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Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178Anais do II Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420

25 e 26 de setembro de 2012

APLICAÇÃO DE CONCEITOS ENXUTOS E SUSTENTÁVEIS NO PROCESSO DE PROJETO DAS EDIFIÇÕES – TELHADO VERDE

Vera Lúcia Pereira de Azevedo Silva

Tecnologia do Ambiente ConstruídoCEATEC

veraadvogados@aasp.org.br

Prof. Dra. Patricia Stella Pucharelli Fontanini

Sustentabilidade Ambiental das CidadesCEATEC

patricia.stella@puc-campinas.edu.br

RESUMO: A crescente população demográfica acirra a competitividade para o atendimento da necessidade básica de moradia, e é nesse cenário que os mercados nacionais e internacionais tem demandado estímulo e aplicação de novas ferramentas nos processos produtivos de diversos setores, com o intuito otimizar os produtos, e garantir a satisfação do cliente final. Além das preocupações relatadas, ainda existe a preocupação com os problemas ambientais gerados decorrentes da produção e disposição final (BONDUKI, 1996; BRASIL, 2012; IBAMA, 2012). Diante dessa perspectiva, no setor da construção, em resposta, surgem também filosofias e modelos: Construção Enxuta (Lean Construction) e Edifícios Sustentáveis ou Verdes (Green Building), que podem ser traduzidos como: a maximização do desempenho operacional e minimização das perdas de recursos de materiais durante o processo de produção, aumentando a qualidade e a sustentabilidade dos recursos envolvidos. Os modelos Lean e Green, na construção, fornecem uma nova proposta para a realização das edificações, ao unir os pensamentos Enxuto e Verde resultando no conceito do Lean Green Construction. Este trabalho propõe a investigação da aplicação dos conceitos comuns, enxutos e sustentáveis (KOWALTOWSKI, 2006a; 2006b), no processo de projeto para edificações. Foi realizado o acompanhamento do projeto e execução do estudo de caso, o mesmo subsidiou investigação e como resultado, a identificou-se a possibilidade da aplicação das filosofias na concepção de projetos mais enxutos e sustentáveis na área de construção civil.

Palavras-chave: Construção Sustentável, Lean Thinking, Sustentabilidade, redução de desperdícios.

Área do Conhecimento: Engenharias I – Construção Civil – CNPq.

1. INTRODUÇÃO

Os conceitos da produção enxuta têm sido aplicados em diversos setores produtivos, bem como, no setor da construção civil. Ainda no final do século XX, surge o conceito de Lean Construction, onde pesquisadores e estudiosos esforçam-se para aplicar os conceitos da produção enxuta nas diversas fases que compõem um empreendimento. Ao analisar um empreendimento do setor da construção civil, sob o ponto de vista Lean, observa-se que muitas decisões são efetivamente tomadas, sem o devido esclarecimento das necessidades do cliente. Para a correta tomada de decisão, é

necessária a observação do primeiro princípio, ou seja, a identificação de valor para o cliente final.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICAA carência de moradia, e expectativa da população mundial, nos traz a reflexão sobre a questão se pode pensar em construir da forma tradicional e continuar agredir o meio ambiente como se procede até agora? Frise-se que quantidade não significa em absoluta qualidade, o crescimento na indústria da construção civil em nosso país, não significa em absoluto desenvolvimento sustentável ou evolução tecnológica do setor, ao contrário, continuamos com a prática construtiva antiga. No setor da construção civil há muita resistência á mudanças, para atender o imediatismo do cliente, este fato é cultural [5,6]. Esta monotonia da construção tradicional faz com que o labor no canteiro de obra e torne pesado, maçante.

No início do século XX, observou-se a mudança no paradigma industrial que transformou a produção automobilística artesanal em produção industrial em massa (WOMACK; JONES, 2004). Ao término da segunda guerra mundial, os japoneses criaram um modelo de produção, primeiramente para a indústria automobilística, baseado em conceitos da fábrica Ford e adaptado a exigência do mercado japonês. O mercado interno japonês demandava uma ampla variedade de produtos, com qualidade assegurada e custos menores. As soluções encontradas pela Toyota, para se inserir nesse mercado foram: produção em fluxo, tecnologias altamente flexíveis, processos à prova de erros e organização por família de produtos para garantir variedade na produção. Taiichi Ohno, criador do Sistema Toyota de Produção (Toyota Production System – TPS), definiu-se a base do sistema produtivo que daria inicio ao novo paradigma produtivo, na tentativa de total eliminação de desperdícios (OHNO,1998). Ao final do século XX, Womack, Jones e Ross (2004),

baseados nas definições de Ohno (1998) ,

introduziram o conceito Lean Thinking, que analisava o sistema produtivo de Ohno e sugeria à aplicação do mesmo as várias áreas de uma empresa.

O conceito Lean Thinking explicita que a produção deve ser o mais enxuta possível, ou seja, produzir somente o que se necessita, com cada vez menos recursos, e oferecer ao cliente o que ele realmente deseja, no momento que se deseja. A base do conceito do Lean Thinking é a eliminação total dos desperdícios dentro e entre empresas. Os desperdícios, sob a óptica Lean, são as atividades que não agregam valor ao produto para o cliente, mas são realizadas dentro do processo de produção. Ohno (1998) descreveu, pela primeira

vez, os sete tipos de desperdícios possíveis de serem encontrados dentro do processo produtivo: excesso de produção, movimento, transporte, estoque, espera, atividades desnecessárias e defeitos.

3. METODOLOGIAA pesquisa teve início na pesquisa bibliográfica, para identificar primeiramente ferramentas comuns aos dois modelos, passíveis de aplicabilidade em projetos de edificações. A metodologia utilizada baseia-se em um estudo exploratório do processo de projeto, e na possibilidade de incorporação de ambas as filosofias. Foi analisado o projeto de cobertura verde no estudo proposto e a execução do mesmo, sob o ponto de vista das duas filosofias.

4. ESTUDO DE CASOPara o desenvolvimento do estudo de caso, foi analisada a concepção de projeto e execução do telhado verde na Faculdade de Engenharia Civil de Sorocaba – FACENS (Figura 01).

Figura 01 – Faculdade de Engenharia - Facens

Telhado verde é uma técnica usada em arquitetura cujo objetivo principal é o conforto térmico e acústico, com o resfriamento devido ao substrato utilizado para o plantio de grama, árvores e plantas rasteiras, nas coberturas de residências e edifícios. Através da impermeabilização e drenagem da cobertura dos edifícios, criam-se condições para a execução do telhado verde. As Vantagens do telhado verde observadas puderam ser enumeradas:

Criação de novas áreas verdes, principalmente em regiões de alta urbanização;

Diminuição da poluição ambiental;

Ampliação do conforto acústico no edifício que recebe o telhado verde;

Melhorias nas condições térmicas internas do edifício;

Aumento da umidade relativa do ar nas áreas

próximas ao telhado verde;

Melhora o aspecto visual, através do paisagismo, da edificação.

Desvantagens da cobertura verde:

Custo de implantação do sistema e sua devida manutenção;

Caso o sistema não seja aplicado de forma correta, pode gerar infiltração de água e umidade dentro do edifício.

Observa-se na Figura 02 um detalhamento da instalação dos substratos e estruturas propostas para o telhado verde.

Figura 02 - Instalação da Cobertura Verde

Na investigação foram necessárias visitas ao Campus, bem como, a coleta de dados junto ao empreendimento e seus responsáveis. A FACENS planejou a cobertura verde para isolar a ilha de calor sobre sua edificação, visando proporcionar maior conforto térmico a seus alunos e colaboradores (Figura 03). A coleta de dados foi realizada junto a Faculdade e empresa responsável pela realização dos trabalhos de instalação.

Figura 03 – Impermeabilização do Telhado Verde do estudo de caso

5. CONCLUSÕESAo longo do estudo, desde análise do histórico até tipos, técnicas, modo de construção, não resta dúvida de que todas variações fornecem uma enorme gama de benefícios para o setor público e privado. A escolha de qual utilização e qual tipo deve ser usado, tem que ser estudado e planejado para que possa ser extraída da cobertura verde todos seus benefícios, estudos e dados foram analisado e forma a complementar as conclusões (IBGE, 2012; IDHEA, 2006; LOMBARDO, 1995). De acordo com condições locais, capacidade de carga orientada, manutenção, seleção de plantas, substrato e custo orçado, perfil da cobertura verde mais viável e desejada. No setor público, vontade política e leis ambientais mais rigorosas é que mostrarão a velocidade de desenvolvimento e aplicação das novas técnicas. Como se trata de estudo novo, apesar da história mostrar que já se usavam há milênios, estão sempre surgindo novas técnicas e possibilidades, as quais vão achar seu espaço de acordo com cada região e suas peculiaridades. Nos países onde a necessidade já é maior devido aos mais graves efeitos da poluição e a falta de áreas verdes e recursos naturais, o desenvolvimento de novas soluções acontece mais rapidamente. Já no Brasil, por exemplo, onde a natureza é farta, não se sente ainda, tão de perto, os efeitos da poluição e aquecimento global, e em geral, custos extras nas obras não são bem-vindos, o trabalho de mudança de mentalidade e implantação das coberturas ecológicas será mais difícil. À medida que entenderem que um acréscimo de custo na obra reverterá mais tarde em economia com custo energético e a necessidade de prevenir enchentes, diminuindo a saturação das redes pluviais públicas, bem como, a diminuição de poluentes nos rios, o uso de coberturas verdes se desenvolverá.

Figura 04 – Prefeitura de Chicago (USA) (CHICAGO CITY HALL, 2011)

AGRADECIMENTOSAgradeço à Pontifícia Universidade Católica de Campinas pela infraestrutura disponibilizada e pela bolsa FAPIC/PUC de iniciação científica. Agradeço a professora Patricia Stella Pucharelli Fontanini pela orientação da pesquisa, à reitoria da universidade e a FACENS que se dispôs a nos apresentar as etapas de sua produção e colaborar com a pesquisa.

REFERÊNCIAS[1] BONDUKI, N. Habitat: as práticas bem-sucedidas em

habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. São Paulo: Studio Nobel, 1996.

[2] BRASIL. Ministério das Cidades. Disponível em: http://www.cidades.gov.br. Acessado em 01/07/2012.

[3] IBAMA - O que é TAS? Disponível em: http://www.ibama.gov.br/ambtec/. Acesso em 17/07/2012.

[4] CHICAGO CITY HALL. Department of environment. Disponível em <http://egov.cityofchicago.org>. Acessado em 07 de out. 2011.

[5] IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estatísticas do Século XX: A família brasileira. IBGE: Brasil, 2003. Disponível: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/familia.html. Consultado em: 09/08/2012.

[6] IDHEA – Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica. Materiais ecológicos e tecnologias sustentáveis para arquitetura e construção civil: conceito e teoria. Apostila n. 2 do curso Materiais Ecológicos e Tecnologias Sustentáveis. São Paulo, 2006.

[7] KOWALTOWSKI, D. C. C. K.; CELANI, M. G. C.; MOREIRA, D. C.; PINA, S. A. M. G.; RUSCHEL, R. C.; SILVA, V. G.; LABAKI, L. C.; PETRECHE, J. R. D.. Reflexão sobre metodologias de projeto arquitetônico. Ambiente Construído, Porto Alegre, v.6, n. 2, p. 07- 19, abr/jun 2006a.

[8] KOWALTOWSKI, D. C. C. K.; LABAKI, L. C.; PINA, S. A. M.; SILVA, V. G.; MOREIRA, D. C.; RUSCHEL, R. C.; BERTOLI, S. R.; FÁVERO, E. F.; FILHO, L. L. F.. Análise de parâmetros de implantação de conjuntos habitacionais de interesse social: ênfase nos aspectos de sustentabilidade ambiental e da qualidade de vida. Capítulo 5. Coletânea Habitare - vol. 7 - Construção e Meio Ambiente. 2006b.

[9] LOMBARDO, M. A. Qualidade Ambiental e Planejamento Urbano: Considerações de Método. São Paulo, 1995. 235 p. Tese (Livre Docente em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 1995.

[10]OHNO, T. The Toyota Production System: Beyond Large Scale Production. New York: Productivity Press, 1988. 155 p.

[11] WOMACK, J.P.; JONES, D.T. “Enxergando o Todo – Mapeando o Fluxo Estendido”. Tradução Paulo Lima e Cleber Favaro. São Paulo: Lean Institute Brasil, 2004.