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1PISA EM FOCO 2012/11 (Novembro) – © OCDE 2012
PISAQue resultado os estudantes de origem imigrante conseguem em escolas carentes?
EM FOCO 22
As políticas e as práticas escolhidas para integrar estudantes imigrantes aos sistemas educacionais – e à sociedade – provocam fortes reações e debates polêmicos. Uma alta concentração de estudantes imigrantes que não falam o idioma de instrução afeta os seus resultados escolares e os de seus colegas? Como as variações de desempenho entre estudantes imigrantes e não imigrantes podem estar relacionadas a diferenças no aporte socioeconômico das escolas que eles frequentam?
As desvantagens socioeconômicas e a condição de imigrante estão estreitamente relacionadas. A maioria dos imigrantes deixam seus países natais à procura de
melhores perspectivas econômicas. Uma vez que os imigrantes chegam ao país que os acolhe, eles geralmente se fixam em comunidades onde haja outros imigrantes que compartilham sua cultura, seu idioma e, frequentemente, sua condição socioeconômica. Os imigrantes são frequentemente empregados em trabalhos de baixa remuneração e possuem oportunidades limitadas de acesso a crédito, tendo, assim, opções restritas de moradia. Seus filhos geralmente frequentam as mesmas escolas – e essas escolas geralmente possuem alto percentual de estudantes imigrantes. Como resultado, os estudantes imigrantes não são distribuídos de modo equilibrado entre as escolas; de fato, eles tendem a ficar concentrados em certas escolas. Na maioria dos casos, essas escolas apresentam populações de imigrantes relativamente grandes e, com frequência, são socioeconomicamente mais desprovidas do que outras escolas. Deste modo, estudantes imigrantes devem constantemente vencer, a uma só vez, múltiplas barreiras para terem êxito escolar: a barreira do idioma, sua própria condição de imigrante, um contexto de privações – e o fato de que muitos de seus colegas de classe estão lutando para superar os mesmos obstáculos para ter êxito na escola.
Os estudantes imigrantes enfrentam múltiplos desafios de aprendizagem...
• Estudantes de origem imigrante devem frequentemente transpor, a uma só vez, múltiplas barreiras para obterem êxito na escola.
• Na maioria dos países da OCDE, o baixo rendimento entre estudantes imigrantes é fortemente relacionado a uma desvantagem social na escola, tal como se observa na proporção de estudantes cujas mães possuem baixo nível de escolaridade.
• A concentração, em uma escola, de estudantes imigrantes ou daqueles que não falam o idioma das avaliações não está tão fortemente relacionada ao baixo rendimento.
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PISAEM FOCO
2 PISA EM FOCO 2012/11 (Novembro) – © OCDE 2012
Separar a relação entre a condição de imigrante, o conhecimento do idioma e o contexto socioeconômico não é algo trivial. Todavia, os dados do PISA mostram como esses três elementos estão inter-relacionados e como eles se associam ao rendimento do aluno na escola.
...um dos quais diz respeito ao perfil da escola que eles frequentam
Uma análise dos dados do PISA 2009 centrou-se em três tipos de escolas: aquelas com as maiores concentrações de estudantes imigrantes, aquelas com as maiores concentrações de estudantes imigrantes que falam em casa um idioma diferente do utilizado na escola e aquelas com as maiores concentrações de estudantes cujas mães possuem baixos níveis de educação. Ter uma mãe com baixa escolaridade, ou seja, uma mãe que não frequentou o ensino médio, é um indicativo de desvantagem socioeconômica entre as populações de imigrantes.
Nota: Os países estão classificados em ordem crescente por cada medida de concentração. Fonte: OCDE (2012), Habilidades Inexploradas: Descobrindo o Potencial dos Estudantes Imigrantes, Publicação da OCDE, Figura 5.8 e Tabela 5.4.
Separando os múltiplos desafios que os estudantes imigrantes enfrentam Proporção de todos os estudantes imigrantes que frequentam o quartil
de escolas com a maior proporção de...
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100 Estudantes imigrantes que não falam o idioma de avaliação em casa
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100 Estudantes com mães de baixa-escolaridade (menor do que o nível médio)
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PISAEM FOCO
PISA EM FOCO 2012/11 (Novembro) – © OCDE 2012
Os países diferem consideravelmente em como os estudantes imigrantes são alocados nas escolas. Na Nova Zelândia, por exemplo, 50% dos estudantes imigrantes – bem abaixo da média de 68% da OCDE – frequentam uma escola com grande número de estudantes imigrantes. Ademais, a concentração de estudantes imigrantes em escolas carentes do ponto de vista socioeconômico é também relativamente baixa na Nova Zelândia: somente um em cada quatro estudantes imigrantes – a média da OCDE é de 36% – frequenta uma escola em que grande proporção de estudantes possui mães com baixo nível de escolaridade. Na Alemanha, a concentração de estudantes imigrantes nas escolas é moderada, em torno da média da OCDE, enquanto a concentração de estudantes imigrantes em escolas carentes é maior do que a média da OCDE.
No Reino Unido, a alta concentração de estudantes imigrantes em algumas escolas está acompanhada da alta concentração de estudantes imigrantes nas escolas mais carentes.
Quando se analisa o rendimento do estudante por esse prisma, o baixo desempenho, particularmente entre estudantes imigrantes, é mais fortemente relacionado à proporção de estudantes cujas mães possuem baixos níveis de escolaridade. Esta descoberta indica que os estudantes imigrantes – de fato todos os estudantes – enfrentam um sério obstáculo para ter êxito escolar quando eles estão concentrados em escolas frequentadas por estudantes que se defrontam com desvantagens socioeconômicas similares.
Nota: Os países estão classificados em ordem crescente da força da relação entre o rendimento do estudante e a concentração de estudantes, em escolas individuais, com mães de baixa escolaridade.
Fonte: OCDE (2012), Habilidades Inexploradas: Descobrindo o Potencial dos Estudantes Imigrantes, Publicação da OCDE, Figura 5.9 e Quadro 5.6.
Desvantagens concentradas nas escolas estão fortemente relacionadasao baixo rendimento em leitura entre estudantes imigrantes
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Concentração de estudantescom mães de baixa escolaridade
Concentração de imigrantes Concentração de idioma estrangeiro
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4 PISA EM FOCO 2012/11 (Novembro) – © OCDE 2012
Para concluir: O rendimento do estudante não é necessariamente dificultado pela concentração de imigrantes na escola ou na sala de aula. Por outro lado, a concentração de desvantagem socioeconômica em uma escola, por exemplo, a desvantagem associada a pais com baixo nível de escolaridade, está fortemente associada ao baixo rendimento estudantil. Reduzir essa concentração nas escolas é, assim, um bom passo inicial no sentido de ajudar os estudantes de origem
imigrante a se integrarem de modo exitoso na escola e, por fim, na sociedade.
Para mais informações
Contate: Pablo Zoido (Pablo.Zoido@oecd.org)
Veja: OCDE (2012), Habilidades Inexploradas: Descobrindo o Potencial dos Estudantes Imigrantes, Publicação da OCDE e tabelas relacionadas.
No próximo mês:
O que os estudantes esperam fazer ao terminar o Ensino Médio?
Visite: www.pisa.oecd.org www.oecd.org/pisa/infocus
Por outro lado, os resultados sugerem que não é a proporção de estudantes imigrantes ou daqueles que falam um idioma diferente o que mais fortemente se associa ao baixo desempenho. Em outras palavras, estar em uma escola com estudantes de diferentes países ou que falam múltiplos idiomas não prejudica tanto a aprendizagem quanto estar em uma escola com uma alta concentração de estudantes de meios socioeconômicos desfavorecidos, o que se calcula pela proporção de estudantes que possuem mães com baixos níveis de escolaridade. De fato, há muitas escolas de bom desempenho que possuem grandes proporções de estudantes imigrantes. Frequentemente, este elevado rendimento é o resultado de políticas educacionais específicas, nacionais ou regionais, criadas para acolher – e aproveitar ao máximo – populações heterogêneas
de estudantes. Muitas escolas na província canadense de Alberta, por exemplo, têm justamente este tipo de perfil. As políticas de imigração voltadas, por exemplo, a indivíduos altamente educados também podem elevar o nível de desempenho nas escolas. Em outros casos, certas escolas privadas de alto rendimento selecionam, de modo específico, estudantes de outros países e oferecem currículos internacionalmente reconhecidos e usualmente rigorosos.
A qualidade da tradução para o Português e sua fidelidade ao texto original são de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, Brasil. Disponível em: www.inep.gov.br.