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O IMPACTO DAS FINANÇAS PÚBLICAS
NAS FINANÇAS PESSOAIS NO CONTEXTO DA
ATUAL CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA
Marcelo Gonçalves de Sousa1
RESUMO
Este artigo apresenta uma análise da atual crise brasileira que se consolidou pelo retorno
do pesadelo da inflação. Diante deste problema, o cenário econômico se tornou bastante
complexo para as famílias, o que se agrava pela elevação contínua da taxa básica de
juros promovida pelo governo. O texto mostra que o equívoco na condução das finanças
públicas está destruindo a prosperidade nas finanças pessoais, com consequências
devastadoras para a nação. Fica claro que a inflação tem piorado, de maneira mais
acentuada, devido a ineficiência governamental e o impacto dos preços administrados
nos setores de energia e combustível. A oferta de crédito fácil combinada com a cultura
do consumismo nos últimos anos também contribuiu fortemente para esta situação. O
fato é que já houveram diversas elevações na taxa de juros que se mostraram ineficazes
para combater o problema. No entanto, o governo continua com aumentos sucessivos
dos juros, colocando o investidor na retranca e ampliando o desemprego de modo
injustificado. Pelo contrário, deveria ser feita uma política de redução dos juros como
vem ocorrendo no mundo inteiro. Inclusive, uma análise de dados históricos demonstra
que as reduções de juros não implicaram necessariamente no aumento da inflação. As
diversas manifestações mostram que o país busca rapidamente o rompimento de uma
1 O autor é Aluno Especial de Finanças no Mestrado em Administração da UFBA, Pós-Graduado em
Administração de Empresas pela FGV com Módulo Internacional no U.S. Business and Economic
Strategies Seminar pela University of California San Diego e Graduado em Administração de Empresas
pela UCSAL. Trabalha como Professor da disciplina Orçamento Empresarial na Graduação em
Administração de Empresas da Universidade Católica do Salvador, onde também é responsável pelo
Curso de Extensão em Finanças Pessoais na modalidade de ensino à distância. Nessa mesma instituição
de ensino, teve experiência como docente na disciplina Gestão Financeira. Além disso, foi aprovado em
5º lugar no concurso público do Instituto Federal do Rio Grande do Sul para Professor de Finanças com
Dedicação Exclusiva, após prova de conhecimentos específicos em finanças, banca didática sobre
investimento em ações e prova de títulos.
2
era política por não aceitar, de modo algum, que o êxito econômico decorra do
empobrecimento da nação.
Palavras-chave: finanças públicas; finanças pessoais; crise econômica.
ABSTRACT
This paper presents an analysis of the current Brazilian crisis which was consolidated by
inflation nightmare return. Faced with this problem, the economic environment has
become very complex for families, which is aggravated by the continuous increase in
the basic interest rate promoted by the government. The text shows that the mistake in
the conduct of public finances is destroying prosperity in personal finance, with
devastating consequences for the nation. It is clear that inflation has worsened more
sharply due to government inefficiency and the impact of administered prices in the
energy and fuel sectors. Easy credit availability combined with consumerism culture in
recent years has also contributed greatly to this situation. The fact is that there have
been several increases in interest rates that proved ineffective to combat the problem.
However, the government continues with successive increases in interest rates, placing
the investor on the boom and extending unjustifiably unemployment. On the contrary,
an interest reduction policy should be made as it has worldwide. Including a historical
data analysis shows that interest rate cuts do not necessarily implicated in rising
inflation. The various manifestations show that the country quickly search the breaking
of a policy was not to accept, in any way, that the economic success arises from the
nation`s impoverishment.
Keywords: public finances; personal finance; economic crisis.
INTRODUÇÃO
A realidade atual apresenta um contexto econômico e social cada vez mais difícil.
Diariamente, ao ligar a televisão ou ler o jornal, fica claro que o Brasil vive um
momento delicado com inflação elevada, aumento da taxa de juros e do desemprego.
Consequentemente, as pessoas estão com dificuldades de gerenciar seus rendimentos,
lidam com maiores despesas e acabam entrando em uma avalanche de dívidas.
Para tentar conter a inflação, o governo insiste no aumento dos juros. As empresas
demitem as pessoas e continuam fazendo propaganda em massa para estimular o
3
consumo por impulso, ditando a cultura do consumismo como o mainstream da inclusão
social. O resultado dessa pressão é o endividamento elevado das famílias brasileiras.
Domingos (2011, p. 11) afirma que “Estar endividado já é uma realidade para a maior
parte da população do Brasil. Estimativas indicam que o endividamento atinge mais de
80 milhões de brasileiros”. De um lado, o governo torna as dívidas mais caras devido à
elevação dos juros. As empresas, por sua vez, tentam vender mais estimulando o
aumento do consumo para obter uma taxa de retorno que compense a elevação do custo
do capital2. O grande perigo é que tudo que sobe demais, em algum momento irá cair.
Uma das técnicas utilizadas pelas empresas para avaliação de projetos de investimento é
o Valor Presente Líquido (VPL) que se trata do valor presente de todas as entradas de
caixa projetadas menos o investimento inicial. Para calcular o valor presente de cada
entrada de caixa utiliza-se a fórmula:
( )
Nesta fórmula, VP é o valor presente que se busca, VF é o valor futuro da entrada de
caixa, i é o custo do capital e n é o prazo. Como exemplo, pode-se imaginar um projeto
que prometa entradas de caixa anuais de R$ 30.000, durante 5 anos. O investimento
inicial é de R$ 110.000 e o custo do capital é de 10%. O [(
( )
( )
( )
( )
( ) ) – ] = (R$ 27.272,73 + R$
24.793,39 + R$ 22.539,44 + R$ 20.490,40 + R$ 18.627,64) – R$ 110.000 = R$
113.723,60 – R$ 110.000 = R$ 3.723,603. Como VPL > 0, o projeto é lucrativo, o
investidor faria o investimento e empregos seriam gerados.
Por outro lado, se o mesmo projeto tiver um custo de capital de 15%, devido à política
2 Gitman (2010, p . 432) ensina que “O custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa precisa obter
nos projetos em que investe, para manter o valor de mercado de sua ação”. 3 O cálculo fica muito mais simples de ser realizado na calculadora financeira HP 12C, utilizando a
seguinte rotina: f FIN, 110.000 CHS g CF0, 30.000 g CFj, 5 g Nj, 10 i, f NPV. Como resultado, o visor
mostrará o valor presente líquido de R$ 3.723,60 que é o lucro obtido com o investimento. A rotina f FIN
inicialmente serve para limpar os registradores financeiros da calculadora, evitando a interferência de
valores utilizados em outros cálculos. A sigla CHS vem do inglês Change Signal e serve para mudar o
sinal do valor que está na tela. Foi necessário tornar o valor de R$ 110.000 negativo por se tratar de um
investimento, ou seja, uma saída de caixa. A tecla azul g serve para utilizar a função de cor azul da tecla
PMT. É importante mencionar que, na HP 12C, a maioria das teclas tem mais de uma utilidade. A tecla
CF vem do inglês Cash Flow, quando seguida de zero trata do primeiro fluxo de caixa e quando seguida
de j é usada para os demais fluxos de caixa. A rotina 5 g Nj foi utilizada para informar a calculadora que
os 5 fluxos de caixa futuros são iguais, tendo o valor de R$ 30.000 (isso tem o nome de anuidade). Se os
fluxos de caixa fossem diferentes, ou seja, uma série mista, teriam que ser digitados individualmente. Em
seguida, foi digitado o custo de oportunidade do capital seguido da tecla i que vem do inglês interest.
Com o comando f NPV, do inglês Net Present Value, solicita-se da calculadora o Valor Presente Líquido.
4
de elevação da taxa de juros do governo, o [(
( )
( )
( )
( )
( ) ) – ] = (R$ 26.086,96 + R$ 22.684,31 + R$ 19.725,49 +
R$ 17.152,60 + R$ 14.915,30) – R$ 110.000 = R$ 100.564,66 – R$ 110.000 = - R$
9.435,34. Como VPL < 0, o projeto apresenta prejuízo, o investidor não faria o
investimento e oportunidades de empregos seriam perdidas. É evidente que, mantidas
todas as condições do investimento, o aumento do custo de capital decorrente da
elevação da Selic pode levar um projeto do lucro para o prejuízo, acarretando no
engavetamento da proposta, o que inibe o crescimento do país.
O objetivo deste trabalho é mostrar a forte influência de políticas equivocadas de
finanças públicas na destruição da prosperidade nas finanças pessoais, o que representa
um grande erro. Bodie e Merton (2002, p. 35) explicam que “No final das contas, todos
os recursos da sociedade pertencem às famílias, porque são elas as donas das empresas
(diretamente ou através da propriedade de ações, planos de pensão ou apólices de
seguro de vida) e pagam impostos gastos pelo governo”.
A ideia é deixar claro que não há vantagem alguma em prejudicar as finanças das
famílias, pois elas farão menos investimentos produtivos e terão dificuldade para pagar
os impostos.
O DIAGNÓSTICO EQUIVOCADO DA INFLAÇÃO
Enquanto as empresas estimularam o consumismo exagerado e o imediatismo do
consumo fazendo com que as pessoas se endividassem para obter um padrão de vida
ilusório, muito além da sua produtividade, nos últimos anos o governo injetou um
volume substancial de crédito consignado na economia para financiar esses gastos.
Infelizmente, a estabilização da moeda acabou favorecendo o crédito fácil sem a devida
maturidade para absorvê-lo. Quando a procura por bens e serviços é maior do que a
oferta, os preços sobem. Entretanto, a inflação não é governada apenas pela demanda,
mas também pelo custo da oferta. Quando o processo produtivo é muito caro devido a
ineficiência e a carga tributária elevada, as empresas certamente repassam esses custos
para as famílias.
O governo apesar de arrecadar muito, não oferece qualidade de vida para a população
que é obrigada a gastar cada vez mais dinheiro até mesmo em serviços essenciais, como
5
saúde e educação. Recentemente, por exemplo, a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) promoveu um reajuste perverso nas mensalidades dos planos de
saúde individuais e coletivos em uma proporção bem superior à inflação, trazendo o
impacto negativo para o orçamento pessoal de milhões de brasileiros. Inclusive, este
problema levou o Conselho Federal de Administração a publicar uma nota condenando
a decisão do reajuste de um serviço que, diga-se de passagem, é prestado com péssima
qualidade. Na área de educação, a precariedade do ensino público obriga as famílias a
pagarem escolas particulares a um custo cada vez mais elevado.
A maioria das pessoas não irão cancelar seus planos de saúde ou deixar de estudar. Elas
continuarão comprando cigarros, automóveis, bebidas alcoolicas, remédios, serviços de
internet, alimentos e muitas outras coisas, quer sejam necessárias ou não,
independentemente de custarem mais caro. A ideia de que o aumento do imposto
enxuga dinheiro da economia, o que reduziria o consumo, na prática é um tanto
equivocada. Na verdade, as famílias atrasam o pagamento desses tributos e continuam
consumindo produtos e serviços a um preço mais alto. É muita ingenuidade achar que a
elevação da carga tributária, isoladamente, seja uma medida suficiente para retirar o
dinheiro da economia e reduzir a inflação.
O enxugamento de dinheiro da economia, inclusive, já foi praticado de modo extremo
quando houve o bloqueio das aplicações do Plano Collor, não resolvendo o problema da
inflação. Luquet (2008, p. 74) lembra que “Quando o presidente Fernando Collor de
Mello foi eleito, no fim da década de 80, o país vivia um dos maiores momentos
econômicos, com forte instabilidade monetária. A taxa de inflação chegava a incríveis
80% ao mês, e era urgente a adoção de um plano de estabilidade da moeda. O Plano
Collor foi o primeiro plano econômico do governo eleito depois de mais de 20 anos de
ditadura (governo) militar. O objetivo era acabar com a inflação. O plano, elaborado
pela ministra da Fazenda e assessora econômica do então candidato Collor, Zélia
Cardoso de Mello, consistia basicamente na retirada de moeda de circulação com o
bloqueio dos recursos depositados em bancos em aplicações de CDBs, fundos de renda
fixa, caderneta de poupança etc. Isso ocorreu em março de 1990”.
Na verdade, a estabilização econômica só ocorreu com o Plano Real que acabou com a
inflação crônica vivida pelo país. No entanto, a âncora cambial que manteve a inflação
sob controle durante o plano acabou em 1999, levando à continuidade das taxas de juros
6
altas para prevenir a influência do aumento do dólar, agora flutuante, na inflação. Os
juros também subiram no ano de 2002, nas eleições presidenciais que levaram ao
primeiro mandato do Presidente Lula, devido à fuga de capitais pelo temor de que a
esquerda não cumprisse seus compromissos. Sempre que as pessoas vendem títulos
públicos, o dinheiro retorna do governo para a economia e influencia no aumento do
consumo, dos preços e, consequentemente, da inflação.
Luquet (2008, p. 32) explica que “O governo promove uma alta nas taxas de juro
sempre que enxerga focos de perigo inflacionário. Com taxas muito altas, espera-se que
os cidadãos adiem o consumo e com isso reduzam a pressão inflacionária. É uma
espécie de freio na economia. Pois as pessoas passam a consumir menos, com isso as
vendas caem e as empresas, então, reduzem os investimentos e toda a atividade
econômica do país passa por uma redução”.
É importante ainda mencionar a necessidade de que os investidores avaliem o impacto
da inflação nos seus investimentos, levando em conta a taxa real de juros e não apenas
as taxas nominais anunciadas pelos fornecedores de fundos. Bodie e Merton (2002, p .
149) explicam que “É tão importante levar em conta a inflação nas decisões de
investimentos quanto nas decisões de poupança. Quando se investe dinheiro em ativos
reais como imóveis, fábricas e equipamentos, os fluxos de caixa futuros do investimento
tendem a aumentar seu valor nominal devido à inflação. Se você deixar de fazer os
ajustes necessários, poderá deixar passar oportunidades de investimento que valem a
pena”4.
A conclusão é que a combinação de crédito fácil, ineficiência governamental e aumento
de impostos repassados aos preços são problemas criados pelo próprio governo que
contaminam a taxa de inflação.
4 Na ocasião, os autores demonstram um interessante exemplo sobre um investimento em um
equipamento de aquecimento a gás que custa $ 10.000 e proporciona benefício anual infinito no valor de
$ 500, tendo ainda a possibilidade de não comprar o equipamento e deixar o dinheiro na conta bancária
rendendo 8% ao ano. Ao questionar sobre a melhor opção, o investidor poderia ficar inclinado a manter o
dinheiro na conta porque a taxa interna de retorno do sistema de aquecimento a gás é de 5% ao ano (ou
seja, $ 500/$ 10.000). No entanto, se o índice de inflação for de 5%, então a taxa real de juros da
aplicação bancária passa a ser de 2,875% [(0,08 – 0,05) / 1,05]. Assim, “O lucro real de 5% a.a. no
investimento no aquecimento a gás é maior, de modo que talvez o investimento, afinal de contas, valha a
pena” (BODIE & MERTON, 2002, p. 149)
7
A política de finanças públicas de aumento da taxa de juros é um remédio amargo que
não está funcionando. É o preço pago pelas finanças das famílias que estão sendo
fortemente prejudicadas.
A MANIPULAÇÃO INEFICAZ DA TAXA DE JUROS
Em 30 de julho de 2015 foi divulgado nos principais jornais televisivos mais um
aumento da taxa de juros no Brasil, que agora atingiu o patamar de 14,25%. Este é o
sétimo aumento seguido da taxa, que já é a maior desde 2006. Quando o governo
aumenta a taxa básica, logo em seguida todos os bancos aumentam os juros e os
consumidores pagam muito mais pelo uso do cheque especial e do cartão de crédito.
De forma unânime, os economistas que são entrevistados sobre o assunto na televisão
afirmam que essa providência não funciona porque a principal causa da taxa acumulada
da inflação de 6,17% é o aumento de preços administrados, como no caso da energia
elétrica. O fato é que o Banco Central pretende manter a taxa de juros alta por um bom
tempo para tentar trazer a inflação de volta ao teto de 4,5%, inibindo outros aumentos
de preços pela desaceleração do consumo e queda das vendas.
EVOLUÇÃO DOS JUROS E DA INFLAÇÃO – 2006 A 2015
Fonte: Banco Central do Brasil e portal de economia Globo (acesso em 30/07/15)5
5 A taxa selic foi obtida no site www.bcb.gov.br, na página do histórico das taxas de juros, obtendo a taxa
selic a.a. no final de 2006 a 2014. Para o ano de 2015, foi adotada a taxa mais recente divulgada pela
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Taxa Selic
IPCA
8
O gráfico anterior mostra que a manipulação de taxas de juros desde 2006, não possui
necessariamente um impacto direto sobre a inflação. Em 2008 a inflação subiu apesar
do aumento da taxa de juros, o que também ocorreu no período de 2009 até 2011. De
2012 até 2015, a inflação continua se elevando apesar do aumento acentuado dos juros.
No geral, percebe-se que a curva do IPCA tem uma tendência de crescimento. Outra
constatação interessante deste gráfico é que a queda brusca dos juros de 2008 para 2009
e de 2011 para 2012, não provocou aumento na inflação. Na verdade, houve até mesmo
uma redução do IPCA. Em suma, fica comprovado que nos últimos anos o aumento dos
juros não reduziu a inflação, assim como a redução da Taxa Selic não provocou o
aumento do IPCA. Inclusive, é importante destacar que o Brasil foi incluído no ranking
das 10 maiores taxas de juros do mundo6 e a comentarista Mírian Leitão opinou que o
país está na contramão7. Enquanto todos os países buscam uma redução dos juros, o
Brasil segue o caminho inverso. A próxima tabela mostra o comparativo dos juros
brasileiros com o de algumas outras nações.
TAXAS DE JUROS MUNDIAIS – MARÇO/2015
País Taxa de Juros
Brasil 12,75% Mongólia 11,50%
Polônia 1,50%
Noruega 1,25%
Emirados Árabes 1,00%
Canadá 0,75%
Reino Unido 0,50%
EUA 0 a 0,25%
Japão 0 a 0,1%
Zona do Euro 0,05% Fonte: site do infomoney (acesso em 30/07/15)8
imprensa televisiva em 30 de julho de 2015. Os dados do IPCA foram obtidos em notícias publicadas na
página de economia g1.globo.com, nas notícias: Inflação oficial fecha 2012 em 5,84%, aponta IBGE, de
10 de janeiro de 2013; Inflação oficial fecha 2013 em 5,91%, diz IBGE, de 10 de janeiro de 2014;
Inflação fecha 2014 em 6,41%, abaixo do teto da meta, de 09 de janeiro de 2015 (nesta página também
foram obtidos os dados históricos de 2006 a 2011 no gráfico de variação anual do IPCA); e Previsão do
mercado para inflação sobe pela 15ª semana, para 9,23%, de 27 de julho de 2015. Assim, o IPCA de 2006
a 2014 retrata o fechamento de cada ano, enquanto o IPCA de 2015 retrata a expectativa dos analistas
para o fechamento deste ano. 6 Este ranking foi obtido no site do infomoney que divulgou a notícia “Brasil tem um dos 10 maiores
juros do mundo; veja as taxas de outros países”, publicada em 05 de março de 2013. 7 O comentário mencionado de Mírian Leitão ocorreu no jornal televisivo Bom Dia Brasil, apresentado
pela Rede Globo em 30 de julho de 2015. 8 A tabela não representa o ranking das 10 maiores taxas do mundo, mas apenas as taxas de juros de
algumas nações mais conhecidas que foram escolhidas aleatoriamente.
9
Na China, os juros estão sendo cortados continuamente. O quarto corte ocorreu em
junho de 2015, quando a taxa básica caiu para 4,85%9 ao ano.
Gitman (2010, p. 246) explica que “As taxas de juros exercem um impacto direto sobre
o planejamento financeiro pessoal”. Essas taxas afetam as decisões de investimento, os
problemas de dívidas das famílias e favorecem a perda do emprego.
Mesmo as pessoas que tentam lucrar com a situação devem ter cautela. Recentemente,
muitos consultores de finanças pessoais tem sugerido aplicação no Tesouro Selic para
proporcionar ganhos para os investidores devido a elevação da taxa de juros. No
entanto, Henrique Meirelles publicou um artigo na Folha de São Paulo em 03 de maio
de 2015 que explica porque a taxa de juros no Brasil é tão alta10
. A lição que fica é que
a taxa de juros reflete os diversos tipos de riscos que nela influenciam como a
expectativa de inflação, a solvência do Tesouro Nacional e os riscos políticos, sendo
consequência deles. Deste modo, qualquer investimento com rentabilidade elevada é
acompanhada de uma parcela substancial de risco.
A elevação das taxas de juros também prejudica as famílias já endividadas ou aquelas
que necessitam de algum tipo de empréstimo, pois o crédito fica bem mais caro. Deste
modo, até mesmo o financiamento para compras de equipamentos importantes como
uma geladeira ou um fogão fica mais difícil.
As famílias que usam cheque especial11
são bastante penalizadas e aquelas que pagam
apenas uma parte da fatura do cartão acabam tendo um grande prejuízo. Gitman (2010,
p. 581) explica que “O uso excessivo do crédito de curto prazo, sobretudo com cartões
de crédito, pode criar problemas de liquidez pessoal e, em casos extremos, levar à
insolvência”12
. Infelizmente, muitas vezes o cartão de crédito é usado com grande
9 Ver notícia “China corta taxa de juros pela 4ª vez para impulsionar a economia” da Reuters publicada na
página da globo.com em 27 de junho de 2015. 10
O artigo “Consequência, não causa” foi escrito por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central
do Brasil entre 2003 e 2011 (note que neste período a curva da taxa de juros parecia ter uma tendência de
queda e que após sua saída do BCB, a partir de 2012, a taxa de juros passou a ter crescimento bem mais
acentuado). 11
Domingos (2011, p. 77) lembra que “Usar o cheque especial sem ter noção exata das implicações e dos
riscos dessa linha de crédito, sem conhecer em detalhes o funcionamento do sistema, é uma das faces do
comportamento de risco financeiro mais comuns na cultura do endividamento”. 12
Para quem já está endividado no cartão de crédito, há a opção do parcelamento do débito total como
uma forma de evitar que o devedor volte a utilizar o cartão, uma vez que ele fica temporariamente
desativado durante o parcelamento. Além disso, caso seja impossível pagar a parcela ou se o valor
negociado não couber no orçamento, a alternativa é ser enfático e dizer: “Devo; não nego. Pago quando e
como puder” (DOMINGOS, 2011, p. 73)
10
frequência para o consumo porque a maioria das pessoas que perderam o emprego
utilizam esse meio de pagamento para compensar a falta de renda. Nem sempre os
desempregados tem disciplina para reduzir radicalmente seu padrão de vida em resposta
a uma situação de desemprego.
Além do uso exagerado do cartão de crédito, a maioria das famílias se vê abalada com
empréstimos pessoais, a hipoteca do apartamento e a parcela do financiamento do
automóvel, dentre outras mazelas. As empresas, por outro lado, são pressionadas a
pagarem um salário cada vez maior porque os ganhos sempre se tornam insuficientes
para os trabalhadores. Muitos negócios acabam não se sustentando por confusão na vida
financeira pessoal dos empreendedores, o que impacta em atrasos dos salários, dívidas
com fornecedores e com instituições financeiras ou, até mesmo, no fechamento das
empresas e no desemprego dos funcionários.
A CRISE DO DESEMPREGO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
A obtenção de um emprego é um fator de grande relevância para a saúde das finanças
pessoais. No entanto, houve uma redução significativa dos postos de trabalho devido ao
corte nos investimentos produtivos e aumento das demissões em função da taxa de juros
cada vez maior. Além disso, o desemprego decorre do desenvolvimento tecnológico,
conjugado com o enxugamento das estruturas organizacionais. Para piorar, com a
globalização pessoas de diferentes países e regiões podem disputar o mesmo cargo. Por
exemplo, os americanos já estão cientes de que os chineses e indianos estão estudando
muito e que enquanto um trabalhador americano não qualificado custa em torno de 12
dólares/hora, paga-se 25 centavos de dólar/hora para um trabalhador chinês qualificado.
Os americanos parecem muito preocupados com os chineses, devido ao seu crescimento
acelerado e o Vietnã começa a se mostrar um ambiente com mão de obra mais barata do
que a China. Com o salário de um engenheiro americano é possível pagar onze
engenheiros indianos13
.
13
Este conhecimento foi obtido em agosto de 2014 quando o autor questionou o Professor Dan Rudick da
Universidade da Califórnia em San Diego sobre os benefícios da globalização, no momento em que os
americanos perderam 30.000 empregos em função da saída de uma fábrica automotiva que mudou suas
instalações para outro país que pagava menos aos funcionários. Na ocasião, o Professor comentava que só
via benefícios com a globalização porque antigamente os chineses só usavam chinelos e agora é possível
vê-los calçando tênis. Na sua resposta, parece que o Professor tentou justificar que o próprio americano
era culpado pela busca de mão de obra mais qualificada e barata em outros países devido ao estilo de vida
negligente, explicando que o trabalhador americano só está preocupado em ter um emprego na fábrica,
11
Existe uma polêmica antiga sobre como administrar as finanças públicas, de modo a
favorecer o aumento do emprego. Santos (2001, p. 56) comenta que “a recomendação
de Smith para uma boa política econômica era sustentar um orçamento equilibrado e
resgatar a dívida o quanto antes para possibilitar o nível de emprego e da produção”.
O problema deste ponto de vista de Smith é que ele ignora que os gastos e o
endividamento público impulsionam a construção de estradas, ferrovias, aeroportos,
dentre outras iniciativas que utilizam mão de obra intensiva e colocam o governo no
patamar de um importante empregador. Santos (2001, p. 56) explica que “a posição de
Malthus é diametralmente oposta. Apesar de reconhecer que a dívida nacional pode
trazer incômodos e se constituir num instrumento perigoso, ainda assim ele a vê, em
geral, como um importante mecanismo capaz de alavancar o crescimento econômico e
ampliar o bem-estar social. Por essa razão, Malthus se diz inteiramente convencido de
que o resgate da dívida, na forma proposta pelos seus oponentes, antes de melhorar o
bem-estar da sociedade, a tornaria mais pobre”.
Talvez o ponto de conciliação dessas duas ideias seja utilizar a dívida pública no estágio
inicial de desenvolvimento, para gerar o máximo de empregos possíveis. Quando este
objetivo fosse atingido, seria priorizado o equilíbrio orçamentário para manter a
sustentabilidade das conquistas obtidas.
O fato é que o aumento da taxa de desemprego no Brasil saltou para 8% no trimestre
que encerrou em abril, enquanto no mesmo período de 2014 esse índice era de 7,1%. A
população desempregada subiu para 8,029 milhões de pessoas14
.
Infelizmente, a perspectiva da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é de que
ocorra um aumento do desemprego no Brasil até o ano de 2016, conforme pode ser
percebido no próximo gráfico que compara a taxa de desemprego brasileira, com a dos
americanos e chineses. Além disso, o índice real de 2014 é comparado com as
tendências para 2015 e 2016 apontadas pelo relatório “Perspectivas para o emprego e o
social no mundo”.
pagar a hipoteca e assistir jogos de futebol nos finais de semana. Uma família americana típica tem em
média 13 cartões de crédito, o que ele julgou bem preocupante. 14
Ver a matéria “Taxa de desemprego vai a 8% no trimestre até abril, aponta IBGE” , publicada em 03 de
junho de 2015, no site do jornal Valor Econômico.
12
COMPARATIVO DAS TAXAS DE DESEMPREGO ENTRE ALGUNS DOS
MAIORES PAÍSES DO MUNDO EM EXTENSÃO TERRITORIAL
Fonte: Site da BBC Brasil (acesso em 10/08/15)
Pela análise do gráfico, é possível perceber que a China tem as menores taxas e que
haverá uma queda nos níveis de desemprego nos Estados Unidos da América. A
situação no Brasil é bem mais desanimadora, pois a taxa de desemprego que foi de 6,8%
em 2014 tende a aumentar para 7,1% em 2015 e 7,3% em 201615
.
Fica claro que o Brasil vive uma crise do desemprego que tende a ficar ainda pior,
devido a incapacidade ou teimosia do governo para enxergar o óbvio: quando o ritmo
do crescimento econômico desacelera, o mercado de trabalho é afetado. Em suma, há
uma relação direta entre o aumento da taxa de juros e o desemprego. Os americanos, por
exemplo, apresentam um patamar de desemprego bem menor e com tendência de queda,
justamente por praticarem uma Federal Funds Rate16
entre 0% a 0,25%. Outro ponto
que chama a atenção é que a gestão do banco central dos Estados Unidos, Federal
Reserve System – FED, está a cargo de um Conselho de Administração. Por outro lado,
a única preocupação do governo brasileiro é retirar dinheiro da economia por meio da
15
Esses dados foram obtidos no site da BBC Brasil na reportagem “Desemprego aumentará no Brasil até
2016, diz OIT”, publicada em 19 de janeiro de 2015. 16
Trata-se da taxa de juros americana que é determinada pelo mercado e não especificamente pelo FED
que influencia na busca de uma taxa pretendida pela reposição ou retirada de dinheiro na economia. A
impressão é que essa metodologia acaba fazendo com que os ofertantes e demandantes de fundos
obtenham uma taxa eficiente.
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Brasil Estados Unidos China
2014
2015
2016
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venda de títulos públicos, especialmente aqueles atrelados a Taxa Selic, estimulando a
retração da produção e o desemprego que traz prejuízos econômicos, psicológicos e
sociais.
Os danos na economia resultam da elevação da taxa de juros que induz a redução dos
investimentos das empresas e, consequentemente, aumenta as demissões. Ao mesmo
tempo, há um desestímulo ao empreendedorismo devido ao crescimento do custo do
capital e a maior vantagem de outras aplicações atreladas à Selic. O impacto imediato
da falta de trabalho é a sensação psicológica de inutilidade e fracasso. Quando diversas
famílias americanas perderam suas casas na última crise, os Estados Unidos entraram
em colapso. Domingos (2011, p. 13) explica que “No auge da crise econômica nos
Estados Unidos, os norte-americanos desesperavam-se e diziam estar perdendo tudo o
que tinham”. O Brasil segue o mesmo caminho e, se não houver uma mudança urgente
na condução das finanças públicas, o resultado mais provável será a pobreza que
ocasionará a ruína social. O definhamento do Estado, devido ao baixo contingente de
servidores e aos salários pífios, aumentará a precariedade da educação, da saúde e da
segurança. Os alunos não terão motivação para estudar, devido a perda de valor do
diploma e a falta de perspectiva no mercado de trabalho. Os professores, por sua vez,
não terão ânimo para ensinar, já que as salas de aula estarão vazias e os salários
atrasados. Sem condições sequer para pagar um plano de saúde, as pessoas não poderão
tratar suas doenças que são agravadas pelo próprio processo de desemprego e
endividamento familiar. Também não poderão contar com o Sistema Único de Saúde,
pois o mesmo não funciona. A criminalidade resultará do aumento da violência para
atender instintivamente até mesmo às necessidades humanas mais básicas.
Pode até parecer exagero, mas as diversas manifestações que estão ocorrendo no Brasil
são a evidência mais forte de que o país está caminhando a passos largos para um ponto
de ruptura. Essa insatisfação nacional com o governo decorre do acirramento da crise
econômica, devido principalmente à elevação dos juros e do desemprego, que colocou o
país à beira de uma crise política. A má gestão das finanças públicas criou grandes
dificuldades nas finanças pessoais dos brasileiros e se somou aos diversos escândalos de
corrupção rotineiramente noticiados pela imprensa.
Finalmente, toda essa situação indica que a possibilidade do modelo de governo em
vigor dar certo é cada vez mais remota porque no contexto brasileiro atual as finanças
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públicas e as finanças pessoais não estão convergindo para um objetivo em comum, já
que o orçamento das famílias tem sido perversamente prejudicado pelas políticas
governamentais, o que nunca será aceito pela população.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho procurou mostrar que o bem-estar individual é essencial para o bem-estar
do país. Por esta simples razão, qualquer tentativa de resolver problemas econômicos às
custas do empobrecimento das famílias é fadada ao fracasso. A melhor forma de reduzir
a inflação é cortar o crédito fácil e promover a eficiência governamental, pela
eliminação dos desperdícios que sempre acarretam em maiores preços dos serviços
públicos cobrados da população. O uso abusivo dos empréstimos faz com que as
pessoas passem a consumir mais do que se produz, uma fórmula que nunca dá certo. A
falta de administração no governo é outro problema e o brasileiro já está pagando caro
por energia e combustível justamente por isso.
Enquanto o mundo inteiro busca o crescimento pela redução das taxas de juros, o Brasil
segue o caminho contrário. Já ficou claro que o uso deste instrumento e o foco
excessivo na ciência econômica é insuficiente. O país necessita ouvir todas as outras
profissões que certamente possuem uma contribuição valiosa para a resolução dos
problemas da nação. Quase todos os jornais exibem um caderno de economia, mas não
dão espaço para ouvir engenheiros, empreendedores e administradores.
O governo gasta muito dinheiro construindo casas populares, quando poderia utilizar
conhecimentos da engenharia para promover a desfavelização das cidades a um custo
muito menor. Este conceito consiste em fazer uma reorganização das próprias favelas
para que as famílias não percam suas raízes e possam desfrutar de uma boa moradia
com infra-estrutura, saneamento básico, limpeza e segurança, dentro da própria
comunidade. A incrível criatividade do brasileiro é desperdiçada e falta um clima
favorável para a inovação. A elevada carga tributária é um desestímulo para o
empreendedorismo17
e várias oportunidades de geração de empregos são perdidas. O
desemprego e as greves constantes mostram que o país carece de administração para
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É importante pontuar que o estímulo ao empreendedorismo pelo governo não se limita à redução da
carga tributária, mas deve criar um ambiente econômico propício para o desenvolvimento da atividade
empreendedora e promover a capacitação para empreender. Na verdade, um negócio possui alto risco.
Assim, apesar de ser uma fonte alternativa de renda, não é necessariamente uma saída imediata para
pessoas com dificuldades financeiras. Pelo contrário, um empreendimento mal planejado pode piorar e
agravar ainda mais as finanças de uma pessoa.
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gerenciar efetivamente o crescimento do país18
. No entanto, infelizmente, os
administradores nunca foram ouvidos pela classe política e pela imprensa. É raro ver um
administrador sendo entrevistado na televisão ou até mesmo no rádio. Por este motivo,
falta planejamento estratégico e o país gastou milhões de reais na copa do mundo,
enquanto o povo passava fome e carecia dos serviços públicos mais essenciais.
Devido a essa incompetência gerencial dos governantes, o Brasil caminha para um
cenário cada vez mais desanimador. Ao mesmo tempo em que o aumento da taxa do
Financiamento Estudantil retira diversos alunos das universidades, aumentam as
demissões dos docentes na rede de ensino privada por falta de alunos. Se o governo
continuar ignorando que a educação e o trabalho árduo são as únicas coisas necessárias
para resolver todos os problemas deste país, o desemprego aumentará, as famílias
ficarão mais pobres e as finanças públicas serão bastante comprometidas, com sérias
consequências sociais para a nação.
BIBLIOGRAFIA
BODIE, Zvi; MERTON, Robert C. Finanças. Porto Alegre: Bookman Editora, 2002
DOMINGOS, Reinaldo. Livre-se das dívidas: como equilibrar as contas e sair da
inadimplência. São Paulo: DSOP Educação Financeira, 2011
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 12 ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2010
LUQUET, Mara. O mapa do tesouro direto: seu guia para ser credor do governo.
São Paulo: Saraiva: Letras & Lucros, 2008
SANTOS, Reginaldo Souza. A teoria das finanças públicas no contexto do
capitalismo – uma discussão com os filósofos economistas: de Smith a Keynes. São
Paulo: Mandacaru; Salvador: Cetead, 2001
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Stephen Kanitz tem um ponto de vista, disponível no seu site www.kanitz.com, que sugere uma nova
forma de administração para aumentar o crescimento do país, reduzindo o risco do desemprego. No texto
“Distribuir a Renda ou a Produção?”, ele ensina que toda a produção brasileira está voltada para a classe
média e que o correto seria reorientar a economia para a produção de produtos populares. O que ocorre,
segundo ele, é que todo mundo está produzindo para a classe média cuja renda está sendo reduzida para
um patamar mais correto. Dentre diversas considerações, Stephen Kanitz propõe a simples eliminação do
FGTS e a sua distribuição imediata ao trabalhador para aumentar sua renda sem onerar os custos das
empresas. Defende a opção por produtos populares argumentando que o trabalhador jamais terá dedicação
e esmero se não tiver condição de comprar o produto que fabrica. E fecha sua linha de pensamento com a
seguinte frase: “Não é a renda que precisa ser distribuída, e sim a produção”.