O modo de navegação social

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O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho”

Brasil realidade ambígua

• Carnaval onde é permitido o excesso e quebra das

regras

OrdemExigência de:

• disciplina • obediência

às leis

Dificuldade de compreensão de

uma norma universal e sua aplicabilidade

O Resultado disto foi um sistema social dividido e equilibrado, no meio de ambos, a malandragem, o jeitinho e o famoso, “sabe com quem esta falando”?

Seria um modo de enfrentaras contradições eparadoxos de modo Tipicamente Brasileiro.

Malandragem

... o malandro é um profissional no uso do ”jeitinho” e na habilidade de solucionar os problemas que a lei ou regras de convivência social possam lhe trazer, de forma original e com grande criatividade cria mecanismos para tirar partido de situações corriqueiras da vida.

Malandragem

Também

entendido como

esperteza, a

ideia do

malandro que se

orgulha em

contar

vantagens

JEITINHO BRASILEIRO

A sempre um jeito de satisfazer nossas vontades

“É, sobretudo, um modo simpático, desesperado ou humano de relacionar o impessoal com o pessoal como uma forma simpática, de fazer a junção inteiramente casuística da lei, com a pessoa que a está utilizando afim de obter vantagens pessoais.

“JEITINHO” - junção do “pode” com o “não

pode”

Você sabe com quem esta falando?

Você sabe com quem esta falando?

• É uma versão extremada e corrompida do “jeitinho”, e muito menos simpática, essa versão aparece quando o cidadão por ter qualquer relação com alguma figura importante de certo status social, se acha no direito de transpor o “não pode”, e age com repressão contra a repressão.

• O Brasil sempre enfrentou um dilema sociocultural entre a aplicação de leis que, ao menos no papel, contempla a todos e os modos de navegação social que se utilizam da esperteza e das relações sociais de alguns para burlar o sistema jurídico a luz de suas conveniências pessoais.

Uma das consequências da reiteração da aplicação dessas formas de navegação social é a desmoralização das leis e regras de convívio social, que perdem o respeito e crédito ao dividir o sistema social de forma não imparcial quando aplicadas

Diferentemente do Brasil, alguns países como:• Estados Unidos,• França • Inglaterra,

existe uma coerência, uma ligação forte, entre a regra jurídica e as práticas da vida diária.

“Ficamos, pois, sempre confundidos e, ao mesmo tempo, fascinados com a chamada disciplina existente nesses países” (DAMATTA, 1986, p.99).

Talvez devido a nossa falta de coerência entre a lei e os costumes da vida comum, nós muitas vezes não agimos de acordo com o mandamento jurídico e procuramos descobrir e aperfeiçoar modos de navegação social visando fugir do tão temido ”não pode!” contido nas entrelinhas da lei.

Esses modos de navegação social que usamos para viabilizar a resolução de problemas pessoais se dividem basicamente no “jeitinho” e na malandragem.

Olha o jeitinho...

• Já está implícita na mente dos brasileiros a semente degenerativa do sistema jurídico que nos leva a crer que há sempre um jeito de satisfazer nossas vontades.

[...] trata-se mesmo de um modo - jeito ou estilo - profundamente original e brasileiro de viver, e às vezes sobreviver, num sistema em que a casa nem sempre fala com a rua e as leis formais da vida pública nada têm a ver com as boas regras da moralidade costumeira que governam a nossa honra, o respeito e, sobretudo, a lealdade que devemos aos amigos, aos parentes e aos compadres. (Damatta, 1986)

Meios de navegação social

O Despachante• No Brasil temos a figura do despachante ,

um especialista em entrar em contato com repartições oficiais para obtenção de documentos que normalmente implicam em confusões. Ele é um especialista em utilizar o ”jeitinho” .

• Tendo grande importância devido a dificuldade de juntar a

lei com a realidade social.

Esse nosso modo de navegação social possui um grande valor social e sabe-se que esse nosso estilo de viver nasceu junto com o nosso país, o primeiro documento que se remete as terras brasileiras, a carta histórica de Perro Vaz de Caminha, onde o referido autor, após dar ótimas notícias a sua alteza o rei de Portugal, se aproveita da situação para de forma malandra e sutil vir a fazer no desfecho da carta um pedido, de foro particular, a essa majestade.