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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FACULDADE DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E
TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ - UNINOVAFAPI
CURSO DE MEDICINA
FRANCISCO OZIRES HENRIQUES COSTA FILHO
ADALBERTO CAVALCANTI RODRIGUES FILHO
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES COMPULSÓRIAS E/OU
INVOLUNTÁRIAS NO PIAUÍ
TERESINA - PI
2019
FRANCISCO OZIRES HENRIQUES COSTA FILHO
ADALBERTO CAVALCANTI RODRIGUES FILHO
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES COMPULSÓRIAS E/OU
INVOLUNTÁRIAS NO PIAUÍ
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso
de Medicina do Centro Universitário
UNINOVAFAPI como requisito parcial para
obtenção do título de graduado em Medicina.
Orientadora: Profª. Drª.Cintia Maria de Melo
Mendes.
TERESINA – PI
2019
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES COMPULSÓRIAS E/OU
INVOLUNTÁRIAS NO PIAUÍ
EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF COMPULSORY AND / OR INVOLUNTARY
INNOVATIONS IN PIAUÍ
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE LAS INTERLAMACIONES COMPULSORIAS Y /
O INVOLUNTARIAS EN EL PIAUÍ
Francisco Ozires Henriques Costa Filho1
Adalberto Cavalcanti Rodrigues Filho2
Cintia Maria de Melo Mendes 3
RESUMO
As internações compulsórias e/ou involuntárias são internações que se dão sem o consentimento
do indivíduo envolvido. Neste artigo nos empenhamos em estudar o mecanismo das internações
compulsórias e/ou involuntárias, descrevendo o perfil desses pacientes bem como as principais
indicações para a internação e o seguimento pós alta. Trata-se de um estudo do tipo descritivo,
epidemiológico, retrospectivo e quantitativo. Foram analisados 83 pacientes e constatou-se que
a maioria figurava indivíduos do sexo masculino, solteiro e cujo internação relacionava-se a
transtornos esquizotípicos. Ademais, grande parte recebe alta com orientações de perseverar no
tratamento clínico. O presente estudo sugere uma compreensão acerca dessa temática abrindo
precedentes para novos estudos a nível local.
Descritores: Epidemiologia; Internação psiquiátrica; transtorno psicótico.
___________________________________________________________________
1Discente do 12º período de Medicina do Centro Universitário UNINOVAFAPI Endereço: Rua Vitorino Orthiges
Fernandes, 6123, Bairro Uruguai, CEP: 64073-505. Teresina – Piauí. E-mail: ozireshcf@gmail.com;
2Discente do 12º período de Medicina do Centro Universitário UNINOVAFAPI Endereço: Rua Vitorino Orthiges
Fernandes, 6123, Bairro Uruguai, CEP: 64073-505. Teresina – Piauí. E-mail: adalberto_cavalcante@hotmail.com;
3Docente do curso de graduação em Medicina do Centro Universitário UNINOVAFAPI. Endereço: Rua Vitorino
Orthiges Fernandes, 6123, Bairro Uruguai, CEP: 64073-505. Teresina – Piauí. E- mail: cintia.uespi@gmail.com;
ABSTRACT
Compulsory and / or involuntary hospitalizations are hospitalizations that occur without the
consent of the individual involved. In this article, we undertake to study the mechanism of
compulsory and / or involuntary hospitalizations, describing the profile of these patients as well
as the main indications for hospitalization and post-discharge follow-up. It is a descriptive,
epidemiological, retrospective and quantitative study. A total of 83 patients were analyzed and
it was verified that the majority were male individuals, single and whose hospitalization was
related to schizotypal disorders. In addition, most of them are discharged with guidelines to
persevere in clinical treatment. The present study suggests an understanding of this theme by
opening up new studies at the local level.
Keywords: Epidemiology; Psychiatric hospitalization; psychotic disorder.
RESUMEN
Las internaciones compulsivas y / o involuntarias son internaciones que se dan sin el
consentimiento del individuo involucrado. En este artículo nos esforzamos en estudiar el
mecanismo de las internaciones compulsivas y / o involuntarias, describiendo el perfil de esos
pacientes así como las principales indicaciones para la internación y el seguimiento post-alta.
Se trata de un estudio del tipo descriptivo, epidemiológico, retrospectivo y cuantitativo. Se
analizaron 83 pacientes y se constató que la mayoría figuraba individuos del sexo masculino,
soltero y cuya internación se refería a trastornos esquizotípicos. Además, gran parte recibe alta
con orientaciones de perseverar en el tratamiento clínico. El presente estudio sugiere una
comprensión acerca de esta temática abriendo precedentes para nuevos estudios a nivel local.
Descriptores: Epidemiología; Internación psiquiátrica; trastorno psicótico.
INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, 3% das pessoas sofrem com transtornos
mentais severos e persistentes e 6 % apresentam transtornos psiquiátricos em virtude do uso de
álcool e outras drogas. Por isso a temática de internação desses indivíduos assim como o perfil
epidemiológico das mesmas precisa ser debatida seja pela questão social que tal temática
fomenta seja pela condição de saúde dos pacientes que estão envolvidos. (Diretrizes
Assistenciais em Saúde Mental na Saúde Suplementar)
Com relação às internações psiquiátricas, a lei define suas modalidades, bem como suas
justificativas. O artigo 6º da Lei 10.216 delimita os tipos de internação psiquiátrica: voluntária,
involuntária e compulsória.
No parágrafo único do artigo 6º define-se que: “São considerados os seguintes tipos de
internação psiquiátrica: I – internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do
usuário; II – internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a
pedido de terceiro; e III – internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Entretanto, as categorias podem mudar com o decorrer do tempo se o paciente
voluntariamente internado pede a alta, ou se esta é conferida ou a internação se torna
involuntária. Essa modalidade de internação tem regras específicas também determinadas na
lei: “Art. 8o – A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico
devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM do Estado onde se localize
o estabelecimento. § 1o – A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e
duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando
da respectiva alta. § 2o – O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita
do familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo
tratamento. ”
O artigo 9º trata das internações compulsórias, aquelas ordenadas por juízes: “A
internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz
competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à
salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários”. ( Barros, D. M. e Serafim, A.
P.; 2009).
O caráter compulsório é manifestado pela ausência do consentimento da pessoa
envolvida na internação psiquiátrica, exigindo-se intervenção judicial solicitada em ação
ajuizada pelo Ministério público. Assim podemos inferir que a intervenção por mandato judicial
tem se início fixado na lei, entretanto, não o seu término já que garante autonomia médica na
determinação da alta.
A legislação brasileira em saúde mental considera a reabilitação psicossocial, uma
estratégia potente que pode contribuir para a expansão do modelo de Atenção Psicossocial.
Entretanto, avaliações têm apontado que o processo de trabalho das equipes dos serviços
comunitários, ainda, segue a lógica do atendimento ambulatorial, distante das diretrizes do
modelo psicossocial que contempla a subjetividade, as relações interpessoais e que incentiva a
construção de um novo processo de trabalho, através da valorização do sentido que o outro
atribui à sua experiência. Segundo a percepção dos próprios usuários desses serviços, a inclusão
está relacionada ao trabalho, educação, renda, poder contratual e ser aceito na sua diferença. (
Castro,A.; S.Furegato ; Santos,F, Licio J. ; 2018).
Com relação as internações por abuso de drogas quando se torna inevitável, inicialmente
sua finalidade se volta para a desintoxicação do usuário. Entretanto, em todos os momentos do
tratamento é função de todos os profissionais da equipe de saúde auxiliá-lo na manutenção da
abstinência e na reabilitação. Deste modo, compreende-se que esse tipo de tratamento reporta
a um importante desafio no que se refere à adesão. A maior limitação da recuperação do
dependente químico se deve à propensão à reincidência do consumo de drogas. Assim, após a
internação, muitos deles, experimentam a recaída, essa reincidência resulta na reinternação.
(Ferreira, A. C. Z.; Capistrano, F. C. ; Maftum, M. A. ; Kalinke L. P. ; Kirchhof, A. L. C. ;
2012)
A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que, para melhorar a saúde mental,
deve-se investir na produção de dados concretos sobre os serviços e recursos existentes
e definir estratégia de avaliação contínua de toda nova atividade. Para se alcançar
o aperfeiçoamento dos serviços de saúde mental, se faz necessária uma “atitude
epidemiológica”, que possibilite ratificar que o manejo do sofrimento psíquico não se limita à
aplicação meticulosa de técnicas, mas necessita, também, de avanços na acessibilidade,
na humanização e na criação de estratégias de promoção à saúde, que abordem de forma integral
as questões sociais e de relacionamento interpessoal, envolvendo os usuários desses
serviços.
Sendo assim, diante da magnitude dos problemas que levam à internação
compulsória e/ou involuntária, torna-se de grande importância incentivar investigações
epidemiológicas com fins de subsidiar informações concretas da área de saúde mental, bem
como despertar em outros profissionais o interesse pela produção dos dados que
caracterizem melhor a população que está sendo trabalhada. Nesse contexto, este trabalho
estuda o perfil epidemiológico dos usuários da rede de saúde mental que estão em regime
internações compulsória e/ou involuntária no Estado do Piauí. (Carvalho, M. D. A.; Silva, H.
O.; Rodrigues, L. V.; 2010).
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo transversal, descritivo, com levantamento
epidemiológico, retrospectivo e quantitativo que avaliou dados obtidos de banco de dados e de
prontuários de pacientes em internação compulsória e/ou involuntária do Hospital Areolino de
Abreu , em Teresina-PI.
O Hospital Areolino de Abreu é um serviço de referência em atendimento na área
de Saúde Mental no Estado do Piauí sendo escolhido para a pesquisa devido ser o único do
estado a receber pacientes internados de forma compulsória e/ou involuntária. Além disso,
conta com 70 leitos sendo divididos entre Ala João Marques destinados aos indivíduos do sexo
masculino com 40 leitos e Ala Madre Maria de Jesus destinados aos indivíduos do sexo
feminino com 30 leitos. O Hospital possui vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS) e
dispõe de equipe multiprofissional 24 horas por dia.
O levantamento de dados ocorreu durante o período de dezembro de 2018 a abril
de 2019 através do estudo de prontuários bem como consulta do sistema eletrônico juntamente
com funcionários do Hospital. Além disso foram coletados dados de prontuários que tiveram
alta imediatamente após o início da pesquisa. Isso deve-se ao fato de existir uma considerável
rotatividade dos pacientes pesquisados.
Os dados coletados dos pacientes foram: idade, sexo, estado civil, tempo de internação,
destino da internação, CID (s) da internação, motivo social da internação, hábito de vida
(social).Sendo , portanto, a população do estudo constituída pelos dados coletados, processados
e distribuídos em tabela pré-confeccionada, não sendo possível a identificação nominal,
endereço ou outra informação que personalize e que permita a identificação pessoal dos
participantes ou qualquer forma de contato direto com os pacientes. Foi, portanto, solicitado
dispensa de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – ANEXO I.
A pesquisa foi realizada após a autorização do diretor responsável pelo Hospital
Areolino de Abreu, a submissão do projeto de pesquisa à Plataforma Brasil,a análise e
aprovação do mesmo pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário
UNINOVAFAPI (CAAE 98101018.4.0000.5210), em consonância com a Resolução 466/2012
do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as questões operacionais
e éticas dos trabalhos científicos envolvendo seres humanos. ( ANEXO )
Os critérios de inclusão da pesquisa foram os pacientes internados no Hospital Areolino
de Abreu em regime de internação compulsória e/ou involuntária no momento da pesquisa ou
imediatamente anterior.
Como critérios de exclusão temos pacientes em que a maioria dos dados estavam
incompletos ou não suprindo a demanda principal dos objetivos da pesquisa. È válido lembrar
que dados relativos ao hábitos de vida como drogas, por exemplos, foram incluídos com o titulo
“sem registro” já que muitos dos prontuários estudados estarem incompleto para tal dado.
Outrossim, os pacientes em internação vigente no momento da coleta não foram contabilizados
no quesito destino da internação por motivo lógico de permanecerem internados.
Os dados do instrumento de coleta aplicado foram registrados e em seguida
distribuídos em tabelas em planilha de Microsoft Excel 2007®. Para a análise dos dados foi
utilizada a estatística descritiva (percentuais e proporções) e os resultados apresentados através
de gráficos e tabelas.
Enfim, comparou-se os dados coletados os com o referencial teórico para uma melhor
compreensão do tema estudado, distribuindo-se os resultados em tabelas para cada conjunto de
variáveis de mesmo interesse. As variáveis foram agrupadas segundo perfil epidemiológico
(sexo, idade, estado civil, procedência) e fatores potencialmente associados com o maior tempo
de internação
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do presente estudo foi considerado um universo de 83 pacientes em estado de
internação compulsória e/ou involuntária no Estado do Piauí. Observou- se que houve um
predomínio de homens em detrimento de mulheres, sendo maioria solteiros, do interior do
Estado do Piauí e com predominância de idade da década dos 30 anos.
Tabela 1: Perfil Epidemiológico dos pacientes em internação compulsória e/ou
involuntária em Hospital de referência
Piauí, 2019
Nº %
Sexo
Masculino 67 80,72
Feminino 16 19,28
Total 83 100,00
Faixa etária
13 a 19 5 6,02
20 29 19 22,89
30 a 39 29 34,94
40 a 49 16 19,28
50 a 59 13 15,66
60 ou + 1 1,20
Total 83 100,00
Estado civil
Casado 2 2,41
Divorciado 4 4,82
Solteiro 73 87,95
União estável 2 2,41
Viúvo 2 2,41
Total 83 100,00
Procedência
Interior
64
77,10
Teresina 19 22,89
Total 83 100,00
Fonte: Hospital Areolino de Abreu.Teresina (PI).
O predomínio de homens (80,72%) em relação ao de mulheres (19,28%) se assemelha
a outras pesquisas epidemiológicas como é o caso do estudo de Cecilia Godoi nas internações
psiquiátricas de Divinópolis-MG. Apesar do número de internações de mulheres ter aumentado
nos últimos anos, o sexo masculino ainda desponta como evidencia o estudo supracitado.
Com relação a faixa etária observa-se uma porcentagem maior dos 20 até os 49 anos
tendo como maior percentil faixo de 30 a 39 anos. Tais dados corroboram majoritariamente
com a literatura nacional como é o caso do estudo ocorrido em Macapá onde se estudou a
internação de pacientes na cidade de Macapá-AP.( Cunha Penha, José, 2017)
O estado civil foi observado quase totalmente por indivíduos solteiros perfazendo uma
percentagem 87,95 % o que faz jus a conflitante história de vida desses pacientes já que muitos
são acometidos por doenças crônicas psiquiátricas que os impede de manter um relacionamento
saldável e duradouro tal qual vida conjugal entre outros. (Dalgalarrondo ,2003)
A procedências de tais indivíduos observou-se uma maioria do interior do estado do
Piauí com percentagem de 77,10% e os paciente de Teresina figuravam num percentil
visivelmente inferior de 22,89 %. Apesar de a literatura mostrar que a área geográfica não
mostra relação aos distúrbios psiquiátricos um estudo realizado em Santiago do Chile sobre a
associação entre a saúde mental dos moradores e os aspectos de qualidade do ambiente de
residência como ruas asfaltados e quantidades de áreas verdes evidenciou associação inversa
entre qualidade do ambiente e presença de transtorno mental comum ( Araya , 20017 ) Ademais
há estudos que mostram que a ausência de vínculos familiares, o desemprego , a violência , a
perda da autoestima , o uso de drogas licitas ou ilícitas e as doenças mentais são fatores
determinantes/condicionantes da moradia nas ruas, becos e praças de cidades. (Francisco, 2011)
Observando a tabela 2 na qual mostra o perfil das internações pelo CID-10 e por sexo
percebemos que dos 67 homens 51 deles estão com transtornos esquizotípicos(76,1%) , a saber
esquizofrenia, e em relação as mulheres das 16 apenas 9 corresponde ao símile(56,2%).Já
quando falamos em transtornos mentais e comportamentais devido aos usos de substancias
psicoativa, a saber drogas ilícitas ou licitas, de 67 homens 12 estão diagnosticados (17,9%) ao
passo que as mulheres das 16 apenas 1 entrou na lista (6,2%). Sendo assim temos um total de o
primeiro responsável por 73,46% das internações no período estudado e o segundo por 15,65%
das internações.
Tabela 2 Perfil das internações pelo CID-10 por sexo dos pacientes em internação
compulsória e/ou involuntária em Hospital de referência; Piauí, 2019
Sexo
Masculino Feminino Total
Nº % Nº % Nº %
CID
F068 1 1,49 - - 1 1,20
F079 2 2,99 - - 2 2,41
F132 1 1,49 - - 1 1,20
F191 1 1,49 - - 1 1,20
F192 8 11,94 - - 8 9,64
F195 2 2,99 1 6,25 3 3,61
F200 38 56,72 2 12,50 40 48,19
F201 7 10,45 4 25,00 11 13,25
F203 1 1,49 1 6,25 2 2,41
F204 1 1,49 - - 1 1,20
F209 1 1,49 - - 1 1,20
F231 3 4,48 - - 3 3,61
F232 1 1,49 - - 1 1,20
F250 - - 1 6,25 1 1,20
F258 - - 1 6,25 1 1,20
F301 1 1,49 - - 1 1,20
F312 2 2,99 5 31,25 7 8,43
F317 1 1,49 - - 1 1,20
F411 1 1,49 - - 1 1,20
F602 2 2,99 - - 2 2,41
F609 1 1,49 - - 1 1,20
F710 1 1,49 - - 1 1,20
F711 1 1,49 1 6,25 2 2,41
F721 2 2,99 - - 2 2,41
Total 67 100,00 16 100,00 83 100,00
Legenda da Tabela 2: F000-F099: Transtornos Mentais Orgânicos
F100-F199: Transtornos Mentais e Comportamentais devido ao uso de substancias psicoativas
F200-F299: Esquizofrenia e Transtornos Esquizotípicos
F300-F399: Transtornos de Humor (afetivos)
F400-499: Transtornos neuróticos, transtornos somatoformes
F600-699: Transtornos de personalidade e sexuais
F700-799: Retardo Mental
Nota-se uma predominância de internações por substâncias psicoativas em homens em
detrimento de mulheres, se fizermos uma análise dos respectivos percentis, ao passo que nas
mulheres observa-se a predominância dos esquizotípicos, percentualmente falando. Isso é
comprovado na literatura como mostra a pesquisa de Jose Marcos Garcia sobre o perfil das
internações psiquiátricas na cidade de Tupã-SP (2013). Nessa pesquisa foram avaliados 450
prontuários dos quais mostraram, dentre outros achados, a predominância das internações por
substancias psicoativas no sexo masculino.
É preciso salientar que a esquizofrenia é uma doença mental crônico degenerativa, na
qual a pessoa adoecida tem dificuldade para reconhecer a realidade, comportar-se dentro do
padrão de normalidade e realizar tarefas de autocuidado e higiene pessoal. É tida como a mais
grave das doenças mentais e, em 2009, já acometia 2 milhões de brasileiros, sendo cercada por
tabus e preconceitos em decorrência do desconhecimento da maioria da população sobre essa
doença. (Palmeira, Geraldes Bezerra, 2009)
Quando se compara as internações por Transtornos Mentais e Comportamentais devido
ao uso de substancias psicoativas com as de Esquizofrenia e Transtornos Esquizotípicos
observa-se que predominam a segunda. Isso mostra uma realidade local do Piauí já que em
outras pesquisas o contrário é mais comum.
É importante salientar que o diagnóstico médico psiquiátrico é um tema polêmico, que
provoca posicionamentos opostos. (Dalgalarrondo ,2003)
Alguns autores defendem que ele serve apenas para rotular pessoas, legitimando o
controle das pessoas “desadaptadas” ou contestadoras, e outros afirmam ser o diagnostico
imprescindível na direção do tratamento e na evolução da ciência medica acerca dos transtornos
mentais. (Severo,2009)
De forma geral em relação as drogas consumidas pelos pacientes estudados destaca-se
o uso de drogas ilícitas tendo-se afirmado preponderante àqueles nos quais consomem diversas
drogas como demonstrado na tabela 3 “múltiplas drogas” representando 38,55 % .Além disso
se considerar todas as drogas ilícitas essa percentagem passa para 46,97% , ou seja , quase
metade. Uma dificuldade foi que muitos prontuários se encontravam sem registro como
evidencia a tabela correspondendo 48,19%, infelizmente.
A ocorrência de transtornos mentais por uso de substancias psicoativas é preocupante
no cenário epidemiológico nacional, pela disponibilidade destas drogas e a experimentação que
vem acontecendo cada vez mais precocemente, com malefícios biológicos, sociais e riscos
individuais e coletivos. (Azevedo , Silva 2012)
Tabela 3 Uso de Drogas dos pacientes em internação compulsória e/ou involuntária em
Hospital de referência
Piauí, 2019
Nº %
Uso de Drogas
Somente álcool 2 2,41
Álcool + Cocaína 1 1,20
Álcool + tabaco 1 1,20
Crack 2 2,41
Drogas + psicotrópicos 1 1,20
Álcool + múltiplas drogas 2 2,41
Maconha 1 1,20
Múltiplas drogas 32 38,55
Nega uso de drogas 1 1,20
Sem registro 40 48,19
Total 83 100,00
Fonte: Hospital Areolino de Abreu.Teresina (PI).
De acordo com a tabela 4, o destino das internações é majoritariamente a alta hospitalar
seguido de acompanhamento clínico, observa-se que o número (51,8%) supera a metade do
seguimento para os pacientes. Tal dado não é novidade na literatura. Espera-se ,entretanto, que
existam muitas reinternações.
Isso deve-se ao fato de que a adesão ao tratamento é difícil, pois a pessoa aceita tratar-
se, entretanto, mesmo absorvendo as orientações dos profissionais de saúde quanto a
importância dos psicofámacos, a não adesão atinge cerca de 50 % dos pacientes. Dos pacientes
tratados com antipsicóticos convencionais 40 % param de tomar a medicação no primeiro ano
de tratamento e 75 % , dentro de dois anos. Após a alta de uma internação psiquiátrica , o
tratamento de manutenção usualmente é psicofarmacológico , sendo a reinternação indicada se
houver aumento do riscos à saúde. Sendo assim, fatores como abandono do tratamento e
carência da rede para internações de outro tipo concomitante às medicações contribuem para a
ocorrência de reinternação. (Cardoso, Galera ; 2011)
Tabela 4 Destino da internação compulsória e/ou involuntária em Hospital de referência
Piauí, 2019.
Nº %
Destino das internações
Alta + acompanhamento clínico 43 51,80
Em andamento 34 40,96
Evasão 3 3,61
Óbito 3 3,61
Total 83 100,00
Fonte: Hospital Areolino de Abreu.Teresina (PI).
Isso deve-se ao fato de que a adesão ao tratamento é difícil, pois a pessoa aceita tratar-
se, entretanto, mesmo absorvendo as orientações dos profissionais de saúde quanto a
importância dos psicofámacos, a não adesão atinge cerca de 50 % dos pacientes. Dos pacientes
tratados com antipsicoticos convencionais 40 % param de tomar a medicação no primeiro ano
de tratamento e 75 %, dentro de dois anos. Após a alta de uma internação psiquiátrica, o
tratamento de manutenção usualmente é psicofarmacológico, sendo a reinternação indicada se
houver aumento dos riscos à saúde. Sendo assim, fatores como abandono do tratamento e
carência da rede para internações de outro tipo concomitante às medicações contribuem para a
ocorrência de reinternação. (Cardoso, Galera; 2011)
É válido lembrar que somente as medicações não preveem a cura dos transtornos
mentais, ao contrário a prescrição de medicações é indicado como coadjuvante à psicoterapia
individual ou em grupo, visto que as medicações aliviam só os sintomas físicos ou
comportamentais. (Townsend, 2014)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto é possível inferir que a maioria dos pacientes examinados eram do
sexo masculino, sendo majoritariamente solteiros e do interior do estado do Piauí. Além disso,
podemos verificar que as internações são em virtudes primeiramente de transtornos
esquizotípicos e, em segundo lugar, de transtornos relativos ao uso de substancias psicoativas.
Por fim e não menos importante constatamos que a maioria dos pacientes retornam para casa
com tratamento clínico. Tais resultados são de acordo com literatura vigente, em sua maioria.
Desse modo, o presente estudo sugere uma compreensão acerca do perfil
epidemiológico desses pacientes no Piauí bem como abre precedentes para novos estudos nessa
área a nível local.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://www.ans.gov.br/images/stories/Plano_de_saude_e_Operadoras/Area_do_consu
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https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/29284 ; Acesso em 10 de Maio de 2019
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Iguatu, CE Marcos Danúbio Alves de Carvalho1 ; Hélder Oliveira e Silva2 ; Leila Vieira
Rodrigues3 – Revista eletrônica de saúde mental álcool e drogas - Universidade
Regional do Cariri, Rua Dom Quintino, S/N, Bariro São Sebastião, 63500- 000, Iguatu,
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
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Químicos: Aspectos Legais E Implicações Clínicas, São Paulo ; 2012 ; Tese (
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; Universidade Federal de São Paulo ; São Paulo.
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15. Dalgalarondo, P. ;Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2ª Edição ;
Rio de Janeiro ; 2008.
APÊNDICEs
Justificativa de Dispensa de TCLE
Será solicitado a dispensa do TCLE uma vez que o trabalho não irá expor, em
nenhum momento, os dados dos pacientes envolvidos na pesquisa, bem como o seu nome, ou
qualquer documento de caráter pessoal do mesmo; nem mesmo os pesquisadores terão acesso
a esses dados, uma vez que haverá apenas o regaste desses dados pelo sistema informatizado
do Hospital em que um funcionário do próprio Hospital irá fornecer. Os dados serão colocados
em colocados em tabelas afim de preservar a privacidade e de reduzir os riscos de quebra do
sigilo da identidade dos indivíduos em estudo.
Não serão solicitados dados como nome do paciente, número de CPF ou RG ,
endereço ou qualquer outro dado que identifique o paciente. Os dados a serem solicitados
compreendem: idade, sexo, ocupação/profissão, origem( se é de Teresina ou não) , doenças de
base e/ou doenças psiquiátricas versadas pelo CID, utilização de drogas ilícitas ou não , se é
etilista ou tabagista.
Os dados só serão coletados após a apreciação e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa
CEP/UNINOVAFAPI. Dessa forma, a pesquisa será realizada com dados epidemiológicos que
não identificam o indivíduo em estudo.
Teresina, ______ de ___________ de ________.