantar o empreendimento.
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3. CONCEITUAÇÃO
Para o desenvolvimento do estudo em tela foram aplicados definições e aspectos
teóricos que são específicos da arqueologia e do licenciamento ambiental. Devido à
multiplicidade de abordagens inerentes às temáticas, torna-se pertinente apresentar os
referenciais que orientaram este trabalho.
3.1. Áreas de Influência
De acordo com as Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA
nº 01/86 foi conceituada como Área Diretamente Afetada (ADA) a área de instalação efetiva
do empreendimento e os demais locais que comportarão obras de infraestrutura que
demandam movimentação dos solos e remoção de vegetação, tais como a abertura de acesso,
o que perfaz um total de 115,41 ha, a partir das coordenadas 23K 596200/7797538 (Figura
02).
Quanto à Área de Influência Direta (AID), foram considerados os marcadores naturais
da configuração fisiográfica local, tendo em vista a distribuição dos impactos potenciais a
serem gerados quando da implantação e operação do empreendimento. Sendo assim, foi
estabelecido um raio limite de 500m, onde foi possível abranger os seguintes bens: Fazenda
Vista Alegre e chaminé da antiga olaria do Sr. Gilson Diniz.
Para à Área de Influência Indireta (AII) foi considerado o território do município de
Contagem devido aos potenciais impactos a serem gerados pelo empreendimento no cotidiano
da população.
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Figura 2: Localização do empreendimento.
3.2. Aspectos teóricos
O enfoque adotado neste trabalho foi o da Arqueologia da Paisagem, perspectiva que
oferece o arcabouço necessário para o entendimento das relações estabelecidas entre o homem
e o meio, tendo em vista as dimensões culturais, sociais e materiais que permeiam este
complexo processo. Em outras palavras, a Arqueologia da Paisagem permite a elaboração de
uma história de longa duração, enquanto as atenções se concentram no cenário no qual
aconteceram as atividades humanas no passado, evidenciando rupturas e continuidades entre o
passado pré-colonial e o histórico.
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Partimos da constatação de Knapp e Ashmore (1999), segundo a qual os arqueólogos
devem manifestar interesse no estudo do espaço e, consequentemente, da paisagem. De
acordo com os autores, tem sido discutida a noção de paisagem com ênfase na sua dimensão
sócio simbólica. Nesta perspectiva, a paisagem é concebida como uma entidade que existe no
momento em que é percebida, experimentada e contextualizada por indivíduos e grupos
sociais.
Uma paisagem arqueológica pode ser entendida como o somatório de todos os
indicadores, sejam eles materiais e imateriais; antrópicos e/ou naturais, decorrentes de
atividades humanas em um determinado espaço ao longo do tempo. A perspectiva parte,
portanto, das relações físico-geográficas existentes entre diferentes unidades espaciais, que
englobam os processos naturais e culturais que conformam uma determinada paisagem.
Assim, o espaço é concebido como uma variável dinâmica ao mesmo tempo em que o registro
arqueológico é visto sempre em transformação, sendo configurado ao mesmo tempo por
agentes culturais e naturais (CURTONI, ENDERE, 2009).
Nos estudos de arqueologia da paisagem, os pesquisadores têm investigado as escolhas
realizadas pelos grupos no passado com relação aos locais em que se distribuíam, levando em
consideração as redes estabelecidas entre o meio físico e toda a complexa gama de valores
simbólicos, culturais e tecnológicos (FAGUNDES, 2007). Essa percepção orientou a escolha
das áreas onde foram realizadas as intervenções arqueológicas, ou seja, áreas
geomorfologicamente propícias e com disponibilidade de recursos naturais.
Enfim, concordamos em boa medida com Boado (1999), ao afirmar o potencial da
arqueologia da paisagem no processo de estudo, gestão e interpretação dos vestígios materiais
de sociedades pretéritas. Seguindo este raciocínio, Morais (2007) argumenta que a
Arqueologia da Paisagem é a linha de pesquisa mais adequada para estudos desenvolvidos no
âmbito do licenciamento ambiental, pois oferece os subsídios teórico-metodológicos
necessários para o entendimento da antropofização de uma área específica, sem perder de
vista os sistemas locais de povoamento, contribuindo, portanto, com o desenvolvimento de
uma Arqueologia Regional.
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3.3. Definições básicas
Devido à multiplicidade de definições e termos encontrados na bibliografia dedicada à
Arqueologia, torna-se necessário apresentar as definições básicas que fundamentaram este
Relatório de Prospecção, a saber, aquelas usadas por Morais (2006) e Prous (1992). São elas:
sítio arqueológico; registro arqueológico; evidência arqueológica; estrutura arqueológica,
ocorrência arqueológica e geoindicadores arqueológicos.
Sítio arqueológico: Corresponde à unidade menor do espaço passível de investigação uma vez
que apresenta objetos, estruturas ou outros tipos de vestígios perceptíveis a ponto de oferecem
um testemunho de atividades humanas no passado.
Estrutura arqueológica: Trata-se de conjunto significativo de vestígios que aparecem de
forma associada, como por exemplo, estrutura de habitat, de combustão, de sepultamento, etc.
Registro arqueológico: Termo geral usado para se referir aos objetos, artefatos, estruturas,
construções e paisagens culturais produzidas pelas sociedades do passado, inseridas em
determinado contexto.
Evidência arqueológica: Trata-se de uma assinatura arqueológica. Pode ser classificada como
evidência arqueológica direta – que incorpora os vestígios percebidos nos níveis
arqueológicos micro e macroscópicos; e evidências indiretas – que são objetos e estruturas
ausentes no lugar onde se poderia esperar que existissem e que sugerem a existência de outros
objetos ou atividade no sítio.
Ocorrência arqueológica: Pode ser definida como objeto único ou quantidade ínfima de
objetos, encontrados de forma isolada e desconexa em um determinado local.
Geoindicadores arqueológicos: A denominação se refere a aspectos do meio físico-biótico
que apresenta expressão locacional para os sistemas regionais de povoamento, podendo
indicar os sítios arqueológicos. Os geoindicadores são utilizados, portanto na elaboração de
modelos locacionais de caráter preventivo, tornando mais eficientes as intervenções
arqueológicas realizadas. No caso dos assentamentos identificados em Minas Gerais, os
geoindicadores fundamentais são terraços fluviais; vertentes suaves de colina; patamares de
vertentes; cabeceiras de nascentes; escarpas, topos de interflúvios; entre outros.
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4. METODOLOGIA
Para realização deste trabalho foram executados os seguintes procedimentos:
levantamento bibliográfico; entrevistas não estruturadas com os moradores residentes nas
áreas de influência do empreendimento; expedições de campo para reconhecimento da ADA e
AID; prospecção arqueológica pautada na abertura de sondagens para verificação de
subsuperfície. Os dados foram sistematizados sob a forma do relatório que se segue.
4.1. Levantamento bibliográfico
Foram estudadas de forma aprofundada as fontes históricas e etno-históricas
disponíveis sobre a região de nosso interesse, buscando angariar subsídios que permitiram a
contextualização, descrição e interpretação dos dados levantados em campo e dos bens
patrimoniais porventura identificados nas áreas de influência do empreendimento. Foram
consultados bancos de dados on-line, fontes disponíveis em arquivos e bibliotecas,
bibliografia secundária e outros tipos de fontes, tal como documentação cartográfica e
aerográfica, para estabelecer os referenciais adequados para o estudo proposto em projeto.
4.2. Trabalhos de campo
As atividades consistiram na realização de entrevistas não estruturadas com membros
da comunidade situada no entorno do empreendimento e trabalhos de prospecção sistemática,
conforme consta detalhadamente abaixo.
4.2.1 Entrevistas
Concomitante aos trabalhos de campo, foram realizadas entrevistas não estruturadas
com os moradores da região. O objetivo foi o de compreender o valor simbólico dos bens
culturais para a população local. Intentou-se, também, apreender informações referentes à
conformação histórica e etno-histórica da região, complementares aos registros oficiais, além
do levantamento de referências à localização de possíveis achados arqueológicos. Em termos
teórico-metodológicos, os procedimentos que orientaram o trabalho são aqueles que
caracterizam a História Oral. Em linhas gerais, trata-se de abordagem compatível com a
renovação vivenciada pelo campo da História nos últimos anos, que busca verificar as formas
como o contexto histórico é reelaborado no âmbito das experiências cotidianas e traduzido no
discurso oral (POLLAK, 1989).
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4.2.2 Prospecção arqueológica sistemática
Partiu-se da premissa de que a prospecção arqueológica consiste no mapeamento
sistemático da disposição dos vestígios arqueológico em uma determinada área
(LUMBRERAS, 1974). Levando-se em conta o estudo de amostras probabilísticas localizadas
in situ, é possível chegar a conclusões gerais sobre um assentamento ou região. Por esse
motivo, os arqueólogos tentam incrementar cada vez mais as amostras que fundamentam suas
generalizações (RENFREW & BAHN, 1993).
Partindo desta orientação, as sondagens foram abertas em locais previamente
determinados por um grid estendido por toda a área. Levando em conta o diagnóstico
realizado na área, foi estabelecido um grid de 100m de distância a fim de melhor cobrir toda a
área do empreendimento. Os pontos de tradagem foram abertos com o auxílio de enxadas e
cavadeiras “boca de lobo’, na ADA do empreendimento, respeitando a sua configuração e
grid. Os pontos de intervenção tiveram suas coordenadas registradas em GPS manual e
posteriormente plotados em mapa correspondente às áreas de influência do empreendimento,
que segue anexo.
Simultaneamente, foram realizados caminhamentos assistemáticos para identificação e
registro dos diferentes compartimentos ambientais, além dos bens materiais de valor histórico
e pré-histórico situados no local. Todo o trabalho foi documentado por meio de fotografias e
obtenção de coordenadas geográficas com GPS manual.
4.3. Processamento de dados e elaboração de Relatório Final
Os dados levantados nas etapas anteriores foram sistematizados, confrontados e por
fim interpretados, tendo em vista a necessidade de elaboração do relatório final de prospecção
arqueológica local. Para melhor visualização dos resultados, foram elaborados mapas e
plantas evidenciando as áreas vistoriadas, sondagens abertas e bens identificados. Os bens
materiais de natureza histórica identificados na execução dos trabalhos tiveram o seu grau de
impacto avaliado, enquanto o sítio arqueológico encontrado foi analisado, descrito e
registrado.
O material coletado em campo foi alvo de curadoria e classificado em categorias
específicas, criando tipologias. Posteriormente, foi realizada a análise do material para melhor
compreensão do sítio arqueológico.
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Por fim, foi aplicado o Método Delphi (NORONHA, 2012), com o intuito de
confirmar a procedência do material. O Método Delphi consiste em “uma técnica para a busca
de um consenso de opiniões de especialistas” (WRIGHT, GIOVINAZZO, 2000). Segundo
Noronha (2012, p.114-115), “el Método (...) aplica además la estadística de grupos y
posibilita que el panel de expertos evaluadores sea heterogéneo y pueda valorar libre de
compromisos personales y científicos”. Decidiu-se aplicar o método supracitado adaptado à
Arqueologia.
Cabe ressaltar que o Método Delphi seguiu as etapas previstas, a saber: contato inicial
com os especialistas; registro fotográfico detalhado dos vestígios; abordagem dos
especialistas na rede social com o intuito de sondar o interesse de participar da pesquisa;
envio do formulário via e-mail, para análise dos especialistas; e, finalmente, tratamento das
informações recebidas.
O conjunto total de informações obtidas pelo trabalho desenvolvido foi sintetizado
neste Relatório Final que se constitui a referência para as ações futuras de divulgação do
conhecimento arqueológico local, tanto para a comunidade local por meio de iniciativas de
educação patrimonial, quanto para o contexto acadêmico, por meio da publicação de artigos
em periódicos científicos e apresentação de trabalhos em congressos e simpósios.
5. QUADRO GERAL DO MEIO FÍSICO
Nesse quadro, parte-se da premissa de que o meio físico e antrópico se encontram
profundamente atrelados, de modo que as características do meio físico podem repercutir no
tocante aos parâmetros adotados no processo de ocupação pré-colonial.
5.1 Geologia
O contexto geológico de Contagem é representado pelos complexos granito-gnáissicos
do sudeste do Quadrilátero Ferrífero (Figura 3), formação situado na região central do estado
e que se estende por cerca de 7.200 km² (VARAJÃO et. al, 2009). Além disso, o município
está inserido no limite meridional do Cráton do São Francisco – unidade tectônica arqueana
retrabalhada durante o Ciclo Brasiliano. (ALMEIDA, 1977).
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O terreno do município faz parte do Domínio do Complexo Belo Horizonte, termo
introduzido por Noce et al. (1994). Constitui-se principalmente de rochas de idade arqueana,
predominando rochas gnáissico-migmatíticas, bandadas, localmente milonitizadas. Estas
foram parcialmente remobilizadas e migmatizadas no Paleoproterozóico (SILVA et al., 1995).
Figura 3: Esboço Geológico da Região do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Adaptação. Fonte: MACHADO et al., 2011.
5.2 Geomorfologia
Segundo IGA (1977 apud PREFEITURA MUNICIPAL DE CONTAGEM, 2009)
Contagem se insere na grande unidade de relevo denominada Depressão Sanfranciscana e, em
menor escala, compõe a Depressão de Belo Horizonte ou Domo Belorizontino. Seu relevo é
tipificado por formas colinas aplainadas e declividades geralmente suaves. Feições côncavas
resultantes da estabilização de antigas voçorocas são também comuns na paisagem local. Na
área do empreendimento predominam declividades de 0 a 20%, atingindo até 47%, sendo uma
área pouco íngreme, com vale não muito encaixado.
5.3 Pedologia
No Complexo Belo Horizonte se distinguem intrusões magmáticas que podem se
alterar para solos vermelhos argilosos, com coesão maior que a dos solos oriundos de rochas
gnáissicas, também presentes.
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Essa estrutura, somada à morfoescultura gerada pelo tipo climático tropical, apresenta
formações superficiais compostas por solos residuais geralmente de grande espessura (manto
de intemperismo) e alto grau de evolução pedológica. A granulometria comum é silto-argilosa
ou silto-arenosa. Ocorrem, também, depósitos aluvionares associados aos principais cursos
d’água. Outra característica da região são os aterros e cortes, oriundos, sobretudo das
atividades industriais típicas do município, e agentes de solos antropogênicos, cujas
características são variáveis.
5.4 Climatologia
A macrorregião de Contagem se encontra durante todo o ano sob o domínio do
Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul, sendo submetida a movimentos verticais de larga
escala. Há, ainda, a influência constante de sistemas extratropicais, que provocam chuvas no
período da primavera, verão e outono (NIMER, 1989).
De acordo com a classificação de Köppen, o clima de Contagem coincide com o de
Belo Horizonte, sendo do tipo Tropical de Altitude (Cwb), com verões quentes e chuvosos, e
inverno seco. As temperaturas mais elevadas ocorrem de outubro a abril, com maior índice de
precipitação. De maio a setembro é o período de inverno, com predomínio da estiagem. A
temperatura média é da ordem de 21ºC, com a máxima de 27 graus e a mínima de 16,7 graus
(Figura 4) (PREFEITURA MUNICIPAL DE CONTAGEM, 2009).
Figura 4: Normais Climatológicas – Estação Climática Belo Horizonte. Fonte: INMET, 20152
2 Extraído da página virtual do INMET, disponível em www.inmet.gov.br, acesso em 02/02/2015.
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5.5 - Vegetação
O município de Contagem apresenta um alto grau de urbanização (IBGE, 2010), que
teve como consequência a supressão da vegetação primária durante o período histórico de
ocupação do território. Originalmente, a região é um ecótono, onde se encontram espécimes
de transição entre o Cerrado e a Floresta Estacional Semidecidual (bioma de Mata Atlântica).
Hoje, no local do empreendimento, uma área de expansão da malha urbana, com
ocupação pouco adensada, ocorrem manchas de vegetação secundária em diferentes estágios
de regeneração natural e resquícios de antigas pastagens. Como demonstra a Figura 6, o porte
arbustivo a arbóreo, as chamadas áreas verdes e florestas, predomina ao longo dos cursos
d’água não canalizados e nos pontos mais declivosos (a nordeste da imagem, parte superior
direita, e sudeste). Nas demais regiões a presença mais significativa de cobertura vegetal é a
de porte herbáceo, mais conhecido como campo sujo (Figura 5).
Figura 5: Imagem da Área do Empreendimento: destaque aos compartimentos vegetais.
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5.6 - Hidrografia
O território de Contagem faz parte da região do Alto Rio São Francisco, que se
estende desde a Serra da Canastra, até a cidade de Pirapora, no centro norte de Minas Gerais3.
O território municipal abriga parte do divisor de águas de duas importantes sub-bacias da
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. São elas a Bacia do Rio Paraopeba, que banha a
porção ocidental do município, e do Rio das Velhas, na porção oriental. O empreendimento
proposto se localiza na Bacia do Rio Paraopeba, ilustrada a seguir (Figura 6).
Figura 6: Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba. Fonte: CBH PARAOPEBA, 2013
4.
O padrão da rede de drenagem da maioria dos cursos d'água da bacia é do tipo
dendrítico, comum às regiões de rochas cristalinas ou rochas do embasamento, típicas da
região. Nas proximidades da área há o Córrego das Abóboras (classe 2, segundo DN nº 14, de
1995, do COPAM), contribuinte do Ribeirão Betim, inserido na Bacia Vargem das Flores
como afluente do Rio Paraopeba (Figura 7).
3 Informação extraída da página virtual do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, disponível em
http://cbhsaofrancisco.org.br, acesso em 21/03/2013. 4 Extraído da página virtual do Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, disponível
em http://www.aguasdoparaopeba.org.br, acesso em 21/03/2013.
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Figura 7: Contagem - Rede Hidrográfica.
Fonte: IGAM5
A denominação da Bacia Vargem das Flores alude à barragem de mesmo nome
construída em 1974, nas águas do Rio Betim, para fins de abastecimento público. O lago
formado a partir do barramento possui dimensões amplas, com 54 km de perímetro, se
localiza a aproximadamente 5 km do local do loteamento previsto. As instalações são,
atualmente, de responsabilidade da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA),
que capta e trata a água do reservatório abastecendo aproximadamente 700 mil habitantes na
Região. Metropolitana de Belo Horizonte6.
5 Extraído da página virtual do IGAM, disponível em www.igam.mg.gov.br, acesso em 21/03/2013. 6Informação extraída da página virtual da Prefeitura Municipal de Betim, disponível em
http://www.betim.mg.gov.br, acesso em 21/03/2013.
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6. CONTEXTO HISTÓRICO E ETNO-HISTÓRICO DE CONTAGEM
O município de Contagem se encontra inserido na região central de Minas Gerais, na
mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte, mais precisamente na microrregião de Belo
Horizonte. A extensão total do território do município atinge 195,2 Km2, limitando-se aos
municípios de Esmeraldas, Ribeirão das Neves, Ibirité, Betim e Belo Horizonte. De acordo
com dados do IBGE (2010), a população foi estimada em 643 mil para o ano de 2014, com
uma taxa de 99,7% de população urbana, o que a torna um dos municípios mais populosos de
Minas Gerais.
No tocante à economia, as principais atividades desenvolvidas no município se
relacionam à indústria, ao comércio e à prestação de serviços. O setor secundário tem sua
maior produção nas áreas metalúrgica, química, de refratários, máquinas e equipamentos,
material elétrico, eletrônico e de comunicações. Historicamente, o setor terciário alcançou o
posto de principal atividade econômica no município. Contagem registrou, no ano de 2010,
um PIB de R$ 18.539.693,00, correspondendo a um PIB per capita de R$ 30.743,317. Devido
a fatores como os citados acima, segundo dados do IBGE (2010), a economia de Contagem é
a terceira maior do estado de Minas Gerais, e a 25ª força nacional.
6.1 Quadro histórico
O processo de ocupação histórica do território que constitui o atual município de
Contagem teve início entre os séculos XVII e XVIII. Foi nesta época que as bandeiras
paulistas adentraram o interior da Colônia recém-descoberta em busca de ouro e pedras
preciosas, especialmente aquelas coordenadas por Fernão Dias Paes. Tais expedições
acabaram por consolidar um caminho que passou a ser amplamente usado, promovendo a
articulação entre a Capitania de São Paulo e Serra do Espinhaço, local rico em minas de ouro
(BONADA, 2011).
Mais tarde, devido à crescente necessidade por contatos com a Capitania do Rio de
Janeiro e os Sertões da Bahia, surgiram outras duas rotas, intensamente percorridas por
aventureiros, bandeirantes, expedicionários, mercadores, índios, escravos, tropeiros, entre
outros. Estas três rotas se cruzarem na região conhecida como Abóboras, de acordo com
documentação iconográfica datada de 1710 (Figura 8).
7 Informações extraídas da página virtual da prefeitura de Contagem, disponível em <http://www.contagem.mg.gov.br>, acesso em 18/04/2014.
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Figura 8: Mapa histórico com rota de entradas e bandeiras que percorreram Minas Gerais Fonte: TORRES, 1978.
A origem da denominação Abóboras, por sua vez, é desconhecida, no entanto, existem
três versões para o nome escolhido. A primeira delas se refere à Família Abóboras, citada pelo
Padre Joaquim Martins, a qual foi responsável pela construção da primitiva Igreja de
Contagem8. Outra versão conta que o território do município se destacava pela produção da
abóbora. Devido a esta grande produção se fazia necessário realizar a contagem cucurbitácea
antes que fossem enviadas para localidades próximas. Por fim, a terceira versão, remete à
existência de registros, instalados pela Coroa, para a arrecadação dos impostos cobrados sobre
diversos bens (PREFEITURA MUNICIPAL DE CONTAGEM, 2009).
Sabe-se, no entanto, que o local não era urbanizado, mas, sim, uma extensa área que
funcionava como ponto de comercialização e distribuição de mercadorias, alimentos e outros
bens que deveriam integrar a zona mineradora (BONADA, 2011).
Foi no contexto de um fluxo contínuo de pessoas que passavam pela encruzilhada das
Abóboras que se situa a origem de Contagem.
8 Tal versão é contestada pela falta de documentação comprobatória sobre a existência de tal sobrenome.
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Inicialmente composta de pequenos ranchos, moradia de tropeiros, comerciantes,
faiscadores, dedicados a encontrar ouro nos pequenos córregos do local, a atividade
econômica se concentrou no abastecimento das zonas mineradoras. Sobre esse assunto,
Bonada (2011:13) é enfático ao afirmar que:
Na encruzilhada das Abóboras chegavam constantemente tropas de carga
com todo o tipo de mercadoria, de secos e molhados vindos de todos os cantos do Brasil e até do exterior, assim como de vendedores de escravos e
de gado. Compradores, prepostos e negociantes de outras bandas, tropeiros
que levariam cargas para serem vendidas em outros lugares, carregadores e
pessoas interessadas, aguardavam a chegada dos viajantes e os tropeiros com ansiedade. As mercadorias, os escravos e o gado seriam entregues sob
encomenda ou vendidos em Sabará, Curral Del Rey, Congonhas do Sabará e
outras localidades dedicadas à extração do ouro (BONADA, 2011:13).
Com o intenso fluxo de mercadorias, pessoas e capital na região, a Coroa Portuguesa
instalou um posto de registro fiscal, com a finalidade de cobrar impostos. Vale lembrar que no
período, as autoridades da Colônia exerciam o controle sobre os territórios ocupados, por
meio dos “postos de registro”. Na Comarca do Rio das Velhas, foram instalados mais uma
dezena de postos (CAMPOS; ANASTASIA, 1991). Tais estruturas promoviam a fiscalização
do fluxo de pessoas, mercadorias, cargas e tropas. Como os trajetos executados eram longos,
rapidamente os postos de registro passaram a servir como ponto de abrigo para pernoite. Não
é de se admirar que a intensa movimentação tenha motivado no decorrer do tempo o
surgimento de roças e também a criação de gado, voltados preponderantemente para
abastecimento e sobrevivência, além de intensificar os povoamentos já existentes
(MERCADANTE, 1973; MORAES, 2005).
A origem de Contagem se encontra particularmente atrelada a um desses postos de
registro, mais especificamente aquele instalado no ano de 1716, nas terras da sesmaria do
capitão João de Sousa Souto Maior, em terreno conhecido como Sítio das Abóboras, situado
na região da encruzilhada dos caminhos coloniais (BONADA, 2011). Tratava-se de área
contígua ao arranchamento de Betim Paes Leme, cunhado de Fernão Dias Paes Leme. Nas
imediações do posto das Abóboras, se consolidou um pequeno povoado, fruto do intenso
trânsito de pessoas e mercadorias9. Inicialmente denominado de Arraial das Abóboras, foi
rebatizado posteriormente como Contagem das Abóboras, devido à contagem e taxação de
9 Extraído da página virtual da Biblioteca IBGE, disponível em
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/minasgerais/contagem.pdf , acesso em 01/04/2013.
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tudo que por ali passasse, de modo que, popularmente, ganhou força o nome de Contagem
(COSTA, 2010).
Outra função importante desempenhada no posto de registro era a troca de ouro em pó
por ouro já quintado. Em outras palavras, o proprietário do ouro em pó o entregava aos
funcionários da Coroa e em troca recebia as barras de ouro fundido e timbrado, com o quinto
já descontado. Era rigorosamente proibido o trânsito do ouro em pó fora do local de extração
ou do caminho da fundição ou do local onde aconteciam as trocas, sob pena de duras
punições, como a deportação para as colônias portuguesas situadas na Ásia. Tal posto de
fiscalização permaneceu ativo até 1759, a partir desse momento, surgiram novas rotas entre os
centros mineradores, o que motivou a instalação de postos de fiscalização em outros locais,
diminuindo o fluxo de pessoas e mercados na região de Contagem (BONADA, 2011).
Quase na mesma época, deve ser mencionada a construção de capela destinada à
adoração do padroeiro dos viajantes, São Gonçalo do Amarante. A iniciativa foi responsável
pelo surgimento da denominação "Sam Gonçallo da Contagem das Abobras", nome que
homenageava o santo padroeiro ao mesmo tempo em que se referenciava a contagem
constante de cabeças de gado, escravos e mercadorias taxadas no posto de registro (Figura 9)
(CAMPOS, ANASTASIA, 1991).
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Figura 9: Igreja Matriz de São Gonçalo, em 195410.
No final do século XVIII e início do XIX, o povoado começou a apresentar sinais de
crescimento constante, apesar de lento. Em boa medida, isto se deveu ao esgotamento das
regiões mineradoras, que conferiram à pecuária e à agricultura um novo relevo. De acordo
com Bonada (2011), foi nesse momento que chegaram integrantes das famílias tradicionais da
região, tais como Diniz, Macedo, Gonçalves Lina, Silva, Costa, Rocha, Camargos e os
Mattos, responsáveis pela formação de fazendas como a de Madeira, Morro Redondo, Serra
Negra, Riacho das Pedras, Pintados, Abóboras e Vista Alegre (situadas na AID do
empreendimento em tela), Confisco, entre outras.
Em relação à formação administrativa, entre os anos de 1701 e 1901, o povoado de
Contagem pertenceu à Comarca de Sabará, integrando o município de Santa Quitéria, atual
município de Esmeraldas (CAMPOS; ANASTASIA, 1991). Em 1854, o arraial foi elevado à
10
Imagem extraída da página virtual da Prefeitura Municipal de Contagem, disponível em
http://www.contagem.mg.gov.br/?hs=303766&hp=971016, acesso em 15/08/2013.
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categoria de paróquia, e mais tarde, já em 1911, elevado à condição de município com o nome
de Contagem. Na ocasião, a formação administrativa compreendia os distritos de Contagem,
Camanhã (mais tarde Venda Nova), Vera Cruz e Vargem da Pantana. Tal formação se
manteve inalterada até 1938, quando Contagem perdeu sua autonomia, tornando-se distrito de
Betim, fato que afetou a localidade econômica e politicamente. No entanto, dez anos depois, o
distrito retomou a condição de município, apenas com o distrito sede (FONSECA, 1978).
Somente no ano de 1953 é que o Parque Industrial de Contagem foi reconhecido como
município (PREFEITURA MUNICIPAL DE CONTAGEM, 2009).
No que diz respeito à economia, a década de 1930 representou uma nova realidade
para Contagem na medida em que passou a ocupar um papel decisivo no desenvolvimento
mineiro. Parte desta ascendência se deveu às propostas apresentadas no IV Congresso
Comercial, Industrial e Agrícola, realizado em Belo Horizonte, em 1935. Na ocasião, surgiu a
ideia de se concentrarem as atividades industriais mineiras em uma área específica, como via
para superar o suposto atraso econômico de Minas Gerais. Ainda, em 1941, teve início a
concretização do sistema de distritos industriais, projeto integrante do Plano de
Desenvolvimento da Capital, idealizado pelo então governador de Minas Gerais, Juscelino
Kubitschek, por meio do qual seriam construídos pelo Estado nas décadas seguintes
(PREFEITURA MUNICIPAL DE CONTAGEM, 2009). A primeira etapa foi a criação do
Parque Industrial em Contagem, conforme Decreto-Lei n°778 de 20 de março de 1941,
denominada, posteriormente, de Cidade Industrial Juventino Dias (Figura 10). O projeto foi
instalado em uma área de 4 mil m2, a cerca de 8 km de Belo Horizonte. Com uma concepção
hexagonal, foi inspirado no Distrito Industrial de Camberra, na Austrália (GRANBEL, 2011).
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Figura 10: Imagem aérea da Cidade Industrial em 197011.
De acordo com NEVES (1994), a instalação da maior parte das indústrias aconteceu
em 1955, promovendo uma transformação estrutural e social do lugar. Nesse sentindo, a
instalação da empresa Itaú, no ramo do cimento, e da Magnesita, no âmbito dos refratários,
imprimiu confiança de credibilidade ao projeto, permitindo que no final de 1950 a Cidade
Industrial se tornasse o maior núcleo industrial de Minas Gerais (CAMPOS; ANASTASIA,
1991). Com a profusão de atividades, em 1966 cerca de 100 indústrias se encontravam em
pleno funcionamento, o que restringiu a possibilidade de novas instalações no hexágono. O
quadro foi um alerta para a necessidade emergencial de expansão do setor.
No ano de 1968, boa parte dos metalúrgicos que desempenhavam as suas atividades na
Cidade Industrial promoveu uma greve geral, na expectativa de verem atendidas suas
reivindicações por salários mais justos e melhores condições de trabalho. O movimento
adquiriu repercussão nacional por ter sido considerado o primeiro com tal configuração a
despontar no país. A manifestação foi duramente reprimida, mas atraiu a atenção da sociedade
para os problemas elencados pelos trabalhadores da Cidade Industrial (BARBOSA, 1995).
Mais tarde, na década de 1970, foi planejada a criação de um novo parque industrial.
A Prefeitura, por meio do Escritório de Planejamento Urbano de Contagem (EPUC) destinou
uma área de 2.761 m2, localizada entre a sede do município e a Cidade Industrial, para a
11
Imagem extraída da página virtual da Prefeitura Municipal de Contagem, disponível em
http://www.contagem.mg.gov.br/?hs=303766&hp=776903, acesso em 15/08/2013.
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instalação do Centro Industrial de Contagem (CINCO) (Figura 11A). O projeto foi elaborado
de forma a respeitar o tecido urbano e o meio ambiente, tendo sido regulamentado pela lei
municipal n°911, de 16 de abril de 1970. Em termos produtivos, o CINCO comportaria
setores voltados para a produção de bens de capital e bens duráveis de consumo. Apesar da
ousadia da proposta, rapidamente o complexo apresentou sinais de esgotamento, assim, se
tornou necessária a concessão de um novo espaço que atendesse as necessidades da
industrialização. Para tanto, foi criado o CINCÃO (Figura 11B). Contudo, sua ocupação tem
sido lenta, já que o espaço não apresenta infraestrutura e acessos compatíveis (GRANBEL,
2011).
Figura 11: Contagem. A: Imagem parcial do CINCO. B: Imagem parcial do CINCÃO. 12
A despeito dos maciços investimentos em industrialização, Contagem sofreu com as
consequências da crise econômica mundial de 1974. Os efeitos foram sentidos nos setores
mais tradicionais, tais como minerais não metálicos e metalurgia. A recuperação veio
gradualmente a partir dos anos 1980. Neste momento, observou-se o crescimento do ramo do
comércio, principalmente o atacadista, e da indústria da alimentação. Mais recentemente, é
possível perceber a concentração de atividades no Bairro Eldorado, que teve seu ápice com a
instalação de hipermercados e a inauguração de um shopping.
Sobre a Cidade Industrial, verifica-se que muitas indústrias encerraram suas atividades
por não estarem mais gerando os lucros esperados (GRANBEL, 2011). Nos últimos anos, o
setor terciário ganhou maior projeção, já apresentando a maior participação no PIB municipal.
Em boa medida, isto se deve ao crescente contingente populacional.
12 Imagens extraídas respectivamente da página virtual da Prefeitura Municipal de Contagem, disponível em
http://www.contagem.mg.gov.br/?hs=303766&hp=776903 e da página
http://www.logcp.com.br/Empreendimento/91/log-contagem-i-mg, acesso em 15/08/2013.
A B
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Por fim, Contagem apresenta um processo histórico marcado pela diversidade. Do
antigo posto de registro das Minas Coloniais a polo industrial, o território foi palco de
vivência para diferentes atores sociais, tais como funcionários da Coroa Portuguesa,
comerciantes, agricultores, escravos e uma massa de pessoas anônimas, responsáveis pela
elaboração das memórias e diferentes tradições culturais do município.
6.2 - Quadro de ocupação indígena na Região Metropolitana de Belo Horizonte
Em relação a registros de presença indígena no município de Contagem e adjacências,
não foram encontradas menções específicas referentes à época da chegada dos primeiros
colonos e efetiva colonização da região. O que se observa são referências a grupos situados
em um contexto mais amplo, representado pela mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte,
o que levou a ampliação do escopo de abordagem deste trabalho, situando o município de
Contagem em um quadro de ocupação indígena regional.
É possível detectar menções a populações fixadas nas regiões interioranas das Minas
Coloniais nos séculos XVI e XVII. Tratava-se de grupos que teriam fugido do litoral, devido
às mazelas provocadas pelos primeiros contatos com os colonizadores (METRAUX, 1928;
MAGESTE, 2012). Contudo, ao que parece, no amplo recorte elencado, a figura do índio só
começou a aparecer de forma mais efetiva na documentação oficial a partir do século XVIII,
ocasião que já se encontravam catequizados e vinham sendo empregados como mão de obra
escrava13
(RESENDE, LANGFUR, 2007). No tocante à região de nosso interesse, não é
demais supor que alguns grupos de cativos possam ter passado pelos postos de registro indo
para a região do ouro, ou no caminho contrário, em direção ao litoral.
Digno de nota é a menção na documentação colonial a figura do Carijó nos vilarejos
fundados ao longo do rio Paraopeba. Na maioria dos casos, trata-se de denominação aplicada
ao cativo índio, que já havia sido catequizado em São Paulo e depois retornado como escravo
para a região das Minas, indo se fixar principalmente nos núcleos de Mariana e Ouro Preto
(MONTEIRO, 1994; VENÂNCIO, 1997; RESENDE, 2003).
13 Em relação à escravidão indígena, os trabalhos publicados nas últimas décadas tem revelado que as
populações nativas foram nos anos iniciais da colonização exploradas de forma intensiva nas fazendas destinadas à agricultura de exportação, bem como nos garimpos da mineração, entre outras atividades. Por sua vez, nas
áreas economicamente periféricas, o escravismo com base no índio estendeu raízes profundas, sobrevivendo até
a segunda metade do século XVIII. Para maiores informações, vide MONTEIRO, 1994; LOURES OLIVEIRA,
et al, 2012).
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Os Carijós foram direcionados para a realização de tarefas tradicionalmente atribuídas
a eles em São Paulo. Nas regiões mineradoras, devido à ausência de caminhos e estradas,
percorriam as íngremes trilhas que uniam as lavras ao núcleo urbano, transportando produtos
fundamentais para a sobrevivência do garimpo. Realizavam, também, a pesca e a coleta que,
em virtude da irregularidade das linhas de abastecimento, assumiu notável preponderância nos
primeiros anos da colonização mineira. No tocante à divisão do trabalho, enquanto os homens
se ocupavam das tarefas mencionadas acima, as mulheres dedicavam-se ao artesanato,
produzindo cerâmicas e cestarias para uso doméstico ou então trabalhavam na agricultura de
subsistência (VENÂNCIO, 1997; LOURES OLIVEIRA, et al, 2012).
Ainda sobre os Carijós, as discrepâncias que parecem cercar o termo permitem as mais
diferentes interpretações, conforme sistematizado por Loures Oliveira et al (2012). A primeira
se refere à designação dada aos povos nativos que habitavam a extensa área que vai do litoral
Sul ao sertão do sudeste do Brasil. Nesse sentido, os Carijós seriam resultantes da mistura dos
índios Goiases e Caribas, do extremo norte do país, que chegaram a ocupar uma vasta área e
foram empurrados para o sul pela colonização (VASCONCELOS, 1948).
Especificamente para os Carijós que ocupavam as imediações do rio Paraopeba,
supõe-se que pertenciam ao tronco linguístico Tupi e que teriam fugido das missões jesuíticas
situadas na Costa, indo se fixar no interior. Para os que defendem tal ideia, o fato de já terem
sido catequizados explicava o contato pacífico travado com os colonizadores em Minas
(CÉSAR, 1990). Outra interpretação é fornecida por BARBOSA (1995), que defende o fato
do termo Carijó ter sido usado para identificar os mestiços de índios, negros e brancos. Nesse
caso, “Carijó” seria um sinônimo para caboclo, ou seja, fruto da miscigenação.
Fica evidente que pouco se sabe sobre os grupos indígenas que teriam se fixado na
Região Metropolitana de Belo Horizonte no passado. Na maioria dos casos, o que se encontra
nas fontes históricas e etno-históricas são menções esparsas e ambíguas e, em algumas
situações, como é o caso específico de Contagem, a ausência quase total de referências, tanto
no que tange à documentação escrita quanto à oralidade. Tendo em vista o contexto marcado
por lacunas, a Arqueologia parece emergir como a estratégia investigativa mais adequada para
o entendimento de uma possível ocupação nativa na região. Em boa medida, isto se deve ao
fato de permitir que o pesquisador extrapole os limites temporais fixados pela existência de
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documentação escrita e se dedique à elaboração de uma história de longa duração (MORRIS,
2000).
7. ARQUEOLOGIA REGIONAL E PATRIMÔNIO CULTURAL
No que diz respeito aos estudos arqueológicos desenvolvidos na Região Metropolitana
de Belo Horizonte, é digno de nota a carência de informações sistematizadas no âmbito da
Arqueologia Regional (NEVES, 1998). A configuração deste cenário não deixa de ser curiosa.
Isto porque no que concerne aos estudos desenvolvidos no Estado de Minas Gerais, a Região
Metropolitana de Belo Horizonte possui a mais longa tradição de pesquisas. A área conta com
um patrimônio arqueológico bem distinto, que pode ser inserido em periodos cronológicos
diferentes, chamando a atenção dos pesquisadores desde o século XIX (PROUS, 1992).
7.1 Histórico dos estudos na Região Metropolitana de Belo Horizonte
Contextualmente, um dos primeros trabalhos noticiados na região foi realizado em
Lagoa Santa, pelo dinamarquês Peter Wilhelm Lund (Figura 12). O pesquisador identificou
mais de 800 grutas com vestígios de ocupação humana associados à fauna extinta, o que
contribuiu para acalorar os debates acerca da antiguidade do homem na época (NEVES,
ATUI, 2004). Com toda a repercussão gerada, a partir da década de 1920, a região passou a
ser intensivamente visitada por arqueólogos de missões estrangeiras. Neste contexto,
destacam-se os trabalhos desenvolvidos pelo arqueólogo austríaco Jorge Augusto Padberg-
Drenkpol, contratado pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro entre os anos de 1926 e 1929
(PROUS, 1992).
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Figura 12: Imagem alusiva aos estudos de Peter Lund, datada de 184014
.
Mais tarde, entre os anos de 1935 a 1960, foram realizadas diversas escavações nas
imediações de Lagoa Santa, conduzidas pelos membros da Academia de Ciências de Minas
Gerais. Porém, essas intervenções careciam de recursos técnicos, impossibilitando o registro
detalhado dos achados e a continuidade dos estudos.
O quadro só veio a se alterar a partir da década de 1970, por ocasião do
desenvolvimento do Programa de Pesquisas Arqueológicas no Vale do São Francisco em
Minas Gerais. A iniciativa foi coordenada pelo Prof. Ondemar Dias Junior, do Instituto de
Arqueologia Brasileira (IAB), podendo ser entendida como prolongamento do Programa
Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA). Foram feitas descobertas relevantes, tais
como a de sítios pertencentes à Tradição Sapucaí, nas imediações do município de Pequi, a
aproximadamente 100 km do município de Contagem15
.
Paralelamente à atuação do IAB, chegou a Minas Gerais a Missão Franco-Brasileira,
liderada por Annette Laming-Emperaire e por André Prous, no final da década de 1960. A
vinda dos pesquisadores estrangeiros foi o marco decisivo para a consolidação do primeiro
Núcleo Científico de Arqueologia do Estado. O gérmen para a iniciativa foram as escavações
sistemáticas levadas a cabo tanto na região metropolitana de Belo Horizonte quanto no
Campo das Vertentes, iniciadas em 1971, com o apoio da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em
1975, André Prous seria contratado pela UFMG, fato que propiciou a criação do Setor de
14 Imagem extraída de http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c7/Peter_Wilhelm_Lund_with_cave_paintings.jpg, acesso em
15/08/2013. 15 Informações extraídas da página virtual do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), disponível em
http://www.arqueologia-iab.com.br/?pagina=acaua, acesso em 01/04/2013.
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Arqueologia, concebido como núcleo inicial de um futuro Museu do Homem de Minas
Gerais16
.
No período compreendido entre as décadas de 1970 e 1990, a maioria das pesquisas
desenvolvidas na região foi executada pela equipe de Arqueologia da UFMG, inserida no
Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (MHNJB/UFMH) (Figura 13). Uma
breve consulta na base de dados do IPHAN é o suficiente para nos informar que naquele
período foram identificados um número expressivo de sítios arqueológicos. Pode-se
mencionar aqueles situados nos municípios de Brumadinho, Jequitibá, Papagaios, Baldim,
Matozinhos, entre outros.
Figura 13: Trabalhos desenvolvidos no MHNJB/UFMG17
A partir da década de 1990, ganhou notoriedade a atuação da equipe interdisciplinar da
Universidade de São Paulo, que liderada por Walter Neves, tem efetuado um significativo
trabalho na região de Lagoa Santa. Os estudos conduzidos têm colocado a mesorregião
Metropolitana de Belo Horizonte em voga nas discussões internacionais a respeito do
povoamento na América (NEVES, PILÓ, 2004).
Nos últimos anos, este quadro de pesquisas foi ampliado, diante do crescimento
vertiginoso da Arqueologia de Contrato ou Preventiva. Em boa medida, isto se deve ao fato
dos estudos levados a cabo sob o âmbito empresarial abarcarem áreas que até então não
haviam sido alvo de projetos de pesquisa científica (MONTICELLI, 2005).
16 Informações extraídas da página virtual do Programa de Pós Graduação em Antropologia da UFMG,
disponível em http://www.fafich.ufmg.br/antro-pos/historico.html , acesso em 21/03/2013. 17 Imagens extraídas da página virtual do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, disponível em
http://www.mhnjb.ufmg.br/arqueologiaprehistorica.html, acesso em 15/08/2013.
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No caso específico do município de Contagem, não foi possível identificar nenhum
registro referente à ocorrência de sítios arqueológicos nas bases virtuais do IPHAN. Sabe-se,
porém, da presença de antigos assentamentos nos municípios limítrofes de Ibirité, que contam
com dois sítios arqueológicos pré-coloniais, Antipoff e Serra Boa; e no município de Belo
Horizonte, onde foram localizados os sítios pré-coloniais Horto Florestal e Córrego do
Cardoso, ambos relacionados à Tradição Aratu-Sapucaí18
. Torna-se relevante apresentar uma
breve caracterização das tradições arqueológicas nas quais os vestígios materiais evidenciados
são geralmente classificados, levando em consideração as informações provenientes do
contexto regional.
7.1.1 Tradições Arqueológicas
Antes mesmo de sua consolidação enquanto disciplina acadêmica, um dos objetivos
que sempre norteou o desenvolvimento dos estudos arqueológicos foi a classificação dos
vestígios materiais localizados nos sítios. No Brasil, a história não foi diferente. Nos
primeiros trabalhos desenvolvidos em território nacional a preocupação com o
estabelecimento de tipologias já se revelava. Contudo, o caráter amador das pesquisas -
marcadas por multiplicidade teórica e metodológica - inviabilizaram a implantação de
modelos classificatórios sobre a pré-história brasileira, tal como ocorreu na Escandinávia
(TRIGGER, 2004).
O quadro esboçado só veio a se alterar na década de 1960, época de implantação e
atividade do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA). Os pesquisadores
do PRONAPA adotaram o pressuposto de que a cerâmica poderia refletir mudanças culturais
através do tempo (EVANS, MEGGERS, 1965). Assim, criou-se a categoria de fase, definida
como “qualquer complexo de cerâmica, lítico e padrões de habitação, relacionados no tempo e
no espaço” (CHYMZ, 1966:14). Bem mais amplo que fase, foi o conceito proposto para
Tradição. Refere-se a “grupos de elementos e técnicas que se distribuem com persistência
temporal” (CHYMZ, 1966). Em termos gerais, pode ser definida como sequências de fases,
que se distribuem por um determinado espaço temporal (SANTOS, 1991).
Frente a este cenário, a intenção dos pesquisadores do PRONAPA foi a de padronizar
por meio de tipologias, determinadas características do registro arqueológico que
18 Informações extraídas do Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), disponível na página virtual do
IPHAN ,http://portal.iphan.gov.br/portal/montaPaginaSGPA.do. , acesso em 01/04/2013.
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possibilitassem seu enquadramento classificatório e, principalmente, cronológico. A cerâmica
foi eleita o testemunho fóssil primordial, por evidenciar as mudanças culturais vivenciadas ao
longo do tempo. Digno de nota, é que mesmo sendo duramente criticado nos últimos anos
pelos métodos de campo e as prioridades adotadas nas pesquisas, o PRONAPA forneceu os
primeiros subsídios para viabilização de estudos posteriores sobre a história pré-colonial do
país, com um sólido conjunto de datações. Nesse ponto, levando em consideração o quadro
arqueológico regional elencado anteriormente, serão apresentadas as características
concernentes às tradições Una, Aratu, Aratu-Sapucaí e Tupiguarani.
Tradição Una
Em termos gerais, a Tradição Una (Figura 14) é caracterizada pela presença de
cerâmica fina e tecnologicamente bem produzida, onde acontece o predomínio de peças de
tamanho reduzido, com decoração restrita. Tais vestígios apresentam uma notável dispersão
espacial, sendo possível encontrar material associado em territórios situados nos estados do
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo (PROUS, 1992). O autor é enfático
ainda ao afirmar que a produção material relacionada à tradição não compõe um conjunto
homogêneo, sendo possível verificar ao menos duas variedades: a variedade A, presentes no
norte de Minas Gerais; e a variedade B, distribuída por outras porções de Minas, Espírito
Santo e Rio de Janeiro.
As datações mais antigas para a Tradição Una – cerca de 3500 AP – são de sítios
arqueológicos situados nos municípios de Unaí e Piumhi, pertencentes à variedade B,
localizados na região Sul de Minas Gerais. Trata-se de vasilhames escuros, geralmente
pequenos e globulares, alguns cônicos e piriformes, onde predomina a queima completa.
Chama a atenção os vasos de corpo globular e abertura constrita com pequeno gargalo. Por
sua vez, a espessura das paredes é mínima, com núcleo de cor escura. Apresentam como
decoração o engobo vermelho e o polido-estriado. Em alguns poucos sítios há ocorrência de
decoração por incisão (ERVEN, MAGESTE, 2010).
Acredita-se que os grupos portadores dessa Tradição eram horticultores de milho,
algodão, amendoim, e outros vegetais. Ainda que não habitassem exclusivamente sítios a céu
aberto, Dias Junior e Panachuk (2008) informam sobre sua preferência a este tipo de
ambiente. Geralmente, associados a grupos indígenas pertencentes ao tronco linguístico
Macro-Jê, existem algumas suposições segundo às quais estas populações distribuíram-se em
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pequenas sociedades, mais aptas a explorar os recursos naturais do entorno das aldeias: o rio
próximo, a pequena mata de galeria, o cerrado e muitas vezes o campo no alto do chapadão.
Foram sucedidos no território mineiro por grupos relacionados à Tradição Aratu-Sapucaí
(PROUS, 1992).
Em termos arqueológicos, o número de sítios da Tradição Una registrados é bastante
reduzido. Talvez esse fato possa ser explicado pela baixa visibilidade dos sítios em áreas de
florestas19
. A localização dos sítios em ambientes fechados, os estratos arqueológicos pouco
espessos e o material neles encontrado levaram os pesquisadores à apresentação de diferentes
interpretações sobre a função desses assentamentos: cerimonial; habitação semipermanente;
habitação; de função não residencial (DIAS, CARVALHO, 1980).
Figura 14: Principais formas das tradições Aratu-Sapucaí e Una.
Extraído de HENRIQUES JUNIOR, 2006.
19 EREMITES, J.; VIANA, S. A. Pré-história da região Centro-Oeste do Brasil. Disponível em
http://www.naya.org.ar/congreso2000/ponencias/Jorge_Eremites_de_Oliveira.htm, acesso em 15/08/2013.
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Tradição Aratu e Aratu-Sapucaí
A Tradição Aratu (Figura 14) foi assim denominada por Calderón, no escopo das
pesquisas desenvolvidas pelo PRONAPA. Para o autor, os vestígios relacionados à tradição
encontravam-se distribuídos por porções dos estados da Bahia, Alagoas, Sergipe, Piauí, Minas
Gerais, Espírito Santo e São Paulo (LUNA, 2006). No tocante a cerâmica, observa-se que a
maioria dos potes não apresenta decoração. Somente algumas vasilhas específicas apresentam
asas, bicos, cabos e alças, podendo ser decorados com linhas finas impressas ou com banhos
de barro vermelho. As panelas possuíam forma semi-esférica ou de tigelas rasas, havia
grandes vasos de forma cônica, semelhantes a peras. Estes eram usados na preparação das
bebidas alcoólicas, consumidas em festejos, sendo também utilizados como urnas funerárias
(PROUS, 1992).
A indústria lítica caracterizava-se pela confecção de instrumentos de trabalho tais
como: machados polidos, usados para a derrubada de árvores na ocupação de novos territórios
e preparação de novas roças; pequenos pilões escavados em blocos de arenito; martelos e
batedores feitos a partir de seixos rolados – pedras redondas; lascas de arenito, utilizadas
como facas, raspadores, plainas, furadores, e outros instrumentos que serviam para o corte da
carne e pele dos animais caçados, e entalhe em madeira e ossos (DIAS, CARVALHO, 1982).
A tradição Aratu, talvez pelo grande período de tempo que sobreviveu, deu origem a
diversas variações. Especificamente em Minas Gerais, foi encontrada a variação dessa
tradição, denominada de Aratu-Sapucaí, que hoje já e descrita como uma tradição
independente e próxima a Aratu. De modo geral, caracteriza-se pela presença de vasilhames
piriformes e globulares de tamanhos variados, presença de potes grandes para armazenagem
de líquidos e grãos, urnas funerárias, vasilhas geminadas pequenas, rodelas de fuso,
cachimbos, além de tigelas e pratos (PROUS, 1992). Dias e Carvalho (1982) afirmam que os
portadores dessa tradição são povos numerosos, formadores de grandes aldeias a céu-aberto,
com até dezenas de enterramento em urnas, algumas pintadas ou banhadas de vermelho.
Ocupavam encostas de colina, em área de cerrado e conviviam pacificamente com os povos
Una.
Tradição Tupiguarani
Sobre a Tradição Tupiguarani (Figura 15), a primeira informação digna de nota é
sobre a realização de uma correlação direta na Arqueologia Brasileira entre cultura material e
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os grupos integrantes da família linguística Tupi-guarani. Trata-se de uma associação
estabelecida na década de 1960, ocasião em que começaram a despontar os primeiros
trabalhos comprometidos em identificar de identificar os sítios ceramistas e a função dos
artefatos evidenciados no grupo em que estavam inseridos. Esses estudos aconteceram no
âmbito do já mencionado Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA).
Foi durante a atuação do PRONAPA que surgiu a necessidade de se rotular as
ocorrências cerâmicas que estavam sendo evidenciadas ao longo de toda a costa, em áreas
tradicionalmente ocupadas por grupos Tupi e em alguns vales do interior, e que apresentavam
uma notável semelhança em termos tecnológicos (SCATAMACCHIA, 1990). A Tradição
Tupiguarani foi definida como uma tradição cultural caracterizada por cerâmica policrômica
(vermelho e/ou preto sobre engobo branco ou vermelho) corrugada e escovada, por
enterramentos secundários em urnas, machados de pedra polida e pelo uso de tembetás e
cachimbos (CHMYZ, 1966).
Nos sítios arqueológicos enquadrados nessa tradição, é comum evidenciar fragmentos
elaborados a partir de técnicas de decoração que compreendem pintura policroma nas cores
preta e vermelha, sobre engobo brabo e vermelho. No tocante aos acabamentos plásticos de
superfície, destaca-se o corrugado, o ungulado, o ponteado, o inciso, acanalado, escovado,
espatulado, beliscado, digitado, entre outros. Trata-se de fragmentos associados a potes de
formas distintas, que vão desde tigelas até urnas carenadas. De todo modo, as formas mais
comuns são as tigelas em forma de calota de esfera e vasos esferoides, com bordas
extrovertidas.
Nos sítios arqueológicos enquadrados nessa Tradição, é comum evidenciar fragmentos
que apresentam técnicas de decoração que compreendem pintura policroma nas cores preta e
vermelho sobre engobo branco e vermelho. Já em relação aos acabamentos plásticos de
superfície, a cerâmica Tupiguarani caracteriza-se pelo corrugado, ungulado, ponteado, inciso
acanalado, escovado, espatulado, escovado, beliscado, digitado entre outros. Esses fragmentos
estão associados a vasilhames de formas muito variadas, que vão desde tigelas até grandes
urnas carenadas (CHMYS, 1966). As formas mais comuns são tigelas em forma de calota de
esfera e vasos esferóides com bordas extrovertidas20
.
20 http://max.org.br/biblioteca/Livros/PreHistSergipana/Cap-3.pdf (23/10/08 às 9h00min).
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Figura 15: Exemplo de cerâmica Tupiguarani21.
7.2 O patrimônio cultural de Contagem
Em termos gerais, patrimônio cultural pode ser definido pelo conjunto de todos os
bens materiais e/ou imateriais, que devido ao valor manifestado, são considerados relevantes
no tocante a questões concernentes à identidade e cultura de um determinado grupo social. De
acordo com o IPHAN, a concepção não abarca somente imóveis oficiais isolados, mas no
âmbito do contexto contemporâneo, se estende a imóveis particulares, trechos naturais e até
mesmo paisagens, incluindo ainda todo um universo de expressões culturais e as tradições
ancestrais que um grupo social mantém e transmite para gerações futuras. Em linhas gerais,
pode-se dizer que é constituído além da materialidade, pelos saberes e memórias, os modos de
fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas,
costumes, enfim, todos os aspectos que se relacionam com a identidade de uma determinada
comunidade22
.
21 Extraído da página virtual Ponto de Cultura, Museu Histórico da IPI, MAI e Iepê, disponível em http://museuiepe.blogspot.com.br/p/mai.html, acesso em 15/08/2013. 22 Extraído da página virtual do IPHAN, disponível em
http://www.iphan.gov.br/montarPaginaSecao.do?id=20&sigla=PatrimonioCultural&retorno=paginaIphan, acesso
em 01/04/2013.
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No caso específico do município de Contagem, ao falarmos do patrimônio cultural
conhecido, estamos nos referindo às expressões materiais e tradições locais consolidadas ao
longo de mais de 300 anos de história. Preliminarmente, podemos destacar alguns bens de
natureza material e imaterial de relevância histórica e cultural. As primeiras informações
nesse sentido podem ser verificadas na relação de bens protegidos em Minas Gerais
apresentados ao ICMS do Patrimônio Cultural.
No documento, constam listados os seguintes bens: Capela de Imaculada Conceição e
Santa Edwiges, Capela de São Domingos de Gusmão, Casa de Cacos, Casa de Cultura Nair
Mendes Moreira, Cine Teatro Municipal, Companhia Cimento Portland Itaú - Chaminés e
Prédio Administrativo, Conjunto Centro Cultural Francisco Firmo de Mattos Filho - Conjunto
Arquitetônico da rua Dr. Cassiano nº 102, 130, 140, Conjunto Urbano: Prefeitura, Capela
Santa Helena e Centro Esportivo Tancredo Neves, Espaço Popular, Fazenda Vista Alegre,
Igreja Matriz de São Gonçalo, Parque Gentil Diniz e por fim, a Praça Presidente Tancredo
Neves. Digno de nota é que dos bens elencados dois se encontram na Área de Influência
Direta (AID) do Loteamento Estância do Lago, especificamente uma chaminé da antiga olaria
do Sr. Gilson Diniz e a ruína da Fazenda Vista Alegre (Figura 16), que receberá maior
atenção no âmbito da descrição das atividades de campo realizadas.
Em relação à chaminé, ressalta-se que durante o Diagnóstico (SOCIOAMBIENTAL
PROJETOS, 2013) realizado na área a ser impactada pelo empreendimento, estava sendo
levantado um estacionamento, cujo responsável não foi encontrado. No entanto, durante a
realização da Prospecção arqueológica, pode-se notar que o estacionamento já se encontra
finalizado e em funcionamento como pátio de apreensão do DETRAN (Figura 17). Cabe
ressaltar que a estrutura não sofreu danos aparentes e, atualmente, faz parte da estrutura do
pátio.
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Vale salientar a existência de uma comunidade quilombola no município de
Contagem. A povoação situa-se a cerca de 1 km do empreendimento e foi alvo de discussão
durante os trabalhos de Diagnóstico Arqueológico. Ressalte-se que esta comunidade preserva
um vasto patrimônio imaterial por meio de suas festas e celebrações tais como: Folia de Reis,
Congado, Candomblé, Batuque, Festa de São Sebastião, Festa João do Mato e Festa da
Abolição. Ainda, as benzeções ficam a cargo do Sr. Mário Braz, um dos pilares desta
comunidade. Destacam-se ainda as festas e comemorações em outras partes do município,
como é o caso dos Ciriacos, do Congado do Bairro Industrial e do Retiro, das comemorações
do Rosário de Nossa Senhora e da Capoeira23
.
Por fim, o patrimônio cultural de Contagem vem sendo divulgado pela Prefeitura
Municipal, por meio de algumas estratégias. A confecção de um Atlas Escolar – Histórico,
23
Cabe ressaltar a existência do Projeto Capoeira Angola, apoiado pela Prefeitura Municipal (PREFEITURA
MUNICIPAL DE CONTAGEM, 2009).
Figura 16: Bens culturais na AID do empreendimento. A: Chaminé da Olaria do Sr. Gilson Diniz. Nota-se que o estacionamento já foi construído. B: Ruínas da Fazenda
Vista Alegre. C: Tijolo com as iniciais do proprietário da Fazenda Vista Alegre – Joviano Camargos.
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Geográfico e Cultural – foi uma das estratégias escolhidas e muito bem elaborada, já que este
apresenta mais de 80 páginas sobre a história do município. Outro bom exemplo são as ações
promovidas pela Casa da Cultura Nair Mendes Moreira, onde hoje funciona o Museu
Histórico de Contagem, através da execução de projetos como “Por Dentro da História”,
“Casa Aberta” e “Turma do Contagito”. Ainda, a Casa de Cultura atua sistematicamente em
prol do tombamento de bens com relevância histórica e cultural.
Figura 17: Pátio do DETRAN a frente da Chaminé da Olaria do Sr. Diniz.
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8. HISTÓRIA ORAL
Por meio de conversas estabelecidas com os moradores de Contagem, mais
especificamente com aqueles situados nas imediações do Loteamento Estância do Lago, foi
possível obter novos dados acerca da conformação histórica da área. Contudo, antes de
apresentar as informações recolhidas, torna-se pertinente efetuar algumas considerações sobre
o que se convencionou chamar de História Oral, principalmente no tocante aos seus aspectos
teórico-metodológicos. Trata-se de abordagem que pode ser relacionada à renovação temática
que reconfigurou a historiografia nas últimas décadas (POLLAK, 1989).
Em termos gerais, a perspectiva parte da valorização do discurso e memória de grupos
ou indivíduos, na maioria das vezes, marginalizados pela ordem social e econômica vigente.
Mulheres, negros, indígenas, trabalhadores rurais, entre outros, fazem parte de um grupo, para
o qual a história oral representa uma das principais formas de valorização, em termos
históricos e culturais (HALLBWACHS, 1990). Mais do que levantar dados comprovados
pelos “documentos oficiais”, a preocupação da História Oral é o de alargar os horizontes da
historiografia tradicional, compreendendo como os acontecimentos ganham sentido e
significado na elaboração do discurso oral. A memória local é, portanto, vista como um
importante acervo sobre a história regional, sendo acessado facilmente por aqueles que se
dispõe a conhecer pessoas e ouvir seus “causos”.
Sobre a área enfocada nesse trabalho, foi possível ampliar o escopo de dados
disponíveis, abordando diferentes sujeitos. De todo modo, com as informações obtidas na
oportunidade, foi possível estabelecer um quadro referencial preliminar acerca dos aspectos
históricos, culturais e arqueológico das áreas de influência do empreendimento.
Os primeiros entrevistados foram funcionários de ambas as fazendas que integram a
área a ser impactada. Eles trabalham diretamente com a lida do campo, cuidando de
plantações, arado, gado, produção de cachaça, entre outras24
. Durante as conversas e
entrevistas não estruturadas estabelecidas com estes funcionários, foi relatado à equipe que no
momento em que os fundadores da Fazenda Vista Alegre chegaram “estava cheio de índios
morando” no local. Foi relatada também a existência de outra comunidade quilombola na
região de Contagem. Segundo os funcionários, a comunidade quilombola ficaria a noroeste da
24 Os nomes dos funcionários foram omitidos visto a possibilidade de problemas junto aos seus empregadores.
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Fazenda Vista Alegre e seria conhecido apenas como “Quilombo”. Os funcionários relataram
ainda que, em muitos momentos, quando realizavam o preparo da terra para o plantio, uma
grande quantidade “panelas de índios brotam do chão”. Não obstante, um integrante da
família Camargos nos afirmou que o local onde foi constatada a existência de um sítio pré-
histórico era usado como chiqueiro. Segundo ele, a mais de 60 anos atrás, seus pais haviam
construído as estruturas no local e trouxeram “um monte de telhas de cerâmica para cobrir o
chiqueiro”.
Sabe-se que próximo ao empreendimento em tela, situa-se a ruína da casa sede da
antiga Fazenda Vista Alegre, localizada em terreno pertencente à Prefeitura Municipal de
Contagem – responsável pela sua guarda e conservação, sendo por este motivo, protegida no
âmbito municipal. Não obstante esse contexto, o local se encontra, atualmente, em péssimo
estado de conservação. Sobre a ruína, especificamente, a Sra. Darina nos forneceu
informações preciosas.
Ela relatou à equipe de arqueologia e educação patrimonial que morou na fazenda no
período de 1975 a 2001, a pedido do senhor Sebastião Camargos, para que pudesse ajudar a
preservar o local, afugentando curiosos. Na época da mudança, a área não era loteada,
somente depois que Sebastião Camargos e Marcos Menezes lotearam área adjacente à
fazenda, hoje conhecido como Quintas Coloniais, é que o local começou a ser urbanizado.
Nesse período, no mandato do prefeito Ademir Lucas, houve um envolvimento da prefeitura
de Contagem na propriedade, com a implantação de uma horta comunitária no local da
fazenda, sem grande sucesso. Posteriormente, devido ao risco de desabamento, dona Darina
precisou isolar parte da casa e fazer reformas para adaptá-la às suas necessidades.
Por fim, a Sra. Darina relatou que a casa começou a desmoronar em 2005 e, nesta
época, pessoas de vários locais da cidade foram ali a fim de buscar madeiras, telhas e tijolos.
Conforme relatório anterior, uma das funcionalidades dadas ao material da casa pode ter sido
uma ponte que atravessa um pequeno córrego próximo (SOCIOAMBIENTAL PROJETOS,
2013). Finalmente, ela se recordou de que, logo que partiram, houve um evento chamado
Cavalgada da Fazenda Velha, que atraiu centenas de pessoas.
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Figura 18: Educação Patrimonial com moradores da AID. A-D: Sra. Darina falando sobre a Fazenda Vista Alegre.
Por fim, entrevistou-se, novamente, o Sr. Mário Braz da Luz, um dos principais atores
da Comunidade dos Arturos, situada na AII do empreendimento. Este senhor é visitado por
diversas pessoas do município de Contagem para a celebração de rezas e benzeções. Filho dos
fundadores da comunidade quilombola, Sr. Arthur Camilo Seribelo e Maria Camila, ele é
morador do local há mais 7 décadas, quando veio de Esmeraldas para o local.
O Sr. Mário relatou, novamente, a presença de um valo que dividia as fazendas das
Abóboras e Vista alegre. Segundo ele, esse valo também era utilizado para os empregados
transitarem dentre as fazendas. Além disso, o senhor Mário ainda relembrou, mais uma vez, a
imponência da sede da Fazenda Vista Alegre que, segundo ele, possuía mais de 10 quartos,
sendo alguns deles destinados aos empregados.
Especificamente no tocante à presença indígena na região, ele apenas relatou que
muitas das “panelas de barro” eram quebradas quando encontradas durante a lida. Em relação
a material lítico, muito conhecido como corisco25
entre os mais idosos, ele relatou que nunca
25 Vale salientar que “pedra de raio” ou até mesmo “corisco”, são termos utilizados para denominadas
machadinhas e outros instrumentos líticos, sendo por vezes associada, ao longo do tempo, a um mito presente na
Antiguidade e Europa medieval (TRIGGER, 2004). Tal objeto lítico cairia com o raio e penetraria no solo até a
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encontrou nada parecido em campo. Assim, ele confirmou o que havia relatado anteriormente,
na fase de diagnóstico, sobre a presença de panelas de barro encontradas durante os trabalhos
no campo.
Figura 19: Entrevista não com o Sr. Mário Braz da Luz.
9. PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA
Com o objetivo de prospectar as áreas de influência do empreendimento Loteamento
Estância do Lago, foram realizadas expedições de campo visando o reconhecimento dos bens
culturais previamente diagnosticados. Na sequência, foram abertas, de forma sistemática,
tradagens em toda a área de influência direta do empreendimento. O intuito foi o de detectar
algum vestígio e/ou estrutura com valor histórico e cultural, além daquelas já diagnosticadas
durante a fase de Licença Prévia. Em paralelo, foram realizados caminhamentos com
observação de superfície, a fim de identificar possíveis vestígios arqueológicos. Em paralelo,
foram feitos levantamentos bibliográficos visando informações documentais para a
contextualização deste estudo.
profundidade de sete metros, dando início a um processo ascensional de um metro por ano. Após sete anos,
alcançaria a superfície, onde passaria então a atrair e ser atraído pelo raio até que atingisse a superfície e fosse
levado novamente para o céu.
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Figura 20: Reconhecimento dos bens identificados no Diagnóstico Arqueológico. A-C: Valo dos Camargos. D: Chaminé da Antiga Olaria do Sr. Gilson Diniz. E: Moinho Fazenda Vista Alegre. F:
Ruínas Fazenda Vista Alegre.
No tocante às prospecções, foram realizadas 136 tradagens com diâmetro variável
entre 25 e 35 cm, que atingiram a profundidade média de 100 cm - levando em consideração o
contexto arqueológico local – e profundidade máxima de 130 cm. Todas as tradagens foram
abertas com auxílio de cavadeiras articuladas, do tipo boca de lobo. Ainda, todos os
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sedimentos receberam especial atenção, sendo descritos quanto a sua composição,
granulometria, compactação, umidade, coloração e possível presença de vestígios
arqueológicos (Figura 21).
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Figura 21: Tradagens realizadas. A-F: Tradagens sendo realizadas. G-I: Tradagens finalizadas. Destaque ao sedimento. J: Análise do sedimento.
A B C D
E F G
H I J
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Em alguns pontos previstos no grid para a vistoria não foram realizadas intervenções
devido às condições locais que impossibilitavam o acesso. O lago – formação que dá nome ao
empreendimento –, áreas com altíssimos graus de declividade, brejos, cultura de cana-de-
açúcar, córrego, entro outros, foram alguns dos fatores para a não realização ou deslocamento
das tradagens. Um exemplo é a Tradagem 62 que foi deslocada cerca de 9m devido à presença
da cultura de cana-de-açúcar; outro exemplo é a Tradagem 74 que foi deslocada
aproximadamente 15 metros do seu ponto original devido à alta declividade do terreno aliado
ao adensamento da mata. Já em relação às tradagens não realizada, os principais exemplos são
as Tradagens 109 e 120 que foram dispostas na área onde se situa o lago (Figura 22).
Figura 22: Tradagens deslocadas e não realizadas. A-B: Tradagens deslocadas. C-D: Tradagens não realizadas (109 e 120).
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9.1 Área Diretamente Afetada
A área a ser impactada pela instalação do empreendimento de parcelamento de solo,
constituída por uma gleba da Fazenda Vista Alegre, se encontra parcialmente antropizada,
onde grande parte desta ação ocorreu para a preparação de pastagem para o gado e para
agricultura.
É possível atestar in loco, em área adjacente às ruínas da fazenda, a antropização
ocorrida na busca pela produção agropecuária. Esta antropização recorrente afetou de forma
direta a existência e/ou conservação de vestígios ou sítios arqueológicos. Tal situação pode
ser atestada na região do Valo dos Camargos, onde se nota uma finalização abrupta da
estrutura para a construção de uma via de acesso. No entanto, nas Áreas de Reserva Legal e
Preservação Permanente uma vegetação mais densa preserva superfície e subsolo. Em linhas
gerais, a ADA apresenta geoindicadores fundamentais que possibilitariam uma ocupação
duradoura no local, apesar da existência de áreas com alto grau de declividade. Outro ponto
de destaque é a abundância de recursos hídricos.
No tocante às intervenções em subsuperfície foi possível ultrapassar o número de
tradagens inicialmente previstas para ADA e AID (125) e realizar um total de 136 tradagens
(Tabela 3). Conforme explanado, a justificativa para a não realização das tradagens foram
impedimentos naturais e antrópicos, tais como: residências, estruturas antrópicas, lago, brejo,
córrego, plantações, dentre outras. No entanto, as intervenções realizadas em subsolo
permitiram a visualização e a síntese da estratigrafia local da seguinte forma:
Superfície: variações de densidade entre gramíneas e serapilheira, com pontos
escassos sem cobertura vegetal.
0 – 30 cm: sedimento arenoso, de coloração amarronzada (com tonalidades variando
entre marrom claro e marrom escuro), de granulometria média, pouco úmido,
compacto e, com raízes em algumas das intervenções.
30 – 60 cm: sedimento arenoso a areno-argiloso, de coloração amarronzada, de
granulometria média, úmido, compacto. Vale ressaltar que esta camada não ocorre em
várias das sondagens.
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60 – 130 cm: sedimento areno-argiloso a argilo-arenoso, de coloração marrom
alaranjada ou avermelhada, de granulometria média, úmida e pouco compacta.
O latossolo areno-argiloso a argilo-arenoso, de coloração marrom alaranjada a avermelhada,
está presente em grande parte do empreendimento, sendo possível notá-lo na maioria das
intervenções (Figura 21). É possível que, no passado, este sedimento tenha sido utilizado
como matéria prima para a produção dos vestígios cerâmicos arqueológicos encontrados in
situ.
Nas áreas próximas ao lago, foram identificadas diferentes unidades estratigráficas, a saber:
Superfície: serapilheira decorrente da deposição intensa de material orgânico
proveniente dos indivíduos arbóreos ali existentes.
0 – 20 cm: sedimento areno-argiloso, de coloração amarronzada (tonalidade bastante
escura), de granulometria média, úmido, pouco compacto.
20 – 45 cm: sedimento areno-argiloso a argilo-arenoso, de coloração acinzentada
(tonalidade clara), de granulometria média, bastante úmido e pouco compacto.
45 – 100 cm: sedimento argiloso, de coloração acinzentada (tonalidade bastante
escura), de granulometria média, extremamente úmido – acúmulo de água em um
curto espaço de tempo – e pouco compacto.
Este sedimento argiloso (Figura 23), com alta plasticidade, sobretudo quando úmido, pode ter
sido usado na produção dos vestígios cerâmicos encontrados na área do empreendimento.
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Figura 23: Unidades estratigráficas. A: Sedimento arenoso marrom. B: Variação entre sedimento arenoso a areno-argiloso, marrom a marrom alaranjado. C:
Sedimento marrom alaranjada. D: Variação na coloração do sedimento entre cinza claro a cinza escuro.
9.2 Áreas de interesse arqueológico
Durante as atividades de prospecção arqueológica nas áreas de influência do
empreendimento “Loteamento Estância do Lago”, foi possível aprofundar os estudos nos
sítios Valo dos Camargos (ADA) e Fazenda Vista Alegre (AID), diagnosticados na fase
anterior do licenciamento ambiental, além de constatar a existência do sítio arqueológico pré-
histórico Lago dos Camargos (ADA).
9.2.1 Valo dos Camargos
O Valo dos Camargos foi identificado durante a fase de Diagnóstico Arqueológico
Interventivo realizado em 2013 (Socioambiental Projetos, 2013). Trata-se de um fosso
escavado diretamente no terreno e cuja funcionalidade, provavelmente, era a divisa entre as
Fazendas Vista Alegre e Abóboras. Sua importância foi atestada pelo Sr. Mário Braz da Luz:
“De maior relevância, portanto foram os relatos obtidos junto ao Sr. Mário
Braz da Luz, integrante da Comunidade Quilombola dos Arturos, que
afirmou se tratar de valo aberto por escravos em tempos antigos e que foi
intensamente utilizado pelos seus parentes no trânsito entre a Fazenda das Abóboras e Fazenda Vista Alegre” (SOCIOAMBIENTAL PROJETOS,
2013).
Conforme nos atesta o Sr. Mário Braz, o local era divisa de propriedades e área de
trânsito entre as fazendas.
Com o prévio conhecimento do sítio, foi realizado um caminhamento no local para o
mapeamento de toda a extensão do valo que se encontra inserido na ADA do
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empreendimento. Com este procedimento, foi possível estabelecer seus limites na
extremidade leste do empreendimento, 650 m de comprimento, e dimensões: profundidade
variando entre 1m e 2m, largura entre 0,80m e 1,5m. Atualmente, o valo é coberto por uma
densa vegetação que, por vezes, impossibilita a passagem. Por outro lado, é importante
destacar que foi esta vegetação que auxiliou na preservação do bem.
Durante o caminhamento, foi possível diagnosticar duas bifurcações no valo, sendo
que uma delas possui duas estruturas de pedra. A Estrutura 1 se assemelha a um muro de
arrimo e a Estrutura 2, possivelmente, para o represamento d’água (Figura 23). Ambas as
estruturas foram construídas com blocos de pedra utilizando a técnica de junta seca. A
Estrutura 1 está inserida no corte do valo, enquanto a Estrutura 2 se sobressai ao valo. Quanto
ao estado de conservação, ambas apresentam danos, por este motivo, avaliadas por um estado
de conservação médio.
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Figura 24: Estruturas de pedra identificadas no Valo dos Camargos. A-B: Limpeza da estrutura 1. C: Estrutura 1. D-F: Estrutura 2.
Ao final do valo, já na AID, a cerca de 5 m além dos limites com a ADA, foi
identificada uma terceira estrutura de pedras, também em junta seca, e possivelmente um
muro de arrimo. Esta Estrutura, a de número 3 (Figura 25) se estende por cerca de 7,70 m e
sua altura atinge uma média de 0,50 m, variando entre 0,40 m e 0,65 m). Este muro se
encontra no final do valo, onde foi interrompido por uma via de acesso. A equipe de
arqueologia procurou pela sua continuidade nas áreas além da via que, mas nenhum vestígio
foi encontrado.
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Figura 25: Estrutura 3. A-C: Medição Estrutura 3. D: Estrutura 3.
Após a delimitação e o registro do Valo dos Camargos e suas estruturas anexas, foi
realizada a topografia local que contribuiu para a elaboração da hipótese de que o valo, além
sua função como divisor de propriedade, compusesse um sistema hidráulico consistindo em
um canal que conduzia água para as plantações localizadas nos patamares inferiores do
terreno. Hipótese que não se confirmou devido à ausência de indícios mais assertivos.
Paralelamente, foram realizadas intervenções em subsuperfície por toda a extensão da
estrutura, distando cerca de 100 m. Vale ressaltar, no entanto, que durante a realização de
tradagens, não foi encontrado nenhum vestígio arqueológico. Já em relação aos
caminhamentos, os vestígios encontrados foram as estruturas supracitadas. Ressalta-se, que
em alguns trechos o local ainda é utilizado como depósito de lixo.
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Figura 26: Procedimentos em campo: elaboração de croqui. A-C: Elaboração do croqui da estrutura 1. D: Elaboração do croqui da estrutura 2.
Por fim, cabe salientar o fato de um valo ser mencionado em outro processo de
licenciamento ambiental, mais precisamente no terreno contíguo que comportará futuramente
o Centro Empresarial da empresa Ello S/A Centro Empresarial, Processo IPHAN n°
01514.004167/2012-64. O trabalho foi coordenado pela arqueóloga Eliany Salaroli La Salvia,
da empresa de consultoria Arkeos Ltda. Segundo a Sra. La Salvia, o valo, cadastrado no
IPHAN como Valo das Pedras, percorre parte do terreno da Fazenda das Abóboras e
apresenta estruturas semelhantes às encontradas no Valo dos Camargos.
Recomendação
Como as estruturas se localizam na ADA do empreendimento, as atividades de
implantação e operação do empreendimento deverão gerar impactos sobre as mesmas,
causando sua perda, total ou parcial. Propõe-se, por esta razão, uma caracterização e um
registro detalhado da estrutura e seus componentes.
9.2.2 Sítio Arqueológico Lago dos Camargos
O Sítio Arqueológico Lago dos Camargos se localiza em área com declividade suave,
a cerca de 650 m a oeste da via de acesso local, na ADA do empreendimento (Figuras 27 e
28). Os recursos hídricos são abundantes e, a despeito das alterações na fitofisionomia atual, a
cobertura vegetal era, provavelmente, constituída por espécies típicas do Cerrado.
As atividades econômicas no local são praticadas em pequena escala, com caráter de
subsistência para os pequenos proprietários que revolvem o terreno para a cultura de cana-de-
açúcar e formação de pastagens. A cana-de-açúcar produzida se destina à fabricação artesanal
de aguardente. No momento de realização dos trabalhos de campo, o canavial apresentava
indivíduos bem formados, com perspectiva de colheita prevista para o mês de março/2015.
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Figura 27: Delimitação do Sítio Arqueológico Lago dos Camargos.
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Figura 28: Destaque ao Sítio Arqueológico Lago dos Camargos.
Na superfície da área investigada foram identificados, por meio de caminhamento e
intervenções em subsuperfície, fragmentos cerâmicos de diversos tamanhos procedentes de
bordas e paredes de variados vasilhames, com formatos, espessuras, padrões decorativos e
antiplástico diferentes. Os fragmentos se encontravam dispersos na área que avançava para
além do canavial e a sudeste da via de acesso principal, projetando-se em um polígono de 3
ha.
Possivelmente, esta dispersão dos vestígios pela superfície é resultante das frequentes
intervenções no ambiente e revolvimentos do terreno ao longo do tempo para plantação de
culturas diversas e formação de pasto. Por outro lado, o tipo de implantação do sítio
arqueológico na paisagem e a grande quantidade de material cerâmico exposto, sugere a
possibilidade do local ter sido ocupado por um aldeamento indígena no passado. Esta hipótese
foi levantada após a análise do contexto, dos fragmentos cerâmicos, dos geoindicadores
regionais e da disponibilidade hídrica. Considerou-se, ainda, as informações obtidas junto ao
Sr. Mário Braz, segundo o qual “quando chegaram aqui encontraram um monte de índios
vivendo aqui”. O Sr. Mário Braz, morador da Comunidade Quilombola dos Arturos, afirmou
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que, em sua juventude, “panelas de barro” sempre eram encontradas nas pastagens de
Contagem, no entanto os fazendeiros da época (possivelmente proprietários das fazendas
Vista Alegre e Abóboras) “mandavam destruir tudo” (Socioambiental Projetos, 2013).
As quatro primeiras tradagens realizadas na área do sítio, e região adjacente,
(Tradagens 60, 61, 62 e 63) estavam inseridas no grid estendido. Dentre estas, apenas a
tradagem 62 apresentou vestígios arqueológicos. Outras seis tradagens foram abertas para
delimitação do sítio arqueológico (Tradagens D01, D02, D03, D06, D07 e D08), das quais
duas (Tradagens D03 e D08) resultaram em vestígios em subsuperfície. O material
arqueológico encontrado nestas intervenções se limitava à profundidade 40 cm. Por fim, todas
as tradagens foram realizadas com diâmetro médio de 25 a 35 cm e atingiram profundidade
média de 70 cm. Desta forma, foi possível inferir a estratigrafia local da seguinte maneira:
Superfície: predominância de gramíneas.
0 – 20 cm: sedimento areno-argiloso, de coloração amarronzada (tonalidade clara), de
granulometria média, úmido, compactação baixa a média.
20 – 50 cm: sedimento areno-argiloso, de coloração amarronzada (tonalidade média),
de granulometria média, úmido, pouco compacto.
50 – 110 cm: sedimento argilo-arenoso, de coloração marrom alaranjada, de
granulometria média, úmido, pouco compacto.
Durante os caminhamentos foram encontrados fragmentos cerâmicos em superfície,
ora dispersos ora em concentrações – notadamente na via de acesso à fazenda e no canavial
(Figura 29). No primeiro caso, os fragmentos estavam incrustrados no piso, devido ao tráfego
de veículos e pessoas.
Para a delimitação do sítio arqueológico, foi realizado caminhamento, observação dos
vestígios em superfície, intervenções em subsuperfície e auxílio da equipe de topografia. Para
tanto, os pontos previamente registrados por meio de GPS manual foram novamente
identificados com auxílio da Estação Total, aumentando a precisão do registro. A área
estimada para o sítio arqueológico foi de 3 ha, conforme os pontos abaixo:
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Tabela 1: Coordenadas delimitação do sítio.
FUSO LONGITUDE UTM LATITUDE UTM
01 23K 596132.29 7801860.78
02 23K 596195.97 7801898.98
03 23K 596260.49 7801935.61
04 23K 596314.70 7801844.39
05 23K 596352.47 7801782.34
06 23K 596280.05 7801732.79
07 23K 596206.80 7801683.17
08 23K 596175.02 7801758.08
Definida a área, foi realizada a delimitação do sítio por meio de fita zebrada e colocados
avisos informativos sobre a condição da área (Figura 31).
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Figura 29: Sítio Arqueológico Lago dos Camargos. A-B: Visão parcial do sítio. C-E: Tradagens realizadas. F-G: Resultado tradagens. H-I: Caminhamento realizado na área. J-L: Material encontrado em superfície.
A B C D
E F G H
I J K L
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Figura 30: Sítio Lago dos Camargos. A-B: Diagnóstico do sítio arqueológico. C-I: Relato da existência do sítio ao empreendedor e ao Engenheiro Civil responsável.
A B C
D E F
G H I
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Figura 31: Delimitação do Sítio Arqueológico Lago Camargos. A-D: Delimitação do sítio Valo dos Camargos com auxílio de topografia. E-H: Cercamento do sítio.
A B C D
E F G
H
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9.2.2.1 Análise do material
Durante os trabalhos de campo foram coletados 21 fragmentos cerâmicos, dentre eles
bordas e paredes. A análise destes vestígios arqueológicos seguiu o protocolo apresentado por
Henriques (2006). Para tanto, foi utilizada uma tabela com as principais características do
material cerâmico, adaptada para análise dos vestígios coletados no sítio Lago dos Camargos.
Os procedimentos para a curadoria deste material exumado em campo, se basearam na
higienização, tombamento e triagem inicial a partir da tipologia de bordas e bojos. Em um
segundo momento, o material foi separado de acordo com a morfologia, observando
elementos como tipo de queima e espessura (PACHECO, 2008; HENRIQUES, 2006; DIAS,
2013; CALDARELLI, 2009) Cabe ressaltar que o número de tombo foi definido da seguinte
maneira: Sigla de três letras do nome do sítio; se foi exumado através de coleta de superfície
(1) ou tradagem (2) e numeração da cerâmica (SOARES et al., 2013).
Quadro 1: Material exumado em campo.
MATERIAL EXUMADO EM CAMPO
Número de tombo Descrição da peça Registro fotográfico
LGC-1-01
Borda de coloração
alaranjada –
possivelmente devido a
banho de argila –, com
presença de antiplástico
mineral visível – areia
fina e quartzo moído –,
elaborada sob a técnica
de acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 26 mm
Espessura: 09 mm
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LGC-1-02
Parede de coloração
marrom escura com
presença de antiplástico
mineral visível – areia
fina e quartzo –,
elaborada sob a técnica
de modelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 28 mm
Espessura: 06 mm
LGC-1-03
Parede de coloração
alaranjada com
presença de antiplástico
mineral visível – areia
fina–, elaborada sob a
técnica de
acordelamento e
queima oxidante.
Dimensões:
Comprimento: 24 mm
Espessura: 15 mm
LGC-1-04
Parede de coloração
marrom com presença
de antiplástico mineral
visível, elaborada sob a
técnica de
modelamento e queima
redutora.
Dimensões:
Comprimento: 61 mm
Espessura: 04 mm
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LGC-1-05
Parede de coloração
preta com presença de
antiplástico mineral
visível, elaborada sob a
técnica de
acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 23 mm
Espessura: 19 mm
LGC-1-06
Parede de coloração
marrom com presença
de antiplástico mineral
visível – areia fina e
quartzo –, elaborada
sob a técnica de
acordelamento e
queima oxidante.
Dimensões:
Comprimento: 73 mm
Espessura: 11 mm
LGC-1-07
Parede de coloração
alaranjada com
presença de antiplástico
mineral visível – areia
fina e quartzo –,
elaborada sob a técnica
de acordelamento e
queima oxidante.
Dimensões:
Comprimento: 22 mm
Espessura: 05 mm
LGC-1-08
Parede de coloração
marrom escura com
presença de antiplástico
mineral visível – areia
fina –, elaborada sob a
técnica de
modelamento e queima
redutora.
Dimensões:
Comprimento: 30 mm
Espessura: 05 mm
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LGC-1-09
Parede de coloração
bege com presença de
antiplástico mineral
visível – areia fina e
quartzo –, elaborada
sob a técnica de
acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 48 mm
Espessura: 17 mm
LGC-1-10
Parede de coloração
preta com presença de
antiplástico mineral
visível, elaborada sob a
técnica de
acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 31 mm
Espessura: 16 mm
LGC-1-11
Parede de coloração
alaranjada com
presença de antiplástico
mineral visível – areia
fina e quartzo –,
elaborada sob a técnica
de acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 45 mm
Espessura: 18 mm
LGC-2-01
Borda de coloração
marrom com presença
de antiplástico mineral
visível, elaborada sob a
técnica de
acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 44 mm
Espessura: 12 mm
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LGC-2-02
Parede de coloração
marrom com presença
de antiplástico mineral
visível – areia fina e
quartzo –, elaborada
sob a técnica de
acordelamento e
queima oxidante.
Dimensões:
Comprimento: 70 mm
Espessura: 10 mm
LGC-2-03
Parede de coloração
bege com presença de
antiplástico mineral
visível – areia fina e
quartzo –, elaborada
sob a técnica de
acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 35 mm
Espessura: 20 mm
LGC-2-04
Parede de coloração
bege com presença de
antiplástico mineral
visível, elaborada sob a
técnica de
acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 22 mm
Espessura: 17 mm
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LGC-2-05
Parede de coloração
bege com presença de
antiplástico mineral
visível, elaborada sob a
técnica de
acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 10 mm
Espessura: 17 mm
LGC-2-06
Parede de coloração
marrom escura com
presença de antiplástico
mineral visível,
elaborada sob a técnica
de modelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 20 mm
Espessura: 09 mm
LGC-2-07
Parede de coloração
marrom escura com
presença de antiplástico
mineral visível,
elaborada sob a técnica
de modelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 20 mm
Espessura: 07 mm
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LGC-2-08
Parede de coloração
marrom escura com
presença de antiplástico
mineral e vegetal
visível, elaborada sob a
técnica de
modelamento e queima
redutora.
Dimensões:
Comprimento: 18 mm
Espessura: 05 mm
LGC-2-09
Parede de coloração
marrom com presença
de antiplástico mineral,
elaborada sob a técnica
de acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 14 mm
Espessura: 04 mm
LGC-2-10
Parede de coloração
alaranjada com
presença de antiplástico
mineral visível – areia
fina e quartzo –,
elaborada sob a técnica
de acordelamento e
queima redutora.
Dimensões:
Comprimento: 49 mm
Espessura: 18 mm
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Figura 32: Tipologia do material. A-D: Tipologia do material.
Dentre os 21 fragmentos, 19 representam bojos (90,5 %) e apenas dois são bordas (9,5
%), os outros. Em relação a estas, foi possível constatar que ambas são diretas e finas (LGC-
1-1 = 0,8 cm e LGC-2-1 = 1,2 cm). Já em relação às paredes, constatou-se que apenas duas
delas se caracterizam por curvas suaves, enquanto 17 delas apresentam paredes retas.
No que se refere à espessura dos fragmentos, esta se apresentou bem dividida.
Utilizada como uma das tipologias para separar o material em um primeiro momento, os
fragmentos apresentaram diferentes tamanhos, sendo utilizados para sua divisão os seguintes
números: espessura < 10 mm e espessura > 10 mm. Dentre os fragmentos cerâmicos
utilizados foi possível constatar que 11 deles apresentam espessura menor que 10 mm (55%),
enquanto o restante (10) apresenta espessura maior que 10 mm (45%).
A B
C D
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Gráfico 1: Espessura dos vestígios encontrados.
Quanto às técnicas usadas para manufatura, predomina o acordelamento revelado pelo
padrão de fratura quadrangular (HENRIQUES, 2006), verificado em 15 dos fragmentos (71,4
%). A técnica da modelagem, por sua vez, foi identificada em 06 peças (28,6 %). Aventou-se
a possibilidade correlacionar o tipo de técnica de manufatura e a espessura das peças, mas
nenhum padrão foi constatado, visto que a espessura dos fragmentos variava de forma
independente à da técnica empregada na manufatura do vasilhame.
Gráfico 2: Tipo de manufatura adotado.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
5 a 9 10 a 20
nú
me
ro d
e f
ragm
ento
s
Espessura (mm)
0
3
6
9
12
15
18
21
Acordelamento Modelamento
Manufatura
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No tocante ao antiplástico adicionado à pasta, foram identificados elementos de
origem mineral e vegetal, com predominância do primeiro grupo. Os componentes
encontrados foram: quartzo, cerâmica-moída, areia fina, argila, hematita, quartzito, carvão e
grafite. Cabe salientar que em todos os fragmentos analisados, os componentes se
encontravam combinados. Dentre os 21 fragmentos cerâmicos doze apresentam quartzo
moído e apenas um apresenta antiplástico de origem vegetal visível.
Em relação ao tipo de queima, nota-se uma predominância da queima redutora,
presente em 90,5 % dos vestígios. A queima redutora ocorre em temperaturas menores que
700 °C, ocasionando a retenção do carbono presente no interior da peça. Tal fenômeno resulta
em um vasilhame com coloração escura e núcleo de coloração preta ou acinzentada. Tal
queima sugere a utilização de forno aberto (MILHEIRA ET. AL, 2013). No entanto, um dos
fragmentos apresentou queima oxidante, caracterizada pela coloração clara no seu núcleo; e
outro fragmento se distinguia pela queima redutora-oxidante, definida pela coloração mais
clara na faixa externa e mais escura na faixa interna.
O tratamento da superfície identificado em 19 fragmentos foi o alisamento interno e
externo. Esse alisamento resultou em paredes ásperas, aparentando uma lixa, permitindo a
visualização de antiplásticos, principalmente de origem mineral. Além disso, foi constatado o
tratamento por brunidura em dois dos fragmentos.
Em relação à coloração da superfície externa foram identificados cinco diferentes tons:
bege (19 %), marrom (38,1 %), marrom alaranjado (14,3 %), marrom escuro (19 %) e preto
(9,6 %). Nas peças de coloração marrom alaranjado foi observado um possível banho de
argila, com sedimento de mesma cor, abundante na região.
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Gráfico 3: Coloração externa.
19%
38,10% 14,30%
19 %
9,60%
Coloração externa
Bege
Marrom
Alaranjado
Marrom escuro
Preto
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80
A B C D
E F G H
I J K L
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Figura 33: Fragmentos cerâmicos coletados em campo.
Ainda como um método de análise do material foi utilizado o Método Delphi. Foram
contatados 10 especialistas que, por meio de um diálogo anônimo e individual (GONZÁLEZ,
S/A), para que indicassem a origem étnico-arqueológica dos vestígios encontrados e a
possível tradição ao qual se enquadrariam. Optou-se por especialistas de diferentes estados do
país, tendo em vista a diversidade existente, a saber: MG, SP, RS, PI e PB. Foram enviados
registros fotográficos dos vestígios cerâmicos juntamente com um formulário (Anexo 4)
contendo questões a eles relacionados, bem como uma solicitação a estes especialistas que
analisassem o material e discorressem sobre o mesmo.
Posteriormente ao recebimento de todos os formulários preenchidos, foi possível
confirmar a origem pré-colonial do material cerâmico exumado em campo, uma vez que 90%
dos especialistas confirmaram esta procedência e apenas 10% comentou sobre a possibilidade
de a cerâmica estar relacionada ao período colonial, mais precisamente a quilombolas. Em
M N
O P
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relação à Tradição, oito especialistas afirmaram a impossibilidade de se fazer quaisquer
afirmações sem que estudos de laboratório aprofundados sejam realizados.
Gráfico 4: Método Delphi
Por fim, houve a segunda fase do procedimento, onde especialistas entram em contato
direto com as peças coletadas. Após análise de especialistas locados em MG, foi confirmada a
origem indígena para os vestígios cerâmicos. Ainda, estes especialistas inferiram a
possibilidade de as cerâmicas serem portadoras de duas tradições recorrentes em MG, a saber:
Una e Aratu-Sapucaí.
O Método Delphi surge como uma nova ferramenta científica para a confirmação de
possíveis vestígios arqueológicos encontrados durante projetos de arqueologia de contrato. No
entanto, o curto espaço de tempo nos projetos de arqueologia preventiva não permite a
execução de metodologias puramente cientificas, sendo esses presos apenas à descrição e
análise superficial. Com um maior tempo para a execução dos projetos seria possível aplicar o
método de forma completa, em diferentes fases, buscando o contato do especialista via
registro fotográfico, vídeo e, por fim, o contato pessoal.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Pré-colonial Pós-colonial
Método Delphi
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Considerações sobre o Material Cerâmico
A análise feita no material cerâmico coletado indicou a existência de três tipos
cerâmicos distintos na área do Sítio Arqueológico Lago Camargos, a saber:
Cerâmica Tipo I:
O primeiro tipo cerâmico se caracteriza por sua espessura mais fina (menor que 10
mm), coloração próxima ao marrom, com antiplástico mineral, queima redutora,
predominância da técnica de manufatura por modelagem e tratamento de superfície por
alisamento áspero. Esses fragmentos se assemelham aos artefatos cerâmicos identificados na
tradição Una.
A tradição Una se caracteriza pelos vasilhames de pequena dimensão confeccionados
através da técnica de modelagem, com paredes pouco espessas (em média 7 mm) e presença
de antiplástico mineral e vegetal, sendo sua queima oxidante, além de apresentar uma
coloração bastante homogênea, próxima ao marrom (HENRIQUES, 2006). Os vestígios
cerâmicos LGC-1-01, LGC-1-02, LGC-1-04, LGC-2-01 e LGC-2-08 se assemelham bastante
ao tipo descrito.
Cerâmica Tipo II:
Já os fragmentos que se enquadram no segundo tipo cerâmico são mais espessos que o
primeiro, apresentam coloração preta e alaranjada, com predominância de antiplástico mineral
e queima redutora, assim como da técnica de manufatura por rolete e tratamento de superfície
por alisamento áspero. Cabe salientar a presença de fragmentos que, possivelmente,
receberam banhos de argila de coloração avermelhada. Possivelmente, estes fragmentos
cerâmicos se enquadram à tradição Aratu-Sapucaí.
A tradição Aratu-Sapucaí se caracteriza por peças de grande volume, como é o caso
das urnas funerárias, que ganhou um status semelhante a um guia da tradição em questão.
Estes vasilhames são geralmente abertos, confeccionados através da técnica de rolete e com
paredes grossas, tendo como antiplástico de natureza mineral como predominante. Destaca-se
também “a aplicação de quartzo ou arenito triturado adicionado em grande quantidade à
pasta, não só para temperá-la, mas para tornar a superfície do vasilhame áspera, ao modo de
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uma lixa” (HENRIQUES, 2006: 48). Por fim, em sítios com vestígios cerâmicos portadores
da tradição Aratu-Sapucaí é possível encontrar terra preta formando áreas circulares ou
ovaladas. Os vestígios cerâmicos LGC-1-09, LGC-1-10, LGC-1-11 e LGC-2-03 se
assemelham ao tipo descrito.
Cerâmica Tipo III:
O terceiro tipo cerâmico se caracteriza por espessura robusta, coloração quente,
presença de antiplástico mineral e manufatura por acordelamento. A análise das peças sugere
que foram produzidas por grupos recentes, posteriores à colonização do território.
A despeito das evidências arqueológicas indicarem a ocorrência de duas tradições
cerâmicas no mesmo sítio, o S.A. Lago dos Camargos, considera-se necessária uma pesquisa
sistemática no local a fim de se coletar uma quantidade expressiva de dados e, após sua
compilação, elaborar um quadro mais preciso quanto à ocupação pretérita da região do
município de Contagem. As cerâmicas LGC-2-10 e LGC-1-06 se assemelham bastante ao tipo
descrito.
Recomendação
Considerando que a instalação e operação do empreendimento poderá causar a
destruição total ou parcial do Sítio Arqueológico Lago dos Camargos, recomenda-se:
1) Alteração do traçado da via de acesso a fim de manter a integridade do sítio OU a
realização de resgate arqueológico do sítio antes de qualquer intervenção na área
relacionado ao empreendimento;
2) O monitoramento de todas as atividades relacionadas à instalação do
empreendimento visando a salvaguarda de quaisquer indícios arqueológicos que
porventura não tenham sido identificados até o momento da intervenção no solo.
9.2.3 Fazenda Vista Alegre
O sítio Fazenda Vista Alegre consiste em ruínas de uma antiga edificação, utilizada
como sede da propriedade localizada no bairro Quintas Coloniais, situada na AID do
empreendimento em tela. Possivelmente erigida no século XIX, a Fazenda, pertenceu ao
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Coronel João Teixeira Camargos e pode ser considerada um dos principais polos
agropecuários da região naquele período, comercializando grande parte da sua produção com
Contagem e Belo Horizonte.
Senna (1913) descreve, de forma sucinta, a importância da propriedade para a
produção agropastoril regional:
De propriedade do venerado ancião João Teixeira Camargos, um dos patriarcas do município, dista três quilômetros da Vila e contem 500
alqueires em culturas, matas e pastagens. Produz cereais, cana e café é de
mil arrobas e a farinha de mil alqueires. A sua criação de gado vacum consta
de 200 cabeças das raças zebu, holandesa e caracu e de suínos, 100. Existe na fazenda, que possui vários instrumentos agrários, engenho de cana e
engenho de café bem instalados, abundante aguada, cuja altura se presta ao
acionamento de maquinismo para a energia elétrica. Possui magníficos terrenos e bons pastos sendo toda cercada e banhada por um ribeirão
(SENNA, 1913 apud IEPHA, 2012).
O local, de relevância histórica e cultural, constitui cenário de referência do passado
agropastoril da região e centro para o estabelecimento das tradições culturais das
comunidades envolventes. Devido à importância sinalizada, é protegida no âmbito municipal,
nos termos do Decreto 10.460, de 2 de maio de 200026
. No entanto, devido à falta de
manutenção e de medidas adequadas de conservação por parte do poder público, a edificação
determinou seu arruinamento há cerca de uma década.
No tocante aos procedimentos realizados para o estudo das ruínas da Fazenda Vista
Alegre, além das entrevistas informais com vizinhos e com antiga moradora do local, foi feita
uma limpeza parcial, um registro fotográfico detalhado, um croqui do alicerce aparente da
sede da Fazenda e um croqui por meio do Google Sketchup 8™.
Parte das ruínas da sede da fazenda estava encoberta por vegetação arbórea de médio e
grande porte, além de sedimento. A limpeza feita no local implicou na retirada de entulho de
maiores dimensões e na retirada do sedimento solto com a utilização de vassouras. Os alvos
da limpeza foram as áreas onde se encontram as ruínas da Fazenda Vista Alegre e na região
do moinho (Figura 35).
26
Informações extraídas da página virtual da Prefeitura Municipal de Contagem, disponível em
http://www.contagem.mg.gov.br/?es=patrimonio_historico&artigo=285094
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Figura 34: Limpeza da Fazenda Vista Alegre. A-B: Limpeza pesada sendo realizada com auxílio de enxada e foice. C-D: Limpeza pontual próximo à ruína da fazenda.
A elaboração de uma planta baixa, com todas as divisórias da casa, definindo as
unidades estratigráficas, como seus diferentes momentos, não foi possível devido ao acúmulo
de sedimento e entulho que encobria grande parte do alicerce. Assim, foi feita uma planta
baixa da residência para que pudesse ficar registrada a dimensão desta, a qual tem sua
orientação Sul-Norte (figura 37).
Desta forma, foi possível dimensionar a ruína por meio de suas estruturas aparentes. A
fachada anterior da estrutura percorre 33 m, sendo que 21,70 m seria a área da residência,
enquanto a área restante é referente ao pátio que se encontrava a oeste desta. A casa se
estendia por 29,20 metros não uniformes. Na parte posterior, oeste, havia uma parede que
com 5,80 m de comprimento no sentido Oeste-Leste. Perpendicular a esta parede, avançava
para o interior da residência um outra, com 4,70 m de comprimento. Ao fundo, um banheiro,
que foi construído pela Sra. Darina, com dimensões de 2,00 x 1,00m. Adjacente a este
cômodo, uma parede (orientação Oeste-Leste) percorria 4,80 m até se limitar a uma parede
A B
C D
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perpendicular que adentrava 3,25 m na residência. A parede final media 10,00 m no sentido
Oeste-Leste, e se unia à parede leste, que por sua vez media 13,80 m, no sentido Norte-Sul,
até alcançar os limites anteriores da edificação. Não foi possível identificar as partições
interna devido ao grande acúmulo de material oriundo do desmoronamento da estrutura.
Durante a elaboração do croqui foram identificados materiais utilizados na construção
da sede da fazenda, a qual foi erigida exclusivamente em alvenaria. O alicerce da edificação
foi feito com blocos de pedra, em junta seca. Boa parte da estrutura que se encontra aparente
foi recoberta por reboco, além de camadas de tinta, como pode ser observado no registro
fotográfico abaixo (Figura 36 A). Outro material utilizado foi o tijolo maciço de adobe, onde
em alguns deles há a inscrição “JC”, possivelmente referente a Joviano Camargos (Figura 16
C). Em alguns locais onde estas paredes ruíram foi possível observar argamassa entre os
tijolos. Como baldrames, utilizaram madeira maciça, todas dispostas na base da residência.
Por fim, notou-se o uso de material recente, como é o caso de tijolos e janela em esquadria,
para a construção do banheiro pela Sra. Darina.
Figura 35: Elaboração de croqui. A: Medição das paredes da ruína. B-C: Integrante da equipe realizando parte do croqui.
A B
C
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Figura 36: Croqui parcial da sede da Fazenda Vista Alegre executado no Google Sketchup 8™.
Durante a limpeza foi realizado contato com o Sr. Ademir, morador a propriedade
vizinha às ruínas da Fazenda Vista Alegre. Segundo seus relatos, havia um curral, calçado
com grandes blocos de pedras, mas que foi soterrado devido à urbanização da região. Ele
comentou, ainda, que a Sra. Darina ocupou a sede por um longo período, antes do seu
desmoronamento.
Segundo a Sra. Darina, foi a pedido do Sr. Sebastião Camargos que veio morar na casa
para auxiliar na conservação do bem e proteger a propriedade de invasores, vindo se instalar
na fazenda em meados da década de 1970, onde permaneceu até o início da década passada.
Descreveu uma casa grande e imponente, o que demandava muito tempo para mantê-
la limpa. Contou que a maioria das árvores no entorno foram plantadas por ela e que na época
em que se mudou para a fazenda, o local não se encontrava urbanizado. De acordo com a
informante, a casa possuía mais de 14 cômodos, dos quais seis eram quartos e um deles
reservado aos escravos da fazenda. Este se localizava nos fundos da residência, mais
precisamente do lado direito. Sobre áreas sanitárias, havia um banheiro na área externa à casa,
além da cozinha e no nível inferior ao alicerce principal. Sobre artefatos ou elementos da
cultura material que pudessem remeter ao passado, Sra. Darina respondeu não ter
conhecimento.
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Figura 37: Entrevistas informais sobre a Fazenda Vista Alegre. A: Conversa com o Sr. Ademir. B: Conversa introdutória com Sra. Darina e filha. C-D: Sra. Darina realizando comentários
sobre a casa.
Quanto às reformas e intervenções na residência, ela informou sobre a construção que
fez no nível principal devido à dificuldade de acesso ao banheiro, assim, ela resolveu
construir um novo, modificação perceptível in loco. Informou, ainda, que após anos morando
na casa, teve que isolar uma parte em vias de desmoronamento. Algum tempo depois de sua
mudança, por motivo não relatado, a edificação ruiu. Por fim, ela comentou que muitas
pessoas invadiam o local para pegar os materiais de construção, como madeiras, tijolos e
telhas. Os relatos da Sra. Darina auxiliaram diretamente na elaboração da planta baixa da
estrutura.
Recomendação
A despeito das ruínas se localizarem na AID do empreendimento, não deverão sofrer
impactos diretos advindos das obras de implementação do Loteamento Estância do Lago. No
A B
C D
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entanto, propõe-se a preservação do contexto arqueológico local, que poderá compor no
futuro projetos de pesquisa acadêmica devotada a temática da Arqueologia Histórica.
Sugere-se que o local seja aproveitado como uma área de convivência, para os
moradores do entorno e os futuros moradores do empreendimento, preservando e
revitalizando a ruína da fazenda. Como se trata de uma ruína histórica, recomenda-se que o
projeto de uso futuro seja encaminhado ao órgão competente para conhecimento e aprovação,
caso seja necessário.
9.3 Registro e vistoria realizada nas Áreas de Influência do empreendimento
Durante os trabalhos de campo foram realizados caminhamentos e intervenções em
subsuperfície em um grid, previamente determinado. Estas atividades e seus resultados são
apresentados na Tabela 2, abaixo:
Tabela 2: Pontos de vistoria e registros realizados nas áreas de influência do empreendimento.
Ponto Atividade
Arqueológica Profundidade Caracterização
Coordenadas 23K
(SIRGAS 2000)
Longitude Latitude
001 Sondagem 89 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 10 cm: Arenoso marrom
10 – 89 cm: Arenoso marrom
avermelhado
597658 7801793
002 Sondagem 82 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 20 cm: Arenoso marrom
20 – 82 cm: Arenoso marrom
avermelhado
597552 7801757
003 Sondagem 72 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 20 cm: Arenoso marrom
20 – 72 cm: Arenoso marrom
avermelhado
597476 7801676
004 Sondagem 76 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 10 cm: Arenoso marrom claro
10 – 76 cm: Arenoso marrom
597465 7801669
005 Sondagem 87 cm Superfície: Serapilheira
597405 7801605
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0 – 10 cm: Arenoso marrom claro
10 – 87 cm: Arenoso marrom avermelhado
006 Sondagem 67 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 20 cm: Arenoso marrom claro
20 – 67 cm: Arenoso marrom
avermelhado
597319 7801543
007 Sondagem 75 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 20 cm: Arenoso marrom claro
20 – 75 cm: Arenoso marrom
avermelhado
597197 7801501
008 Sondagem 86 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 17 cm: Arenoso marrom escuro
17 – 86 cm: Arenoso marrom
alaranjado
597135 7801425
009 Sondagem 64 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 21 cm: Arenoso marrom escuro
21 – 64 cm: Arenoso marrom
alaranjado
597120 7801513
010 Sondagem 89 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 22 cm: Arenoso marrom claro
22 – 89 cm: Arenoso marrom
avermelhado
597300 7801501
011 Sondagem 79 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 60 cm: Arenoso marrom escuro
60 – 79 cm: Arenoso marrom
alaranjado
597300 7801398
012 Sondagem 78 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 42 cm: Arenoso marrom claro
42 – 78 cm: Arenoso marrom
avermelhado
597248 7801352
013 Sondagem 70 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 70 cm: Arenoso marrom escuro
597297 7801305
014 Sondagem 80 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 28 cm: Arenoso marrom claro
28 – 80 cm: Arenoso marrom
avermelhado
597200 7801305
015 Sondagem 84 cm Superfície: Gramíneas
597103 7801304
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0 – 22 cm: Arenoso marrom claro
22 – 84 cm: Arenoso marrom avermelhado
016 Sondagem 70 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 45 cm: Arenoso marrom
45 – 70 cm: Arenoso marrom
alaranjado
597149 7801348
017 Sondagem 70 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 32 cm: Arenoso marrom claro
32 – 70 cm: Arenoso marrom
avermelhado
Finalizado devido à presença de rocha
597198 7801396
018 Sondagem 73 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 20 cm: Arenoso marrom claro
20 – 73 cm: Arenoso marrom
avermelhado
597253 7801446
019 Sondagem 81 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 50 cm: Arenoso marrom
50 – 81 cm: Arenoso marrom
alaranjado
597105 7801400
020 Sondagem 71 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 26 cm: Arenoso marrom
acinzentado
26 – 71 cm: Arenoso marrom
Existência de raízes em ambas as
camadas, impossibilitando maior
perfuração
596900 7801849
021 Sondagem 70 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 10 cm: Arenoso marrom
10 – 40 cm: Arenoso marrom
alaranjado
40 – 70 cm: Arenoso marrom escuro
596853 7801899
022 Sondagem 32 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 32 cm: Arenoso marrom claro
Finalizado devido à presença de rocha
596753 7801900
023 Sondagem 80 cm
Superfície: Serapilheira
0 - 17 cm: Arenoso marrom escuro
596802 7801848
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17 – 40 cm: Arenoso cinza claro
40 – 80 cm: Arenoso cinza escuro
Finalizado devido à existência de raízes
024 Sondagem 81 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 24 cm: Arenoso marrom
acinzentado
24 – 47 cm: Arenoso marrom
47 – 81 cm: Arenoso marrom
amarelado
596837 7801791
025 Sondagem 67 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 33 cm: Arenoso marrom
33 – 67 cm: Arenoso marrom
alaranjado
Finalizado devido à existência de raízes
596750 7801801
026 Sondagem 86 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 86 cm: Argiloso marrom
acinzentado
Finalizado devido à água
596708 7801820
027 Sondagem 80 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 50 cm: Arenoso marrom escuro
50 – 80 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596640 7801901
028 Sondagem 86 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 21 cm: Arenoso marrom claro
21 – 86 cm: Arenoso marrom
avermelhado
596949 7801544
029 Sondagem 79 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 18 cm: Arenoso marrom claro
18 – 38 cm: Arenoso marrom
38 – 79 cm: Arenoso marrom
avermelhado
596902 7801499
030 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 - 25 cm: Areno-argiloso marrom
25 – 60 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
596949 7801449
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60 – 110 cm: Argilo-arenoso marrom
avermelhado
031 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 22 cm: Arenoso marrom escuro
22 – 110 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
596905 7801396
032 Sondagem 60 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 30 cm: Argilo-arenoso marrom
escuro
30 – 60 cm: Argilo-arenoso marrom
claro
Finalizado devido à presença de rocha
596949 7801352
033 Sondagem 112 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 23 cm: Arenoso marrom
23 – 112 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
596852 7801448
034 Sondagem 80 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 40 cm: Argilo-arenoso marrom
escuro
40 – 80 cm: Argilo-arenoso marrom
avermelhado
596853 7801551
035 Sondagem 100 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 22 cm: Areno-argiloso marrom
22 – 100 cm: Areno-argiloso marrom avermelhado
596852 7801448
036 Sondagem 93 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 10 cm: Arenoso marrom escuro
10 – 50 cm: Areno-argiloso marrom
50 – 93 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
596751 7801548
037 Sondagem 80 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 18 cm: Arenoso marrom claro
18 – 33 cm: Areno-argiloso marrom
33 – 80 cm: Areno-argiloso marrom avermelhado
496701 7801503
038 Sondagem 91 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 32 cm: Arenoso marrom
596749 7801453
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32 – 91 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
039 Sondagem 81 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 31 cm: Arenoso marrom claro
31 – 47 cm: Areno-argiloso marrom
47 – 81 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
596798 7801400
040 Sondagem 80 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 40 cm: Areno-argiloso marrom
escuro
40 – 60 cm: Areno-argiloso marrom
claro
60 – 80 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596850 7801346
041 Sondagem 91 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 46 cm: Arenoso marrom claro
46 – 58 cm: Arenoso marrom
58 – 91 cm: Arenoso marrom
alaranjado
596899 7801300
042 Sondagem 103 cm
Superfície: Arenoso marrom amarelado
0 – 10 cm: Arenoso marrom amarelado
10 – 32 cm: Arenoso marrom
32 – 103 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596799 7801297
043 Sondagem 81 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 18 cm: Arenoso marrom claro
18 – 52 cm: Arenoso marrom
52 – 81 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596752 7801346
044 Sondagem 70 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 40 cm: Areno-argiloso marrom
40 – 70 cm: Areno-argiloso marrom alaranjado
Presença de arenito
596701 7801397
045 Sondagem 113 cm
Superfície: Arenoso marrom claro
0 – 45 cm: Arenoso marrom
596686 7801315
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45 – 113 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
046 Sondagem 100 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 31 cm: Arenoso marrom amarelado
31 – 57 cm: Arenoso marrom
57 – 100 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
5596351 7801499
047 Sondagem - Não realizada – Área com altíssima
declividade 596252 7801532
048 Sondagem - Não realizada – Área com altíssima
declividade 596315 7801500
049 Sondagem 80 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 40 cm: Areno-argiloso marrom
escuro
40 – 80 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596153 7801499
050 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 23 cm: Arenoso marrom claro
23 – 110 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596200 7801549
051 Sondagem 81 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 17 cm: Arenoso marrom
acinzentado
17 – 41 cm: Arenoso marrom
41 – 81 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596246 7801599
052 Sondagem 80 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 40 cm: Areno-argiloso marrom
40 – 80 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596300 7801648
053 Sondagem 96 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 50 cm: Areno-argiloso marrom
50 – 96 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596349 7801696
054 Sondagem 91 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 29 cm: Arenoso marrom
acinzentado
29 – 56 cm: Areno-argiloso marrom
56 – 91 cm: Areno-argiloso marrom
596400 7801748
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alaranjado
Presença de rocha aos 91 cm
055 Sondagem 101 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 60 cm: Arenoso marrom
60 – 101 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596852 7801448
056 Sondagem 60 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 30 cm: Arenoso marrom
30 – 60 cm: Arenoso marrom
alaranjado
Presença de quartzito na camada
Finalizado devido à presença de rocha
596353 7801602
057 Sondagem 125 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 60 cm: Arenoso marrom
60 – 125 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596402 7801549
058 Sondagem 92 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 15 cm: Arenoso marrom claro
15 – 48 cm: Arenoso marrom
48 – 92 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596304 7801550
059 Sondagem 40 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 40 cm: Arenoso marrom. Presença de raiz
Finalizado devido à presença de raiz de
grande porte
596153 7801599
060 Sondagem 105 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 19 cm: Arenoso marrom claro
19 – 58 cm: Arenoso marrom
58 – 105 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596296 7801744
061 Sondagem 42 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 20 cm: Arenoso marrom
20 – 42 cm: Argilo-arenoso marrom
claro
Finalizado devido à presença de rocha
596198 7801745
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062 Sondagem 80 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 40 cm: Areno-argiloso marrom claro
40 – 80 cm: Argilo-arenoso alaranjado
Presença de 3 fragmentos cerâmicos
596246 7801797
063 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 23 cm: Arenoso marrom claro
23 – 41 cm: Areno-argiloso marrom
41 – 110 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596247 7801702
064 Sondagem 97 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 15 cm: Arenoso marrom claro
15 – 37 cm: Arenoso marrom
37 – 97 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596099 7801402
065 Sondagem 102 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 44 cm: Arenoso marrom
44 – 102 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596103 7801307
066 Sondagem 105 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 12 cm: Arenoso marrom
acinzentado
12 – 46 cm: Arenoso marrom
46 – 105 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596604 7802000
067 Sondagem - Não realizada – Área de vertente 597008 7801902
068 Sondagem 106 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 45 cm: Arenoso marrom
45 – 106 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596497 7802003
069 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 17 cm: Arenoso marrom claro
17 – 51 cm: Arenoso marrom
51 – 110 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596698 7802000
070 Sondagem 112 cm Superfície: Gramíneas
597080 7801986
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 99
0 – 43 cm: Arenoso marrom
43 – 112 cm: Areno-argiloso marrom alaranjado
071 Sondagem 70 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 40 cm: Arenoso marrom
40 – 70 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596932 7802027
072 Sondagem - Não realizada – Área de brejo 597000 7801799
073 Sondagem 110 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 21 cm: Arenoso marrom escuro
21 – 41 cm: Arenoso marrom
41 – 110 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
597008 7802002
074 Sondagem 115 cm
Superfície: Gramíneas e serapilheira
0 – 49 cm: Arenoso marrom
49 – 115 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
597079 7801986
075 Sondagem 120 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 18 cm: Arenoso marrom
acinzentado
18 – 48 cm: Arenoso marrom
48 – 120 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596999 7802089
076 Sondagem 35 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 35 cm: Arenoso marrom escuro
Finalizado devido à presença de raízes
de grande porte
596908 7802112
077 Sondagem 120 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 41 cm: Arenoso marrom
41 – 120 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
596800 7802120
078 Sondagem 114 cm
Superfície: Serapilheira e Arenoso
marrom
0 – 38 cm: Arenoso marrom
0 – 38 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596702 7802100
079 Sondagem 98 cm Superfície: Gramíneas
596599 7802098
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 100
0 – 17 cm: Arenoso marrom claro
17 – 37 cm: Arenoso marrom
37 – 98 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
080 Sondagem 95 cm
0 – 20 cm: Arenoso marrom claro
20 – 40 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado c/cascalho
40 – 95 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado c/ presença de arenito
596533 7802120
081 Sondagem 33 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 33 cm: Arenoso marrom c/
presença de cascalho
Finalizado devido à presença de rocha
595987 7801400
082 Sondagem 106 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 11 cm: Arenoso marrom rosado
11 – 106 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
595899 7801395
083 Sondagem 36 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 36 cm: Argilo-arenoso marrom
claro
Finalizado devido à presença de rocha
596007 7801316
084 Sondagem 120 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 15 cm: Arenoso marrom claro
15 – 49 cm: Arenoso marrom
49 – 120 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
595901 7801502
085 Sondagem 100 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 30 cm: Arenoso marrom
30 – 100 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
595999 7801501
086 Sondagem 108 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 12 cm: Arenoso marrom claro
12 – 56 cm: Arenoso marrom
56 – 108 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
595899 7801303
087 Sondagem 130 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 20 cm: Arenoso marrom
595999 7801599
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 101
20 – 70 cm: Areno-argiloso marrom
70 – 130 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
088 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 18 cm: Arenoso marrom claro
18 – 49 cm: Arenoso marrom
49 – 110 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
595997 7801303
089 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 30 cm: Arenoso marrom
30 – 50 cm: Areno-argiloso marrom alaranjado
50 – 100 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596402 7801799
090 Sondagem 108 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 17 cm: Arenoso marrom
acinzentado
17 – 82 cm: Arenoso marrom
82 – 109 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596500 7801796
091 Sondagem -
Tradagem não realizada por existir
estrada no local (solo extremamente compacto)
596506 7801703
092 Sondagem 100 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 13 cm: Arenoso marrom claro
13 – 38 cm: Arenoso marrom
amarelado
38 – 100 cm: Areno-argiloso marrom
596602 7801703
093 Sondagem 110 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 30 cm: Arenoso marrom claro
30 – 70 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
70 – 110 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
596598 7801592
094 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 15 cm: Arenoso marrom claro
15 – 51 cm: Arenoso marrom
596701 7801601
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 102
51 – 110 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
095 Sondagem 122 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 19 cm: Arenoso marrom claro
19 – 60 cm: Arenoso marrom
60 – 122 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596807 7801605
096 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 30 cm: Arenoso marrom escuro
30 – 60: Arenoso marrom
60 – 110 cm: Areno-argiloso marrom alaranjado
596902 7801613
097 Sondagem 81 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 22 cm: Arenoso marrom
acinzentado
22 – 55 cm: Arenoso marrom
55 – 81 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
Finalizado devido à presença de rocha
597002 7801699
098 Sondagem 120 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 19 cm: Arenoso marrom claro
19 – 61 cm: Arenoso marrom
61 – 120 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596898 7801695
099 Sondagem 96 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 31 cm: Arenoso marrom claro
31 – 62 cm: Arenoso marrom
62 – 96 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596702 7801698
100 Sondagem 101 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 20 cm: Arenoso marrom claro
20 – 51 cm: Arenoso marrom
51 – 101 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596802 7801697
101 Sondagem 120 cm Superfície: Gramíneas
597000 7801396
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 103
0 – 18 cm: Arenoso marrom claro
18 – 46 cm: Arenoso marrom
46 – 120 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
102 Sondagem 91 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 10 cm: Arenoso marrom claro
10 – 91 cm: Arenoso marrom
597300 7801696
103 Sondagem 70 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 13 cm: Arenoso marrom claro
13 – 70 cm: Arenoso marrom
avermelhado
Finalizado devido à presença de rocha
597401 7801701
104 Sondagem 103 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 12 cm: Arenoso marrom claro
12 – 103 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
597595 7801799
105 Sondagem 109 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 18 cm: Arenoso marrom claro
18 – 51 cm: Arenoso marrom
51 – 109 cm: Areno-argiloso marrom
597506 7801800
106 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 20 cm: Arenoso marrom claro
20 – 71 cm: Arenoso marrom
alaranjado
71 – 110 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
597406 7801801
107 Sondagem 37 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 12 cm: Arenoso marrom
13 – 37 cm: Areno-argiloso marrom c/
raízes
Finalizado devido à existência de raiz de grande porte
597301 7801794
108 Sondagem 68 cm
Superfície: Gramíneas
0 - 28 cm: Arenoso marrom
28 – 68 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado claro
597202 7801798
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 104
Finalizado devido à altíssima
compactação do terreno
109 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 11 cm: Arenoso marrom escuro
11 – 33 cm: Arenoso marrom
33 – 110 cm: Areno-argiloso marrom
amarelado
597143 7801844
110 Sondagem 90 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 30 cm: Arenoso marrom escuro
30 – 90 cm: Argiloso cinza
596900 7801803
111 Sondagem - Solo argiloso marrom acinzentado em
superfície – as margens do lago. 596656 7801805
112 Sondagem 110 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 55 cm: Arenoso marrom claro
55 – 110 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado claro
597099 7801898
113 Sondagem - Tradagem não realizada por se
localizar em afloramento rochoso 597199 7801896
114 Sondagem 101 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 55 cm: Arenoso marrom
avermelhado
55 – 101 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
597296 7801894
115 Sondagem 100 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 10 cm: Arenoso marrom escuro
10 – 32 cm: Arenoso marrom
32 – 100 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
597493 7801893
116 Sondagem 100 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 33 cm: Arenoso marrom c/raiz
33 – 100 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
597511 7801899
117 Sondagem 130 cm
Superfície: Solo gradeado
0 – 31 cm: Arenoso marrom
acinzentado
31 – 64 cm: Arenoso marrom
64 – 130 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
595998 7801702
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 105
Presença de cerâmica em superfície
118 Sondagem 108 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 27 cm: Arenoso marrom
27 – 108 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
596502 7801596
119 Sondagem 55 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 55 cm: Arenoso marrom claro
c/cascalho
Finalizado devido à presença de rocha
597207 7801605
120 Sondagem 46 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 46 cm: Arenoso marrom claro
Finalizado devido à presença de rocha
597299 7801594
121 Sondagem - Não realizada devida à localização –
Brejo 596313 7802019
122 Sondagem - Não realizada devido à localização -
Lago 596378 7801995
123 Delimitação
de sítio 55 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 55 cm: Arenoso marrom
Presença de fragmentos cerâmicos em
0 – 20 cm.
596205 7801690
124 Delimitação
de sítio 22 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 22 cm: Arenoso marrom
Ausência de fragmentos cerâmicos
596135 7801742
125 Delimitação
de sítio 70 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 20 cm: Arenoso marrom
20 – 70 cm: Areno-argiloso marrom
alaranjado
Presença de fragmentos cerâmicos em
0 - 20 cm
596175 7801788
126 Delimitação
de sítio 47 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 15 cm: Arenoso marrom
15 – 47 cm: Areno-argiloso marrom
escuro
Ausência de vestígios
596138 7801843
127 Delimitação
de sítio 33 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 12 cm: Arenoso marrom
12 – 33 cm: Areno-argiloso marrom
596185 7801894
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 106
escuro
Ausência de vestígios. Presença de quartzito.
128 Delimitação
de sítio 75 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 15 cm: Arenoso marrom
15 – 55 cm: Argilo-arenoso marrom
escuro
55 – 75 cm: Argilo-arenoso marrom
alaranjado
Ausência de vestígio arqueológico
596272 7801918
129 Delimitação
do sítio 64 cm
Superfície: Gramíneas
0 – 10 cm: Arenoso marrom
10 – 45 cm: Argilo-arenoso marrom
escuro
45 – 64 cm: Areno-argiloso marrom
avermelhado
Ausência de vestígios arqueológicos
596282 7801856
130 Delimitação
do sítio 97 cm
Superfície: Serapilheira
0 – 15 cm: Arenoso marrom
15 – 45 cm: Areno-argiloso marrom
escuro
45 – 97 cm: Arenoso-argiloso marrom
alaranjado c/ cascalho
Presença de fragmento cerâmico em
superfície
596275 7801810
131 Vistoria - Ocorrência 01 – Concentração
cerâmica encontrada em superfície 596241 7801757
132 Vistoria -
Ocorrência 02 – Fragmentos cerâmicos
encontrada em superfície – cultura de
cana-de-açúcar
596181 7801821
133 Vistoria -
Ocorrência 03 – Fragmentos cerâmicos
encontrados em superfície – via de
acesso
596394 7801722
134 Vistoria -
Ocorrência 04 – Fragmentos cerâmicos
encontrados em superfície – via de
acesso
596279 7801746
135 Vistoria - Portaria – Estrada 595781 7801226
136 Vistoria - Córrego 596885 7801855
137 Vistoria - Vertente 597007 7801900
138 Vistoria - Vertente 597044 7801898
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 107
139 Vistoria - Lago artificial 597016 7801784
140 Vistoria - Porteira 597139 7801588
141 Vistoria - Fazenda 597024 7801565
142 Vistoria - Curral 597044 7801544
143 Vistoria - Casa 597046 7801492
144 Vistoria - Estrutura gado 596934 7801722
145 Vistoria - Drenagem 597330 7801829
146 Vistoria - Canal 597459 7801757
147 Vistoria - Bifurcação Canal 597530 7801741
148 Vistoria - Canal 597490 7801714
149 Vistoria - Bifurcação Canal 597479 7801674
150 Vistoria - Muro de pedra – arrimo 597477 7801675
151 Vistoria - Valo/canal 597314 7801543
152 Vistoria - Valo/canal 597299 7801526
153 Vistoria - Valo/canal 597278 7801509
154 Vistoria - Valo/canal
597229 7801458
155 Vistoria - Valo/canal
597182 7801406
156 Vistoria - Valo/canal 597664 7801794
157 Vistoria - Muro de pedra – arrimo 597661 7801793
158 Vistoria - Porteira 597667 7801800
159 Vistoria - Declividade acentuada 597709 7801859
160 Vistoria - Afloramento rochoso 597009 7802075
161 Vistoria - Baia-gado 596605 7801931
162 Vistoria - Quartzito 596176 7801883
163 Vistoria - Afloramento rochoso - Quartzo 596362 7801623
164 Vistoria - Lago 596507 7801897
165 Vistoria - Fazenda 595885 7801586
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 108
166 Vistoria - Casa 596113 7801792
167 Vistoria - Alambique 595941 7801636
168 Vistoria - Drenagem início 596703 7731839
169 Vistoria - Drenagem fim 596679 7801415
170 Vistoria - Drenagem 596557 7801492
171 Vistoria - Alta declividade 596318 7801451
172 Vistoria - Fazenda Vista Alegre 595581 7800994
173 Vistoria - Chaminé da olaria do Sr. Gilson Diniz 595789 7801128
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 109
Figura 38: Pontos de vistoria e intervenções em subsuperfície.
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA LOTEAMENTO ESTÂNCIA DO LAGO, CONTAGEM-MG.
Av. do Contorno, 5491/Salas 504,505 – Funcionários, Belo Horizonte/MG – (31)3282-0983 – Abril/2015 110
9.4 Considerações Finais
A despeito dos constantes impactos sofridos pela ADA do empreendimento
decorrentes do frequente revolvimento do terreno para o plantio, o que promoveu a
descaracterização e alteração do ambiente local e reduziu significativamente as chances de se
localizar vestígios em condições bom estado de preservação em subsuperfície, a descoberta do
sítio arqueológico Lago dos Camargos se configura um marco na arqueologia pré-colonial da
Microrregião metropolitana de Belo Horizonte. Sendo assim, o potencial arqueológico pré-
colonial das áreas investigadas foi considerado ALTO.
Por outro lado, as únicas ocorrências da ocupação pós contato identificada na ADA
são estruturas componentes do Valo dos Camargos, com baixo potencial científico. Na AID
do empreendimento, ao contrário, são observadas as ruínas da fazenda Vista Alegre, além da
Fazenda Abóboras, o que torna o potencial BAIXO para as ocorrências históricas na ADA e
ALTO na AID.
Assim, é sugerida como medida compensatória para os possíveis impactos provocados
aos bens culturais identificados na ADA, a implementação do Programa de Resgate e
Monitoramento Arqueológico concomitante ao início dos trabalhos de implantação do
empreendimento. Recomenda-se, ainda, a realização de Programa de Educação Patrimonial,
comprometido em divulgar os resultados obtidos.
10. PROGRAMAS ARQUEOLÓGICOS MITIGADORES E
COMPENSATÓRIOS
10.1 - Programa de Resgate e Monitoramento Arqueológico e Educação
Patrimonial
Com o prosseguimento do licenciamento empreendimento em tela, é recomendada a
execução do Programa de Resgate e Monitoramento Arqueológico e Educação Patrimonial. A
proposição atende as exigências legais instituídas pela Lei nº 3924/61, Portaria Nº 07 de
01/12/88, Portaria IPHAN 230/2002 e Termo de Referência IPHAN 2012.
O resgate arqueológico tem como principal objetivo o salvamento, a preservação e a
conservação de sítios arqueológicos diagnosticados durante as fases iniciais do processo de
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licenciamento ambiental e que sofrerão impacto iminente. Assim, realiza-se o resgate de
forma minuciosa e com metodologia própria que ajuste-se ao tipo de sítio encontrado. A
execução da atividade é feita por profissionais treinados e, posteriormente, todos dados
gerados em campo são compilados e analisados em laboratório para elaboração de relatório
final.
Em linhas gerais, o monitoramento arqueológico tem como objetivo principal a
preservação e conservação de possíveis vestígios arqueológicos, eventualmente localizados
durante a instalação do empreendimento. É feito acompanhamento extensivo por parte da
equipe de monitores devidamente treinados das ações no empreendimento que incluem a
retirada de vegetação, terraplanagem, implantação de canteiros de obras, drenagens, áreas de
empréstimo, e ainda qualquer outra atividade potencialmente causadora de danos ao
patrimônio arqueológico e histórico.
Por sua vez, as ações de Educação Patrimonial visam apresentar o patrimônio
arqueológico regional e a especificidade da Arqueologia para a comunidade local por meio de
trabalhos multivocais, que perpasse por questões concernentes a memória coletiva e oralidade.
O intuito é que a sociedade estabeleça sentidos de identificação e pertencimento, de modo a
atuar na preservação, conservação e interpretação dos bens culturais.
Desta forma, segue abaixo as diretrizes, com vistas a orientar na elaboração dos
referidos programas mitigadores e compensatórios. As atividades dos programas não devem
se ater apenas as propostas que serão apresentadas.
10.1.1 Programa de Resgate Arqueológico
O resgate arqueológico visa à preservação e a conservação de sítios arqueológicos
diagnosticados durante as fases iniciais do processo de licenciamento ambiental e que
sofrerão impacto iminente e lesarão o patrimônio cultural.
10.1.1.1 Objetivos
Geral:
Realizar o resgate do sítio arqueológico encontrado durante a etapa de prospecção, de
modo a salvaguardar os bens em tela.
Específicos:
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- Identificar, definir, datar e compreender os processos componentes da formação do sítio
arqueológico;
- Determinar de forma integral os elementos espaciais dos sítios e os seus componentes
cronológicos-estratigráficos;
- Caracterizar as ocupações populacionais através do material coletado;
- Efetuar estudos laboratoriais do material arqueológico coletado visando à obtenção de dados
conclusivos quanto ao contexto em que o sítio está inserido.
10.1.1.2 Metodologia
A atividade de resgate deve ser realizada após a realização da topografia da área do
sítio Lago dos Camargos. Os vestígios encontrados em superfície deverão ser coletados e
devidamente georreferenciados por meio de estação total. Após a coleta superficial, a área do
sítio será alvo de intervenção em subsolo. Será realizada a escavação estratigráfica por níveis
naturais, de forma lenta e gradual, sendo todo o material encontrado coletado. O sedimento
será analisado e a estratigrafia local registrada. Por fim, em laboratório, o material passará por
curadoria, tipologia e análise a fim de compreender o contexto arqueológico em que o sítio
está inserido. Todos dados servirão ao relatório.
10.1.1.3 Prazo de Execução
O resgate arqueológico deverá ser feito previamente ao cronograma da obra, visto que
o sítio encontrado é complexo e pode demandar um período de tempo extenso em decorrência
dos achados que poderão ser encontrados.
10.1.2 Programa de Monitoramento Arqueológico
O monitoramento arqueológico consiste no acompanhamento por profissional
qualificado de todas as etapas interventivas do empreendimento, que podem vir a lesionar de
alguma forma o patrimônio arqueológico e histórico.
10.1.2.1 Objetivos
Geral:
Promover o acompanhamento das atividades de instalação do empreendimento, de
modo a resguardar qualquer vestígio identificado durante os trabalhos.
Específicos:
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- Acompanhar diariamente as áreas de instalação efetiva do empreendimento
- Analisar a estratigráficas e a paisagem local
- Coletar possíveis vestígios arqueológicos evidenciados
- Produzir documentação sobre os vestígios coletados
10.1.2.2 Metodologia
Os monitores devem estar presentes e acompanhar a retirada da vegetação herbácea, o
trabalho de terraplanagem, a implantação de estruturas e ainda qualquer outra atividade que
signifique interferência física no terreno, ou seja, ações potencialmente causadoras de danos
ao patrimônio arqueológico. Os monitores produzirão documentação quinzenal sobre o
andamento da obra, além de elaborarem relatórios mensais que serão encaminhados ao
arqueólogo responsável pelo projeto. Caso algum sítio arqueológico venha a ser impactado, o
monitor fica responsável pelo recolhimento adequado de todo e qualquer vestígio identificado
(que deverá ser fotografado e plotado por GPS); pela notificação do encarregado do
empreendimento da necessidade de imediata paralisação das mesmas; e pela comunicação ao
arqueólogo responsável das descobertas realizadas em campo.
10.1.2.3 Prazo de Execução
O monitoramento arqueológico deverá ser realizado de forma concomitante à
instalação do empreendimento, ou seja, a abertura de vias e parcelamento de solo, devendo
desse modo ser compatível com o cronograma estabelecido pela Paraopeba Participações
Ltda.
10.1.3 Programa de Educação Patrimonial
A execução do Programa de Educação Patrimonial atende as exigências legais
instituídas pelo IPHAN, principalmente as orientações que constam na Portaria 230/2002. Em
linhas gerais, visa apresentar o patrimônio arqueológico e a especificidade da Arqueologia
para a comunidade local por meio de trabalhos multivocais, que perpasse por questões
concernentes a memória coletiva e oralidade. O intuito é que a sociedade estabeleça sentidos
de identificação e pertencimento, de modo a atuar na preservação, conservação e interpretação
dos bens culturais.
As ações a serem aplicadas seguirão as orientações teóricas e uma adaptação do
modelo de execução desenvolvido por Monteiro Oliveira e Loures Oliveira (2004), no âmbito
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do projeto Educação Patrimonial e Sociabilização do Saber, premiado pela Sociedade de
Arqueologia Brasileira com o prêmio Loureiro Fernandes, Edição 2007. Trata-se de proposta
que confere visibilidade a uma educação da sensibilidade, propondo a inclusão no mundo
social através do dialogismo entre diferentes interlocutores.
10.1.3.1 Objetivos
Geral:
Comunicar o patrimônio arqueológico para as comunidades situadas nas Áreas de
Influência do empreendimento, enfatizando nesse processo a importância dos vestígios
materiais na elaboração de uma História Regional que evidencie a participação de diferentes
atores.
Específicos
- Levar a cabo ações de educação patrimonial nas escolas públicas das áreas de interesse
versando sobre a importância do patrimônio arqueológico para a sociedade;
- Desenvolver encontros informativos e interativos junto à comunidade local e funcionários
envolvidos nas obras do empreendimento, fornecendo os subsídios necessários para o público
alvo no tocante a questões envolvendo a preservação e conservação dos bens materiais, além
de estabelecer uma ponte com os pesquisadores.
- Elaborar material de divulgação acerca do patrimônio arqueológico, colocando em cena
segmentos sociais até então excluídos do processo de participação histórico.
10.1.3.2 Metodologia
O programa é constituído por duas etapas, para atingir os diferentes segmentos sociais
que compõem as comunidades enfocadas. A primeira ação se focará nas crianças das escolas
públicas situadas na proximidade das áreas de influência, especialmente aquelas entre 10 e 12
anos. A iniciativa se sustenta, portanto, no papel multiplicador desempenhado por indivíduos
situados nessa idade, ávidos por comunicar para colegas e familiares às experiências
cotidianas vivenciadas.
Essa primeira etapa será constituída por três encontros semanais de caráter expositivo
e interativo: no primeiro encontro os monitores realizarão a contextualização da história
regional, levando em consideração o patrimônio arqueológico local e a conhecimento prévio
dos alunos; no segundo encontro será realizada uma oficina de cerâmica, na qual, a partir da
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manipulação da argila, as crianças serão levadas a refletir sobre a especificidade do saber
indígena, tendo em vista a existência de um rico patrimônio cultural relacionado às
populações nativas que habitaram a região; no terceiro encontro, levando em consideração as
relações de afetividade estabelecidas com os objetos produzidos na oficina interativa, os
monitores trabalharão com questões referentes ao patrimônio cultural e seu estudo,
preservação e conservação, para promover a sensibilização para a relevância do patrimônio
histórico, arqueológico e cultural.
A segunda etapa consistirá da realização de palestras com utilização de material de
apoio (recursos multimídia, banners, folders, etc.) para a comunidade local (setor urbano e
rural) e funcionários envolvidos na implementação do empreendimento. O objetivo é informar
a respeito do patrimônio arqueológico, enfatizando o seu papel na constituição de identidades
locais e convocando todos os atores a atuar visando sua preservação. Será elaborado material
de divulgação, constituído por banners, folders e cartilha, abordando a especificidade do
patrimônio arqueológico local na valorização identitária de diferentes segmentos sociais.
10.1.3.3 Prazo de execução
A etapa de educação patrimonial deverá ser concomitante aos trabalhos previstos para
a fase de LI, dedicada à comunicação dos dados obtidos com as pesquisas arqueológicas e o
patrimônio histórico e cultural local.
11. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
Para Silveira & Bezerra (2007), o tema Educação Patrimonial é bastante complexo,
uma vez que aborda a conjunção entre ações de caráter técnico com reflexões e discussões
que se ampliam ao olhar do pesquisador, englobando também a visão das comunidades sobre
o que se pode considerar herança cultural e principalmente o que deve ser preservado e
transmitido para as próximas gerações, ou seja, trata-se do estabelecimento de troca e diálogo
entre os agentes envolvidos. Em termos gerais, a Educação Patrimonial no âmbito
principalmente da Arqueologia Preventiva, responsável pela maioria das pesquisas no Brasil,
vem justamente atender a necessidade de integração entre os interesses das comunidades com
os aspectos técnicos relacionados às pesquisas arqueológicas.
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11.1 Histórico da Educação Patrimonial no Brasil
Em termos históricos, alguns apontamentos para o estabelecimento da Educação
Patrimonial podem ser percebidos já na criação do antigo SPHAN, que em 1937 já
manifestava em seus documentos, iniciativas e projetos a preocupação com a proteção e
preservação do patrimônio, utilizando como estratégia de atuação a desenvolvimento de ações
educativas. Entretanto, no período compreendido entre 1937 e 1967 as iniciativas
implementadas pelo órgão regulamentar para a Educação Patrimonial estavam muito mais
voltadas para a criação de museus e exposições, tombamento de coleções e acervos e o
estímulo à publicações e a divulgação nos meios de comunicação da relevância do acervo sob
sua responsabilidade (IPHAN, 2014).
Foi somente com o implemento de diretrizes teóricas, conceituais e operacionais
formuladas a partir da criação do Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), na década
de 1970, é que foram estabelecidas relações mais consistentes entre os processos educacionais
e a preservação patrimonial, na medida em que o Centro teve como proposta fulcral debater
questões relacionadas à preservação e as concepções vigentes de patrimônio. Embora a
temática educação não fosse diretamente um dos focos de abordagem de atuação do CNRC, é
relevante observar que a iniciativa teve como um dos resultados o Projeto Interação, que em
resumo defendia a criação e o fortalecimento de propostas pedagógicas que permitissem a
associação entre a Educação Básica e a dinâmica cultural local (IPHAN, 2014).
Apesar de ser possível observar essa efervescente discussão relacionando Educação e
Patrimônio, o termo Educação Patrimonial foi cunhado somente na década de 1980, sendo o
resultado da tradução de modelo metodológico inglês denominado de Heritage Education.
Passou a ser aplicado mais sistematicamente no Brasil com a realização do 1° Seminário
Sobre o Uso Educacional dos Museus e Monumentos, realizado no Museu Imperial de
Petrópolis em 1983, organizado por Horta (1983). A partir desse momento, Educação
Patrimonial passou a ser concebida como um instrumento educacional utilizado de maneira
permanente e sistemático. No contexto, o objetivo de ações vinculadas à proposta foi o de
intensificar o processo de conhecimento, apropriação e valorização da herança cultural tanto
em crianças quanto em adultos, permitindo um melhor uso destes bens e garantindo a
produção e transmissão de novos conhecimentos (HORTA et al, 1999).
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No que se refere à aplicabilidade da Educação Patrimonial, ela pode ser estabelecida
por meio da interação entre as comunidades e os gestores responsáveis pela preservação e
manipulação de determinados segmentos dos bens culturais. Pode ser adotada para qualquer
evidência material e manifestação cultural, tendo como resultado a interação entre o indivíduo
e o meio ambiente, de forma que fique estabelecida uma parceria para proteção e valorização
do patrimônio. Como objeto ou fenômeno cultural pode ser analisado a partir de várias
perspectivas. Faz-se necessário definir e delimitar quais os objetivos e resultados pretendidos
com a atividade educacional de acordo com o objeto, tema ou fenômeno a ser abordado,
seguindo as etapas metodológicas de observação, registro, exploração e apropriação (HORTA
et al, 1999).
No tocante à Arqueologia, juridicamente a execução de atividades de Educação
Patrimonial está prevista na Portaria do SPHAN 07/1988 e na Portaria do IPHAN 230/2002.
Os dispositivos asseguram a necessidade e obrigatoriedade de elaboração de atividades que
envolvem os bens de interesse arqueológico e pré-histórico, que devem compor um plano de
trabalho científico que contenha uma proposta preliminar de utilização futura do material
produzido para fins científicos, culturais e educacionais. A Portaria SPHAN n°07, de 01 de
Dezembro de 1988, em seu artigo 11, item II e VII, trata que relatórios a serem entregues ao
IPHAN necessitam constar as seguintes informações:
II – meios utilizados durante os trabalhos, medidas adotadas para a proteção e
conservação e descrição do material arqueológico, indicando a instituição responsável pela
guarda e como será assegurado o desenvolvimento da proposta de valorização do potencial
científico, cultural e educacional;
VII – indicação dos meios de divulgação dos resultados.
Outra norma que assegura a realização de ações de cunho educativo é a Portaria
Interministerial n° 419 de 26 de outubro de 2011, que prevê a obrigatoriedade da execução da
Educação Patrimonial durante todo o processo de licenciamento ambiental, devendo por isso
integrar um projeto específico.
De forma correlata, os trabalhos de Educação Patrimonial contribuem para a
preservação e conservação do patrimônio cultural brasileiro, resguardado nos termos da Lei
Federal n°3.924/64; pelo Art. 20 da Constituição Federal do Brasil de 1988; e Portarias
SPHAN 07/1988; IPHAN 230/2002 e IPHAN 28/2003, que tornam obrigatória a realização
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de estudos arqueológicos em empreendimentos que apresentam o potencial de afetar algum
bem cultural. A proteção dos bens de interesse cultural está assinalada também na Resolução
CONAMA N°001, de 1986, com o Decreto Lei n°25/1937 e o Decreto Lei n° 3551/2000, que
enfoca o patrimônio histórico e artístico nacional, além de instituir o registro de bens
imateriais; e também a Lei n° 9605 de 30/03/1998, Seção IV, que versa sobre os crimes
atinentes ao patrimônio cultural.
As ações a serem aplicadas seguirão as orientações teóricas e uma adaptação do
modelo de execução desenvolvido por Monteiro Oliveira e Loures Oliveira (2004), no âmbito
do projeto Educação Patrimonial e Sociabilização do Saber, premiado pela Sociedade de
Arqueologia Brasileira com o prêmio Loureiro Fernandes, Edição 2007. Trata-se de proposta
que confere visibilidade a uma educação da sensibilidade, propondo a inclusão no mundo
social, através do dialogismo entre diferentes interlocutores.
Têm-se como objetivo comunicar por meio de uma perspectiva multivocal o
patrimônio cultural local para as comunidades situadas nas Áreas de Influência do
empreendimento, enfatizando nesse processo a importância dos vestígios materiais na
elaboração de uma História Regional que evidencie a participação de diferentes atores.
Porém, é possível ir mais além ao buscar sensibilizar o público alvo no tocante às questões
envolvendo a preservação e conservação dos bens materiais, abrindo a possibilidade de
estabelecer uma ponte entre público alvo e pesquisadores.
11.2 Ações de Educação Patrimonial em Contagem
As ações de educação patrimonial realizadas pela equipe de arqueologia tiveram o
intuito apresentar a Arqueologia para os moradores da região a ser afetada pelo
empreendimento, assim como atender as solicitações do órgão em questão. É importante frisar
que entre os atores sociais abordados, o conhecimento de Arqueologia é praticamente nulo, o
que justifica tal empreitada em momento tão oportuno. Vale destacar, no entanto, o
conhecimento de algumas pessoas quanto aos bens culturais existentes – na região do
empreendimento – e também sua importância.
A Educação Patrimonial no município de Contagem foi executada em diferentes
momentos: no primeiro momento, ela foi realizada na própria ADA do empreendimento, em
local onde foi encontrado o sítio arqueológico Lago dos Camargos, uma antiga gleba
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pertencente à fazenda Vista Alegre. Já o segundo momento ocorreu na área das ruínas da sede
da Fazenda Vista Alegre, com população vizinha ao local.
Durante as atividades de prospecção arqueológica, mais precisamente no período
posterior à constatação de um sítio arqueológico na área, foi realizado um contato prévio com
alguns dos funcionários das fazendas, principalmente os que trabalham diretamente com a
plantação. Ao longo do contato, foi perguntado sobre a existência de “panelas de barro” e
“pedras de corisco” na área onde ocorrem as plantações de cana-de-açúcar. Foram-nos
relatadas por um dos funcionários que, ocasionalmente, encontravam “pedaços de panela de
barro” e, mais raramente, elas inteiras, porém, com o decorrer das atividades, elas acabavam
quebradas devido ao uso dos maquinários. Nenhum deles havia conhecimento da procedência
desses materiais. A equipe de arqueologia explicou a procedência do material; a possibilidade
de encontrar outros materiais e vestígios em sítios arqueológicos; abordou a dificuldade de
encontrá-los, principalmente na região metropolitana; entre outros.
Depois dessa abordagem, a equipe de arqueologia retornou para realizar a delimitação
do sítio, quando foi abordada por Thiago Camargos, 12 anos. O garoto havia acompanhado,
de sua casa, a conversa com os funcionários da fazenda e se interessou em saber mais sobre os
achados fortuitos. Foram realizadas as mesmas explicações ao Thiago, a fim de esclarecer a
ele o trabalho do arqueólogo e seus objetos de estudo. Como o interesse de Thiago foi
extremo, ele foi convidado a acompanhar a realização de uma das tradagens realizadas pela
equipe, para que ele pudesse entender uma das metodologias utilizadas pelos pesquisadores
para a realização dos trabalhos. Por fim, ao final da tradagem, e após analisar alguns
fragmentos cerâmicos por minutos, Thiago fez uma revelação que elevou o espírito da equipe;
ele afirmou que seu desejo é se tornar arqueólogo.
Ainda na área do sítio Lago dos Camargos ocorreu uma conversa o Sr. João José Neto,
que passava pelo local. Outro funcionário da fazenda, o Sr. Neto disse ser, diversas vezes,
responsável pela preparação e arado da terra para o plantio e que durante estas atividades
muitos “cacos brotam da terra”, mas em nenhum momento ele chegou a imaginar a
procedência deles. A equipe de arqueologia aproveitou a declaração dada pelo Senhor Neto
para explicar a importância histórica e cultural dos artefatos ali encontrados. Além da
explanação sobre a importância desses vestígios, foram abordadas atitudes – como buscar
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manter a integridade do vestígio e avisar ao superior – a serem tomadas quando de um achado
fortuito.
Por fim foram realizadas ações de Educação Patrimonial com frequentadores do lago,
que em sua maioria moram no entorno da área a ser impactada. Durante os contatos foram
realizadas algumas perguntas como: tempo que moram na região? Frequência que visitam a
lagoa? Já encontraram algum artefato no local? Mediante as respostas obtidas, a equipe
aproveitou para explicar a importância histórica e cultural dos bens culturais localizados na
região, assim como o recém-constatado sítio arqueológico. Ainda, buscou-se orientar as
pessoas quanto à importância da preservação do patrimônio (Figura 29). Todos esses contatos
ocorreram informalmente, durante o trabalho de campo.
Cabe salientar a educação patrimonial realizada com algumas pessoas, assíduas
frequentadoras do lago – invasores da propriedade, no entanto, estando cientes da situação, os
proprietários da área já realizaram diversos boletins de ocorrência policial. Tal ação foi
tomada após a constatação do sítio Lago dos Camargos e a presença constante de adolescentes
próximos à plantação de cana-de-açúcar, área do sítio, para colher a planta. Quando alguns
garotos apareciam próximos ao local, algum membro da equipe os abordava a fim de explicar
diversas questões, começando pelas mais básicas, como o que é Arqueologia, o que é
Patrimônio, o que era Patrimônio para eles, etc. Posteriormente, a questão da existência de um
sítio arqueológico pré-histórico na área do empreendimento era abordada, onde algumas
explicações sobre os tipos de habitantes que ali viveram e os utensílios usados por eles, por
fim, eram mostradas cerâmicas encontradas in loco, e explicada algumas características
destas, como material utilizado, antiplástico e como eram confeccionadas. A maior parte dos
abordados não tinha conhecimento algum de arqueologia ou patrimônio e preservação.
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Figura 39: Educação Patrimonial com moradores da ADA e AID.
A: Contato com o Sr. Neto. B-D: Contato com Thiago Camargos. E: Abordando Jean, Raul e Henrique (frequentadores do lago) para conversar.
O segundo contato ocorreu junto aos moradores da área AID, especificamente no
entorno da antiga Fazenda Vista Alegre, situada entre as ruas Alcides Diniz Moreira, Vicente
Ribeiro de Paula e Avenida Dulce Geralda Diniz.
No dia 13 de janeiro foi estabelecido o primeiro encontro com o senhor Ademir
Ladeira da Silva, residente à Rua Vicente Ribeiro de Paula desde 1998. Ele foi responsável
A B
C D
E
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por indicar os auxiliares (Douglas e Gilmar) que ajudaram na limpeza da ruína da Fazenda e
também pela mobilização da comunidade da AID. No dia 17 de janeiro o senhor Ademir
chegou às ruínas acompanhado de suas filhas e alguns vizinhos para participarem da
Educação Patrimonial.
Na ocasião a equipe de educação patrimonial realizou algumas perguntas quanto a
Fazenda Vista Alegre. O Sr. Ademir, que já conhecia a equipe, se mostrou muito solícito e
colaborativo. Ele pode descrever as condições físicas da casa e de seu entorno à época em que
mudou para o local. Esta descrição do Sr. Da Silva foi de grande valia para ambas as partes,
pois a equipe de arqueologia pode compreender algumas questões quanto às ruinas e os
moradores, principalmente os mais jovens, puderam recordar, através de suas declarações, da
sede da Fazenda. Posteriormente, quando notou que não havia maiores informações que
pudesse revelar em relação à fazenda, o Sr. Dias sugeriu entrar em contato com a senhora
Darina - última moradora da casa.
Enquanto o Sr. Ademir buscava contato com a Sra. Darina, suas duas filhas, Juliana e
Mariana – técnicas ambientais – puderam contribuir um pouco mais com o processo de
educação Patrimonial. Num dado momento elas apresentaram à equipe e aos moradores um
Atlas histórico, geográfico e cultural de Contagem, que posteriormente foi doado à equipe de
arqueologia (Figura 30). Cabe salientar que o atlas dá destaque a Fazenda Vista Alegre e a
Comunidade dos Arturos em seu capítulo de Patrimônio Cultural.
Após contato, a senhora Darina chegou ao local acompanhada de familiares e portando
antigas fotografias da antiga casa sede. Após uma introdução feita pela equipe de educação
patrimonial e uma explicação do trabalho executado e sobre os objetivos e objetos da
arqueologia, solicitou-se que a Sra. Darina contasse a todos o que ela se lembrava da fazenda.
O relato realizado por ela foi muito importante para a educação patrimonial, já que ela pode
destacar a importância deste patrimônio para a comunidade e pode comentar sobre o
patrimônio e mostrar a sua devida importância para os que estavam ali presentes. Suas
descendentes também participaram da conversa, como sua filha Jane Dalca Sales e sua neta
Natália Aparecida Bruno, que morou na fazenda com a avó por 6 anos. A Sra. Darina, elas
puderam relatar a importância daquele patrimônio, como puderam relatar algumas lembranças
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mais recentes da residência, exemplo a época do desmoronamento, o furto de material e a
última festa ali realizada, a Cavalgada da Fazenda Velha.
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A B C
D E F
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Figura 40: Educação Patrimonial nas ruínas da Fazenda Vista Alegre (AID). A: Jovens na ruína. B: Atlas histórico de Contagem. C-D: Sra. Darina e seus familiares. E-H: Sra. Darina auxiliando na elaboração do croqui. I-J: Sra. Darina contando suas histórias. K: Dra.
Inês Noronha conversando com os jovens. L: Jovens observando as fotografias levadas pela Sra. Darina. M: Relato dos jovens a pesquisadora da Socioambiental Projetos.
G H I
J K L
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Enquanto o trabalho de educação patrimonial era realizado, aconteceu a visita
inesperada de dois guardas municipais, que foram ao local para averiguar uma denúncia
anônima de invasão. No entanto, com a portaria publicada no Diário Oficial da União em
mãos e com a explicação detalhada dos trabalhos que estavam sendo realizados no local, toda
a situação foi resolvida.
O encontro com as pessoas da comunidade aconteceu, principalmente, na busca de
informações sobre o local, como nível de preservação da fazenda, quais medidas eles
gostariam que fossem tomadas em relação à área da ruína, qual a posição da associação de
bairro frente ao problema do lixo descartado no local, qual o nível de conhecimento das
pessoas sobre o valor histórico do local. Aproveitou-se o momento para explicar os objetivos
da Arqueologia, e o porquê da relevância da área.
Figura 41: Educação Patrimonial nas ruínas da Fazenda Vista Alegre. A e B: Despedindo da família da Sra. Darina. C e D: Visita dos guardas municipais.
B
C D
A
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A equipe de arqueologia voltou ao local do sítio arqueológico para sinalizá-lo com fita
zebrada. Neste momento, três trabalhadores locais estavam a caminho da lagoa para pescar.
Foi informado que na área delimitada havia um sítio arqueológico pré-colonial cerâmico e que
este procedimento seria um alerta para as pessoas que circulassem no local afim de evitar
quaisquer danos ao sítio, o que acarretaria em problemas para o patrimônio do município e ao
empreendedor.
Figura 42: Educação patrimonial com os trabalhadores da fazenda.
Em todas as oportunidades, a equipe de arqueologia buscou realizar uma apresentação
da Arqueologia para o público leigo, configurando uma efetiva Educação Patrimonial, pois
buscou elucidar as principais questões da Arqueologia, assim como conscientizar a população
ao redor do sítio histórico sobre a sua importância para a comunidade e para o município.
Entende-se que a Educação Patrimonial atingiu seus objetivos com êxito, uma vez que
os participantes contribuíram de forma ativa para a difusão da importância do patrimônio
arqueológico.
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12. CONCLUSÃO
Considerando que os procedimentos desenvolvidos neste trabalho atenderam aos
objetivos propostos e resultaram na identificação de ocorrências de natureza arqueológica e
histórica na área pesquisada, solicita-se ao IPHAN a anuência, com condicionantes, para
obtenção da Licença de Instalação (LI) do empreendimento Loteamento Estância do Lago.
Trata-se de solicitação realizada com base na realização das etapas previstas nos artigos 1, 2,
3 e 4 da Portaria IPHAN n° 230/2002. Cabe destacar que o parecer exposto refere-se somente
às áreas que integram o projeto deste empreendimento. Qualquer alteração no perímetro
definido como ADA deverá ser avaliada quanto à necessidade de ampliação dos estudos
arqueológicos.
Frente ao exposto recomenda-se a implementação do Programa de Resgate e
Monitoramento Arqueológico e Educação Patrimonial a ser executado antes das atividades de
implantação do empreendimento ao qual este estudo se destina.
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ANEXOS
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ANEXO 1: PORTARIA N°. 63, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2014
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ANEXO 2: MAPAS
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ANEXO 3: FICHAS DE CADASTRO DE SÍTIO ARQUEOLÓGICO
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ANEXO 4: FICHA DE ANÁLISE ATRAVÉS DO MÉTODO DELPHI
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Instrumento de Avaliação de Material Arqueológico por Especialistas
1. Caracterização do Especialista:
A- Grau de escolaridade:___ Mestre ___ Doutor
B – Local de residência (Estado): _____________
C -- Tempo de experiência profissional em arqueologia: ______
2. Avaliação do Material:
A- Para você, que é um especialista na área de arqueologia e patrimônio, levando em
consideração indicadores morfológicos como coloração, queima e espessura esse
material poderia ser considerado cerâmico?
_____Sim
_____ Não
B- Se sim, seria possível afirmar a tradição da cerâmica através dos registros
fotográficos?
3. Considerações Finais:
A- Este espaço está aberto para considerações sobre o material, caso seja de seu interesse
escrever algum comentário técnico a respeito:
Agradeço a sua participação!
Inês de Oliveira Noronha
(31) 9992-0579
ines.noronha@uol.com.br
Belo Horizonte, 22 de fevereiro de 2015.
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