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HERON DE SOUSA ARRUDA
PROCESSO POLÍTICO HISTÓRICO E CONFIGURAÇÃO ESPACIAL:
UM ESTUDO DAS PRAÇAS CENTRAIS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ
E SUA RELEVÂNCIA PARA O TURISMO
BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2016
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UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - PPGTH
Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
HERON DE SOUSA ARRUDA
Projeto de dissertação apresentado ao colegiado do PPGTH para o exame de qualificação, requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria – área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria – Linha de Pesquisa: Planejamento do destino turístico – PLAJET. Orientador: Prof. Dr. Luciano Torres Tricárico
BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2016
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AGRADECIMENTOS
Escrever uma dissertação não é uma tarefa que se pode fazer sozinho, as
contribuições são imprescindíveis neste trabalho. Muitas pessoas foram
importantes durante esses anos de dedicação à pesquisa. Gostaria, portanto
de agradecer, primeiramente ao meu orientador, professor Dr. Luciano Torres
Tricárico, que teve muita competência e toda paciência de esperar pelo tempo
que foi necessário para o trabalho chegar até a banca de apresentação. À
professora Drª Raquel Maria Fontes do Amaral Pereira, cujos ensinamentos
preciosos para este trabalho se iniciaram em 2005, no mestrado de Gestão de
Políticas Públicas. À professora Drª Adriana Marques Rossetto, que me
orientou no meu primeiro curso de mestrado e continua contribuindo, o que
muito me honra.
Agradeço também aos professores que ministraram as disciplinas do curso
e ao coordenador, exemplos de competência e dedicação.
À minha companheira Ana Luiza, que sofreu comigo as noites insones e
humor abalado, auxiliando nas pesquisas, aos meus pais que me amparam até
hoje nas dificuldades várias da vida.
A todos que contribuíram de alguma forma para a realização desta
pesquisa.
“Na Praça acho graça, No Prédio acho tédio”
Grafite no muro da Praça da Bíblia, BC.
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RESUMO O presente trabalho tem como foco o estudo do processo político histórico e espacial de apropriação das praças da área central da cidade de Balneário de Camboriú, quais sejam, a praça Almirante Tamandaré, a praça João Higino Pio, a praça da Bíblia, a praça Kurt Amann; e a contribuição dessas para com a atividade turística. Estes espaços foram selecionados por serem logradouros urbanos situados em posições importantes para a formação da imagem turística da cidade e por sua história, descrita neste trabalho por vários atores da gestão pública e cidadãos moradores de Balneário Camboriú. Com o fim de atingir o objetivo geral proposto foi efetuado um estudo político-histórico dos referidos espaços, levando-se em conta o pressuposto de que estes espaços se configuram como agentes de formação para a imagem turística da cidade, devido ao fato de ali congregarem uma significativa quantidade de pessoas e onde são realizadas manifestações de toda ordem. Como procedimento metodológico adotou-se a revisão bibliográfica sobre o tema, análise documental, entrevistas semiestruturadas e a Teoria da Sintaxe Espacial, numa abordagem essencialmente qualitativa, exploratória e descritiva. Para análise dos dados utilizou-se o estudo de caso comparativo dos espaços públicos e análise discursiva das entrevistas. A análise levantou a questão da apropriação dos espaços públicos, ressaltando que alguns atributos locais como diversidade de uso e atividades locais são fundamentais para a apropriação das praças, assim como o processo político histórico que se revelou importante na construção da imagem turística da cidade, embora pouco explorado, observou-se demanda pela manutenção da memória da cidade e utilização dessa memória para o turismo. Palavras-chave: Turismo; Espaço público; Balneário Camboriú.
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ABSTRACT
This work investigates the historical political and spatial process of appropriation of public squares in the central area of the town of Balneário Camboriú, such as Almirante Tamandaré Square, João Higino Pio Square, Bíblia Square, and Kurt Amann Square, and the contribution of these areas to tourism in the town. These locations were selected because they are urban spaces located in important positions for the formation of the tourist image of the city and for its history, described in this work by various actors of the public administration, and citizens living in the town. To achieve the overall objective, a political historical study was made of the abovementioned spaces, based on the assumption that they are instrumental in the formation of the tourist image of the city, as places that gather large numbers of people, and the venues for all sorts of displays and manifestations. A bibliographic review of the subject, document analysis, semi-structured interviews, and the Theory of the Spatial Syntax were adopted as methodological procedures, in an essentially qualitative, exploratory and descriptive approach. A comparative case study of the public spaces and a discursive study of the interviews were conducted for the analysis of the data. This analysis raised the issue of the appropriation of public spaces, highlighting the fact that some local attributes, such as the diversity of use and the local activities, are essential for the appropriation of the squares, as well as the political historical process, which are very important for the construction of the tourist image. Although it has been little explored, it is clear that there is a demand to preserve the historical aspects of the town, and to use these for tourism.
Key words: Tourism; Public spaces; Balneário Camboriú.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Santa Catarina – SDR.......................................................................15 Figura 2 - Traçado urbano no início da década de 70.......................................17 Figura 3 – Boi de Mamão na praça Almirante Tamandaré................................28 Figura 4 - Busto do prefeito Higino João Pio.....................................................31 Figura 5 - Praça Almirante Tamandaré nos anos 80.........................................39 Figura 6 - Praça Almirante Tamandaré nos anos 90-........................................40 Figura 7 - Praça Almirante Tamandaré em 2013...............................................41 Figura 8 - Mapa da cidade de Balneário Camboriú 1952..................................42 Figura 9 – Praça Higino João Pio......................................................................44 Figura 10 - Praça da Bíblia................................................................................45 Figura 11 - Praça da Bíblia – Academia ao ar livre...........................................46 Figura 12 - Praça Kurt Amann...........................................................................47 Figura 13 - Lagoas de Balneário Camboriú 1949..............................................50 Figura 14 – Barreiras e Permeabilidades..........................................................53 Figura 15 – Calçadão da Avenida Atlântica ......................................................55 Figura 16 – Mapa da axialidade de Balneário Camboriú...................................71 Figura 17 – Mapa da axialidade central de Balneário Camboriú.......................72 Figura 18 – Praça Almirante Tamandaré...........................................................81 Figura 19 – Praça Almirante Tamandaré do alto...............................................82 Figura 20 – Área de avaliação do uso do solo...................................................83 Figura 21 – Portais da Praça Almirante Tamandaré..........................................85 Figura 22 – Praça Higino João Pio....................................................................86 Figura 23 – Área de avaliação do uso do solo...................................................87 Figura 24 – Portais da praça Higino joão Pio....................................................89 Figura 25 – Praça da Bíblia...............................................................................89 Figura 26 – Área de avaliação do uso do solo...................................................90 Figura 27 – Portais da Praça da Bíblia..............................................................92 Figura 28 – Praça Kurt Amann..........................................................................92 Figura 29 – Portais de entrada da Praça Kurt Amann.......................................93 Figura 30 – Área de avaliação do uso do solo...................................................94 Figura 31 – Portais da Praça Kurt Amann.........................................................95
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Relação dos primeiros prefeitos de Balneário Camboriú.................30 Tabela 2 – Praças selecionadas e faixas de integração global.........................57 Tabela 3 – Apropriação nas praças centrais de BC..........................................74 Tabela 4 – Escala de quantidade de pessoas nas praças................................75 Tabela 5 – Média das apropriações das praças centrais de BC.......................79 Tabela 6. Valores dos atributos nas praças.......................................................96 Tabela 7 – Análise comparativa Atributos x Apropriação..................................97 Tabela 8 – Análise comparativa Atributos x Apropriação..................................98 Tabela 9 – Análise comparativa Atributos x Apropriação..................................99 Tabela 10 - Análise comparativa Atributos x Apropriação...............................100 Tabela11 – Análise comparativa Atributos x Apropriação...............................101 Tabela 12 – Combinação de atributos.............................................................102
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LISTA DEABREVEATURAS E SIGLAS
BC – Balneário Camboriú SC. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Seturbc – Secretaria de Turismo de Balneário Camboriú
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................6
LISTA DE TABELAS...........................................................................................7
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS............................................................8
SUMÁRIO............................................................................................................9
1. INTRODUÇÃO........................................................................................11
1.1. PERGUNTA DE PESQUISA.......................................................................14
1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA......................................................................14
1.2.1. Objetivo geral.....................................................................................14
1.2.2. Objetivos específicos.........................................................................14
1.3. JUSTIFICATIVA..........................................................................................14
1.4. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA E METODOLOGIA..........................18
1.6. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO.............................................................20
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................20
2.1. ESPAÇO PÚBLICO DA PRAÇA NA CIDADE............................................20
2.2. A PRAÇA PÚBLICA PARA O TURISMO....................................................22
2.3. A REPRESENTAÇÃO DA CULTURA NAS PRAÇAS DE BC....................24
2.4. CONTEXTO POLÍTICO HISTÓRICO DE BC.............................................32
2.5. DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO...................................................37
2.5.1. Praça Almirante Tamandaré.............................................................37
2.5.2. Praça Higino João Pio......................................................................41
2.5.3. Praça da Bíblia..................................................................................44
2.5.4. Praça Kurt Amann.............................................................................46
2.6. RELAÇÕES ENTRE ORG. ESPACIAL E ATIV. TURÍSTICA.................48
2.7. SINTAXE ESPACIAL..............................................................................51
2.7.1. Conceitos básicos da Sintaxe Espacial.............................................55
2.8. ESTUDO DE CASO................................................................................58
2.9. ATRIBUTOS ESPACIAIS........................................................................61
10
2.10. ENTREVISTAS.......................................................................................62
3. ANÁLISE.................................................................................................68
3.6. PADRÕES ESPACIAIS E APROPRIAÇÂO NAS PRAÇAS....................68
3.6.1. Aplicação da Teoria da Sintaxe Espacial.....................................68
3.6.2. Praça Almirante Tamandaré.........................................................80
3.6.3. Praça Higino João Pio..................................................................86
3.6.4. Praça da Bíblia.............................................................................89
3.6.5. Praça Kurt Amann........................................................................94
3.7. ANÁLISE COMPARATIVA......................................................................96
3.7.1. Combinação de Atributos Locais................................................102
4.3. ANÁLISE DO DISCURSO DAS ENTREVISTAS..................................100
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................108
REFERÊNCIAS...............................................................................................111
APÊNDICES A................................................................................................116
APÊNDICES B................................................................................................132
APÊNDICE C...................................................................................................135
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1. INTRODUÇÃO
Pretende-se expor aqui o tema da pesquisa, o problema, o contexto em
que está inserido e os objetivos, assim como sua relevância. Ainda nesta
introdução, apresentam-se a organização e uma síntese da metodologia.
A presente pesquisa pretende estudar a relação entre a história e a
apropriação dos espaços públicos da área central da cidade de Balneário
Camboriú SC/Brasil. Estes espaços foram escolhidos por serem logradouros
urbanos situados em posições importantes na formação da imagem turística da
cidade.
As Praças, das quais se tratam nesta pesquisa, estão localizadas no
centro geográfico e geométrico da orla da baía, na praia principal do município.
Porém, não só pela localização, mas por muitos aspectos estes espaços se
configuram como espaços privilegiados, pelo caráter multifuncional, recebendo
comemorações, manifestações e outros eventos, constituem-se em referência
e síntese da memória urbana, tornando-se então, uma parte importante da
história da cidade. Como espaço coletivo, historicamente as praças públicas
têm a função de representar o lugar do encontro, onde se desenvolve a vida
social, e o espaço de identidade, onde os grupos sociais se reconhecem e
onde existe a possibilidade de trocas, a imagem da cidade se forma a partir da
relação dos habitantes com seus espaços públicos (LYNCH, 2011 p.7).
O recorte temporal se inicia com o primeiro Plano Urbano implantado no
município, em 1974, até a última intervenção no desenho das praças em 2013.
Balneário Camboriú apresenta condições ideais para a pesquisa, por se
tratar de um destino turístico consolidado, capaz de atrair elevado número de
turistas a cada temporada de verão e de distribuí-los pela região, uma vez que
mantém relações com os demais municípios do Estado e do país por meio da
recepção e emissão de turistas, de acordo com a Secretaria Municipal de
Turismo (SECTURBC, 2015).
A cidade se destaca no cenário turístico nacional, por ter condições
excepcionais de balneabilidade nas suas praias, por seu patrimônio
paisagístico de grande importância e localização privilegiada em razão da
proximidade dos grandes centros urbanos do sul do país (Florianópolis 83 km,
Curitiba 224 km e Porto Alegre 522 km). Trata-se de um balneário com fluxo
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turístico próximo de um milhão de turistas na temporada de verão, segundo a
Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte – SANTUR - Santa
Catarina Turismo S/A, Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento Turístico
(Sinopse 2014), que contabiliza anualmente a passagem de pessoas nas
cidades do estado.
Em 1964 elevou-se à categoria de município emancipado da cidade de
Camboriú, tornando-se rapidamente um local turístico com implantação de
infraestrutura para atender essa demanda. Esse crescimento veloz levou à
criação de um plano urbano para a cidade1, com consequente setorização,
zoneamento e implantação do sistema viário, onde surgiram os espaços
públicos das praças, objeto deste estudo. São espaços raros e caros do ponto
de vista imobiliário, cercados de imóveis de alto valor de mercado, onde o m²
construído chega atingir R$8,1mil, informa o Sindicato das Indústrias da
Construção Civil (SINDUSCON, 2015), em um balneário prestigiado pelo
turismo nacional e estrangeiro.
A Praça Almirante Tamandaré surgiu como uma “salvaguarda” contra a
voracidade dos que tomavam os espaços do território e tornou-se símbolo do
poder instituído à força; a Praça Higino João Pio nasceu de uma visão
distorcida dos valores dos atores públicos, pressupondo que valeria a pena
subjugar a natureza; a Praça da Bíblia, que acumulou na sua trajetória algumas
tentativas de apropriações indevidas por parte de empresas particulares,
tornou-se repositório das intenções políticas de agradar grupos ideológicos; a
praça Kurt Amann, que é uma parte do calçadão da Avenida Atlântica
“adotada” pelo empresário homenageado com seu nome2.
São histórias de espaços públicos importantes aviltados e pouco
compreendidos.
O estudo sobre as relações entre organização espacial e atividade turística
nos espaços públicos é o foco buscado nessa dissertação. Desta forma, além
das questões relacionadas com o processo político-histórico ocorrido nas
1 De acordo com o Arquivo Histórico de Balneário Camboriú, o crescimento rápido da cidade resultou em transferência da comarca no início dos anos 70 e o turismo passa a ser uma atividade importante para o desenvolvimento do município e uma garantia dos investimentos locais. 2 As denominações oficiais das praças públicas de Balneário Camboriú são pouco conhecidas, sendo de domínio público os nomes “praça da Bíblia”, para a praça da Cultura e “praça Kurt Amann” para a praça 20 de Julho. A origem destes nomes está explicada na Fundamentação Teórica dessa pesquisa.
13
últimas décadas e que definiu a estrutura espacial da cidade, o turismo como
atividade econômica e que emergiu dentro deste processo, foi preponderante
para as características espaciais dos ambientes construídos.
A relação das praças da área central de Balneário Camboriú com a
atividade turística e o modo como se processa, deveria estar evidenciada na
história destes espaços públicos, tratados sistematicamente como instrumentos
da atividade do turismo, para o desenvolvimento econômico da cidade.
Este desenvolvimento é desejado pela população local, porém, percebem-
se nas pesquisas iniciais demandas por “lugares antropológicos” como se
referiu Marc Augé (1994), “um lugar que se define identitário, relacional e
histórico”. O que é oferecido como atrativo turístico poderia ter maior
compromisso com a história dos espaços disponíveis para a população,
segundo opinião das pessoas (usuários) ouvidas nestes lugares. Os não-
lugares (AUGÉ, 1994) se caracterizam como comprometidos com o provisório
e efêmero, são a medida de uma política pública factual e da individualização
das referências em contraposição às necessidades coletivas.
Para Beni (2007) existe a necessidade de que os planejadores públicos
busquem a qualidade dos espaços através da interpretação das necessidades
sentidas pela comunidade, pois os problemas existentes na cidade são nocivos
ao turismo – prejudicam a qualidade de vida local. Por outro lado, com a oferta
de produtos turísticos melhorando, há uma proporcional melhora na qualidade
de vida dos residentes.
No discurso dos moradores encontrou-se pouco ou nenhum conhecimento
acerca da história das praças. Como o discurso é algo construído social e
historicamente, o entendimento exige obrigatoriamente uma análise do
passado da cidade. Tratou-se de buscar na linha do tempo os dispositivos que
supostamente teriam conduzido à construção da cidade de forma alheia aos
desejos dos moradores.
Como afirma a professora Maria Tereza Luchiari: “As cidade turísticas
representam uma nova e extraordinária forma de urbanização porque elas são
organizadas não para a produção, como o foram as cidades industriais, mas
para o consumo de bens, serviços e paisagens” (LUCHIARI, 1998).
14
1.1. PERGUNTA DE PESQUISA
O legado resultante do processo histórico político e apropriações espaciais
das praças centrais de Balneário Camboriú possui elementos de atratividade
para o fomento da atividade turística da cidade?
1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA
1.2.1. Objetivo Geral:
Avaliar as relações existentes entre o processo político histórico e a
configuração espacial das praças na área central de Balneário Camboriú/ SC e
sua contribuição para a atividade turística local.
1.2.2. Objetivos Específicos:
Relatar como o processo histórico-politico e a configuração espacial destes
espaços públicos influenciam na apropriação da atividade turística da cidade.
Analisar comparativamente o processo histórico-politico da apropriação das
praças da área central de Balneário Camboriú com o ideal turístico.
Relacionar os padrões espaciais com os níveis de apropriação encontrados na
história dos espaços públicos da área central de Balneário Camboriú.
1.3. JUSTIFICATIVA
Balneário Camboriú constitui-se no principal polo turístico do sul do Brasil.
Situada no litoral norte de Santa Catarina, confronta-se ao leste com o oceano
Atlântico, a Oeste com o município de Camboriú, ao norte com Itajaí e ao sul
com Itapema. O mapa apresentado na Figura 1 mostra a posição das cidades
na região que pertence, segundo a regionalização administrativa do estado, a
Secretaria do Desenvolvimento Regional de Itajaí (SDR-Itajaí), que agrega os
municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu, composta atualmente por mais 8
15
municípios: Itajaí (cidade-polo), Navegantes, Camboriú, Itapema, Penha,
Balneário Piçarras, Porto Belo e Bombinhas (Figura 1)
Figura 1 - Santa Catarina – SDR
Fonte: SDR-Itajaí, 2014.
16
De acordo com dados obtidos junto ao Plano Diretor Participativo (2014), a
cidade conta com uma população fixa de 108.089 habitantes numa área de 50
km2.
A Secretaria Municipal de Turismo (2015) estima que a cidade recebe por
ano aproximadamente um milhão de turistas que se concentram sobretudo nos
meses de dezembro a março.
Durante muito tempo, sobretudo a partir da década de 1960, até a década
de 1990 houve na cidade uma significativa explosão imobiliária, fazendo de
Balneário Camboriú uma cidade cuja economia tinha por base a arrecadação
proveniente do setor turístico.
Neste período, a paisagem urbana, sobretudo a próxima à orla foi se
modificando. A Avenida Atlântica e suas adjacências passaram a se configurar
como pontos atrativos para o turismo e as praças situadas em sua cercania,
quais sejam, a praça Almirante Tamandaré, praça Higino João Pio, praça da
Bíblia e praça Kurt Amann, firmaram-se como espaços importantes, com
grande fluxo de pessoas, como via de acesso ou para desenvolvimento de
atividades de lazer e manifestações de toda ordem.
Os anos 70 marcam a efetiva construção do traçado urbano de Balneário
Camboriú (Figura 2) com o estabelecimento de inúmeros loteamentos dirigidos
exclusivamente pela iniciativa privada (SKALEE e REIS, 2008) e o início da
verticalização da orla. Em destaque na foto, a implantação da 3ª Avenida3.
3 As avenidas de Balneário Camboriú são conhecidas por: - Avenida Atlântica, a via beira mar do município: seria a 1ª Avenida; - Avenida Brasil, que constitui o binário com a Avenida Atlântica: seria a 2ª Avenida; - Avenida Santos Dumont: mais conhecida com 3ª Avenida; - Avenida Frei Edmundo Piechozeh: mais conhecida por 4ª Avenida; - Avenida Athaualpa G. Mascarenhas Passos: também mais conhecida como 5ª Avenida;
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Figura 2: Traçado urbano no início da década de 70
Fonte: Arquivo Histórico da Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú
Além de estarem localizadas em regiões privilegiadas, as referidas praças
possuem uma riqueza histórica que, apesar de recente, é de fundamental
importância para compreensão da cidade, muito embora seja praticamente
desconhecida dos usuários, de acordo com as pesquisas iniciais deste
trabalho.
De acordo com a Secretaria Municipal da Fazenda (2013), o turismo
continua sendo a maior fonte de arrecadação municipal, porém hoje Balneário
Camboriú constitui-se como um município com vida própria, fato decorrente
das mudanças ocorridas nos últimos quinze anos, devido à implantação de
Instituições de Ensino Superior, no fortalecimento no setor de construção civil,
ou ainda porque se tornou o destino preferencial de moradia para pessoas
pertencentes à terceira idade. O IBGE (2014) considera Balneário Camboriú
como a 4º melhor cidade em qualidade de vida do Brasil.
Por estes atributos elegeram-se as praças como objeto do presente
estudo.
18
Quanto à relevância do trabalho, pode-se dividi-lo em dois aspectos mais
significativos, sendo o primeiro de fundamentação teórica e o segundo, quanto
ao aspecto sócio-espacial que a pesquisa pretende abordar.
Partindo-se dos dados acima citados, propõe-se um avanço interdisciplinar
na reflexão sobre o tema, tornando a abordagem ampla no sentido de
proporcionar maior trânsito de conhecimentos ao relatar a relação entre os
espaços públicos da cidade e a atividade turística.
Propõe ainda um resgate de parte importante da história da cidade para a
manutenção de valores e crenças do imaginário social urbano, seja do cidadão
ou do turista.
A pesquisa busca também fornecer subsídios aos gestores públicos de
forma a promover maior qualidade dos projetos urbanos e planejamento
turístico a partir da elucidação do processo histórico-político e da análise
espacial dos referidos espaços.
1.4. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA E METODOLOGIA
Com relação à metodologia, a pesquisa recorrerá a uma abordagem
essencialmente qualitativa. Esse tipo de abordagem oferece três possibilidades
de realização da pesquisa: documental, estudo de caso e etnografia. A análise
de documentos é a variante mais antiga para realizar pesquisa, especialmente
no que diz respeito à revisão de literatura. Além de procedimentos tradicionais
de leitura e resumo de ideias, é possível extrair e sumarizar resultados por
meio de meta-análise (ROSENTHAL, 1984).
Algumas características básicas identificam os estudos chamados de
qualitativos, afirma Arilda Schimidt Godoy (GODOY, 1995), Em linhas gerais,
num estudo quantitativo o pesquisador conduz seu trabalho a partir de um
plano estabelecido a priori, com hipóteses claramente especificadas e variáveis
operacionalmente definidas.
Tanto Mayring (2002) quanto Flick (2000) consideram o estudo de caso
como elemento essencial da pesquisa qualitativa. Nas duas publicações
19
encontram-se referencias ao processo de pesquisa que não pode ser
entendido como desvinculado da vida fora do mesmo. Isto leva, ainda, a
contextualidade como fio condutor de qualquer análise.
Ao contrário de uma abstração no resultado para que seja facilmente
percebida a interpretação viva e dinâmica estará mais próxima da verdade.
Também está mencionado no trabalho dos autores, que a observação contínua
do objeto e um processo de reflexão sobre seu comportamento enquanto
pesquisador, assim como a interação dinâmica, são condições idealizadas. Tal
postura vai além da formulação de perguntas abertas. Nas palavras de Mayring
(p. 28), “nem estruturações teóricas e hipóteses, nem procedimentos
metodológicos devem impedir a visão de aspectos essenciais do objeto de
pesquisa”.
“(...) Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se
definindo à medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção
de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos
pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada,
procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos
sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo” (GODOY,
1995).
O trabalho aqui desenvolvido utiliza a pesquisa documental, assim como o
estudo de caso das praças da área central de Balneário Camboriú. No entanto,
dispõe-se de pesquisa quantitativa em relação à análise da sintaxe espacial.
Quanto aos objetivos será exploratória e descritiva e quanto aos
procedimentos: bibliográfica, análise documental, realização de entrevistas
semi-estruturadas com os atores que participaram do processo político
histórico da cidade e aplicação da Teoria da Análise Sintática, relacionando a
utilização e apropriação das praças centrais de Balneário Camboriú SC.
O recorte temporal escolhido foi o período que se inicia com a implantação
do primeiro Plano Urbano de Balneário Camboriú SC, em 1974, quando da
criação deste espaço público, até 2013, ano da última intervenção no desenho
das praças.
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1.5. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Este trabalho está estruturado em cinco capítulos:
1. No primeiro capítulo, introdutório, com apresentação do tema, objetivos,
justificativa e problema de pesquisa.
2. O segundo capítulo apresenta uma síntese do referencial teórico
estudado, ressaltando a importância dos espaços públicos na cidade e para o
turismo. Ainda neste capítulo, apresentam-se a Sintaxe Espacial e o Estudo de
Caso, além dos Atributos Espaciaisdos espaços públicos selecionados.
3. O terceiro capítulo trás a análise dos espaços selecionados,
apresentando comparativamente as condições de uso e apropriação destes
espaços, utilizando os atributos locais propostos.
4. O último capítulo apresenta as considerações finais, as limitações da
pesquisa e sugere estudos que deem continuidade à pesquisa.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. O ESPAÇO PÚBLICO DA PRAÇA NA CIDADE. O conceito de espaço público aqui utilizado refere-se aos lugares urbanos
que, em conjunto com infraestruturas e equipamentos coletivos, dão suporte à
vida em comum: ruas, avenidas, praças, parques. São bens públicos,
carregados de significados, palco de disputas e conflitos, mas também de
festas e celebrações. Esta pesquisa se concentra na relação fortemente
vinculada a aspectos físicos naturais e construídos, cuja morfologia muitas
vezes representa o lugar, a cidade ou região.
O conceito de praça pública utilizado neste trabalho apoia-se na definição
de Raquel Rolnik, na qual a autora menciona que o espaço público de praça
urbana é uma noção que incorpora a ideia de subjetividade, pois se refere a um
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espaço real, utilizado pelos cidadãos, que estabelecem relações configuradas
espacialmente (ROLNIK, 2012, p.28).
A praça pode ser definida, de maneira ampla, como qualquer espaço
público urbano, livre de edificações que propicie convivência e/ou recreação
para os seus usuários. Marcus Vitruvius, arquiteto romano do século I, ao
descrever os parâmetros de formação da cidade em sua obra De Architectura
Libri Decem (Livro I, VII), destaca a importância da constituição de espaços de
uso coletivo na formação das cidades. Descreve a necessidade de existência
de uma praça, situada em posição de destaque e conformada pelos principais
edifícios institucionais.
As praças podem ser o lócus adequado para diminuir barreiras físicas e
simbólicas dentro do contexto urbano. Por serem abertos e democráticos, estes
espaços são propícios à inclusão, quando o projeto permite
indiscriminadamente o convívio de todos. Na história do ocidente a praça
pública foi sempre o lugar hospitaleiro por definição, reunia funções de
convívio, comércio livre, manifestações de toda ordem e referência da cidade.
A praça é um logradouro do espaço turístico urbano, para Boullón (2002,
p.189), que a conceitua como área nítida, relativamente pequena diante da
superfície total de uma cidade, mas muito importante na formação da imagem
turística da mesma. Robba e Macedo (2003, Prefácio) definem a praça como
espaço livre urbano, destinado ao lazer e ao convívio da população, acessíveis
aos cidadãos e livres de veículos.
A praça pode ser a versão atual da Ágora, onde a cidadania se realiza,
também por ser um espaço livre e democrático e hoje alicerçado nos preceitos
fundamentais da sustentabilidade.
O tema sustentabilidade é muito frequente nos artigos que tratam de
espaços públicos urbanos. Por ser tão relevante em questões relacionadas
com a qualidade de vida, ganham muito destaque e a praça pública se
enquadra como um reduto da vida social saudável. Quando se propõe
revitalização de centros de cidades, as praças poderão se tornar espaços
privilegiados, tanto por serem “multifuncionais”, como por carregarem um
conteúdo simbólico forte no imaginário coletivo.
A importância da praça, descrita nesta revisão bibliográfica, tem um
sentido fundamental na vida da cidade e na vida dos seus cidadãos, pelo que
22
Gehl e Gemzøe (2002, p.14) defendem que existe uma correlação óbvia entre
a qualidade urbana e a vida no espaço público. Proporcionar bem-estar aos
indivíduos é o principal objetivo, porém as condições ambientais favoráveis ou
não, interferem nos níveis de apropriação e/ou utilização dos espaços públicos.
O poder público municipal tem responsabilidades que transcendem ao
prover uma cidade de centros de saúde e instituições educacionais. Segundo
Rosa Kliass (KLIASS, 2010) a construção de escolas e hospitais não completa
o compromisso de dar uma boa qualidade de vida aos cidadãos. Os espaços
públicos destinados ao lazer e recreação são necessários para o
desenvolvimento de uma infância e uma adolescência física e mentalmente
sadias. Aos idosos é de extrema importância poder contar com espaços para
encontros, jogos e confraternização. Para todos enfim, a qualidade de vida
urbana está diretamente atrelada a vários fatores que estão reunidos na infra-
estrutura, no desenvolvimento econômico-social e àqueles ligados à questão
ambiental. No caso do ambiente, os espaços públicos constituem-se elementos
imprescindíveis para o bem estar da população, pois influenciam diretamente a
saúde física e mental da população.
2.2. A PRAÇA PARA O TURISMO. O turismo está no campo das práticas histórico-sociais que pressupõem
deslocamentos das pessoas em tempos e espaços diferentes do cotidiano.
Estes deslocamentos são oportunidades de aquisição de conhecimentos e
trocas de experiências, principalmente quando existem espaços disponíveis
que propiciam aproximações, como os espaços públicos urbanos, por exemplo.
Dentro das atividades turísticas, observa-se o turismo urbano como o mais
experimentado mundialmente e, como observa Eduardo Yazigi: “[...] o urbano
não é o único espaço onde acontece a atividade turística, mas é o mais
importante lugar por excelência, do encontro social e cultural” (YAZIGI, 2003
p.71).
Uma das características mais valiosas dos espaços públicos urbanos é a
de permitir acesso irrestrito para as pessoas realizarem atividades individuais
ou em grupo (LYNCH, 2011 p.5). O aspecto democrático destes espaços é um
23
elemento preponderante para a atividade turística, que passa a ser um direito
não só de quem tem condições (BENI, 2007 p.71).
O papel do morador no processo de planejamento do turismo é de grande
importância, pois valida as ações do gestor público, outorgando-lhe as bases
do planejamento, de acordo com as aspirações da população local. Para
Boullón (2004, p.64) muitas vezes a preocupação com os resultados imediatos
subtrai a pesquisa e a investigação local desse planejamento. Acreditando ser
capaz de interpretar a vontade popular, ou de propiciar o melhor resultado na
forma de retorno na economia do município, atitudes equivocadas podem ter
sido perpetradas por parte dos planejadores, na estruturação da cidade, com
grandes perdas para o turismo.
As praças têm esta peculiaridade de ser muito suscetível aos projetos que
lhes dão forma e alteram a paisagem da cidade. São espaços muito visíveis,
são Marcos e Pontos Nodais, como em Kevin Lynch (LYNCH, 2011 p.80), ou
como se referiu Gordon Cullen, Pontos Focais (CULLEN, 2013 p.105). São
fragmentos do mosaico espacial que compõe a cidade e estão intimamente
ligadas às questões sociais, formais e estéticas de um assentamento (ROBBA;
MACEDO, 2003 p.18).
Tal percepção sobre a importância das praças públicas, leva ao corolário
inevitável: se as praças têm esta relevância para a cidade e seus moradores ou
turistas e o turismo, muitas vezes é a fonte de recursos mais importante de
uma cidade, consequentemente a praça tem um papel fundamental na
atividade turística local.
Como a linguagem de uma cidade são suas formas (BOULLÓN, 2002
p.195), sua leitura se apoia naqueles signos que melhor a representam.
Sun Alex (2008, p.20) descreve a praça como “uma construção e um vazio,
a praça não é apenas um espaço físico, mas também um centro social
integrado ao tecido urbano”. Acrescenta ainda o autor que a importância da
praça está no seu valor histórico, bem como na sua participação contínua na
vida de cidade. O convívio social está “intimamente relacionado às
oportunidades de acesso e uso” (ALEX, 2008 p.126).
Para Alex, a praça no Brasil caracteriza-se como espaço público, coletivo e
multifuncional, um elemento urbano que identifica e contribui para a
organização do espaço da cidade, na medida em que o acesso livre e a
24
possibilidade de convívio são instituídos. Desenvolvido predominantemente nos
Estados Unidos, o paisagismo moderno enfatizou ao longo do século XX o uso
do espaço livre público para recreação, esportes, melhoria do ambiente urbano
e preservação de recursos naturais, sempre como antídotos da vida urbana
conturbada e em favor dos domínios privado, vicinal ou público-privado sobre o
público. A influência norte-americana desvirtua a praça como espaço público
de acessibilidade e convívio social, segundo o autor, criada para o uso
democrático e multifuncional, sendo que os projetos modernos, ou de
inspiração modernista, são anti-sociais ou “antipraças” (ALEX, 2008).
Radicalmente oposta, a praça, urbana, por definição, é um espaço público da
prática da vida pública.
Nesta dissertação foram selecionados espaços públicos destinados ao
lazer, recreação e contemplação e manifestações públicas, ainda que nem
todas estas funções sejam efetivamente exercidas em todas elas.
2.3. A REPRESENTAÇÃO DA CULTURA EM PRAÇAS PÚBLICAS DE
BALNEÁRIO CAMBORIÚ.
O significado da palavra patrimônio remonta à Grécia e quer dizer pater ou
pai, paterno.
Patrimônio histórico é um bem material, natural ou imóvel que possui
significado e importância artística, religiosa documental ou estética para a
sociedade, que foram construídos ou produzidos pelas sociedades passadas,
numa definição usualmente utilizada na bibliografia relacionada com o tema.
No entanto, para Françoise Choay (CHOAY, 2001), o patrimônio histórico
precisa ser trazido ao centro de uma “reflexão acerca do destino das
sociedades atuais”, não apenas a simples reverência do passado, na relação
do tempo vivido e a memória. Não se trata, portanto da antiguidade somente
que conta no critério de eleição de um patrimônio histórico edificado, mas
antes, uma perspectiva de valores estéticos, afetivos e de referências
espaciais.
25
Já o patrimônio natural, de acordo com Antonio Licardo (2015), em
geoturismo “é o legado de objetos naturais e atributos intangíveis que engloba
a flor, a fauna, a paisagem e formas de relevo”.
A Revolução Francesa, em 1789, consolidou o termo “patrimônio”, visto
que nesse período monumentos tinham por fim demonstrar os fatos da
sociedade vigente. Desta forma, a preservação do passado colocava-se presa
a uma noção de melhoria, evolução e progresso. Além disso, o conceito de
patrimônio também se estende a um leque de valores artísticos e estéticos
encontrados, sobretudo nos monumentos e esculturas.
A preservação dos monumentos históricos é um cuidado de todos os
países que sancionam leis de proteção e restauração sempre viabilizando a
manutenção de características originais.
O órgão responsável pela proteção e manutenção do patrimônio histórico
da humanidade é a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Cultura
Ciência e Educação) cuja sede encontra-se em Paris. Criada em 16 de
novembro de 1945, a Unesco tem por fim “contribuir para a paz e a segurança
no mundo mediante a educação, a ciência, a educação, a cultura e as
comunicações”, afirma a mesma fonte.
No Brasil, o Presidente Getúlio Vargas, criou por meio da Lei nº 378 em
1937, o IPHAN, uma autarquia vinculada ao Ministério da Cultura que é
responsável pela preservação do acervo patrimonial, tangível e intangível do
país e divide-se em vinte e sete superintendências regionais de acordo com
Natalia Martins (MARTINS, 2009).
Segundo Martins “a criação da Instituição obedece a um princípio
normativo incluso no artigo 216 da Constituição da República Federativa do
Brasil que define patrimônio cultural e estabelece que cabe ao poder público,
com o apoio da comunidade a proteção, preservação e gestão do mesmo”.
O IPHAN já tombou dezesseis mil edifícios, cinco mil sítios arqueológicos e
cinquenta centros urbanos. Possui um acervo onde são contabilizados e
catalogados mais de um milhão de objetos, sejam livros, arquivos, registros
audiovisuais e fotográficos, de acordo com Martins.
As principais instituições sob a responsabilidade são: o Museu Nacional de
Belas Artes, o Museu Imperial, o Museu Histórico Nacional, o Museu da
26
República, o Museu da Inconfidência, o Paço Imperial, a Cinemateca Brasileira
e o sítio Burle Marx.
Na lista de Patrimônio Mundial da Unesco encontram-se doze
monumentos culturais brasileiros: a cidade de Ouro Preto (MG), o Centro
Histórico de Olinda (PE), as Missões Jesuíticas Guarani, Ruínas de São Miguel
das Missões (RS), Centro Histórico de Salvador (BA), Santuário do Senhor de
Bom Jesus de Matosinhos (MG), Plano Piloto de Brasília (DF), Parque Nacional
da Serra da Capivara (PI), Centro Histórico de São Luiz (MA), Centro Histórico
de Diamantina (MG), Centro Histórico da Cidade de Goiás (GO), Praça de São
Francisco (SE) e Rio de Janeiro (RJ).
O patrimônio histórico de Balneário Camboriú está sob a guarda do
Arquivo Histórico, órgão cuja inauguração oficial se deu em vinte de julho de
1993, sendo porém aprovado pela Câmara dos Vereadores em vinte e nove de
novembro do mesmo ano, de acordo com dados do site oficial da prefeitura
municipal.
O Arquivo Histórico faz parte da Fundação Cultural do município e sob sua
responsabilidade está a gestão, guarda, preservação e divulgação do
patrimônio histórico e documental da cidade.
Seu acervo congrega, segundo a mesma fonte “documentos, produzidos
ou recebidos pela administração municipal no desempenho de suas funções ou
de origem privada, consideradas de interesse público. Fazem parte do acervo,
fotografias, documentos textuais, mapas e jornais e outros”.
O patrimônio cultural material congrega na legislação específica, os bens
conforme sua natureza – arqueológico, paisagístico e enográfico, histórico,
belas artes e artes aplicadas.
Estes bens dividem-se em bens imóveis, quais sejam os núcleos urbanos,
sítios arqueológicos, paisagísticos e os bens individuais bem como os bens
móveis, incluindo-se as coleções arqueológicas, acervos musológicos,
documentais, bibliográficos, arquivistas, videográficos, fotográficos e
cinematográficos (Plano Diretor Participativo, 2014).
Balneário Camboriú contempla alguns dos bens acima relacionados, como
se elenca a seguir:
27
O Acervo Arqueológico do Parque das Laranjeiras, identificado pelo Padre
João Alfredo Rohr entre os anos de 1977/79, incluindo objetos, adornos e
também corpos sepultados, no total de 165, entre crianças e adultos que
estavam no chão em áreas que se estima deveriam ser de cozinhas. Para os
indígenas, o chão de sua casa era local de sepultamento, pois segundo a
tradição destes povos, quem ali fosse enterrado continuava fazendo parte da
família. Esses achados podem ser vistos no museu Arqueológico do Parque
Cyro Gevaerd (Plano Diretor Participativo, 2014).
A capela de Santo Amaro, antiga Igreja de Bom Sucesso, erguida no
século XIX, localizada no Bairro da Barra é o único resquício do período
colonial da cidade. Foi tombada pelo Município em agosto de 1889 e pelo
Estado em agosto de 1998.
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana, inaugurada em 1961, pelos
veranistas de origem germânica, na rua 2300, no centro da cidade, está hoje
incorporada a uma edificação civil.
Os bens imaterias da cidade são “as representações, expressões,
conhecimentos e técnicas – com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares
culturais que lhe são associados – que as comunidades, grupos e, alguns
casos, os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio
cultural” (Plano Diretor Participativo, 2014).
Balneário Camboriú tem como bens imateriais, a Festa do Boi de Mamão,
as danças de pau de fita, a arte de fazer tarrafa, a arte da olaria e a fala,
principalmente notada nos moradores do Bairro da Barra, onde se verifica
muitos descendentes dos colonizadores açorianos. Na Figura 3, uma
apresentação espontânea em praça pública de um grupo local.
28
Figura 3. Boi de Mamão na Praça Almirante Tamandaré
Fonte: Fotoimagem BC 2015
Balneário Camboriú poderia configurar-se como locus apropriado para o
desenvolvimento do turismo histórico cultural, visto essa manifestação se tratar
de um fenômeno social, que foi produzido pelo homem e que se transmuta
para os turistas, em lazer, em entretenimento, em troca cultural, pois o visitante
“se dispõe a interferir e a integrar-se, em um processo cultural, como elemento
ativo e passivo de influência” (ANDRADE, 1997 p.95). Este autor nos diz que
”O turista, assim como qualquer outra pessoa, exerce a função ambivalente de
agente aculturador e de elemento suscetível de sensibilização por culturas
outras que a sua própria”.
29
Ulpiano T. Bezerra de Menezes (MENEZES,1998) ressalta, sobre a
questão que essa “integração interdisciplinar na produção do entendimento das
culturas exige um esforço reflexivo para que não se produzam teorias e
conceitos que reforcem a dicotomia entre a vivência e o legado histórico”. Há
que se separar o que constitui um patrimônio histórico das memórias pessoais
ou coletivas. O autor coloca que, “material ou imaterial, as construções
culturais são parte de um uníssono de experiências históricas vivificadas de
forma integrada, portanto, dinâmicas no tempo”.
Não se pode esquecer que o patrimônio histórico permite uma
interpretação do passado, porém esta memória deve sempre estar atrelada ao
presente, pois o todo cultural é a soma desses dois momentos.
O turismo histórico tem suas raízes no desenvolvimento dos meios de
transporte, fato ocorrido com a Revolução Industrial, entre os séculos XVIII e
XIX, que permitiu um deslocamento, sobretudo entre a burguesia que buscava
com isso uma elitização advinda não somente pela sua condição financeira,
mas sobremaneira pela cultura que poderia lhe ser agregada.
A Europa era o porto onde o turista cultural desejava ancorar, por conter
um vasto patrimônio a ser explorado, pródigo em museus, monumentos e
arquitetura de diversas escolas. Essa exploração, perpetrada tanto por turistas
da própria Europa quanto de outras regiões do mundo seguiu até a eclosão da
Primeira Guerra, entre os anos de 1914/1918 quando houve um arrefecimento
dos transportes.
O Brasil passa a ser então, o destino de turistas estrangeiros, pois possui
um conjunto rico de belezas naturais, aliado também, a um generoso
patrimônio histórico, que perpassava por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia,
conquanto outras regiões não fossem muito privilegiadas, como o Sul do Brasil.
Faz-se necessário frisar que o patrimônio cultural é representado apenas
por monumentos históricos e manifestações artísticas e culturais do passado,
mas também, o que se dá no presente e que formará o patrimônio do futuro,
garantindo assim a preservação de um legado que poderá interferir na
identidade étnico-cultural da comunidade.
30
Na história das praças de Balneário Camboriú está imbricada a história da
apropriação indevida dos espaços públicos. O que é público torna-se privado
pelas formas transversas de gerir a coisa pública, e o que é patrimônio fica
relegado ao esquecimento. Os monumentos da cidade celebram eventos,
pessoas e ideias. Dizem respeito a tudo aquilo que nos identifica como
cidadãos e partícipes desta história.
A Praça Higino João Pio tem o nome do primeiro prefeito eleito da cidade,
Higino João Pio foi o primeiro prefeito de Balneário Camboriú (SC), eleito pelo
PSD em 1965, assim que o novo município foi desmembrado de Camboriú.
Tabela 1. Relação dos primeiros prefeitos de Balneário Camboriú
Nome Início Término Condição
Ewaldo Schaefer 20/07/1964 12/12/1964 Prefeito nomeado
Aldo Novaes 13/12/1964 15/11/1965 Prefeito nomeado
Higino João Pio 15/11/1965 03/03/1969 Prefeito eleito -PSD
Álvaro A. Silva 04/03/1969 02/10/1969 Prefeito interino
Fonte: Arquivo Histórico de Balneário Camboriú
Em função de disputas políticas locais e, possivelmente por sua
proximidade com o então presidente João Goulart, foi acusado de
irregularidades administrativas após o Golpe de 1964. Em fevereiro de 1969,
precisamente na quarta-feira de cinzas, Higino João Pio e outros funcionários
da Prefeitura foram presos por agentes da Polícia Federal e conduzidos para a
Escola de Aprendizes de Marinheiros de Florianópolis. Após prestarem
depoimento, todos foram soltos, exceto o prefeito, que permaneceu
incomunicável. No dia 3 de março, a família foi notificada de sua morte, por
suicídio.
Em seu voto na Comissão Geral de Investigações, CEMDP, o relator
afirmou que, “os adversários políticos apelaram para a legislação excepcional
baixada pelo AI-5, submetendo- o à Comissão”. Concluiu pelo deferimento em
função da morte na prisão por causas não naturais. O laudo necroscópico,
assinado por José Caldeira Ferreira Bastos e Leo Meyer Coutinho, indicava
morte por asfixia e enforcamento. Notação Arquivo Nacional (2009).
31
O busto do prefeito esteve exposto na praça que recebeu seu nome nos
últimos 46 anos, porém em lugares pouco visíveis e sem identificação. Na
figura 4 representa-se o croquis do busto do prefeito Higino João Pio, no
espaço da praça de mesmo nome. A história do único prefeito brasileiro
assassinado durante a ditadura militar, com idoneidade comprovada pela
investigação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos,
reportada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
(AT0.39.06 - pg.181), poderia ter maior evidência, pois é uma parte importante
da história do Brasil, cuja repercussão deu-se internacionalmente (CNV, 2015).
Figura 4. Busto do prefeito Higino João Pio
Fonte: Croquis do autor
A destruição das memórias herdados do passado acarreta no rompimento
da corrente do conhecimento, levando-nos a repetir incessantemente
experiências já vividas.
32
2.4. CONTEXTO POLÍTICO HISTÓRICO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ
Os primeiros povos a habitarem a região litorânea de Camboriú foram os
indígenas pertencentes da tribo Carijó, grupo primitivo dos Guaranis, que foram
descritos pelo cronista português Gabriel Soares de Sousa (Corrêa, 1985,
pg.13) como “pacíficos e de boa índole”. O interior do município era habitado
pelos Botocudos, mais agressivos, ferozes e defensores das suas áreas de
habitação.
A presença destes povos é facilmente comprovada através das ossadas
encontradas várias localidades, em especial na Praia das Laranjeiras, onde foi
detectado um vasto sítio arqueológico cujos achados encontram-se no Museu
do Parque Ciro Gevaerd, localizado às margens da BR 101.
A denominação CAMBORIÚ, como hoje conhecemos, passou por diversas
variações, sempre referenciando o rio Camboriú, cujo leito percorre a região.
De acordo com CORRÊA (1985, pg. 16), a mais antiga referência remete a
um ofício de 15 de outubro de 1779, escrito pelo Governador da Capitania,
Francisco Barros Morais Araujo endereçado a D. Luis de Vasconcelos e Sousa,
Vice-Rei da Freguesia de São Miguel da Terra firme, mais especificamente à
povoação de Enseada das garoupas, hoje Porto Belo, que relata o seguinte:
“(...)Desterro, 15 de outubro de 1779. Declaração das longitudes em que vivem os fregueses da Freguesia de São Miguel moradores na costa do mar grosso para a banda do norte, correndo barra fora e caminho de terra o de Enseada de Camboriassu, por terra dez lagoas e por mar, quinze”.
As localidades acima citadas referem-se às regiões onde se encontram
atualmente os municípios de Camboriú, Balneário Camboriú e Porto Belo.
Existem, porém, outras variantes para a denominação, tais como:
Camboriguassuú, Cabarigú-Assú,Cambriú e Cambiriú, entre outras.
Para CORRÊA (1985) o termo Camboriú passou a ter a grafia atual a partir
do final do século XIX e tem origem indígena, na qual Cambori significa robalo
e Guassu é indicativo de grande.
33
O primeiro morador de Camboriú, não indígena foi Baltazar Pinto Corrêa,
proveniente de Porto Belo em 1826, quando solicitou e ganhou do Presidente
da Província, através de sesmaria, terras localizadas no Morro do Canto da
Praia, posteriormente denominada bairro Vila dos Pioneiros, no lado norte da
cidade (CORRÊA, 1985,pg. 20).
Ainda segundo a mesma fonte, outras famílias vieram a se juntar os
descendentes de Manoel Corrêa, como “os pretos das Areias”, a família
Boaventura Caetano e a família Cardoso e a família Silva.
A prole de Baltazar Corrêa logrou êxito no desenvolvimento de suas culturas
agrícolas, fato que trouxe para a localidade, novos aventureiros estimulados
pela fertilidade das terras. Por esta época a pesca como forma de trabalho não
era atividade valorizada.
Segundo dados do Arquivo da Câmara Municipal de Balneário Camboriú.
Em 1849, o então Arraial de Camboriú foi elevado à condição de freguesia.
A Lei 1076 de 5 de abril de 1884 desmembra da Freguesia de Itajaí e a sede
do novo município instala-se no Bairro da Barra, então chamada de Nossa
Senhora dos Prazeres.
Em 18 de fevereiro de 1959, através da resolução 2/59, foi criado o Distrito
da Praia de Camboriú. O Município de Balneário Camboriú foi estabelecido a
partir da Lei Estadual nº 960, em 18 de abril de 1964.
Assim, o bairro da Barra separada da região central pelo rio Camboriú,
apresentou uma evolução lenta e muito gradualmente foi incorporando o
crescimento comercial e turístico.
A margem esquerda do rio, entretanto, apresentou uma trajetória
acelerada, estimulada pela procura da praia como local de turismo.
A evolução dos espaços urbanizados ocorreu a partir dessa demanda, iniciada
na década de 1920, com especial ênfase ao turismo de veraneio. Até esta data,
segundo Corrêa (1985,pg. 26) a praia não tinha vínculo com o lazer. Foi a
população de origem teutônica, oriunda principalmente de Blumenau e
arredores, a responsável por consagrar a praia e o mar como local de diversão
e descanso.
Em junho do mesmo ano, o então Governador do Estado, Celso Ramos,
baixou o decreto nº 1674 que definia a instalação do Município de Balneário
34
Camboriú para 20 de julho do corrente ano e nomeou o senhor Ewaldo
Schaffer para o cargo de Prefeito Provisório.
Aldo Novaes assumiu o posto em 18 de julho de 1965 e em 3 de outubro
ocorreu o primeiro pleito, no qual elegeu-se o senhor Higino João Pio. Nesta
data também se constituiu a primeira Câmara de Vereadores, de acordo com
dados obtidos no Arquivo da Câmara Municipal de Balneário Camboriú.
Com a inauguração da BR 101, na década de 1970, a malha urbana
expandiu-se acarretando um significativo aumento nos investimentos
imobiliários.
A paisagem da área central que era até então predominantemente vegetal,
desaparece de forma muito franca e são fatos marcantes o processo de
canalização do rio Marambaia, ao norte da cidade e o aterramento das lagoas
existentes na região do centro da cidade.
O Primeiro Plano Diretor de Balneário Camboriú foi encomendado à
Planepar – Organização de Planejamento Técnico-Econômico, da cidade de
Curitiba PR, em 5 de junho de 1973. Constava neste contrato o Plano Físico
Territorial, a lei do Plano, zoneamento, sistema viário, lei de loteamento, código
de obras e edificações, código de normas e instalações e código tributário;
segundo arquivos do Memorial Prefeito Meirinho (MEMORIAL, 2014).
O projeto seguiu o modelo de desenho da época, modernista, inspirado no
projeto de Curitiba (que sofreu influência da escola racionalista da Europa) cuja
reorganização criou grande repercussão e muitos adeptos das soluções
“técnicas” de problemas urbanos, como menciona Marcelo Lopez de Souza
(2013, p.123), quando se refere ao planejamento físico-territorial, elaborado
como uma tentativa de estabelecer uma “cidade ideal”. A materialização do
projeto carregava todo ideário modernista4, a começar pelo master-plan,
definindo a cidade na escala macro, com intenções de implantar uma nova
4 O ideário modernista internacional foi sumária e explicitamente expresso também no Brasil, pela
vontade de construção de uma sociedade mais igualitária, de substituição da exaurida estética classicizante e historicista por uma "estética nova" da máquina, de industrialização nas cidades e promoção de uma nova classe operária – lastro político do Estado Novo- e de transformação de um país de caráter majoritariamente rural para majoritariamente urbano. Em síntese, este ideário de transformação e progresso, nosso espírito nacional e Zeitgeist da época – coincidente com nossa base positivista de ordem e progresso expressa na bandeira nacional – iria inevitavelmente apoiar-se nas expressões urbanísticas, concretizadas tardiamente se comparadas às expressões arquitetônicas. (DEL RIO, GALLO, 2000).
35
realidade para o futuro da sociedade, a partir de mudanças na organização
espacial.
No ano de 1973 o Brasil vivia sob o regime militar e o presidente vigente
era o General Emílio Garrastazu Médici, cujo governo esteve entre os anos
denominados de “anos de chumbo” (D’ARAUJO, SOARES, CASTRO, 1994). O
Programa de Governo se estruturava na execução do Primeiro Plano Nacional
de Desenvolvimento (PND), que tinha por objetivo promover o crescimento
econômico do País. Ainda alimentado pelo desenvolvimentismo que
predominou nos governos militares no Brasil, o país captou muitos
empréstimos no exterior e investiu em obras de grande porte em todo o
território nacional. Destes investimentos públicos surgiu o que se chamou de
Milagre Brasileiro (SINGER, 1972).
Durante este período circunstancial da vida brasileira instaurou-se um
pensamento ufanista de "Brasil potência", que se evidenciou com a conquista
da terceira Copa do Mundo em 1970 no México, quando vigorou o mote:
"Brasil, ame-o ou deixe-o", que veio a exercer alta influência nas bolsas de
valores brasileiras iniciada ao final da década de 1960 e resultou em um clima
de euforia generalizada – incentivado por canções como Pra frente Brasil –,
apelidado pelo autor Elio Gaspari (2002, p.43) de "patriotada". Segundo
Reinaldo Gonçalves (1999, p.37), o período do milagre econômico foi o que
gerou maior crescimento do país desde a Proclamação da República. A
proposta do ministro do Planejamento, Delfim Neto, consistia em concentrar a
renda, formando um “bolo econômico”, a ser posteriormente dividido.
Em 1973 ocorreu a crise mundial do petróleo, que para o Brasil trouxe
como consequência arrocho salarial, o desemprego, a recessão, o
endividamento externo, o inchaço da máquina pública, a desnacionalização da
economia e desperdício de recursos públicos (Gonçalves, 1999 p.55).
Neste contexto inicia-se em Balneário Camboriú o governo municipal de
Gilberto Américo Meirinho (iniciado em 1973 até 1977). A cidade contava com
uma população de pouco mais de 10 mil habitantes , segundo o Arquivo
Histórico da Cidade (2014, Documentos Históricos), e uma estrutura fundiária
irregular, baseada nos loteamentos que se instalavam, nem sempre com
respaldo legal no uso destas ocupações. O prefeito recém-empossado
36
contratou a empresa paranaense Planepar de Curitiba, com o intuito de realizar
o plano urbano para a cidade de Balneário Camboriú.
Contando com uma grande equipe multidisciplinar, a empresa produziu um
diagnóstico científico da realidade física, social, econômica, política e
administrativa da cidade, apresentando então, um conjunto de propostas para o
desenvolvimento do município: cadastro técnico municipal, o projeto executivo
do sistema de abastecimento de água, o projeto dos esgotos sanitários e o
plano diretor do município do Balneário Camboriú, que seria o norte de todas
as ações concretas de intervenção sobre o território, pelo setor público ou por
qualquer outro agente.
Todo o trabalho foi orientado pelo prefeito e seus assessores diretos, sem
participação dos moradores locais ou de seus representantes eleitos da
câmara de vereadores, como relata o próprio prefeito em sua entrevista para
Paulo Leme (LEME, 2010 p.208):
“(...) Como tínhamos uma visão muito ampla e ambiciosa para o futuro da cidade, contratamos uma empresa de Curitiba, composta principalmente de professores da Universidade Federal do Paraná, para criar o Plano Diretor Físico e Territorial, o Código de Normas e Instalações (antigo Código de Posturas), o Código de Obras e Edificações e o Código Tributário”.
Com tais características autocráticas e um discurso positivista, o projeto urbano
veio com inspiração no modelo de Curitiba PR, com alguns princípios do
urbanismo modernista, na divisão da cidade em zonas funcionais, a
transformação de ruas em avenidas, a hierarquização do sistema viário em
dois eixos principais (longitudinal e transversal) e a identificação das
necessidades segundo um critério técnico, porém sempre amparado no
conceito de “cidade para as pessoas”.
O critério adotado foi criar uma cidade onde as dimensões estivessem em
consonância com a escala humana, ou seja, as avenidas não muito largas e
com canteiro central, calçadas amplas (para os padrões da época) inclusive na
beira-mar, segundo palavras do prefeito Meirinho (LEME, 2010 p.212)
O passeio público da Avenida Atlântica foi determinado por decreto
(Decreto nº 707 de 17 de fevereiro de 1974) quando foi declarado de utilidade
37
pública para fins de desapropriação na faixa de terras de marinha com a
largura de seis metros em toda a extensão da Avenida. Não obstante o Código
de Normas e Instalações, criado pela Planepar, prever calçadas largas na orla,
muitas residências possuíam muros demarcando a propriedade até a faixa de
areia. O prefeito Meirinho ordenou a derrubada destes muros, originando um
embate judicial e dividindo a população entre os que viam na medida “uma
arbitrariedade descabida” e os que percebiam no episódio uma “modernização
da cidade, com a avenida e calçadão”5.
O Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina deu ganho de causa
para os reclamantes, permitindo que os ocupantes das terras de Marinha
reconstruíssem os muros fora do alinhamento previsto pelo Código de Posturas
da prefeitura, não levando em conta que as terras de frente para o mar são por
lei, da Marinha do Brasil, conforme o artigo 180 da Constituição. O referido
artigo ofereceu embasamento ao projeto, pois o texto determina que, a 33
metros da preamar média seguindo o mapa de 1831, todas as terras serão de
propriedade da Marinha, e geridas pelo Serviço do Patrimônio da União. A
Praça Almirante Tamandaré seria futuramente erigida neste espaço.
2.5. DESCRIÇÃO DOS OBJETOS DE ESTUDO
2.5.1. Praça Almirante Tamandaré
Nas entrevistas realizadas para esta pesquisa com os gestores públicos
que estiveram presentes no início da urbanização da cidade os relatos são
unânimes em afirmar que a história da praça Almirante Tamandaré iniciou com
um conflito de propriedade sobre uma área de terra na orla (informação verbal)
. No relato a seguir procurou-se produzir uma síntese dos depoimentos
colhidos nas entrevistas, com o suporte de documentos dos arquivos do
Memorial Prefeito Meirinho (MEMORIAL, 2014).
5 Depoimentos colhidos nas entrevistas abertas com os usuários das praças.
38
A questão das propriedades muradas até a faixa de areia da praia central
de Balneário Camboriú (descrita no Contexto político e o Plano Diretor) não foi
o único obstáculo encontrado pelo poder público, quando da execução da obra
da Avenida Atlântica. No curso da nova avenida havia um tapume de obras,
fechando uma área que, segundo os supostos proprietários, era privativa e um
projeto aprovado permitia que ali se construísse um edifício. O prefeito,
afirmando a não existência desta autorização, ordenou a derrubada do tapume
e retirada de todo o material e pessoal do local, permanecendo ali, onde está
até os dias de hoje, estacas do edifício iniciado. Determinou então que se
contornasse a área, assim a avenida teria um desvio, mas não iria ser
obstruída por um processo moroso na justiça.
Com esta atitude, anexou-se esta área em litígio à orla, impedindo
definitivamente qualquer edificação que não fosse pública. A reação foi
imediata, com a prisão do calceteiro Candido, que trabalhava no calçamento da
via pública, com o pedido de impugnação do mandato (impeachment) do
prefeito e ordem de prisão para o secretário de obras. Novamente a
interferência da Capitania dos Portos foi decisiva na solução sui generis da
cidade, apoiando o prefeito, expedindo documentos defendendo como legítima
a ação da prefeitura municipal.
Em contrapartida a praça recebeu o nome do patrono da Marinha, com
busto do homenageado, provocando indignação na população local, visto que o
primeiro prefeito eleito havia sido executado pela ditadura há pouco tempo
(03/03/1969) nas dependências da Capitania dos Portos da Marinha em
Florianópolis (CNV, 2014).
O exercício do poder, propiciado pela ditadura militar foi preponderante na
história da praça. Assim como a imposição dos projetos desenvolvidos no
gabinete do prefeito, todos os empenhos foram feitos no sentido de consolidar
o balneário como destino turístico. O desenho dos espaços públicos foi
submetido à esta orientação política.
Nestes quarenta anos de existência a Praça Tamandaré passou por três
grandes transformações. Sua trajetória histórica do ponto de vista funcional
transcorreu com mudanças no uso e na apropriação de seu papel no contexto
urbano. O conceito inicialmente era de um espaço destinado para eventos,
39
onde foi instalada uma grande estrutura metálica de treliças espaciais e
cobertura de policarbonato.
Havia então a intenção de propiciar apresentações públicas culturais,
artísticas etc, em uma área protegida e privilegiada pela localização na orla
marítima da cidade. Em alguns momentos o espaço público foi visto também
como um campo propício para divulgação de atividades de empresas privadas.
Durante os anos 1985 até 1987 a cobertura da praça ostentava a logomarca da
empresa construtora H. Schultz, de propriedade do prefeito neste período, em
uma das atitudes usurpadoras do poder instituído se apropriando do espaço
público. Conforme pode ser observado na ilustração abaixo.
Figura 5. Praça Almirante Tamandaré nos anos 80, com a logomarca em forma de estrela da empresa H. Shultz na cobertura da praça.
Fonte: Croquis do autor
Posteriormente, já nos anos 90, a praça ganhou um novo conceito, como o
desenho de um palco, com vários níveis construídos em degraus, que
favoreceriam as apresentações, com espaço para o público assistir. A política
urbana estaria fundamentada na demanda turística e em propiciar atrações
para esta demanda.
Com relação ao aspecto da representação simbólica, a praça está
temporalmente delimitada pelo significado que a história lhe concedeu. Sem
40
projeto que lhe definisse a identidade, sem acessibilidade por sua localização
incômoda, entre o fluxo intenso e o limite das barreiras físicas construídas, sem
legibilidade na sua indecifrável concepção fragmentada em planos, para usar
uma breve análise baseado nas três dimensões fundamentais descritas por
autores contemporâneos, como Lucio Ginnover (2006, p.30). Na ilustração
abaixo, a praça Tamandaré nos anos 90.
Figura 6. Praça Almirante Tamandaré nos anos 90.
Fonte: Croquis do autor.
Na última revisão estética e funcional em 2013, adotou-se o espaço cívico
como conceito, o espaço vazio, livre para eventos, porém com ênfase na
circulação e lazer passivo. O conceito de espaço livre desenvolve-se como
ordenamento espacial produzindo a dissolução da praça tradicional, como
menciona Junia Caldeira (2007, p.8). A questão formal é predominante, pois
existe um grafismo que se observa apenas do alto, orientando o fluxo,
conforme se observa na ilustração abaixo.
41
Figura 7. Praça Almirante Tamandaré em 2013.
Fonte: Croquis do autor.
Na fala do ex-diretor da Secretaria do Estado para o Turismo, SANTUR, e
ex-secretário municipal de turismo, Osmar Nunes Filho: -“As gestões
municipais priorizaram sempre a captação de volume de turistas”. A quantidade
de pessoas na praia era motivo de comemorações. O turismo de massa, ou
turismo de sol e praia, de baixo custo, passou a ser a característica do local.
Com esta política a cidade definiu toda sua vida econômica em função do
desenvolvimento turístico, organizando-se para produzir paisagens atrativas
para o consumo e para o lazer. O espaço público passou a ser utilizado como
atração turística apenas.
2.5.2. Praça Higino João Pio.
A Praça Higino João Pio foi criada com propósito definido de atender à
necessidade de espaço público destinado ao lazer e turismo, através da lei
municipal nº 0358 de 23 de abril de 1973 e inaugurada em 20 de julho de 1976.
Esta praça pública nasceu de uma das maiores investidas contra o ambiente
natural do município. No local onde hoje está a praça havia uma lagoa que
tomava boa parte do centro da cidade, conforme mostra o mapa (Figura 01)
42
confeccionado em 1952, pelo jornalista e escritor Norberto Cândido Silveira
Junior, e cedido pelo Engenheiro Carlos A. Schlup.
Figura 8. Mapa da cidade de Balneário Camboriú 1952
Local da Praça Higino João Pio
Fonte: Arquivos de Carlos Alberto Schlup.
Esta lagoa, chamada de Lagoa da Ponta, foi totalmente aterrada e a
saída das águas canalizada para o mar, ficava onde está hoje a Praça
Tamandaré.
Enclausurada entre edifícios altos, a Praça Higino João Pio já abrigou
diversos tipos de atividades, desde feiras de artesanato até festas de natal e
páscoa. Porém sua ocupação é pequena diante da área avantajada e
importância como espaço localizado na região mais central da cidade. Possui
poucos e simples equipamentos, restringindo-se aos bancos e floreiras, um
pequeno playground e jardins, além do busto do homenageado, o primeiro
prefeito eleito da cidade, Higino Pio.
A praça tem a sua história iniciada com aquele que foi possivelmente um
dos maiores equívocos do planejamento urbano municipal: o aterro da Lagoa
da Ponta para formar a praça. No entendimento do poder público em 1973, a
prioridade seria criar espaços para o desenvolvimento do turismo e o custo
ambiental foi minimizado para dar lugar à ordem econômica, ou seja, em uma
relação causal, a produção de capital pareceu sobrepujar à própria
43
sobrevivência do meio ambiente e de uma paisagem de rara beleza. Desta
forma o patrimônio construído tampouco atendeu às aspirações de se constituir
em atrativo, pois como se constatou em pesquisa, o espaço é ainda hoje pouco
utilizado. Permanece como um “vazio” dentro da malha urbana, enclausurado
entre prédios altos, com poucos interesses para o turismo.
A proximidade da praia contribui para que este espaço seja menos utilizado,
pois as possibilidades ofertadas na orla são grandes, desde a paisagem
imbatível do ponto de vista de atrativo turístico, até alimentação e lazer.
O acesso a esta praça se faz pela Avenida Alvin Bauer ou pela Rua 51,
ou ainda pelas galerias de edifícios que circundam a praça. São entradas
fáceis de encontrar, porém sem informações que direcionem os turistas com
relação aos pontos de interesse próximos. Com relação à legibilidade é
possível dizer que a praça se desvenda de quase todos os pontos de vista,
sendo um ambiente amplo e pouco ocupado por equipamentos e mobiliário,
porém cercado de paredes de alvenaria dos edifícios, trazendo uma
descontinuidade na paisagem do centro da cidade. Os jardins encerrados em
muretas de concreto se transformam nos pontos focais, que juntamente com o
busto do homenageado e um pequeno playground são a pontuação, como
chama Gordon Cullen (CULLEN, 2013).
Não há uma caracterização nesta praça para que ali se identifique como
parte da cidade de Balneário Camboriú. No entanto, a homenagem ao primeiro
prefeito eleito democraticamente e morto durante a ditadura militar, confere ao
lugar uma importância histórica, cujo significado poderia impor maior
valorização, como foi aventado por alguns entrevistados na pesquisa deste
trabalho. Desde o tratamento estético para todo o conjunto da praça até
questões práticas, como informações sobre o personagem no busto erigido em
pedra e metal.
44
Figura 9. Praça Higino João Pio
Fonte: Croquis do autor
2.5.3. A Praça da Bíblia.
A lei nº039/1977 criou uma área com 768,50m², somada a mais duas
áreas de 4.725 m² e 2.401 m², declarando de utilidade pública estas porções de
terra, através de decreto, onde está localizada a Praça da Bíblia. A
denominação oficial é “Praça da Cultura”, porém a escultura instalada no centro
deste espaço público, homenageando o livro que contém a coleção de textos
sagrados para o cristianismo e a divulgação (Imprensa Oficial PMBC) do
espaço como propício ao exercício da pregação religiosa, ocasionou a
identificação pela população local como Praça da Bíblia.
45
Figura 10. Praça da Bíblia.
Fonte: Croquis do autor
É a mais bem equipada das quatro praças pesquisadas do centro de
Balneário Camboriú. Construída sobre a galeria que sepultou o córrego que
abastecia de água as lagoas no centro da cidade, esta praça assim como as
outras três praças pesquisadas, escondem as mudanças profundas nos
sistemas naturais do meio ambiente.
Sua gênese está ligada às disputas do território, onde o poder público
algumas vezes intercedeu para garantir que as porções de terra sobrantes das
vias públicas pudessem permanecer com o domínio da população local. Assim,
a Avenida da Lagoa teve na sua implantação uma área aterrada no entorno da
via, cujo destino não foi definido no projeto inicialmente. Os embates judiciais
foram extensos, mas com o ministério público finalizando favoravelmente para
a gestão pública (MEMORIAL, 2014).
Esta praça possui um razoável número de itens disponíveis para os
usuários e atratividade suficiente para garantir o uso pelos moradores e
turistas. Tem acessibilidade garantida por se tratar de um espaço linear longo e
estreito, permeado de entradas para automóveis de edifícios vizinhos, o que
ocasionalmente proporciona um conflito entre pedestres e veículos. Tem
46
legibilidade por se tratar de um ambiente tradicional de espaço público, com
bancos, árvores, academia ao ar livre, coreto, quiosque, sanitários públicos,
palco de apresentações, bicicletário e uma pequena feira de artesanato. No
entanto há uma baixa frequência, que segundo os entrevistados para a
pesquisa, não basta dispor de espaço e equipamentos para que a população
local ou turista tenha interesse, é necessário promover alguma atividade que
possa concorrer com a orla próxima ou o shopping Center ao lado.
Figura 11. Praça da Bíblia – Academia ao ar livre
Fonte: Croquis do autor
2.5.4. A Praça Kurt Amann
Criada como um espaço público especial, no calçadão da Avenida
Atlântica entre as Ruas 1.101 e a Rua 1.131, a praça 20 de Julho é mais
conhecida como praça Kurt Amann, nome do empresário da hotelaria local que
“adotou” partes da Avenida Atlântica em uma iniciativa voluntária de ajudar no
cuidado com o patrimônio público, patrocinando algumas melhorias. Atribui-se
a preservação da única porção do passeio da Avenida Atlântica, com os jardins
47
plantados na gestão do prefeito Higino João Pio, ao zelo da família Amann.
Estão em frente ao Hotel Vila do Mar, as únicas palmeiras restantes do plantio
que abrangia toda a orla, mas que desapareceram. Amann investiu na
recuperação e na conservação da avenida, recebendo do prefeito Leonel
Arcangelo Pavan uma homenagem pública na forma de placa alusiva aos
feitos, o que proporcionou a associação do nome ao lugar (SECTURBC, 2015).
O projeto da praça inclui algumas demandas de frequentadores oriundos
de estados vizinhos e da região serrana de Santa Catarina, como o “Cantinho
do Chimarrão” e espaços para jogos de mesa. Conta também com os jardins
com a maior diversidade das praças pesquisadas.
A “Mão que segura o mundo” escultura de Reiner Wolff, realizada em 1991
em concreto e fibra, homenageia o trabalhador, se configura como um marco
ou ponto de referência (LINCH, 2011, p.88), identifica a praça, que aparece por
vezes denominada de “praça da mão” na mídia.
Figura 12. Praça Kurt Amann
Fonte: Croquis do autor
48
Esta praça têm abrigado instalações alusivas às datas comemorativas,
como durante o período de natal com os presépios, ou decorações de páscoa e
carnaval. Além disso, a farta vegetação e os bancos fazem com que os
usuários utilizem este espaço público com frequência, conforme se observa
nas tabelas desta pesquisa.
2.6. RELAÇÕES ENTRE ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E ATIVIDADE
TURÍSTICA.
O estudo sobre as relações entre organização espacial e atividade
turística nos espaços públicos é um dos aspectos importantes nessa
dissertação. Desta forma, além das questões relacionadas com o processo
político-histórico ocorrido nas últimas décadas e que definiu a estrutura
espacial da cidade, o turismo como atividade econômica e que emergiu dentro
deste processo, foi preponderante para as características espaciais dos
ambientes construídos. No intervalo de tempo recortado, a atividade turística é
o principal impulsor do crescimento econômico e populacional da cidade, com
crescimento no patamar de 115% de residências unifamiliares e 1.000% nas
multifamiliares (Plano Diretor Participativo, 2014, p.61).
O principal tipo de turismo que se desenvolveu em Balneário Camboriú, é
aquele conhecido como “turismo de sol e praia”, que se atém aos atributos
naturais da localidade. Do ponto de vista dos atrativos turísticos, tanto naturais
quanto construídos, a cidade possui praias (9), parque ecológico, trilhas, jardim
zoológico, comércio e intensa programação noturna.
Mesmo que não se pretenda discutir todos os condicionantes externos
que influenciaram na formação dos espaços públicos locais, o entendimento
dos fatores que contribuíram para a constituição dos espaços públicos é
importante para a análise das praças públicas de Balneário Camboriú.
O mundo globalizado influenciou na apropriação dos espaços, tornando-os
ainda mais efêmero, ou líquido, como em Modernidade Líquida, de Zygmunt
Bauman. As mudanças do desenho desses espaços acontecem com
frequência, procurando torna-los rentáveis, do ponto de vista do capital,
impulsionado pela atividade turística.
49
A relação que se pretende destacar é fortemente vinculada aos aspectos
físicos, naturais e construídos, cujos desenhos de formas representam mais do
que apenas os espaços públicos com função determinada, mas também
representam a imagem do lugar, ou por vezes, a cidade.
A desterritorialização da esfera pública e as formações sociais emergentes
nos espaços públicos virtuais da sociedade em rede têm vindo a concorrer para
uma acentuada erosão da vida coletiva nos espaços públicos e lugares
urbanos tradicionais (BALULA, 2010). No entanto, junto com esta nova cidade
dos fluxos, determinadas áreas urbanas centrais distinguem-se enquanto
espaços de referência para a cidade dos lugares.
De acordo com COSTA, DO AMARAL PEREIRA e HOFFMANN (2006), a
análise completa deveria conter condicionantes externos:
Para melhor compreensão de espaços, sejam eles turísticos ou não, deve ser acrescentada também a análise dos condicionantes externos ao local, como sugere Santos (1997c). As transformações de processo e estrutura
resultam de modificações em esfera global e seus efeitos, tais como a mundialização do capital, a nova divisão do trabalho, competição global e o desenvolvimento de meios de transporte (CASTELLS, 1999; AMATO NETO, 2000; LICK, 2003) exercem influencias sobre o ordenamento dos espaços locais e regionais, bem como dos elementos que o compõem. Esses efeitos podem ser notados tanto do ponto de vista da organização do destino, sua capacidade de adequação a essas realidades e, sobretudo, sua percepção (LICK, 2003).
As peculiaridades locais não foram suplantadas pela homogeneização que
se apregoava no início do fenômeno da globalização, pelo contrário, as
diferenças estão realçadas e se tornaram um bom argumento para valorização
dos lugares, para consumo do capital (COSTA, DO AMARAL PEREIRA e
HOFFMANN, 2006).
A partir do momento em que o turismo passou a ser visto como uma fonte
de recursos para a cidade, rápidas transformações ocorreram na malha viária,
na infraestrutura, comércio e meios de hospedagem. Alterações que pouco
levaram em conta o ambiente natural, pelo contrário, buscou-se subjugar os
sistemas naturais, aterrando lagoas e mudando curso dos rios, ou ainda,
50
tentando eliminar alguns, conforme está descrito neste trabalho, na
implantação da Praça Higino João Pio, por exemplo.
A geografia local, muito rica em recursos naturais, há referências de sete
lagoas que desembocavam na praia, sendo a principal delas localizadas entre
as Ruas 301 e 501, denominada Cacimba, que tinha dois afluentes, um deles
desaguando direto no mar, onde existe hoje a Praça Almirante Tamandaré com
o nome de Lagoa da Ponta e outro no Ribeirão das Ostras, que formava a
Lagoa Grande, mais tarde denominada lagoa de Marambaia (Plano Diretor
Participativo, 2014), conforme se observa na foto de 1949 da figura 5.
Figura 13. Lagoas de Balneário Camboriú 1949
Fonte: Eduardo Barbieri 2014.
Desta forma, as características da cidade podem ter sido influenciadas
pela conjuntura externa, porém a estrutura urbana atual, com extensas vias
perpendiculares à praia e poucas transversais, é resultado da ocupação com
prioridade ao capital, maximizando a privatização do território quase despido de
espaços públicos para o lazer.
51
2.7. SINTAXE ESPACIAL
A Teoria da Sintaxe Espacial surgiu nos anos 1980 como uma teoria
sistemática sobre fenômenos urbanos observados em suas relações sistêmicas
vivas e aparentes, buscando descrever a dimensão social do espaço público e
privado, através de medidas quantitativas (HILLIER; HANSON, 1984).
Bill Hillier e seus colaboradores da Universidade de Londres criaram esta
teoria, também conhecida como Teoria da Lógica do Espaço, cuja objetividade
e caráter sistêmico sugeriam ser capaz de apontar para a influência da
organização espacial sobre a vida social. A sintaxe pode identificar problemas
e razões das falhas de projetos, com o devido apoio científico ao planejamento
urbano, permitindo entender aspectos importantes do sistema, tais como
acessibilidade e distribuição do uso do solo (SABOYA, 2015).
Quanto à etimologia, o termo SINTAXE ESPACIAL deriva de estudos
linguísticos a partir de uma nítida filiação gramatical. Sintaxe é parte da
gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no
discurso, bem como a relação lógica das frases entre si. A maneira como forma
e espaço se configuram compreende uma linguagem, e como qualquer
linguagem, possui uma sintaxe. A sintaxe é entendida, portanto, como o
conjunto de princípios ordenadores da linguagem.
Uma análise multidisciplinar é possível por meio da sintaxe, segundo Rafael
Pereira a estrutura espacial das cidades pode ser descrita como Configurações
Urbanas e compreende um conjunto de barreiras e permeabilidades na
estrutura física dos espaços (PEREIRA et all, 2001). Pesquisas que abordam a
teoria levam à análise da estrutura social, que é inerentemente espacial e a
configuração espacial do espaço habitado tem uma lógica social (BAFNA,
2003).
Segundo Hillier (2001, p. 02.2), se nós colocarmos um objeto aqui ou ali (se
uma praça for aqui ou ali) dentro de um sistema espacial, então certas
consequências previsíveis afetarão a configuração espacial do ambiente.
Neste método, a primeira etapa consiste na representação gráfica do
espaço construído a ser estudado. Após o desenho, segue-se a análise, obtida
por meio de aplicativos específicos que calculam matematicamente atributos
52
numéricos para cada elemento do sistema, considerando as conexões
existentes na trama espacial a partir da ideia de configuração. em seguida são
acrescidos para análise os dados empíricos observados ou coletados,
permitindo que sejam correlacionados os índices matemáticos encontrados
(topológicos) com variáveis diversas.
Como qualquer abordagem, a sintaxe espacial é uma simplificação da
realidade (portanto é passível de críticas e observações).
Apesar de ter trazido um avanço evidente, a teoria tem levantado algumas
polêmicas, por ser uma abordagem que aparece com destaque no limitado
cenário teórico dos estudos da área urbana. Segundo Vinicius de Moraes
Netto, abordagens concorrentes e detratores apontando limitações de sua
epistemologia ou acusando de excesso de formalização ou ainda de redução
geométrica, de sua capacidade de representar a cidade, sua morfologia e
transformações, do modo parcial como captura a complexidade do mundo
social (NETTO, 2013).
Poucas abordagens socioespaciais têm sido tão polêmicas e despertado
reações tão distintas dos estudiosos da cidade quanto a sintaxe espacial.
Reações variam em um leque envolvendo ora aceitação quase religiosa entre
seguidores, ora rejeição a priori como versão de uma visão positivista do
socioespacial, ora absorção silenciosa de suas principais ideias e aspectos de
seus métodos. (NETTO, 2013). Já para o professor Valério A. S. de Medeiros
(MEDEIROS, 2006), a despeito das críticas, o uso da sintaxe espacial para
estudos de configuração urbana é crescente por possibilitar uma análise
quantitativa de um aspecto ignorado ou apenas explorado descritivamente.
Segundo RATTI e RICHENS (2004, p. 297), “A sintaxe permanece sendo a
única teoria que fornece técnicas para a investigação da configuração urbana”.
A Sintaxe Espacial inclui definições por si só complexas: espaço e
metodologias para sua inserção em processos de transformação urbana como
expressão de dinâmicas sociais terão que ser citadas. Entre as possibilidades
de estudar o objeto existem métodos distintos, que irão privilegiar uma visão
através das dimensões práticas e experienciais e aqueles que levarão para
aspectos relacionais do espaço como estrutura e sua natureza física. A sintaxe
vai trilhar por um caminho das ciências exatas, embora apenas se utilize
53
destas, sem pretender ser uma física aplicada ou uma matemática do espaço
(NETTO, 2013).
São três as ferramentas indicadas para estudos configuracionais:
ESPAÇOS CONVEXOS
ISOVISTAS
AXIALIDADE
O espaço urbano é entendido como um sistema complexo de barreiras e
permeabilidades, tal como se observa na figura abaixo, que formam padrões
nos quais relações de proximidade, separação, circunscrição e continuidade
são categorias principais utilizadas.
Figura 14. Barreiras e permeabilidades.
Fonte: adaptado de Saboya/Urbanidades 2015.
Os obstáculos, como edificações, são barreiras dispostas sobre o espaço
vazio contínuo, gerando ilhas que restringem a livre movimentação e
visualização do todo.
A seleção de atributos é feita com objetivo de relacionar formas urbanas
com sua estrutura social. A sociedade é representada por sistemas de
encontros desenvolvidos nos padrões espaciais e materializados por funções
sociais (SPACE SYNTAX, 2015).
54
O território deve ser entendido como um espaço vazio contínuo. As
edificações são obstáculos, barreiras dispostas sobre este contínuo, gerando
ilhas que restringem a livre movimentação e visualização do todo.
Bill Hillier denominou de “Comunidade Virtual” o campo de encontros
sociais prováveis, mesmo que não realizados no espaço urbano:
“A forma espacial cria campos de encontros prováveis –
ainda que nem todos possíveis – dentro do qual vivemos e nos
movimentamos, levando ou não à interação social, tal campo é,
em si próprio um importante recurso sociológico e psicológico.
Procurarei demonstrar que tal campo tem estrutura definida,
assim como propriedades de densidade e rarefação. Ele existe
ainda que seja latente e irrealizado, é produto do desenho
espacial. Chamá-lo-ei de Comunidade Virtual” (HILLIER, 1989).
O espaço influenciando e sendo influenciado pela dinâmica social: na
figura 15 temos a imagem desenhada do espaço público à beira-mar. Elemento
que apresenta diferenças simbólicas, morfológicas e funcionais, construídas
através da história da cidade em um contexto social e político, objeto de estudo
desta pesquisa. Na construção destes ambientes interferem motivações nem
sempre reveladas à população, que não é chamada para se manifestar sobre
suas demandas nos espaços públicos, projetados para atender o consumo do
turismo.
55
Figura 15. Calçadão da Avenida Atlântica - Balneário Camboriú SC.
Fonte: croquis do autor.
2.7.1. Conceitos básicos da Sintaxe Espacial
Linhas axiais
Linhas axais são as maiores linhas retas capazes de cobrir todo o sistema de
espaços abertos de um determinado recorte urbano (HILLIER; HANSON,
1984). O mapa axial é feito pelo encontro de linhas axiais desenhadas sobre o
sistema viário da base cartográfica da cidade estudada, atravessando todo o
espaço convexo e conectando-se umas às outras. A conectividade de cada
linha é dada pelo número de linhas que a intercepta.
Integração
56
É a medida da profundidade de uma linha axial, principal medida da análise
sintática, muito útil na previsão de fluxos de pedestres e veículos e no
entendimento da lógica de localização de usos urbanos e dos encontros
sociais. De acordo com Adriana Dantas Nogueira (NOGUEIRA, 2007), a
integração global mede a profundidade existente de uma linha para as outras
do sistema, e assim, áreas nas quais se obtém como resultado integração
maior terão maior probabilidade de movimento e de encontros entre habitantes
e visitantes.
O conceito de “profundo” vai considerar a distância topográfica e não a
distância medida em metros. Linhas mais “rasas”, mais próximas das outras
linhas do sistema, são linhas mais integradas, ao passo que linhas mais
distantes são consideradas “segregadas”.
A fórmula para obter a profundidade média de uma linha axial (MD) é
obtida pela somatória das profundidades de todas as linhas em relação a ela e
dividida pelo número total de linhas, menos um:
MDi = Profundidade média do espaço i;
dij = Profundidade da linha j em relação à linha i;
k = Número total de espaços do sistema.
A partir da profundidade média é calculada a integração de cada uma das
linhas axiais. Linhas com valores acima de 1,67 são consideradas altamente
integradas, enquanto que os valores abaixo de 1 são consideradas
segregadas. No mapa da axialidade apresentado neste capítulo, as linhas
vermelhas e laranjas apresentam valores de integração global maiores do que
as verdes e azuis. A integração é calculada considerando a relação de cada
elemento do sistema com todos os outros. A axialidade total da malha de
Balneário Camboriú. Através do mapa, buscou-se entender os diferentes
padrões morfológicos da malha urbana da cidade e como a área pesquisada se
insere neste todo. Para realizar o cálculo das medidas de Sintaxe foi utilizado o
software desenvolvido por Lucas Figueiredo (2012): Mindwalk; Axwoman v.4.0
(extensão para o ArcGIS).
57
Escolha
A escolha refere-se à frequência com que cada elemento do sistema
comparece nos caminhos mínimos entre todos os pares do sistema. Os
elementos que aparecem mais vezes nos caminhos são marcados com linha
grossa e indicam os elementos de maiores valores de escolha.
Quando as referidas medidas são calculadas considerando as relações
globais, compreendendo todo o sistema, chamam-se Integração Global e
Escolha Global.
Integração Local
A integração local ou de raio limitado, difere-se da integração global pela
profundidade média, obtida apenas para as linhas localizadas dentro de um
determinado limite de passos topológicos.
Desta forma, é adequada para analisar centralidades locais, identificando
áreas com potencial para funcionar como estruturadoras de centralidades de
bairros.
Tabela 2. Praças selecionadas e faixas de integração global
Praça
Faixa de Integração Global
Período matutino
Período Vespertino
Período noturno
Escala de quantidade de pessoas nas praças
1 Praça Almirante Tamandaré 9,9,9,10
2 Praça Higino João Pio 8,8,8,9
3 Praça da Bíblia 8,8,8,9
4 Praça Kurt Amann 9,9,9,9
Fonte: elaborado pelo autor
58
2.8. ESTUDO DE CASO
O estudo de caso se caracteriza como um tipo de pesquisa empírica cujo
objetivo é analisar um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida
real, “especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não
estão claramente definidos” (YIN, 2001 p.32).
Para responder a questões “como” ou “porque”, o estudo trata de forma
explicativa o processo que ocorre ao longo do tempo, mais do que apenas
alguma incidência ou a frequência.
O propósito fundamental da utilização do estudo de caso nesta pesquisa é
analisar intensivamente o fenômeno complexo da apropriação dos espaços
públicos das praças na área central de Balneário Camboriú, razão pela qual o
estudo de caso pareceu apropriado, pois permite a interdisciplinaridade
necessária aplicada à cidade e seus logradouros.
A intenção nesta proposta era uma análise holística, com abordagem que
prioriza o entendimento integral do caso das praças, e não apenas a visão dos
componentes tomados isoladamente. Evidenciam-se as vantagens deste
método com a flexibilidade e a multiplicidade de dimensões de um problema,
focalizando-o por inteiro e apresentando com simplicidade, porém permitindo
uma análise em profundidade dos processos e relações entre os elementos.
O estudo de caso se caracteriza como um tipo de pesquisa empírica cujo
objetivo é analisar um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida
real, “especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não
estão claramente definidos” (YIN, 2001 p.32).
Para responder a questões “como” ou “porque”, o estudo trata de forma
explicativa o processo que ocorre ao longo do tempo, mais do que apenas
alguma incidência ou a frequência.
O propósito fundamental da utilização do estudo de caso nesta pesquisa é
analisar intensivamente o fenômeno complexo da apropriação dos espaços
públicos das praças na área central de Balneário Camboriú, razão pela qual o
estudo de caso pareceu apropriado, pois permite a interdisciplinaridade
necessária aplicada à cidade e seus logradouros.
59
Como estratégia de pesquisa, algumas vantagens importantes podem estar
contidas neste método, no qual o pesquisador pode adaptar seus instrumentos
de coleta de dados às especificações, de acordo com as situações
encontradas, modificar a abordagem para explorar elementos não previstos no
início do trabalho, como no caso das versões levantadas nas entrevistas desta
pesquisa.
A intenção nesta proposta era uma análise holística, com abordagem que
prioriza o entendimento integral do caso das praças, e não apenas a visão dos
componentes tomados isoladamente. Evidenciam-se as vantagens deste
método com a flexibilidade e a multiplicidade de dimensões de um problema,
focalizando-o por inteiro e apresentando com simplicidade, porém permitindo
uma análise em profundidade dos processos e relações entre os elementos.
Algumas fases do desenvolvimento de um estudo de caso foram adotadas
nesta pesquisa, conforme sugerido nos Cadernos de Ensino da Universidade
do Vale do Itajaí (2011, p. 113).
I - Fase Exploratória
- Nesta fase é realizado um exame da bibliografia pertinente. Os autores
que publicaram sobre processo político-histórico, espaços públicos, praças,
Balneário Camboriú e turismo são fontes para este trabalho.
- Observações não-participantes nos objetos de pesquisa, com anotações
sistemáticas sobre o fenômeno, coletando dados sobre a frequência (não
quantitativa), tipo de uso e perfil de usuários.
- Depoimentos de especialistas e pessoas que tem ou tiveram participação
na criação dos espaços pesquisados.
- Coleta de dados através de fontes documentais nos arquivos históricos
públicos e particulares.
- Contatos com pessoas ligadas ao fenômeno estudado.
60
- Experiência pessoal do pesquisador, contando com a memória das
vivências no período e local descritos na pesquisa.
II – Fase de delimitação do estudo e coleta de dados.
- Detalhamento das proposições do estudo. Busca pelas evidências, com
base nas questões teóricas. O processo político-histórico e o desenvolvimento
da atividade turística de Balneário Camboriú.
- Delimitação dos espaços públicos e do período pesquisado, fixando na
data de 1974 até 2013 e nos espaços públicos da área central da cidade,
abarcando três praças públicas.
- Construção de um banco de dados, encadeamento de evidências,
constituindo em ligações explícitas entre as proposições feitas, conforme
sugere Yin (2001, p.105).
III – Análise das evidências.
- A estratégia analítica adotada diz respeito ao desenvolvimento da
descrição do caso. Baseado nas proposições teóricas iniciais é possível
estabelecer critérios de análise e possíveis interpretações. A Dialética Sócio-
Espacial irá auxiliar na análise dos espaços para estabelecer as relações da
história dos espaços públicos com a atividade turística.
- Ainda como procedimento metodológico de análise, a descrição do caso
dentro de uma estrutura organizada e sistematizada para relatar o caso:
relatório do estudo de caso.
61
2.9. ATRIBUTOS ESPACIAIS
Para a análise das praças na área central de Balneário Camboriú, efetuou-
se um levantamento prévio das praças públicas de balneário Camboriú para
proceder a uma seleção dos espaços analisados, tendo sido adotado o critério
das características semelhantes, neste caso os espaços públicos da área
central da cidade. Esta área, embora não possua uma identificação clara como
“centro” urbano, alguns indicativos permitem apontar um território ocupado por
concentração de comércio, serviços e pontos de interesse com uso intensivo
do solo: trata-se da área da cidade com maior concentração de atividades
econômicas, sobretudo do setor terciário. É ai que se encontram os mais
elevados preços da terra, justificando-se assim a intensidade do uso do solo.
Algumas características são importantes:
• Ampla escala vertical: a presença de edifícios altos, juntos uns aos
outros, viabilizam as ligações interpessoais vinculadas às atividades diárias;
baixo gabarito, tendo os edifícios pequenos substituídos pelos maiores;
• Limitada escala horizontal: o núcleo central é limitado em termos de
extensão, sendo possível de ser percorrido a pé;
• Focos de transporte intraurbanos: é o ponto de convergência do tráfego
urbano;
• Área de decisões: no núcleo central localizam-se as sedes de
instituições públicas, religiosas e comerciais.
Para o objeto de análise deste trabalho, as praças da área central de
Balneário Camboriú, somam-se às características de centro geométrico do
território, ou seja, existe uma posição de centro geográfico onde o crescimento
é mais observado.
O presente trabalho utiliza esses fatores para compreender a apropriação
das praças centrais de Balneário Camboriú que serão estudadas e analisadas
considerando-se algumas variáveis, conforme Jane Jacobs (JACOBS, 2012) e
adaptado para este trabalho:
62
. LEGIBILIDADE: refere-se à facilidade de compreensão da estrutura das
praças estudadas. Uma cidade legível seria aquela cujos bairros, marcos ou
vias fossem facilmente reconhecíveis e agrupados num modelo geral “Um
cenário físico vivo e integrado, capaz de produzir uma imagem bem definida,
desempenha também uma função social”. (LYNCH, 2011, p.3).
. VERSATILIDADE/DIVERSIDADE DE USOS: trata-se de como os espaços
públicos devem estar relacionados com a configuração dos elementos
edificados de forma tal que se possibilite a realização de atividades diversas.
. ATIVIDADES NO LOCAL: é a maneira como os espaços são interpretados
pelos indivíduos a partir da visualização de elementos que compõem a
orientação espacial.
. RIQUEZA PERCEPTIVA: está ligada às percepções sensoriais dos usuários e
leva em conta não somente a percepção visual, por ser a mais relevante, mas
o conjunto de outros sentidos.
. CONDIÇÕES DE SEGURANÇA: refere-se sobremaneira à forma com que os
indivíduos se apropriam dos espaços e como conferem algum significado de
ordem social.
2.10. ENTREVISTAS
Foram feitas oito entrevistas para esta dissertação durante o ano de 2015,
para melhor compreensão foram selecionadas três dessas, que se
63
apresentaram com conteúdo importante para o trabalho. As demais apenas
corroboram com estas três e não apresentaram conteúdo aproveitável para o
fim proposto nesta pesquisa.
ENTREVISTA I. Entrevista do Secretário de Estado Sr. Gilberto Antônio Gadotti
ao autor desta pesquisa:
Pergunta: As praças da área central de Balneário Camboriú têm alguma
relevância na atividade turística da cidade?
Resposta:
As praças têm sim muita importância no contexto turístico da cidade,
porém a sua pouca utilização tem alguns fatores para considerar:
Temos uma rotatividade muito grande de moradores – segundo uma
pesquisa recente da Santur (Santa Catarina Turismo S/A) 43% da população
de Balneário Camboriú não reside mais do que 6 anos no município. As
pessoas não ficam por muito tempo na cidade. Como não formam muitos
vínculos, também não se apropriam do lugar.
Os moradores fixos têm muitas restrições aos usos dos espaços públicos –
aturam o barulho durante a temporada de verão, que parece inevitável, mas
não desejam grandes fluxos nas praças durante o ano, por temerem ser
incomodados.
O setor hoteleiro é responsável diretamente por um turismo de massa que
caracterizou desde o início a atividade deste segmento, assim como uma
ausência nas iniciativas do poder público local, ou seja, não participa do
processo de desenvolvimento se isto representar algum custo.
Os turistas que hoje frequentam a cidade, o fazem por um tempo menor do
que acontecia há algumas décadas. Balneário Camboriú se tornou centro
emissor para outros destinos, o que ocasiona uma redução significativa no
tempo de permanência nos espaços públicos fora da praia ou atrações
maiores.
Com este panorama desfavorável para as praças públicas, dificilmente um
espaço assim teria investimentos em infraestrutura para o turismo. No entanto
podemos observar a necessidade destes lugares para a população local, e até
mesmo visitantes ou turistas, quando uma pequena área do território está
64
provida de equipamento e atrativos: fora desta faixa da orla os espaços
públicos com equipamentos de ginástica ao ar livre, de jogos e playground
estão sistematicamente sendo utilizados. É a prova de que são importantes,
necessários, mas precisam ser adequadamente mobiliados e mantidos.
Gilberto Antônio Gadotti. Secretário de Estado do Desenvolvimento
Regional SC. Gerente Regional da Fatma. Chefe de gabinete do Governador
do Estado SC. Secretário de Turismo de Balneário Camboriú SC. Diretor de
Planejamento e Pesquisa da Secretaria de Turismo.
Entrevista concedida em 24/03/2015
ENTREVISTA II. Entrevista com o ex-prefeito de Balneário Camboriú Sr. Álvaro
Antônio da Silva. Prefeito de Balneário Camboriú de 04/03/1969 a 02/10/1969.
Pergunta: Ex-prefeito Álvaro Silva, o senhor poderia nos relatar a história
do primeiro projeto de desenvolvimento de Balneário Camboriú?
Certamente. No pleito de outubro de 1965, Higino João Pio assumiu o
poder executivo como primeiro Prefeito eleito pelo povo, em sessão solene de
posse na sede do Camboriú Country Clube, onde simultaneamente, foi
instalado o primeiro período do poder legislativo municipal.
Com a morte do Pio (ex-prefeito Higino João Pio, morto pela ditadura
militar em março de 1969) assumimos o mandato interinamente, pois não havia
a figura do vice-prefeito na época, como presidente da Câmara Municipal me
coube essa função.
O Legislativo constitui uma Comissão Especial para pedir ao Governador
do Estado de Santa Catarina, que apresentasse ao Presidente da República o
meu nome, para continuar a administração dinâmica e eficiente iniciada em 4
de março de 1969, quando eleito pela Câmara em virtude do falecimento do
titular.
Neste período fizemos um projeto, baseado nos estudos iniciados na
gestão do Pio, onde propusemos algumas intervenções urbanas para atender
ao crescimento da cidade e preparar o território que já vinha sendo ocupado
rapidamente, por causa do fluxo turístico.
65
Uma das características mais importantes daquele projeto, a preservação
das lagoas na área central de Balneário Camboriú, pretendia criar uma atração
utilizando os recursos da natureza. Estas riquezas naturais que jamais
deveriam ser modificadas, muito menos eliminadas, como fizeram as
administrações que nos sucederam. Em Miami, Estados Unidos, a paisagem
com lagoas naturais é um atrativo vendido para o mundo! South Beach tem
milhares de visitantes que vão ver as belas casas na beira das lagoas, pedalar
nas ciclovias e usufruir de toda esta beleza. Poderíamos ter algo assim aqui,
não fosse a mente estreita de alguns que preferiram aterrar o lugar, enterrando
definitivamente um patrimônio público inestimável.
Não só pelo valor como atração, compondo uma paisagem infinitamente
mais atraente do que as edificações concentradas na área central, mas como
recurso ambiental para manutenção de um bioma existente e que é necessário
para a vida do lugar. O que temos agora é uma área toda em risco constante.
Muitas vezes tivemos erosões nas vias públicas, como Avenida Brasil e
Avenida Alvin Bauer, com desmoronamento das calçadas e até parte das
próprias vias.
Nós pretendíamos uma prática do turismo melhor do que este turismo de
massa que caracteriza a atividade hoje em Balneário Camboriú. A cidade
deveria estar equipada com atrações construídas e naturais, visando a
sustentabilidade e não os ganhos somente, como tem sido feito. Com respeito
ao meio ambiente teríamos garantido o patrimônio por gerações!
Nota do autor: Para completar o mandato de Higino Pio, o presidente da
República Federativa do Brasil Arthur da Costa e Silva, nomeou Egon Alberto
Stein como Interventor Federal no município de Balneário de Camboriú, através
do Decreto Nº 64.868, de 24 de Julho de 1969, afastando o representante
legítimo, eleito pelo voto popular e democrático no pleito de outubro de 1965.
Sete vereadores foram eleitos, Álvaro Antônio da Silva elegeu-se entre os 14
candidatos, que disputaram os votos de 1800 eleitores. A sessão preparatória
para posse e eleição da mesa diretora, da 1ª Legislatura da Câmara de
Vereadores, foi realizada na sala de sessões da prefeitura, no dia 15 de
novembro de 1965.
66
ENTREVISTAIII. ENGENHEIRO JORGE OTÁVIO CACHEL.
Engenheiro Civil, J. O. Cachel foi secretário de obras da PMBC na gestão do
Prefeito G. Meirinho, vereador por quatro vezes e presidente da câmara
municipal de Balneário Camboriú.
. Pergunta: Qual foi a sua participação na implantação da Avenida
Atlântica e posteriormente da Praça Almirante Tamandaré?
. Resposta: eu cheguei aqui em 1974 e o sr. Meirinho já era prefeito desde
1973, portanto, as obras já estavam iniciadas. Havia o decreto nº 707 de 17 de
fevereiro de 1974 que determinava uma faixa de areia de 6 metros de largura,
na orla da praia considerada como área de domínio útil, de utilidade pública.
Era preciso um embasamento legal para a implantação da Avenida Atlântica.
Para que a abertura fosse realizada, era necessário a desapropriação de
muitos imóveis e terrenos particulares e praticamente todos os proprietários se
mostraram contrários.
Ainda assim, os muros e casas foram derrubados , ato que para muitos foi
considerado como uma violência. O sr. Meirinho foi acusado de despotismo, de
violento e desrespeitoso. Levou bastante tempo para compreenderem suas
razões, para entenderem que aquilo era necessário e alguns até retiraram as
queixas que haviam sido feitas na justiça.
A verdade é que o sr. Meirinho pensou no futuro da cidade, ele respeitou não o
patrimônio privado, mas deu prioridade ao patrimônio coletivo, da humanidade.
. Pergunta: E com relação á Praça Almirante Tamandaré?
. Resposta: Eu não participei diretamente do episódio envolvendo a
Construtora. Como já falei, eu ainda não morava aqui. Quando cheguei as
estacas já estavam cravadas. Eu participei depois. Era vontade do prefeito
fazer a Praça, mas tinha os poderosos que se intitulavam donos de tal região.
Na época tinha um calceteiro, o Cândido, leal ao prefeito, pegava forte no
martelo. Então o sr. Meirinho, para segurar a Praça Almirante Tamandaré das
investidas dos poderosos, mandou o Cândido calçar, nem botou meio fio. Foi
67
botando meio-fio e calçando atrás, em redor. Dobrava ali onde hoje está o
Hotel Mercury, fazia a volta contornando e saía de novo na Avenida Atlântica.
Um juiz mandou um oficial de justiça lá, mas nós passamos por trás, da forma
como está até hoje. É a coisa mais ridícula do mundo, mas ficou assim. Era
para firmar posição e preservar o patrimônio da Prefeitura e era para ser
consertado depois, mas ficou.
.Pergunta: Aquele contorno em volta da Praça?
. Resposta: É. Foi feito na ocasião só para proteger a área que fica de frente
para quatro ruas. Foi uma emergência e tava chegando a temporada e o sr.
Meirinho queria deixar tudo pronto. Aí começou o calçamento. De novo o oficial
de justiça foi lá tentar impedir. Ameaçou o Cândido com prisão, que rebateu:
“Então manda o patrão vir prá cá....Só paro se o patrão mandar”. E eu fui como
engenheiro da obra. Me neguei a assinar e mandei tocar a obra. Aí saiu uma
ordem de prisão, por eu ter desobedecido e o Cândido continuou trabalhando.
Quando o Prefeito soube, para chamar a atenção, tomou uma atitude extrema,
porque a briga era com o juiz. Ameaçou parar a cidade. “vamos parar a cidade
para chamar a atenção das autoridades, porque eu quero abrir a rua e o meu
poder aqui de prefeito, de postura (não posso usar) e o judiciário está querendo
impedir”...
Aí os caminhões saíram, mas encheram de terra toda a Avenida Atlântica.
Montanhas de terra para não passar ninguém. Fechou a Avenida Atlântica,
fechou tudo.
. Pergunta: Fecharam tudo?
. Resposta: Fechamos toda a Avenida Atlântica. Aí veio autoridade, veio o
Estado, veio polícia. “Só abro se a obra continuar, respondeu o Meirinho.
Senão vai ficar fechada”.
A temporada estava vindo, os hoteleiros tinham que faturar. Fechou, fechou e
estava fechada.
Esse foi o primeiro embate do judiciário com a Justiça. O outro foi com o
famoso Country Club, que era um prédio na praça. Ia ser um prédio de vinte
andares mas a obra já estava embargada e o contorno em volta já estava feito.
Aí a construtora entrou na Justiça e foi onde teve a participação da Marinha
68
que já tinha feito de tudo para evitar a construção do prédio, porque o local era
de terras da Marinha e inclusive já era chamada de Praça Almirante
Tamandaré. Assim ficava mais fácil a marinha dar preferência ao público do
que ao particular.
A obra foi então embargada pelo Patrimônio da União que foi processado
juntamente com o sr. Meirinho e com a Prefeitura. Mas o Prefeito nunca cedeu
e com a ajuda da Marinha a confusão terminou, porque a Marinha mostrou
garra e ficou tudo certo.
3. ANÁLISE
3.1. PADRÕES ESPACIAIS E APROPRIAÇÃO NAS PRAÇAS.
3.1.1. Aplicação da Teoria da Sintaxe Espacial.
A Teoria da Sintaxe Espacial procura entender o funcionamento da relação
entre a configuração do espaço de cidades e as relações sociais que as
envolvem, em especial os fluxos e movimentos. Em se tratando de relações
sociais, no caso específico proposto, está sendo analisada a atividade turística,
e o envolvimento no processo histórico da cidade, aqui entendida como parte
importante da vida social de Balneário Camboriú.
A cidade possui uma população de 108.089 habitantes (IBGE, 2010), e na
temporada de verão atinge quase 1.000.000 de visitantes (SANTUR, 2012). A
parcela de moradores fixos é uma pequena porcentagem (cerca de 10% do
total de visitantes) e não têm o hábito de frequentar as praças da cidade,
conforme se revelou na pesquisa (anexos), por esses motivos os usuários das
praças encontrados durante a pesquisa são quase todos oriundos de outras
cidades. Esta condição fica mais evidente no verão, quando o volume de
usuários é muito maior, conforme gráficos da Tabela 3. A análise leva em
consideração as disparidades enormes entre a temporada de verão e o
restante do ano.
69
O estudo aqui apresentado foi desenvolvido através da construção de
mapas de linhas axiais, traçando-se o menor número de linhas possíveis nos
espaços abertos de uso coletivo, até que todas as ilhas espaciais estejam
completamente envolvidas. O gradiente do potencial do movimento e
possibilidades de encontros dos usuários fornece um mapa de axialidade,
descrevendo uma comunidade virtual (já abordada neste capítulo), apontando
a apropriação dos espaços das praças.
A análise da integração das linhas axiais destaca os espaços mais
facilmente acessíveis, mais integrados e de domínio global, para os visitantes e
para os turistas, assim como ressalta os que desestimulam o fluxo, ou seja, os
espaços mais segregados.
Quando Bill Hillier e Julienne Hanson escreveram “A lógica social do
espaço” argumentaram que a movimentação e os fluxos obedecem a uma
lógica tal que, qualquer deslocamento é realizado pelo menor percurso e a
configuração influi nesses fluxos.
A configuração gera condições de acessibilidade e dá origem a uma
diferenciação hierarquizada, conceitos de integração e segregação. Nesta
pesquisa pretende-se analisar os espaços públicos da área central de
Balneário Camboriú utilizando esta teoria.
Antes de selecionar os espaços públicos a serem analisados nesta
pesquisa, adotou-se um critério de seleção dos espaços que possuíssem
características de integração global semelhantes. Dentro destes parâmetros
encontraram-se os espaços públicos:
1. Praça Almirante Tamandaré.
2. Praça Higino João Pio.
3. Praça da Bíblia.
4. Praça Kurt Amann.
Para análise destes espaços serão utilizados os atributos descritos por
Gabriela de Souza Tenório (TENÓRIO, 2012), selecionando os que se
observam como muito importantes da utilização destes espaços, tais como:
70
Legibilidade, Versatilidade/Diversidade de usos, Atividades no local, Riqueza
perceptiva, Condições de segurança, já descritas anteriormente neste trabalho.
A proposta metodológica para este trabalho inclui a utilização de variáveis
e respectivas classificações em níveis de apropriação, conforme o volume de
pessoas encontradas no espaço pesquisado. O registro da verificação in loco
se faz quantitativamente, anotando o intervalo em valor numérico para a
amostra populacional.
Nesta avaliação ficam evidenciados os espaços com classificação numérica
maior como aqueles cuja apropriação é mais favorável. Para avaliação da
atividade turística nos espaços públicos, tomaram-se como referência as
variáveis que analisam o perfil de usuário com relação à utilização/apropriação.
A avaliação do espaço público, as variáveis dizem respeito aos atributos
globais e locais. Nos atributos globais as variáveis referem-se à quantidade e
dimensões dos espaços livres, mobilidade e usos, além da medida sintática da
integração global. Já para os atributos locais, as variáveis referem-se às
dimensões econômicas, bioclimáticas, funcionais e sociais (TENÓRIO, 2012).
71
Figura 16. Mapa da axialidade de Balneário Camboriú
Fonte: Adaptado de SKAELEE, 2009.
72
Figura 17. Mapa da axialidade da área central de Balneário Camboriú.
Fonte: Adaptado de SKAELEE, 2009.
A presença das praças em um mapa axial não está representada por um
único elemento específico, mas aparece como um complexo de linhas
convergentes nesse espaço. As Praças Almirante Tamandaré e Praça Kurt
Amann estão bastante integradas por suas localizações na orla, em espaços
abertos para a Avenida e para a faixa de areia da praia central, com acessos
73
facilitados por passarelas elevadas na Avenida. As áreas de maior fluxo de
movimento correspondem às vias mais integradas do sistema viário, reforçando
localmente os atributos propícios a uma apropriação dos espaços públicos.
A distribuição dos valores de integração vindos da análise configuracional
do mapa axial demonstra que algumas linhas urbanas convergentes nas
praças são incluídas no núcleo de integração do assentamento, ou seja, o
sistema todo está bem integrado, mais de uma linha convergente na praça está
diretamente ligada com as linhas mais integradas de todo o sistema; o que
representa um indicativo da vitalidade urbana.
Os espaços mais segregados no mapa axial estão localizados nas
extremidades do território, coincidindo com as áreas de topografia mais
acidentada e regiões de expansão recente. O núcleo integrador fica localizado
nas avenidas paralelas à praia, como Avenida Atlântica, Avenida Brasil e 3ª
Avenida. As praças pesquisadas fazem parte da porção do território com alta
densidade construída, fazendo com que os espaços públicos estejam dispostos
como vazios na massa edificada, porém com portais propícios para
apropriação.
Para o levantamento e avaliação da vida social, aqui entendida como
atividade turística nos espaços das praças, alguns critérios foram adotados
para que a coleta de dados propiciasse uma análise comparativa entre os
espaços, com condições idênticas de período, horários, condições
meteorológicas e sem eventos especiais. Por serem espaços abertos, sem
cobertura de proteção, as intempéries poderiam modificar as medições, foram
escolhidos os dias secos e sem chuvas, sendo três dias em outubro de 2015,
dias 12, 13 e 14/10/2015 e três dias em janeiro de 2016, dias 11, 12 e
13/01/2016.
Os horários escolhidos foram 10, 12, 16, 20 e 22 horas, onde a frequência
é significativa na maioria dos casos, que por observação prévia, foi possível
detectarem os fluxos de usuários nas praças. Com duração de 10 minutos cada
medição, para estas medições foram levados em conta apenas os que
realmente utilizavam os espaços, não sendo contabilizados os passantes,
servidores públicos e agentes de segurança, pois o objetivo do trabalho é
analisar a frequência de visitantes ou turistas. Na tabela 3 abaixo está expresso
em gráfico a apropriação nas horas e dias pesquisados.
74
Tabela 3. Apropriação nas Praças da área central de Balneário Camboriú
PLANILHA 1
PLANILHA 2
Praça Almirante Tamandaré
12/13/14/10//2015
Praça Almirante Tamandaré
11/12/13/01//2016
75
PLANILHA 3
PLANILHA 4
Praça Higino João Pio
11/12/13/01//2016
76
PLANILHA 5
PLANILHA 6
Praça da Bíblia
12/13/14/10//2015
Praça da Bíblia
11/12/13/01/2016
77
PLANILHA 7
PLANILHA 8
Fonte: Elaboração do autor.
Praça Kurt Amann
12/13/14/10//2015
78
Fonte: elaborado pelo autor.
79
Tabela 5. Média das apropriações das praças centrais de BC.
Fonte: elaboração do autor
As Praças Higino João Pio e Praça da Bíblia têm localização próxima uma
da outra, possuindo um contexto semelhante de espaços enclausurados, como
vazios na massa edificada, porém com muitos “portais” de acesso e tangentes
às avenidas centrais. A integração destes espaços se apresenta como de
menor valor, mas com atributos para uma apropriação cotidiana para o turismo
e população local. O contexto das praças Tamandaré e Kurt Amann, no
entanto, é diferente das primeiras, pois se situam na orla, beneficiando-se do
atrativo maior da cidade, que é a praia. Em consequência desta localização,
têm um número alto de visitantes durante a temporada de verão e em eventos.
Os espaços públicos das praças de Balneário Camboriú são resultado de
um processo histórico cumulativo, decorrente da ocupação desordenada, onde
os interesses privados e máximo aproveitamento do território para lucro
imobiliário. Mais do que projetos de áreas de lazer, estão mais próximos de
aproveitamentos de parcelas sobrantes do sistema viário, utilizados como
atrativos para turistas e moradores locais. É possível observar pelos gráficos
apresentados na Tabela 3, que a apropriação acontece no período de
temporada de verão, atingindo patamares altos e constantes. Porém, nos
80
meses restantes do ano, a frequência é muito baixa, revelando o pouco
interesse da população local pelas praças, na forma em que estão atualmente.
A exploração turística constituiu o fator determinante das transformações
que Balneário Camboriú sofreu desde a década de 70, com a atividade
econômica aquecida pelo turismo e também por fatores de infraestrutura, como
a BR 101, integrando geograficamente a região e a implantação das principais
vias da cidade. Estas modificações na estrutura urbana impõe um novo modelo
de reprodução espacial, definindo-se uma urbanização turística.
A urbanização imprime uma lógica própria no cotidiano, condição que se
associa à criação da vida e é transformada por ela. Embora o turista esteja em
trânsito, colabora com a definição da vida local, ampliando as transformações
e, sendo acolhido estabelece a hospitalidade. “O espaço não pode ser reduzido
a uma localização ou às relações sociais da posse de propriedade – ele
representa uma multiplicidade de preocupações sociomateriais” (LEFEBVRE,
1991).
A atividade turística tem uma base espacial para seu desenvolvimento,
sendo uma estrutura apontada pela análise sintática como positiva e propícia
ao desenvolvimento, incentivador das relações entre grupos sociais e que
poderia utilizar-se de sua memória histórica para oferecer conhecimento aos
visitantes e turistas, além do lazer que já dispõe.
A seguir se apresentam os atributos locais de cada uma das praças,
atribuindo valores, de acordo com o número de elementos encontrados
referentes a cada atributo.
3.1.2. Praça Almirante Tamandaré
A praça está localizada no centro geométrico e geográfico da praia central
de Balneário Camboriú, e é um “marco” (LYNCH, 2011), referência da cidade,
auxiliando na leitura do tecido urbano. Na última revisão estética e funcional em
2013, adotou-se o espaço cívico como conceito, o espaço vazio, livre para
eventos, porém com ênfase na circulação e lazer passivo. O conceito de
espaço livre desenvolve-se como ordenamento espacial produzindo a
dissolução da praça tradicional, como menciona Junia Caldeira (2007, p.8). A
81
questão formal é predominante, pois existe um grafismo, que se observa
apenas do alto, orientando o fluxo. Possui poucos equipamentos, o que tem
permitido a apropriação para a prática de skate, assim como manifestações
públicas de toda ordem.
Figura 18. Praça Almirante Tamandaré
Fonte: Registro do autor
Legibilidade.
Existe uma facilidade de compreensão da estrutura deste espaço, pois o
olhar abrange toda extensão, independente do ponto que se posicione, é
possível enxergar toda praça. Tem uma configuração muito simples e
geométrica, com pouco mobiliário urbano. Possui um cenário de vazio urbano,
com alguns elementos de uso nas bordas, liberando o centro para
manifestações. “é capaz de produzir uma imagem bem definida, desempenha
também uma função social” (LYNCH, 2011, p.3). É um lugar de referência, pela
localização central e por ter acessos facilitados, pela Avenida Atlântica, pela
praia ou pela Rua 51, ortogonal à praça.
Para utilizar uma medição de legibilidade, utilizou-se de uma revisão de
instrumento de avaliação de acessibilidade espacial (SOUZA, et al, 2014) e dos
exercícios de elaboração de indicadores de turismo (GRENOVER, 2007), onde
os componentes do espaço são pontuados pela existência de informação,
infraestrutura, iluminação urbana (auxilia na visualização), e imagem
considerada pelos visitantes.
82
Na avaliação no local, verificou-se que não há informação disponível sobre
a praça, o monumento não possui placa, a localização só é percebida pela
morfologia diferente do restante do calçadão da avenida. A infraestrutura de
praça está resumida em bancos e jardins ainda não formados pela vegetação
recém-plantada. A iluminação urbana é formada pelo sistema convencional de
ruas, auxiliado pelo da orla, com lâmpadas de vapor metálico e ainda doze
postes de iluminação mais baixa, especial para praça. A imagem considerada
pelos visitantes verificou-se positiva, pela pesquisa no local (anexos),
apontando uma aprovação, com respostas de desaprovação frequentes
apenas na população local.
Figura 19. Praça Almirante Tamandaré do alto
Fonte: Arquivo Histórico de BC.
83
Versatilidade / Diversidade de usos
A praça tem uma vocação bem definida: presta-se essencialmente para
eventos. Porém tem sido utilizada com frequência por skatistas e por alguns
idosos nos jogos de mesa. Já na faixa de areia há uma cancha de bocha
utilizada regularmente. Durante a temporada de verão costuma instalar-se um
comércio de pequenos objetos e comidas.
No mapa do Geoprocessamento, da Prefeitura Municipal de Balneário
Camboriú observa-se o uso do solo em torno da praça, com um raio de 200
metros de abrangência.
Figura 20. Área de avaliação do uso do solo.
Fonte: Geoprocessamento da PMBC
O local da praça é de alta densidade construída, com edifícios de gabaritos
livres, alguns com mais de 30 pavimentos. A maior parte das edificações tem
uso residencial, com exceções raras, tais como edifícios de garagem, hotéis,
edifícios mistos com escritórios e apartamentos.
84
Atividades no local
A Praça Tamandaré tem poucas atividades, compensadas pela localização
junto à praia, o que se constitui em atrativo suficiente para a permanência no
local de pessoas que usam a praça como ponto de encontro. Os skatistas
utilizam com frequência, por encontrarem ali um espaço amplo e pavimentado
para seu uso. Os idosos costumam utilizar para jogos de mesa, e há também
uma cancha de bocha na faixa de areia junto da praça. Durante a temporada
de verão, um comércio ambulante se instala na praça, vendendo pipoca,
cachorro-quente e outras variedades de comidas e bebidas. No entorno da
praça, separados pela avenida, o comércio de comidas e bebidas movimenta
um fluxo constante de turistas.
Riqueza perceptiva
A atratividade das vistas está garantida pela paisagem natural da praia,
sem barreiras que se interpõem, vista para o mar é a maior riqueza perceptiva.
Os jardins poderão vir a ser, quando as novas plantas se desenvolverem. No
sentido Norte – Sul, o calçadão da avenida garante um fluxo constante de
transeuntes junto da praça, o que se constitui em atrativo para muitos turistas.
Na face oeste, oposta ao mar, estão os edifícios altos, formando uma grande
barreira de concreto, o que produz muitas críticas à cidade, por ter permitido
uma massa de edificações muito próxima da praia. O monumento ao
homenageado Almirante Tamandaré está em ótima conservação, embora não
tenha nenhuma identificação no local.
Condições de segurança
Jacobs (2000) refere-se à segurança necessária para um espaço público,
como os “olhos da rua”, que é a situação onde se mantém uma quantidade de
pessoas presentes nas imediações. O contato visual que deve existir entre as
edificações e os espaços públicos. As janelas e portas voltadas para a praça
85
garantem certa segurança. Existem centenas de janelas voltadas para a praça,
e dezenas de portas de comércios. A praça tem portais em todas as direções,
sendo apenas a face oeste de acesso através da faixa de rolagem da Avenida
Atlântica, com travessia elevada, onde existem restrições ao pedestre.
Um posto de polícia militar nesta praça garante a segurança do lugar.
Figura 21. Portais da Praça Tamandaré
Fonte: elaborado pelo autor
86
3.1.3. Praça Higino João Pio
Figura 22. Praça Higino João Pio
Fonte: registro do autor
Legibilidade.
A Praça Higino João Pio tem características próprias, como o vazio
“escavado” entre edifícios altos. A praça fica enclausurada entre paredes, com
entrada e saída no sentido norte-sul, descortinando suas formas à medida em
que se adentra o ambiente, que oferece bancos, jardins e play-ground. É a
praça com menor apropriação durante o ano todo (Tabela 3). Porém sua
legibilidade está facilitada por equipamentos de praça, iluminação diferenciada
e pavimentação identificadora.
Versatilidade / Diversidade de usos
Com relação ao uso do espaço, tem comércio, feiras e residências em
grande quantidade, predominando os edifícios altos residenciais no entorno. No
raio de 200 metros da praça estão estabelecidos comércios variados e serviços
87
públicos. Na praça o uso mais frequente encontrado foi o lazer com animais de
estimação, ou seja, os passeios com cachorros e o uso do playground.
As feiras e exposições são frequentes neste lugar, o grande espaço
disponível e a localização central propiciam o uso para estas atividades.
Algumas atividades comerciais itinerantes também costumam ser instaladas
por tempo determinado nesta praça, tais como vendas de produtos artesanais
e tatuagens.
Figura 23. Área de avaliação do uso do solo.
Fonte: Geoprocessamento da PMBC
Atividades no local
As atividades mais frequentes na praça são os passeios com cães e uso do
playground. Na entrada norte da praça existem comércios de comida e bebida,
88
valendo-se da proximidade da Avenida Alvin Bauer, onde o fluxo de pessoas é
grande causado principalmente pelo Shopping Atlântico na quadra seguinte ao
norte e pela praia a uma quadra de distância ao leste.
Riqueza perceptiva
Os jardins da Praça Higino João Pio são os elementos mais percebidos,
seguidos pelo playground, que embora seja pequeno e com poucos
equipamentos, além do monumento em homenagem ao ex-prefeito que deu
nome à praça, são as riquezas percebidas no lugar.
Condições de segurança
A pequena frequência na praça e a distância longa das ruas adjacentes
conferem pouca segurança ao lugar. As janelas voltadas para ela também
estão relativamente distantes pra que se configurem como “olhos da rua”
(JACOBS, 2012). Uma galeria faz a ligação entre a Avenida Atlântica e a praia
por dentro do pavimento térreo do edifício. A galeria facilita o acesso, pois a
praça tem apenas duas vias que permitem chegar até o espaço público, pela
Avenida Alvin Bauer no lado norte e pela Rua 55, no lado sul. É um espaço
com pouca atividade noturna, os poucos estabelecimentos comerciais ficam na
extremidade norte e não permanecem em atividade durante o ano todo,
restringindo-se aos meses de temporada de verão.
89
Figura 24. Portais da praça Higino João Pio
Fonte: elaboração do autor
3.1.4. Praça da Bíblia
Figura 25. Praça da Bíblia
Fonte: registro do autor
Legibilidade.
De todas as praças pesquisadas a Praça da Bíblia é a que mais se
aproxima da descrição coletada nas pesquisas aqui realizadas (anexos) como
“praça ideal”. Contra ela pesa a sua localização ao lado do Shopping Atlântico
90
e a uma quadra da praia. Apesar dos equipamentos como coreto de praça,
feira de produtos artesanais, bancos, jardins, playground desmontável e duas
academias ao ar livre, a apropriação é baixa durante o ano todo, conforme se
observa na Tabela 5.
Esta praça é muito longa e estreita, fruto de uma área conquistada em
litígio, conforme já descrito neste trabalho, e por ser longa, estreita e curva não
se visualiza por inteiro de quase nenhum ponto de seu espaço.
Versatilidade / Diversidade de usos
A Praça da Bíblia ou Praça 20 de Julho, como é a denominação oficial, tem
uma grande diversidade de uso, pela proximidade do Shopping Atlântico, pela
extensão de quase meio quilômetro, assim como pelos acessos vicinais.
Como em toda área central da cidade, também aqui os edifícios
residenciais são a maioria da utilização do solo, e os pavimentos térreos são
destinados ao uso comercial. A praça possui muitos espaços lúdicos, como as
arquibancadas de teatro grego, o coreto, as academia, feira e playground
Figura 26. Área de avaliação do uso do solo.
Fonte: geoprocessamento PMBC
91
Atividades no local
As duas academias ao ar livre dispostas nas extremidades da praça são os
equipamentos mais utilizados e a atividade física é constante nos meses de
verão, principalmente. O playground com peças infláveis só permanece
montado durante o verão, deixando o público infantil sem opções no restante
do ano. Os skatistas também utilizam a praça para a prática, aproveitando o
isso com pavimentação lisa e uniforme. Compras na feirinha é uma atividade
que, embora dependa da sazonalidade, pois não fica em funcionamento
permanente.
Riqueza perceptiva
Esta praça possui equipamentos, jardins, bancos iluminação adequada e
revestimentos em boas condições de uso. Seu maior patrimônio está na
infraestrutura de praça tradicional, com bancos, sombras de árvores, e
localização privilegiada. O monumento da Bíblia também é uma das riquezas
percebidas.
Condições de segurança
Este item tem valor baixo, pois a segurança da Praça da Bíblia está
prejudicada por um grande paredão dos fundos dos edifícios, no lado leste.
Durante a temporada de verão existe uma apropriação que atinge um número
de pessoas expressivo (250, conforme a Tabela 3), porém no restante do ano é
um espaço quase vazio na maior parte do tempo. Está localizada junto de uma
avenida e em frente a uma atividade intensa de shopping center.
92
Figura 27. Portais da Praça da Bíblia
Fonte: elaborado pelo autor
3.1.5. Praça Kurt Amann
Figura 28. Praça Kurt Amann
Fonte: registro do autor
93
Legibilidade.
A praça possui portais que identificam as entradas/saídas e tem quase todos
os itens apontados pelos entrevistados nesta pesquisa como necessários para
uma praça ideal: bancos, sombra de árvores, iluminação adequada para praça
pública, jardins, academia ao ar livre, monumento e comércio de bebidas e
comidas. O reconhecimento como um espaço de lazer é imediato, por uma
imagem bem definida, cuja função inequívoca é o lazer.
Figura 29. Portal de entrada da praça Kurt Amann
Fonte: croquis do autor
Versatilidade / Diversidade de usos
94
O entorno da praça é constituído de edifícios residenciais altos e de
comércio de comidas e bebidas. Como é uma praça instalada no calçadão da
Avenida Atlântica, junto à praia, as atividades de praia estão dispostas
próximas ao lugar. O posto de salva-vidas que atende esta porção de praia é
um marco da avenida beira-mar associado à praça.
Figura 30. Área de avaliação do uso do solo.
Fonte: Geoprocessamento da PMBC
Atividades no local
A academia ao ar livre instalada na areia da praia, junto à praça atrai
muitos visitantes, assim como o quiosque de comidas e bebidas. A praça conta
ainda com chuveiro público e posto de salva-vidas.
95
Riqueza perceptiva
O monumento “Mão do trabalhador que move o mundo” é uma das
riquezas percebidas imediatamente ao olhar o espaço, Assim como a
vegetação exuberante dos jardins da praça. A praça possui um mobiliário
urbano como bancos, lixeiras, iluminação de praça pública, e comércio de
comidas e bebidas.
Condições de segurança
As condições de segurança estão garantidas por um número grande de
prédios residenciais e estabelecimentos comerciais de frente para a praça. Por
ser um ambiente aberto, e com portais em todas as direções, junto da avenida
beira-mar e contar com a corporação dos bombeiros dentro da praça, no posto
de salva-vidas, apresenta boas condições de segurança.
Figura 31. Portais da Praça Kurt Amann
Fonte: elaborado pelo autor
Na tabela 7, estão registrados os valores de acordo com o número de elementos
encontrados para cada atributo. Estes valores estão expressos em uma escala que
96
varia de 0 até 5, sendo este o número máximo de elementos relacionados ao
correspondente atributo trabalhados nesta pesquisa.
Tabela 6. Valores dos atributos nas praças
Atributo T
Praça
Almirante
Tamandaré
P
Praça
Higino
João Pio
B
Praça da
Bíblia
K
Praça Kurt
Amann
LEGIBILIDADE 2,5 3 2,5 4
VERSATILIDADE/DIVERSIDADE DE USO 5 4 5 4
ATIVIDADE NO LOCAL 3 3 3 4
RIQUEZA PERCEBIDA 4 3 3 5
CONDICOES DE SEGURANCA 5 1 2 4
Fonte: Elaborado pelo autor
3.2. ANÁLISE COMPARATIVA
Para a análise comparativa apresentam-se aqui os gráficos que analisam
os atributos em relação à apropriação das praças pesquisadas. Elaboraram-se
então gráficos com a população das praças no período da temporada de verão,
em janeiro de 2016 e gráficos com os dados do mês de outubro de 2015,
relacionando a legibilidade, versatilidade/diversidade de usos, atividades no
local, riqueza perceptiva e condições de segurança.
97
Tabela 7. Análise comparativa Atributo X Apropriação
Fonte: Elaborado pelo autor
Nesta tabela (Tabela 7) é possível demonstrar que uma boa legibilidade
corresponde a uma proporcional apropriação. A exceção é a Praça Higino João
Pio que, por estar um uma localização desfavorável, enclausurada entre
edifícios altos e não dispor de fortes atrativos, não possui uma apropriação alta.
98
Tabela 8. Análise comparativa Atributo X Apropriação
Fonte: Elaborado pelo autor
A versatilidade e a diversidade de usos estão diretamente relacionadas
com a apropriação das praças. Como se observa na Tabela 7, as praças com
maior valor do atributo são as que têm apropriação correspondente maior.
99
Tabela 9. Análise comparativa Atributo X Apropriação
Fonte: Elaborado pelo autor
A tabela 8 demonstra que as atividades no local provavelmente influenciam
na apropriação das praças, pois no gráfico exposto as praças com maior valor
de atividades no local correspondem às com maior apropriação. Nas medições
100
feitas durante o mês de outubro de 2015, poucas atividades foram registradas
nas praças pesquisadas da área central da cidade.
Tabela 10. Análise comparativa Atributo X Apropriação
Fonte: Elaborado pelo autor
A riqueza perceptiva se relaciona aparentemente com a apropriação das
praças, conforme se observa na tabela 9, As praças com valor alto de riqueza
perceptiva também possuem alta apropriação. A Praça da Bíblia apesar de
possuir um bom patrimônio edificado e um número razoável de equipamentos,
101
não alcança bons resultados de apropriação, possivelmente pela proximidade
do shopping center e da praia, como já foi analisado anteriormente.
Tabela 11. Análise comparativa Atributo X Apropriação
Fonte: Elaborado pelo autor
102
As condições de segurança estão condicionadas às apropriações das
praças, conforme é possível identificar nos gráficos apresentados, ressaltando
que um número expressivo de transeuntes nas praças, ruas e avenidas
adjacentes.
3.2.1. Combinação de atributos locais.
Para que seja possível uma visualização mais clara sobre o fenômeno da
apropriação, elaboraram-se gráficos combinando os atributos locais já
avaliados, de modo que a maior área coberta no gráfico corresponde a uma
melhor combinação dos valores encontrados nas praças centrais da cidade.
Tabela 12. Combinação de atributos
Gráfico 1
103
Gráfico 2
Gráfico 3
104
Gráfico 4
Fonte: Adaptado de CABRAL, 2015.
Nestes gráficos acima pode ser observada a combinação de atributos nas
praças, sendo evidenciada a Praça Kurt Amann, com maiores valores nos
atributos e a correspondente maior apropriação encontrada nesta pesquisa. Em
seguida a Praça Almirante Tamandaré, com a segunda maior combinação de
atributos e a segunda maior apropriação, coincidindo assim os dados e
corroborando com o a premissa de que uma boa apropriação está relacionada
com uma boa combinação de atributos. Porém poderia ser uma simplificação
ou um reducionismo apontar apenas os atributos locais pesquisados como
responsáveis pelo desempenho do espaço público, desprezando algumas
condições que influenciam nas escolhas humanas.
105
As praças pesquisadas têm uma história que conduz a uma apropriação
determinada pelos interesses políticos e econômicos, ou seja, as estruturas
espaciais não se desenvolvem separadamente do modelo social (SOJA, 2007),
mas emergem das relações sociais de produção.
3.3. ANÁLISE DO DISCURSO DAS ENTREVISTAS
A análise dos discursos das entrevistas desse trabalho está orientada por
um suporte teórico da linha francesa, que “articula o linguístico com o social e o
histórico”, interpretação fundada pela intersecção de epistemologias distintas,
pertencentes a áreas da linguística do materialismo histórico.
O processo de análise discursiva procura interrogar os sentidos
estabelecidos em diversas formas de produção, que podem ser verbais e não
verbais, bastando que sua materialidade produza sentidos para interpretação;
constituído pela seguinte formulação: ideologia+história+linguagem.
A ideologia é entendida como o posicionamento do sujeito quando se filia a
um discurso, a história representa o contexto sócio histórico e a linguagem é a
materialidade do texto produzindo o sentido que o sujeito pretende dar. A
questão do tempo é vista por outros ângulos diferentes comumente se
encontra, busca os seus efeitos, as conexões “laterais” para explicar os
fenômenos.
O fato de que os eventos sejam ao mesmo tempo espaciais e temporais
não significa que se pode interpretá-los fora de suas próprias determinações ou
sem levar em conta a totalidade da qual elas emanam e que eles reproduzem.
O espaço social não pode ser explicado sem o tempo social (Santos, 2002, p.
252).
“As relações sociais de produção só existem socialmente na medida em que
existem espacialmente” (SOJA, 2007).
Tudo que existe articula o presente e o passado, pelo fato de sua própria
existência, um enfoque espacial isolado ou um enfoque temporal isolado são
ambos insuficientes. Para compreender uma qualquer situação necessitamos
de um enfoque espaço-temporal (SOJA, 2007).
106
Nas entrevistas dos atores que participaram do início da urbanização de
Balneário Camboriú, é possível observar o que existe o sentimento de
frustração com os destinos dados ao território que se tornava destino turístico.
“Estas riquezas naturais que jamais deveriam ser modificadas, muito menos
eliminadas, como fizeram as administrações que nos sucederam” – comentário
do ex-prefeito Álvaro Silva. “O setor hoteleiro é responsável diretamente por um
turismo de massa que caracterizou desde o início a atividade deste segmento,
assim como uma ausência nas iniciativas do poder público local, ou seja, não
participa do processo de desenvolvimento se isto representar algo desembolso”
comentário de G. Gadotti, sobre o destino do turismo praticado na cidade. “Era
vontade do prefeito fazer a Praça, mas tinha os poderosos que se intitulavam
donos de tal região”, na fala do ex-secretário de obras da prefeitura municipal,
engenheiro J. Cachel, o embate entre o poder constituído e o capital que se
apoderava de partes importantes do território, no início da urbanização, nos
anos 70.
As mudanças de hábitos na cidade, com a chegada de turistas, envolvem
relações dinâmicas que configuram novos valores, ligados à hospitalidade.
Essa questão, de aparente simplicidade, tem suas contradições eminentes na
própria condição de reprodução de capital. Tal condição propicia a definição de
um novo modelo de reprodução espacial do turismo baseado no
desenvolvimento econômico do local. Os investimentos se voltam para o
retorno possível dentro da atividade turística. Define-se, desse modo, uma
urbanização turística.
“É incômodo constatar a incerteza e a perplexidade a respeito
do futuro das cidades, que favoreceram o nascimento de um
modelo de gestão urbana que não considera o volume
espantoso de conhecimentos, de criatividade e de capacidade
de inovação dos movimentos sociais empenhados na
construção de algo em que se possa consolidar uma
verdadeira cultura urbana” (GRINOVER, 2007,p.119).
A urbanização engendra lógicas, no cotidiano, para o assentamento e a
permanência da sociedade sobre um determinado espaço. Esta condição se
107
associa à criação da vida, do cotidiano, das formas de mobilidade sociais
verticais e horizontais. Constata-se a urbanização turística pelas
transformações do espaço apropriado pelo visitante. Embora em trânsito, em
condições como de definição de fluxos pela cidade, o visitante colabora para
definir uma sociedade de consumo e um cotidiano de acolhimento temporário.
“(...) propusemos algumas intervenções urbanas para atender ao
crescimento da cidade e preparar o território que já vinha sendo ocupado
rapidamente, por causa do fluxo turístico” Ex-prefeito A. Silva. Nesta fala do
gestor público, observa-se a consciência de que preparar a cidade é
necessário, não apenas receber, mas tornar apto ao visitante, e que esta era
uma demanda das populações representadas.
“O espaço não pode ser reduzido apenas a uma localização ou às relações
sociais da posse de propriedade – ele representa uma multiplicidade de
preocupações sociomateriais” (LEFEBVRE, 1974, p.127).
O espaço, um local fisicamente definido, também é uma liberdade essencial
e uma expressão geográfica (NICOLAS, 1999). Diante dessa premissa, poderia
ter grande significado o estudo dos espaços públicos vistos como frutos de
forças sociais, mas que se constituem também em um produto. Assim, propõe-
se um estudo das relações do espaço com o turismo, baseado na análise do
espaço social.
O turismo se define como uma prática social coletiva que interage com o
espaço, através do deslocamento, embora seja uma prática geradora de
atividade econômica, não se restringe a este aspecto, propiciando ganhos de
toda ordem, quando devidamente planejado e respeitando-se a
sustentabilidade. Na entrevista do ex-prefeito Álvaro Silva, ele encerra sua fala
com esta conclusão:
“A cidade deveria estar equipada com atrações construídas e naturais, visando a sustentabilidade e não os ganhos somente, como tem sido feito. Com respeito ao meio ambiente teríamos garantido o patrimônio por gerações!” A. Silva.
“O espaço não é um reflexo da sociedade, ele é a sociedade” (SOJA,
2007). As formas espaciais são produzidas como são produzidos todos os
objetos, pela ação humana. Expressam e executam os interesses de grupos e
108
de um Estado numa sociedade definida pelos processos de dominação.
Organizados de forma ideológica, a estrutura espacial humana é um produto de
construção social, da mesma maneira que a história humana representa uma
transformação social do tempo.
É possível perceber nas falas dos entrevistados que apontam para os
problemas acerca da influência dos condicionantes e variáveis importantes na
construção de Balneário Camboriú na vida contemporânea. Apontam
características formais do espaço que vem se desenvolvendo à margem de um
efetivo processo de planejamento que integre ações individuais em um projeto
coletivo de cidade levando a problemas urbanos e ambientais: degradação de
ecossistemas naturais, contaminação dos rios e mar e comprometimento da
balneabilidade.
O espaço é um produto social, resultado de ações acumuladas no tempo e
sobre a dinâmica das relações sociais e interesses públicos ou privados vão se
construindo o território da vida cotidiana, assim o espaço público possui
atributos que são propícios ou restritivos às relações de trocas sociais. É
possível que as praças estejam no papel de salvaguardas da urbanidade,
garantindo o que se mantém vivo dos espaços de trocas e experiências em
ambiente democrático.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo do processo político-histórico e espacial de apropriação das
praças da área central da cidade de Balneário de Camboriú e a contribuição
destas para com a atividade turística, resgatando o processo de construção da
cidade, pode se constituir em um passo importante na formação de uma
consciência acerca da importância da história para o entendimento das
estruturas urbanas de um destino turístico muito valorizado.
A importância da história tem origem ideia de que ela representa um
enriquecimento notável, desde que sejam evitados alguns erros comuns, tais
109
como subordinar a história das representações a outras realidades, as únicas
às quais caberia um status de causas primeiras (realidade materiais,
econômicas, etc) – renunciar à falsa problemática simplista ou reducionista,
mas também não privilegiar as novas realidades, não lhes conferir um papel
exclusivo de motor da história. Uma explicação histórica eficaz deve
reconhecer a existência do simbólico no interior de toda realidade histórica
(incluída a econômica), mas também confrontar as representações históricas
com as realidades que elas representam e que o pesquisador apreende
mediante outros documentos e métodos.
Para o planejador o conhecimento da história dará certa confiança na
direção que deverá traçar ao projetar os espaços urbanos. Para o cidadão a
história confere identidade e o sentimento de pertencimento ao lugar. Para o
turismo acrescenta um componente atrativo e enriquecedor que está na própria
definição do turismo, a troca de informações e experiências entre as pessoas
envolvidas.
A história destas praças, iniciando com o primeiro plano diretor da cidade
até a atualidade, mostra um contexto de grandes equívocos, desde o aspecto
ambiental, com o ambiente modificado em função do crescimento rápido e que
prestigia os empreendimentos da construção civil, até problemas de caráter
ideológico, com a inspiração modernista na concepção urbana contida no
projeto de 1974, que inspirou o desenho das praças com grande dimensão
morfológica, mas transformadas em espaços vazios, desarticulados do
cotidiano, sendo utilizadas apenas para eventos da atividade turística.
Partindo-se do pressuposto de que estes espaços se configuram como
agentes de formação para a imagem turística da cidade devido ao fato de ali
congregarem uma significativa quantidade de pessoas e onde são realizadas
manifestações de toda ordem, no entanto não foram observados indícios de
que as praças fomentem o turismo de Balneário Camboriú.
O que ficou evidenciado é uma relação inversa: o turismo amplia a
utilização das praças da área central da cidade.
A população local pouco se apropria desses espaços e para o turista existe
uma função meramente funcional: as praças são referências e enquanto não
são providas de atrações, pouco contribuem para a atividade turística.
110
A análise levantou a questão da apropriação dos espaços públicos,
ressaltando que alguns atributos locais como riqueza perceptiva e atividades
locais são fundamentais para a apropriação das praças, assim como o
processo político histórico que se revelou importante na construção da imagem
turística da cidade, embora pouco explorado, observou-se demanda pela
manutenção da memória da cidade e utilização dessa memória para o turismo.
No entanto pouco se investiu nestes espaços para torna-los lugares com
acessibilidade, fornecem pouca legibilidade, por possuírem signos sem muita
definição. Também não se percebem identidades próprias: análise das práticas
e representações presentes nos espaços leva a perceber que o sentimento de
pertencimento ao local ainda não tem respostas como identidade própria ou
apropriada.
Porém, cabem ainda novos estudos que aprofundem a questão centrada
nos territórios e nas suas especificidades, onde se destaca o património e os
valores patrimoniais. Outros espaços públicos de praças na área urbana de
Balneário Camboriú possuem características totalmente diversas destas aqui
pesquisadas.
A valorização e promoção destes espaços, tornando-os acessíveis,
legíveis e identificados, atendendo a população local, pode ser um modo de
galgar níveis de qualidade na atividade turística, dispondo de lugares com
condições excelentes para receber turistas e atender à população local.
Balneário Camboriú, cuja construção urbana se deu em um prazo muito
curto de tempo, cerca de 50 anos, possui um traçado urbano hoje já
consolidado e o resgate histórico, assim como o entendimento de seu papel no
cotidiano da cidade constituem etapas imprescindíveis num processo de
qualificação urbana e ambiental.
111
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116
APENDICE A
Avaliações dos usuários das praças públicas de Balneário Camboriú, extraídas
do site Trip Advisor 2014 / 2015 / 2016.
Paulo diz:11 de junho de 2014
Bom, ele já desfigurou a estética da praça que homenageava o almirante, as
linhas circulares e os desníveis que eram tão característicos foram substituídos
por um chão plano de linhas retas, mudar o nome não surpreende, só mostra
como a história arquitetônica da cidade tende a ser desprezada dando lugar a
“modernidades” contemporâneas, perdendo qualquer chance da cidade
construir uma história.
Paulo Roberto diz:11 de junho de 2014
Ja nao gostei da praça depois da reforma, mudar de nome nao afeta mais
nada…Depois da burrada feita, nao pode voltar atrasBurrice dupla desse
pardal…kkkkk
james diz:12 de junho de 2014
Gostei da reforma a praça ficou acessivel a todos, excelente homenagem ao
ex-prefeito…
James Alcides Fialho diz:23 de junho de 2014
Tanta coisa importante pra esses caras fazer….
“Praça??”
Avaliou em Junho 6, 2014
Isso está mais para um erro de projeto. É um lugar sem necessidade alguma
de existir. Mais parece um prolongamento do calçadão a beira mar. Até hoje
não entendo a real intenção do "visionário" que criou este lugar. De bom
mesmo só a vista para a bela orla da cidade..
117
Visitou em janeiro de 2014
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TripAdvisor e não da TripAdvisor LLC.
Os lugares mais más frequentados são a praça de skate e a tal da praça
tamandare, apenas pessoas de má frequentam esses dois lugares. Não
recomendo nem que passem perto.
Visitou em fevereiro de 2014
Uma praça incomum, pois não há nela o que se fazer, apenas sentar e apreciar
a praia central com a sua ilha. De frente à ela fica um ótimo restaurante e
vários hotéis. Não é uma praça que encanta.
Visitou em maio de 2014
Lugar legal, em frente ao mar...é muito frequentado por skaitistas e a gelera
que tem Roller, bom para pegar um ar e caminhadas.
Visitou em novembro de 2013
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Verinaldo
Balneário Camboriú, SC
Colaborador Avançado
33 avaliações
13 avaliações sobre atrações
Avaliações em 4 cidades
10 votos úteis
“Inovadora.”
Avaliou em Maio 8, 2014
Com sinal WI-FI gratuito e leitores de QR no piso, a praça é uma inovação para
os jovens amantes da tecnologia e dos esportes.
118
Com área de lazer para os praticantes de Bike, ciclismo e Skate bord, a praça
reúne vários jovens a noite e durante todo o dia.
Usada também para festas do município, a praça reúne todos os povos, e
visitantes.
Visitou em maio de 2014
A Praça é o ponto central da cidade. Lá é onde tudo acontece, dos shows aos
comícios, sendo geralmente ponto de largada/chegada das competições
esportivas da cidade. Recentemente reformada, está bem ampla e espaçosa.
Visitou em março de 2014
Pontuações dos visitantes
Excelente
12
Muito bom
13
Razoável
8
Ruim
5
Horrível
0
A praça sempre foi um ponto de encontro na cidade, com apresentação de
shows e eventos. Contudo, depois da reforma que passou em 2013 ficou ainda
melhor. A ciclovia, os bancos e os locais para estacionar as bikes facilitam a
vida de quem mora em Balneário Camboriú e dos turistas que podem curtir a
praia ainda mais.
Visitou em março de 2014
Nada além de uma pequena praça na linda orla de Camboriú. Parece que
eventualmente ocorre algum evento por ali mas das 2 oportunidades que estive
lá não tinha nada.
Visitou em abril de 2014
119
Praça mais central da cidade que não possui nenhum grande atrativo. Bem
cuidada mas é apenas mais uma praça.
Visitou em abril de 2014
A praça estava bonita, mas com a reforma feita pela prefeitura está
horrivel..realmente só feita para gastar dinheiro..
Visitou em abril de 2014
Agora reformada, a praça tem um visual mais limpo e moderno. Acredito que
ainda poderia ser melhor, mas já vimos uma melhora significativa.
Visitou em março de 2014
Charles_Mittelmann
Blumenau, SC
Colaborador Mestre
161 avaliações
105 avaliações sobre atrações
Avaliações em 21 cidades
41 votos úteis
“No coração de BC”
Avaliou em Abril 7, 2014
Esta praça fica no coração de Balneário Camboriú e é parada obrigatória no
verão. Fica na Avenida Atlântida.
Visitou em janeiro de 2014
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Andrea N
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Colaborador Mestre
61 avaliações
120
37 avaliações sobre atrações
Avaliações em 21 cidades
32 votos úteis
“Central.”
Avaliou em Abril 6, 2014
Pelo que vi ela foi reformada a pouco tempo e ficou mais ampla e limpa na
decoração. Em frente, é onde a praia mais fica cheia. À tardinha o pessoal vem
andar de patins, de skate, de bicicleta, e os idosos armam suas mesas para o
jogo de dominó. Vi alguns eventos comunitários (da Polícia) quando estive lá.
Há um serviço de informações turísticas. Próximo à ela estão o shopping (na
rua atrás) e muitos restaurantes. No passeio do calçadão a gente passa várias
vezes por ela.
Visitou em março de 2014
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JJPratts
Florianópolis, SC
Colaborador Mestre
74 avaliações
39 avaliações sobre atrações
Avaliações em 28 cidades
24 votos úteis
“Ponto de referência”
Avaliou em Março 19, 2014
Embora relativamente pequena, e sem muitos atrativos, é a principal praça de
Baln. Camboriu e, por estar situada na beira da praia, em sua região mais
central, é impossível não passar por ela várias vezes ao dia.
Visitou em novembro de 2013
121
A praça estava decorada para a páscoa, com ícones que representam essa
época do ano, muitas crianças brincando, muita diversão. Bem a beirada da
praia, com seguranças de todos os lados.
Visitou em abril de 2013
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38 avaliações de viajantes
Pontuações dos visitantes
Excelente
12
Muito bom
13
Razoável
8
Ruim
5
Horrível
0
marinasegan
Balneário Camboriú, SC
Colaborador Mestre
219 avaliações
87 avaliações sobre atrações
Avaliações em 34 cidades
74 votos úteis
“Feia”
Avaliou em Fevereiro 8, 2014
122
Ela era tão bonitinha antes da reforma. A Praça agora ta estranha, sem verde,
sem vida, só um povo estranho e feio. O que era para ser uma referencia
bonita da cidade, por ser no centro e de frente para o mar, acho eu que deveria
ser melhor cuidada, ter um melhor visual, e ser mais confortável. Posso resumir
em uma palavra? Feia.
Visitou em fevereiro de 2014
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Luiz P
Curitiba, PR
Colaborador Avançado
32 avaliações
20 avaliações sobre atrações
Avaliações em 5 cidades
42 votos úteis
“Excelente ambiente”
Avaliou em Fevereiro 3, 2014
No coração do balneário propicia palco com shows e atracões . Bem policiada
com central da guarda municipal.
Visitou em janeiro de 2014
Esta avaliação foi útil? Sim 1
BetoD
Balneário Camboriú, SC
Colaborador Intermediário
16 avaliações
6 avaliações sobre atrações
Avaliações em 8 cidades
2 votos úteis
Avaliação do amigo de um amigo
123
Renato Schneider é amigo deste colaborador
“É o centro da cidade”
Avaliou em Junho 10, 2014
É o ponto central da cidade de Balneário Camboriú. É aqui que tudo acopntece.
Programas culturais e apresentações diversas. Com certeza você vai encontrar
alguém para conversar.
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Heloise Laurindo...
Pontuação de amigo
Heloise Laurindo Travain deu uma nota para Praca Almirante Tamandare
Pontuação em Fevereiro 8, 2014
apmolmos
Rio de Janeiro, RJ
Colaborador Intermediário
11 avaliações
6 avaliações sobre atrações
Avaliações em 3 cidades
3 votos úteis
“Encontro de skatistas”
Avaliou em Outubro 14, 2014
Um lugar lindo pela rola e bem agitado ,principalmente aos fins de semanas
pois e o ponto de encontro da garotada.
Sariana B
São José, SC
Colaborador Mestre
101 avaliações
80 avaliações sobre atrações
Avaliações em 9 cidades
124
18 votos úteis
“Praça linda”
Avaliou em Outubro 13, 2014
Praça linda e bem localizada. Adorei o local, tirando o mal cheiro. O calçadão é
bem limpinho, mas havia um mal cheiro por todo ele.
Esta avaliação foi útil? Sim
DrCalasan...
Balneário Camboriú, SC
Colaborador Intermediário
15 avaliações
7 avaliações sobre atrações
Avaliações em 5 cidades
1 voto útil
“caso de policia”
Avaliou em Setembro 29, 2014
desde que foi implantada a ciclovia em toda a orla a galera do skate parou ali e
tomou conta do espaço, com direito a baseados ao ar livre em frente ao posto
da policia instalado no local. Uma pena. Quando há shows a frequencia
melhora. Em tempo, eu tambem ando de skate...
Roberta F
Porto Alegre, RS
Colaborador Avançado
46 avaliações
31 avaliações sobre atrações
Avaliações em 6 cidades
12 votos úteis
“Muito bonita”
Avaliou em Setembro 23, 2014
125
A praça fica em frente a praia, ao ficar sentada da para admirar toda a beleza
de Balneário Camboriu, além de ficar muito próxima do centrinho de compras..
amei!
fbosa
Tubarão, SC
Colaborador Júnior
9 avaliações
3 avaliações sobre atrações
Avaliações em 2 cidades
4 votos úteis
“namorar é otimo”
Avaliou em Setembro 17, 2014
local publico com alguns vendedores ambulantes, shows, kioske muita gente
bonita, otimo local para uma paquera noturna com gente 24 horas.
Esta avaliação foi útil? Sim
Emersilia
Itajaí, SC
Colaborador Intermediário
13 avaliações
9 avaliações sobre atrações
3 votos úteis
“Show”
Avaliou em Setembro 8, 2014
Na praça sempre tem algum acontecimento. Shows, exposições,
competições.................. A localização é perfeita!
Esta avaliação foi útil? Sim
Paulo S
126
Cornélio Procópio, PR
Colaborador Mestre
106 avaliações
42 avaliações sobre atrações
40 votos úteis
“Referência”
Avaliou em Setembro 6, 2014
Esta praça se torna um ponto de referência pelo menos para mim, e para não
conhece a cidade, com ela dá pra saber onde é o centro da praia, dai sabemos
onde estamos
Leandro_Strutz
Navegantes, SC
Colaborador Mestre
81 avaliações
57 avaliações sobre atrações
18 votos úteis
“Bom”
Avaliou em Agosto 29, 2014
Pra quem gosta de muvuca esse é ponto...rsss FIca bem no centro da avenida
atlantica, muitooo movimentada, no verão então....sem comentarios...
Esta avaliação foi útil? Sim
Graziella S
Cuiabá, MT
Colaborador Mestre
334 avaliações
148 avaliações sobre atrações
53 votos úteis
“Centro de balneário ”
Avaliou em Julho 27, 2014
127
A praça é bem no centro da avenida atlântica em balneário. Indica o centro da
cidade. A praia nessa região é bem disputada. Perto do calçadão, bom passeio
a pé.
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Gustavo A
Colaborador Mestre
71 avaliações
39 avaliações sobre atrações
23 votos úteis
“Seja skatista ou não perca tempo”
Avaliou em Julho 22, 2014
A praça nunca foi um ponto turístico de destaque, mas a última reforma a
transformou (sem querer) em uma área para a concentração de skatistas.
Cuidado para não ser atropelado. A guarda municipal que está ali é tão útil
quanto uma estátua. Enfim, difícil não passar pelo local, mas guarde a memória
da sua camera fotográfica para locais mais interessantes.
BernardoS2315
Balneário Camboriú, SC
Colaborador Mestre
258 avaliações
103 avaliações sobre atrações
66 votos úteis
“O Coração de BC”
Avaliou em Julho 22, 2014
O Coração de BC e o palco das mais diversas manifestações artísticas da
cidade. O ponto mais central de BC.
Valdo L
Balneário Camboriú, Santa Catarina, Brazil
Colaborador Avançado
128
49 avaliações
16 avaliações sobre atrações
12 votos úteis
“Lugar de encontro”
Avaliou em Julho 17, 2014
Não gostei desta praça porque só tem aborrescente andando e pulando com
aqueles artefatos de madeira com rodinhas rsrs.
Dearegina
Balneário Camboriú, SC
Colaborador Avançado
29 avaliações
13 avaliações sobre atrações
11 votos úteis
“O ponto central da cidade”
Avaliou em Julho 15, 2014
A Praça Almirante Tamandaré também chamada de praça redonda é o lugar
onde ocorrem os principais eventos ...shows... apresentações folclóricas e
conversas e encontros de amigos.
MarcoBraz
Balneário Camboriú, SC
Colaborador Avançado
39 avaliações
32 avaliações sobre atrações
26 votos úteis
“Centro de tudo”
Avaliou em Julho 5, 2014
Também conhecida como Praça Central. Sempre tem gente de todas as
idades. Jovens de bike e skate e senhores jogando dominó, bocha ou sentados
129
no banco conversando. Tem segurança pois há uma base/posto da Guarda
Municipal além de bela vista para o mar.
Ricardo D
Blumenau, SC
Colaborador Mestre
96 avaliações
45 avaliações sobre atrações
30 votos úteis
“Movimentada”
Avaliou em Junho 29, 2014
Um ótimo local para apreciar tudo que tem de bom na linda Balneário
Camboriú. Ali acontece a maioria dos grandes eventos da cidade. Local ideal
para apreciar a praia.
1954SCHMITZ
Balneário Camboriú, SC
Colaborador Avançado
33 avaliações
13 avaliações sobre atrações
8 votos úteis
“Praça central”
Avaliou em Junho 24, 2014
Situada no centro, ambiente agradável,,moderno, onde acontecem
demonstrações artísticas de grupos locais. Grandes apresentações em
temporada de turismo. Localizada em frente ao mar.
RicardoSam
São Paulo, SP
Colaborador Avançado
44 avaliações
24 avaliações sobre atrações
130
15 votos úteis
“Pra quem é muito jovem”
Avaliou em Junho 18, 2014
É onde se reúne a galera skatista e quem se liga em coisas mais "agitadas".
Quando passei por lá, alguém anunciava uma apresentação de rap. Aos finais
de semana, muita gente até altas horas da madrugada. O comércio das
imediações, a partir de determinada hora da noite, trabalha atrás de grades
temendo assaltos. Não sei o histórico sobre o assunto.
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Problemas com esta avaliação?
“SKATE”
Avaliou em Junho 14, 2014
Agora a Praça Almirante Tamandaré em Balneário Camboriú é uma grande
pista de skate para animar a criançada e familiares.
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Problemas com esta avaliação?
Gislenepiragibesanti
Curitiba, PR
Colaborador Intermediário
13 avaliações
avaliações sobre atrações
4 votos úteis
“Local de eventos.”
Avaliou em Junho 8, 2014
No período de Festas Natalinas, são programados diversos eventos musicais,
para todas as idades. Nos outros meses sempre há eventos diversos. Vale a
pena. É bom ter cuidado com os pequenos delinquentes que assaltam pessoas
para roubarem celulares. Em Balneário infelizmente esta acontecendo muitos
roubos feitos por me100 votos úteis
131
“Praça??”
Avaliou em Junho 6, 2014
Isso está mais para um erro de projeto. É um lugar sem necessidade alguma
de existir. Mais parece um prolongamento do calçadão a beira mar. Até hoje
não entendo a real intenção do "visionário" que criou este lugar. De bom
mesmo só a vista para a bela orla da cidade..
Matheus W
Itajaí, SC
Colaborador Mestre
94 avaliações
50 avaliações sobre atrações
23 votos úteis
“lado ruim de bc”
Avaliou em Maio 30, 2014
Os lugares mais más frequentados são a praça de skate e a tal da praça
tamandare, apenas pessoas de má frequentam esses dois lugares. Não
recomendo nem que passem perto
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APENDICE B
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APENDICE C
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