Post on 13-Mar-2016
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papi ro INFÂNCIA
Eles pulam, jogam e nadam
sem tempo para brincadeiras.
São os atletas mirins
As histórias de gente que se deixou comandar pelo vento
A vida num sopro
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade 7 de Setembro - agosto a dezembro de 2012
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*EDITORIAL
EXPEDIENTEO jornal Papiro é uma produção laboratorial do curso de Jornalismo da Fa7. Coordenador do curso: Dilson Alexandre. Editor-chefe: Rafael Rodrigues. Editor-executivo de Planejamento Gráfico: Alvaro Beleza.
Editor-executivo de Fotografia: Jari Vieira. Agência de Notícias Fato: Eugênio Furtado. Agência Experimental Brado: Leonardo Paiva. Projeto gráfico: Andrea Araujo. Redação: Ana Rodrigues, Bruno Parente, Dayanne Feitosa
Dutra, Eduardo Moreira, Elayne Costa, Elrica Mara, Gilvane Sousa, Jaciára Lima, Jackson Pereira, Lylla Lima, Rubens de Andrade, Suiany Rocha, Taíssa Julião. Designers: Amanda Rodrigues, Anderson Paixão, Andrei
Tavares, Anna Rita Regadas, Gabriel Mota, Gerusa Pacheco, Levi de Freitas, Rones Maciel, Yara Barreto. Tiragem: 500 exemplares. Impressão: Expressão Gráfica.
Elas se esquivam, fogem, ruborizam.
Não vendem barato aquilo que têm
de mais valioso: suas subjetividades.
Só se deixam desvendar por um olhar um
pouco mais treinado, sensível, humano. Elas
são aquelas pessoas a quem o jornalismo
acostumou-se a chamar de personagens.
Gente anônima ou famosa, rica ou pobre, feliz
ou atormentada, mas com algo em comum:
boas histórias que merecem ser contadas.
Mas, em se tratando de pessoas, histó-
rias não são simplesmente contadas. São,
Personagens em busca de intérpretes
na verdade, ressignificadas, recontadas.
São redimensionadas para caber na pá-
gina do jornal. Nesse exercício semiótico,
em que cada palavra é (ou deveria ser)
símbolo de algo real, é que se revelam
não apenas os bons personagens, mas
também os bons intérpretes – aqueles a
quem o jornalismo convencionou chamar
de repórteres.
Esta edição do Papiro evidencia encon-
tros, a um tempo felizes e desafiadores,
de personagens e intérpretes-repórteres.
O exercício laboratorial coloca em foco
uma delicada costura, que envolve as
convicções de repórteres em formação
e a natureza sempre imprevisível das in-
terações humanas, expressa nesses en-
contros. Daí surge o desafio para nossos
futuros jornalistas.
E eles saem-se com este conjunto de
matérias que flagram, de diversos modos,
uma porção daquelas coisas aludidas mais
acima – essas subjetividades, essa presen-
ça do outro. Histórias de homens que dis-
seram não ao ocaso da velhice. Contos de
amor e desamor mediados por conexões
banda larga. Vidas em alta e baixa velocida-
de, em estradas de terra e asfalto. Corpos
infantis tensionados pela competitividade
da vida moderna. Histórias de dinheiro, de
fanatismo, de trabalho. No virar de cada
página, esse é um jornal feito de gente.
Boa leitura.
Rafael Rodrigues
Editor-chefe
Cynthia Nogueira
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Motoristas x pedestres: uma batalha sem vencedoresFALTA DE INFRA-ESTRUTURA, SOMADA AO ACUMULO DE VEÍCULOS,
GERAM TRANSTORNOS E DESUMANIZAM O TRÂNSITO DA CAPITAL
Gritos, xingamentos e o barulho estri-
dente das buzinas tomam conta das
ruas e avenidas da capital. De um
lado, motoristas reclamam da falta de aten-
ção de pedestres e a estrutura precária da
malha viária. De outro, há os que andam a
pé, vítimas da constante correria dos mo-
toristas, e de uma fiscalização do trânsito
que nem sempre pune os infratores.
Fortaleza, como as grandes metrópoles
brasileiras, vive esse conflito a cada es-
quina. No bairro Benfica, no cruzamento
da Avenida Carapinima com a Rua Juvenal
Galeno, durante o horário de pico, é quase
impossível atravessar a via sem correr o ris-
co de ser atropelado por algum motorista. O
estudante Antônio Ferreira dos Santos, 15
anos, afirma que raramente utiliza a faixa
de pedestre, mesmo sabendo dos riscos.
Entre os anos de 2001
e 2010, foram 1472
pedestres mortos no
trânsito de Fortaleza.
“Eu não costumo utilizar a faixa. Os mo-
toristas não respeitam nem o sinal, quan-
to mais à faixa. Quando estou indo para a
escola ou voltando para casa, sempre vejo
a faixa, só que quando quero atravessar a
rua eu só olho se vem carro ou não, e corro
para outro lado”, diz ele.
Já o flanelinha Francisco Wilame de
Sousa, 45 anos, diz fazer uso da faixa de
pedestre com freqüência, pois como tra-
balha nas ruas, no entorno do Shopping
Benfica, conhece de perto os perigos para
quem utiliza ou não a faixa. “Eu já presenciei
muitos acidentes nessa área. E, como já fui
quase atropelado uma vez por um motoris-
ta que ‘furou’ o sinal, eu presto bastante
atenção ao atravessar a rua. Os motoristas
não respeitam ninguém, nem eles mesmos.
No horário de pico, parece uma guerra.
Muito barulho de carro, principalmente de
buzinas”, comenta Wilame.
A vendedora Maria Albeniza Ferreira
Mourão, que possui um carrinho de lan-
ches na esquina do cruzamento, diz que
acidentes em cima da faixa são comuns,
mesmo havendo o semáforo para pedes-
tre. “Os acidentes acontecem geralmente
entre as 16h e 20h quando o movimento
na avenida é muito forte. Estudantes e tra-
balhadores são os que mais sofrem com
a falta de educação dos motoristas, prin-
cipalmente os de ônibus, que param fora
do ponto para passageiros entrar, o que
acaba atrapalhando bastante o movimento”,
afirma Dona Albena.
Na opinião dos agentes de trânsito, o
Texto: Rubens de Andrade
Design: Levi de Freitas
principal problema dos condutores está
na crença de que a preferência é sempre
deles, seja em relação à pedestre ou a ou-
tros veículos, por isso é tão comum flagrar
esses condutores acelerando na sinalização
amarela ou furando a sinalização vermelha,
além de pararem constantemente em cima
da faixa. Outros fatores, como a travessia
de pedestres em locais inapropriados, a
falta de sinalização e de fiscalização acabam
colaborando diretamente com estatísticas
assombrosas, mas compatíveis com o trân-
sito caótico.
Os dados coletados sobre acidentes de
trânsito, relativos ao período de Janeiro a
Dezembro de 2011, classificam os pedes-
tres como a segunda categoria que mais
apresentou vítimas fatais. No geral, 2.091
pessoas morreram vítimas de acidentes no
trânsito. Desse total, os pedestres somam
457 mortes, o que representa 21,86%, fi-
cando atrás apenas dos motociclistas, com
761 mortes (36,39%).
Faixa respeitada
Em alguns pontos da capital, o valor da faixa
de pedestre parece variar de acordo com o
contexto a qual está inserida. No “sistema
de trânsito” privado, como por exemplo,
dentro do Shopping Iguatemi, os motoristas
respeitam, como manda o código de trânsi-
to, todas as sinalizações, incluindo a faixa.
A cena se repete em ruas e avenidas que
possuem escolas, universidades, agentes
de trânsito ou fiscalização eletrônica.
Deixar de dar preferência de passagem
ao pedestre quando ele está na faixa, que
não tenha concluído a travessia, é infração
gravíssima, punida com multa no valor de
R$ 180 (cento e oitenta reais) e sete pon-
tos na carteira. Além de pagar a multa, o
infrator tem sua carteira suspensa, o veí-
culo é retido e o documento de habilitação
é recolhido pela autoridade de trânsito. E,
parar o automóvel na faixa de pedestre na
mudança de sinal luminoso também incide
em multa e quatro pontos na carteira.
VEJA MAIS
www.fa7.edu.br
Rubens de Andrade
Faixa de pedestre no bairro Benfica: acidentes são comuns
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DIFERENTES
HISTÓRIAS DE VIDA
UNIDAS PELO SOPRO
DE UMA FORÇA DA
NATUREZA. CONHEÇA
PESSOAS QUE TÊM
NO VENTO UM ALIADO
NAS SUAS VIDAS
E CARREIRAS
Texto: Elayne Costa
Design: Anderson Paixão
Há 16 anos, Silvio Capibaribe virou pa-
rapentista e abriu sua própria escola
de parapente no Ceará. Silvio era pa-
raquedista, mas influenciado por dois alemães
começou a praticar o parapente. “Eu sempre
gostei de voar, mas na profissão de paraque-
dista eu ficava mais no chão do que no ar”.
“Os aviões quebravam muito”, diz ele.
Silvio se apaixonou pelo esporte e resolveu
seguir carreira. “Abrir a escola de parapente
não foi fácil, eu tive que treinar muito sozi-
nho e me profissionalizar”. Sílvio contou que
no início tinha muito medo de altura, e que
voar sempre foi um grande desafio para ele.
“Quando eu estou voando, não existe sensa-
ção melhor e eu amo fazer isso”, diz Silvio.
A escola Vôo Livre fica na serra da Paca-
tuba, a 30 quilômetros de Fortaleza, e conta
atualmente com quatro professores. Com
tantos anos voando e ensinando as pesso-
as a voarem, Sílvio nunca sofreu nenhum
acidente. “Eu procuro sempre seguir as
regras de segurança e é isso que eu passo
para os meus alunos, por isso nunca sofri
nenhum acidente”, diz ele.
A filha de Sílvio, que tem dois anos de
idade, também já pulou de parapente.
“O esporte é tão tranquilo que eu e a
minha esposa pulamos com a nossa filha,
e ela disse que adorou”, conta o professor.
Em todos esses anos de profissão, ele disse
que nunca ninguém reclamou de ter pulado,
ou não gostou da aventura.
Outra personagem que usa o vento
como forma de trabalho é Priscila Rodri-
gues, chefe do Departamento de Saúde e
Segurança em uma empresa de energia
eólica. Priscila precisa subir semanalmente
nas turbinas de 80 metros de altura para
checar como os técnicos estão trabalhando
e ver se estão todos em segurança. “Traba-
lhar com energia eólica é muito gratificante,
principalmente porque é uma forma limpa
de gerar energia, usamos apenas o vento
para gerar energia elétrica para centenas
de casas”, diz ela.
Priscila está na empresa há quatro anos
e conta que a primeira vez que precisou
subir em uma turbina não foi fácil. “Oitenta
metros é muito alto e eu precisei subir de
escadas. Achei que não iria conseguir,mas
depois que eu cheguei no topo a visão que
eu tive pagou todo o esforço, foi maravilho-
so”, conta ela. Algumas vezes a técnica em
segurança precisou descer os 80 metros
por uma corda do lado de fora da turbina.
“Quando eu estou voando,
não existe sensação melhor
e eu amo fazer isso”
Elayne Costa
Deixa o vento me levar
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Essa descida faz parte de um treinamento
de segurança que a empresa oferece para
todos os técnicos. É uma forma de evacua-
ção em casos de emergência.
“Na primeira vez que eu desci de corda
foi muito difícil, estava com muito medo,
mas hoje é tranqüilo e eu adoro fazer”, diz
ela. Priscila tem o sonho de um dia pular
de paraquedas ou até mesmo de bungee
jump. “Tudo relacionado à altura agora é
uma coisa que me chama a atenção e eu
tenho muita vontade de fazer. Só não pulei
ainda por falta de oportunidade”.
O vento literalmente “leva” Fernando
Pereira da Silva, 62 anos, duas vezes por
mês para o meio do mar. Ele é pescador há
mais de 50 anos e nunca pensou em fazer
outra coisa na vida. “Pescar é uma coisa
que eu comecei a fazer quando ainda era
criança e nunca pensei em deixar. O vento
leva o meu barco a vela todos os meses
mar adentro e até hoje me trouxe de volta”.
Fernando sai para pescar duas vezes por
mês e passa de 10 a 15 dias em alto mar. O
barco volta carregado, em média com mais
de 300 quilos de peixe. “Ser pescador não
é fácil, as vezes ficamos mais tempo no mar
do que em terra e são grandes os riscos que
enfrentamos. O vento faz o mar se revoltar e
nós precisamos lutar contras as tormentas”,
diz ele. O pescador do Mucuripe sai em seu
barco a vela todas às vezes com mais quatro
amigos e contam com a sorte para volta-
rem abastecidos. A falta de peixes é cada vez
maior, e com isso mais longe eles precisam ir.
“Os peixes estão diminuindo e assim a
gente precisa se distanciar ainda mais da
terra. Saímos daqui antes do sol nascer e
só chegamos no ponto para pescar de novo.
É muito longe da terra firme e isso assusta”,
conta. Os próprios pescadores cozinham as
suas refeições diárias no barco, e no car-
dápio eles só comem arroz, feijão e, claro,
peixe. “Quando dá a gente leva um pouco
de carne, mas é difícil e quando levamos só
dura três ou quatro dias. Depois comemos
apenas peixe, os que pescamos. É peixe frito
cozido, de todas as formas”, diz ele.
Seu Fernando diz que nunca sofreu ne-
nhum acidente nesses 50 anos de profis-
são, mas que já perdeu alguns amigos. O
mar às vezes se revolta, e alguns barcos
se perdem pela imensidão azul. Eles viajam
totalmente desprovidos de segurança.
No barco não há nenhum aparelho de
comunicação ou localizador. Não possui
também sinalizadores que poderiam ser
usados em casos de emergência. “A gente
só viaja com a experiência que possuímos
e com uma bússola”, ele completa.
Entre várias histórias curiosas ele con-
ta que já viu peixes maiores que o barco
e que algumas vezes aconteceu do peixe
ficar batendo embaixo do barco tentando
derrubá-lo. “É muito estranho! A sensação
que a gente tem é que o peixe está tentan-
do virar o barco para comer todos nos. Dá
muito medo, mas felizmente isso nunca
aconteceu. Questionado sobre o seu maior
medo quando está em alto mar, ele não
demora em responder. “Tenho medo de
um navio passar por cima da gente. Esse
é o meu maior medo. Porque já aconteceu
com a embarcação de alguns amigos meus.
E quando isso acontece dificilmente alguém
consegue escapar vivo”, assegura.
“O vento faz o mar se
revoltar e nós precisamos
lutar contras as tormentas”
Elayne Costa Arquivo
VEJA MAIS
www.fa7.edu.br
As velas do Mucuripe levam o pescador Fernando para longas temporadas no mar. Já Priscila (à direita) enfrenta medos em nome da energia eólica
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Você sabe o que é rally? Uma competição
automobilística que pode ser realizada
em diversos tipos de terrenos, desde
terra batida à areia fofa de um deserto. Isso
mesmo! Essa competição é vivenciada pelos
seus admiradores desde o século XX. Um es-
porte que vem crescendo e atraindo cada vez
mais apaixonados por velocidade e aventuras.
“O rally se destaca pela oportunidade
de se conhecer lugares que dificilmente
você iria”, diz Stanger Eler, administrador
de empresas e praticante do esporte. Ele
se deparou com o universo das competições
por conta da esposa Monique Mota, “Ela se
apaixonou pelo rally e para não deixa-la com-
petir sozinha, resolvi unir o útil ao agradável”.
Mas essa influência não foi apenas da
esposa. Desde criança, já era fascinado por
velocidade. Quando morava na cidade de Assis
Chateaubriand (PR), gostava de assistir com-
petições de MotoCross. Veio morar no Ceará,
e aqui começou a se aproximar do esporte.
Casamento, família e logo um carro 4x4.
Passeios e trilhas em família. O que era
lazer acabou virando um esporte da família
toda. Mas não se preocupe, pois conciliar os
dois lados é bem mais simples e fácil do que
imaginamos. “Para você poder ter a tranqui-
lidade de competir em alto nível, em compe-
tições nacionais, a família e a empresa têm
que estar auxiliando e incentivando”, pontua.
Para o piloto Armando Bispo, o encon-
tro com o universo automobilístico acon-
teceu ainda garotinho. “Já bem pequeno
vivia cercado de carrinhos, triciclos, carros
de rolimã e ao sair com meus pais ou avô
sempre ficava muito próximo ao motoris-
ta do ônibus para aprender com os seus
movimentos, até que aos 13 anos meu tio
que era mecânico deixou que eu dirigisse
um carro pela primeira vez”, afirma o piloto,
que iniciou sua carreira nas estradas aos
49 anos de idade. Hoje está com 59 anos.
Ele já vive outro lado da história. “No
meu caso, por não ter filhos em casa, pois
todas as duas já se casaram, eu e minha
esposa vibramos com o esporte e ela me
prestigia pessoalmente sempre que pode”,
afirma. Mesmo assim não desconsidera
a importância do apoio da família e conta
com esse apoio para continuar a seguir
nas competições.
Mesmo em meio ao clima de competi-
ção, os pilotos conseguem encarar o lado
divertido, o que ajuda a aliviar as tensões
das competições.
O esporte
Mas mesmo com o incentivo das em-
presas privadas, o Ceará não reconhece
seus grandes atletas do rali. “Vejo alguns
patrocinadores resignados que investem no
ENTRE PRAIA, SERRA E SERTÃO. NÃO IMPORTA O TIPO DE ESTRADA,
O QUE CONTA PARA ELES É A AVENTURA DE DESCOBRIR UM NOVO CAMINHO PARA CHEGAR AO INESPERADO
“O rally se destaca pela
oportunidade de se
conhecer lugares que
dificilmente você iria”,
diz Stanger Eler
esporte e uma Federação que poderia fazer
ainda mais em prol do rally, no entanto,
acredito que carecemos de maior incentivo
por parte das empresas e do próprio Gover-
no em prestigiar este esporte através do
patrocínio contínuo durante o ano a eventos
e pilotos de rali” diz Armando Bispo.
Nesse campo das competições cada
piloto e navegador viveram momentos mar-
cantes e inspiradores. Para o piloto Armando
Bispo, o momento mais memorável foi quan-
do participou do Rally Internacional dos Ser-
tões em 2008 “com a expectativa de apenas
completar os 10 dias de uma competição
seletiva e muito dura para o carro e o piloto”.
Ao final, sem trocar ao menos um pneu,
com a mesma embreagem e sem nenhum
problema mecânico, sagrou-se campeão
da Categoria Production no ano de estreia
no Rally dos Sertões. Uma vitória, segundo
Armando, inesquecível entre muitas outras
ao longo desses 10 anos de rally.
Com reconhecimento ou sem reco-
nhecimento devidamente merecido, eles
seguem o caminho da aventura e da pai-
xão por velocidade.
Armando Bispo/Acervo pessoal
Poeira nas rodas
Texto: Ana Rodrigues
Design: Gabriel Mota
VEJA MAIS
www.fa7.edu.br
Armando Bispo/Acervo pessoal
Na hora da corrida, a família de Armando Bispo acompanha de perto
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Era uma voz contente e alegre que co-
meçou a narrar uma história de amor
e saudade. Ao longo de nossa conver-
sa, Isadora Gonçalves, 33, professora de
Ioga, fala de sua história com o Belvis, um
fusca de cor indefinida como ela mesma gos-
ta de ressaltar. “Ele é uma coisa de creme,
com marrom. Não sei!”, afirma aos risos.
Como muitas pessoas, Isadora levou em
consideração na hora da compra o fato do
Fusca ser um carro mais barato, desde sua
manutenção, com peças mais em conta,
até a economia na gasolina. Mas não era a
questão financeira que falava mais alto na
hora da escolha, era algo maior que nem
mesmo ela consegue explicar. “Tem algum
encanto no Fusca, mas essa não seria a
palavra... Ele é compacto, bonito, é diferente!”
Com esse amor inconceituavel, o Fusca
de cor indefinida passou de um simples car-
ro para ser algo mais que um veículo. Não
é a toa que Isadora resolveu chamá-lo ca-
rinhosamente de Belvis. Uma homenagem
ao seu cantor favorito Elvis Presley, já que
por coincidência a data de fabricação de
Belvis, 1977, é a mesma da morte de Elvis,
o rockstar que conquistou multidões com
sua música eletrizante e seu requebrado
enlouquecedor. Mas Belvis não se compara
ao precursor do rock que conquistou o co-
ração de várias mulheres, ele é simples e só
conseguiu encantar os amigos e família de
Isadora. “Todos adoravam o Belvis. Minhas
amigas só queriam sair se fosse com ele”,
conta com certa vaidade e prossegue de-
clarando seu amor pelo carrinho que ficava
no quintal de sua casa. “Ele era mais um
ornamento, algo pelo qual eu tinha muito
Belvis não morreu
Texto: Jaciára Lima
Design: Gabriel Mota e Yara Barreto
MESMO NÃO TENDO ELE MAIS AO SEU LADO,
O AMOR E CARINHO AINDA ENCHEM O CORAÇÃO
DE ISADORA DE SAUDADE
carinho e zelo”. Mas esse amor, carinho e
zelo foram postos à prova quando Isadora
teve que tomar uma decisão que lhe deixou
muito triste. Vender o carro para poder
fazer um curso de especialização, em Ioga,
no México. “Eu tinha que vender, estava
precisando de dinheiro”, conta a ex-dona
de Belvis, que para não ficar longe do carro
vendeu ele estrategicamente para o seu
pai, Edvar Costa. “Foi uma forma de não me
separar dele” diz aos risos pelo telefone.
A viagem duraria um ano, mas seria
como se Belvis estivesse sempre com ela,
já que no México o carro mais popular de to-
dos é o Fusca. Quem nunca assistiu a uma
novela mexicana e viu aquelas baratinhas,
em sua grande maioria verdes, servindo de
táxi para todos os personagens? Pois bem,
de acordo com Isadora lá é assim mesmo,
em todas as ruas e bairros você encontra
um Fusca, não importa se estão com as
peças originais ou customizados, lá eles são
valorizados. “Acho que é uma questão cultu-
ral. Lá eles não têm preconceito com quem
dirige Fusca, diferente do Brasil” afirma a
professora de Ioga. E é esse preconceito
que faz a voz de Isadora mudar e ficar mais
séria, o sorriso por detrás da ligação pare-
ceu dar espaço para algo que deveria ser
visto com mais seriedade. “Aqui as pessoas
que compram um Fusca são vistas como
pessoas que não tem condições, por ele
ser um carro barato”, declara e ainda diz
quando não é esse pensamento é o de que
Fusca é para colecionador.
O amor pelo Belvis é algo de fazer Isa-
dora gaguejar. Quando pergunto se ela
compraria outro Fusca ela responde ra-
pidamente. “Eu pretendo reaver o Belvis!”
Cheia de alegria e esperança e continua
dizendo que o problema é o marido, Max
Maranhão, que não gosta nenhum pouco da
ideia dela voltar a ter o Belvis, já que quan-
do ainda era dona do Fusca mal o dirigia.
“Eu dirigi pouco o Belvis, ele era mais um
ornamento. Eram as minhas amigas que
dirigiam ele”, conta. Mas parece que ao
recontar a sua história com o Belvis aquilo
que estava adormecido acabou despertan-
do, pois de acordo com Diana Valentina, 26,
estudante de jornalismo e irmã de Isadora,
logo depois da entrevista, a irmã passou
a pensar na possibilidade de ter o Belvis
novamente. “Acho que ela ligou logo em
seguida, dizendo que deveríamos pegar o
Belvis de volta”, diz aos risos. Diferente da
irmã, Diana trocaria sim um Fusca por um
Celta, pois considera o carro pesado e duro
demais para dirigir.
VEJA MAIS
www.fa7.edu.brIsadora (à direita) demorou a superar a venda do Fusca
Arquivo pessoal
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Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012.
Nessa noite enluarada, o time do Ce-
ará entrou em campo às 20h30min,
para enfrentar a equipe do Icasa no estádio
Presidente Vargas (PV). A torcida do Vovô
começa a chegar lentamente, mas sempre
com os gritos de incentivos ao time. Já
é quase hora do jogo e, naturalmente, a
movimentação aumenta.
Ao entrar no PV, começo a sentir o tre-
mor das arquibancadas, as bandeiras balan-
çando, e os bandeirões sendo abertos. Entre
os torcedores, encontro Gabriel Arruda, de
25 anos, que faz parte da Cearamor desde
os 15. Ele deixa transparecer facilmente o
fanatismo pelo seu clube de coração.
Gabriel trabalha como agente admi-
nistrativo em uma empresa de licitações,
mas admite que o emprego não é sua
prioridade na vida. “Acima de tudo, e an-
tes de tudo, sou Ceará e amo o Ceará.
Venho ao estádio todos os jogos, e quan-
do estou saindo de casa, sei que estou
disposto a tudo, gritar, pular, vibrar, e até
brigar se for necessário. Nosso lema já diz
tudo: Vibração, União, e Poder. Já perdi
até emprego para viajar acompanhando
meu Vovô querido, e se for preciso faço
isso tudo de novo, pois, tudo pelo Ceará
é valido”, afirma Gabriel.
A Torcida Organizada Cearamor (TOC)
foi fundada em 1982, mas só em 1990 se
tornou uma torcida profissional organizada.
Hoje, a TOC conta com aproximadamente
8 mil integrantes. Isso a torna uma das
maiores organizadas do país.
Por conta desse tamanho, a Cearamor
naturalmente divide opiniões. “A Cearamor
é sem duvida alguma algo essencial para
o time do Ceará, pois sempre está nos
jogos apoiando os jogadores. Não somos
torcedores modistas e sim torcedores de
verdade”, afirma Gabriel. Já para algumas
pessoas, torcidas organizadas são coisa de
quem não tem o que fazer. “É um absurdo.
Esses vândalos ficam indo para os estádios
de futebol para brigar, falar mal, e fazer
badernas, e usam o jogo como desculpas,”
afirma o torcedor do Ceará e estudante de
Direito Hemesson Moreira.
“Aqui não adianta falar só da TOC, pois o
que acontece aqui no Ceará também acon-
tece nos outros Estados do país. As torcidas
organizadas, em geral, acabam se envolvendo
em conflitos com as outras torcidas dos times
rivais. Muitos julgam as organizadas como
uma coisa de quem não tem o que fazer.
Penso diferente, pois, dentro do estádio, sem
sombra de duvida, as organizadas apóiam
muito seus times, o problema acontece fora
dos estádios”, afirma Antônio Ferreira, apo-
sentado e torcedor do Ceará desde criança.
Em meio a essa discussão, as torcidas
acabaram se tornando uma questão de
segurança pública. Isso explica as cons-
tantes tentativas de regulamentação da
atividade dos torcedores organizados. A lei
Nº° 12.229, de 2010, deixa claro que não
só as ações das organizadas, mais todas
as ações que acontecem em eventos es-
portivos tornaram-se de responsabilidade
do poder público. Tramita no Congresso
Nacional um projeto de lei do deputado fe-
deral André Moura (PSC) que propõe mu-
danças no Estatuto de Defesa do Torce-
dor (Lei Federal n.º 10.671/2003) para,
segundo o parlamentar, oferecer mais
segurança e comodidade aos torcedores
brasileiros, além de garantir o direito da
acessibilidade nos mais variados eventos
desportivos. Pela proposta de André, ini-
cialmente, todas as Torcidas Organizadas
deveram realizar o recadastramento de
seus integrantes nos meses de janeiro e
agosto, de cada ano. No Brasil, porém, a
aplicação das leis tem ocorrido de forma
problemática, com diversos casos sem
punição.
O que temos certeza é que, de um jeito
ou de outro, essas pessoas amam seus
times do coração. Alguns mais, outros
menos, mas, para elas, a sensação vivida
dentro de um estádio é algo sem explica-
ção. “Futebol é algo maravilhoso, o espe-
táculo proporcionado pelas organizadas
dentro dos estádios é lindo. Os integrantes
das mesmas por amarem demais seus
times acabam exagerando. O que jamais
poderemos questionar é o amor desses
torcedores aos seus times”, afirma Paulo
César de Azevedo, professor de história e
torcedor do Ceará.
Cearamor: uma torcida disposta a tudo pelo VovôPARA ALGUNS, INCENTIVADORES. PARA OUTROS VÂNDALOS. A DISCUSSÃO SOBRE O PAPEL
E A IDENTIDADE DO TORCEDOR DE FUTEBOL OCORRE HÁ DÉCADAS E PARECE LONGE DO FIM
VEJA MAIS
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Texto: Eduardo Moreira
Design: Yara Barreto
Cynthia Nogueira
25948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 825948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 8 09/05/2013 15:19:4209/05/2013 15:19:42
papi ro 9
“Quando a galera se junta na sede,
ao meio-dia pra sair, o nego sua
a camisa pra levar a bateria, as
faixas, os bambus e o bandeirão. Isso é o
esforço de cada um, por amor ao time e
por amor a torcida.” É assim que Jarbas
Silva, conhecido como Banha, inicia o dia
de preparação para as partidas do Forta-
leza Esporte Clube. O jovem, que é solteiro
e mora com a mãe e um irmão no Parque
Santa Rosa, periferia de Fortaleza, conta
a emoção que é participar da organização
de uma ida ao estádio com a torcida. O
amor pelo clube vem de criança. O pai era
torcedor do Fortaleza. O time e as cores
do clube fortaleceram a imagem do pai
vestido de vermelho azul e branco.
Já Addler Pinheiro, ex-vereador de For-
taleza e presidente de honra da Torcida Uni-
formizada do Fortaleza – TUF, se apaixonou
pelo clube em 1982, quando o tio e o pai,
torcedores do Ferroviário, o levaram para
a final do Cearense daquele ano. “Fiquei
encantado com a festa da Fiel Tricolor e
dentro de campo mais ainda, pois o Rei
Leão deu um show e aplicou uma goleada
de 4 x 0! Foi amor a primeira vista”.
Outro que também foi ao estádio pela
primeira vez na torcida de outro clube é
Eliezio Sousa, 34, casado, atual presidente
da TUF, Eliezio conta que foi ao estádio
pela primeira vez com um vizinho, torcedor
do Ceará. Mas quando chegou em casa,
encontrou com o pai, que trabalhava como
caminhoneiro e havia acabado de chegar
de viagem. Ele foi surpreendido com o pre-
sente que seu pai havia trazido. “Meu pai
falou, ‘você não vai torcer Ceará, você vai
torcer Fortaleza, eu trouxe essa caneca
de porcelana com o símbolo do Fortaleza’.”A identificação com as torcidas orga-
nizadas também apareceu com o tempo
para todos eles. Eliezer conta que via as
torcidas mais antigas e achava aquilo
muito lindo. Quando a TUF surgiu, ele
começou a se aproximar, aos poucos, fa-
zendo amizades e conhecendo mais gente.
Já Addler Pinheiro pertenceu a outras
torcidas, antes de ser convidado para
participar da TUF. “Era da Fiel Tricolor.
Em 1987 a Fiel meio que deu um tempo.
Surgiu a Bafo do Leão, mas eu fiz uma
mini torcida, a Força Jovem Tricolor, mas
de imediato o Éberson Martins (fundador
da TUF) fez um convite irrecusável para
minha família. Resultado, eu, Marcionílio
e Arley (irmãos de Addler), aceitamos e
fizemos história, o que me fez ser hoje
presidente de honra com muito orgulho.”
Já Jarbas Silva se identificava com o
ritmo funk, indo a bailes funk na cidade e
na época as torcidas organizadas utiliza-
vam como música de arquibancada este
ritmo. As músicas da torcida nos bailes já
chamavam sua atenção. Mesmo gostando
da música e indo para o estádio ele não
ficava na torcida. Em 2001, começou a se
aproximar dela. Saindo do bairro pratica-
mente sozinho, ele se dirigia para o estádio
com membros de outros locais da cidade.
Todos eles falam das amizades e da
emoção de estar na torcida organizada e
consideram o espaço como uma família,
Addler Pinheiro lembra que muitas vezes
existe uma relação familiar que não é
encontrada em casa. Muitas pessoas se
dirigiam à sede da torcida ou às lojas da
torcida para fugir dos problemas domés-
ticos. Inclusive com pessoas morando na
sede, porque não tinham onde morar. Foi
o caso do lutador Maninho, que morou
durante um tempo na sede da TUF. Ele
cuidava do espaço e da Academia de Artes
Marciais que havia no local.
Para Jarbas, a TUF é uma família, todos
estão unidos em torno do Fortaleza. “Lá tem
pai de família, tem criança e tem trabalhador.”
Já Eliezio comenta que a torcida é uma verda-
deira religião, os torcedores são apaixonados
pelo time, têm um sentimento maior, seja nos
bons ou nos maus momentos. “Ano passado
o primeiro jogo nosso foi em Manaus (pela
Série C do Campeonato Brasileiro). Até hoje
estou pagando a passagem, mas fui”. Segun-
do ele, as organizadas viraram um meio de
vida, inclusive com pessoas dando a vida por
ela. Como foi o caso do presidente da TUF,
Marcionílio Pinheiro, que foi morto após a
ultima partida do Fortaleza, pelo Campeonato
Brasileiro de 2005. Na ocasião, também
morreu Fred Paiva da Silva, vice-presidente
da torcida Fúria Jovem do Botafogo.
Leões da TUF: disposição e amor em três coresÓDIO, AMOR, PAIXÃO, LOUCURA. TUDO JUNTO E MISTURADO
EM NOME DE UMA ÚNICA COISA: O CLUBE DE FUTEBOL.
VEJA MAIS
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Texto: Jackson Pereira
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papi ro10
Quem optou por ser atleta profissional
no Brasil sabe que não encontrará
pela frente um caminho oportuno.
Não bastasse a rígida disciplina exigida pela
prática do esporte, ainda há uma série de
deficiências estruturais a que o atleta tem
que se submeter, sobretudo, se for proce-
dente da camada social mais baixa. Entre-
tanto, há “teimosos” por aí provando que
não há obstáculo intransponível, quando
realmente se quer.
Quando tinha seis anos, Tárcila Barboza
conheceu a Ginástica Rítmica. Hoje, aos dez,
a menina da comunidade do Dendê já pode
ser considerada uma promessa do esporte
brasileiro. O vice-campeonato no Torneio
Nacional de Ginástica Rítmica, conquistado
em 2011, no Ginásio Paulo Sarasate, serviu
como recompensa ao empenho da ginasta-
-mirim, que também acumula diversos títu-
los e boas participações em competições
estaduais e nacionais.
A jovem atleta, de corpo flexível e men-
te focada, revela destreza e espontaneida-
de. Quando fala, parece até gente grande.
Quem a conhece, a princípio, pode custar
a perceber que sua vida sempre foi per-
meada pela dificuldade. A mãe trabalha
como faxineira, sem renda mensal fixa, e
tem que sustentar toda a família. Precisa
se desdobrar, sempre que deseja pro-
porcionar algum tipo de lazer aos filhos.
Ciente dos obstáculos, mas, confian-
te no futuro, Tárcila demonstra esforço
em todas as atividades que realiza. Era
aluna da Escola Yolanda Queiroz e, como
se destacou, ganhou bolsa para estudar
em um tradicional colégio particular da
cidade. Ela reconhece a importância do
conhecimento para se atingir o sucesso,
sem, contudo, tirar o foco da ginástica.
“Pretendo ficar no esporte, até quando
Deus permitir”, planeja.
Tárcila treina duas vezes por semana, no
ginásio da Universidade de Fortaleza (Uni-
for), acompanhada de perto pela professora
Ester Vieira, que voluntariamente trabalha
pelo desenvolvimento da menina. Mas, a fal-
ta de patrocínio, muitas vezes, torna inviável
a participação dela em competições realiza-
das fora do Ceará, pelo custo das viagens.
Em janeiro deste ano, Tárcila esteve
no programa Caldeirão do Huck, da Rede
Globo, participando do quadro Agora ou
Nunca. Sem hesitar um só momento, ela re-
alizou as cinco provas do desafio e ganhou
o prêmio máximo, de R$ 50 mil. A menina
entregou todo o dinheiro à mãe, para que
comprasse uma casa. Contudo, esta optou
por depositá-lo em uma poupança.
COM DISCIPLINA E EMPENHO, CRIANÇAS E ADOLESCENTES ENCONTRAM NO ESPORTE
A CHANCE DE TER UM FUTURO PROMISSOR
Campeõesda vida
Texto: Bruno Parente
Design: Rones Mota Demonstrando esforço e
dedicação também nos
estudos, Tárcila ganhou
bolsa em um tradicional
colégio da cidade. Hoje ela
está na 5ª série
Tárcila já ganhou prêmio no programa Caldeirão do Huck
Brenho Rebouças
25948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 1025948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 10 09/05/2013 15:19:4409/05/2013 15:19:44
papi ro 11
A prova de que é possível
Medalha de bronze no Pan-Americano de
Guadalajara, realizado em 2011 no Mé-
xico, o fortalezense Joilson Bernardo da
Silva, de 24 anos, mostra que é possível
ser vitorioso no esporte, mesmo quando
faltam recursos. Sua trajetória no atletismo
começou aos nove anos, quando corria des-
calço pelas ruas do Mucuripe. O primeiro
tênis foi achado no lixo, bem surrado, mas
serviu assim mesmo. Aos doze, conheceu
o Projeto Atleta, do Governo do Estado, e
destacou-se em diversas provas na região
Nordeste. Daí em diante, Joilson passou a
se dedicar mais ao esporte.
Mudou-se para Londrina, no Paraná,
onde encontrou melhores condições para
treinar e, hoje mora na cidade de Campi-
nas, em São Paulo. Coleciona boas partici-
pações em eventos nacionais e internacio-
nais e serve de inspiração a muitos jovens
que desejam seguir carreira no esporte. A
prova em que Joilson mais se destaca é a
corrida de 5000m.
Nayara Rodrigues tem 16 anos e, há sete,
pratica o heptatlo. O esporte tem permi-
tido à jovem ampliar os horizontes e ter
esperança num futuro promissor. Sua mo-
dalidade reúne sete provas em uma só:
arremesso de dardo e de peso, corrida
de 200m, 100m com barreira, salto em
altura, salto em distância e corrida de
800m. Nayara já participou das Olimpía-
das Escolares, classificando-se até a ter-
ceira fase. Pretende, um dia, chegar bem
mais longe: “Espero estar nas Olimpíadas
de 2016”, ambiciona. Paralelamente à
carreira no esporte, Nayara tem o desejo
de cursar faculdade de Educação Física
ou Fisioterapia.
Companheira de pistas de Nayara, Mar-
cela Figueiredo, de 16 anos, também en-
controu no heptatlo a razão para mudar o
rumo de sua vida. “O atletismo me ensinou
a ter foco, garra, dedicação”. Praticante há
apenas um ano, Marcela já disputou compe-
tições importantes: Troféu Norte/Nordeste
de Atletismo (por duas ocasiões, sendo uma
na categoria juvenil e outra na categoria
adulto) e Olimpíadas Escolares, chegando à
segunda fase. Pretende se profissionalizar
no esporte e, também, fazer faculdade de
Psicologia ou Educação Física.
Quando o esporte dá novos rumos à vida
VEJA MAIS
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O investimento nos atletas brasileiros,
quase sempre, só vem na fase adulta,
quando eles já conseguiram provar que
o esporte vale a pena. À exceção do
futebol, o que se vê é o desperdício de
centenas de talentos, que se perdem
por não ter tido direito às condições
mínimas para a prática do esporte. São
poucos os locais com estrutura; faltam
patrocínio e equipamentos adequados;
a preparação física não é apropriada.
Imagine se no Brasil não existisse um
Ministério encarregado de “cuidar” ex-
clusivamente do esporte...
Em todo caso, quem sonha em se-
guir no esporte, possivelmente, encon-
trará muitas portas fechadas, até se
deparar com uma oportunidade. Entre-
tanto, não há espaço para lamentação,
e desistir deve estar fora de cogitação.
Dia a dia, o fôlego amanhece renovado
para cada nova batalha e, certamente,
quando for o tempo, o sucesso e o
reconhecimento chegarão.
DIREITO DE TODOS?
Joilson começou a correr, aos 9 anos, com um tênis achado no lixo
Nayara quer competir nas Olimpíadas
Bruno Mota
Tarcísio Ribeiro Tarcísio Ribeiro
25948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 1125948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 11 09/05/2013 15:19:4409/05/2013 15:19:44
papi ro12
Eles são jovens que precisam arrumar
tempo para estudar, passear, se divertir
– tudo nas 24 horas de um dia. Esse é o
roteiro da vida de tantas crianças e ado-
lescentes. Agora imagine se eles, além de
tudo isso, acumularem a função de atletas.
Um bom exemplo disso é Vittória Lopes,
nadadora, de apenas 16 anos. A rotina da
jovem é intensa: ela treina de segunda a
sábado. Entre natação, corrida, e exercícios
extensores, para ajudar a fortalecer dos
músculos, são cerca de três horas de trei-
namento, duas dentro d’água e uma fora.
Em algumas épocas, Vittória ainda chega a
treinar duas vezes por dia, duas vezes por
semana. O horário? 05h45min da manhã,
antes de ir para o colégio.
A atleta está no segundo ano do ensino
médio. “Não sou a melhor aluna da sala,
mas sou uma boa aluna sim”, afirma. Mes-
mo com os treinos e estudos, ainda arranja
tempo para se divertir. Ela conta que muitas
vezes saía na sexta-feira sabendo que no
outro dia de manhã teria treino. Mas, em
diversas outras ocasiões, já deixou de sair
pelo mesmo motivo. “Eu tenho que me virar
em duas, mas, sabendo se organizar, dá pra
sair, namorar, passear, estudar e treinar”.
Para Vittória, o ditado “filha de peixe,
peixinha é” se encaixa perfeitamente. A
mãe da jovem é Hedla Lopes, nadadora
e triatleta, a primeira do Norte/Nordeste
a participar dos jogos Pan Americanos e
também do Ironman no Havaí. A mãe, que
entrou no esporte aos 11 anos de idade,
por indicação médica, diz que “tudo é uma
questão de disciplina, objetivo e foco”.
A “peixinha” deu seu primeiro mergulho
aos seis meses de idade e nunca mais parou.
Sua primeira competição foi aos nove anos,
que é a idade mínima para competir. Ela tam-
bém conta que sempre teve o incentivo da
família, principalmente da mãe. “Eu escuto so-
bre esporte 24 horas por dia. Às vezes canso,
mas ao mesmo tempo não consigo ficar um
dia sem falar desse assunto. É estranho, né?”.
Vittória pode ser jovem, mas a bagagem
no esporte já é bem grande. No ano passado,
a atleta foi convidada para treinar em Curitiba,
Paraná. Passou um mês e gostou. Voltou para
Fortaleza e falou para os pais que queria mo-
rar lá. Na época, ela só tinha 14 anos, mas foi
100% apoiada. Só havia um empecilho: a tão
sonhada festa de 15 anos. Ficou combinado
que ela ficaria até abril (mês da festa) e viajaria
depois. E assim foi. No fim de semana seguinte
ao baile, ela se mudou para Curitiba.
Mesmo com todo apoio, morar fora foi
um desafio. “Eu tinha que arrumar meu
quarto, lavar minhas roupas, ir ao mercado,
ir a pé para o colégio, andar de ônibus, es-
tudar e treinar”. Isso tudo com apenas 15
anos e sem a família por perto para dar su-
porte. “Era bem difícil fazer tudo isso, mas
não me arrependo de nada. Pelo contrário,
fiz amizades que pretendo guardar para
sempre e fiquei um pouco mais madura”.
E para quem está com vontade de en-
frentar essa jornada, Vittória ainda dá uma
dica: “tudo que você for fazer, tem que fazer
com felicidade. Tudo que você faz feliz e com
dedicação, pode ter certeza que dá certo.
E, claro, tem que se organizar também”.
Entre as braçadas e os livrosSER ATLETA NÃO É NADA FÁCIL. UMA ROTINA INCANSÁVEL DE TREINOS EXIGE MUITO DE QUALQUER ESPORTISTA.
SER ATLETA, ADOLESCENTE E ESTUDANTE, É MAIS DIFÍCIL AINDA
Como já treina há bastante tempo, Vittória
já tem artimanhas para administrar o seu
tempo. Mas, sua prima Emily Lopes, de 13
anos, ainda está aprendendo a conciliar os
horários. A menina, que faz o 8º ano do
ensino fundamental, nada desde quando
era um bebê, mas só começou a competir
há pouco tempo
Mas não é por isso que sua rotina é
mais leve. Assim como a prima, Emily tam-
bém treina de segunda a sábado. “É meio
difícil, porque tenho pouco tempo para es-
Seguindo os passos
“Tudo que você faz feliz e
com dedicação, pode ter
certeza que dá certo”.
tudar e fazer as tarefas do colégio entre as
aulas e a natação”. Ela ainda conta que, às
vezes, não faz as atividades da escola por
ter que dormir cedo para treinar no outro
dia pela manhã.
Emily começou no esporte por incentivo
da tia, gostou e continuou por vontade pró-
pria. Ir ao cinema, encontrar as amigas? Só
nos fins de semana. Mas, mesmo assim, se
diz apaixonada pelo que faz. Ela ainda fala que
o pai, Braz Junior, é o maior seu maior esti-
mulador. “Como eu nado, ele não exige tanto
assim das notas, mas estudar é importante”.
A mãe, Tatiana Lopes, é outra super fã, mas
cobra um pouco mais da filha nos estudos.
Vittória e Emily Lopes
Texto: Taíssa Julião
Design: Anna Rita Regadas
Raoni Souza
VEJA MAIS
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Raoni Souza
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papi ro 13
Texto: Suiany Rocha
Design: Gerusa Pacheco
Correr, pular, suar e principalmente se
divertir. É o que toda criança gosta
de fazer. Que tal aliar tudo isso à
prática de esportes? Pode ser prazeroso
e ao mesmo tempo traz benefícios à saú-
de. Normalmente esse seria um conselho,
porém, nos dias atuais, se torna um alerta,
já que o número de crianças consideradas
acima do peso tem crescido. Segundo da-
dos da Sociedade Brasileira de Pediatria,
nos últimos 30 anos o índice de crianças
obesas passou de 3% para 15% no país.
Além das atividades escolares, dos cur-
sos de línguas, do acesso à internet e aos
jogos eletrônicos, muitas crianças ainda
encontram tempo para o esporte. Para mui-
tas delas, essa prática faz parte da rotina.
A atividade esportiva pode “despertar”
crianças mais indispostas. É o que relata
Daniel Moreira, profissional de educação
física há cinco anos. “Esportes coletivos são
os mais indicados. As crianças ficam mais
motivadas, já que exigem uma interação
entre elas”.
Os pequenos podem até ter uma vida de
atleta cheia de energia e disposição. Mas
uma má alimentação pode colocar em risco
os ganhos com os exercícios físicos.
Lara Oliveira tem 10 anos e uma rotina
diária de atividades esportivas. Mesmo com
as obrigações escolares e o curso de inglês,
a garota pratica hip hop, joga futebol na
quadra do condomínio onde mora e ainda
frequenta um clube de vôlei.
Ela diz que não se cansa e que só não
fica mais tempo nas suas diversões porque
sua mãe não deixa. “Nem vejo o tempo pas-
sar quando estou jogando” explicou Lara
ainda bem eufórica por conta do treino.
Luciana Oliveira, mãe da pequena es-
portista, diz que a filha tem muita energia,
mas, na hora de comer, sempre dá traba-
lho. Enquanto a filha se alimenta, a mãe
está sempre de olho. Alimentos ricos em
proteínas e carboidratos estão sempre no
cardápio da Lara, mesmo ela tendo outras
preferências. “Eu adoro sushi”, revela.
Zeneide Ferreira é mãe de Ana Tereza
também de 10 anos. Foi dela a ideia de ma-
tricular a filha no vôlei. Não só pela queima
de calorias, mas pela timidez da filha. Ela
acredita que o vôlei, por ser uma atividade em
grupo, pode ajudar na socialização de Ana.
A menina diz que, no começo dos trei-
nos, há dois anos, tinha pouca disposição
para o esporte. Hoje, encara muito bem sua
rotina de atividades e sai de lá com muita
fome. “Se eu pudesse, saía daqui e iria direto
para o McDonalds”, disse ela, num momento
em que a mãe não estava por perto.
Rafaele Nunes é professora de vôlei num
clube de Fortaleza. Seus alunos têm entre
8 e 14 anos. Embora o objetivo não seja
formar atletas profissionais, as crianças de-
monstram muito empenho e dedicação du-
rante os treinos, segundo a professora. Não
existe aula teórica; apenas um aquecimento
inicial e depois é hora de suar a camisa.
Apesar de ser chamada carinhosamen-
te de Tia Rafa pelos alunos, na hora do
treino ela impõe um ritmo acelerado. Fica
atenta a tudo que os pequenos atletas fa-
zem na quadra durante uma hora, tempo
médio de treino.
Falando de alimentação, a professo-
ra explica que não receita nem um tipo
de dieta, mas que sempre dá dicas aos
alunos. “(Sempre digo a eles,) bebam bas-
tante água e sucos e evitem alimentos gor-
durosos e refrigerantes”. Mas reconhece
que o próprio local de treino dispõe de
uma lanchonete bastante tentadora, cheia
de atrativos, principalmente para crianças.
Glauber Marques tem 13 anos e joga
vôlei duas vezes na semana. Ao sair do
treino, ainda bastante suado, foi direto
para a lanchonete e comeu um salgadi-
nho frito acompanhado de uma latinha de
refrigerante.
“Se deixar por conta dele, é sempre
assim”, reclama Mair Marques, mãe de
Glauber. Normalmente ela não permite este
tipo de alimentação e procura incentivá-lo
a tomar sucos, comer frutas e cereais. Ela
disse ainda que este caso foi exceção já que
estava “apressada” naquele dia.
O perigo na vitrine dos docesAS ACADEMIAS E CENTROS ESPORTIVOS ESTÃO CHEIOS
DE PEQUENOS ATLETAS. MAS APENAS O EXERCÍCIO
PODE NÃO SER SUFICIENTE PARA GARANTIR UMA
INFÂNCIA SAUDÁVEL
“(Sempre digo a eles)
bebam bastante água e
sucos e evitem alimentos
gordurosos e refrigerantes”
Rafaela Nunes, professora de vôlei
Nem sempre o local dos treinos oferece alimentação adequada
Humberto Mota
VEJA MAIS
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Cerca de 30 minutos antes do início da
atividade esportiva é importante o consu-
mo de proteínas, carboidratos, vitaminas
e minerais. É o que aconselha a nutri-
cionista Maria das Graças Mendonça.
Ela explica que uma alimentação
balanceada com frutas, hortaliças e ali-
mentos integrais, ricos em fibra, deve
ser um hábito principalmente na infân-
cia, na qual há uma rápida metaboli-
zação. A falta desses nutrientes gera
um déficit nutricional. E o consumo de
alimentos com calorias vazias, como
é o caso dos doces, refrigerantes e
gorduras, eleva rapidamente a energia,
gerando um pico rápido e em seguida
uma baixa energética maior que o pico.
Após o exercício é importante que a
reposição de calorias seja de forma gra-
dativa através de sucos naturais ou bar-
ras de cereais e depois uma alimentação
constituída de proteínas e carboidratos.
A nutricionista ressalta a importância
da consciência que os pais devem ter na
educação alimentar dos filhos, seja es-
portista ou não. E que o hábito de comer
bem deve ser adotado por toda a vida.
DICAS
25948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 1325948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 13 09/05/2013 15:19:4809/05/2013 15:19:48
papi ro14
Texto: Lylla Lima
Design: Anderson Paixão e Andrei Tavares
Quem não gostaria de ter a sor-
te grande de ganhar na loteria?
Ficar milionário da noite pro dia,
realizar seus sonhos, fazer o que a vida
até então não tinha lhe proporcionado.
mais vezes os sonhos viram verdadeiros
pesadelos, que o diga pessoas que ganha-
ram prêmios grandes, viram suas vidas
mudarem e o dinheiro em pouco tempo
ir embora, deixando o arrependimento,
solidão e tristeza. O que mudou na vida
delas? Como vivem hoje?
Não faltam historias de pessoas que
enriqueceram de uma hora pra outra. Cer-
ca de um terço dos novos milionários vão
a falência dentro de alguns anos, segundo
uma pesquisa realizada nos Estados Uni-
dos, seja pela imaturidade, inocência ou
outros motivos. Antônio de Souza ganhou
9 milhões de Cruzeiros, que na década de
70 poderiam ter comprado casas, carros
e etc. Hoje não tem mais nenhum centavo
e nenhum bem que tenha comprado com
esse dinheiro. A família, que mora em For-
taleza, nos atendeu muito bem, mas alertou
que ele não fala sobre o assunto há anos,
nem mesmo com sua esposa Aglida, que
sobrevive com seu salário de professora.
lhar aos 15 anos, casou, teve duas filhas,
separou, repartiu a casa com a ex-mulher,
casou-se novamente, tem dois enteados e
uma cachorra. Desde menino sempre acre-
ditou que um dia a sorte e a perseverança
iam ganhar.
Em rifas de amigos, de vez em quando
vencia. Seu primeiro grande prêmio foi
em uma gincana na TV, na qual ganhou
um sofá e uma estante, em 1988. No
trabalho, emprestava dinheiro aos ami-
gos, pra depois ganhar o seu em cima.
Toda semana ia até as casas lotéricas
e fazia sua aposta. Mas avisa: é preciso
ter controle “Tem gente que usa o jogo
como vicio. Se você tem dinheiro pra jogar,
GANHAR PRÊMIOS EM SORTEIOS É QUESTÃO DE SORTE OU AZAR? VEJA COMO O DINHEIRO
TRANSFORMA A VIDA DAS PESSOAS. E ACREDITE: NEM SEMPRE O RIQUEZA TRAZ FELICIDADE
Dj Alemão
Dinheiro na mão é
vendaval
Souza hoje ganha um salário mínimo.
Antes de ficar milionário, ele ganhava pelo
menos 3 salários com seu emprego na
Petrobras. Logo que ganhou na loteria dei-
xou o cargo. Um homem calmo, que cria
gatos abandonados da rua, mas realmente
o assunto lhe incomoda, o arrependimento
é grande. A família o acha forte por nunca
ter tentado cometer uma besteira contra
si mesmo.
Mas também há o outro lado, há pes-
soas que mudam sua realidade, ajudam o
próximo e criam, com o dinheiro ganho,
fonte de renda. Ilvan Silva, conhecido onde
mora por Gil, tem 47 anos e trabalha de
porteiro em um colégio. Começou a traba-
25948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 1425948-EDUCADORA 7 DE SETEMBRO JORNAIS PAPIRO.indd 14 09/05/2013 15:19:4809/05/2013 15:19:48
papi ro 15
O matemático Munir W. Niss é au-
tor de 4 livros que tratam sobre
a Mega Sena. Seu livro de maior
sucesso é o Segredo das Loterias,
lançado no ano de 2003. Munir tra-
balhou 30 anos em lotéricas, há
13 dá palestras sobre o assunto
e diz já ter ganhando 40 vezes na
Mega Sena. Para o pé quente Munir
três fatores são relevantes para
que se seja um ganhador: sorte,
dinheiro para apostar e estratégia,
cada um com 33% de chance. Uma
dica dele é Jogar pouco os números
com final nove ou final zero, pois
saem menos.
jogue. Mas se você não tem deixe pra lá,
amanhã é outro dia.”
Anos se passaram e o grande dia che-
gou. Em um domingo, foi almoçar na casa
da sogra com toda a família, mas quando
chegou lá lembrou que tinha esquecido a
cartela pra marcar. O sorteio acontecia ao
vivo pela TV. Então voltou pra buscar e sua
irmã disse: “hoje você ganha”. Gil respondeu
“Deus te ouça”, e saiu. Marcando sua carte-
la sozinho na sala, estava insatisfeito, pois
nas 10 primeiras pedras não saiu nenhuma
das suas. Disse a si mesmo: “Que cartela
ruim.” Mas o jogo virou e em seqüência
seus números começaram a sair, só faltava
uma pedra pra ele “bater”, a de numero 13.
O incrível é que Gil sempre teve supersti-
ção com esse numero. De todas as cartelas
que comprava todas tinham que ter obriga-
toriamente o número 13. E foi essa mesma
que lhe garantiu o prêmio de 200 mil re-
ais. Chamou a família e avisou do ocorrido.
Todos em festa, conhecidos começaram
a ligar. A cartela era no nome dele e sua
esposa Solange, que todos chamam de Sol.
A data de entrega do prêmio foi mar-
cada para a terça-feira da mesma se-
mana e obrigatoriamente tinha que ser
entregue na casa do ganhador e com a
presença da equipe de televisão do pro-
grama. “Ele é sortudo”, alguns diziam, mas
para Gil não é só questão de sorte. “Só
Todas as cartelas que
Gil comprava tinham que
ter obrigatoriamente o
número 13
Carlos Soares/Aline Araujo
ganhei porque jogo, se você não está no
meio não tem como”. Calmo e observa-
dor, Gil, juntamente com Sol, abriu uma
conta, depositou o dinheiro e só retirou
aos poucos. O primeiro grande sonho a
realizar foi a compra da casa de cima, a
que teve que dividir com sua ex-esposa,
que na época alugava o imóvel. Com o
dinheiro, ele pôde comprar a casa de cima
e continuou alugando, pra ter uma fonte
de renda. O segundo passo foi reformar
sua casa. Todos os moveis velhos foram
trocados, menos o fogão que ele tinha
comprado uma semana antes de “ficar
rico” contrariando sua esposa, que estava
precisando também de um novo armário
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de cozinha. Então ele disse a ela: “não
se preocupe, semana que vem a gente
compra” e assim foi feito.
O carro da família, um Chevette foi re-
formado e rifado. Posteriormente com-
prou um novo carro. Ajudou a familiares e
hoje ainda tem uma boa quantia deposita-
da, pra caso de urgência. Vive somente do
dinheiro de seu trabalho e dos seus bicos,
faz pequenas entregas, transporte de co-
nhecidos e ainda consertos de eletricida-
de. Alguns problemas apareceram com a
chegada da nova vida. Amigos aos montes,
pessoas que tinham idéias mirabolantes e
só precisavam de alguém pra entrar com
o capital. Gil soube cuidar do dinheiro mas
conhece amigos que também ganharam
em jogos e em pouco tempo perderam
tudo ou quase tudo.
“Maré”, amigo de Ilvan é um deles. Ga-
nhou 20 mil reais no proibido jogo do bicho,
comprou duas casas para alugar, mas logo
trocou uma delas por uma moto, e poste-
riormente vendeu pra pagar dividas. Assim,
o dinheiro que vem fácil também vai fácil.
Gil não tem nenhum vicio, mas reconhece
que, para pessoas envolvidas com bebidas,
drogas e outros estão mais propícias, in-
clinadas a gastar o dinheiro de maneira
descontrolada e superficial.
O porteiro continua comprando semanal-
mente suas cartelas, duas vezes por sema-
na. Guarda uma pequena coleção delas que
junta desde o dia que ganhou. Quando lhe
pergunto se ele continua jogando ele me res-
ponde que sim e diz: “se eu comprava quando
não ganhava, avalie agora que ganho”. Ele
já tem planos com que fazer do próximo
prêmio. Irá tirar sua carteira tipo C (só tem
A e B) para comprar e dirigir um caminhão,
assim podendo aumentar o tamanho e o
número de seus fretes. Diante de tanto oti-
mismo, a vontade que dá é de acreditar na
sorte também e correr até uma lotérica.
Gil continua jogando, mesmo depois de vencer
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papi ro16
Idosos na ativa FOI-SE O TEMPO EM QUE OS AVÔS FICAVAM APENAS EM CASA AOS CUIDADOS
DE FILHOS E NETOS. HOJE ELES FAZEM QUESTÃO DE MANTER SEUS TRABALHOS
COMO FONTE DE RENDA OU HOBBY
Texto: Dayanne Feitosa Dutra
Design: Gerusa Pacheco
Próximo a Praça dos Leões, no centro
da cidade de Fortaleza, encontramos
o sebo – um local onde é possível
encontrar livros antigos - onde o dono tem
um apelido muito propício para as come-
morações de final de ano: Papai Noel, como
é popularmente conhecido o comerciante
Francisco Antônio Cavalcante. Ele divide o
espaço do pequeno comércio com os livros
de Lima Barreto, Machado de Assis, William
Shakespeare e fica à espera de sua clien-
tela. Seu local de trabalho está nos fundos
de uma grande livraria da praça. Ao entrar
no local, já podemos ver as letras com os
dizeres: Paradidádicos Papai Noel.
Segundo Antônio, a origem do apelido
foi dada quando ele tinha 30 anos, com
os cabelos brancos e então os amigos o
apelidaram. Desde então, ficou conhecido
por Papai Noel. Já recebeu várias cartas
e doces de crianças, mas nunca recebeu
nenhum presente. “O pessoal acha que o
Papai Noel é mais pra dar presente (risos).
O meu presente é essa confraternização
aqui sabe, essa consideração e o respeito
que tem por mim.”
Em 1990, ele começou a fazer troca de
livros. Atualmente, um filho e um neto lhe
ajudam no trabalho. Com 66 anos de idade,
Papai Noel ainda segue o mesmo método
de venda, trocando um livro seu por dois
do cliente. Ele afirma que sua profissão tem
uma grande responsabilidade e fica grati-
ficado pela amizade e confiança de seus
clientes. “Quem vende livro, no meu caso, é
assim uma coisa espiritual sabe? Alimenta
mesmo a alma da gente, principalmente
quando a pessoa pede um livro e a gente
tem. Aqui é uma maravilha”, comemora.
Paradidáticos Papai Noel
Rua: Gen.Bezerril, 396 – Praça dos
Leões (Centro)
* SERVIÇO
Ele denomina seu trabalho como “se-
bista” e conta que tem grande apreciação
pela leitura de vários gêneros. “Eu gosto
dessas histórias assim de interior. De fic-
ção, suspense, superstições... eu me ligo
muito nessas histórias, gosto muito de ler.”
Diversas gerações já frequentaram seu es-
tabelecimento. “Eu tenho pessoas que já tão
na faculdade, já casaram e tão comprando
livro para os filhos. Então a gente fica com
uma responsabilidade muito grande sobre
esse negócio de livro. Por que você tem eu
vender o livro certo, não adianta vender o
livro errado”. Ele trabalha todos os dias e
diz que vai seguir fazendo assim até não
poder mais. “Aí a determinação já num é
minha, é de Deus mermo, a determinação
é de Deus né?!”, ressalta.
Brasil tem 29 milhões de aposentados e pensionistasO personagem apresentado mostra que
apesar da idade, ainda se sente bem aju-
dando ou auxiliando de certa forma a so-
ciedade. Não são todos os idosos que têm
a possibilidade de se manter na ativa. Mas
é cada vez maior o número de pessoas
que, após a aposentadoria, ainda mantém
seus empregos ou procuram um hobby.
Muitas vezes a continuidade no trabalho
é para o sustento da família. Segundo o
censo do IBGE de 2000, 62,4% dos idosos
e 37,6% das idosas são responsáveis pelo
sustento da família. Juntos, somam uma
população de 8,9 milhões. Ainda segundo
o IBGE, quase seis milhões de idosos com
60 anos ou mais ainda trabalham, repre-
sentando 30,9% do total. Na faixa de 70
anos ou mais, o percentual é de 18,4%. O
idoso não é mais considerado alguém sem
utilidade. Diversas empresas reservam va-
gas de emprego para pessoas da terceira
idade, por suas experiências e sua dedica-
ção no trabalho. Além disso, o idoso que
trabalha ou mantém um hobby, se sente
ainda mais vivo.
“Quem vende livro, no meu
caso, é assim uma coisa
espiritual sabe? Alimenta
mesmo a alma da gente,
principalmente quando a
pessoa pede um livro e
a gente tem. Aqui é uma
maravilha.”
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Papai Noel nem pensa em parar de trabalhar
Fabrício Alves
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papi ro18
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Através das redes sociais, como Face-
book, Orkut e sites de relacionamen-
tos como o Badoo, muitos casais
acabam se conhecendo, fugindo da paquera
tradicional do olho no olho, para relaciona-
mento virtual. Foi o que aconteceu com dois
jovens de mundos diferentes, unidos com a
ajuda do Facebook.
Paulo Jordão, de 24 anos, técnico
em mecatrônica, morava na cidade de
Campinas, no estado de São Paulo com
sua família, ele era membro da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
conhecida popularmente como a Igreja
dos Mórmons. Segundo as crenças dessa
religião, os jovens são chamados para
servir uma missão de tempo integral,
dedicando-se dois anos de sua vida para
pregar o evangelho de Jesus Cristo em
qualquer parte do mundo.
Em julho de 2008 chegou a vez de
Paulo, que foi enviado para fazer missão
na cidade de Fortaleza. E junto com ele
vieram às regras. Uma delas era a proi-
bição de qualquer contato íntimo com
uma mulher. “Os missionários não podem
namorar na missão”, diz ele.
Depois de dois anos, em julho de
2010, Paulo volta para sua cidade com
o dever cumprido. Ele nem imaginava que
a vinda para capital cearense mudaria
sua vida.
Any Lima, estudante de Jornalismo
de 25 anos e também membro da Igreja
de Jesus Cristo do Santos dos Últimos
Dias, morava em Fortaleza com sua mãe
HOJE É COMUM CONHECER
PESSOAS QUE ENCONTRAM
SUA ALMA GÊMEA
NAVEGANDO NA INTERNET.
VOCÊ ACREDITA QUE UM
RELACIONAMENTO VIRTUAL
PODE DAR CERTO? ANY E
PAULO PROVAM QUE SIM
O cupido pede login e senha
e sua avó. A jovem tinha uma vida nor-
mal, dedicando-se aos estudos e a igreja.
Mas uma sugestão de amizade no seu
Facebook começou a mexer com os seus
sentimentos e com a sua rotina.
Any, navegando na rede social viu Pau-
lo Jordão como sugestão de amigo, e ao
perceber que tinham amigos em comum
da igreja, enviou um convite de amizade.
E o rapaz logo aceitou. Tiveram a primeira
conversa e as primeiras perguntas virtual-
mente, no bate papo do site. “Ele era meio
chatinho, metido... eu não gostava muito
dele”, diz Any dando risadas.
Com o tempo, Paulo insistiu e pediu seu
MSN, foi ai que o papo ficou mais interessan-
te e com mais freqüência. “Falei um pouco
da minha vida, e ele da dele, e vimos que
tínhamos bastante coisa em comum,” afirma
Any. Eles moravam com a mãe e com a avó.
Depois do MSN veio a troca de telefone,
que aumentou ainda mais a afinidade en-
tre os dois. Mas, Paulo ainda tinha dúvidas
sobre Any, e pediu para um amigo, que co-
nheceu na missão quando estava em For-
taleza, para verificar as informações dadas
pela moça. Seu amigo confirmou tudo, e o
interesse do rapaz só aumentou, pedindo
a jovem em namoro.
Em outubro de 2010, Any precisou ir
para São Paulo tirar seu visto para os Esta-
dos Unidos no consulado americano. Ficou
hospedada na casa de sua prima. Porém, já
tinha combinado com Paulo de encontrá-lo
nessa viagem.
Tudo ocorreu como ela tinha planeja-
do. o primeiro encontro entre os dois foi
inesquecível, e o primeiro beijo aconteceu.
Quando a estudante de jornalismo retor-
nou a Fortaleza, já estava completamente
apaixonada. “Todos os dias ele me ligava pela
manhã e a noite. Ficávamos conversando pelo
celular por até três horas”, comenta a garota.
No final de 2010, Paulo veio para
Fortaleza passar o ano novo com sua
amada e conhecer sua família. Uns três
dias antes de ele voltar para Campinas
fez uma surpresa, comprou as alianças
e pediu a namorada em casamento. Mas,
por serem da religião dos Mórmons, pre-
servaram a lei da castidade: sexo somen-
te depois do casamento.
Aproxima-se o grande dia, Any e sua
mãe viajam para Campinas. Organizam
duas cerimônias, uma no dia 22 de julho
no cartório, e na manhã do dia seguinte no
templo sagrado, onde é permitida somente
a entrada de membros da Igreja dos Mór-
mons. Acontece uma festa bem simples
para a família e amigos do casal.
Depois do casamento, o casal decide
morar com a mãe de Paulo em Campinas.
Seis meses depois retornam para Fortaleza
em busca de oportunidades.
Hoje continuam se amando e firmes
na igreja, planejando até ter filhos no final
do ano. Isso tudo graças a uma simples
sugestão de amizade no Facebook.
Texto: Gil de Souza
Design: Amanda Rodrigues
Arquivo Pessoal
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papi ro 19
QUANDO A INTERNET
VIRA UMA ARMA NOCIVA
E PERIGOSA NA MÃO DE
QUEM NÃO SABE USÁ-LA
PARA SE RELACIONAR
Deletando a relação
Assim como muitos casos amoro-
sos pela Internet dão certo, outros
que talvez tivessem tudo para ser
eternos, acabam nem saindo das telas
do computador. O encantamento pela
pessoa que não está perto fisicamente
pode decidir o futuro de alguém. Foi o que
aconteceu com Leandro Gomes, 25 anos,
estudante de biologia, e Sara Oliveira, 21
anos, vendedora.
Eles se conheceram em janeiro de 2010
por um site de bate-papo. Ao entrarem na
mesma sala virtual, eles começaram uma
conversa. Leandro achava que seria só mais
uma conversa. Mas como ele conta, o papo ia
ficando mais interessante. “Era uma conver-
sa bem descontraída. Passamos horas con-
versando sobre assuntos do nosso dia-a-dia.
Queríamos saber as coisas básicas, como
onde mora, o que faz, do que gosta etc.”.
Neste mesmo dia, Leandro e Sara tro-
caram seus emails pessoais e se despe-
diram. No dia seguinte, Leandro entrou na
Internet e viu que Sara tinha aceitado seu
pedido para ser um dos seus contatos,
então eles começaram a conversar nova-
mente. E a partir daí foram todos os dias,
no mesmo horário. Dessa forma eles iam
se conhecendo melhor, até já podiam se
ver pela webcam.
Depois de algum tempo se relacionando
via internet, a moça conta para a família
do caso amoroso, para surpresa tanto de
Leandro como dela mesmo, a família não
aceitou o namoro. Além de eles morarem
em cidades diferentes – ele em Fortaleza,
ela em São Paulo -, não se conheciam pes-
soalmente e desde então começaram os
conflitos de um namoro pela internet. Por
incrível que pareça, as brigas entre eles
aumentaram e decidiram terminar. Com
pouco mais de duas semanas, eles voltam,
mas nada era como antes. Começaram a
perceber que realmente não daria certo
continuar, pois eles viviam em mundos total-
mente diferentes. Também foram influencia-
dos pelas histórias que eles mesmos já co-
nheciam de relações virtuais mal-sucedidas.
O estudante afirma que os relacionamentos
pela internet nem sempre são seguros e
exigem muito do casal.
Leandro ainda gostava muito de Sara,
mas precisava pensar no seu futuro. En-
tão disse um não definitivo para o namoro
com ela. Hoje, ele avalia que foi a melhor
saída para todos os problemas que estava
enfrentando. Leandro e Sara ainda se fa-
lam, mas reconhecem que não dão mais
certo juntos e cada um segue sua vida.
Isso pode muito bem se adequar à
situação que Renata Nayara, 22 anos,
organizadora de eventos, viveu. Ano passa-
do, ela namorou com Evilásio Mendes, 24
anos, empresário. Mas o relacionamento
não pôde ir adiante, justamente por causa
da internet.
A partir do dia em que o relacionamento
foi assumido publicamente, a ex-namorada
de Evilásio passou a intrometer-se na vida do
casal, sobretudo na vida de Renata. Foi atra-
vés da internet que a ex-namorada conseguiu
encontrar o perfil de Renata no Facebook. E
desde então, descobriu emails e telefones.
De acordo com Renata, a outra sabia de
tudo que acontecia na vida do casal, graças
às publicações no mural do perfil de Renata.
“Virou um inferno. Tive que excluir o per-
fil na rede social”, conta ela.
Um dos pontos negativos é a des-
confiança. Para Renata, essa foi um dos
motivos que a levou a terminar o namoro
que mantinha com Evilásio há pouco mais
de três meses. A ex-namorada começou
a postar fotos antigas dela e do rapaz,
induzindo que fossem atuais, o que de-
sagradou Renata.
Renata conta que com todos os insul-
tos, intrometimentos e abusos que ela so-
freu, não teve outra saída a não ser termi-
nar tudo com Evilásio, pois estava sendo
caluniada por uma pessoa que nunca tinha
visto. E na opinião dela, existem emque não
vale a pena passar por causa de outras
pessoas. Para ela, a internet teve um lado
negro neste ponto, pois trouxe vergonha,
medos e receios.
Essa ferramenta que hoje é tão im-
portante, mostra que nem sempre é fácil
manter um relacionamento. Na maioria das
vezes poder ajudar e também atrapalhar
diretamente no destino dos casais.
Texto: Elrica Mara
Design: Amanda Rodrigues
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Bárbara Rodrigues
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papi ro20
A vida na newsroomO MODELO INOVADOR DE REDAÇÃO INTEGRADA, ADOTADO PELO CURSO DE JORNALISMO
DA FA7 PARA O FECHAMENTO DO PAPIRO, VOLTOU A REUNIR ESTUDANTES E
PROFESSORES EM TORNO DO FRISSON DA NOTÍCIA.
Fotos: Cynthia Nogueira
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